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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

DIVISÃO DE ECONOMIA E GESTAO


CURSO DE ECONOMIA AGRARIA
CADEIRA: ECONOMIA INTERNACIONAL
Nível: 2, Semestre:IV

Tema: Integração económica e regionalista

Discentes: códigos
Ivany Joaquim Cuamba 202105P3
Milton Tembue 202105P29
Renalto José Massango 202105P24

Docente: Carlos Sérgio Pereira

Lionde, outubro de 2022


Índice
Objectivos.........................................................................................................................3

Geral..............................................................................................................................3

Específicos.....................................................................................................................3

Metodologia de investigação científica.......................................................................3

Introdução........................................................................................................................4

Revisão bibliográfica.......................................................................................................5

Integração económica Regional..................................................................................5

Indice de integração na SADC....................................................................................7

Impacto da integração economica em Moçambique................................................9

Desafios da integração economica regional da SADC em Moçambique..............10

Conclusao.......................................................................................................................12

Referencias bibliograficas.............................................................................................13

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Objetivos
Geral
 Análise da integração económica e regionalista

Específicos
 Avaliar o índice de integração na SADC;
 Avaliar o impacto da integração económica em Moçambique.

Metodologia de investigação científica


O presente trabalho de pesquisa se baseia no âmbito das pesquisas estudantis, deste
modo, para a elaboração do presente trabalho tivemos como base de suporte em
apostilas, livros e em alguns documentos que nos possibilitaram a realização do mesmo.

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Introdução
A integração econômica consiste na união das economias de dois ou mais países em
uma região econômica mais vasta, que ultrapassa as fronteiras nacionais. Este processo
consiste na eliminação de barreiras quanto à livre circulação de
produtos, serviços, capitais e pessoas.

O processo de integração na África Austral foi realizado com características específicas


dos países da região tendo, como principal apoio, a proximidade geográfica dos países
que iriam integrar o bloco e devido às questões culturais que os uniam, o que implicaria
numa manutenção dos laços econômicos entre os países africanos.

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Revisão bibliográfica
Integração económica Regional
A integração económica é uma política comercial que visa reduzir ou eliminar as
barreiras comerciais entre as nações interligadas, ou seja, facilita as trocas comerciais
entre diferentes países membros ou interligados.

A integração económica regional, pelos maiores compromissos que envolve, e pelos


elevados riscos que implica obriga, de forma mais marcante, ao melhoramento da
própria política económica e a realização de transformações importantes na estrutura
económica nacional.

Ao analisar o processo de integração da África Austral é fundamental identificar sob


qual perspetiva o bloco de integração está inserido. Ao contrário de seus predecessores,
a SADC e o ELF ”Estudos da linha de frente”, que surgiram no contexto do velho
regionalismo marcado pela Guerra Fria, a SADC é instituída no contexto do novo
regionalismo que tem como marco inicial o fim da Guerra Fria. O novo regionalismo
está inserido em um contexto multipolar; compreende múltiplos propósitos, abrangendo
questões sociais, ambientais, econômicos e políticos.

De acordo com Soko (s.d.) uma das principais características do novo regionalismo é a
integração cada vez maior dos países em desenvolvimento que antes eram mantidos à
margem da economia capitalista.

Para Schiff e Winters (2003) apesar dos acordos de integração serem amplos, eles têm o
objetivo de reduzir as barreiras entre os Estados membros do bloco.

Alguns dos princípios estipulados na SADC são voltados às necessidades da


comunidade, como direitos humanos, democracia, paz e segurança, solidariedade e
igualdade a todos os Estados-membros.

Nesse sentido, foi estabelecida uma agenda com metas que deveriam ser alcançadas por
etapas para atingir a integração dos países associados. As metas estabelecidas pela
SADC para a liberalização do comércio segundo o Ministério da Industria e Comercio
(MIC) foram:

 Criação da zona de livre comércio em 2008;

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 A criação de uma união aduaneira, onde as negociações deveram ser concluídas
até 2010;
 O estabelecimento do mercado comum da SADC, com negociações concluídas
até 2015;
 A união monetária, com a introdução da moeda única em 2018.

Segundo Chichava, em termos econômicos, o processo de integração regional implica


necessidade de convergência das economias, de modo a reduzir a heterogeneidade das
economias dos países membros. Tal processo de convergência não apenas depende do
esforço individual dos países membros, como também implica colaboração intensiva
dos seus componentes num trabalho conjunto, de forma a atingir os objetivos da
estabilização, implementação de políticas macroeconômicas comuns, crescimento,
desenvolvimento e competitividade das atividades econômicas de todos os países que
compõem o grupo.

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Índice de integração na SADC
O Banco de Desenvolvimento da África, a Comissão Econômica da ONU para a África
e a Comissão da União Africana desenvolveram o Índice de Integração Regional da
África que é composto por 5 dimensões, que são consideradas as mais importantes
categorias socioeconômicas para a África, e 16 indicadores, esse Índice e a avaliação
das Comunidades Econômicas Regionais (CER) Africanas estão disponíveis no
Relatório do Índice de Integração Regional da África de 2016.

1-Integração comercial, que é formado por 4 indicadores: nível de direitos aduaneiros


sobre as importações, participação nas exportações intrarregionais de bens (% do PIB),
importações intrarregionais de bens (% do PIB) e participação total no comércio
intrarregional de bens;

2-Infraestrutura regional, que é composto por 4 indicadores: custo médio de roaming,


comércio regional total de eletricidade (líquida) per capita, proporção de voos
intrarregionais e o Índice de Desenvolvimento de Infraestrutura: transporte, eletricidade,
TIC (tecnologia da informação e comunicação), água e saneamento;

3-Integração produtiva, que é composta por 3 indicadores: participação nas


exportações intrarregionais de bens intermediários, participação nas importações
intrarregionais de bens intermediários e Índice de Complementaridade do Comércio de
Mercadorias;

4-Livre movimentação de pessoas, que é formado por 3 indicadores: proporção de


países membros da comunidade econômica internacional cuja entrada não exige visto,
ratificação (ou não) do protocolo da comunidade sobre a livre circulação de pessoas e
proporção dos países membros da comunidade onde os nacionais recebem um visto na
chegada;

5-Integração financeira e macroeconômica, que é composta por 2 indicadores:


convertibilidade regional de moedas nacionais e diferencial de taxa de inflação (baseado
no Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (HPCI).

Usando as dimensões usadas acima, foram analisadas oito CER da África, a SADC está
entre as duas comunidades com a pontuação maior do que a média da região e se

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destaca nas dimensões de infraestrutura regional, livre circulação de pessoas e
integração financeira e macroeconômica.

De acordo com o Relatório, o comércio entre o continente africano e o resto do mundo


pode ser mais eficiente do que o comércio intra regional devido à falta de infraestrutura
ou barreiras não tarifárias. Além disso, a integração comercial é um fator chave na
integração do continente pois quando o comércio é interligado, isso permite que
pequenas economias tenham acesso a mercados maiores. A África do Sul possui a
melhor integração comercial da comunidade, enquanto o Zimbábue tem a pior. Nessa
dimensão, a SADC possui a quinta melhor pontuação entre as oito CER’s que foram
analisadas pelo estudo.

A infraestrutura é a face mais visível da integração regional, incluem rodovias,


aeroportos, comunicação móvel e outros. Quando existe infraestrutura os custos das
empresas são reduzidos e a mais clientes que tem acesso aos serviços. Botswana é o país
com a melhor infraestrutura, enquanto Lesoto tem a pior. A SADC ocupa o segundo
lugar entre as oito CER’s.

A integração produtiva é importante para criar uma base econômica que seja mais
resistente aos choques internos e externos, mais diversificada e para a formação de uma
mão-de-obra qualificada que agregue valor aos bens e serviços, ao mesmo tempo em
que aumenta o rendimento das pessoas no terreno. O Zimbábue é o Estado da SADC
com a melhor integração produtiva do bloco, enquanto o Lesoto é o país com a pior.
Nessa dimensão, assim como para a dimensão da integração comercial, a SADC ocupa
o quinto lugar entre as oito CER’s analisadas.

Ser capaz de fazer com que as pessoas se movam livremente é um poderoso instrumento
para o crescimento da economia porque o apoio à mobilidade e a competitividade
permite a superação das lacunas de habilidades e a troca de ideias leva ao
empreendedorismo e à inovação espalhando-se além das fronteiras. Quando o capital
flui mais livremente, aumenta o investimento e o financiamento é alocado onde ele pode
gerar a maior produtividade. Além disso, à medida que os custos de transação de
negócios diminuem e as instituições financeiras funcionam de forma mais efetiva, as
empresas - micro, pequenas, médias e start-up’s irão se beneficiar. A África do Sul é o
país da SADC com o melhor nível de integração financeira e econômica, enquanto o
Malawi possui o pior índice. Para essa dimensão, a SADC ocupa o quarto lugar entre as

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oito comunidades analisadas pelo relatório. Como foi demonstrado, houve
desenvolvimento nos países do bloco, ao menos para parte dos indicadores utilizados.
Alguns indicadores, por outro lado, demonstraram que em alguns países e para alguns
critérios, a situação permanece a mesma ou ficou ligeiramente pior, mas é possível
perceber que os países do bloco se desenvolveram. Os índices de integração
demonstram que a SADC se destaca entre as oito CER’s avaliadas

Impacto da integração económica em Moçambique


A integração da África Austral é um dos instrumentos fundamentais para o crescimento
econômico em Moçambique. O primeiro efeito do processo de integração regional
começou pela necessidade de Moçambique fazer grandes esforços no sentido de
cumprir com as metas de convergência. Como tal, o país teve que estabelecer estratégias
que levassem ao cumprimento das referidas metas, que direta ou indiretamente tiveram
impacto na economia. A taxa de crescimento da economia de cerca de 7% em média ao
ano, nos últimos 10 anos, foi atingida graças aos grandes investimentos realizados desde
a área de agricultura, infra-estrutura, estradas e pontes (incluindo a ponte da unidade e a
ponte sobre o Rio Rovuma que liga Moçambique à Tanzânia), energia elétrica e a
eletrificação do país, melhoramento dos ambientes de negócios, políticos e sociais.

As estratégias relacionadas ao cumprimento das metas relativas à dívida externa fizeram


com que Moçambique se beneficiasse do perdão parcial e, posteriormente, total da sua
dívida aos membros do clube de Paris. Assim sendo, o estado pôde realocar os fundos
que, anteriormente, estavam destinados ao pagamento da dívida e pôde investir nas
áreas sociais e de desenvolvimento, definidas como prioritárias no país.

No que se refere ao deficit orçamentário, apesar de Moçambique não ter cumprido com
as metas, os esforços em curso tendem a diminuir a dependência externa do orçamento
do Estado, através da melhoria da máquina administrativa na arrecadação de impostos,
assim como em ações que levem à contenção das despesas públicas. Com o surgimento
de novas necessidades vindas deste processo de integração, Moçambique tem procurado
revitalizar os portos e Corredores de Desenvolvimento, criando zonas francas especiais
e atraindo investidores nacionais e estrangeiros, procurando se adequar às necessidades
impostas pela união regional. Por outro lado, tem usado a sua vantagem competitiva
relativamente à produção de energia, sobretudo na energia elétrica, carvão e gás natural

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e biomassa. Moçambique tem um potencial estimado em 2.600 megawatts dos quais só
cerca de 15% estão sendo consumidos no país através da empresa de Eletricidade
(EDM), e que adicionados aos consumos da MOZAL não ultrapassariam os 50%.

Dados divulgados pelo Portal do Governo de Moçambique indicam que a SADC


atualmente é um dos blocos regionais do continente que registra o maior crescimento
econômico. A preocupação é com o esgotamento do excedente da capacidade de
produção atual de energia elétrica nos próximos anos, uma vez que o crescimento
robusto nesta região não está sendo acompanhado por igual investimento em termos de
produção de energia elétrica para poder suportar a emergência de novas indústrias. Se a
questão energética de Moçambique, no âmbito das vantagens competitivas, não for
resolvida pode acarretar, num futuro próximo, muitos problemas para o país e para a
região (Centro de Promoção de Investimento, 2008).

Desafios da integração económica regional da SADC em Moçambique


A integração económica, como sendo o processo de eliminação de barreiras para o
exercício das actividades económicas tem apresentado alguns desafios, e no caso de
Moçambique alguns dos desafios que são causados pela integração são:

 A necessidade de promover investimentos que melhorem a eficiência e a


segurança para a melhoria da qualidade dos serviços prestados e o de expandir a
oferta através da entrada de mais operadores no sistema de transportes nacional.
 A necessidade de incentivar investimentos para a melhoria da qualidade de
energia elétrica e rever as tarifas para a indústria, promover o recurso a fonte de
energias renováveis e de baixo custo.
 A necessidade de promover a especialização das zonas de produção de modo a
alcançarem escalas eficientes em culturas especificas e fomento da produção,
encorajar a entrada no sector da agricultores comerciais através de inceptivos
apropriados, e também da atualização da lista de pestes que afetam o sector
produtivo em Moçambique.
 A necessidade de melhorar o ambiente de negócios, promover o estabelecimento
de unidades industriais nas zonas rurais orientadas para a exportação, incentivar
o uso de instrumentos da propriedade industrial e a valorização do produto
nacional.

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 Ao sector privado existe um desafio relacionado ao aumento da produção e da
produtividade introduzindo novas tecnologias, produção em escala, melhorando
a gestão, investindo em áreas de vantagens comparativas, modernizando as
fabricas e investindo em marketing e ainda a promoção de ligações industriais, o
associativismo, a integração sectorial, a proactividade, a diversificação,
estabelecer parcerias e explorar as oportunidades de assistência técnica dos
organismos bilaterais, regionais e multilaterais.

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Conclusão
O nível de integração entre as economias dos países membros da SADC continua muito
reduzido, fazendo com que os benefícios primários do processo de integração regional
ainda não sejam visíveis. O nível de comércio entre esses países e Moçambique
continua extremamente incipiente, excluindo a África do Sul. Por outro lado, o fluxo de
capitais entre esses países e Moçambique no período em análise foi quase que
inexistente. Para os que advogam a economia de mercado, é indiscutível que a abertura
do comércio estimula a economia no sentido em que proporciona aos consumidores dos
países importadores uma escolha mais vasta de bens e de serviços, a preços mais baixos,
graças a uma maior concorrência. Além disso, permite que os países possam produzir e
exportar os bens e os serviços em que são mais competitivos. Porém, na esfera da
SADC, Moçambique basicamente comercializa apenas com África do Sul e em pequena
magnitude com Malawi, Zimbábue e Suazilândia. Nesta relação com a África do Sul,
Moçambique importa mais do que exporta, proporcionando aos consumidores nacionais
uma vastíssima possibilidade de escolha dos produtos da produção diversificada Sul-
africana.

As vantagens que Moçambique poderá tirar da integração regional são vastíssimas. O


país tem um grande potencial agrícola, com possibilidade de diversificação das culturas
a produzir tanto para o consumo interno como para exportação, incluindo amêndoa de
caju, algodão, arroz, banana, batata, manga, feijões, chá, mel, milho, gengibre,
mandioca, cítricos e madeira. A revitalização da capacidade produtiva dessas culturas é
fundamental no processo da integração de Moçambique na região, acompanhado pela
revitalização da agroindústria para o processamento primário da produção agrícola com
a finalidade de exportação e processamento completo para o consumo interno.

Apesar de Moçambique fazer parte da zona de livre comércio da Comunidade de


Desenvolvimento da África Austral (SADC), as exportações de Moçambique para os
outros países membros dessa organização regional continuam fracas. As exportações
moçambicanas para SADC oscilam atualmente em torno de 21% do total das
exportações, incluindo mega projetos. A balança comercial de Moçambique com os
países da SADC tem sido deficitária de forma constante, com uma tendência crescente.
O reduzido volume de exportação para os países membros da SADC deve-se ao fraco
nível de diversificação dos produtos de exportação de Moçambique. Assim, para tirar

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vantagens do processo de integração regional, Moçambique deveria diversificar as suas
exportações para acrescentar o volume das exportações para os diferentes Estados
membros da SADC.

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Referências bibliográficas
CHICHAVA José, As vantagens e desvantagens competitivas de Moçambique na
integração econômica regional. Maputo, 2007

Carlos Nuno Economia Extrativa e Desafios de Industrialização em Moçambique.


Cadernos IESE, Maputo, 2010.

IPEX; Estudo sobre advento da Integração Regional, In: JORNAL NOTICIAS;


Integração Regional (SADC):Continua-se a exportar no informal; Maputo, 2007.
Disponível em BAfD/OCDE, Perspetiva econômica na África, 2004/2007, EM 2005.

PENNA FILHO, Pio. Integração Econômica no continente Africano: ECOWAS e


SADC. Revista Cena Internacional: Universidade de Brasília, Brasília, 2000.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, PROPOSTA DO PLANO ECONÓMICO E


SOCIAL PARA 2008, Maputo, 2008.

MANHIÇA Lázaro, em Sandton, Jornal Noticias, SADC já é Zona de Comércio Livre,


Maputo, 2008.

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