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Testamento

Tradução e Comentários
COr.
&eo.

\JJ .
w. C. Taylor
j\lcCOa.n.Lel '

,
A EPI STOLA
DE TIAG O
A t r avés das lu m in osa s pag inas da obra, o a utor deix a exa r a da uma larga
m esse de informa ções, tão in t er essan t es qu an t o valiosas , a c êr ca das igrejas
primitivas.

, N est a 3'1 E dição o es t u da n te enc on t r a r á um esbóç o au xiliar para ca da ca-


pítul o, em ap ê n di ce , um a li s ta de per g unta s q u e poderão se r u ti lízadas pelos
prof essôres em ex a mes, 'se ,o de se j a rem .
O p ro pósito do a utor n o liv r o é «m ost r a r a orig em, o ca r á t er , os princí-
pi os, e a s pr átic as das Igrejas do No vo T estamento : mostrar a' unidade qu e
ex is t ia en t re ela s, no m eio de g r ande diversidad e de 'coísas e de ambiente ;
m ostrar aqu elas coisas de lm port ân cia morai , e co lig ir li çõ es adequadas para
os past ôre s, leigos e igre ja s da atuali da de ». Co ntém 286 p ági nas.

P edidos por R eembôl s o. . . P. ostal à.


'

Casa Publicadora Batísta ' - Caixa r os tal , 320 - R io de Janeiro.


A EPÍSTOLA .
i

DE TIAGO ~
(TRADUCÃO E COMEllTARIO)

,"
;

- 1954-

CASA PUBLICADORA B.l,TISTA

Caixa 320 - Rio


A Memória de
Minha aanta mãe
Crente durante setenta lDOI I

Educadora da minha la

NlUD lar um tanto


par.ecido com aflllUe
em que Tisgo
foi educado J li
Escritura e iDO temor
de
Deu

Dedico, com .ratal


recordações, êste
oi •

meu pnmene
comentário ., l~r•
• Eacri1llra,
PREFÁCliI
A primeira edição dêste breve c( mentário foi prepa..
rada e publicada no Recife, em 1921 , para aulas notur-
nas populares do "Colégio da Bíblia em conexão com
i"

o Seminário Teológico Batista do Nj)rte do Brasil. Daí


sua forma resumida e simples e as ] ierguntas no fim do
livro. E daí também o fato de não lar as devidas reíe-
rêncías a uma porção de autoridade: citadas, sendo que
tais livros estavam completamente fc '~a do alcance de es-
tudantes de aulas noturnas que não :ossuíam bibliotecas
ou livros em língua estrangeira. Tod rvia, na maioria dos
casos, menciono o nome do livro ci ado e o lugar é fá-
cil de ser verificado por quem quis ~r consultá-lo. Prc..
paro esta edição no meio de múltíp as atividades. Por-
tanto consinto que saia o livro para ~ / uso de classes e es-
tudantes particulares na forma em qIle já foi abençoado.

~:. C. TAYLOR.

Rio de Janeiro, 2ft de março de 11942.


Nota da Segunda Edição
Nestes trechos da Introdução I a palavra "conven-
ção" não deve ser entendida no serr ido de haver em Atos
XV a narrativa de uma organízaç io como nossas con-
venções hoje em dia. Não existia organização no pri-
meiro século cristão de espécie algi ma senão as igrejas.
No referido livro dos Atos não há DI m concilio, nem eon-
vençâo, nem sínodo nem coisa ser ielhante. Uma igreja
livre consultava outra igreja livre, por meio de mensa-
geiros. E todos êstes consultavam o • apóstolos, órgãos da
revelação da verdade, sôbre a prín eira heresia.
O sentido de convenção no tn cho citado é de uma
reunião geral de crentes de váriai igrejas mas não de
uma organização permanente. O~ ,de houve a segunda
reunião? Não houve nenhuma. L~ go não era organiza-
ção geral nem coisa alguma perm .nente ,
Sôbre o fato de Tiago ser cb unado alhures "pas-
tor" e "bispo" da Igreja de Jerusal nn devemos nos Iem-
brar que era uma igreja muito gre ndevDeclaradamente
havia ali os doze apóstolos, e tam .ém presbíteros, At03
15:2, 4, 6. Nisso era como as der iais igrejas, Atos 14:
23, 20:17. Cada presbítero era bis ~o e pastor, como se
vê em Atos 20:17, 28; Tito 1 :5, 7; ] Ped. 5:2-4; Fil. 1: 1.
O ministério dos apóstolos seiia cada vez maisge-'
ral e estendido, e ficariam com I .enos trabalho local.
Os presbíteros seriam também bis .08, como vemos em
FU. 1:1 mas seriam de menos e: periência do que os
apóstolos e os membros da família I do Senhor Jesus.
A assemhléia teria um preside jlte e é esta a posição
que cabia a Tiago, se bem que um algumas ocasiões
qualquer presbítero podería.presíd e..-M.as...X.ia-nâ.o .se
afastava de Jerusalém, que saibam >8. Os apóstolos via-
javam muito. E' natural que Tíag.], pois, presidisse, em
geral, as reuniões, e por isso Os sé~ ulos sucessivos;' acos-
10 A EPÍSTOLA DE TIAGO

tumados a chamar tais presidentes "o bispo", assim ape-


lidaram Tíago. E nós acostumados a igrejas pequenas,
com um só pastor, vemos em Tíago "o pastor" da igre•
.ja. Guardemos, porém, os fatos na memória. A igreja
de Jerusalém, a primeira e mais vasta de tôdas as igre-
jas,possuia numeroso ministério com tarefa local e de-
, veres de obreiros itinerantes. Entre os outros pastôres,
outros presbíteros, outros bispos - três nomes bíblicos
. para um ofício bíblico - Tiago era quem presidia mais
as reuniões e gozava de mais estima no local. Foi o prí-
rneiro a ser movido pelo Espírito e escrever uma Epísto-
la inspirada. E sua orientação profética ia longe entre
seus admiradora, irmãos e amigos na Dispersão.
INDICE

Prefácio .. .. .. .. .. .. .... ... .. .. .. 7


Nota da Segunda Edição oo oo .. .. ... 9

PARTE 1

Cap , 1-11 Importância do Estudo da Epístola 13


Capo 11 - O Caráter de Tiago .. .. .. o ' o ' • 19
Capo 111 - Tiago foi meio irmão de C 'isto . o •• o 25
Capo IV - Para quem escreveu Tiag )? o' oo .. 33
Capo V - Como crentes gentios pot em compre-
ender as Escrituras Juda cas o o o. • 37

PARTE 11

C~p. I - A Saudação da Epístol:: I • o o' o. . 41


Capo 11 - Sôbre as Provas e TeU' iaçõe-s 47 o o ••

Capo 111 - Sôbre a Palavra de De IlS e a Vida 59


Capo IV - Imparcialidade e Demoe lacía nos
Cultos . o oo . o o. .. I' o oo o. o. 69
Capo V - A Fé-crença sem obras Irersus a Fé-
confiança fruindo em 01 iras oo o. .. 81
Capo VI - O domínio da língua . . 'o. . o .. o. 97
Capo VII - Das paixões humanas lonvertei-vos
a Deus .. .... .... ." .. ... .. .. .. 113
Capo VIII - A avareza e suas cons [qüências . 121 o

Capo IX - A paciência na aflição, 11a injustiça,


na doença o. o. oo o. oo .. 127
Como usar êste livro em aulas o o • 139 o • o ••
PARTE I
4

CAPíTULO I

 Importância do Estudo da· Epístola


o propósito da Epístola de Tiago ~
doutrinar a cons-
ciência do povo de Cristo. Seu ensino não é abstrato, não
se faz num vácuo, mas naturalmente torna-se prático
quando de modo inteligível se relaci ma com os pensa-
mentos, os problemas, as aspirações coletivas, os peca-
dos e as controvérsias do nosso amh snte e da atualida-
de. "A controvérsia é a mãe da teok gia .' O Novo Tes-
tamento, e, quanto a isso grande pal te do Velho Testa-
mento também, é o fruto das conti ovérsías sucessivas
entre Deus e a humanidade depravadi e enganada. Agra-
dou a Deus instruir a raça por seus próprios membros,
inspirando e iluminando suas mente h por seu Espírito
Santo, daí resultando a Bíblia. Esta 1 ica fonte de educa-
ção moral e doutrinária mana livre nente para todos;
seus princípios são eternos; porém )8 problemas 'e as
controvérsias mudam. Satanás tem im vestuário enor-
me e variadíssimo e se transforma en . anjo de luz, ador-
nado à moda. Seu interêsse supremo é a religião, a reli-
gião contrafeita que visa substituir a graça e a vontade
de Deus. De sorte que as controvérsíi s religiosas tomam
sempre novo rumo; mudam-se os '~roblemas da vida
cristã.
I

Para doutrinar os crentes da a ualidade é preciso


desassociar os princípios eternos da Bíblia das contro-
vérsías mortas e esquecidas que o l iabo levantou nos
tempos antigos, e aplicar estas verda des eternas e imu-
táveis ao século XX, ao ambiente br isíleíro, e aos pro-
blemas atuais.
A EPíSTOLA DE TIAGO

Embora tenha Satanás vestidura eclesiástica, teoló-


gica, sociológica e filosófica que agrada todos os gostos,
é sempre o mesmo diabo. E a despeito do exterior va-
ríegado de suas tentações, há somente duas questões fun...
damentais que êle levanta em religião. A primeira é se o
homem se salva a si mesmo ou se Deus é o Salvador.
O Evangelho proclama que Deus na pessoa de seu Filho
salva direta e eternamente a pessoa do pecador que evan-
gelicamente crê. O embaixador por excelência desta
mensagem foi Paulo. ~le proclamou que a salvação é
pela graça, não uma graça encanada por sacramentos,
ou igrejas, ou sacerdócio, ou mérito humano, com um
mediador falível e pecante, em pé junto à torneira para
regular a corrente conforme seus interêsses ditarem ou
conforme os pagamentos do penitente, e para embargar
a quem lhe aprouver. ~sse sistema multiforme não co..
nhece nem compreende a graça de Deus. Antes é esta
qual rio de vida, acessível, livre, e abundante, como o
drmão Paulo diz na sua Epístola aos Romanos - graça
que é inteiramente grátis. Para êste papel de educador
da mente humana na verdade da graça salvadora e pu-
rificadora de Cristo - pois Paulo também creu nas li..
.nhas: .

"Tu não somente perdoas,


Purificas também, ó Jesus."

Deus preparou e enviou o apóstolo e doutor dos gen-


tios, e êste escreveu a metade do Novo Testamento.
Porém, o fenômeno mais estranho da história cris..
tã é o eclipse quase completo da mensagem distinta de
Paulo por quinze séculos. Parece que a geração logo de...
pois do apóstolo perdeu suas idéias vagarosamente antes
de formar-se a coleção dos escritos do Novo Testamento,
le nunca foram descobertas in toturn até os tempos mo-
demos. Lutero, qual Balboa denodado, descobriu para
A. EPíSTOLA .DE TL !GO I
15
si a existência dêste oceano de vida, mas nunca soube a
vasta' extensão de suas águas. Aliá~ a graça Iuterana é
mais parecida com a dos papas do [uecom a graça de
Cristo. Porém..« mundo deve mui' n a Lutero por des-
cobrir para a. multidão êste oceano de verdade no qual
navegamos hoje em dia com segura: Iça e confôrto. Des-
de seus dias Paulo é restaurado ao seu lugar de doutor
'aos gentios.
Nossa geração de estudantes la Bíblia amanhece
I

com Paulo, almoça com Paulo, janf . com Paulo e quase


desconhece os outros membros do c rculo apostólico. E'
tempo para a descoberta de João e Fíago , Éles também
têm sua contribuição inspirada para la raça humana. fiá
nutras doutrinas além da de justífí lação pela fé. Espe-
cialmente desde a Guerra, é mister. uma Reforma que
se baseie na Epístola de Tiago. C Ifracasso parcial da
Reforma de Lutero foi por que êle idesprezou a mensa-
gem de Tiago, chamando-a "uma e nístola de palha". A
êste primeiro bispo da primeira il reja de Cristo cou-
be salvaguardar a verdade no tocan :e à segunda grande
questão religiosa. Pergunta-se em I tôdas as religiões;
"Pode um homem ser religioso sem ser moral"? e a res-
posta é quase sempre afirmativa. D ,~us pôs Tíago no ca-
minho dos peregrinos para ser um; I. voz que proclama:
"Não! A verdadeira religião e a I Loral verdadeira são
inseparáveis."
'Feliz o povo 'que saiba respo üder a ambas estas
". perguntas do coração humano, e Ipela fé apostar sua
vida, seu trabalho é seu destino ru I certeza de sua res-
posta. O homem é salvo pela graç L de Deus em Cristo,
independentemente' de igrejas" sao lrdotes, sacramentos,
moralidades ou, qualquer outra ativ dade, virtude, esfôr-
ço ou progresso humano. E é igus [mente certo e indís-
pensávelque o homem assim salvo lá de querer' ser mo..
ral, fatalmente há de procurar saber ~. fazer a vontade de
seu Salvador. Pela graça divina .e. a Inatureza regenerada
16 A EPíSTOLA DE TIAGO

êle é propositadamente santo, e as Escrituras e o minis-


tério foram dados por Jesus Cristo para instruir e orien-
tar na vontade de Deus essas consciências renovadas.
E não há paradoxo nisto, para quem conheça sua
Bíblia. O homem não pode ser espiritualmente moral
sem ser primeiramente salvo, nem pode ser salvo, sem ex-
perimentar novas energias morais na vida. A ordem e
il inseparabílidade dêstes fatos é quinta escência do Evau-
gelho comum de Paulo e Tiago. O que é inseparável, porém
na experiência é capaz de análise lógica e exame abstra-
to de suas partes componentes. Paulo faz esta análise;
Tiago insiste na unidade e totalidade da experiência, a
união da fé e da moral na vida regenerada. Paulo in-
siste em que a experiência de salvação é impossível sem
a graça de Deus e a fé do penitente como causa; Tíago
insiste em que a mesma experiência é uma impossibili-
dade sem a moral cristã como resultado. Graça; salva-
ção; moral - eis a ordem lógica do Novo Testamento.
Porém, na experiência tudo isto está unido e simultâneo
no seu inicio, progressivo na sua manifestação. "Porque
o pecado não terá domínio sôbre vós, visto que não es..
tais debaixo da lei, mas debaixo da graça" Rom. 6:14.
"Entretanto o firme fundamento de Deus permanece,
tendo êste sêlo: O Senhor conhece os que são dêle, e:
Aparte"s~ da injustiça todo aquêle que pronuncia o nome
do Senhor" 11 Tím , 2:19. "Porque não há boa árvore
que dê mau fruto, nem tão pouco árvore má que dê bom
fruto. Pois cada árvore se conhece pelo seu fruto. .. E
por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que
vos mando?" Lucas 6:43-46.
As religiões da humanidade se têm flagelado com
dogmas parciais desta verdade. Um procura tão somen-
te ser ~··ontro·ficariacontente se pudesse ser moral.
Um deseja acertar com a árvore, ignorando a doçura 1
do fruto; outro forceja produzir o fruto sem a árvore.
Ambos sonham quimeras. Ambos ficam desiludidos e
A EPíSTOLA DE TIA 1.0 17
pessimistas. Ambos são enganados 4 enganadores .. ·"Eu
sou a verdadeira videira e meu Pai l o viticultor. Tôda
vara em mim que não dá fruto; êle I corta, e tôda vara
-que dá fruto êle a limpa para que o lê mais abundante.
...., Vós já estais limpos, pela palavra qu ~ vos tenho falado .
Eu sou a videira; vós sois as varas. Sem mim nada po..

•L deis fazer t" Graça, salvação pela fé moralidade conse-


qüente ~ videira, varas, fruto obri {atório e inevitável
- é o único Evangelho de Cristo, ao [ual seguem unidos
Paulo e Tiago. i
!_

Os que conheçam bem os prin ípios evangélicos e


tenham a experiência. que professam! sabem e zelam pOl'
ambos êstes lados do Evangelho. At ialmente porém, há
muitos cuja crença não é simétrica, ~ é o lado de Tiago
que está fraco. Multidões estão se c mvertendo a Cristo
q.i
e seu Evangelho. Há nestas novas 11 .ultidões de crentes, rM""
às vêzes, elemento enganado e espú io, e sempre quase ~. ~,
todos são crianças em Cristo. Para ~ stas crianças espiri-
tuais, seu curso primário na educaçã ~ da consciência é o
Sermão da Montanha e a Epístola ( ~ Tiago, esta o pri-
meiro escrito da biblioteca que chai lamas o Novo Tes-
tamento, aquêle a primeira instrui ão dada por Jesus
Cristo aos novos discípulos. Paulo . Hebreus e o Apo-
calipse são os cursos superiores, can 'e para os maduros,
não leite para os recém-nascidos. RE stauraremos à Epís-
tola de Tiago sua primazia na edur ,lção da consciência
do crente. f

Será nosso alvo expor os problei pas e a situação dos


leitores e do autor da Epístola, dedu ~dr daí os princípios
inspirados da vida cristã, e aplicar I'êstes princípios aos
mesmos problemas, nas formas moc emas. Seguirão pri-
meiramente alguns estudos íntrodi jtórios, depois uma
tradução nova acompanhada por um l paráfrase e os me-
lhores comentários que conhecemos ,ôbre o texto.
Não há nesta obra que agora ini eiamos nada de ori-
ginal. Estudamos a Epístola no o: .iginal e em muitas
E.T. - t
18 A EPÍSTOLA DE TIAGO

versões, lendo-a muitas e muitas vêzes. Depois passa-


'mos ao exame minucioso, palavra por palavra, frase por
frase, à luz das definições dos grandes lexicógrafos e gra-
rnátícos. Lemos ainda, com cuidado e amplas notas, OS
comentários e livros de introdução e teologia sôhre as
referências e assuntos de que o autor trata. E por mui-
tos meses pregamos constantemente sôhre seus versos.
Os comentários que publicamos consistem na nota destas
citações, que procuramos pôr ao alcance dos estudantes
da Bíblia que só conhecem o português. Não pretende-
11108 embaraçar o leitor apressado com as citações destas
autoridades, pois escrevemos principalmente para estu-
dantes que não tenham à mão obras citadas.
CAPiTULO 11

o Caráter de Tia! lo
,
i

A Bíhlia nunca diz que os seus au :ores foram ínspí-


rados, mas que as Escrituras são in! piradas, que elas,
como a alma humana na primeira cria ;ão, são o "fôlego
de Deus", A experiência de seus auto °es foi um cresci-
mento gradual na graça e no conhec menta do Senhor
Jesus como nós outros somos santifi ados. Os aposto-
los não foram mais infalíveis do que o pastôres de hoje,
pelo contrário, tinham idéias mais ele nentares e menos
sistemáticas da verdade do que a De ssa geração. Sua
missão foi preservar a sagrada hístórh j e a interpretação
de seus fatos que foi dada por Cristo e seu Espírito. Mas
êles mesmos foram homens sujeitos ~ ~ mesmas paixões.
·que nós. A sistematização e aplicação lêstes princípios e
verdades é a tarefa de cada geração I ira si. Porém Je-
sus e o Espírito Santo, naquele sécu o miraculoso, en-
quanto os fatos da redenção eram nov is e seus historia-
dores contemporâneos, enquanto sina s, dons, milagres,
línguas, curas, ressurreições, manífesí ições do Salvador
ressuscitado, transfigurações, e visões leram a ordem do
dia, dotou a nova religião de Novas E~ bríturas, um Novo
Testamento cujo autor é o infalível E~ píríto de Deus por
intermédio de homens falíveis e irrr erfeitos. tle não
transformou arhitràríamente os apóstc .os em homens in-
capazes de errar, mas superintendeu S' la produção da bi-
blioteca da nossa religião, produzindc! uma obra perfei-
ta nos seus ensinos. Criou por meio d j: suas experiências
e seus processos mentais a Palavra tl;crita e inspirada,
da mesma maneira que criou no vení ~e de uma virgem
santa, mas não imaculada, o imacula ~o Verbo de Deus.
A Palavra inspirada e a Palavra eno rnada ambas têm
uma origem humana falível. Sua il fahilidade é obra
!O A EPíSTOLA DE TIAGO

direta do Espírito Santo, Criador do universo, do corpo


humano do Salvador, da Igreja e da Bíblia.
Ao nosso ver, êste fato é de suma hnportância e
torna-se um grande estímulo ao estudo da experiência
dos autores da Bíblia, porque esta experiência é o moI.. .
de de verdades eternas. Do mesmo modo que o menino
Jesus crescia, assim gradualmente a Bíblia crescia na
experiência dos apóstolos por todo aquêle século que era.
o século mais repleto de revelação na história humana.
Contemplai, pois, o caráter de T'iago . As verdades que
Tiago escreveu não são meros vocábulos ditados a uma
máquina: são verdades eternas que nasceram pelas Ines-
mas dores de parto que deram à luz a experiência cristã
dêste irmão de Jesus Cristo. Esta verdade e esta expe-
riência são gêmeas, geradas pelo mesmo Espírito. -
O eminente intérprete Schofield insiste na distínçâo
entre as características das Escrituras e de seus autores.
Cada qual foi escolhido por ser adaptado a externar reve-
lações de origem divina que se tinham encarnado na sua
vida cristã. O homem Tiago, diz o dr. Schofield, "foi
austero, legal, cerimonial, ascético". O dr, A. T. Robert-
son chama-lhe um judeu ao fundo, expoente ideal da
norma ética do crisfianismo primitivo. Seus contempo-
râneos chamaram-lhe "o justo", compreendendo no têr-
mo não mera moralidade, mas uma conformidade notá-
vel com todo o Velho Testamento.
"Quão nobre é o varão que nos fala nesta Epístola!
Paciência profunda e inquebrantável no sofrimento'
Grandeza na penúria! Como êle deseja a ação! Ação, não
palavras, não mera crença morta I" (Farrar).
"Moffatt compara a Epístola de Tiago aos grandes ca-
nhões de alto calibre de um vaso de guerra.
" Nos 108 versículos se pode contar 54 imperativos.
~stes se encontram ao lado com trechos de profunda sim-
patia, mas de louvor não há nenhuma sílaba. O autor
tem sido chamado o Jeremias do Novo Testamento, po-

~1-~-t""T7"~.
··r... ~_. . , ••.
A EPíSTOLA DE TIAC) 21

rém, suas afinidades estão mais com I realismo obstina-


do e pungente de um profeta como A [nós , U
I
. "E' o Sermão da Montanha entn as Epístolas. E' U

o escrito mais judaico do Novo Testa] lento. Mateus, He-


breus, Apocalipse e Judas todos têm mais do elemento
distintivamente cristão. Porém, se eliminarmos duas
ou três passagens que se referem a C "isto, a epístola in-
teira tem lugar no cânon do Velho T .stamento tão bem
quanto cabe no Novo Testamento, q tanto à substância
de sua doutrina e conteúdo; não há Il .enção da encarna-
ção, da ressurreição, do Evangelho, dI vinda do Messias,
ou da redenção por êle , A epístola : e ocupa principal-
mente com a vida ativa e pública e sta vida que é re-
I

presentada é a de um judeu informa Io com o Espírito


de Cristo. João Batista não foi o últin .0 profeta da velha
díspensaçâo , O escritor desta Epístol l está na extremi-
dade da linha profética, e é maior de que João Batista.
"Hegessipo nos infonna que êle e 'a santo desde o
ventre de sua mãe. ~le não bebeu vi lho ou bebida for-
te. não comeu carne. Somente a êh foi permitido en-
trar com os sacerdotes no lugar santo e ali podia ser en-
contrado muitas vêzes implorando o ] erdão da iniqüida-
de de seu povo. Seus joelhos se tori .aram duros como
os do camelo em conseqüência de esta rem constantemen-
te dobrados na adoração de Deus e I 1 súplica pelo per-
dão do seu povo. ~ste judeu, fiel na ~bservação de tudo
que os judeus consideravam sagrado, e mais devoto ao
culto no templo do que os mais pode] j080S entre êles, foi
ótima escolha para cabeça da igreja cristã , O sangue de
Davi estava nas suas veias. Tinha 'orlo o orgulho do
judeu nos privilégios especiais da raç . escolhida. Os ju-
deus o respeitavam e os cristãos o re zerencíavam, e ne-
nhum homem na população inteira gl zou de
tão grande
estima quanto Tíago , Tanto judeus [corno cristãos co-
mentaram que imediatamente depois de sua morte trá-
gica Vespasiano sitiou Jerusalém. A ,pistola é mais um
I
22 A EPíSTOLA DE TIAGO

apêlo profético do que uma carta pessoal." D. A. Hayes
(na Internacional Bible Encyc1opedia).
Disse Rui Barbosa: "Os que buscam vincular a Pe-
dro a soberania do papa começam esquecendo a primeira
manifestação coletiva da igreja cristã, o concílio de Je-
rusalém, tipo necessário de todos os outros, no qual a
preponderância na definição do ponto controvertido cou-
be, não ao apelidado príncipe dos apóstolos, mas a Tiaao,
bispo da cidade, irmão do Senhor."
No meu discurso diante da undécima Convenção Ba-
tista Brasileira, reunida em Vitória, disse "Naquela pri-
meira Convenção em Jerusalém a voz que predominou.
não foi a de nenhum missionário, de Paulo, nem de Pe-
dro ou João. Quem moveu aquela convenção a uma ativi-
dade decisiva foi Tiago, pastor nativo nazareno, a quem
Paulo mesmo chamou uma coluna do cristianismo pri-
mitivo, um nome reverenciado pelo mundo cristão apos-
tólico ." Esta primazia lhe coube, é escusado adicionar,
não porque Tíago se vestia à moda ou se movia entre os
mensageiros com uma politicagem para seus próprios
interêsses egoístas, DIas por causa de sua capacidade de
dar solução aos problemas contemporâneos à luz das
Escrituras, e por motivo de sua perseverança em oração
e santidade de vida.
O imortal Frederico Robertson assim fala do lugar
de Tíago no desenvolvimento da verdade cristã: "Foi
dado a São Paulo proclamar o cristianismo como a lei
espiritual da liberdade e exibir 3 fé como o princípio
mais ativo dentro do seio humano. Foi missão de S.
João declarar que a qualidade mais profunda no seio da
deidade é o amor, e asseverar que a vida de Deus no ho-
mem é o amor. Foi o ofício de S. Tiago afirmar a ne-
cessidade imperiosa da retidão moral: seu nome mesmo
o marcou peculiarmente o justo, a integridade foi sua
característica suprema. Um homem singularmente ho-
neste, genuíno, real! Portanto se quiserdes ler esta epís-
A EPÍSTOLA DE TI ~GO 25'·

tola inteira, encontrareis nela, do pl ineipio ao fim, uma


vindicação contínua dos princípios j mdamentais da mo-
ral contra as formalidades exteríon] da religião."
tle protestou contra o espíritc de censura que se
achava ligado com as pretensões de sentimentos religio-
sos."Se alguém entre VÓS cuida qUI é religioso, e não
refreia a sua língua, antes engana ( seu coração, a reli-
gião do tal é vã." Protestou contra ( fatalismo sentimen-
tal que levou os pecadores a lançar sôhre Deus a culpa
de seus crimes e paixões: "Tôda a )oa dádiva e todo o
dom perfeito é do alto, e desce do Pa das luzes, em quem
não há mudança nem sombra de rariação." Protestou
contra o espírito que entrara de SI slaio na irmandade
cristã, de curvar-se diante dos rico e desprezar os po-
bres: "Porém se fazeis àeepção de lessoas, cometeis pe-
cado." Protestou contra a religião artificial de excita-
mento que reduziu o zêlo da vee adeira religião: "E
s6de obradores da palavra, e não s mente ouvintes, en-
ganando-vos com falsos discursos.' Protestou contra
aquela confiança cega na correta de utrina teológica que
ao mesmo tempo menosprezou o cultivo do caráter:
"Meus irmãos, que aproveita Se alg iém disser que tem
fé, e não tiver as obras? Porventu a a fé (essa ociosa
crença ortodoxa) pode salvá-lo?" Le le a Epístola de Tia-
go de princípio ao fim; êste é o espí ito que respira atra-
vés dela tôda; tôda esta FALA a res leito da religião e da
espírítualidade - palavras, palavn s, mero palavrérío:
Não r Tenhamos realidades I"~ (Serm ies de Robertson)
CAPíTULO III

Tiago foi Meio Irmão re Cristo


I

A esta conclusão a erudição quasj unânime chegou


nas eras modernas do emprêgo do rn ~todo histórico na
interpretação das Escrituras. Para e: tudantes sem pre-
conceitos medievais ou racionalistas a única hipótese
sustentável. I

Os fatos são tais que todos podrjn tirar suas pró-


prias conclusões. O homem mais ig: orante no mundo
é tão perito para julgar o que signific L o único testemu-
nho que possuímos quanto é o filósoí ) ou teólogo mais
sabedor de teorias e tradições post-a] ostólicas e medie-
vais. Citamos para nossos leitores tud ) que se sabe pelo
Novo Testamento. .
. Chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga,
de modo que muitos se admiravam e dízfam: Donde lhe
vem esta sabedoria, e êstes milagres? Não é êste o filho
do carpinteiro? sua mãe não se cham l Maria, e seus ir-
mãos não são Tiago, José, Simão e Jud lS? Não vivem en-
tre nós tôdas as suas irmãs? Donde . he vem, pois tudu
isso? Mat. 13:54-56.
Vide Marco~ 3 :31-35 e Lucas 8 :9-~ Il .
Tendo Jesus saído dali, foi para ~ sua terra, e seus
discípulos acompanharam-no. Chega rdo o sábado, co-
meçou a ensinar na sinagoga; e muito ~ ao ouvi-lo se ad-
miravam dizendo: Donde lhe vêm es~ B coisas, e que sa-
bedoria é esta que lhe é dada? que si rnífíeam tais mila-
gres operados pela sua mão? Não é êste o carpinteiro,
filho de Maria, irmão de Tiago, de J ~sé, de Judas e de
Simão? e suas irmãs não estão aqui I ntre nós? tle lhes
serviu de pedra de tropêço. Jesus lhes disse: Um profeta
não deixa de receber honra senão na sua terra, entre os
26 A EPÍSTOLA DE TlAGO

seus parentes e na sua casa. Marcos 6:1·4. (Notai que


Jesus incluiu a "sua casa" na lista de íncrédulos.)
"Depois disto desceu a Cafamaum com sua mãe, seus
irmãos e seus discípulos e não ficaram ali muitos dias. ,,..
João 2:12. (Notai que os irmãos de Cristo e os -discípu-
los não são as mesmas pessoas. )
Ora a festa dos judeus, que é a dos tabernáculos..
estava próxima. Disseram-lhe então seus irmãos: "Sai
daqui, e vai para a Judéia, a fim de que também os teus
discípulos vejam as obras que fazes, porque ninguém faz
eoísa alguma em oculto, quando procura ser conhecido.
Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois
Rem seus irmãos criam nêle." João 7:3-10.
Paulo descrevendo suas visitas a Jerusalém assim
falou de Tiago:
"Mas dos apóstolos não vi a nenhum senão a Tiagt)~
irmão do Senhor." Gal. 1:19. "E conhecendo a graça-
que me foi dada, TiRgO, Cefas e João, que pareciam ser
eolunas, deram a mim e Barnabé as destras de eomu-
nhão, para que nós fôssemos aos gentios." GáI. 2:9.
"Pois antes de chegarem alguns da parte de 'I'iago, êle co-
mia com os gentios; mas quando êles vieram, subtraia-se'
e separava-se, temendo os que eram da eíreuneíssão,"
Gál. 2:12. "Porventura não temos o direito de levar co-
nosco uma crente como espõsa, como também os outros:
apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?" I Cor, 9:5.
"Depois apareceu a 'I'íago ." I Cor. 15:7.
Quem pode ler êste testemunho sem voltas ou des-
vios e crer em outra hipótese a não ser a de ser 'I'iago
filho do justo José e Maria, hem-aventurada mãe de Jesus
Cristo. Quando êste primogênito nasceu, a virgem naza-
rena teria talvez 15 anos. A afirmação repetida do Novo
Testamento é que o fruto de sua maternidade santa era
a numerosa família cujos nomes pelo menos dos homens,
são dados pelos evangelistas inspirados. Que do casa..
mento de José e Maria não resultaram filhos é uma in-
A EPíSTOLA DE TIA Iro 21
venção desnatural de uma época qUE chegou a adotar a
idéia anti-bíblica do celibato do mini ,tério e da superio-
ridade moral da virgindade à mates ridade . Os ensinos
das Escrituras são o oposto, dizendo nos o mesmo capi-
tulo que narra o nascimento de Jesi S que o casamento
sem filhos era considerado, não uma narca de santidade,
mas um castigo divino e um "opróbrí ) entre os homens,"
Lucas, 1:25.. O dogma da perpétua ., irgindade de Maria
é mera superstição, com tendência id ilatra, sem um úni-
co fato na história para o substancii r e com o repetido
testemunho do Novo Testamento em contrário .
,

Pois bem. tste Tiago, o mais ve ho dos meio-irmaos


de Cristo, era a principal das coIu: las do cristianismo
judaico, o primeiro bispo de Jerusal .m, o presidente da
conferência em Jerusalém, entre o representantes da
Igreja de Antioquia e a Igreja de lerusalém, entre os'
missionários aos gentios. Era o auí br da carta daquela
conferência para as igrejas gentias, Ique foi o primeiro
documento cristão da história, homem que o próprio Pc-
dro temia mais do que à própria consciência, Gál. 2:11-
12, e cujo apoio Paulo considerava Ide tanto valor que
uma vez lhe expôs particularmente o Evangelho que pre-
I

gava, "para que de algum modo n lia estivesse eu cor-


rendo, ou não tevesse corrido em vã I~." Gál. 2:1-2, e ou-
tra vez, na sua casa, "contou uma p( Ir uma as coisas que
Deus fizera pelo seu ministério, entr j~ os gentios"; e ain-
da para ter seu apoio entre os crenf \3 de Jerusalém, ras-
pou a cabeça e entrou no templo € lofereceu sacrificios
exigidos pela lei levítica , Atos 21 :11;-26. Havia conflito
concernente à autoridade de Paulo e Pedro e de João no
i

cristianismo primitivo. Mas houve lum cuja santidade,


e cuja inspiração todos em tôda par11~ aceitaram. E nada
mais natural do que fôsse êste o "irn ão do Senhor", con-
vertido depois da ressurreição pelo seu irmão glorifica-
do de quem doravante era o discipi i'o mais exaltado na
estima na irmandade na Palestina. f"Nesta epístola não
28 A EPÍSTOLA DE TIAGO

encontramos nenhuma ênfase sôhre o parentesco ou os


privilégios especiais do autor e sim uma consciência irn-
.per-turbável do direito a ser ouvido e acatado. Contro-
vérsia não há sôbre o lugar dêste no cristianismo apostó-
lico."
E' significativo que a literatura do século sub-apos-
,tólico não erra no seu emprêgo dos têrrnos do parentes-
co de Tiago. Diz A. Plummer (Expositor's Bible): "Não
há nenhum caso na literatura grega, onde 'irmão'
(adelphos) signifique 'primo'. A língua grega tem uma
palavra para expressar a idéia de primo (anepsios), a
qual achamos em Colo 4:10 e é notável que a antiga tra-
dição preservada por Hegesipo (mais ou menos 170
-d , C.) estabelece uma distinção entre 'I'iago, o primeiro
bispo da Igreja de Jerusalém, corno o 'irmão' do Senhor
(Eusébio, História Eclesiástica, 11 28:1) e seu sucessor.
1

Sfrneão, como o 'primo do Senhor' (IV 22:4). Podia He-


gesipo ter escrito assim se Tíago fôsse realmente primo
do Senhor? Além disso, se um têrmo vago como parente
(suggenes) fôsse desejado, também estava à mão, pois
se encontra em Lucas 1 :36, 58:2, 44" .
Sendo êste primeiro pastor cristão criado Do mesmo
tar com Jesus Cristo, o qual depois da morte de José
.provàvelmente se tornou cabeça da família, seu caráter
<oferece para nós um estudo proveitoso.
1. o Seu conhecimento do 'Telha Testamento con-
firma o que o cântico da virgem Maria mostra, que a
.Iamilia estava saturada com o espírito e as palavras do
Velho Testamento. Nesta breve epístola Mayor nota 6
.referêricias ao livro de Jó, 10 aos Provérbios, e 20 a outra
literatura dos provérbios do seu povo. Farrar contou
10 referências ao Sermão da Montanha. Podemos ima-
ginar aquela família de Maria, Jesus, Tiago, José, Judas,
e Simão e as irmãs dividindo seu tempo entre os miste-
res da sua faina humilde e o estudo do 'Telha Testa-
mento. E' no molde do concêrto antigo, da ética d~)s
A EPíSTOLA DE TIAG) 29
'.

profetas, da comunhão com Deus pel js Salmos que tais,


caracteres se formam.
. 2. o Devemos elevar nosso pens !mento da cultura
daquele lar, pois Tíago escreveu gre~ I> com um estilo e
vocabulário que poucos dos apóstolc s podiam igualar,
Thayer diz: "Na sua perícia em emp egar a língua gr~
ga este autor não é inferior a nenln m outro autor do
Novo Testamento." Daissmann classif ca a epístola corno
"um produto da literatura popular g 'ega." E o dr.. A.
T. Robertson conta 73 palavras que D io ocorrem no res-
to do Novo Testamento, sendo algur 's vocábulos erudi-
tos que somente escritores cultos usa vam e que eviden-
ciam um conhecimento da melhor : iteratura grega do
seu tempo. Diz Mayor: "A Galiléia e 'a cercada de cida-
des gregas e estava ao alcance de qua quer galileu adqui-
rir conhecimento da língua grega. Pc Iemos supor que o
autor não teve escrúpulo em toma' vantagem destas
oportunidades e aprender algo da fj .osofia grega. Isto
seria natural, mesmo se pensarmos E [n Tiago como im-
pulsionado tão somente pelo desejo ~de ganhar sabedo-
ria para si; mas se avaliarmos o fato Ide ser êle o instru-
for principal dos crentes judaicos, dos quais muitos eram
1I

helenistas, instruidos na sabedoria di Alexandria, então


esta oportunidade tomará o aspecto, Ile um dever sagra-
do. Tiago será um estudante do greg _para ser o instru-
tor eficiente de seu próprio povo." (. Espírito Santo es-
colheu como primeiro pastor cristão lum estudante emi-
nente cujos estudos foram batizados ma intercessão pelo
seu povo. !

3. o A linguagem de Jesus Cristo ie Tiago têm o aro-


ma dos campos e suas figuras e sírn: !les são muito pare-
cidos e testificam a íntima comunh lio com a natureza
que os dois irmãos gozaram na sua mocidade. Paulo é
'um homem da cidade e suas figuras sâo domercado, do
quartel, dos jogos atléticos e da asser [bléia grega. Mas a
linguagem de Tiago e de Jesus Crist /1 cheira ao campo.
30 A EPíSTOLA DE TIAGO

".tJe usa fenômenos naturais de sua terra para es~


clarecer seu pensamento a cada passo: a flor do campo
que murcha, 1 :10, o incêndio na floresta que varre a-
montanha e ilumina a vizinhança tôda, 3:5,. as fontes do-
ces e salgadas, 3:11, a figueira, a oliveira e a videira. 3:
12, a sementeira e a colheita, 3:18,. o vapor matutino que
tão ràpidamente desaparece, 4:14, as chuvas temporã e
serôdia, 5:7. Há mais da apreciação da natureza nesta
curta epístola do que em todos os escritos de Paulo." I).
A. Hayes, na obra já citada.
4.° O mesmo autor comenta a semelhança entre as
palavras de Tiago e Jesus, estabelecendo no Sermão da
Montanha um paralelo com 18 das sentenças mais ca..
racterísticas da Epístolas de Tiago . "Estas lembrancas
dos dizeres do Mestre nos encontram em cada página da
Epístola. Talvez haja muitas outras que nós não discer..
nimos. Porém, seu número é já bastante grande para
nos demonstrar que Tiago é saturado com as verdades
ensinadas por Jesus, e que tanto sua substância como sua,
.própria fraseologia ficaram na sua memória... 'I'íago
fala menos a respeito do Mestre do que qualquer outro
escritor do Novo Testamento mas sua linguagem é mais
parecida com a do Mestre do que a linguagem de qual..
quer um dêles. Jesus e Tiago tinham a mesma mãe. Dela
tinham uma herança comum. Até onde reproduziram
em si aos característicos da mãe, eram parecidos. Tinham
a mesma educação no lar. E' notável nesta conexão que
José é chamado no evangelho "um homem justo", e que
Tíago chegou a ser conhecido na era primitiva como Tia-
~o, o justo, e que nesta epístola êle dá êste título ao seu
irmão, Jesus. José era justo, e Tiago era justo e Jesus
era justo. Os irmãos eram parecidos e estavam como o
pai neste sentido. Os dois irmãos pareciam pensar do
mesmo modo e falar da mesma maneira maravilhosa-
mente, ~les representam o mesmo ambiente doméstico
e humano, a mesma educação religiosa e as mesmas ca-
A EPíSTOLA DE TIAG 1I 31
'racteristicas hereditarias. Certamenl \ pois, tudo que
aprendemos concernente aTiago nos :Ijudará a compre·
ender melhor aJesus." .
5. o Ofato de o autor ser meio lirmão do Senhor
~tece seu testemunho àsua deidade. 'O eminente War·
field diz: "Entre as epistolas um inte êsse peculiar per·
tence às de Tiago eJudas por serem lscritas por paren·
tes do Senhor Jesus Cristo segundo i carne, que alias
;não creram nêle durante sua manifesta ~o terrestre, João
5:5; ainda se adiciona ofato no caso (i Epístola de Tia·
go, de ser esta escrita lllima data muito Iremota (45), uma
data antecedente àde qualquer outro lescrito dos livros
canônicos." Então êle salienta ofato le Tiago se consi-
derar "Escravo" de Jesus eocolocar 11a mesma catego·
ria com Deus, 'o Pai, •
CAPiTULO IV

Para Quem Escreveu Tiago?


A epístola que estudamos foi e jlcrita por um judeu
intenso, a judeus da Dispersão. "TilgO - às doze tribos
da Dispersão". ~ste judeu era bis] o de uma igreja de
judeus na capital judaica. Provàveh lente muitos dos lei-
tores tinham sido membros da mesi la igreja e, espalha-
dos pela perseguição, ainda acatavam 'com afeto e reverên-
cia o pastor cuja santidade lhes iDS rirara tanto respeito
nos primeiros anos de sua vida crist , e êste, por sua vez.
seguiu com suas orações e conselhor] os que tinham sido
os objetos de sua caridade pastoral. i Portanto a epístola,
seu autor e seus leitores são judeus I e temos de fazer o
milagre intelectual de transformar-nus em judeus da Dis-
persão do ano 45 d , c., se quisennc ;, gentios do Ociden-
te que somos, apreciar os problema I e a situação que o
inspirado autor encarou nesta pasto 'al circular.

"Às doze tribos da Dispersão. "Diz o preclaro intér-


prete B .. H. Carrol r "Bste povo visi
ou as grandes festas
em Jerusalém. Estava presente D( dia de Pentecostes
quando Tiago recebeu o batismo DE Espírito Santo. Ali
foram das margens do Eufrates e ~ o Tigre, da Mesopo-
'tâmía, que quer dizer "Entre os rios" e de todos os Iuga-
Tes da Asia Menor, do Sul da Grécia ~ de- Roma e do Nor-
te da África. E ali ficaram até que 'oram dispersos pela'
perseguição mencionada em Atos 12 Depois de partirem,
Tíago lhes escreve. De sorte que mil ha opinião do tempo
é que foi no ano 45 d. C., corresp mdendo aos eventos
mencionados em Atos XII. Uma gr mde tribulação asso--
lava os crentes. Tiago, o filho de 2 ebedeu fôra morto e
Pedro fôra prêso . Os membros daq tela igreja foram es-
palhados sôbre a terra. Tiago era o [cabeça, o pastor da-
E.T. - S
34 A EPÍSTOLA DE TIAGO

quela igreja. Esta tinha provàvelmente 100.000 mem-


bros. Podemos ver a ansiedade que êle sentiria quando
foram dispersos. E' evidente pela carta que a linha de de-
marcação entre os cristãos e os judeus estava muito indis-
tinta. Os cristãos ainda se reuniam nas sinagogas. Mais
;tarde se separaram" e ou alugaram casas de culto ou edi-
ficaram templos, ou se reuniram em casas particulares."

"A significação da Diáspora é sem ambigüidade e não


há motivo para limitar seu alcance à Dispersão Oriental.
Havia uma distinção entre os judeus da Dispersão e os
da Palestina. ~stes eram, na sua maioria, roceiros ou ar-
tífices, mas aquêles se congregavam nas cidades e se
'Ocupavam quase unicamente no comércio. Em ambos os
casos havia um círculo limitado de eruditos." (Expo-
sitor's Greek Testament)
"No tempo em que esta epístola foi escrita havia três
principais divisões da Dispersão - a de Babilônia, à qual
foi concedida a primeira importância, a da Síria e a egíp-
cia." A. Plummer. (Exposítor's Bible)
O mesmo comentador cita o grande judeu Filo num
apêlo feito ao imperador Caio por uma embaixada que foi
'a Horna no ano 40 para obter isenção de um, decreto que
obrigava os judeus a adorar a imagem do imperador: "Je-
rusalém é a metrópole, não somente do país da Judéia,
mas de quase todos Os países, por causa das colônias que
tem enviado, segundo a oportunidade que se oferece, para
àS terras vizinhas do Egito, da Fenícia, da Síria e da Coe-
te Síria e países mais distantes da Panfília e Cilícia, quase
tôda a Ásia, até Bitínia e os recantos mais remotos de
'ponto; outrossim a Europa, a Tessália, a Beócía, a Ma-
cedônia, Etólía, Atíca, Argos, Corinto, juntamente com ai
demais partes e as melhores partes da Grécia. E não so-
mente os continentes estão cheios de colonos judeus mas
também as ilhas mais notáveis - Eubea, Chipre e ereta.
A EPíSTOLA DE TIAIIO 35
- para não mencionar as terras além I oEufrates. Porque
tôda se estas, com exceção de uma p~ 'Iuena parte de Ba-
bilônia edaquelas satrapias que consl tuem oterreno ex-
celente, em redor destas, contém hal itantes judeus. De
sorte que, se meu povo obtiver uma pa te na vossa clemên-
cia, não seria uma cidade que teria (I; benéficos resulta-
dos, mas dez mil outras, situadas emj;ôda parte,do mun-
do habitado, - Europa, Ásia, Líbia, Icontinental einsu-
lar, das terras marítimas edo interi~ ,.," Omesmo sábio
intérprete julga que aEpistoIa foi dstribuida principal-
ment~ na divisão siriaca da Di9.spora I~ diz: "A tremenda
significação da Dispersão como prep lrativa para o cris·
tianismo não deve ser ignorada. Um: eino tornou-se uma
religião." E' para leitores nesta SitU2 tão que oprimeiro
livro do Novo Testamento .foi escritc I. .
'
CAPfTU'LO V

Como os Crentes Gentios Pode n Compréendêr


as Iscrifures Juda: cas
A Epístola de Tiago é uma peça le literatura de um
hebreu de hebreus, dirigida "às doz~ tribos que andam
dispersas". O culto se efetua na sinag oga ~ todos 08 pro-
hlemas são os da vida social e comer daldas colônias da
Dispersão judaica. Para compreender nos o ensino épre.
ciso que nos coloquemos na situação do autor e dos lei-
tores, em outras palavras, que pela fi Irça de uma ímagi-
~ação santificada nos tornemos [ude rs do primeiro sé-
culo.
Que diferença haveria em vossa vida religiosa, pre-
zado leitor, se fôsseis um crente do a: .o 45 di C., mem..
hro de uma tribo de Israel disperso?
1.° - Vosso culto seria efetuado m sinagoga e os pres-
bíteros desta sinagoga vos poderiam. dar quarenta açoi-
tes menos um por qualquer delito. ljtos 9:20; 18:8; 19:
2; Tiago 2:2; 11 Cor. 11 :24. Nela haleríeís de pagar aos
apóstolos do sumo sacerdote em Jer isalém os impostos
para o sustento do templo, para OI de faríeis romaria,
pelo menos uma vez na vida. Mat , 17:24-27. A vossa
igreja teria suas reuniões na sínago l~a no primeiro dia.
da semana, mas assistiríeis ao culto j judaico no sábado
Atos 13:14, 4~44; 17:2; 18:4; 20:7; I. Cor. 16:1.
2.° - A vossa Bíblia seria única nente o Velho Tes..
tamento, e o culto judaico consístír a na sua leitura e
aplicação, e o culto cristão seria dif rente apenas na in-
terpretação das passagens messiânica s à luz da vinda de
Cristo e da tradição oral cristã para • govêrno espiritual
dos crentes, com seus presbíteros e d áconos e os dois ri-
tos do hatismo e' da ceia. Em muitos casos a maioria ou
38 A EPíSTOLA DE TIAGO

ti totalidade da colônia aceitaria Jesus como Messias.


Neste caso a sinagoga se transforrnarfa gradualmente
numa igreja cristã. Atos 19:9; 13:5.
3. o - Vossos filhos seriam circuncidados no oitavo
dia - pois é engano que o batismo tivesse vindo em lugar
da circuncisão - e vossa família observaria a páscoa,
pentecostes, o dia de expiação e tôdas as festas judaicas
como os demais judeus, inclusive os sábados e luas no-
vas, etc. Atos 10:45;- 11:2; Rorn. 3:12; Gál. 2:7-10; Colo
4:11; Atos 21 :21-26 (notai a isensão dos gentios de tudo
isto); Atos 28:17; I Cor. 16:8; Atos 2:16.
4.° - Ainda teríeis um crente gentio por imundo. De
fato na maioria dos locais ainda não haveria crentes gen-
tios. De modo que, encontrando-vos com um gentio no
marcado e tocando-o, seria necessário tornardes banho,
.antes de comer, e cumprirdes tôda a exigência levitica ,
Gál. 2:12-14.
5. 0 - Veríeis com espanto o apostolado de Paulo ini-
ciando igualdade social entre judeus e gentios na fé. cris-
tã,e talvez ao princípio, como Tiago, Pedro e Barnabé,
não comer-íeis a ceia do Senhor com os irmãos gentios
por mêdo de contaminação cer-imorrial ,
6.° - Observaríeis as horas de oração no templo,
orando como Daniel com a janela aberta para a banda
de Jerusalém, e ensinaríeis aos fiihos a língua da Terra
Santa, e em todo o transe vos consideraríeis um colono
de Jerusalém, vossa capital civil e religiosa, e negaríeis
êstes privilégios a quaisquer gentios que não Se subme-
tessem ao rito de circuncisão. Atos 2:46; 3:1.
~ste estado de coisas continuaria até que Paulo es-
tabelecesse igrejas separadas das sinagogas, e com a
maÍoria dos rnernlrros gentios, nas sete "províncias" de
'seus labores, sendo finalmente abandonado com a queda
de Jerusalém no ano 70.
Imaginemos uma situação igual. Se os crentes hoje
em dia ainda assistissem aos cultos e às festas nos tem-
A EPíSTOLA DE T] j~GO 39

plos católicos, tendo também seu culto evangélico em


outras horas nestes mesmos temph s; se os pastôres ti-
vessem o mesmo direito que os pa res de subir ao púl-
pito católico e pregar o evangelho ~ se o clero católico
tivesse poder de açoitar o crente por qualquer ofensa e se
muitas comunidades católicas aceits ssem a nossa fé tor-
nando seus templos casas de cultos .vangélícos, seria um
paralelo. Healmente isto se deu DI s tempos de Lutero;
Zwínglío, Calvino e Hubmaier. E levemos avaliar que
o cristianismo atravessou um perío lo de transição. Em
nossos dias se judeu ou um caf lico se converte ao
evangelho, a mudança é quase insta itânea. Mas no prin-
cípio a separação era gradual. O ] róprio Senhor Jesus
fundou a igreja e continuou na sínar oga e no templo tôda
a vida. Levou uma geração para os judeus e os romanos
descobrirem que o cristianismo nãb era mera seita do
judaísmo, como os fariseus ou os ssênios. Começou a
ser descoberto na Antioquia, mas I aulo, quando chegou
em Roma, ainda tinha entrada fran a nos circulos judai-
cos os quais, porém, lhe informara n com certa descon-
fiança que "esta seita' era por tôd a parte impugnada,
Atos 28:22.
O motivo de tudo isto é simples . Israel era uma teo-
cracia; e não havia distinção entre 1 lei religiosa e a lei
civil. Tudo era civil, tudo era reli ~ioso, tudo era o re-
gimen mosaico. Se um judeu era] oro cidadão tinha de
obedecer a lei Ievítíca, pois era o C~ digo civil de sua pá-
tria. Portanto Jesus e Paulo e os ( emais judeus crentes
sempre observaram os ritos da lei I té quando Israel dei..
xou de ser um Estado, no ano 70 de. O ponto da Epís-
'tola aos Gálatas é. que nada disto s'~ impõe na consciên-
cia gentia, e mesmo para o judeu 1] io foi meio de salva-
ção. Mas quando Tiago escreveu, êste problema ainda
não tinha surgido. Quase todos os I rentes fora da Pales-
tina ainda eram "das doze tribos ua Dispersão."
PARTE 111
,

TRADUÇÃO E COM~:HfÁfUO
i,
I

CAPITULO I
;

A Saudação da Ep stola
TRADUÇÃO
- I
1 - 1. Tiago, servo de Deus ei d, Senhor Jesus Cris-
to, às doze tribos que estão dispersas saúde.

PARÁFRASE
Tiago, irmão do Senhor, comps nheíro de sua vida
humana, convertido por sua ressurr iiçâo, primeiro pre-
sidente de sua primeira igreja, herói da cristandade e do
judaísmo primitivo, escritor do prir ieiro volume da bi-
blioteca do Novo Testamento, mod :rador da conferên-
cia pacificadora em Jerusalém, auto: da pequena epísto-
la que unificou as igrejas judaicas, g4 ,ntias e mistas numa
comunhão universal, (Atos XV); i
Tiago, primeira das três colunas da comunidade pri-
mitiva, (Gál. 11), mestre de três li iguas, recipiente de
uma revelação especial do Senhor r ssuscitado, protago-
nista, da santidade evangélica, profeta, bispo, intercessor
e martir. i
i
Tiago, o Justo, cujo lugar na estima universal de
judeus, e cristãos, é tão seguro que tão precisa de argu-
mento, ou defesa, com humildade e, ,lngélica se introduz
42 A EPÍSTOLA DE TIAGO

aos seus leitores como apenas "um servo", adorador obe-


diente, de Deus Pai e de Jesus Cristo a quem também cabe
o nome de deidade - Senhor;
Tiago saúda seus irmãos das tribos de Israel, mem-
bros das colônias da Diáspora; desde Babilônia até Roma,
e desde Alexandria até Filipos, enviando cópias desta
carta-circular, no ano 45 da era cristã, talvez pela mão
de peregrinos que voltam das festas em Jerusalém, a
muitos dêstes grupos de israelitas no império romano,
mormente em Antioquia e outras partes da Síria, e ad-
moestando o seu povo sôbre sua vida ética e espiritual,
ministrando conselhos práticos às sinagogas, às novéis
'igrejas, e aos núcleos informes de judeus crentes que nes-
te período de transição ainda se congregam nos cultos da
sinagoga onde há também judeus incrédulos nos cultos,
a cujos auditórios mistos seria lida esta epístola do mais
eminente judeu cristão da atualidade, herói e doutor de
todos os seus patrícios .

COMENTÁRIO
"O propósito primacial da Epístola": demonstrar que as obras
são a evidência e a prova da! fé, e manifestar sua solicitude pela
mais elevada ética cristã.
O propósito secundário: manter a perfeita igualdade dOR
irmãos nas comunidades cristãs, contra uma deferência vulgar
e mundana à riqueza e à posição social.
Versículos chaves: "Assim também a fé, se não tiver obras
é morta em si mesma", 2 :27; e "Portanto para quem sabe ta-
zer o bem, e não o faz, para êsse é pecado'', 4: 17 .
Tema: A fé provada e aperfeiçoada pelas obras.
Palanras chaves: u tentação" - a solícítacão ao mal e a
provação pelo sofrimento; "obras" - muito mais do que uma
moralidade negativa; sim, o exercício ativo nos caminhos prá-
ticos das lindas graças do caráter cristão: a paciência, a forta-
leza, a fé, a oração, a humildade, o amor, a benevolência, e o
domínio próprio - Schofield
A EPÍSTOLA DE TIJ 100 43
Propósito: principalmente o avivam nto de um estado re-
ligioso desanimado, um formalismo môrnc e a correção das ten-
dências corruptas de uma condição decaíd ~. Caíra a perseguição,
e não era suportada com fortaleza, pacíêi cía e fé. Esta palavra
se encontra no 'Princí,pio da epístola, qUI se ao fim, e por todo
o Capítulo 2, e expressa muito do prop Isito da epístola ínteí-
.ra , De vários modos S. Tiago trata a maneira de vida que
procede de um sentimento de confiança na presença de Deus,
baseada numa compreensão de seu caráte e propósito. - F .J.A.
Hort
..
Uma instrução missionária dirigida lOS convertidos, visan-
do também os não convertidos. - Lang ,

Páginas soltas de discursos :PfoféÜc( ; de Tiago. - Moffatt

Razões por' qiue a epístola foi escrit : t.e Êstes judeus dis-
persos estavam sofrendo. 2.° Muitos J .deus aceitaram Cristo
intelectualmente, mas não foram regen rrados , 3.0 Eram con-
tenciosos. - CarroU i
I
I
I
Uma 'epístola que. não é'missionár-: jL- ou evangelística mas
disoíplinante. - Denney

I
Exceto o autor, menção de qualque pessoa contemporânea
é omitida, nem há notícia de qualquer evento hístõríco CJUe
acontecera no próximo passado, nem re erência a evento algum
na vida do autor ou dos leitores. Nads indica a residência do
autor ou dos leitores. - Theodoro Zat 11
!

Mesmo sem decidir o exato signific .do da saudação, é per-


feitamente claro que a carta não foi .reparada para uma s6
igreja, mas para grande número de igr [as, largamente separa-
das. - Theodoro Zahn

A diferença entre o autor e os Ie: .ores e que êle está na
Palestina e êstes não, êle parece estar ..uma posição de autori..
dade, porém, êstes aparentemente são un povo humilde e so-
fredor. Há passagens que visam judet I íncrédulos, .íe soslaio,
44 A EPÍSTOLA DE TIAGO

e talvez algumas que são proferidas diretamente a êles , - A.


Plummer

A famosa objeção de Lutero que o levou a chamá-la "epís-


tola de palha": "A epístola não _prega e urge a <Cristo. Ela dou-
trina o povo cristão, no entanto não menciona a paixão, a res-
surreição, e o Espírito de Cristo. O autor menciona Cristo pou-
cas vêzes, porém, não doutrina coisa alguma a seu respeito, mas
fala apenas de uma fé geral em Deus o" (Lutero enganou-se e
contradisse o primeiro versículo quando escreveu: "Ela dou-
trina o povo cristão." E' um escrito para auditórios mistos, de
judeus crentes e incrédulos. (W. C . T . )

Lógica e cronclóg ícamente o ensino de 'I'iago precede o


de São Paulo e São João. Chamá-lo retrógrado, quando com-
parado com um ou outro dêstes é chamar à criança retrógrada
em comparação com o homem. Tôdas as congregações a quem
S. 'I'íago endereçou esta carta deviam estar num primitivo esta-
do de desenvolvimento. Em certos sentidos até a igreja-mãe em
Jerusalém, de onde esta carta foi escrita, nunca; foi além des-
tas primitivas fases de progresso. Antes que pudesse superü-
las, o centro da cristandade se mudara de Jerusalém para An-
tioquia e a Jer:usalém jamais voltou. - A Plummer

Servo: "adorador" - "não de duas potestades distintas 8


coordenadas, como se fôsse servo de dois Senhores. Ser servo
de Cristo é impossível sem ser servo de Deus." - Hort

Servo :Em geral, para o judeu! "servo", quando usado em


referência a Deus significava "adorador", e em referência a ho-
mens, "escravo". Sendo êste sentido impossível aqui, "servo"
deve ser entendido como significando "adorador", e a deidade
de nosso Senhor é distintamente implicada. - "Exnositor's
Greek Testament"

Servo: não devemos, no entanto, destacar as idéias ígnõ-


beis de escravatura em nosso modo de pensar moderno; inteira
_._-
obediência é tudo que é implicado. - B. Warfield
A EPíSTOLA DE TIAj lO 45
i
I

Servo: "Expressou a absoluta devoçã ) tanto a Deus como


ao Senhor Jesus Cristo. Era ligado a amt rs igualmente, honra-
va ao Filho como honrava ao Pai. Afirr Ou logo no princípio
sua sujeição absoluta a ambos, e era exs .amente isto a maior
necessidade dos israelitas a quem escrevi: . - W. Kelley .

Dispersão: Para judeus cristãos dt 'Síria, especialmente


H

na Antioquia, e na Babilônia." - F.J .A. Hort

A êstes restos da casa de Israel, cuja "rejeição" (Rom. 11:


15) havia de fruir na "reconciliação. do ! iundo"; cuja "queda"
foi a ocasião de nossa "i-íquezat'j e cujo "abatimento" a fonte
das riquezas dos gentios. "Dispersos", de verdade! Um "pasmo,
provérbio e ludíbrio" entre tOdas as nac< '5 (Deut; 28 :37) um
"espetâculo horrendo para todos 08 reine; da terra", um Hob_
jeto, de execração, e de espanto, e de asso ias, e do opróbrio en-
tretõdas as nações' (Jer. 29 :18), para o Ide o Senhor os tinha
lançado, - EIlicott

A significação Ide díãspora não é aml Igua, e não há motivo


de limitá-la à dispersão oriental. l'E cposítor's Greek Tes-
tament" '

Podemos dizer sem hesitação que, r hando Tiago fala das


"doze tribos que estão dispersas", quer d zer os judeus que re-
sidern fora da Palestina e não cristãos 1< age de sua pâtria ce-
lestial. - A. Plummer

o emprêgo do têrmo "doze tribos" E incompreensível se o


escritor quis dizer todos Os crentes sem ~ istinção . ~le não faz
referência alguma a conversos gentios DE n tampouco a relação
entre judeus e gentios incorporados nUI corpo espiritual. -
Davídson

Bsbôço de Scho(ield:
f. Prova da Fé, 1 ~2·2 :26 ..
2. A Vida íntima Provada pelas de: arações da língua, 3:
f-i8.
46 A EPíSTOLA DE TrAGO

3. Repreensão contra o mundanismo, 4: f-ia.


4:. Os ricos admoestados, 5: i-6.
5. Exortações, 5:7-20.

:EsbtJço de A. T. Robertson :
f. Introdução, i: 1 .
2. Corno tratar provações, f :2·18.
3. Como tratar a Palavra de Deus, 1 :19-27.
4. Como tratar os ricos e os pobres no culto, 2:1-13.
5. Como manifestar nossa fé, 2: 14-26.
6. Cautela. contra a ambição de ser mestres, 3.
7 . Várias exortações práticas, 4, 5.

o esbôço da V71Ulata, segundo Tischendor{:


I. Utile temptarí . Sapieniiam deusa roga. Opes pereunt ,
Homo delicti, deus boni auctor . Leaem. audi et fac. Linguant
~~. I -

Il . Ne postponas div-itibus pauperes. Diliaendo proximum


lee tota expletur . Fules probanda fac tis . AbTalham etRaab.
Ill . Adversus docendi Iibidinem; Linçuae usus difficiti,.
De vera sapientia .

[iduciam sui .
.
IV. Fuaicnda »ano. libido. AkLversus obtrectationem. et
,

V. Cohortatio ad dioites . Patientia pioram. No» iU1"an-


dum: Aeçrotorwm cura, precum vis. De lapsis.
CAPITULO II

Sôbre as Provas e Tel -latões


TRADUÇÃO
1 :2:"19

."Meus irmãos, tende por motit ') de


sua alegria
quando fordes assaltados por várias p] ovações, certos de
que a prova da vossa fé obra a constâ icia, Contudo (vi~
giaí) i . que essa constância tenha sua ~ bra aperfeiçoada,
para que. sejais maduros e íntegros, em nada deficientes.
I
E se algum de vós tem falta de' sabedoria, peça-a
Deus, que a todos dá liberalmente e nã I lança em rosto, c
ser..lhe-á dada. Mas peça~a com fé, na: a duvidando, por.
que o que duvida é semelhante à va] ~ do mar, agitada
e sublevada pelo vento. Não cuide, P' is, êsse tal que al-
cançará do Senhor alguma coisa, hon em de alma 'Voei..
Iante, a cada passo instável. I
j

Porém, o irmão de circunstâncias humildes se glorie


lia sua exaltação, e o rico na sua humi hação, porque êle
passará como a flor da erva. Porque I , sol rompe, acom-
panhado de um vento abrasador, seca a erva, li flor cai,-
e a gala de seu aspecto perece! Assim :ambém o rieo, n-o'
meio de 6eU$ trazeres, terá um :Wn m sero,
I
!

Feliz o varão que sofre com fiJ mesa a provaçio,


porque quando houver sido provado, I eceberâ a coroa de
nd. que (Deu.) prometeu tOI que o flUam.
48 A EPíSTOLA DE TIAGO

Ninguém, ao ser tentado, diga: "De Deus sou tenta-


do", porque o nosso Deus é imune de tentação pelos ma-
les, e, quanto a êle, a ninguém suscita a pecar. i, Pelo con-
trário, cada um é. tentado pela sua própria cobiça, sendo
por ela seduzido e engodado. Então, havendo a Cobiça
concebido, dá à luz 'o Pecado, e o Pecado, consumado
~, gera a Morte. Meus amados irmãos, não sejais en-
ganados! Tudo que nos é dado é bom e todos os nossos
dotes são excelentes, vêm de cima, descendo do Pai das
luzes, em quem não há mudança nem sombra de varia..
ção , De pura vontade sua é que nos gerou pela palavra
da verdade, a fim de que sejamos ....as primícias de suas
criaturas. Ficai certos disto, irmãos meus, muito ama-
dos."
PARÁFRASE
Meus irmãos dispersos, vítimas de atroz persegui-
ção e ostracismo, longe de desfalecerdes por causa destas
aflições, considerai as multiformes provações motivo de
grande alegria, pois tendes a certeza de que servem para
dar têmpera ao caráter, fortaleza ao ânimo, firmeza ao
espírito, constância à vida cristã e perseverança na san-
ta carreira que encetastes. Porém, não queirais parar no
meio do caminho! Vêde que essa constância de ânimo
leve sua obra ao têrmo, produza Um resultado acabado,
tenha seu fruto maduro e com todo o seu sabor, a fim de
que chegueís à madureza de caráter e integridade de vida,
possuindo todos os dotes de Um homem completo em
Cristo, e tendo êstes dons desenvolvidos ao máximo grau
de sua possibilidade, sem defeitos e lacunas em fase al-
guma do vosso caráter.
Para êste santo ideal qual de vós não sente sua in-
suficiência? Quanta sabedoria não será precisa para quem
deseja alcançar êste alvo? Peça a Deus, nosso generoso
A EPtSTQLA ~ 1U 1 ' 0 '49
Deus, que não cansa de dar ~ nunca .J lnça etp ros~to I p~
~ a Deus o santo bom senso, a práti a intelígêncía ~~..
Titual, para viver através dêste transa tão agudo, de uma
maneira digna da fé que anima seu I oração. Mas peça-
a com a confiança que venha de unu fé viva em Deus,
não com dúvidas e hesitações. Tam mha desconfiança,
irresoluta, diante do infinito poder do lEterno, só desper-
ta em Deus o nojo. :e.le contempla ( suplicante de âni-
mo dobre, indeciso, vacilante como r víajante enjoado
encara a vaga agitada do mar. -Melb)r não orarmos do
que sermos inconstantes na posíção lque tomamos pe-
rante o mundo na profissão de nossa fé. Não pense tal
suplicante que alcançará coisa alguma de Deus. Assuas
súplicas Deus é surdo!
E esta atitude é independente de c rcunstãneías. ,Tan-
to o pobre como o rico, sejam firmes iela sabedoria con-
-cedida por Deus. O pobre está no n esmo nível com o
rico na comunhão do povo de Deus, portanto, corajoso
nas provações, regozije-se na sua p ,sição exaltada na
irmandade. E o rico despreze suas pei das materiais e so-
ciais, reconhecendo nesta humilhação social sua exalta-
ção ao maior dos privilégios, o de mel ihro da comunída-
de dos santos. I ·

De fato, distinções materiais e 80 dais são efêmeras;


a abastança de hoje é a miséria de ~ manhã. Portante
deixai de considerar as coisas que pei ecem e contempla'
os valores que são eternos. A distin ão suprema, para
rico ou pobre, é a coroa da vida, e es :a é dada, não aos
que vacilam entre Deus e o mundo po que desejam amar
ie servir ambos, mas será recebida PO] aquêles cuja vida
é animada tão somente pelos sentín .entos de amor 8
Deus.
Longe de vós o fatalismo, a idéj 1 fixa do fariseu f
Deus não é o culpado de vossos imp lIsos para o mal.
~le é incapaz de sentir o menor ímpuh o para o mal, por-
!tanto, não seria capaz da maior das in qüidades, o ato de
E.T. - ~
50 A EPíSTOLA DE TIAGO

solicitar a outrem a pecar ~ Pelo' contrário, o pecador é


'0 autor de sua própria tentação. Deus manda ou permite
'as circunstâncias -exteriores que nos provam, porém, o
impulso para ceder e pecar procede de dentro de nós
mesmos . Nossa cobiça carnal é a meretriz que DOS se-
duz, é o pescador que primeiro nos abstrai do lugar de
segurança e inocência, depois nos engoda e fàcilmente
'DOS apanha. Esta tentadora que reside em nós, de sua
união ilícita com a nossa vontade concebe o Pecado. E
êste filho bastardo e malvado, num incesto horrível com
sua progenitora, gera a Morte, a segunda morte, a eter-
na separação de Deus. Não! O impulso para pecar pro-
cede de nós mesmos, não de Deus. A culpa cai ünica-
mente sôbre nossa cabeça,
Deus procura a nossa ruína?!! E' de Deus que pro-
cede tudo que é bom no universo, e apenas o bom. To--
dos os impulsos, todos os dotes que herdamos por natu-
reza são bons. tle nunca colocou em nós tendências
para o mal. De sua iniciativa criadora e providencial
procede somente o bem. "Viu Deus tudo que fizera e eis
que era muito bom." O Pai Criador das luzes que bri-
lham em nosso firmamento é luz perfeita sem mistura
de trevas. O sol reveza o dia e a noite, a lua tem suas
fases, o sistema planetário seus eclipses, mas estas mu..
danças não têm paralelo em o caráter de Deus. Nêle não
há variação, nem sombras ou nuvens. Eternamente é
luz inefável, procurando nosso hem. E a prova suprema
dêste fato é seu propósito de redenção. Por sua volun..
tária iniciativa e bondade nos revelou a Palavra do Evan-
gelho, e por meio dêste germe da vida implantou em nós
uma nova natureza, capaz, pela sua graça, de combater
o mal em nossa própria carne. Esta natureza é sua se..
gunda criação, e nela nós somos as primícias de uma
,nova raça espiritual, aquela multidão que ninguém po-
derá contar, de tôda a nação e de tôdas as tribos, povos
e línguas. Ficai cientes desta suprema manifestação de
A EPíSTOLA DE TIA l~o

:6ua bondade. Gravai-a na memória e na consciência!


Nunca sejais ludibriados pelo fatalism -, que paralisa tôdà
.a atividade da alma 1Deus é bom, e t1 do no universo, DO
homem e na experiência humana ~ ue dêle procede: e
unicamente bom e nonnoso I
C'OMENTÁRIO
2. Provações: A prova da fidelidade inteireza, virtude e-
constância. A solíeítação para pecar. - ~ thayer
,,
---
A inocência é deveras uma graça, toda ria há uma fase mais
elevada da mesma virtude, isto é, a pureza [ue foi ganha por UIIl
conflito longo e amargo com mil sugestõe para o mal que ve-
nham de fora, despertando a impureza DI tural dentro de nós ~
- ElIicott

... A palavra "fordes assaltados", ou 'caírdes", que se usa


concernente à nossa experiência de provaçt as, implica que aqui-
lo com que nós nos encontramos é-nos dj sagrada vel, inespera-
do, e não desejado. Outrossim, implica qut esta calamidade im-
prevista é bastante larga para nos cercar , cobrir... O que S.
'I'iago tem em mira são provações externas tais como a pobreza
de intelecto (v 5) ou de bens (v. 9), 01 a perseguíção (2 :6,
o

i) o-A. Plummer

Razões dadas pelo mesmo autor J)ar~ n08 aleflrarmos no,


provações: São oportunidades de praticar l virtude que não se
pode aprender sem exercício, nem ser ex rcítada sem oportu-
nidades. (2.) Elas nos ensinam que, aqui, I ío temos cidade per-
manente, pois um mundo em que tais ex, eriências nos sobre-
vêm não pode ser considerado nosso la para sempre, (3)
Elas nos tornam mais parecidos Com Crisl ). (4) Temos a cer~
teza na graça divina, a garantia de que m nca será põsto sõbre
nós mais do que IPodemos suportar. (5) '1 unos a confiança em
compensação abundante aqui e além túmul '.
O apóstolo diz: tentações várias, mas ( têrmo aqui não sig-
nifica as incitações ao pera do, porém, as a lições com que Deus
costuma experimentar os homens para qUE mostrem o que são.
- SUeI' I
A EPíSTOLA DE TIAGO

TOda alegria: Isto não quer dizer a totalidade de alegria.


eOffiO se não houvesse alegria em outra coisa a não ser nas pro-
vações ... Nem diz S. 'I'iago que a provação é tõda alegria;
mas nos exorta a assim considerá-la, a contemplá-la do ponto
de vista otimista. como sendo uma experiê:aoia que pOSSa'lr
transformada no mais alto bem para nós que a suportamos. -
Mayor

Provações: Talvez haja alusão ao massacre dos Judeus ua


Diáspora oriental uns dez anos antes desta epístola ser escri-
ta ... O Dr . Hatch, ao que nos parece, restringe demais a pala..
vra a uma qualidade de provações, isto é, a aflição. As rique-
zas são tão verdadeira provação quanto é a pobreza, como se
~!. em v. 10 e I Tim. 6:9; e a tentação de Cristo no deserto
~Luoas 4: 13) não foi um apêlo ao mêdo mas sim à esperança e
ambição _ Até que ponto podemos generalizar estas "várias
provações"? Além de dor, tristeza e temor, certamente, abran-
gerão tõda a sorte de perplexidades, desapontamentos, ansiedades
• qualquer outra coisa que nos vexa ou perturba... A atitude
certa é considerar tôdas estas experiências como uma discipli-
na para o céu f armando uma )parte da cruz que tem de ser le-
vada 'por todo, cristão. - Mayor

3. Fé: A confiança que ressalta de uma fé viva em Deus


---' Thayer

8. Tiaga interpretou a fá como significando, não somen-


te o mero reconhecimento ou confissão de Deus, mas coní ían-
ça. nêle. - Cremer

Sabendo, certos: O verbo e o tempo indicam reconhecimen-


to progressivo e contínuo, pela experiência da vida diária. E
isto nos ensina que as provações não somente trazem à luz, mas
criam, a paciência, a f2rtaleza... No correr dos anos é muito
mais fácil regozijar-se nas tribulações, e ser grato por elas, do
que meramente submeter-se negativamente e estar resignado
pacientemente. - A. Plummer

Constância: eonstància, fortaleza, /perseveranoa no Novo


Testamento é o característico de um homem que não pode ser
A EPíSTOLA DE T1Al O

th\âviadó de seu propósito e lealdade delil ~rada à fée à santi-


dAde. mesmo pelas maiores provaeões e st rrimentos. - Tha,..,

"Estabilidade, firmeza, tenacidade dt propósito, um enlu-


stasmo inapagável ." - Ellicott ,

I
i

O têrmo eÁá usado na literatura a re


- combate, e significa a capacidade de consr
peito de pessoas Dum
rvar sua jioaíçâo, sem
perder terreno; denota especialmente a íecisão psicológica, a
fixidez da esperança messiânica no meio das oontra'dições détl...
ta vida. - Cremer

. A peculiar clareza psicológica e atitu la decidida que a es-


perança adquire na economia da graça, E n virtude de seu ca-
ráter que exclui tôda a vacilação, dúvída, B incerteza, e de ecM-
formidade com sua disposição de assever: r sua fé no meio , .
contradições dêste mundo. - Cremer
,Usado (1) para significar o ato de f ~ar firme, e (2) para
fi têmpera de durabilidade. - Mayor
j
4. Maduro8 e íntegros: ",Obra aper eíçoada", acabada,
nada faltando para ser completa. "Sejais maduros." De caráter
bem desenvolvido e varonil, tendo chegac ) à própria altura d.
virt~d~ e .integridade. "Integros" - não altando parte algüi'hi.
séDdú tudo são, sem falta ali mancha. - T h a y e r '

-N'Ó hnmem 'íntegro nenhuma graQ'a 11 te ftve ~r !t6


ter de um homem cristão está faltando; no homem "mttdtU'fI'
t"
nenhuma graça está meramente nos seus f aeos principios, porém
tõdas elas chegaram a uma certa madur ~Za e delicioso sabor.
- 'Trench

Os madurOI) são. idênticos com Os es .írítuaís. - LigbUoot,

Não perfeitos no sentido exato dest I palavee, "pois todu,


nós trepeçames em muitas coisas" (3 :2; , embora sejam todos
admoestados a procurar alcançar a perfe Cão, Mat. 5 :48; Efês..
3:f9; 4:t3. O têrmo usado é a respeito de animais que cres-
ceram ao seu tamanho natural, e, porta: to, nesta passagem, a
A EPíSTOLA DE TIAGO

respeito de cristãos que chegaram à madureza de caráter e en-


tendimento. Assim torna-se quase sinônimo de espiritual e sá-
bio... Em Heb. 2: 10 é declarado que Cristo foi feito perfeito,
maduro pelo qpe sofreu. - Mayor

5. Sabedoria: O conhecimento e prática dos requisitos para-


uma vida piedosa e reta. - Thayer

"Nenhum obreiro é desculpado de praticar asneiras repe-


tidas. Se Ibe falta o bom senso, peça-o a Deus." - J. F. Lave,
no seu primeiro discurso no Brasil, Rio de Janeiro, 1922.

Sabedoria, o poder íntimo de tirar proveito das provações


exteriores não pode ser suprida pelas provações: pode ser ob-
tida de Deus gratuitamente por quem /pedir: "~16 enviará di-
retamente ao coração. - Hort

S. Tiago usa a palavra para indicar a sabedoria prática


((\la supera o conhecimento intelectual porque não sêmenteaabe
a verdade, mas age de acordo. - Farrar

, O homem mais sábio não é aquêle que sabe. A sabedoria {a


aplicação à vida do que se conhece. Saber o que fazer, saber
exatamente fazê-lo, e saber fazê-lo no momento oportuno, eis
a sabedoria ... A maior parte das dificuldades que sobrevêm às
igrejas resulta de uma falta de sabedoria por parte do pastor.
Nio sabe tratar com a devida delioadeza casos de disciplina na
igreja. - CarroII

Como existe uma Mente mais alta do que a nossa, assim


existe um Coração maior do que nosso coração. Há uma vida
infinita de sentimento e afeto em Deus. tle tem sensibilidade,
e num grau infinito. Porém, êste sentimento sozinho não é o
amor. O amor implica tanto em dar como em receber, não sõ-
mente a emoção mas a comunicação de si mesmo. Igualmente o
amor de Deus se expressa em dar eternamente - o dar não é
mero episódio na sua existência... é da natureza dívína, -
8trong
A EPíSTOLA
- ,
DE .TIA4 O

Sabedoria: as leis do céu para a vid L na terra - A.. T ...


Pierson
- - i
Para S. Tiago, a sabedoria é a coisa principal, a qua] êle
di a mesma. preemínêncía que· S., Paulo dá à ré, S. João -'ao-
amor, e S'. Pedro à esilerança. - Mayór , - - . -_... -.
I

8. Alma "acilaftte: Um homem que . em dua.'·alDi8B,·fuma·


em conflito com a outra: Comparai I Rei 18 :21; Sal. 12:2.0.
Sr. Olhando-para-ambos-os-Iados, de íunyan, e os- espfritos
neutros que encheram o vestíbulo do 1 l/ema de Dante. -
Farrar

o homem que não confia em Deus n~ ) é digno da confian-


ça dos homens. - "Expositor's Greek TE rtament"

9 . Glorie: Hillel, o grande rabi, é .ítado como -dizendo:


"Minha humildade é a minha grandeza, e a minha. grand~za,
minha h umilhação •"

. .• A pal8lVra "gloriar" é usada por ] autc, ,eratmente num


sentido Lom : o cristão se gloria ern D~ us (Rom , 5: 11), em
C~.i~to, Bom, 15: 17, na esperança de sal 'ação, Bom. ·5 :2-;, D().~
conversos Paulo se' glor-ia; 11 Cor .: 7 :1'4, ui aflições' Rom •. 5 :8; .:
em enfermidades, 11 Cor. 12:9. - MayoI .

A prosperidade é a bênção do Velho Testamento, a adver-


sidade a do Novo Testamento. - Bacon' -.
-----
As riquezas são sempre uma fonte d : tentações. Sem exa-
gerado amor à mendicância o irmão do ~eDhor aprendera que;
embora a riqueza não seja pecadovnem I pobreza uma virtude;
no entanto a pobreza humíldae contente a verdadeira riqueza,
e a riqueza soberba e indulgente é a v .rdadeíre pobreza, -
Farrar i
I
I
I
Coroa de vida: A felicidade eterna q .e será dada como ga-
lardão aos servos genuínos de Deus e OJ :8tO. - Thayer
A EPfSTOLA DE TIAGO

1\ vida mesma é a coroa ... perpêtuidade plenitude, e vi...


J

videz implicadas. - Hort


Vídâ. verdadeira depois da ressurreição ... vida real e ge...
ri\1tnt; '''tJitá quae sola 'Vita, nomimr.Ma". (Cfoeró, De se nee. 21.
77) uma vida ativa, vigorosa, dedicada a Deus, bem-aventura-
da. .. é a porção mesmo nesta vida daqueles que confiam em
CrlsfD,·po~ám d~poi8 ~a ressarreiç.o8e~ã eonsu.mada por acr~
olmo de valor, inclusive um corpo mais perfeito, e perdurará
eternamente. - Thayer

t4. Seduzido: A figura é tirada da caca e da pesca. Como


a caca é aliciada d'e seu esconderijo, assim o homem é atraído
d,OS8U domínio próprio para pecar. (A linguagem da caça
parece ser transferida às seduções de uma meretriz, personífi-
eada pela Cobiça). - Thaye~_

~m tõda a passagem, S. Tiago representa a Cobiça COIM
tomando parte da mulher de PoUfar. - Plummer

..~. ---Cobiça, no sentido mais lato do Desejo. - Hort

. i&. Mortt: ... A perda da vida que vale li pena ser Ghamad!a
vida, a miséria óa alma que resulta de seu pecado, príncipíandõ
na terra e aumentando depois da morte do corpo. - Thayer

. A morte principia aqui, chega ao seu ponto culmitulnte al~m


do túmulo. - strong
.-
f 7-. Pai das luzes: ... dos astros, dos luminares celestes ...
Nem dia nem noite nem estações nem variações na disposiCã'9
generosa do Pai e Criador das luzes. - Thayer

Sombra de variação... dia e noite, as fases obscuras da


lua, as sombras causadas pelas nuvens. - Hort

t8. De pura vontade sua: De sua livre vontade nos gerou,


não sendo de acõrdo dizer, como dizem alguns, que estão ten-
tados a pecar por Deus. - Thàjrêr

....."lI'!. UE....all. t. I 11' I., 'il' 'em' ~


A EPíSTOLA DE TUG 11
I

Novo Nascimento: A passagem que, do ponto de vista eszji-


,ttual, é a mais Importante na Epístola, e mpregnada da mab
vrofunda instrucão.

As lições mais profundas sôbre o nove nascimento são:


(1) Sua cansa: Desde que necessitarnc I de uma nova vida,
Deus por um ato, que resultou do livre p opósito de sua prõ-
pria vontade e escolha, nó-la deu, porque lhe é natural aben-
*Joar. Sua vontade é amorosa, livre e frutíf~ ra no máximo grau.
(2) O ato: Deus nos deu o novo nasI imento. Assim Ben-
gel díz : "Deus é para nós tanto Pai como' iãe." Deus é o doa-
flor da nova vida, não o Destino como diz un os fariseus, nem
aossos próprios esforços, como diziam os adueeus.
(3) A instmunenuüuuuíe : Como a caus , do Novo Nascimen-
to foi o propósito de Deus, assim a ins -umentalídade foi a
Palavra da verdade, a divina
... revelação de Deus aos homens.
(4) A Maneira: Deus nos gerou impla itando, ou enxertas-
fio, esta Palavra da verdade em nós. Pod' ser uma referência
à parábola do semeador, na qual a semen e semeada é ídentí-
'ficada com o coração que a recebe.
(5) O resultado: Somos umas primíci LS de suas criaturas.
a) Somente uma espécie de primícias, ;p~ r assim dizer. Por-
~e Cristo é as eternas primí-cias, e depoi I, nós em Cristo. ,b.)
L primícias slo o princfpio de uma grat· de oferta sacrificial.
e) O fato de sermos primícias mostra a esperança da seara
daquela multidão que ninguém pode enui ierar , d) A palavra
ênxertada é a única fonte de segurança ,fÔrça. E' :poderosa
flara "salvar ~ossas almas. "
Assim, Duma- breve sentença, S. 'I'ía ro concentra muif,as
verdades solenes, e até pelas palavras de SU4 vontade rejeita o fa-
talismo dos fariseus, e a asserção arrogante los saduceus de que k
salvação está ao alcance de nosso poder, p~ ~a efetuá-la. - Far-·
'lar (adaptado) i
CAPíTULO TIl I

Sôbre a Palavra de Deus e a Vida


TRADUÇÃO
1:18·27

"De pura vontade sua é que nos ;erou pela palavra


da verdade, a fim de que sejamos • •as primícias das suas
criaturas. Ficai certos disto, irmãos meus muito ama-
dos.
Mas seja todo homem pronto parl ouvir, tardo para
falar, e custoso de se irar, porque a : ra do homem não-
opera a justiça de Deus. Pelo que, depindo tôda a imo-
ralidade e .restos de malícia, com man idão acolhei apa-
lavra em vós arraigada, a qual pode l alvar as vossas aI·,
mas. E tornai..vcs observadores da Pa avra, e não ouvin-
~es tão somente, iludindo-vos a vós mel mos com sofismas.
Porque se alguém é ouvinte da palavn , porém não prati-
cante@a mesmiJ é semelhante a um h unem que contem-o
pIa ao espelho seu próprio rosto; por. ue se contemplou..
e: foi-se embora, e imediatamente esql eeeu-se de que tal
era. Mas o .que -atentar para uma le: perfeita, que é à,
da liberdade, e nela perseverar, de mel )0 algum feito OU~
vinte esquecido, porém executor de o ~ra, êste será hem..
aventurado na sua obediência,
Se alguém considera que é religi iSO, não refreando-
.sua língua, mas enganando "a seu próll rio coração, a reli..'
pão dêste é fútil. Eis...,.a religião ger uína e sem mácula
A EPíSTOLA DE TIAGO

.diante de Deus Pai: visitar órfãos e viúvas na sua trihula-


- e guardar-se I·rvre d a contammaçao
-ç80, .,., d o mun . do. "

PARÁFRASE
Visto que tendes a plena certeza da imutável bene-
ficência de Deus, e experimentais a suprema manifesta-
ção desta bondade deliberada, isto é,a regeneração da
fllma pelo germe de vida eterna que é a Palavra do
.Evangelho, atentai para esta Palavra com tôda a diligên-
cia, assimilando e manifestando na vida tôda a verdade
que ela contém.
Lembrai-vos de que esta Palavra não existe para :a
controvérsia e as discussões e o ódio partidário que são
tão comuns em vossas sinagogas ; Aliás estas paixões e
ressentimentos mancham a alma e não põem em exe-
cução aquela justiça que Deus exige e só Deus pode ope-
rar na vida humana. Portanto dai lugar ao silêncio,i:
meditação, à calma do espírito, ao ouvido atento e b_
disposto.
Considerai a Palavra que ouvís uma planta tenra e
preciosíssima, na horta da vida diária, a ser cultivada
assiduamente até saboreardes seus frutos' deliciosos é
salutares.
Longe de vós, acreditar que a mera assistência aos
ritos da vossa religião, ou mesmo a reverente atençãe.
no momento de serem lidas as Escrituras no culto, com-
pletam vosso dever para com a Palavra e Seu divino Au-
tor. Deus é o Deus da semana inteira, e não apenas das
breves horas sabáticas. Um relance neste espelho nf"O
basta. E' preciso que atenteis hem ao mal que êle revela
em vossa vida e cuideis de ser limpos. Não sofismeis
vossas próprias almas imortais, chamando escravídâo
esta obediência à lei de Cristo. E' a única liberdade; co-
nhecereis a verdade e a verdade vos libertará, e encon-
1rareis gôzo e alegria numa vida de obediência. .
A EPíSTOLA DE TIAG) 61
E' bom manter o culto, como j azeis tão assídua-
.ente. Porém, o domínio da língua ~ um ato de culto
.8 'Deus. O silencio é, às vêzes, o mah nobre louvor. sa-
-crifício que Deus não despreza. Que n não refreia sua
língua, mas antes deixa-a sôlta para ( iluníar, praguejar,
e manchar a memória com anedotas imundas, pode ser
um devoto muito fiel ao ritual da ca a de Deus, porém
é um iludido, enganando sua própria alma. Semelhante
religião era a dos fariseus, que devo 'avam as casas de
viúvas e por pretenso ritualismo fazia] 1 orações extensas.
Religião fútil e ôca! O verdadeiro ci lto é uma vida de
p.feto social que abrange a sorte da , iúva e a do órfão,
aliviando suas necessidades, e uma 'ida que não segue
~ maioria mundana, a norma popul .r, conformando-se
com sua geração, mas renova a merr e nas fontes límpi-
das da palavra da vida e prova qual E a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.

COMENTÁRIO
Versículo 1.8: Esta sentença marca a transição do assunto
das tentações para o da Palavra de Deus, portanto a repetimos
neste trecho da epístola. A resolução divii a para nos gerar pela
Palavra para a vida e a salvação é a prov de que Deus não é o
autor de nossas tentacõesvj; agora. que o ssunto é mencionado.
Tiago manifesta o lugar da Palavra arraí rada, acatada e prati-
cada, numa vida religiosa. --' W. C. T.
---,~

Três figuras da polaora de Deus: '1 ago, como seu divino


Irmão, era feliz na sua linguagem figurac a.
I. A Palavra da Verdade é o germe da vida por meio do
qual Deus gera a nova criatura. O Espír to regenera o pecador
que crê no Evangelho, por meio desta me isagem vivificante.
11. A Palavra é uma semente, uma r: iz, um enxêrto, sendo
vitalmente ligada com a nossa consciência pelo Espírito de Deus,
ela 'vive em nós, e com a nossa fôrça e E n nossa personalidade
produz seus frutos peculiares e santos, q1 e nós em nós mesmos
nunca teríamos a capacidade de produzir
62 A EPíSTOLA DE TIAGO

lIl. A Palavra é um espelho, revelando-nos a nós mes-


mos para que nos possamos concertar e purificar segundo seu
ensino. - W.C.T.
--,,"-

"Ficai certos:" Esta sentença cabe melhor no parágrafo


anterior. Tiago dá tõda a ênfase à benévola resolução voluntária
de Deus para nos regenerar" em lugar de nos tentar para OI mal,
como os judeus dispersos estavam quase dispostos a imaginar.
Moulton traduz: "Podeis ter plena certeza." - W.C.T.

. 19-20: Tiago muda de vocábulo ao passar do v. 19 para v.


20. "Seja todo o homem, todo o çênero humano, pronto para ou-
vir" "porque a ira. de um varão não obra o que Deus acha justo".
Por máscula. que seja a defesa da dignidade pessoal, ou por mais
varonil que seja a indignação contra as injustiças, mesmo esta
ira viril não consegue fazer o bem ou agradar a Deus. - W.C.T.

"Justiça de Deus:" a justiça que Deus exige. - Thayer

"Tardo para falar:" Francisco de Sales, o santo que o papa


fêz padroeiro dos escritores católicos, disse uma vez: "Fala pou-
co e gentilmente, pouco e bem, pouco e com simplicidade, pouco
e honestamente, pouco e amavelmente."

"Ira de varão:" A escolha de varão (enfàticamente masculi-


no) em lugar de homem (no sentido genérico), nesta conexão foi
determinada. provàvelmente pelos fatos do caso; 08 faladores se-
riam varões, e talvez pensassem que havia algo de varonil em
violência, em contraste com a virtude de mansidão, estimada: co-
mo característico feminino. - Mayor

"Justiça de Deus :" O que São 'I'íago entendeu pela frase foi,
sem dúvida, (1) a ol.ediêneia perfeita à lei da liberdage contida
no Sermão da Montanha, em contraste com as formalIdades ex-
teriores que constituem a justiça aos olhos humanos, e (2) o re-
conhecimento do fato de que esta justiça é o dom de Deus, obra-
da em nós por sua Palavra recehida em nossos corações. --
Mayor

• •'-Ir--
, .
A EPISTOLA DE TIA(:> 63
21. "Despindo tôdaa imoralidade e res, M de malícia:" "Pon..
tio de lado corno se despe uma veste. H - 1 iayer
"Imundícia:" a iniquidade, como mor: (mente manchando."
- Thayer
"Resto da malicia:" a íuíquídade que l inda resta no crístãe
do seu estado anterior à conversão. - Tha reI"
"Malícia:" O que era considerada indíg lacão santa, não pas-
sava de malícia. - Hort
"Imoralidade:" provàvelmente sígnifio , imundícia no senti-
do de impureza e cobiça carnal. - "Exp .sitor's .Graek Testa~
ment" . .
Estas palavras deixam a impressão de I ue os leitores a quem
foram proferidas ainda não podiam ser c ramados cristãos. -
Idem.
"Restos:" "Os cristãos visados já renu cíaram o pecado, po-
rém êste não é inteiramente conquistado n les." - - I Mayor
"Despindo :" l::)pitta pensa. que se reíei 3 ao enfeite com que
o pecado se traja. -Idem.
"Com mansidão :" em posição enfática ro original. - W.C.T.
"A palavra e111 vós arraigada:" A dOI trina implantada por
vossos mestres (ou por Deus) recebei come semente em solo bem
preparado. -- Thayer
Hort nega que êste verbo que traduzi] lOS "arraigado" possa
significar "enxertada".
Esta "palavra" seria as Escrituras li as nas sinagogas. -
"Expositor's Greek Testament"
Nascida, natural em distinção de ímj lantada ou enxertada
de fora. Moulton e Milligan, argumentandi com o uso nos papi-
ros.
A palavra se encontra somente aqui 10 Novo Testamento.
Seu uso geral significa inata, porém o con exto aqui proíbe esta
c"
signífícação. Portanto, precisamos torná-f TIo sentido da "pala-
vra em vós arraigada", isto é, uma palavi l cuja natureza é al'-
raigar-se no coração qual semente. Comp rai Mat. 13:2-23, es-
pecialmente verso 21, "mas não tem raiz E n si." - Mayor

As vossas almas;" A alma humana, OI


ti nstituida de tal forma
que pelo uso dos meios que lhe são oíer cidos por Deus, pode
alcançar seus fins mais elevados e consegi ir a bem-aventurança
eterna, a alma considerada como um ser noral designado para
a vida eterna. - 'I'hayer
A EPÍSTOLA DE TIAGO

22. "Tornai-vos ." Há uma mudança, no original, nos tem-


pos dos verbos que é digna de nota. 'I'iago diz: Despi, de vez, Oi
restos da iniquidade da 'Velha vida e, numa decisão definitiva, re-
cebeí a Palavra cuja natureza é arraigar-se em vós e que é pode-
rosa para salvar a alma. E' um mandamento da ordem: "dito e
feito" .E' a iniciação da obra da Palavra na vida. Porém o verbo,
em seguida, dá atitude contínua e estável da alma para com a
palavra. Sêde obradores perpetuamente da Palavra que recebes-
tes na conversão. Tendes recebido a Palavra uma vez para
sempre no coração e fôstes salvos por ela. Agora perseverai no
seu ensino: manifestai sua mensagem santa nos atos; encarnai
em vós a Palavra. São as fases instantâneas, regeneradoras, vi..
vifícantes da Palavra na alma, seguidas pela sua manifestação re-
sultante e perpétua. - W. C. T.

"Tornai-vos:" "Mostraí-vos cada vez mais observadores da


palavra, - Mayor

"Rabi Shananiah costumava dizer: Aquêle cujas obras são


em excesso de sua sabedor-ia, sua sabedoria vinga; porém não
vinga a sabedoria daquele, cuja sabedoria está em excesso de
luas obras. H

41A religião não consiste em conhecer e crer mesmo a ver-


dade fundamental, antes em sermos conduzidos para uma certa
têmpera e maneira de viver" . - (Butler) , ou como diz {São João,
uQuem obra justiça é justo" - A verdadeira prática cristã cres-
ce, é o fruto de progresso - o "observador" da Palavra se torna
tal por profissão e exercício; a frase implica um hábito - Os
judeus têm um provérbio que di~: "Quem ouve sem fazer é como
o lavrador que semeia e cultiva, mas nunca ceifa." - A. Plum-
mer

Disse o Rabi Shimeon, filho de Gamaliel: "Há quatro ca-


racteres de discípulos: Pronto para ouvir e pronto a se esquecer
- seu ganho é cancelado pela sua perda. Tardo para ouvir e
tardo para se esquecer - sua perda é cancelada pelo seu ganho.
Pronto para ouvir e tardo para se esquecer - êste é sábio. Tar-.
do para ouvir e pronto para se esquecer - sua sorte é má."
"Iludindo-vos a vós mesmos com sofismas:" O original suge-
re que o homem leva sua própria alma à parte, para uma pa-
A EPíSTOLA DE TIA4 O 65

lestra íntima e a oatequíza com sofismas ] ara ganhá-la ao par:-


tido do mal e da ilusão. - W. C. T.
23. Outra vez o vocábulo homem é e: fàtioamente másculo..
E' um homem que estuda suas feícões ai espelho. A vaidade
não é mais feminina do que masculina.
O espelho de que 'I'íago pensa é de metal polido, dando
um reflexo assaz imperfeito, como 'Paulo Iisse . "em enigma".
o rosto de sua "Gênesis", ou rosto n Uva, ou natural, é a
frase de 'I'iago , Mayor pensa que se refere a esta existência ter-
rena e passageira, em contraste com o car ter que se reflete no
espelho da Palavra, caráter que se está me dando para a eterni-
dade. Porém achamos mais natural tradu .ir seu próprio ros-
U

to." - W.C.T.

24. Outra vez 'I'iago, no original, US1 seus verbos vlvida-


damente. Muda o tempo para o "aor isto gnõmico". O dr. A.
T. Robertson diz: "T'iago viu o homem. Foi-se embora". Um
relance para o espelho, partiu ínoontínei te e não ligou mais
importância. E' assim com o ouvinte e quecido da palavra.
Porém, a figura do eumprídor da Palavra, ~ outra. ~ste atentou,
baixou-se como João e Maria quando oll aram para o túmulo
vazío de Jesus - é o mesmo verbo - e issím se estudou a si
mesmo ao espelho da Palavra, e se corrii .u , - W. C. T.

25. "Uma lei ,perfeita, que é a da U erdade:" ~'A religião


cristã." - Thayer
Sua própria frase peculiar, em contr rste propositado com
R letra e sua escravatura. Pressupõe a v :Ia nova que a graça
de Deus dá ao pecador, e que encontra i 9U prazer nas coisas
que lhe agradam segundo são mostradas na sua palavra. -
W. I{elley
O ouvinte atento sente que a Palavra da Verdade é, e deve
ser, a lei de sua vida, embora seja uma lei da liberdade: li o
ideal em que seus olhos estão fixos, não um Juso pesado de-
mais para sua cerviz. Mesmo da': lei fi, saica o salmista diz
que a Lei do Senhor é perfeita, porém E rta é meramente ru-
dimentar em comparação com a lei de OJ sto (Gál. 6 :2) como
r. demonstrado no sermão da Montanha e na Epístola aos He-
breus. Assim, Paulo se descreve como rendo "sob a lei de
Cristo", (I Cor. 9 :21), e ainda descreve I nova lei como uma
"lei da fé", (Bom , 3 :27). E' dela que o ,p6stolo fala, em lin..

E.T. - &
66 A EPÍSTOLA DE TIAGO

guagem que bem pode servir de comentário sôbre êste texto de


São Tiago: uA lei do Espírito da vida em Cristo Jesus me li-
vrou do pecado e da morte". (Rom. 8:2) • Jeremias profetizou
desta lei (31 :32) como uma nova aliança que haveria de ser es-
crita no coração. Que induziu São 'I'íago a chamar o Evange-
lho uma lei de liberdade aqui, e em 2:12? Claramente porque
6 uma lei que não é forçada pela compulsão exterior, mas li-
vremente aceita como expressando o desejo e o alvo do súdito
dela.
Esta obediência voluntária é até reconhecida no Velho Tes-
tamento (tx. 35:5; Deut. 28:47; Sal. 1:2; 40:8; 54:6; 119:32-
45; 97; 51 :21). Porém, a fonte de onde, provavelmente, veio a
idéia de 'I'iago foi sua memória das palavras de Mat. 5:i7:
"Não penseis que eu vim para revogar a Lei ou os Profetas;
não vim revogar, mas cumprir", e de João 8:33: "Conhecereís
11 verdade e a verdade vos libertará."
E' outro ponto em que São Tiago nos lembra dos estóicos.
Comparai o paradoxo dêles. "Somente o sábio é livre, e todo
o néscio é escravo", sôbre o qual Cícero comenta: IiQui en
libertas? potestas vivendi ut velis". Comparai Rabi Gamaliel que
costumava dizer: "Faze ,Sua vontade como se fôsse tua vonta-
de." - Mayor

o grande lexicógrafo do Novo Testamento Grego, Thayer,


assim fala do vocábulo Lei, na Epístola de Tiago: "Embora
os Judeus não fizessem distinção entre os preceitos morais, ce-
rimoniais e civis da Lei, no entanto, no Novo Testamento a Lei
é mencionada, às vêzes, de tal forma que mostra que o escri-
tor tem em mira sàmente a sua fase ética, como de importân-
cia principal, e de validade perpétua entre cristãos, porém des-
preza as partes cerimoniais e civis como sendo escritas so-
mente para judeus. Gál. 5:14; Rom. 13:8-10; 2:26; 7:21-25; Mal.
5: 18 e assim muitas vêzes. Na Epístola de Tiago 'a Lei' sig-
nifica, unicamente, as partes da lei ética que foram confirma-
das pela religião cristã."

A perfeita lei da liberdade e a "lei real" ambas referem à


Lei como foi aperfeiçoada pelo "Rei dos Judeus". - "Exposí-
tor's Greek Testament." .

.
---~---,_._-
A EPiSTOLA DE TIA( O 67
o cristianismo como o cumprimento ~tico
da Lei. Alei
que Tiago tem em vista sempre é a Lei Cf mo foi exemplifil)ada
na vida de Jesus, a qual seus amigos anu n e gostam de cum-
prir. - Marous Dods

"E nela persevera :" Ficar ali, e cont nuar a olhar atenta..
mente até que tôdas as manchas sejam la' adas e desapareC8,m.
- Thayer
Alei de Deus exige contemplação con tante e aplicada, não
mero relance passageiro. Oouvinte pode ser iludido por fal-
so raciocínio, cheio de ignorância opiniátü 1, repleto de uma in-
falibilidade bem satisfeita consigo, dado ao :ogmatismo, à conver-
sa insistente, ao espírito intemperadamen e contencioso, 'às de..
nunciações de outros, e no entanto pode iensldersr-se religio-
so" porque se submete a repetição de um om número de orde-
nações exteriores. Ma.s a verdadeira religiD I não é um ritual ex-
tenso de cerimônias e abluções, as quais podem ser perfeita-
mente consistentes com a hipoorisia faris: ica fútil e a devoção
própria e, normalmente, tendem a degener, r ao ponto de não ter
mais valer. Oritual, para ter relação fr ~ima com "a religião
pura e lmaeclada", deve manifestar-s~ em obras de amor ativo,
em ser "imaculado do mundo", livre da c ntaminação, da man-
cha do vagaroso oontágio do mundo, Oún '0 ritual verdadeiro é
o amor, - Farrar
CAPíTULO IV

Imparcialidade e Democracia nos Cultos


TRADUÇÃO
2:1·13

Meus irmãos, deixai de associar leferências a pes.


soas gradas com a fé que tendes em I ()SSO Senhor Jesus
Cristo, que é a glória divinal , Pois se entrar em uma si-
nagoga vossa algum varão que tenha a réis de ouro e tra-
jes esplêndidos, mas entrar também 1 m pobre em rou-
pa suja, e se tratardes com deferência quêle que vista os
I

trajes luxuosos, e disserdes: "Tu, as! enta-te aqui neste


lugar de honra," e ao pobre disserdes : "Fica tu para lá
em pé, ou senta-te ahaixo do estrado .e meus pés": não
I

haveis feito distinções entre vós mesi lOS e não vos tor-
nastes juízes de pensamentos perversr s? Ouví, meus ir-
mãos amados. Não escolheu Deus os [ue para o mundo
são pobres para serem ricos em fé e rerdeíros do reino
!

que êle prometeu aos que o amam?


V õs, porém, menosprezastes o p4 bre , Os ricos não
vos tiranizam e não são êles os que vo arrastam perante
I

os tribunais? Acaso não são êles os qui difamam o nobre


Nome pelo qual sois chamados? Se v 18, contudo, obser-
vais a lei real segundo a Escritura: "1 marás ao teu pró-
ximo como a ti mesmo", fazeis bem; nas se vos deixais
levar por deferências a pessoas grada , cometeisu ; pe-
cado, sendo convencidos pela lei CO] liO transgressores.
Pois quem guardar a lei tôda, porém e n um só ponto tro-
70 A EPíSTOLA DE TIAGO

peçar, é constituído réu de ter violado todos. Pois aquê-


le que disse: "Não cometerás adultério", também disse:
1''' . Se, porem,
"N""ao mataras ' nao
"" cometeres a du1téno, mas,
I' •

és homicida, estás feito transgressor da lei. Falai de tal


sorte e de tal sorte procedei como homens prestes a serem
julgados pela lei da liberdade. Pois o juízo será sem mi-
sericórdia para aquêle que não usou de misericórdia; a
misericórdia triunfa sôhre o juízo.

PARÁFRASE
Meus irmãos em Cristo, reunidos nas sinagogas da
Diáspora, juntamente com vossos concidadãos das res..
pectivas colônias de Israel, deixai do costume, tão geral
entre vós, de exercitar a fé em nosso Senhor Jesus Cris-
to numa atmosfera mundana de respeitos humanos, de-
ferências prestadas a fidalgos, acompanhadas pelo des..
prêzo dos pobres, atos e atitudes de parcialidade edis...
tinções de classe, o arbitrário acatamento dos homens
pelo que têm e não pelo que são diante de Deus. Não
é assim que a fé em Cristo Se transforma em vida. tle
é nosso Senhor, é a Glória de Deus, é o próprio J eová
manifestado na carne como outrora se manifestava nas
teofanias da dispensação mosaica. Pois nós nos reuni...
mos no dia do Senhor para acatar a esta Glória inefável,
e não para prestar homenagem servil às pequeninas dis-,
tinções arbitrárias que existam, ou que finjam existir por
aí entre os homens. Curvemo-nos unicamente diante de
Deus quando estamos na sua casa, na qual todos são
suas criaturas e devem ser seus adoradores sem distin..
ção,
Pois hem. Suponhamos que entre numa das vossas
sinagogas um homem com os dedos cobertos de anéis e
A EPÍSTQLA DE TIAG J 71
com a mais luxuosa roupa, segundo a moda mais ele-
gante, e entre também um pobre rol ndigo maltrapilho
e sujo. Que fazer? Se nos aproxima -mos do rico COJn
tôda a deferência e dissermos: "V o ]x' tenha a bonda-
de de sentar-se aqui neste bom lugar que lhe compete,
é um dos primeiros assentos; muito I os honra a sua vi-
sita", e para o mendigo nos mostrarn Os indiferentes, ou
talvez a té aborrecidos, dizendo: "Vai para lá e te senta
no chão onde não impeças a vista o l o cômodo. de al-
guém", em que categoria de homens ficamos nós? Es-
queçamo-nos do rico, dos anéis, do 11 ,XO, e também dos
farrapos e mau cheiro do pobre, e examinemos nossa
própria consciência Diante de Deus caimos Da catego-
o

ria de réu, de transgressores' proces lados, convictos, e


confessos, segundo .a Lei que encontr unos em nossa Es-
critura. Salientando os ricos no cu) o divino, desonra-
mos os pobres, fazemos afronta ao 108S0 Senhor, cuja
glória apaga as insignificantes disti .ções entre os ho-
mens que se reunem na sua presença, condenamos a DOS-
sa própria alma como transgressore l que somos, e ao
mesmo tempo jamais ganhamos o ri o, pois a adulação
nunca converte o pecador, antes o c mfirma no seu pe-
cado.
Ouvi-me, pois, sôbre os ricos. Lá no mundo êles vos
tiranizam. Vêm com a policia e v( s arrastam perante
os tribunais. Até na sinagoga conse ~uem que às vêzes
sejais açoitados com bárbara crueld ide, E por tôda a
parte difamam e injuriam o nome de Cristo que vós ten-
des por nobre e divino, e pelo qual l· ois chamados . Que
adianta, pois, vossa atitude pusilânin e nas sinagogas? E
vós tratais os pobres como os ricos vos tratam? Então
não sois melhores do que êstes , Ai d l igreja que despre-
ze o pobre e se humilhe em adulação do rico e poderoso.
A lei real, suprema, -o resumo ( e tôda lei é "Ama..
rás ao teu próximo como a ti mesr LO." Ambos os que
entram Da ainaioga - o rico e o m mdigo, o elegante e
72 A EPíSTOLA DE TIAGO

o sujo são vossos próximos, portanto ambos mere-


cem ser tratados como gostaríeis de ser tratados. Não
há lugar para deferências para um e desprêzo para o
outro. Isto é tornar negativa a lei real. E' esquecer-nos
de que todos são nossos próximos.
E o pecado que assim cometestes não é venial. To-
do o pecado é pecado da mesma essência. A lei é una,
há perfeita solidariedade entre seus mandamentos. A
alma parcial e lisonjeira é transgressora como é o adúl-
tero e o homicida. A lei se quebra tão realmente com
tua falta de democracia como pelo derramamento de
sangue ou a vergonhosa carnalidade.
Nosso regime é outro. E' um reino de liberdade do
qual nós fazemos parte. Sua lei nos liberta, e sendo to-
dos livres não há lugar para distinções arbitrárias como
existem num regime de tiranos e escravos. Havemos de
ser julgados por êste regime de liberdade. Tenhamos
misericórdia, pois, daquele maltrapilho e esta misericór-
dia mostrará que somos filhos, do reino e triunfará sõbre
O juízo. Mas se somos duros de coração, não somos do
reino de Deus e para nós não há misericórdia. A tendei,
pois, a êstes fatos e assim vos orientai em palavra e em
prática.
---
COMENTÁRIO
V. 1. tste tempo do verbo grego, quando usado com a
partícula negativa, quer dizer: "Deixai de fazer o que estais
fazendo." Evidentemente estas congregações de judeus a quem
a epístola foi enviada estavam mostrando nos seus cultos res-
peito de pessoas. 'I'iago começou sua exortação: "Deixai ... \1
- W. C. T.

f. "Acepção de pessoas" - A falta daquele que em galar-


doar, ou administrar juízo, toma em consideração as círcunstãn-
A EPfSTOLA DE TW O 73

eías exteriores dos homens e não seus mér ~os intrínsecos. assim
dando a preí erêncía, como ao ma.s digno rquela que é rico, de
nobre estirpe, ou poderoso, e desprezando I utroque é destituido
dêstes dotes. - Thayer (Rom. 2: 11; Ef. 1:9; Cal. 3 :25.)

1. Acepções" de pessoas (plural no ~rego). Em atos de


(t

acepção de pessoas -' Hort - Refere-se às várias ocasiões e


maneiras em que esta falta s.e manifesta. - Thayer - TOdas
elas são proibidas pelo Evangelho.

1. Tôda a humanidade está no mesm plano, e há somente


um plano de salvação. Do mesmo modo rue a águia tinha de
baixar-se e voar pela porta da arca, assi n entrava o caracol.
- Carroll

1. "A fé". A fé que êle ensinou e tOI la possível e concede.


- Bort

1. "A fé". A fé da qual o Senhor é ~ objeto. - Denney

1. "A fé". A frase evidentemente si! lifica a nova religião


Que Cristo deu ao mundo. - ujExpositor' Greek TestamentU
i. A f é do Senhor Jesus Cristo tem de ser exercida sem
respeito de pessoas, isto é, a conduta de um crente para com
outro tem de levar em conta os direitos ( 1 humanidade comum
e de uma salvação comum, desconsíderam ) as distinções basea-
das na raça, na nacionalidade, na tribo, 'a casta, no sexo, nos
títulos, Das honras na posição social na 'iqueza, ou na pobre-
za. (Comparai Lucas 22:24-27; Atos f( :34; Gál. 3:2.8; Col.
3:10, 11). - Carroll

t, tto
Senhor". Jesus como Messias é Senhor, visto que
adquiriu por meio de sua morte um ser. ror ío especial da hu..
manidade e depois de sua ressurreição fi i exaltado a uma po-
sição de sócio da administração divina. .. Thayer
OI

i. "Senhor". Êste têrmo significa rr iíto mais aqui do que


significava para 03 discípulos durante o : aínístérío terrestre de
Jesus. - Hort •
74 A EPfSTOLA DE TL\GO

. t." Glória". Majestade, a excelência absoluta, perfeita, ín-


tima, pessoal de Cristo. ~ste fato quando abraçado pela fé,
nivela todos os sêres humanos. Como o arauto do monarca ig-
nora tôdas as mesquinhas distinções numa vida oriental, assim
o ,rprimeiro bispo cristão diante da majestade de seu Soberano
considerou Insignificantes as distinções entre os homens. "Pen-
sai magnlrícamento de Cristo" e pensareis COm mais democracia
concernente aos homens. - \V. C. T .

1. "Glória". O Senhor, a Glória. Em aposição. Duas con-


cepções eram comuns aos Targuns - Palavra e Shekinah (a
manifestação da glória "de Jeová entre os querubíns sôbre a
arca no lugar santíssimo.) Jesus é tanto a Palavra de Deus
como a Glória que outrora se manifestava nas teofanías da velha
dispensação , A força do título aqui é que a f é em Cristo como
a Glória estava peculiarmente contrária a êste favoritismo ma-
nifestado aos ricos, visto que aquêle que representava a prõpría
Gl6ri~ dos céus foi notável pela sua humildade e pobreza. Com-
;parai FiI. 2 :5-11; II Cor. 8:9. Corno Tiago (3 :9) condena o
hábito de amaldiçoar as homens que são criados à imagem de
Deus, assim aqui censura o hábito de tratar com desdém os po-
bres, que são da mesma classe em que foi encarnado aquêle que
era a Glória de Deus. - Hort ., -

1. "Gloria", Não podemos ter certeza do que o autor quer


dizer pela palavra glória. Pode estar em aposição com "nosso
Senhor Jesus Cristo", o qual, nesta hipótese, seria Glória, a Ma-
jestade de santidade e do amor de Deus; ou, como a versão ínglõ-
sa traduz e como parece mais provável, pode ser entendida corno
descrição do Senhor Jesus Cristo como Senhor da glória. Isto
teria referência à sua posição exaltada revelada no têrmo do
Senhor, e tem paralelo exato em I Cor. 2:8. Seja como fôr, é
importante notar que a relação. do crente com o Senhor Jesus
Cristo deve determinar tudo na sua conduta; aquilo que é in...
coerente com esta relação - como os respeitos humanos - é
em si mesmo censurável. - Denney

f. 11 Gtôrio" . A "Shekinah" significava a visível presença de


Deus habitando entre os homens. Há outras referências do Novo
Testamento a esta idéia, fora desta passagem: Luo , 2: 9; Atos.
7: 2; Bom. 9: 4; Heb. 9: 5. O mesmo pensamento é contido na
frase "O resplendor: de sua glória". Heb. 1:3. As palavras são
A EPfSTOLA DE TIAt O 75
uma declaração da deidade de Jesus Cl isto. "Expositor'!
Greek Testament"

1. "Glória". nA Glória" parece fica; em aposição com o


Dome "nosso Senhor Jesus Cristo", danei ainda outra defíní...
ção de sua Majestade. Chegamos perto 4 I) que está implicado
quando lemos de Jesus ser "Senhor da gJ iria", I Cor. 2 :8, isto
é, aquêle a quem pertence gl6ria como Sl a característica natu-
ral; ou quando êle está descrito como o "resplendor da glória
de Deus", Heb , f: 3. O pensamento do escritor parece estar
fixo naquelas passagens noVelho Testar ento nas quais Jeová
está descrito como a "Glória"; "Pois eu diz Jeová, serei um
muro de fogo ao redor, e serei a g16ri; no meio dêle", Zac.
2:5. No Senhor Jesus Cristo, Tiago v~ o cumprimento des-
tas promessas; êle é Jeová que chegou rara habitar com seu
povo, e quando peregrinou entre os mor ais viram a sua gló-
ria. :tle é, numa palavra, a Glória de De: .s, a "Bhekínah'', Deus
manifestado aos homens. E' assim que ~ iago pensava e falava
de seu prqprio irmão que morreu uma norte violenta e vergo-
nhosa quando ainda na sua mocidade. (lertaments temos nisto
um fenômeno que deve despertar invei Ligação. - Benjamin
Warfield
2. "Sinagoga". O proeminente exposi ar Hort chegou à con-
clusão de que sinagoga nesta epístola lUer dizer a casa de
culto e igreja a assembléia dos santos q e nela se reunia.

2. Por longos anos, um quarto de éculo, os cristãos não


deixaram de freqüentar os cultos do tem 10. - A. H. Strong
2. Visto que a Epístola foi enviada às doze tribos da Dis-
persão, nenhuma sinagoga especial está na mente do autor; é
uma instrução geral. No Novo Testamen o sinagoga era sempre
usada como um lugar judaico de culto. - "Bxpositor's Greek
Testament"
2. ,O escritor menciona ql.1e- 08 leítoi es mantêm culto Duma
sinagoga. Isto ;pode significar que de mesmo modo que os
apóstolos continuaram a assistir oscult '8 no tempo depois da
Ascensão, assim êstes leitores assistem os -cultos -11a--'Sinagoga
depois de sua conversão. Porém ao 'me lOS se' prova pelo em-
prêgo do tõrmo nesta passagem-quo o : utor continuou a usar
uma palavra (sinagoga) que tinha, e cor .ínua a ter, associações
distintamente judaicas, em preferõncía. i - uma palavra {igreja)-
76 A EPíSTOLA DE TIAGO

que do Iprincipio do cristianismo foi promovida da sua velha


esfera política para indicar as congregações e a própria natu..
reza da igreja cristã. - A. Plummer
2. . . 'I'iago ao escrever aos cristãos dificilmente falaria
de uma casa de culto judaica como sendo. "vossa sinagoga", nem
teria censurado os crentes pelos costumes de tratarem com vá-
rias classes de !pessoas na sinagoga dos judeus. - A. Plummer
2. Concluímos que Tiago enviou, sua epístola às igrejas que
estavam ligadas com' as sinagogas, de um modo ou outro. Algu-
mas estavam ainda reunindo-se nos domingos, paclficamente, e
assistindo os cultos nos sábados sob a direção dos judeus. Ou-
tras sinagogas tinham} passado para o lado do cristianismo, acei-
tando Jesus como Messias. Em outros casos grupos de crentes
e seus amigos na sinagoga receberiam esta carta, e seriam cen-
surados os males dai vida e 'CUltO na sinagoga !por Tiago que era
um homem universalmente acatado, mesmo pelos judeus ineré-
dulos. Assim a sinagoga era. o velho lugar judaico de culto, às
vêzes usado pelas reuniões cristãs e judaicas, às vêzes signifi-
cando uma igreja formada na: Dispersão que ainda se reunia na
sinagoga dos judeus. - W.e.T.

2. "Pobre": O têrmo sempre possuía um significado mau


até que ficou enobrecido nos Evangelhos. A etimologia é de um
verbo que significa curvar-se, esconder-se com mêdo. - 'I'hayer

2. "Anel de ouro". Provàvelmente uma porção de anéis. -


Hort

2. O poeta latino Marcial cmícamonte refere a homens no


seu tempo que usavam seis anéis em cada dedo; outros muda-
vam os anéis conforme as estações do ano, usando anéis pe-
sados no inverno e leves no verão. - Ellicott

3. ~CSenta-te aqui HONROSAMENTE" - Thayer

3. Os fariseus no tempo de Jesus gostavam "das primeiras


cadeiras nas sinagogas". Mat. 23 :6.
3. "Senta-te," Cadeiras ou coisas que o valham foram ~ro­
vidas para os escribas e anciãos (IComparai Mat. 23:6; Mar.
A EPfsTOLA DE TIA ~O 77
12 :39; Luc. 11 :43) e sem dúvida 'seriam também oferecidas R
pessoas de destaque que porventura entrai sem, porém os pobres
poderiam sentar-se no çhão , - "Exposit, r's Greek Testament"
4. Juízes dema:u.s pensamentos." sto é, juízes que se-
11

guem opiniões perversgs e repreensíveís - Thayer

oi. "Não sois 'divididos entre vás]" D stínções, de classe as-


sim observadas teriam o efeito de gerar o úmes, contendas e as-
sim divisões. "IExpositor's Greek. 'I'estan snt"
5. "Escolheu." Separar da multidão ímpia como preciosos
para si e como feitos, pela fé em Cristo, ~ .dadãos no reino mes-
siânico. - 'I'hayer
5. "Herdeiro do reino." Herdeiro é ( que recebe suas pos-
sessões em virtude de ser filho. - 'I'ha: er
5. A referência é devida provàvelm .nte, à maneira espe-
cial em que Jesus Cristo mesmo pregava a08 pobres. O Evan-
gelho não foi limitado a êles, porém erar os primeiros e prin-
cipais recipientes, e os que melhor podia n mostrar seu verda-
deiro caráter: "Bem-aventurados os po res ." E' um eco do
Sermão do Monte. "Os pobres são evange [zados" éa prova cul-
minante de que Cristo é o verdadeiro N sssias, LUF. 4: 17. -
Hort

5, "Ricos." Ricos em virtude de sua fé; sua própria fé os


eonstituiu tanto poderosos, capazes de ren over montanhas, como
ricos, 11 Cor. 6:8, 10; 8:9; Apoc, 2:9; 1:18;J I Pedro 1:7. O
uso e o gôzo de riquezas contêm dois el4 nentos: a coisa goza-
da, e o poder íntimo de usá-la e gozá-la. :a:ste poder íntimo 6
tão intensificado e multiplicado por uma fé forte e simples em
Deus, que tira mais da pobreza exterior loque sem êle se po-
dia tirar de grandes riquezas exteriores. - Hort
5. "Ricos na fé." Uma fé mais fori • ou, em outras pala-
vras maior espiritualidade de mente, 11 tS mostraria o pouco
vBlo~ de dístínções terrenas e sociais. - Weymouth
5. "Fé." Notai os diversos sentidos dl sta palavra nos diver-
sos contextos da Epístola. "Aqui signifj a confiança, em con-
traste com o seu uso em 2 :1." - uEx .osítor's Greek- Testa-
ment." .
78 A EPÍSTOLA DE TIAGO

.: ... e.
"Pobres." A Epístola foi escrita numa época quando
poucos -dos judeus mais abastados eram cristãos; os membros
das igrejas vieram das classes pobres, principalmente (2 :5), e
Os ricos estão descritos como réus de avareza e opressão, Se os
ricos de 5: 1 não são cristãos mals sim judeus, e se êstes visi-
tantes ao culto cristão entraram como visitantes ou espectado-
res, e não como participantes no culto, então esta relação dos
.crentes judaicos para com a população judaica é do período
quando os cristãos eram ainda uma seita na comunidade judai-
ca. .. Ainda o lugar da reunião cristã é a sinagoga, ou a sina-
goga judaica mesmo, ou em todo o caso tão distintamente ju-
daico que seria natural chamá-lo sinagoga. Os oficiais das
.ígrelas cristãs ainda não presbíteros e não hã menção de um
bispo. - Dods
6. "Tribunais." Perseguições judiciais. - Hort

6. "V68 desprezastes aquêt» mendigo." Refere-se ao ver-


sículo 2. - Blass

6. "Tribunais." Parece significar que os judeus íncrédu-


los processavam seus irmãos cristãos pobres perante o tribu-
nal da sinagoga do mesmo modo que Paulo tinha feito quando
°
Saulo, perseguidor , - Plummer

6. "Tribunais." Provàvelmente os tribunais judaicos, fre-


qüentemente realizados nas sinagogas. O govêrno romano dei-
xava aos judeus o privilégio de consideráveis poderes de juris-
dição sôbre seu próprio povo, tanto na esfera puramente ecle-
siástica como também Das coisas civis. A Lei mosaica penetra-
va em 'quase tôdas as relações da vida e no tocante a esta Lei
era para um judeu intolerável ser processado perante um tri-
bunal gentio. Por isto, os romanos descobriram que seu domí-
nio sôbre os judeus era mais seguro e provocava menos espíri-
to ·de rebelião, quando permitiam aos judeus que tivessem gran-
de medida de govêmnprõprio. Isto se aplicava tanto à 'Palesti-
na, como a todos os lugares onde havia grandes colônias de
judeus. - A. Plummer. Atos 9 :2; 26: 11; II Cal. 11 :24. Leia
o incidente de Gália e Paulo em Corinto.

7. "Bom Nome." "Os de Cristo". Um nome é chamado sõ-


bre .alguém, .isto. é, êle é chamado pelo nome, QU declarado ser
dedicado a alguém. - Tha·yer
A EPíSTOLA DE TIAt O 79
7. U Bom Nome ." O Nome sob cuja ,] roteção ficavam e ao
qual pertenciam. Igual ao significado da marca do ferrete em
gado. - "Expositor's Greek Testament"

8. "Lei Real:" "A lei principal", Hcr e Thayer. "Escrjtu-


ra" é o Velho Testamento. - T'hayer
8. "Real." N ecessaríaments se refere Deus. A; Versão 8i-
i
rfaca (Peshítta) lê "A Lei de Deus". - "] xpositor'g Greek Tes-
tament"
8. Os dez mandamentos foram duas ' êzes gravados em tá-
buas de pedra por Deus ;êste fato parece eparâ-los como prin-
cípios éticos de eterno valor em compara .ão com o código em
geral, muitos dos elementos do qual era] l cerimoniais e tem-
porais, e indicar sua peculiar obrigação, mpremacía e perma-
nência. - A. T. Pierson

8. ti Real." Deissmann descobriu umaei do tempo de Tra-


jano preservada com uma sub-ínscr íção nu] I monumento em Pér-
gamo, dizendo que algum rei de Pérsar lo tinha estabelecido
uma "lei real" visando certos fins. Aqui a Iescrição da Lei como
sendo real indica sua origem divína, - 1t oulton e Milligan
9. Se respeitardes as circunstâncias xterlores de um ho-
mem. .. convictos sois, refutados, enverg nhados... réus, vio-
ladores da Lei. - Thayer

9. A f6r"ça desta expressão visa ler brar os leitores que


serão réus de pecado deliberado, íntelíge .tementa propositado,
se mostrarem respeito de pessoas por cau a de sua riqueza.
"Exposítor's Greek Testament"

10. "Tropeça." Queda incipiente. - Hort

10 . Quebrar uma lei é quebrar tõd ;~a lei, pois viola o


princípio de obediência à lei. Uma roup está rasgada se fÔr
I

rõta apenas num lugar; a música está de~ ifinada se houver so-
mente uma: 'Voz em desarmonia. - Farn r
10. "Culpado de todos." Visto que de respeita a autoridade
atrás da Lei tão realmente, embora não ti ) intensamente, como
se cada regulamento rósse quebrado. - F obíus
80 Â. EPíSTOLA DE TIAGO

19. Dr. Carro II comenta a solidariedade da Lei. E':umâ'


coisa em que realmente existe solidariedade, porque não se
pode quebrá-la sem afetar a majestade de tôdas as suas partes.

10. O universo moral é uno, em virtude de um Legislador


onipresente, de modo que ajustar-se a êle em parte envolve
ajustar-se a êle em tôdas as demais partes e em tudo. - Ro-
bins

12. 4Ç Lei da liberdade." Não a lei mosaica, mas outra. -


Blass

12. Lei da liberdade." Porque corresponde completamen-


'4
te aos instintos espontâneos de nossa verdadeira natureza. -
Moffatt

rs.Comparai João 8:32; Rom. 8:21; I Cor. 10:29; II Cor.


3:i7; Há!. 2:4; 5:1,13; I Pedro 2:16.

i8. "A misericórdia triunfa do juizo." Cheia de confiança


alegre, não tem mêdo do juízo. - Thayer
CAPíTULO V

A Fé-Crença Sem Obra ~ Versus


A Fé-Confiança Fruindo em Obras
TRADUÇÃO
2:14-26

Que proveito há, meus irmãos, s ~ alguém disser que


tem fé mas não tiver obrasj" Acaso P' de essa fé salvá-lo?
Se um irmão ou uma. irmã estiveren nus e necessitados
do alimento quotidiano, e lhes disser algum de vós: "Ide
em paz, aquentai-vos e fartai-vos", po. 'ém não lhes derdes
as coisas necessárias para o corpo, qur]! o proveito? Assim
tamhém a fé, se não tiver obras, por i só está morta.
Todavia alguém dirá: "Tu tens 1 S, e eu tenho obras;
mostra-me a tua fé em separado das obras, e eu te mos-
trarei por meio das minhas obras (o rue seja) a fé. Crês
I

tu que Deus é um só? fazes bem; o demônios também


o crêem e tremem. "
Mas, queres saber, ó homem iDE ensato, que a fé em
separado das obras é ociosa? Ahraã( nosso pai, não foi
I

justificado por obras, oferecendo Isa :ue, seu filho, sôhre


o altar? Já vês que a fé cooperava i om as suas obras e
por meio das obras a fé foi consum Ida, e cumpriu-se a
Escritura que diz: "E Abraão creu em Deus, e foi lhe
imputado para justiça, e veio a ser chamado amigo de
Deus. "
E.T. - 6
82 A EPÍSTOLA DE TIAGO

Vêdes que de obras um homem é justificado, e não


de fé tão somente.
E da mesma forma também, Raabe, a meretriz, não
foi justificada por meio de ohras, acolhendo os espias e
fazendo-os partir por outro caminho? Porque assim como
o corpo em separado do espírito está morto, também a
fé à parte de ohras está morta.

PARÁERASE
Já vistes que ouvir sem obedecer é iludir-se a si mes-
mo. Já aprendestes que uma religião que consiste tão
somente em cerimônias e palavras, sem o domínio da
língua, sem a sociabilidade caridosa e sem a boa moral,
é vã. Outrossim, convençamo-nos agora que" da mesma
forma, uma fé religiosa que consista unicamente de cren-
ças do intelecto, sem vida santa e ativa que corresponda,
é ociosa, insensata, hipócrita e nenhum valor tem pe-
rante Deus para tornar justa à sua vista essa alma que
é tão ortodoxa no seu monoteísmo - tão ortodoxa, haja
vista, quanto são ortodoxos os demônios no inferno, e tão
longe de salvação!
Pois, que adianta ter fé, nesse sentido de crença em
dogmas, se não tiver obras de santidade e boa moral '!
Pode essa fé salvar alguém? Essa fé é da mesma cate-
gor'ia da caridade de lábios que diz a um irmão nu e hir-
to de frio, ou mesmo a uma irmã paupérrima, '40 Adeus.
Passa bem. Conserva-te sempre bem vestido, bem ali-
mentado, e durante o inverno rigoroso" aquecido por um
bom fogo, numa residência confortável", e no entanto
Jião lhe dá nem bocado de pão nem carvão nem capa ou
cobertor nem hospitalidade. Igual é 'a vossa fé que jul...
ga que a mera divisa "Deus é um só" vos abrirá as por-
A EPísTOLA DE TL GO

tas do paraíso. Não. Essa fé já é 1] ríversal no inferno.


Os demônios tanto crêem nisto COI, LO ficam arrepiados
~o pensar no fato, porém, como vó I, não se convertem
ao Deus em cuja existência e unidar e acreditam com te..
mor e tremor.

o homem comum há de despr izar essa tua' fé, da


qual 08 demônios também participa n. ~le te dirá" ru....
demente, ao, contemplar tua hipoc -isia ortodoxa, "Tu
tens fé, hein lPois eu tenho algo qt ~ é mais sólido. Eu
tenho> obras. Não é que me falte a fé. Porém, te mos..-
trarei a fôrça de 'minha fé pelas '01: ~as que..elaprodua..
Agora lanço-te as luvas para me prc v-ar, em separado de
obras de bem, que a tua fé existe E é genuína. Uma fé
na terra que não é superior, moraln ente mais eficazc.do
que a fé que é comum entre os pré príos demônios, não
merece o meu respeito, nem a tua c .nfíança" .
E êste critério tem razão, inse: .sato alardeador mo-
ó

noteísta! pois tu queres ter a certeza de um fato? E~ isto:


a fé em separado de obras, é uma ·é vadia, fugitiva de
responsabilidade, estéril, preguiçosa,
Ês judeu e fe glorias no fato. ljoís, toma o caso de
Abraão e te c.onvence .

A fé que Abraão tinha estava e separado de obras


II
e de obediência e de sacrifícios peI<l
amor de seu Deus?
Basta contemplar o caso de Isaque,oferecido em Moriá,
.e verás a obediência, o sacrifício,
I amor, 8 morte do
I

egoísmo de que a fé possuída por IDSSO pai Abraão era.


capaz. Se és filho de Abraão e pens.s em ser justificado
justificou a Abraão
pela fé, é esta a qualidade de fé qU4
diante de Deus. Uma fé que coope ava com as obras e-
por sua vez se desenvolveu, se ams dureceu, se robuste-
eeu pelo exercício em uma vida de Ibediência, sacrifício
e generosidade. A vida perante DE 18 é una, A fé e 8;
prática não se separam,' na realíd de. O homem. que
84 A EPíSTOLA DE TIAGO

Deus considera justificado tanto crê como trabalha, pro-


curando fazer a vontade de Deus. Tudo mais é mortí-
fero, é fatal à religião, e ao Evangelho. Crença sem a
vida santa é apenas o cadáver de religião. A atividade
abnegada é a alma da religião.

Mas alguém dirá: "Porém, eu sou prosélito, gen..


tio, Não sou da raça de Abraão. Essa vida tão exigen-
te, essa fé tão heróica não é para tais como eu. Engano
teu, irmão. Toma o caso de Baabe. Que visão de fé, que
audácía de confiança no Deus de seus inimigos, que dis-
cernimento dêsse coração gentio, coração crente, que vi-
tória sôhre os impulsos naturais do nacionalísmo, que
confiança no êxito da promessa de Deus! Acolheu os
mensageiros. Mensageiros de Deus foram, para a sua
alma, para a sua casa. Sua fé saltou para abraçar a ver-
dade, a oportunidade de servir ao Deus vivo e ao seu
povo, e abraçou a salvação. Seja Raabe, salva a despeito
de ser meretriz, salva a despeito de ser gentia, salva a
despeito de aceitar os enviados de uma nova religião
e repudiar a religião de seus pais, salva por uma fé he-
róica, cheia de recursos, enérgica, pronta, seja ela, jun-
tamente com Abraão, prova e exemplo para vós outros
do que seja a verdadeira fé."

COMENTÁRIO
f4. "Fé." A fé aqui significa tão somente a crença na uni-
Ima coisa 'que tanto os demônios como os homens possuem, é
8 dade de Deus. Sendo que a fé é usada no sentido restrito, como
laro que o assunto é diferente daquêles que é trata.do pelo após-
tolo Paulo em a Ep. aos Romanos.- "Exnoaítor's Greek Tes-
tarnent"

14. "Fé." A fé no sentido paulino não podia existir sem pro-


duzir o que Tiago chama "obras". A, fé, no pensar de Paulo, era
um poder, não meramente uma qualidade ou característica. A
fé impulsionava o homem para agir. A fé governava o homem.

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A EPíSTOLA DE TIA;O 85

"Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive en mim." Todo o homem
que possui fé verdadeira poderia dizer por si estas palavras
de Paulo. Cristo nêle vive e opera. PO -ém, era inteiramente
possível aplicar as palavras "fé" e "cre! ;a" a uma apreciação
puramente intelectual na verdade, ou a u na apreciação da ver-
dade tão fraca na sua qualidade moral que seria impotente
para refazer a natureza humana. Paulc teria recusado a re-
conhecer como fé legítima, esta qualída te, teria lhe recusado
o nome de "fé". - Sir William Ramsay
I 1

14. Já tivemos (1 :22) o ouvir sem praticar. Já tivemos


I

uma religião espúria. Aqui encontramo! uma fé espúria. A


profissão. de fé já foi pressuposta. em 2: l onde São 'I'iago im-
plica que a verdadeira fé em Cristo estav i raltando ou era defi-
ciente. ~ Hort

14. "Essa fé." Essa fé! Uma fé qu seja compatível com


a ausência de obras. - Hort

f4. "Essa fé." Muito mal tem feite a negligência de no-


tar a presença do artigo no original. Poc ~ essa fé - essa esté-
ril verbosidade da profissão, atitude far saíca de ufanar-se de
uma crença teoricamente ortodoxa - po e essa fé salvá-lo? s.
Paulo nunca teve a idéia de tal coisa cc no "fé" que fôsse tão
sõmen te rala, e cerimôn ia, e dogma. S. I 'íago aqui usa a pala ..
vra "fé" a respeito de uma profissão este -il; S. Paulo, do prin-
cípio. íntimo da vida espiritual. Crença S .m obras é mera orto-
doxia; obras sem fé, mera justiça legalís a. S. 'I'iago está pen-
sando nos fariseus dogmáticos e sua ôca ~ rtãncía (preservada no
'I'almude) que invariàvelmente dependia [o monoteísmo, da cir-
cuncisão, do externalismo e da vantagen que sua herança na-
cional lhes deu pelo suposto favoritismo le Deus, para a salva-
ção. - Farrar

15. "Irmão Ou irmã." Há um sentidc verdadeiro em que S6


aptíca a tõda a humanidade, mas naqus es dias 'quando a pe-
quena comunidade estava cercada de li] la população mais ou
menos hostil, o sentido especialmente crís ão teve fôrça peculiar:
Hort

15. O que está implicado aqui não é ama pobreza por acaso
e de momento, mas pobreza habitual. - rhayer
,
86 A EPI8TOLA DE TIAGO

15. "Pão quotidiano." O pão de cada dia... O caso é da


pior e mais dolorosa necessidade... Talvez uma cena na sua
própria exper-iência durante a fome predita por Agabo. - El-
liott

15. A menção aqui de uma "Irmã" é digna de nota. E' o


único ponto nesta- passagem que indica influência distintamente
cristã. :Êste o único lugar na Bíblia onde uma "Irrnã" é men--
cionada nesta conexão. - "Expositor's Greek 'I'estarnerit'

16. "Aquietai-vos ... " Saciai-vos. Os tempos dos verbos no


original indicam que a sugestão é: sempre, permanentemente.
agora e para sempre, adquiri vosso alimento e vestido. - Hort
16. Passe bem. Sempre conserve-se bem vestido e bem ali-
mentado. Os tempos do grego implicam mais de um privilégio
de aquecer-se e mais de uma rereícão , - Weymou1th

16. Nunca lemos de nenhuma coleta entre os crentes da


Dispersão a favor dos santos pobres da Judéia. Talvez a falta de
caridade denunciada nesta Epístola explique o silêncio do Novo
Testamento a êste respeito.

17. ti Assirn também." Qual é o ponto de comparaçãn? Que


é nos versículos 15 e 16 que é comparado com a fé como sendo
igualmente morta? Aparentemente se comparam essas palavras
proferidas ao pobre. Eram palavras mortas, sem efeito Ou re-
sultado. Assim a fé em consideração... Não é questão entre
fé e obras, mas a questão é se é r-ealmente fé uma crença que
não seja acompanhada de obras. - Hor-t

i 7. Se estar estéril entre as mulheres era considerado uma


maldição em Israel, ficar estéril na família das graças de Deus
é a condenação dessa fé, no cristianismo. - Ellicott

17. Paulo mostra como o "pecador é justificado perante


Deus ;" 'I'íago como o santo é justificado perante Os homens.
A justificação na Ep íst.ola aos Romanos significa a justiça impu-
tada, reconciliando um pecador com Deus; a justificação, em
Tiago, significa real justiça, retidão, provando que a fé é ge-
nuína, e reconciliando a profissão de fé com a coerência de con-
duta. Paulo estava censurando e refutando a justiça própria e
o formalismo dos fariseus; Tiago, a licenciosidade anti-moral
A EPíSTOLA DE TIA}O 87
e anárquica. Eis na totalidade do tester unho da Escritura..é
que nós nos salvamos tanto do 1;> erígo do egalísmo, de um ladô,
como da liberdade que é apenas a Iícem a de pecar. do outro
lado. - A. T. Pierson
L

18. "Mas alguém dirá." Todos com , aem 'Vos encontrardes


farão o mesmo crítícismo e dirão: fofo V 68· tendes fé, e eu tenho
obras. Eu posso por minhas obras demon trar a minha fé. Mas
podeis vós me mostrar a vossa fé sem ob as? -lEu quero alguma
prova da existência da VOSsa fé. Preêiso le algo que posso ver
e apreciar, antes de aceitar vossa fé COlI ) genuína. Não posso
aceitá-la fiada, meramente porque falais de maneira tão fina
a respeito dela." Eis o simples fato da v: ia. Tal é o rude bom
senso do homem comum. ~ Sir William Ramsay _

19. Credere illi est credere vera qua esse loquítur; credere
illum credere quod ípse sitDeus; credert in iUum estdilligere
illum.. - Agostinho
19. "Tremem". Tomados do extreme temor, arrepiar. sen-
tir horror. - Thayer.
19. Até os demônios são teístas orf doxos, quanto a isto.
- Robins
.
i 9. "Tremem." Expressa horror fi; ico, especialmente na
maneira familiar em que afeta o cabelo. . ~ste horror é bas-
tante evidência de uma sorte de fé, mas 1 ode uma fê desta por-
te salvar? ... Sem cair no êrro de supor 4 usdemônío aqui quer
dizer endemoninhados, podemos imagína ] quão facilmente al-
guém que tinha presenciado as cenas h: itoríadas nos Evange-
lhos bem podia atribuir aos demônios ai expressões de horror
que tinha ouvido nas .Qalavras e visto n s rostos daqueles que
eram IPossessos de demônios. - A. Plum ner

20. "Homem insensato," Homem de títuído de riqueza es-
piritual. A despeito de sua ufania de SUl fé como uma posses-
são transcendental, todavia está sem oh: as, estéril, ociosa, re-
eeíando labor que deve experimentar. -. Thayer

20. "Homem. insensato." Ignorante. - "Exposítor's Greu


Testament" .

20. "Homem vão." Homem wazio, : ornem de cabeça Oca,
de mão vazia, de coração vazio. Homem de cabeça vazia, por-
88 A EPíSTOLA DE TIAGO

que é tão iludido que Ipens~ que uma fé morta pode salvar; ho..
roem de mãos vazias, porque é destituido das verdadeiras ri-
quezas; homem de coração vazio, porque não tem amor real
para com Deus ou para com os homens... o epíteto parece com
o têrmo Baca, o vocábulo de desprêso oitado por nosso Se-
nhor como a expressão daquêle espírito irascível que é pa-
rente do homicídio (Mat. 5 :22). Seu emprego por S. Tiago
pode servir para mostrar-nos que, os primitivos cristãos enten-
deram que os mandamentos do Sermão da Montanha não são
regras para ser literalmente obedecidas, mas são ilustrações de
princípios. - A. Plummer

20. "Ociosa." Quer dizer que a fé é inútil, preguiçosa, im-


produtiva (Mat. 20:2, 6; I Tim. 5:13; Tito f :12; II Ped. 1:8).
Aristóteles pergunta por que cada orgão no corpo de um homem,
tendo uma função para desempenhar, o mesmo homem esteja
sem ·função, sem propósito, na vida. Teria a natureza produzido
semelhante perda e contradição? Poderiam reproduzir o espí-
rito da pergunta de 'I'iago nesta forma: "A fé sem frutos é in-
trutírera .' - A. Plummer

21. "E não apareceu Abraão justo à vista de Deus por cau-
sa das suas obras." - Hort
21. O caso de Abraão, que Paulo usou para provar a ínutí- ,
Iidade de obras, de lei em comparação com uma fé 'Viva, é usa-
do também por 'I'iago para provar a inutilidade de uma fé mor-
ta, sem obras, em comparação com as obras de amor que são
evidência de que existe atrás delas uma fé viva. Paulo apela.
para a fé que Abraão tinha quando creu que teria um filho de
Sara, tendo êle 100 anos e Sara, 90 anos de idade (Rom. 4 :19.)
Tiago apela para a fé que Abraão tinlJa em oferecer a Deus
Isa.Que em saerifício, quando não parecia haver possibilidade de
a promessa ser cumprida se Isaque f~sse morto. Estaexperiên-
cia exigia mais fé, e foi muito mais distintamente um ato de
fé, uma obra, uma série de obras, que nunca teriam sido efe-
tuadas a não ser que uma fé muito vigorosa existisse para ins-
pirar e sustentar o que as praticava. O resultado foi que Abraão
fOi justificado, isto, foi considerado justo, e o galardão de sua
fé foi lhe prometido ainda com maior solenidade e plenitude do
que na primeira ocasião. (Gên. 15:4, 6). "Por mim mesmo
jurei, diz Jeová, porque fizeste isto e não me negaste teu filho,
que deveras te abençoarei e multiplicarei a tua descendência
A EPÍSTOLA DE TU 10 89
COmo as estrêlas do céu e como a areia que está na praia do
mar" . .. - A. Plummer

22. "Fé cooperativa com obras"... pelas abrasa fé con-


sumada". Uma figura audaciosa. Não ; pela S. Tiago por fé
e obras imas por uma fé que obra, uma' :é operosa, viva, ativa
em si, independente de quaisquer consí ,er:acões de interésse ,
Enquanto a fé não estava sendo exercit .da, estava de alguma
maneira imperfeita. Ganhou madureza e perfeicão por ser ,ple-
namente exercida. As obras receberam a cooperação de uma
fé viva; a fé recebeu a perfeição e o ac bamento manifestados
nas obras em que fruiu. - Hort

22. Gál. 5: 6 diz: "Pois em Cristo J, sus nem, a circuncisão


vale coisa alguma nem a. incircuncisão; r as a fé que opera por
amor." Tiago 2 :22 diz: "Vês 'que a fé cc iperou comas obras e
a fé foi consumada." Constituem a ponte lue atravessa o abismo
que parece separar a linguagem de Paulr da linguagem de Tia-
go . Ambos afirmam um princípio de enegia ativa, em onosícão
a uma teoria estéril a pa ssiva. E' evideu e que o têrmo é usado
no sentido mais elevado, de uma possess .o ríada por Deus, não
de mera atitude mental. - "Expositor's lreek Testament"

24. Êle nunca nega a justificação I sla fé, senão essa jus-
tificação teórica, especulativa, ociosa, S m atos de amor que
correspondam. - EIlicott

2.4. "'~les (Tiago e Paulo) são corr ) dois homens que se


vêem na dura necessidade de enfrentar I ois ladrões, ficam com
seus rostos em direções opostas, cada urr tendo diante de si um
inimigo diferente." - W. C. Taylor

24. Nunca teria havidocontrovérsi ~ sóbre esta passagem


se 'I'íago não tivesse usado o vocábulo " ustificar" num sentido
peculiar, do mesmo modo que usou o t rmo "tentação". "Jus-
tificar" pode ter o significado legal for mse - um têrmo dos
tribunais e advogados. Porém nosso Se ihor usa o têrmo num
sentido muito diferente. ~le diz "por tu LS palavras serás justi-
ficado". 'I'iago toma em consideração un cristão, não um peca-
dor, e mostra que as obras cristãs justi 'ícàm a profissão cris-
tã. Do mesmo modo nosso Senhor dÜSI • HO S publicanos e as
meretrizes justificaram a Deus, sendo b tizados com o batismo
90 A EPÍSTOLA DE TIAGO

de João." (Luc . 9 :29) Isto não quer dizer que livraram de


culpa a Deus, porérnque vindicaram a Deus sendo batizados
com o batismo de João ... 1i:le (Abraão) creu em Jeová, e quan-
do creu foi convertido. Quarenta anos depois, êste crente, Abraão,
fêz o que Deus se agradou de -vê-Io fazer no caso de Isaque, e
esta obra o justificou. .. no sentido de vindicar a profissão que
fizera. Paulo diz q.ue 40 anos depois da conversão de Abraão
êle fêz o que Deus lhe mandou fazer, e então foi cumprida a
Escritura que diz: "Creu em Deus; isto lhe foi imputado por
justiça." Tôdas as vêzes na sua vida. depois disto quando êle
obedeceu a Deus como crente, êle cumpriu a Escritura 'Que tes-
tifica sua conversão. Em outras palavras, foi a ver íf icação, o
cumprimento - como naquela passagem em Tim6teo onde Paulo
diz que Cristo foi justificado no Espírito Santo - vindicou a
profissão de Cristo de que êle era o Filho de Deus. - B. H.
Carroll

Dificuldades da interpretação de dr . Carroll. E' a saída.


mais fácil da dificuldade, porém nem sempre a salda mais fá-
cil é a verdadeira. Os fatos parecem não justificar todos Os pon-
tos de dr. ·Carroll, embora haja sugestões de valor nas suas no-
tas. 1. Parece incontestável que em v. 15 se trata de salvação,
e nã.o de provas da realidade de salvação. Pode "essa fé salvá-
lo?" 2. Além de Abraão, se citá o caso de Raabe, que não tinha
longo período de prova de sua fé. O caso de Raabe não se pres-
ta. tão fãcilmente para esta interpr-etação quanto o caso de
Abraão. Nossa teoria tem de satisfazer ambos os casos, tem de
aplicar-se tão fàcilmente ao caso da meretriz como ao do pa-
triarca. 3. A Escrf tur-a c.itada por 'I'iago sôbre a justificação é a
mesma citada por Paulo, portanto não é provável que um desse
ao vocábulo ju:stificar significado diferente do outro. 4. Esta
teoria parece perder o ponto de vista de 'I'íago . O ponto de onde
êle é diferente de Paulo está na qualidade de fé que está dis-
cutindo - mera crença na existência de um sõ Deus. E' a
palavra fé que tem dois sentidos no caso, não a palavra: justi-
ficar.
Acho, pois, que justificar tem a mesrníssima significação
nos dois grupos de passagens. A palavra grega nunca tem no
Novo Testamento a idéia da etimologia latina de justíficar,
isto é, .de tornar justo. Tal idéia não está no horizonte do Novo,
Testamento. A doutrina bíblica de santificação indica êsse pro-
gresso na moral e na espiritualiáade, e a doutrina da glorifica-
ção afinal faz do crente que morre um " Justo aperfeiçoado. n
A EPíSTOLA DE TIAG. 91
A palavra justificar, quer nesta Epíst4 la, quer nas Epísto-
las de Paulo, significa declarar justo. On é fato que quando
declaramos que Deus é justo, OU que üríst: é justo, nós os vin-
dicamos. Não é necessário 'que tivessem s: lo injustos para se-
rem declarados justos. Vindicar é de fato, como diz o dr , Car-
roll, a idéia resultante de tais passagens E é a mesma. nas
passagens que ensinam a justificação pelai obras. Estas vindi-
cam .a profissão do crente, declaram que ê e é justo e apresen-
tam suas obras, sua vida, sua santidade, S la justiça moral em
evid'ência . Suas ações "falam mais alto" , o que sua profissão
de fé - quando essa fala é dirigida.. aos ;eus contemporâneos
aqui no mundo. Demonstram mesmo pera ite Deus a realidade
da fé. A Abraão, depois do quase-sacrif cio de Isaque, Deus
diz: "Agora eu sei." Pode ser antropomr ~fica a frase, mas o
é neste sentido da palavra Justificar. A SlJ imissão de Abraão, e
do perfeitamente disciplinado Isaque, ao mandamento divino,
declarou até aos altos céus: êstes homen I são justos. Sua fé
é .demonstrada em uma obra que seria pa 'a os dois o supremo
sacrifício, a mais abnegada devoção.
Assim, igualmente, o caso de J 6. Pi rvado tão duramente
~le 'Vindicou sua fé tão viva, tão suhm isa, capaz de jurar:
"Ainda que éle me mate, nêle confiarei." E' Ié-conüança que
anima Jó, fé salvadora. Deus a prova. Ex ;ão as boas obras sa-
eríf'icíaís, a fidelidade máxima, vindicam o crente J ó, ~',decla­
raro-no justo" de fato, apresentam as H idêncías de vida em
apoio à profissão de fé. Não é diíererr ~ o sentido do' verbo
nestes casos - ainda quer dizer declara? justo. As obras do
crente falam; quando é provado, dão uma demonstração de sua
natureza regenerada e justificada; dizem em alto e bom tom
que êle é um justo perante Deus, um ju lto que vive pela fé.
As obras "declaram justo" Deus, Cristo, o homem salvo ...
O sentido do verbo é o mesmo quand se usa a respeito do
I

início da salvação, a dou trina do Evangel 10 e a experiência da


graça, que chamamos a justificação pela fé. A fé-confiança é
o meio por Deus determinado para decle -ar justo perante sua
face aquêle que crê evangelicamente er Jesus crucificado e
ressuscitado. Juridicamente,.do ponto de vista forense, ocren-
te que confia no Redentor levantado no Calvário é aceito por
Deus, declarado justo aos seus olhos, Iív, ado da. condenação da
lei divina e arrolado na famtha de Deus. "Todcs vós sois filhos
de Deus mediante a fé." "Nada de oondi nação há para os que
estão em Cristo Jesus." .
Assim' foi justificado, "declarado jll .to", o publicano quo
92 A EPÍSTOLA DE TIAGO

batia no peito e clamava, "Deus seja propício a mim, o peca'dor."


"O pecador" desceu para sua casa "declarado justo", aceito POJ."
Deus como justo Assim o salteador crucificado no Calvário.
o

e a pecadora a quem Jesus declarou: ~'Ai tua fé te salvou." As-


sim Zaqueu a quem Jesus disse: "Hoje entrou a salvação nesta
casa Assim o caso de Abraão, Paulo, nós e os demais salvos
o" o

Deus "declara justo" o ímpio, Rom 4: 5 Esta fase de justifi-


o o

cação é para "aquele que não trabalha", Rom 4: 5, isto é, aquê-


o

Ie que não tem pretensão de acumular mérito sacramental ou


moralista, não negocia com Deus para comprar a salvação no
balcão eclesiástico, e não confia na justiça própria E' a fase
o

instantânea, de vez, eterna, jurídica da salvação. Pela consi-


deração unicamente da obra de Cristo no Calvário, as qual sua
ressurreição demonstrou COmo aceita por Deus para os frns
eficazes da salvação eterna outorgada ao crente, êste crente é de-
clarado justo de vez e para sempre. Cristo foi feito pecado em
lugar dêle na cruz Agora é feito justiça para "êle perante o tri-
o

bunal divino. A sentença jurídica divina é: justo, livre de con-


-denação, salvo pela graça expiatória de Cristo, mediante a fé-
confiança salvadora.
A Bíblia nos diz que o crente é justificado, "declarado jus-
to", pela graça (Hom 3 :24; Tito 3 :8); pelo sangue (Rom , 5:
o

9), o sangue do Calvário, por Cristo (Gál. 2: 17), pela fé (Rorn .


.3:26,30; 5:1; Ato 13:39; GáI. 3:24), no Espjrito Santo (1 Cor.
6:11; GáI. 3:1:-3) e "pelas obras" (Tiago 2:21,24,25).
Temos de considerar, também, para formular a doutrina
total sôhre o assunto, que Paulo categoricamente afirma que
não somos justificados pelas obras (Rom 3:28; 4:2; Gál. 2:
o

16). Nenhum intérprete sincero deseja fazer de sua Bíblia um


acêrvo de contradições incríveis Logo a afirmação da exclu-
o

são de obras e a afirmação do valor das obras têm de ser ínter-


pretadas como não se referindo ao mesmo assunto. E' a solução
do caso. Na justificação pela fé, a fase jurídica da salvação, as
obras não entram em conta A graça divina, concretizada em.
o

Cristo crucificado, é a fonte da justificação. O sangue do Cal-


vário é a base jurídica, a causa eficaz e objetiva da justifica-
ção. O agente da justificação é Cristo - "por um Só homem"
(Jesus) e "por um sõ ato de justiça" (o Calvário, consumado e
demonstrado na ressurreição) "a graça de Deus e o dom jiela
graça" vieram "para a justificação, da vida" (Rom 5: 15, 18).
o

A parte humana no julgameúfo, a fé-confiança, é ,experimentada.


"no Espírito Santo" que ao mesmo tempo regenera e santifica
inicialmente o crente - separa-o para ser de Cristo 'I'ôdas es-
o
A EPfSTOLA DE TIAGI I 93
.sas frases descrevem "o julgamento" forense (Rom. 5: 18), a sal-
vação judicial perante Deus, a fase instante iea, eterna, objetiva
da salvação. Categõrtca e repetidamente Bíblia nos proíbe
I

de associar obras com essa fase da salvaçãr ..


A outra verdade - e verdade ímportant é - de o crente ser
justificado pelas obras, pois, tem de referi '-Se à fase progres-
siva da salvação, a santificação gradual" I ue torna o homem
progressivamente moral, justo, santo, coi sagrado. O sentido
do verbo é o mesmo As obras que vão ap recendo "declaram",
sim demonstram, que êsse crente professo crente real, é justo
I

na vida. A árvore se conhece pelo fruto ~ O fruto justifica a


árvore, vindica seu rótulo aí na horta, d4 nonstra a realidade
da natureza professada e possuída antes d~ aparecerem os fru-
tos. Somos salvos sem boas obras por UI] a fé que produz as
boas obras. Se a "fé" fOr mera crença, ar ndoxa e não houver
boas obras, então sabemos que é uma fé m ti-morta, fé espuría,
fé ao par da ré-crença dos demônios no in: srno, um cadáver de
fé - destituído, desde a eternidade e para • eternidade, da vida
eterna, da salvação.
Ora, essa interpretação de justificaçã: pelas obras, depois
de uma fé genuína e salvadora, estabelec ~ perfeita harmonia
em nossas Bíblias entre Paulo e 'I'iago e JS demais escritores
que concordam com êstes dois, e Cristo, De ,50 Mestre, que con-
corda -com ambos. Preserva a salvação pel: graça e a santidade
em boas obras, a' justificação e a santificar ia, a justiça objetiva
e a justiça subjetiva, a vida e o fruto, o n anancial infinito e o
rio caudaloso, Deus e o homem unidos, m s unidos como DeU8
determinou.
Outrossim, essa interpretacão concor la com a experiên-
cia tanto de Abraão como de Raabe. A justificação pela fé,
unicamente pela fé, veio no caso de Abl ião, antes do nasci-
mento de Isaque , 'El'a fé na graça sobre tatural de Deus que
havia de cumprir a promessa. Igua.lment 1, no caso de Baabe,
veio na sua decisão íntima, aliando-se co n os mensageiros do
Deus vivo e verdadeiro, recebendo-os, cr rido na sua palavra
nua e inverificável. Depois da fé nascer, linda ela tinha tem-
po para entregar os representantes do Deus em que havia
crido. Mas as obras comprovam a fé. Agi l como crente.
A justificação de A,braão pelas obras veio décadas depois
da sua justIficação pela fé. Nada de justificação por
uma mistura de f é e obras" na mesm ~ ocasião ou i numa
continuidade rápida. Décadas passam mtrs a justificação
pela fé e" a subseqüente justificação c .balpor uma· obra
,
94 A EPISTOLA DE TIAGO

tão notável. Isaque nasce' e Já é homem. Obedece livre-


mente. Compartilha da fé, da submissão, da obediência, do
sacrifício de si próprio. A justificação inicial, salvadora, ten-
do a graça como a fonte, o sangue de Jesus corooa causa
eterna e" única, a fé-confiança como seu meio recipiente, Cris-
to como Autor e o Espírito como o meio-ambiente, - essa
Iustírícaeão se deu" décadas antes do sacrifício de Isaque ,
~ste sacrifício, não nenhuma cerimônia, décadas depois da
salvação do patriarca, o "declarou justo", demonstradamente
justo, por urna obra tão maravilhosa que deu também seu
"Iilho unigênito", na fé viva de que Deus o ressuscitaria para.
cumprir a ·promessa. Essa obra é unida com a fé, é o exterior
da santidade da qual a fé é o interior, o âmago. Fé com obras
demonstram a salvação. Mas a fé só (do" lado humano), unin-
do-nos vital e eternamente ao Calvário, ao Senhor vivo, ao Es-
pírito Santo, nos justifica perante Deus. Todos os fatóres
caem em seu lugar e sua ordem bíblica. Uma Escritura as-
sim não é jogada por exploradores ou incompetentes contra
as demais Escrituras. - W. C. Taylor

25. Baabe, a meretriz n Ela foi justificada em virtude de


sua fé no verdadeiro Deus e arriscou tudo nesta fé. - Hort

Porém o contraste entre Abraão e Raabe é tão notável


quanto é a similaridade. Êle é o amigo de Deus, ela é de uma
nação pagã e vil, e é meretriz. O grande aio de fé de Abraão
é exercido para com Deus, e o de Baabe para com os homens.
O ato dêle é o auge de sua experiência espiritual; o dela é o
primeiro sinal de que ela crê. l1:le é O santo encanecido, ela
mera congregada. Porém, segundo a luz Que possuía, ela '~fêz
o Que pôde" e foi isto aceito.
:Jtstes contrastes têm seu lugar no argumento como as
similaridades .. Os leitores da Epístola poderiam pensar, "Ato!;
heróicos' eram muito naturais em Abraão, porém nós não so-
mos uns Abraãos, e temos de contentar-nos em participar de
sua crença. do verdadeiro Deus: nem podemos nem carecemos
imitar seus atos. U "Porém", diz s:. Tiago, "lá está o caso de
Raabe, & pagã, v6s podeis imitar &. Raabe .. H E para Os cris-
tãos dos círculos [udaicos de então o argumento teria bastante
fôrça, pelo exemplo dado por esta mulher. Ela recebeu e
ereu nos mensageiros, Os Quais estavam sendo perseguidos por
seus patrícios e teriam sido mortos. Ela se separou de seu
povo incrédulo e hostí! e aliou-se com uma causa. desprezada
A- EPíSTOLA DE TIAI O 95

e em nada popular. Ela salvou os pregai ores de uma mensa.. .


gero desagradável & fim de cumprir a m ssão divina com quo
os mensageiros tinham sido, responsahí' zados , - Substituamos
pelos espias os apóstolos e a mesma- coís ~ é a verdade a res-
peito dos judeus crentes, naquela época a' ostólica.E S. Tiago,
como querendo usar do paralelo, não fala dos moços COmo Jo-
suá (6:23), nem dos espia«, como Heb , ~ 1:31, mas de mensa-
geiros, têrrno que se aplicava igualment aos que foram 611-
víados por J esus Cr-isto ou por J osué , - A. Plummer

26. "A fé sem obras é morta:" A fé ,0 Senhor Jesus Cris....


to, a Glória, é uma coisa morta se estív ,r separada de obrai
ou, em outras palavras, de energia opero! ... - Hort.

Uma fé inativa é o cadáver da relig ão, - Mayor

Tiago quer santidade moral em cbntraste com crenças


corretas - Ellicott

Se çonsiderarmos o motivo, êle fojjustificado pela fé;


se considerarmos o resultado, êle foi justi ícado pelas obras: -
Ellicott
-
26. Tiago é contrário à noção de q\ ~ basta terem os ho-
mens emoções religiosas, falarem língua em religiosa" possui-
rem conhecimentos religiosos, e professa em uma crença reli-
giosa, sem a prática diária de deveres ri lígíosos é da. devocão
da vida religiosa. - Ellicott

Fé é o corpo, a soma e substância. da vida cristã; obrai


(obedíêncía) o movimento e vída dêsse corpo. - Alford
".
o que Tiago chama "obras", Paulo ,escreve como "frutol
do Espírito", Gál. 5;22. -Para Paulo ~ .brasu são "'Obras da
lei" e êle opõe-lhes & fé. - Moffatt
..
Tia.go e Paulo não se entendem se I rpormos que um está
atacando o outro. Seu acórdo em Jerus lém, e & mão frater-
nal de parceria dada. ali, proíbem esta I aposição. Porém, de-
1"em ser interpretadas h. luz dos males que estão combaten-
do, males inteiramente diferentes: uma fé (crença) ortodox~
ritualística. estéril. meramente íntelectu 1 tJer,ul um sistema
96 A EPíSTOLA DE TIAGO

legalista, nacionalista, farisaico, e igualmente estéril, de sal-


vação pelas obras, especialmente pela circuncisão. Tanto Pau-
lo como Tiago são necessários como antídoto do farisaísmo ou
do romanismo , ~ Ellicott

Tiago versus Paulo. ~le (Tiago) não negou coisa algu-


ma que Paulo tivesse afirmado, ou que qualquer discípulo
de Paulo teria desejo de afirmar. Em comparar a lingua-
gem de Paulo. com a de 'I'iago, tôdas as expressões distintivas
daquele estão ausentes da linguagem dêste. A tese de S. Pau-
lo é que o homem é justificado, não: pelas obras da lei mas pela
fé em Jesus Cristo. Tiago fala tão somente de obras sem ne-
nhuma menção da Ieí, e fé sem menção de Jesus Cristo. A
qualidade de fé que êle considera consiste meramente na cren-
ça de que há um só Deus. Em outras palavras Tiago estã eS-
crevendo, não no interêsse do judaísmo mas da moral. Paulo
ensinou que a fé em Jesus Cristo era poderosa para justificar
um homem incirounciso e não observador das ordenanças mo-
saicas. Para êste ensino Tiago tanto não tem nenhuma pala-
vra de oposição, como não dá SInal de ter ouvido mesmo da
controvérsia.
• - Salmon

Lutero, comentando a. Ep. aos Romamos ; "Mas a fé é


uma obra divina dentro de nós, que nos transforma e nos
regenera da parte de Deus (João 1 :13), e mata o. homem ve-
lho, tornando-nos inteiramente outros homens no Intimo, no
coração, na coragem, na mente, e na fôrça, e traz consigo o
Espírito Santo, Oh! é uma coisa viva, ativa, enérgica, e pode-
rosa, esta fé, de modo que é impossível que não venha ope-
rar aquilo que bom sem interrupção. Nem pergunta se deve
fazer boas obras, porém antes de perguntarmos eis que ela
já as operou... A fé é uma confiança viva, deliberada na
graça de Deus, tão certa e segura que ~ morreria mil morte por
sua confiança. E tal confiança e experiência da sraca divina
tornam um homem hilariante, ousado, e alegre para com Deus
e tôdas as criaturas... Portanto é impossível separar as obras
da fé; sim tão impossível quanto seria separar do fogo seu
brilho e' calor. - "Expositor's Bíble", volume sôbre esta Epís-
tola.
CAPíTULO VI

o Domínio da lín Jua


TRADUÇÃO

3 :1·18

Meus irmãos, deixai de estar V(1 ; tornando; muitos


de vós, mestres, certos de que (nós ~ ue somos mestres)
seremos expostos a uma condenação n ais severa. Porque
em muitos sentidos todos nós erramos se alguém não erra
por palavra, êste é varão perfeito, p~,deroso é para tam-
hém trazer sob o freio o corpo todo.
Com efeito, se pomos os freios : las hôcas dos cava-
los, para que êles nos obedeçam, 101, o lhes governamos
O corpo todo. Eis que tamhém 8S' nau , embora sejam tio
grandes, e levadas de ventos impetu .S08, se viram com
um leme bem pequeno para onde q' iiser o capricho do
piloto. Assim tamhém a língua pequ' mo membro é, e se
gaba de grandes coisas.
Eis quão pequeno fogo incend ia tão grande bos-
que! E a língua é fogo; qual mundo ,le iniqüidade a lín-
gua está colocada -entre nossos meu bros, maculando o
corpo todo, pondo em chamas o círc L10 da vida e sendo
inflamada pelo inferno.
Porque tôda espécie tanto de Ie as como aves e ser-
pentes e criaturas marinhas se doma, e tem sido domada
pela espécie humana, mas nenhum d,.s homens pode do-
,. mar a língua; mal inquieto, está eheir de veneno mortal.
E.T. -.,
98 A EPÍS'l'0LA D~ TrAGO

Com elas louvamos nosso Senhor e Pai; e com ela amaI..


diçoarnos aos homens, que são feitos à semelhança de
Deus. Da mesma bôca saem bênçãos e maldição. Não
,. .".., . . .
convem, meus rrmaos, que estas corsas coutrnuem aSSIm.
Porventura uma fonte lança da mesma bica água doce
e água amargosa? Acaso, meus Irmãos, pode uma figueira
dar azeitonas, ou uma vide, figos? Nem tão pouco pode
(uma nascente de) água salgada dar água doce.
Quem entre vós é sáhio e experiente? Mostre por
sua vida nobre, com a modéstia da sabedoria, as suas
obras. Mas se tendes em vosso coração inveja amargura-
da e o espírito partidário, deixai de vos gabar e de mentir
contra a verdade. Pois esta não é a sabedoria que vem
lá do alto, mas é terrena, sensual, diabólica. Pois onde
há inveja e espírito partidário, aí há confusão e tôda
obra vil. A sabedoria que vem do alto é, primeiramente,
.: pura, . depois pacífica, moderada, tratável, cheia de mi-
sericórdia e bons frutos, franca e sem fingimento. E para
os que promoveu) a paz, está sendo semeada em paz (a
semente) cujo fruto é a justiça.

PARÁFRASE
Meus irmãos, membros de igrejas congregacionaís,
onde prevalecem a democracia e a eleição popular dos
presbíteros das igrejas, no gôzo da democracia vos pre-
vení contra seus perigos. Sua principal fraqueza é que
onde todos têm o direito a ser candidatos para posição
oficial, todos querem a liderança, e fazem campanhas
partidárias a fim de vencer nas urnas. Assim de demo-
cratas passareis a ser demagogos. A cadeira de mestre
A EPÍSTOLA b~ TIA~ o {J9
f
t não é para mui tos, e embora a igrej. elej~ seus oficiais,
.; é o Espírito Santo que os escolhe, e ~ igreja apenas pro-
cura descobrir sua divina escolha. . ·ortanto, deixai de
i: candidatar-vos para posição oficial". S ~ entrardes sem vo-
I cação divina nesta santa carreira, sert is tão somente con...
" \ denados com ta!1to mais severidade I :u.anto foi sacrílega
a vossa presunçao.
Aliás, a facilidade em falar não ; sinal de chamada
para o ministério. Antes é motivo <: ~ maior cautela no
domínio da língua. Nenhuma perft ztíbilidade humana
existe nesta vida, mormente no falar Pelo contrário eis
aí o ponto de maior fraqueza e tenta rão. Se alguém pu-
desse ser perfeito em palavras, os clatros elementos de
perfeição não tardariam a manifesta -se nêle.
Achais o govêrno da língua deve · insignificante, por
ser ela tão pequena? Olhai o perigo Freio é coisape-
·quena, mas sem êle o cavalo é sôlto , O leme é pequeno,
mas sem êle resulta o naufrágio. A braza que principia
o incêndio na floresta é pequena, ma ~ quão devastadora!
E a língua é um fogo que começa no eixo da vida e con-
some tôda a roda da existência.
E que fenômeno monstruoso se vê entre vós. Lín-
guas quais feras ou reptis, LíJ guas fontes lan-
· çando água amarga, água salobra e ~ gua doce da mesma
· bica. Línguas quais árvores mítológ cas capazes de pro-
duzir frutas de qualidades as mais d versas. Homens ce-
lestes que têm línguas inflamadas pE a própria Geena de
fogo. Deixai, ITIeUS irmãos, desta c .ntradíção na vida.
Sêde
. mais coerentes, menos ambicios IS, presunçosos e in-
SInceros.
Julgais que sois sábios? Há du .s sabedorias. Uma
é a astúcia do demagogo, do ·demôl1 o que, na luta sem
lei, do inferno procura vencer seu rival, do candidato
mundano na campanha entre o eleií rrado . Esta sabedo-
ria não tem lugar nas igrejas. E' ca nal, é dos restos da
natureza não regenerada, E' da tem I terrena e vil.
100 A EPfSTOLA DE TIAGO

Porém a verdadeira sabedoria é sobrenatural, bus-


ca a paz, é franca, e não pratica o fingimento e o dolo.
Se semeardes uma vida pacífica, não temais ser sem-
pre vítimas de injustiça. Não. Deus governa o mundo.
E no fim, quando colhermos o que temos semeado; aquê-
le que procura a paz terá uma seara de deliciosos frutos
de justiça a fruir. Sle sentirá que sua vida pacífica não
foi em vão.

COMENTÁRIO
1. "Não... muitos... mestres." Deixai de tornar-vos
mestres em tão grande número. Hoje em dia, queixam-se as
igrejas da falta de pastores. Naquele tempo se queixaram de
uma superabundância de mestres em seu seio. E dêste costu-
me resultava muito pecado da língua. Pensemos dêste pará-
grafo como tendo principalmente em mira o ministério, a plu-
ralidade de presbíteros em cada igreja, e as lutas entre os am-
biciosos pela honra. - W. C. T .

1. "Mestre," Aquêles nas assembléias cristãs que se in-


cumbiram da tarefa de ensino, com a especial assistência do
Espírito Santo, I Cor. 12:28; Efés. 4:11; Atos 13:1. -' Thayer

1. "Mestres." E' pressuposto que para o bem da comuni-


dade deve haver mestres, desempenhando uma função espe-
cial (I Cor. 12 :29. Comparai v. 28), e então Tiago deixa su-
bentender que muitos se propõem a ser mestres sem nenhum
sentimento de responsabilidade, porém de um espírito vaidoso
ou censorio, - Hort

f. To.dos nós tropeçamos e caimos debaixo do jufzo,po-


rém o juízo é mais severo se assumimos ares de juízes de ou-
trem. - Hort

1. "Mestre." A negligência desta cautela sã trouxe per-


plexid'ade sôbre a pr imi Uva igreja tanto corno sôbre as mais
recentes. (Compare Atos 15: 24; I Cor. 1: 12; 14 :26;1 Gál. 2:
12; I ·Cor. 3:11-15). - Ellicott
"'11 ..... .. .,.
A EPfSTOLA DE TIA( O 101
i. "Mestres ." "Não sejais bispos de nitros" é a tradução
literal de I Pedro 4 :15 (quem se intromete em negócios alheios).
Evitai o espírito do orgulho doutr ínárío, ( ~ demasiada confian...
ca nas próprias opiniões. de infalíbiltdarf que sujeita alguém
1

à coceira de: ensinar. - Farrar


i. Irineu atribui a heresia de Tacian I ao fato de que êle
permitiu seu orgulho de mestre desenvon ~r em si uma paixão
pelas novidades. - Moffatt

1. Não vos apresseis para ocupar o c rfcio de mestre, visto


que o mestre é muito mais estritament responsabilizado do
que o discípulo. O dr. Broadus costumavt dizer que o ministé-
rio exerce uma grande atração para mení :s fracas. E sem dú-
vida, muitas mentalidades fracas ambicío lam exercer o minis-
tério. 'I'iago deseja que a entrada no roi! .stérío seja Um passo
cuidadoso, bem meditado em oração, seria nente pensado. tst&
capítulo é um dos mais impor-tantes. do In ro de Tiago, e mesmo
da Bíblia inteira, e seu valor é íncalculá el a jovens pregado-
res. Por sua profissão tornam-se mestre, da Palavra de Deus,
por isto nenhum outro capítulo deve se: para êles mais im-
portante do que êste para lhes orientar I l. sua capacidade ofi-
cial.
Era a característica, a falta notável, de um judeu, no seu
país ou no estrangeiro, cobiçar a honra. do ofício do mestre mais
do que a eficiência e serviço da carreira. A vaidade e o orgu-
lho o levar-iam a entrar onde os próprios anjos receiariam pe-
netrar, Quem se sente movido a entrar lO ministério por um
espírito de vaidade mais do que pelo des jo de trabalho perse-
verante é indigno da posição. ,
Há homens com uma aptidão natura] para ensinar que são
muito ignorantes. E há homens cheios Ie informações sõbre
uma multidão de assuntos que não têm o dom de ensinar coisa
alguma. - B. H. Carroll

i. E' óbvio que os verdadeiros mest és sempre estarão na


minoria. Há algo de êrro grave quando a maíoría da comunida-
de ou mesmo um número considerável, SI apressa para ensinar
os outros. Numa sinagoga judaica, qualq ler um que se sentia
disposto podia chegar à frente e ensinar e S. Tiago descreve
numa época quando a mesma liberdade 1 revalecia nas congre-
gações cristãs, (I Cor. 14 :26, 31). Poréi 1, em ambos os casos
esta liberdade demasiada fruiu em desci Iens sérías, O d~s~j~
102 A EPíSTOLA DE TIAGO

de ser chamado "Babi, Rahi' teve sua influência tanto entre


judeus como entre os cristãos, e muitos foram zelosos exposIto-
res que ainda faltavam aprender os rudimentos da verdadeira
religião. - A. Plummer

1. Muitos mestres ." Nas "Casas de Aprender" judaicas


°
U

havia muito pouca restrição quanto aos que tinham privilé-


gio de ensinar. Temos exemplo disto no caso do nosso Senhor
mesmo, 'que nenhuma dificuldade encontrou em entrar e ensI-
nar nas sinagogas (Mat. :12:9 em seguida; 13 :54; Mar. :1 :39;
Luc , 6 :6) embora fôsse desagradável às autoridades sua pI'e-
sença ali em várias ocasiões e às vêzes mesmo os ouvintes ti-
vessem inteiramente repudiado seu ensino (por exemplo João
6 :59-66). O mesmo se pode dizer de Pedro, João e mais do que
tudo, de Paulo. "Mestres" tem de ser interpretado à luz do que
tem sido dito. A passagem é interessante em revelar os mé-
todos de controvérsia nas sinagogas da Diáspora; as paixões fi-
caram exaltadas, julgando pelas severas palavras de repreensão
que o autor se sente obrigado a empregar. - "Expoaitors Greek
Testament"

1. "Mu,itos mestres." A introdução do costume da eleição


dos oficiais pela congregação era quase inevitável nas igrejas
helenistas. Nas cidades gregas o método grego de votar era pra-
ticado como o têrmo grego (Atos 14 :23) indica, embora a tra-
dução esconda a natureza do processo. A votação livre estimu-
lou interêsse público, e sem ela a vida e o ínterêsse não podiam
ter sido conservados numa congregação helenista. A educação
livre helenista tinha esta tendência, por considerar todos 08
homens iguais.
Graves perigos, no entanto, estavam envolvidos nesta sorte
de ação. O método implica em haver candidato, e havendo can-
didatos há rivalidade, e onde há rivalidade há ciúme e dispu-
las e facções e divisões. Os candidatos rivais tinham seus
amigos e partidários, e a eleição dos oficiais das igrejas fica-
va maculada por contendas. Paulo se refere a êstes males c
admoesta tanto aos gálatas CalDO aos coríntios contra os mes-
mos.
Tiago estava também a par desta fase da vida das igre-
jas. Porém, o aspecto do caso que mais lhe desagradava era a
paixão dos membros das congregações do Ocidente pelo privi-
légío de falar e ensinar publicamente. Todos queriam ensmar ;
todos almejavam recomendar-se ao público. Poucos quer-iam
A. EPfSTOLA DE TIAG' 103
ser ensinados, poucos almejavam ouvir. l fi número demaala-..
damente grande ambicionava posição afie al pública, e estava
se preparando para conservar-se perante Oi olhos do povo como
candidatos. Daí o pêso do seu conselho ~ is leitores para quo
sejam prontos para ouvir, tardios para. fah ~ (í : f9), e agora êle
dedica um parágrafo ponderado a adrnoesí i-los sôbre sua falta
predileta. Não deviam ficar cobiçosos pe a posição oficial de
mestre, e mesmo não deviam ser amhíciost , para mostrar corno
leigos sua capacidade de ensinar. Se o me tre recebe mais res-
peito e maior ordenado e goza mais ínflué icia, todavia mais se
espera dêle e será julgado com juízo mais .evero DO que faltar.
O único dever dos oficiais da igreja a qUI 'I'iago se refere é o
de ensinar. A Epístola pertence a um per odo muito primitivo,
quando o culto da igreja, e sua doutrina serviço eram muito
simples e quando o dever de ensinar, ta- to para a conversão
dos pagãos como para a instrução áos ,cc iversos, inteiramente
sobrenutava em irnnortâne la os -outros d verr-s e funções dos
oírcíaís das congregações. - Sir William ' .amsay

1. HMestre." Aqui, ali, acolá existiam igrejas, muito tempo


depois do primeiro século, que não tínhar I um sõ oficial senão
nresbrteros e mestres Diontsio de Alexar Iria refere-se a igre-
jas nas 'Vilas de Egito na data do meado MOI terceiro século que
estavam assim organizadas. - Moffatt

2. "Todos." No original o têrmo emp legado é o mais forte


possível. Absolutamente cada um de De J tropeça em 'muítas
coisas. O autor dá muita ênfase a esta de Iaração , - A. Plum-
mer. Esta sentença, se não houvesse outr , acabaria com a teo-
ria egoísta de perfectibilidade do crente nesta vida. E o ho-
mem mais respeitado pela sua santidade lO cristianismo. antigo
que fala. - W. C. T.

5. "Gaba.." Parece significar qualqu Ir espécie de lingua-


gem soberba, linguagem que fere e prov rca aos outros e des-
perta contendas. uGaba" quer dizer no 01 ginal estirar a cerviz,
pavonear-se. - Thayer -

6. "Fogo." A língua é chamada um "fogo", como se esti-


vesse tanto incendiada como íncendíador: de outras coisas, em
parte .por causa do. espírito fogoso que a' , overna, em parte pelo
espírito destrutivo que elamaníresta.. - rhayer
104 A EPíSTOLA DE TIAGO

6. "Jlundode iniquidade ," A soma de tôdas as iníquidades.


- Thayer

6. ti Incendeia." Acende, opera destrutivamente, tem poder


pernicioso; no passivo, aquilo no que estão incendiadas, influên-
cias destruidoras. - Thayer

6. "Curso da vida." Usado daquilo que segue a origem, a


vida, a existência; a "roda" da vida, isto é, o mecanismo da
vida; porém outros explicam como a roda de origem humana,
que logo que o homem nasce começa a rodar, isto é, o curso da
vida. - Thayer

6. "Contamuio:" A ação da língua pode ser considerada


como maculando a ação do corpo inteiro, a conduta total de
que o corpo é o órgão. - Hort

6. Três tentações para açoitar com a língua são especial-


mente poderosas para. o mal: como alívio na paixão ou zanga,
como gratificação' de malvadez' ou ciúme, e como vingança. A
primeira destas tentações é experimentada por gente do gê":
nio f'ogoso ; a segunda, pelos maliciosos; e a terceira se presta
para os que estão rracos e sem defesa. E todos nós nos acha-
mos às vêze.s em cada uma destas classes, I Pedro 2 :23; Hoséa
14 :2; Sal. 109 :28, 29. - Ellicott

6. "A língua... é colocada", ou melhor, se constitui um


mundo de iniqüidade, lia soma de iniqüidade." A língua não
foi criada por Deus para ser uma fonte perpétua de tõdas as
sortes de. males. .. E' pela sua própria carreira indisciplinada
e anárquica que se torna "mundo de iniqüidade", que se cons-
titui entre nossos membros aquêleque contamina o corpo todo.
A religião pura consiste em refreiar aquêle membro que con-
tamina o corpo inteiro. Ora, a língua nos contamina de três
maneiras: por sugestionar em nós e em outros o pecado; por
cometer o, pecado em tantos casos de mentira e blasfêmia; e
por desculpar ou defender o pecado. - A. Plummer

6. "O Curso da »ida," A língua é um centro de onde se ir-


radia malvadez: é o pensamento principal. Uma roda que pe-
gou fogo no eixo há de ser totalmente consumada pelo fogo
afinal. Assim a sociedade. - A. Plummer
A EPfSTOLA DE TIA ~O: 105'
7. "Tõâa a e,pécie o" Ela combina' L ferocidade do. ti,re
com a frivolidade do macaco e a subtílea ~ e veneno da cobra.
- A. Plummer

8. A ordem no original é enfática. I'ôda natureza bestial


pode ser domada, tem sido domada e Ct ntínua a ser 'domada
pela natureza humana; porém a língua mo pode ser domada
definitivamente, por nenhum - dos h01 tens. Mas por Oristo
pode. O domínio da língua é da essênoía da religião de. Cristo.:
Tôda a ênfase está sôbre a ímpoténcía h,.
mana para dominar a
língua, a despeito de sua soberania sôhi ~ as demais reras, A
situação é longe do desespero. - W.C.1 ,
- ? -.

8. Quando eu era moço fiquei basta te impressionado pela


vasta soma de males que viesse de falar I má qualidade de fala,
e descobrí-me a mim mesmo falando o q 18 não devia, de modo
quaquando li êste .capítulo determinei ~ n mim-mesmo .desco-
brir um jeito pelo qual eu pudesse evitar conversação má, espe-
cialmente a ira. Naturalmente sou ímpt lsivo, fogoso, propenso
a sentir ofensa, pronto a ressentir e- falar e vendo em mim esta
falta, determinei aprender um modo pE o qual estando irado,
pudesse ficar calado. Resolvi não dizer o .ísa alguma. Pois hem.
Foi a coisa mais dura que jamais pro urei fazer em tôda a
wída , Porém eu venci. Ouvi minha filha; fizer, quando ela tinha
21· anos: uPapai, nunca te ouvi falar UI a s6 palavra irada na
minha vida." - B. H. CarroU
8.. "Veneno." Dito de homens acosi amados a vilifiear e a
caluniar e injuriar a outros, assim os p efudíeando o ~ Thayer
9. "Com ela .. ." Deveras êle está aj soando uma falsa .qua-
lídade de religião e não mero víciq de fngu&... :é.le éstá dis-
cutindo uma tendência, de íntimo pare itesco com aquela que
combateu no fim do Oap . f, uma religios dade sem amor, a com-
binação de devoção fingida a Deus e i .díferentísmo e mesmo
ódio aos homens. - Bort

9. "Criados à imagem de Deus." ( tempo do verbo' rreso


implica que os homens receberam na primeira criagão esta
imagem e ainda a possuem. --- Weymou h

8,; "~tJ!, irrequieto o'" ~' surprésa I U'a nós ouvira l1DIH
106 A EPíSTOLA DE TIAGO.

chamada um "mal", em lugar de ser considerada o abuso de


um bem... O fato de .ser ela um mal procede de sua indepen...
dêncía, isto é, de seu isolamento da integridade humana. "Um
mal desordeiro." - Hort

9-12. Êle mostra o caos moral a que o cristão se vê redu-


zido quando não te-m domínio de sua língua. ~le se tem feito o
canal de inf'Iuêncras infernais. Não pode, à vontade, tornar-se
outra vez o canal de influências celestiais ou tornar-se
ofertanta de sacrifícios santos. Os fogos de Pentecostes não
descansam sôbre um dep6sito dos fogos de Geena. - A. PluID-
mer

.Um homem, ·que amaldiçoa seu semelhante e então bendiz


a Deus é semelhante a um homem que professasse todo o res-
peito pelo seu soberano, ao mesmo tempo, insultando e injurian-
do a família. real, jogasse lama sõbre o retrato do rei, e se
mostrasse ostensivamente desdenhoso da vontade real, - A.
Plummer
Quem não tem visto o estrago que ,pode ser feito por urna
única palavra de zombaria, de inimizade, de soberba; quanta
confusão não se opera pelo exagero, insinuação ou mentira;
quanto sofrimento não se causa por sugestões e declarações
catuniadoras ;'~quantas carreiras de pecado não se tem come-
eado por meio de histórias impuras e .gt-acejos ímundosj ...
Narrativas impuras, chistes imundos, sugestões lascivas, mais
do que blasfêmias e maldições, contaminam as almas daqueles
<lue as proferem e conduzem os ouvintes ao pecado. Tais há-
Ditos roubamjodos quantos néles estão ralaoionados, quer 'seus
autores, quer seus ouvintes, roubam-nos de duas coisas que
são a principal proteção da virtude - o temor de Deus c o
temor do pecado. Produzem uma atmosfera na qual os homens
pecam com os corações leves, porque os pecados mais grossei...
1'08 parecem-atraentes e fáceis, assím como também engraça-
dos. Não há ato mais diabólico do que o de fazer acreditar a
um ser humano que aquilo que é feio e perigoso em si mesmo
pareça "agradável aos olhos e bom para comer"... A palavra.
queixosa que' torna tudo motivo para a culpa, que procura mos-
trar que quem fala está sempre sendo maltratado; a palavra
mordaz, que visa causar dor; a palavra car-rancuda que lança
sôbre todos; que a ouvem uma nuvem de tristeza;' a palavra.
provocante, que procura. despertar a briga; - de . tõdas estas
 EPiSTOLA DE TIA- O 107
coisas tendemos a pensar levianamente d unaís e necessitamos
da severa admoestação de S. Tiago para nos despertar a sua
verdadeira natureza e suas conseqüências certas. ~ A. Plum~
mer

No tocante a outros, tais palavras f rem corações tenros,
aumentam desnecessária e enormemente 1 infelicidade huma-
na, transformam a doçura em amargura, esi -angulam bons ímpul.,
sos, criam e desenvolvem ressentímentos, I afligem tôda a roda
da vida diária.
No tocante a nós mesmos, a índulgêr ~ia em tal linguagem·
deturpa e enfraquece nosso caráter, cega ] ossa simpatia, e mor-
tifj ca nosso amor aos homens, e portantt nosso amor a Deus.
Foi dito uma vez em desculpa de um h imem 'que tinha sido
criticado e condenado como imprestável. "t.le é bom em tudo
menos no gênio." A resposta foi "Menos no gênio! Como se o
gênio não Iôsse nove décimos da religião! ' - A. Plummer

10. "Não convém." ,Esta duplícídadt no uso da língua á


uma coisa desnatural, monstruosa. - H Irt

, tO. " Amaldiçoamos," Esta palavra rol stra que o pecado es-.
pecíal de que aqui se trata não é oalúní L, mentira ou injúria,
porém abuso pessoal, cara a cara, como rsulta de perder o do-
mínio numa controvérsia. - "Expositor J Greek Testament"
.
13. Saoédoria, tste trecho volta p~ ~a o assunto de v. 1.
A desculpa dêstes que eram ambiciosos l e ser mestres foi que
possuíam sabedoria, e portanto 'I'iago proc Ide a considerar a ver-
dadeira sabedoria e a falsa. Em t :21 I humildade, a mansi-
dão é condíeão de receptividade em o 01· vinte; aqui é a índía-
pensável condição de se apresentar pera lte outros para a sua
instrução. - Hort
14. «zeio: Rivalidade ciumenta e .onteneíosa. Thayer.
Espírito de contenda. Cobíca de dístínç o, desejo. de mostrar-
se e adiantar seus ínterêsses numa sent ia partidário que não
dispensa métodos baixos, é raccíostdade, Fil. 2:3; 1:15-~7; n
Cor. 12 :20; GáI. 5 :20. - 'I'hayer
"Glorieis" Gabar-se, a-o prejuízo d} outros. .- Thayer.
Contra a verdade - contra. o. que é verdi deíro no caso em con-
sideração (oposto ao que é fingido, fale .). - Tbayer ... ,
108 A EPíSTOLA DE TIAGO

14. ",EíSpirito de conterida." Usado por Aristóteles de fac-


ções políticas mordendo-se com táticas de demagogos, "a am-
bição pessoal de líderes rivais", o vício <lo líder de um partido
que foi criado por considerações do orgulho do dito líder. -
Hort
14. A palavra traduzida "contenda" vem de mercenário,
e daí significa o espírito partidário. "E'xpositor' s Greek
Testament"

15. "Estasabedoria." A astúcia de homens ciumentos e


-onteneiosos. - Thayer

"Animal." Governada pela alma, isto é, a natureza sensual,


sujeita aos apetites e paixões, uma sabedoria em harmonia
com desejos corruptos e os afetos que daí nascem. - Thayer

. "Diabólico." Semelhante a um demônio procedendo dos de-


mônios. - Thayer.

15. IINão mintads contra a verdade". A doutrlna implicada


é um paradoxo, mas é amplamente verificada pela experiência.
A mera possessão de verdade não é garantia de que ela será
declarada; toda a conversa tira suas cõres e matizes do estado
moral e espiritual de quem fala, de tal modo que a verdade sai
dos seus lábios como sendo falsa à proporção que êle mesmo
não está numa condição veraz, A linguagem correta que êle
profere pode levar uma mensagem de falsidade e mal em vir-
tudeda amargura .e egoísmo com que êle fala. No fundo de sua
alma-tais pregadores só estimam a! verdade como uma possessão
para seu próprio uso e defesa. - Hort

A origem e a esfera da: sabedoria espúria é a terra', não o


céu; sua sede no homem é sua alma, não seu espírito: os sêres
com que êle tem em comum esta sabedoria são os demônios, não
os anjos; assim a sabedoria que é comum também aos demô-
nios corresponde à fé que é comum aos homens e aos demônios,
2:19. - Hort

_ 1·4.ni~al." Não espiritual. Compare-se Judas 19 --- Wey..


moutb
A EPisTOLADE TU ~O 109
15 .. "A sabedoria que vem de cima. Argumentos astutos,
dístínções sutis, controvérsia engenhosa, :nétodos que da 'Ver..
dade pouco importam contanto que seja ganha uma vantagem
efêmera, discussão hábil, ironia amarga, tanto mais apreciada
quanto mais envenene e enfureça o seio do adversário - en-
fim, todas estas tricas do controversíalísu profissional, que não
são menos dignas de desprêzo por ser 1J: .m feitas - isto era
uma sabedoria de certa espécie ... Era ln mana (isto é; seu do-
mínio é na esfera onde tudo que é essem lalmente humano tem
voga) no sentido' dê que ministrava ao -espeíto préprío , Em
nenhum outro versículo se manifesta ID1 is nitidamente o am-
plo conhecimento da natureza humana I slo ' autor. -:-:-' "Expo-
sitor's Greek Testament" ~ .. .
15-17. O espírito de contenda e o es: írito de mansidão, eis
as características que principalmente di stínguem a sabedoria
que vem do céu e a que vem .do inferno Como nos comporta-
mos em argumento e em controvérsia? ;omos serenos quanto
ao resultado, em plena confiança de que a -erdade e o direito hão
de prevalecer? Desejamos que a verdadi prevaleça, ainda que
isto envolva colocar-nos na posição de starmos errados? So-
mos mansos e corteses para com os qu diferem de nós'l Ou
perdemos o domínio próprio e ficamos ü gosos em nossa oposi-
ção contra os antagonistas? Se fôr assír , temos razão de du-
vidar se nossa sabedoria é da melhor s rte. Quem perde. .sua
cabeça num argumento já manifestou qu pensa mais em si do
que na verdade. -- A. Plurruner

16. "Espirito de contenda." Uma pa rvra que originalmen-


te significou trabalhar por salário, espec almente como tecelão,
e daí tornou-se usada para qualquer ocu Iação ígnobíl, especial-
mente controvérsia política, intriga, p( .ítícagem, Bom, 2: 8;
Fil. 1 :15; 2:3; GáI. 5 :20. - A. Plumrr sr

Todo o cristianismo, para alguns, cc isíste tão somente em


um amargurado desdém pelos pecados c )8 pecadores, num ,~s­
pírito soberbo e sem caridade, contencíc .0, lutando com o que
se chama o mundo perverso. - Stier

Do mesmo modo que há uma fé qUf é comum. aos homens


e aos demônios, e uma língua que é inflan adapelo Inferno, assim
há uma sabedoria que é demoníaca "na sua atividade, - A.
Plummer .
110 A EFisTOLA DE trUCO

Quando a alma se distingue, tanto da carne como do esp1...


.rito, ela representa uma parte de nossa natureza que é muito
mais Intimamente ligada com aquela do que com êste. "Natu-
ral" significa "sensual. O homem "natural" embora de uma
II

categoria mais alta do que o homem carnal, está muito abaixo


do nível do homem espiritual, que está sob a liderança do Es-
pírito Santo. - A. Plummer

Terrena, feroz, diabólica. - Purves

"Foi imediatamente depois de haver uma contenda entre 03


apóstolos sôbre qual deles seria o maior que todos o abandona-
ram e fugiram."

17. "Sabedoria que vem de cima." Pura. Livre de tõda fal-


ta, imaculada. II Cor. 7:11; Fi!. 4:8; I Tiro. 5:22;: I Pedro 3:
2. Pacifica. Amante da paz. Moderada. Disposta à eqüídade,
justa, mansa, Fácil de conciliar. Tratável, disposta a obedecer,
Bons frutos - usado de os feitos dos homens como expoentes
de seus corações. - 'I'hayer
. ,
17. ~'Fácil de se conciliar." A sabedoria falsa havia de ser
briosa, imperíosa, dominadora; a verdadeira se manifesta em
deferência voluntária dentro de limites legítimos. - Hort

17. HPrimeiro de tudo pura, então pacífica, cortês, não


ego.ísta, cheia de compaixão e ações bondosas, livre do favoritis-
mo, e. de tôda a insinceridade."-l (Tradução de Weymouth)

f 7. Temos um exemplo nobre dêste espírito em algumas


passagens de introdução no tratado de Santo Agostinho contra a
chamada Carta Furndamental dos Mani'queus. ~le assim prin-
cipia: "Minha oração ao único verdadeiro Deus é para que, em
refutar e combater a heresia de vós, maniqueus, à qual aderis
talvez mais por falta de pensar do que por mau propósito, seja-
me dada uma mente serena e tranqüila, e que vise mais a vossa
emenda Ijo que a vossa descompostura. .. Tem sido nosso esfôr-
ço, portanto, pret'~rir e escolher a melhor parte, para que pu-
. déssemos ter oportunidade para vos mudar, não por contenda e
luta e perseguição, mas em consolações compassivas, afetuosas,
exortação e discussão calma: como está escrito: Ora o servo do
~enhor não deve brigar, mas deve ser condescendente para: com
A EPfSTOLA DE TIA;O 111
todos, capaz de ensinar, sofrido, que cor ija com mansidão os
que se opõem, .. Que se enfureçam contra vós os que não sabem
com que labor a verdade se encontra, e ql ão difícil é evitar er-
ros. o. Que se enfureçam contra vós os ql e não sabem com que
grande d,ificuldade o ólho do homem int. -íor se sara, de modo
a poder ..encarar Q Sol... Que se eníureç rm contra vós os que
não sabem com que gemidos e soluços se .orna possível, mesmo
num grau pequeno, compreender a Deus Afinal, que se eu-
fureçam contra vós aquêles que nunca SE viram enganados por
um êrro como agora vos percebem enga ados... Que nenhum
de nós di_ga ao outro que já achou a verd de. Que a busquemos
como se nos fósse desconhecida. Porque ela pode ser buscada,
tão somente se não houver a pressuposí. ão presunçosa de que
já foi encontrada." - A. Plummer

17. "Sem parcialidade." Purves trat lZ esta palavra "pen-


sando sem fingimento". Das várias sigo ücações possíveis pe-
rante nós, podemos com razão escolher sem dúvidas". A sa-
bedoria que é de cima é constante, ínvari .vel, de mente singela,
não vacilante. - A. Plummer

18. "Fruto da justiça." ~ utilidade, ieneíícío, que consisto


em justiça. - Thayer

18 . .semeada em paz. Uma paz que tão é a mera cessação


da luta - tal paz pode ser, no íntimo, I amargura da derrota
- mas uma paz que tem no coração o gô: () da vitória, a paz :pe...
oulíar do seu vitorioso Senhor. - Bobím

i8. "Fruto da justiça" é uma expres ão paralela ao penhor


do Espírito, II Cor. 1:22 (onde o Espírl] • é o penhor), "o san-
tuário do seu corpo", João 2 :21 (onde se 1 corpo é o santuário)
Colo 3: 24; I Tess. 5:8. Quer dizer: "E a paz, para os que se
esforcam pela paz, é a semente cuja sean é a justiça." - We~1 . .
mouth
CAPITULO VII

Das Paixões Mundanas Cc,nvertei-vos


ADeus
TRADUÇÃO
4:1-12

Donde vêm guerras e donde vêm iatalhas entre vós?


Não vêm daqui, das vossas paixões ) elos prazeres, que
guerreiam entre os vossos membros ? ~ .ohiçais, e não ten-
des; logo matais. E ferveis com ódio e inveja, e não po-
deis alcançar vossa aspiração; logo ph iteais e' fazeis guer-
ras.
Não tendes, porque não pedis , ], edis e não recebeis
porque pedis perversamente, a fim d~ o esbanjar na gra-
tificação de vossas paixões. O' (vós Iue sois quais) es·
pôsas adúlteras, não saheis que a amiz .de do mundo é ini-
mizade contra Deus? Pois quem quise ser amigo do mun-
do se constitui inimigo de Deus ; Ou uidais vós que' bal: '
1

dadamente a Escritura diz: "Com ciú ne anela (por nós)


o Espírito que êle fêz habitar em nó"? Todavia, êle dá
graça mais abundante, pelo que tam iém diz: "Deus re-
siste aos orgulhosos, mas concede gr. ~a aos humildes."
Portanto, sujeitai-vos a Deus. ~ [as resisti ao diabo
e êle fugirá de vós. Chegai-vos para Deus, e êle se che-
gará para vós. Limpai as mãos, pecar ores! E purificai os
corações, ó homens de espíritos vacila ntes !Afligi.vos, la.
mentaive J~horai.~ O vosso "riso troqu ~-8eem .pranto, .e .8
E.T. - 8
114 A EPíSTOLA DE TIAGO

alegria em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor,


e êle voa exaltará.
Deixai de falar mal uns contra os outros, irmãos.
Aquêle que fala mal de um irmão, ou julga seu irmão,
fala contra a Lei, e julga a Lei. Mas se julgas a Lei, não
és observador da Lei, mas juiz. Um só é Legislador e
Juiz, o qual pode salvar e destruir. Mas tu quem és, que
julgas o teu próximo?

PAIUFRASE
o estado de partidarismo em Israel, mesmo na Diás-
pora, chegou quase à guerra civil. Lutas partidárias se
prolongam numa guerrilha de facções com inúmeras ba...
talhas. Geralmente são batalhas de palavras, porém, às
vêzes a cobiça, o ciúme e os odios partidários chegam a
tal ponto que resultam no homicídio, e sempre os com-
bates geram mais combates e a luta parece infinda.
Qual o móvel de tudo isso? São vossas paixões.
Quereis prazeres, e êsse apetite insaciável sacrifica tudo
no altar de seus desejos carnais. Esquecendo..vos que
lôda boa dádiva vem de Deus, abandonais a oração; e
mesmo quando orais é com motivos perversos visando es-
banjar os dons de Deus na gratificação de vossa ambi-
ção de prazeres.
E Israel se esquece que a nação, mesmo na Díáspo-
ra, se fêz Noiva de Jeová , Sim, os profetas casaram a
pátria com o seu Deus. Mas vós sois como espôsas adúl-
teras, infiéis ao vosso divino Espôso e Senhor. Fôstes
separados para Deus. Não sabeis que o namôro do mun..
do é traição dos vossos votos. para com o Senhor? Em
lugar da mais sagrada intimidade com Deus vós pro-
curais colocar-vos na categoria de seus Inimigos. O' in-
A EPíSTOLA DE TIA. O 115
sensata nação! Cuidais que e baldada nente que a Escri-
tura vos afirma que Deus é cíumen' ) do amor do seu
povo e não tolera rivais nem coraçõ s divididos?
Contudo, como nos tempos dos p -ofetas, Deus é lon..
gânimo. Ainda sua graça é vos ofere ~da. ~le perdoará
sua espõsa infiel se tão somente se eonverter. Sujeítaí-
vos, pois, a Deus. Resisti o diabo, q te vos seduz. Che-
gai-vos a Deus. Limpai as mãos da corrupção e purifi-
cai os corações desta divisão do afeto _ ntre Deus e o mun-
do. A situação é de luto nacional, ]ois a glória de Is-
lrael já! se foi. Chorai bem alto. ] amentai como sói
entre vosso povo oriental. Convertei todo riso e alegria
em pranto e vergonhoso pesar. Ent lo com êste verda-
deiro arrependimento por vossa pari ~, Deus se chegará
'8 vós, vos ouvirá, concederá sua graç, e seu perdão, e da
vossa humilhação vos exaltará. Poréi t o caminho é pela
humildade. O orgulhoso só encontra por parte de Deus
uma coisa - resistência, resistência divina, resistência
onipotente, resistência castígadora ,
Cortais êste mal partidário peh s raízes. ~le co-
meça por falardes mal uns dos outr .8. Não sois juízes
em Israel. Deixai dessa praxe, tão de trutiva da fraterni-
dade. E' desprêzo da Lei para o réu a .sumír ares, e usur-
par funções, de juiz. Um Legislador e um Juiz há para
o povo de Deus. Quem és tu que lb e roubas a função?
Cuida da tua vída.
COMENTÁRIO
1. II Deleites o" Prazeres e desejos de ] razeres o - Thayer

1 Deleites que combatem nos vosso. membros Represen..


o o

ta-se os prazeres como fazendo uma guet ra entre Os membros


isto é, invadindo-lhe o território Bar o -

t. ~8teS versículos revelam um est ido de depravação e


imoralidade nestas congregações da, Djásf ~ra que- nos espanta:;
I
116 A EPíSTOLA DE TIAGO

contendas, carnalidade, cobiça, homicídio, avareza, .adultérío, ciú-


me, soberba, e calúnias são prevalescentes. - "Expoaítor's
Greek Testament"

1.. "Contendas ... " Guerras. Guerras e batalhas. - "Ex-


positor's Greek Testament"

1.. A noção de que as igrejas da: época apostólica estavam


numa condição de perfeição ideal é um sonho absolutamente
sem fundamento. - A. Plummer

1.. "Que combatem." Fala de paixões que inquietam a. alma.


'I'hayer

2. t. Invejais. " Ser esquentados, ferver de ciúme, zanga,


ódios. - Thayer

2. "Contendeis ," Fala de contendas que terminam em li-


tígios perante os tribunais terrenos, sôbre propriedades e pri-
vilégios. - Thayer,

2. Mata.is e vos tornais fanáticos. Sal. 106:1.5; Ez. 1.4:4.

2. Guerras e facções e brigas não têm outra fonte senão


o corpo e suas cobiças. 'E' para ganhar riequezaque tôdas as
guerras surgem, e somos rorcados a ganhar riquezas por causa
de nossos corpos, de cujo serviço somos escravos;' em conse-
qüência não temos tempo para a filosofia, por causa destas coi-
sas. Já foi provado que se havemos de gozar puro conhecimen-
to de alguma coisa, temos de nos ver livres do corpo, e com a
alma isolada temos de ver as coisas isoladas, separadas de sua
utilidade para o corpo. Nesta vida nos aproximamos mais da
sabedoria se não tivermos r-elação alguma com o corpo, além
daquilo que é absolutamente indispensável, e assim não fica-
mos cheios de sua natureza mas permanecemos livres de suas
manchas até Deus mesmo nos livra. - Platão: Phaedo,
Platão e S. Tiago estão plena.mente de acôrdo em crerem
que as guerras e contendas são causadas pelo' corpo. .. Porém
neste ponto o acõrdo finda. A conclusão de Platão é que o fil6-
soro precisa, tanto quanto fÔr possível, negligenciar a excomun-
gar seu corpo, como fonte intolerável de corrupção, anelando
O dia da morte quando se verá livre .do pêso de servir êste _obs-
A EPíSTOLA - DE TIAG) 1;1·7·

táoulo e empecilho entre sua: alma e a ver lade . Platão não so-
nhou que o corpo pode ser santificado aq .i e glorificado além
da morte. - A. Plummer

2. Cobícaís e não possuis; portanto ma ais: e invejais e não


podeis alcançar, portanto contendeis e faz .is guerra.

Esta maneira de agrupar as cláusulas Iá perfeita clareza e


não faz violência ao grego do original... )0 mesmo modo que
o pensamento lascivo é adultério no cora ão (Mat. 5:28), as-
sim o ódio guardado no espírito é homi ídío no coração. -
A. Plummer

3. 11Despenderdes em vossos deleites. J Para gastardes, dis-


sipardes o que recebeis em luxo e' indu ~ência da carne. -
Thayer

4. "Adúlteras." O original é feminino E' uma figura que


indica infidelidade a Deus, imundícia; ap4 stasta -' Thayer. E'
fino sarcasmo, baseado na conceção profét }a do povo como ca-
sado com Deus.

4. O mundo." Afazeres mundanos, o igregado de bens, ri-


ti

quezas, vantagens, prazeres, eto.; etc., qlJ " embora ocos, vãos
e passagaíros estimulam a cobiça e nos afastam de Deus e
constituem um obstáculo. à causa de Crist, . - Thayer

4. "A amizade do mundo." A amízat e do mundo, (isto é,


estando numa posição de amizade com êle naqueles dias signi-
ficava, ou
envolvia, certa conformidade o im o padrão de
vida
pagã. - Hort
"Deus é o Senhor e Q espôso de tôda ...lma que é dêle ."

5. ISwete sugere que a citação vem ( ~ algum escrito cris-


tão: O Espírito de Cristo anela por n6s, Das com ciúme, com
um amor que ressente tôda fôrca eontrár 1, como por exemplo,
à amizade do mundo. Sua atitude para om semelhante anta-
gonista não é mero zêlo, é ciúme. Seu d: -eíto ao afeto do co-
ração humano não tolera ríval. Há um ai LIDe justo, que é dig-
no de Deus e até a eonseqüêncíanecessár a da grandeza. de "seu
amor. A idéia falsa do caráter divino qu ~ podería ser sugeri-
118 A EPíSTOLA DE TIAGO

da à mente humana é evitada por uma outra citação. "Porém,


êle dá maior-graça"; portanto é dito: "Deus se põe em oposi-
ção ao valentão, mas ao humilde, dá graça." "E' contra os que
resistem a Deus que Deus resiste e tão somente contra êles; os
homens de coração humilde não têm motivo de temer o ciúme
divino, porém se verão crescendo ao favor divino e nos dons
do Espírito 'pelos quais êste amor é manifestado. Assim o sen-
tido geral da passagem parece ser: Os amigos de Deus não po-
dem ser amigos do mundo também... O Espírito que Deus
implantou no crente anela pela devoção inteira dos corações
por êle habitados, com um amor ciumento que não tolerará a
invasão de um rival. Porém êste ciúme divino é consistente
com uma generosidade sempre crescente para com aquêles que
se submetem ao domínio do Espírito Sânto que está nêles. El
a grandeza do amor de Deus para conosco que resiste o pecado
que se eleva contra êle e proibe a amizade com o mundo por
parte de corações nos quais seu Espírito habita. - Swete

4. "Adúlteras. r» E' preciso lembrar que êste uso (de adul.. .


tério como figura de apostasia) é muito excepcional. De trin.. .
ta e uma passagens, em que se fala de adultério, " somente em
cinco está usada num sentido figurado... O estado. depravado
de moral a que todo êste trecho testifica deve ter sido pelo
menos em parte causado pela iniqüidade e cooperação das mu-
.Iheres, de sorte que nada há. de estranhar em elas estarem es-
pecificamente mencionadas em conexão com aquela forma de
pecado com que seriam mais particularmente associadas. -
"Exposítor's Greek Testament"

4: • E' uma adaptação audaciosa da imagem profética aos


que estavam desleais a Deus. - Westcott

4. ,O têrmo (adúlteras) está usado no sentido comum velho-


testamentário - o de adultério' espiritual - infidelidade a Jeo-
vá considerado como o espôso de seu povo. Ez. 23 :27; Os.
2:2; Is. 57; Mat. 12:39; 16:4; Mar. 8:38; Apoc. 2:22. O sexo
da pessoa não afeta/ a relação; cada alma que foi casada com
Deus e depois transferiu seu afeto e lealda.de a outros sêres é
uma espôsa adúltera. S. 'I'iago, com a simplicidade, franqueza
e singeleza que lhe caracterizam, indica-lhes o fato com esta
severa frase "Vós, adúlteras I" - A. Plummer
A EPfSTOLA DE' TIA« O 119
4. "Inimizade cont'-a Deus: USe uInI, mulher repudia seu
marido e se casa com outro, comete adulí írío , E se uma ahna
repudia seu Deus e se casa COlP outros, Cf mete adultério. Uma
espósa que cultiva a amizade de um homr m que a procura se-
duzir torna-se inimiga de seu marido. Tod o judeu cristão deve
saber que a amizade do mundo é ínímízad I contra Deus. - A.
Plummer

4:. ffMundo." João nos afirma (e provi vebnente as palavras


não são dêle, mas sim de Cristo) que Deus amou o mundo (João
3 :16). Porém êle nos admoesta para não rmarmos o mundo (I
João 2 :15). E aqui Tiago nos Informa que SI rmos amigos do mun-
do é nos tornarmos inimigos de Deus.. Ora I claro que "o mundo"
que Deus ama não é "o mundo" que nÓI não devemos amar.
&!Mundo é um têrmo que tem várias si81 Iüeacões na Esoritu-
ra, e erraremos se não as distingüirmos rltídamente. ÀS vê-
zes significa êste planeta (Mat. oi :8). Q rtrossím, significa 08
habitantes da terra, como quando se diz que Cristo veio vara
tirar o pecado do mundo, João 1:10, I Jo ,0 -1:14. E nõ último
lugar, quer dizer aquêles que estão alíen rdos de Deus, - In..
crédulos, judeus e cristãos apóstatas, espec almente a grande or-
ganização pagã de Roma (João 8 :23; 12: H). Assim o mundo
que originalmente significava a ordem nat .ral e a formosura da
criação vem, significar a desordem desni lural e a feiúra das
criaturas que se tenham rebelado contra Deus, seu Criador. O
mundo que o Pai ama é tôda a raca ht nana, O mundo que
nós não devemos amar é o que não nos iermite amar ao Pai,
reclprocamente, o mundo que é seu rival ,seu inimigo. E dês-
te mundo que o homem verdadeírament l religioso se guarda
imaculado (Tíago 1 :25). Homens pecado '8S, com seus desejos
iníquos, conservando-se numa atitude p4 -manenta de desleal-
dade e hostilidade contra Deus, e passand • isto de um a outro,
de uma geração a outra, como uma tradi ão da vida, - é isto
que Paulo e Tiago e João consideram "o aundo 0''' - A. Plum-
mer

Do mesmo modo que há um Espírito, (e Deus, que nos lU ia
em tôda a verdade, assim também há u n espírito do mundo,
que nos guia, precisamente, no sentido ~ posto (I Cor, 2: i2) •
~te mundo com suas concupiscências é iassaaeíro, está per..
cendo (I João 2 :17). Até sua própria t ísteza opera a morte
(11 Cor. 7: ro). "O mundo é, a natureza humana, sacrificando
o espiritual ao material, o futuro ao IJ 'esente. o invialvel •
120 A EPíSTOLA DE TIAGO

eterno ao que satisfaça os sentidos e pereça com o uso. O mun-


do é o medonho dilúvio de pensamentos: sentimentos, príncí-
pios de conduta, preconceitos convencionais, desgostos, ódios,
afetos, que se têm acumulado em redor da vida humana, por
séculos, impregnando-a, impelindo-a, amoldando-a, degradando-
a." Líddon. - A. Plummer

5. "Com zêlo anela por n6s." "Até ciúme. li Esta palavra


tem grande ênfase no original. Amizade com o mundo ou qual-
quer objeto estranho não pode ser tolerada... Durante a Guer-
ra Civil Norte-Americana em 1861-1866 numas conferências eu-
-trerepresentantes do Sul e da União, os'rebeldes ofereciam cada
vez mais atraentes propostas de quanto território devolveriam
à ,União contanto que fôsse reconhecida a independência do
resto. Cada vez aumentava a parte que cediam e restringiam
a parte que exigiam para ser um país independente. Tódas as
ofertas receberam fria e pronta recusa. Afinal o President.e
Lincoln colocou sua mão sôbrs o mapa de modo a cobrir todos
os Estados do Sul que estavam em revolta e disse seu ultima-
{um: H,senhores, êste govêrno há de ser soberano sôbre a tota-
lidade. " A constituição dos Estados Unidos teria terminado se
à mínima parte, por menor que rósse, tivesse sido reconhecida
como independente. Foi um princípio vital, que não admitiu
exceções ou graus. Ou tinha de ser conservado na sua inteireza
ou estava írreparàvelmente dissolvido .
• c E' precisamente uma exigência desta natureza que Deus,
operando pelo seu Espírito divino, faz de nós I tle não consente
dividir nossos afetos com o mundo, per mais que lhe ofereça-
mos, por mínima a parte que cedamos ao mundo. Se de alguma
forma se admite um rival a Deus já nos tornamos infiéis e 1'e...
beldes. Seu govêrno exige a totalidade de nosso ser. - A.
Plummer

5. S. 'I'iago quer alegar ciúmes de Deus, mas ciúmes no


sentido de que êle vê mal a amizade do seu povo dada ao mun..
do quando lhe é devido e somente a êle, - Hort

5. Estas palavras testificam a verdade de que a terceira


pessoa da Trindade habita em nossos corações, anelando obter
de nós o mesmo amor que êle nos dispensa. E' uma passagem
notável, que num aspecto nos ensina o amor do Espírito, dis...
tinto do amor do Pai e do Filho. Nesta conexão se deve ler Rom.
8 : 26~28;' E'fés. 4: 30; I Tess. 5: 19. -

...
CAPíTULO VIII

A' Avareza e Suas Con: eqüências


TRADUÇÃO
4:13.5:6

. Eia agora vós que dizeis: "H(] .e, ou amanhã ire.


mos a tal cidade, e lá passaremos u n ano e negociare.
mos e ganharemos", (vós que nem .aheis que sorte de
vida será vossa no dia de amanhã, porque sois apenas
um vapor que aparece por um pone • e logo se desvane-
ce) em vez de dizerdes: "Se o Senl ,or quiser, tanto vi-
·veremos como também faremos ist ou aquilo." Mas
I

agora vos gabais das vossas presunç ies. Tôda jactância


i

semelhante é má. Portanto se algu4 !TI sabe fazer o hem


e não o faz, é para êle pecado.
Eis agora, vós ricos, chorai bel 1 alto, dando urros
pelas misérias que hão de vir sôbr, vós. As vossas ri-
quezas estão apodrecidas, e as vossar vestes estão roídas
pela traça, o vosso ouro e prata est: o coberto de ferru-
gem, e a sua ferrugem será por tesemunho contra vós
e comerá a vossa carne como fogo. Acumulastes tesou-
ros em dias (que talvez sejam os) ú timos (da dispensa-
ção) ! Eis que o salário dos trabalh dores que ceifaram
os vossos campos, o qual tem sido lefraudado por vós,
está a clamar; e as vozes dos ceif iros têm penetrado
até aos ouvidos do Senhor dos exên itos , Tendes vivido
na- terra -em luxo e voluptuosidade] Tendes cevado 08
122 A EPíSTOLA DE TIAGO

vossos corações no dia do morticínio. Tendes condena-


do e matado o justo; êle não vos resiste.

PARÁFRASE

Agora duas palavras aos devotos do dinheiro.


Sois admoestados no Sermão da Montanha contra
a ansiedade: eu VOs previno contra demasiada confiança
em vossos planos. O futuro é mais incerto do que jul...
gais. Essa finalidade de decisões e planos para atividade
comercial em outras cidades e pelos anos futuros, sem
consultardes a vontade de Deus e o propósito divino em
vossa vida, é loucura, visto que nem de amanhã tendes
a certeza, mas antes a vossa vida é qual vapor que sobe
de um bule e se desvanece no ar.
Longe dessa brusca confiança, que cuida de negó-
cios como se esta vida fôsse uma eternidade a gozar- e
explorar, nossa atitude deve ser buscar a vontade de
Deus, que é soberano em nosso destino. A principal hi-
pótese de todos os planos humanos é: USe Deus assim
tiver proposto, eu continuarei a viver e farei o seguin-
te ... " Não é que a repetição vã das palavras valha coi-
sa alguma. E' a disposição que procura, primeiramente,
o reino de Deus e considera tudo mais secundário.
A vida que fizer planos sem essa submissão aos
planos divinos é presunçosa, e seus planos e contratos
comerciais são mera jactância má. E vós saheis melhor
do que viver assim. Portanto, sois pecadores, de pro-
pósito, pois a essência do pecado é ter conhecimento do
bem e do dever e no entanto praticar o contrário, ou, ao
menos, omitir de fazer o bem cuja obrigação bem en-
tendeis.
O' colheita terrível e medonha que resulta da ava-
reza! Posso, com a visão profética, enxergar a vossa ruí-
A EPfsTOLA DE TlAG)

na. Ressoam em meus ouvidos o vo 80 pranto e a8 es-


tridentes lamentações orientais que J io de ser ouvidas
quando o dia do juizo divino surgir. J .sse dia não tarda.
Manifestações dispensacionais de juízo profetizado
de Deus sôbre Israel estão à porta. Vosso tesouro -
metais preciosos cobertos de ferrugs IlS, vestes riquissi-
mas roídas pela traça por longos aJ os de acúmulo -
será testemunha contra vossa alma irovando que nem
amastes a Deus nem ao próximo.
E, juntamente. com esta voz me' Iíca, ouço também
os roucos' gritos de protesto, e os g midos de pobreza,
dos ceifeiros que vos deram pão pe. o seu suor, porém
vós lhes defraudastes o pão pela VOSSl opressão avara.
O Senhor, que é o General do eJ ércíto celeste, ouve
êste testemunho contra vós. Vê qu I vos estais ee'VllD-
do em glutonaria e luxo qual rês na ~ ~spera da matança.
E as vossas vitimas não vos resísten l, Mas... há quem
resista! E' Deus.
'COMENTÁRIO
~ste .trecho foi proferido aos íncrédi los; o que vem antes
dêste. aos crentes. Mais ou menos como os profetas do Velho
Testamento às vêses pareciam desvíar-sr para profetizar con-
tra Tiro e Sidom e as demais nações pagã. - A. Plummer

13. Os judeus da Dispersão desde o I rineípto haviam aban-


donado a agricultura; visto que congregJ ram-se principalmen-
te nas cidades. Era o comércio que mais J 18 interessava. O Egi-
to era o principal centro de atracão, 4 muitos judeus ricos
faziam parte da numerosa população ís aelíta de Alexandria;
Filo escreve de judeus que eram donos ie navios e negocian-
tes, nesta cidade. Quando tais judeus abl Learam o cristianismo,
certamente não havia motivo de abandom ~ sua carreira. .. Esta
secção visava mais os judeus do que os jl deus crisrão·s. - ....-
positor's Greek 'I'estament"

15. Tanto a vida como a aoão de) andem da vontade de


Deus. - uExpositor's Greek Testament"
124 A EPíSTOLA DE. TIAGO

15. "Se o Senhor quiser." Cautela! E' fácil entender estas


palavras de,- tal maneira que .se percl\, o espírito delas. E' uma
de muitas passagens da EscrItura que se toma segundo a letra
e não segundo o esnírí to, senão a letra de pouco valor. Como
em muitos dos ensinos do SermãO' do Monte, temos um princípio
anunciado na forma de uma regra. As regras são para serem
observadas literalmente. Princípios são dados para serem apli-
cados inteligentemente e observados segundo seu espírito: Não
obedecemos a Cristo quando deixamos o ladrão. que já nos rou-
bou um 'Vestido levar outro também; nem obedecemos S. Tiago
quando dizemos: "SE} Deus quiser" ou "Glória a Deus" em tô-
das as -ocasiões, .. E' possível guardar o preceito de Cr.isto sem
largar o segundo vestido, e de fato não devemos deixar o la-
drão levá-lo. E é também' posslvel rguavdar o mandamento dQ
irmão de. Cristo sem nunca pronunciar as palavras "Be Deus
quiser", o uso habitual das quais certamente há de degenerar
num formalismo vão e hip6crita em nós, e igualmente provo-
caria erítfctsmo desnecessário e zombaria irreverente em OU-
tros , S. Tiago quer dizer que devemos senfír de momento em
momento que estamos absolutamente dependentes de Deus. -
A. Plummer' .

16. "Agora, porém." Com as coisas no estado em que estão.


-' "Expositor's Greek Testamenttt
As vossas riquezas estão corrutas, as vossas vestes estão
roídas pela traça, o vosso ouro e a vossa prata estão enferruja-
dos. Temos três qualidades de posseseões indicadas nesta passa-
gem. Primeiro, depósitos de várias sortes de mercadorias. Es-
tas estão corruptas: tornaram-se podres e sem valor. Em se-
gundo lugar, vestes ricas eram uma parte considerâvel da ri-
queza de um oriental. Têm sido guardadas com muito zêlo e
com tanto cuidado que os insetos comeram-nas. e ficaram estra-
gadas. E, em terceiro, lugar, metais preciosos. ~stes se enfer-
rujaram e ficaram descorados, por não ter sido usados. Em
todos êstes casos a avareza tem sido tanto pecado como loucura.
Fracassou no seu propósito pecaminoso. Fo! a ruína de suas
propriedades. Como a ferrugem e as traças comeram seus bens,
assim o fogo do juízo divino lhes comerá a carne. - A. Plum-
mer. -.
3. "Comerá a vossa carne como um fogo." Torturar alguém
com as penas eternas . ~ Thayer .
A EPíSTOLA DE TIAf O 125
ICEm todo otempo de nossa riqueza, J om Deus livra-nos."
4. "últimos dias," - Otempo mais p rto d~ 'Volta de Cris-
to do céu. - Thayer
4. "Vossos campos," Implica terras rtensas, Calvino su-
gere que é especialmente iníquo que os qt 3 nos alimentam pelo
seu trabalho têm de sofrer fome. - A. Plummer
4. USenhor dos exércitos," Exército~ celestiais, - Green
...
4. Tanto o maltratar os pobres como ), salário que lhes foi
roubado pelo patrão avaro contrário à Le misericordiosa (lev,
i9 :13) que não permitiu demora alguma· .08 pagamentos, (Jer.
22:13; ,Mal. 3:5). - Ellicott

4. Demora e desonestidade em paga salários eram peca-


dos de uso comum. Lev. f9 :13: Deut. 24: 4, t5; J6 24 :to; Miq.
3:10; Prov. 3:28. - HExpositor's Greek Testament"

6• "Orgulhoso," Que se mostra rior a outros a seus


SUPI
próprios olhos, preeminente, com demas sda estima de si, de
seus bens ou de seu pr6prio mérito, df ;prezando outros, até
tratando-os com desdém. - Thayer
CAPfTULOIX

A Paciência na Aflição, nt Injustiça,


na Doença
TRADUÇÃO
5:7-20

Sêde, pois, pacientes, irmãos, a é a vinda do Se-


nhor. Vêde como o lavrador espera 1elo precioso fru~
da terra, aguardando-o com paciêne ,3, até receber 8S
primeiras e as últimas chuvas. Sede t 58 também pacien-
tes, e fortalecei os vossos corações, ] orque a vinda do
Senhor está próxima.
Deixai de queixar-vos, irmãos, U]' s contra os outros,
para que não sejais julgados. Olhai Iue o Juiz aí está
diante da porta.
Irmãos, tornai como exemplo d. sofrimento e da
paciência os profetas, que falaram el1 . nome do Senhor.
Eis que temos por hem-aventurados '.8 que permanece-
rem firmes. Tendes ouvido da const .ncia de Jó, e ten-
des visto o sucesso da providência do Senhor, que o Se-
nhor é cheio de ternura e compassive .
Mas sobretudo, meus irmãos, delxai de jurar, quer
seja pelo céu, quer seja pela terra, 01 . por qualquer ou-
tro juramento. Porém, seja vossa (pal rvra) o "Sim, sim"
e o ~"Não, não", para não_ineorrerdee no juizo.
128 A EPíSTOLA DE TIAGO

Está aflito alguém entre vós? ore. Está alguém de


hom ânimo? cante louvores. Está doente alguém entre
vós? mande chamar os presbíteros da igreja e dirijam
(êstes) uma oração sôhre êle, ungindo-o com óleo em o
nome do Senhor. E a oração (ditada) pela fé há de res-
tahelecer o doente, e o Senhor o levantará. E se tiver
cometido pecados, lhe serão prdoados.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros
para que sejais curados. Muito poderosa é a oração do
junto se fôr do íntimo do coração. Elias era homem de na-
tureza semelhante à nossa, e êle orou com instância pa-
ra não haver chuva, e não choveu sôbre a terra
durante três anos e seis meses. E de outra vez orou e o
céu deu a chuva, e a terra produziu o seu fruto.
Meus irmãos, se alguém entre vós fôr desviado da
verdade e alguém o converter, sahei que aquêle que con-
verte um pecador do êrro do seu caminho salvará uma
alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados.

PARÁFRASE
Suportai as aflições, as injustiças e as doenças com
tôda a longanimidade e paciência. Sêde quais lavradores
que desprezam o calor do sol e aguardam as chuvas do
plantio e da ceifa a seu tempo, confiantes na safra. O
fim de tudo na luta terrestre é a vinda de Jesus. Como
no caso de J ó, o sucesso operado pela providência de
Deus será, enfim, glorioso. Portanto, imitai as grandes
almas pacientes da vossa história nacional.
Emoções variadas surgem nestes transes. Não os
aceiteis com 'o praguejar e com palavras blasfemas.
tste costume deveis abandonar. Mas a íntercessão e os
..
, ,..
129
~

A EPíSTOLA DE TIA;O

cânticos são as maneiras lícitas e • onvenientes de 'dar


expansão às nossas emoções nas hoi as críticas da vida.
E em tudo, mantende a simplicídad ~ de falar. ".s~" qui-
serdes dar ênfase a uma afirmação repeti-a, mas sem
'palavras excessivas. Uma simples ialavra de afirmar,
ou negar, tem mais fôrça do que o I xagêro,
:'", .No caso de doença não estais 8 sós. Vossa igreja
vos ama e vos cercará de carinho. lvisai VOSSOs pastô-
res e virão orar a Deus e o poder dívh o vos curará. ."
Talvez seja o móvel dessa doeu, a o castigo divino.
Examinai-vos e confessai, penitente i, êsse pecado que
trouxe sôhre vós o castigo de Deus. E. assim a -ocasíão
será duplamente abençoada na cura do corpo e 'DO per-
dão da alma , Nunca percais de vista o poder de oração.
Elias não foi iexeepeional. Nossas trações .fambém, se
i

surgem dasverasda .alma justa, são poderosas. . '


Ftnalmente, sêde evangelizador! s , Salvaí a Israel.
Converteí .vossopevo; as .ovelhas .pell lidas de Crjs-lo~.des-
viandtr-seooinoes.tão do seuMessía -e Pastor .. E:· assim
'evangelizando conseguíreís a salvai io de almas ímor-
tais, e os pecados dos convertidos serão cobertos pelo
sangue expiador de Jesus, eternarm nte expiados e per':'
doados.
COMENTÁRIO
7. "Tende paci~ncia." Perseverar pa :iente e corajosamente
em suportar aflições e pob,rezB.- 'I'ha; er "
7. 1I
---
A »inda do Senhor." A volta fut: ra, vísível, gloriosa ffe
Jesus, o Messias, para ressuscitar os morte ;, presidir o julgamen-
to final e estabelecer formal e g]orióSaIi1 inte o reino de Deus.
- Thayer ~: .
\

7. "Primeims e últim.as chuvas. "As chuvas de outubro em


seguida, e as de março e abril. - Thayei
7. Poucas idéias são mais estranf l'Vêis e paradoxas do
que as que se combinam nas Escrituras. O reino e paciencia de
I

E.T. - "
180 Â, EPíSTOLA DE TIAGO

Jesus Cristo" em. Apoc .. 1 :9, por exemplo. Todos, os cristãos


são súditos de' úm reino pàciente. - Ellicott
o

7. ~stes verbos no aoristo imperativo têm a forca de 'uma


chamada para abandonar um estado degenerado e soam 9 vêzes
sucessivamente. :--. Hort

, ,~ .• ~~VÓ$ de espsrito »ocitante," Divididos em interêsse, isto


.é, entre Deus e o mundo. -:- Thayer. V6s de coração mOrno
para com Deus. ,-, Wevrnouth
----
. ,', "9. Deixai de .suspír'ar, murmurar. - Thayer

9. "O Juiz. n De Cr-isto, voltando para inaugurar o dia, do


juízo.- -, Hort ,,'
-. .

. . :1 t. "Pim. do Senhor." 'o resultado, êxito,:sorte final, a .ex-


pertêncía última
Thayer "
: de. J6 conforme" o propósito de, Deus.-
' , . .0'0.'

.
o

. 11." Paciência de Jó »:Paelênoía .inclui ti virtude passiva ',"e


ativa" e significa à per-s.ístêncía e continuação. - . Greeo ..

. 1. ",O Senhor é cheio de ternura:" De coração magnânimo.


A. Plummer
11. U Faleis mal um. dos outros. l ' Não é a línguagem víolen-
ta ou caluníadora que é condenada aqui, mas sim o amor de
queixas. A têmpera cens6ria é absolutamente anti-cristã. Re-
vela que demos muito tempo ,ao estudo da. conduta. de outros
que' ter-ia sido melhor ,empr~gado sõbre a nossa , o:. E.. talvez ~seja
ainda verdade que tenham dado "tanta atenção, não com o pro-
pósito
:.
de ajudarvpor
. .. .- a fim ,de criticar. -,.,A. Plummer
ém '.'

t2~, "UTn só é o Legislador. e o JuiZ.'1 "Há 'uma e tão sb-


mente uma Fonte de tõda a lei e autoridade, e aquela Fonte é

o próprio Deus. Jés.us Cristo afirmou a mesma doutrina quan-


do replicou perante o tribunal de Pilatos. "Não terias sobre
mim poãer algum, se êle não fôsse dado lá de cima." João 1J}~
1:1. Foi a última palavra de Cristo ao procurador romano, uma
declaração da supremacia áe Deus no governo do mundo, e UUl
protesto contra a instqpação: "Eu tenho poder para te Iívr-ar
A EPfSTOLADE TlAQ) 131
e tenho poder para te crucificar," - ales uJão de uma autori-
dade irresponsâveI.- A. Plummer

12. "Tu, porém, qu.em és1" "Quem l tu que julgas teu_


3
próxímo"? S. 'I'íago conclui esta breve se ção contra o pecado
ceasõrío por um forte argumentum ad tu minem. Concedamos,
para- êsje argumento, que existem graves nales na vida de al-
guns dos irmãos, entre os quaís víveís . (bncedamos que êstes
males devem' ser corrígídoa.. ÉS . tu precis .mente a pessoa me-
Ihorqualificada para fazer isto? Pondo. d parte a questão de
r .

autoridade, quais são as tuas qualificações ressoaís para o ofício


de juiz e censor? Tens aquela 'vida ímacul .da, aquela gravidade
de conduta, aquela pureza de motivo, aquí .e severo dommío ua
língua, aquela liberdade de contaminação I o mundo, aquela ge-
nerosa, caridade, que identifica um homem verdadeiramente re-
ligioso? Para tal homem, tratar da falta fe um .~rmão é puro
lucro. - A. Plummer

12. "Deixai de jurar. " O tempo (pro ente Imperativo) in-


dica que êste hábito prevalecia entre os cn ntes judaicos a quem
esta carta foí endereçada. Vej~-se Mat. e :31; e Luc. 7-13. -
Weymouth

12. Havia muitas subtilezas e manha; nos juramentos ju-


daicos e o estrangeiro ingênuo que conf'iav I num juramento que
parecia. firme e singelo descobria' depo~s st II engano, - Ellicott

12,. O que acaba de ser dito tornará c; sro que êstes manda-
mentos eram bem práticos e necessários, que os apóstolos não
guerreavam contra moinhos de vento, rol ; contra pecados que'
com tõda a certeza apareciam nas comunk ades cristãs, ou eram
até então imperfeitamente banidos. Os 4 -ítícos que exageram
as fraquezas entre os conversos de míssõe modernas no estran.. '
geiro na primeira geração da obra, podia ;1 também ter conde-
nado 'os resultados de Paulo com igual r zão. Porém o tempo
provou ser o trabalho. dêle genuíno - pl rvará genuína a obra.
hoje em dia. - Moulton . , ,
'h'

12. Tiago não está falando do [uran ento que se' faz l\Q,91
tribunal, nem de votos a Deus, mas está ( lscutíndo a expressao
.
de nossas emoções quando estamos em aí! ção Ou grande júbilo.
.
A EP!STOLA DE TlAGO

Notai quão comum é para os que estão aflitos o jurar e pra-


guejar. O pensamento de Tiago é o seguinte: Em grandes emo-
e.óes que surgem nas vicissitudes da vida, nunca deixeis que
os- iuramentos frívolos e a blasfêmia e ir:reverência sejam a ex-
pressão de vossa tristeza. - Carroll
12. "Sim, seja gim." Seja veraz vossa afirmação. - Thayer

14. Há dois verbos gregos para ungir. Um se usa para un-


Cão formal, oficial, de um rei ou sacerdote. Dêste verbo vem
o vocábulo Cristo. O outro, que está usado aqui, se usa para
descrever unção em ocasiões festivas (Luc. 7: 46), para saúde
(Tiaga 5: 14) e para sepultura (Mar. 16: f). - Green
f 4.. 01eo é recomendado como remédio por Filo, Plínio e Ga-
len. - Weymouth

14. Falta de referência ao ubispo" torna provável a Con-


clusão de que nas igrejas primitivas ,o bispo era o mesmo que
"ancião" ou "presbítero" - Weymouth'

14. Doutrina de Extrema. Unção: "Nosso Bendito Senhor e


Salvador Jesus Cristo, na sua terna solicitude pelos que remiu
por seu precioso sangue agradou-se em instituir um outro sa-
cramento, para nos ajudar naquela mais importante hora em
que depende a eternidade - a hora da morte. :tste Sacramen-
to se chama' Extrema Unção, a, última unção. O sacerdote em
ministrar êste sacramento unge 08 cinco principais sentidos do
corpo - os olhos, os ouvidos, as narinas, os lábios as mãos e
os pés - porque têm sido empregados durante a vida em ofen-
der a Deus. Em cada unção êle pronuncia as palavras: -
"Que o Senhor te perdoe todo o pecado quanto tenhas cometido
pela vista, pelo ouvido, etc ... " Citado por Ellicott de Um ma-
nual Católico de devoção - "The Crown of Jesus"

i 4. Quando o poder milagroso cessou na igreja é natural


que a unção cessasse também. - Ellicott

- 14. O óleo era um remédio comum no oriente (Is , f: 6;


Mar. 6:13; Luc , 10:34). Foi somente no século XIII que a
extrema unção foi considerada um sacramento. - Farrar
•..
A !:PisTOLA DE TU· GO
t 4.A uneão "com 61eo não visava ft Jer do ministério má-
.dicas, portanto seu uso foi simbólico. ~ .CarrolI "" .

14. Notai cuidadosamente estas E oríturae. Atos fi :80,


que é antes do tempo da carta de" Tfag1 tAtos' f4 :23;15 :2, 6,
22; 16 :4; 21 :18. Ninguém pode ler esf s passagens a respeito
dos presbíteros sem notar que há UDl 1 distinção entre um
leiga e um presbítero - êste tem um orí do, ocupa uma posição
representativa. Bons comentadores nota n nesta instrução que
quando os presbíteros respondem a êste sonvite vêm numa ca-
pacidade oficial. E' como se a própria I p'eja se reunisse para.
orar a favor do homem doente ... A ~ rica diferença que eu
vejo entre as igrejas d.oN'Ovo~estamenl ;) e, as igrejas bati&tas
de hoje em dia neste respeito é que as if rejas batistas hoje não
prestam "a mínima consideração a um rreshítero na igreja a
não ser que êle seja o pastor da refer: ía igreja. Nas igrejas
do Novo Testamento, os presbíteros da igreja, seus membros
que tinham sído consagrados ao mínís érío de Deus, embora
somente um fOsse presidente do rebanh I, todos foram estima-
dos como oficiais das igrejas de Deus e I ignos de consideração.
--J Carroll

14. Mar. 16:10, 13. E' evidenteme lte uma atestação mi-
lagrosa ,e divina dos que operam o mil gre. 'I'iago vive e es-
creve no meio da época apostólica. 'E' ) primeiro esoritordo
Novo Testamento. Neste tempo os apósto )8 eram vivos e tinham
a comissão de seu Senhor para curar o doentes, e aquela co-
missão pelos apóstolos cabia à igrej a . Minha opinião é que
Ti~go fala de um sinal para atestar g\ 3 a igreja é de divina
origem e uma vez provado isto, creio qu ~ Q sinal acabou .Nun-
ca senti a mínima obrigação sõhre mim como presbítero de ir
nos doentes É; ungi-los com 61eo na esper mça de que sertammí-
lagrosamente curados. - lÚarrol1

14. ~le (o clero) inventa u.m saerai lento para os moribun..


dos: Tiago ensina um mandamento qUE visa que o doente re-
. oupere sua saúde. - CarroIl

i 4. "Os presbíteros da igreja." Prc la a existência de uma
organização desenvolvida. - "Exposito
_ _ _ t...-
's Greek Testament"
f4. No princípio encontramos com ins.truções, sempre Para
cuidar dos doentes, I Tesa.. ·6 }U.·~. Na 4 ração da igreja, preser-
134 AEPfSTOLA DE TIAGO

vada na primeira epístola de Clemente, há súplicas especial-


mente oferecidas pelos 'Que estão doentes em corpo, ou alma. -
Harnack
~ _... _. "

f4. O antagonista de Lutero, o Cardeal Ca-jetan, no.seu 00-


mentârío sôbre êste vergículo, negou que tinha referência algu-
ma ao Sacramento de Extrema Unção: Textus non dicit "In-
firmatur quis ad morteml" sed absolute "Informatur quis?" et
effectum dicit infi1-mis olleoiationem, et de remissione peeecio-
rum tum nisi conditionaliter loquitu»,
Praeter hoc quod Jacobu» ad unu,m aegrum multos pres-
byteros ,tum orantes tum ungentes mandat »ocari, quod as ex-
,trema unctione alienum est,' - Mayor
14-20. O fim desta passagem é estimular os auxílios espiri-
tuais mútuos dos cristãos c0I1!o um dos grandes propósitos e
privilégios da instituição da igreja. O corpo devia sentir a sor-
te de seus membros. 8e um homem estava aflito, devia orar; se
alegre, devia cantar hinos: em nenhum dos dois casos fala o
apóstolo da oração ou cântico particulares, porém da parte da
congregação cristã. Ali todo cristão poderia. encontrar o melhor
alívio de suas tristezas, e a mais viva compreensão de sua ale-
gria. Porém se um homem estava doente e não podia ir à
congregação, todavia não era obrigado a perder o benefício de
sua comunhão cristã com a mesma: poderia pedir-lhes que o
visitassem; e como a congregação inteira não podia ir, 08 pres-
bíteros haviam de comparecer como representantes da mesma.
e suas orações estariam em lugar das orações da igreja tõda ...
Ora, êste mui divino sistema de uma igreja: viva, na qual cada
.um havia de ajudar aos outros, na qual cada um podia desvelar
.seu coração a seu vizinho e receber o auxílio de suas orações,
na qual tôda oração fervorosa que Iôsse oferecida em nome de
Cristo tinha grande promessa de bênção - êste sistema divino
já foi quase destruído pela noção de um sacerdócio que exige
que os homens confessem seus pecados ao clero, e a êste não
como aos seus irmãos, mas como aos vigários de Deus;' e limi-
tando a prometida bênção de oração aos sacerdotes, na sua ca-
pacidade sacerdotal, não na sua categoria de cristãos, nem como
representantes da igreja, êste sacerdotalísmo transformou a sim-
patia fraternal de uma sociedade cristã no domínio de um cle-
ro e numa mistura de indiferentismo e superstição entre os
.leigos
..
, - Dr. Amold -
, .
A EPíSTOLA DE TIA co 135
15. Restabelecerá." Isto 'é, de sUQ
11 doença' (Atos 9~S"').
Porém, a despeito. destas palavras, Q .."ext: emaunção" .é ,'pr~ibJ~a_
sertão em casos' onde não há-esperança' le···recuperar"8'"s&\)(ier.'
Do mesmo modo que não há necessidade em nossa terra de la...
var os pés uns dos outros (João 13 :14) assim também não há
conveniência
. para nós no costume oríení
"", .."- ...._
. LI de usar 61eo na-cá-
. eca.
b ,
-Ós

As coisas praticadas-por Cristo e sem apóstolos e60-.de onri-


gação perpétua tão somente 'quandó eont nuam a ser dteis para
08 propósitos perpétuos que são uma n4l1 ,essidade perpétua. -
Farrar .

f5. A oração da 16 á o .principal:..... ; uneão eom ·óleo·ti iQ..


cídental, uma rormalíqade símbélíca e ubordínada , Quão di-
ferente seria o significado desta passage a se mudasse a ordem
e.díssesse: "Ungi-lo com óleo, fazendo OJ I.çã'o sObre êle." -'A.
T. Pierson•

t6. Â contíssãc e a oraçAo são mütm ,. - Weymouth

16. Hooker, um católico inglês, disse: "Não era da doutrina


e' fé da Igreja de Deus, como é do Pap ido' atualmente - (i l
que o único remédio pelo pecãdo depois t Ó batismo é apenitên-
cía sacramental. (2) Que confissão aur: ~ular é parte essencial
dela. (3) Que nem o próprio Deus pod .perdoar pecados sem

um sacerdote. (4) Que devido à necess jade do perdão conoe-


dído pelo sacerdote proceder da confiss .c do pecador' portan-
to a confissão a êle é de tal neoesstdadh que, não sendo feita.
em ato ou em pensamento ou ao menor em desejo, é excluído
o pecador forçosamente de todo o perdâ ., esta confissão é exi-
gida e mandada nas Escrituras, embora .uhentendídá, em todos
os lugares onde .qualquer promessa de perdão é feita. Não!
Nãol Estas opiniões. têm o vigor da juve rtude nas suas feições;
a antigüidade pune a as conheceu, nem C nn elas sonhou. n

16. O que 'I'íago quer dizer é isto Se eu praticar uma


Injustiça contra um irmão, devo confess r a ofensa. Se êle me
ofende, deve por sua vez confessar su falta a mim. Se eu
tiver ofendido a Deus devo confessar i to a Deus. Pois bem.
A confissão deve ser reíta à pessoa co itra qual a ofensa foi
praticada. As vêzes uni homem pre, rdíea ou "injuria uma
136 A EPíSTOLA DE TIAGO

ígrf:lja. ,$' réu d~ uma ofensa tão grave e pública que uma
Q~Rfi$sãõM é 'd~yida li ig'l"eja.Como· bebedíce, por' exemplo. PQ-
rQm' 8.~PQnh~H~Ri que eu '~~~eJ;J,t,f t~v, pe~sQ.~ento, pec$lJlin~l~
nJ}' rp~n.q~ w~pte,. Devo cQnles~a,,:"los à. IgreJ a t l'i ao; De ~.o l;l!ll-
1~~s~f _ê~ltles. a :pe~$. Conlessaí ~~h~ ~~l a Deus, nao à igreja ~
~ L -
\.Aªr.rQt
t '.
• . ." .
~. ~ I

16. Confessor estranho I Sen nome é: "Uns aos outros",


L~t~fg, c,~t~do ~çr :P'1\:~~igne em uA: n~~qfW~·"

. ~O. f~çador. Preeminentemente pecaminoso, especíalmen-


te Iníquo. - Thayer -

20. 'Piago não fala de errar em doutrina. 'I'iago não db-


eute doutrina, no sentido dogmático. Errar da verdade COl1-
siste em andar desgarrados de Deus na religião prática. Carrall.
Cobrir muttidão de pecados , - Salmo 32 e Bom , 4 .
_ • _. _ _ LO
..
L'_"""
-

20. "Pecados." Em a Ep. de Tiago, 5 :2.0, a expressão pa-


r~o.e. ser usada a respeito dos pecados de outrem, porém no sen-
ti% ~~ ~~~1,lltá.,..los da vista d~, Deus, apagando-os pelo arrepan-
dif.P:~~t9 - do pecado. - Llghtfood -

, 1~,,:,,2Q. OS "irmãos" d~ste trecho são os mesmos a quem $


EllístQla é endereçada -_. os irmãos de 'I'íago "das doze tribos
dft J~r~el~\ $131,l$ irmãos na "Diáspora", não em Cristo; seus ir-
m~9;S per-dídos, não salvos; seus irmãos que jazen; na "morte,",
nio ipmãos que gozam a. 'vida eterna; seus irmãos "pecadores",
irmãos que necessitam de conversão" para "salvar suas almas",
II

irmãos cuios pecados ainda não foram cobertos" . ' II

'. Seu "desvio da: verdade" é igual ao "êrro do seu caminho".


A: verdade é prática, é um caminho de vida, revelado por Deus
em Jesus Cristo. Não se trata de dogma estabelecido por auto-
ridades eclesiásticas, mas sim, da revelação dada no Velho Tes-
tamento e realizado em Jesus. .tstes israelitas todos crêem, in-
telectualmente, no Messias prometido aos seus pais. Seu perigo
é desviar-se daquele que é caminho e verdade, não reconhecen-
do em Jesus o Messias enviado por Deus, e assim ficar sendo
uma Dispersão, desiludida e desesperada, "as ovelhas perdidas
da Casa de Israel".
AEPíSTOLA DE TlAO I 137
Aconversâo contemplada éque um JUI eu que écrente p-
nhe seu irmão judeu que não écrente, para afé em Jesus como
oMessias.
Os pecados aserem cobertos são daqu, 11e que fica conver-
lido aJesus ~elo esfôrço de seu irmão ql e já era crente em
Jesus - pecados do perdido, nâo do evanelizador Alingua-
I

gem é do Velbo Testamento, do ritualle'tico, dos sacrifíciO!


pelos quais opeeado do povo foi expiado, Trata..se, inegàvel-
mente, da remoção do pecado pelo sangue ~ l expiação derrama..
do pelo sacrifício de Jesus :Cristo na cruzl não do acúmulo de
méritos transferíveis dos santos Tiago fil la sua epístola com
I

amesma grande idéia evangélica que Pauh cita dos Salmos, na


Eplstola aos Romanos: "Bem·aventurados aquêles cujas iDt~
qüidades são ,perdoadas, e cujos pecadol sâo cobertos." -
W.C.T.
COMO USAR t:STE LIVRCEM AULAS
. ,

tste opúsculo é fruto das aulas. do antigo Colégio


.da Bíblia (Pernambuco) e visa ser us ido tanto em estu-
do particular como em aulas bíblicas te Colégios, classes
bíblicas -das igrejas e institutos bíblico! . A experiência em
ensiná-lo nos leva a fazer as seguintes sugestões:
, 1. Os estudos da introdução p -ocuram servir' de
ponte pela qual estudantes e gentios de século XX possam
passar, pelo auxílio da imaginação sal tífícada e refreada,
ao ponto de vista de leitores judeus de nna epístola ju~i..
C8-' da primeira metade do século I.
, 2. Comparai a tradução com as zersões Figueiredo,
Almeida, Brasileira e Franciscana, des acando quatro alu-
nos para ler, versículo por versículo o trecho da lição.
Do estudo das versões da Bíblia nasc ~ luz sôbre os pro-
blemas da tradução. Esta tradução ~ Irocura dar -o sen-
tido exato do grego do original, reec aheeendo que nem
sempre a tradução mais literal é a ms ís exata.
3. Isto feito, estudai a paráfrase que em adição àI
idéias expressas no texto, combina OI fatos das circuns-
tâncias e os ensinos .já anunciados I J contexto ou que
são pressuposições comuns ao autor ~ aos leitores, mas
estranhas ao nosso modo de pensar.
A paráfrase procura dar-nos a i npressão total que
a epístola visava fazer na mente, do s !u primitivo leitor.
4. Seguem perguntas que estão e .umeradas segundo
as páginas para a conveniência dos Ie teres.
PÁGINA 11

1. Qual o propósito da Epístola de Tiago?


%. Como se pode tomar prático o ensino di Epístola?
140 A EPísTOLA DE TIAGO

S. Citar o próvéi-bio sêbre a eontrcvérsia•


•. Qual a relação entre os escritos da Bíblia e as primitivas contro-
vérsias religiosas?

PÁGINAS 11 e 12

5. Como podemos doutrinar, seguramente, os crentes da atualidade com


Escrituras provoeadas, em mu'tos casos por controvérsias mortas.
enja natureza dificilmente compreendemos?
6. Quais as duas questões fundamentais' na religião que surgem em
tôdas as épocas?
.7. Que significa salvação "pela graça"?
I. Quem é O edueadôr, por excêlência, da mente humana neeta verda-
de preciosa?
PÁGINAS 12 e 13
9. Descrever o eclipse de Paulo e sua mensagem nos séculos po8t-
apostólicos.
I'. Pode um homem ser salvO' sem ser moral? (Não tema o aluno em
dar uma resposta firme e categórica de "Sím", pois Cristo veio
para buscar e salvar pecadores, homens imorais. A salvação é. o
primeiro passo para a verdadeira moral e para a espiritualidac1e.
que consiste em amar li vontade de Deus).
U.. Pode um homem ser cristãmente religioso sem ser l1loral? (Tam""
bém não tema em responder: Não, pois à moral evangêlfea , da
essência da religião pura, Ninguém é religioso, conforme T~ago.
que não refreie a língua, visite os necessitados, e se guarde da
imoralidade e :inundanism'o.)
11. A que foi devido o fracasso parcial da Reforma?
PÁGINAS 13 e 14
11. Mostre a relação lógica entre a salvação e a moral.
14. Mostrar que no estudo abstrato de UlJ).8 doutrina se pode separar
elementos e fatôres que na experiência são inseparáveis. Qual a
influência dêste fato na harmonia de Paulo e Tiago?
lS. Qual a ordem dos grandes elementos da experiência cristã, segun-
do Paulo e Tiago?
PÁGINAS 14 e 15

16'. Citar Escrituras que provam que na experiência êstes elemento!


são unidos e simultâneos no seu início, e progressivos na sua ma-
nifestação, seja qual fôr a sua ordem lógica.
A ÊPfSTOLÂ D:É T'AGO
o

17. Descrever o efeito sabre ai i-éligi6és umanas de vistos parciais"


destas verdades.
18.. Qna1 o ..iDico !~áhgelh«» dê Ctiéto, ~ 4 ótdeift evâbgRikatde .~
elementos?
PÁGINAS 15 e l~
19. Qual dêett!ls elementos eiÍá fraco, atual nente, nos cíi:~uló8 evàà-
gélicotl? Por que? ~ ,". .
20. No Novo Testamento quais os estudos I " curso primiriô c1iill dis-
.. eípnles de Cristo? '-.' 4 . '.
21. Qual li" pdAiçlo que cabe à Epístola de , lãgo õà edüêàçãé áa COIu-
eíênela cristã?
PÁGINA 17
22. Na liniUlgeltl bíblica são in8piradõs õM l'itltortt das a..irltutàs; ou
8S Escrituras mesmas são insp!radas '?
23. Foram os auto-és que tiveram iúfáHliilidl le ou foram os eseritee por
êles produzidos sob influência especial do Espírito Santo?

P ÂGIl~AS 17 e 18
24. Comparar a Palavra encarnada e a Pah na inspirada, amha8 ~
culadas e infalíveis, porém reveladas 9 mundo por uma .'Virgem
que não foi imaculada e por apóstolos I ue não foram infalíveis.
"25. Citar de memória alguns casos onde . 4) apóstolos não mostraram
infalibilidade. (GáI. lI: 11 Cor. 12: 3; João 21:21-23; Atos
1:7; Tiago 3:2; ete.),
26. Foram as Escrituras ditadas aos autores palavra por palavra como
a um taquígralo ou a uma máquina?
17. Qual ft relação entre as Escrituras e a experiência espiritual dos
autores?
28. De que é o Espírito Santo o Criador?
29. Comparar o crescimento do menino Je U8 e a compreensão pro-
gressiva da verdade inspirada que temo. na Bíblia pela instrumen-
talidade da experiência dos seus auto I ss pela obra sobrenatural
do Espírito S a n t o . '
30. Em que sentido são gêmeas a verdade nuncíada por Tiago e sua
experiência? "" . '
31. Como adaptou o Esplrito 8ua tlJebsageirJ aos 1Cárácté:Hsticbs ~~ tida
autor, adaptando em turno cada autor i parte da verdade de cuja
revelação tinha de ser o vaso?
32. Que disse o dr, Schofield do caráter de Tiago?
33. E o dr. A." T. Roberhôu?

j
142 A EPíSTOLA "DETIAGO

PÁGINAS 18 e 19
U. Analisar 08 elementos de nobreza no caráter dêste varão.
"3S. Qual a comparação feita por Moffatt? ,
36. Quantos versículos no livro, e quantos imperativos nos versículOl'?
Quantas palavras de louvor?
31. Com quais dos profetas se compara Tiago?
38. Entre a8 Epístolas qual o lugar saliente da de TiágO?
39. Quai~o8 escritos judaicos do Novo Testamento, e qual o IDnh
judalco?
. 40. Fazer uma lista dosversículoe que, 'ao seu ver, seria neeessârie
eliminar para Tiago fazer parte do eânon do Velho Testamento.
41. Enumerar várias doutrinas criatãs fundamentais que não são meD-
eíonadas na Epístola.
42. Comparar Tiago e João Batista como profetas.
43. Que informação, obtemos -de Hegesipo a respeito de Tiago?-

PÁGINA 20

'". Mostrar quão sábia foi a escolha divina dêste judeu para sua pe-
sição saliente no Cristianismo primitivo.
45. Que disse Rui Barbosa acêrea de Tiago?
·46... Compare êste simples' pastor com os apóstolos na íníuêneia fl1lC
gozava no chamado "Concílio de Jerusalém". ,
PÁGINAS 20 e 21

47. Como- distingue o celebre Frederico Robertson 8S reepectivas Bti.,-


'sões de Paulo, João e Tíago no Cristianismo?

PÁGINA 21
48. Citar versículos chaves que constituem protestos contra aquilo qtie
é oco e hipócrita na religião.

PÁGINAS 23 e 24
49. Resumir a evidêneia de que Tiago foi meio irmão de Jesus.
50. Dar os nomes dos outros irmãos de Jesne.

PÁGINAS '25 e 26
SI. Dizer na linguagem bíblica o que teria sido considerada a "virgill-
-I
A EPíSTOLA DE TIAG)

dade perpétua" de Maria· no seu dia e entr: seu povo. (Lue, 1:25).
52. De onde partiu esta idéia?
/53. Descrever r '; a pOliçã'o, de Tiago no Criatianil' 1110 primitivo, e O res.-
peito por suapef)soa manifestado. pelos pr6prios apóstolos de
Crigo. .
M. Ler 8S referênelas dadas.

PÁGINAS 26 e 27

5S. Mostrara distinção exata na história prill itiva entre o irmão do


Senhor e seus primos que alcançaram posi :ão saliente Da Cri8laD-
dade.

PÁGINAS 27 e 28

56. Que oportnnldades para o conhecimento d língua e cultura grolll


havia na Galnéia?
57. Que motivos levaria Tiago a aperfe'içoar sel I conhecimentos la'eps?
58. Mostrar a similaridade, entre 88 figuras • símiles de Tiago' e de
Jesus, em contraste com as de Paulo.
59. Citar algumas- destas figuras. Examinai IS referências.

PÁGINA 28

~._ ..Que familiaridade com o Velho Testamel ,o é Dotada nesta Epú-


tola, e que nos ensina êste fato '8 respeito. do lar em Nazaré?
'1. Quanta~ alusões na Epístola '80 Sermão n Montanha?
,z. Como é que o estilo de Tíago nos obríj ~ a elevar n08SO PfttM-
.mente da-cultura da família de Josê .e ~ Iria?

PÁGINA 28
fi. Que diz Hayes sêhre a relação entre Tia.·. e Jesus, e sua henap
comum?
PÁGINA 29

.a4. Dizer o valor especial do testemunho de ~ ia~~.de de J_t.

PÁGINA 31
6'5. Dizer o destino e a data da Epístola.
66. Que temo! de fazer para podermos entel iler a Epístola?
'67. Enumerar os lugares da Dlspersâo judaica que foram repreaen. . . .
no auditório de Pedro DO dia de Pentecr Iles.
A EPíSTOLA DE TIAGO

PÁGINA 32

68. Ate que número de membros chegou a Igréja de JerU9iil~tn,' Da


opinião' do dr. Carroll, antes de serem espalhados sôbre a terra
pela perseguição?
69. Qual a relação entre os cristãos e os judeu~ nas sinagogas, n~il
época?
10. Qual a significação de Diáspora, nesta Epístola?
71. Descrever os elementos da sociedade judaica da Diáspora.
7!. Quais as principais divisões geográficas da Diáspora?

PÁGINAS 32 e 33

73. Dar o interessante testemunho de Filo sôbre a Diáspora no ano Mt


74. Onde provàvelmente foi esta Epístola mais distribuida?
7S. Dizer li tremenda significação da Diáspora como preparativo tiltta
o Crístianiemo.

PÁGINAS 35, 36, 37 e 38


76. Ler clIidadosamente as referências bíblicas de páginas 35-37.
71. Enumerar os pontos de distinção do estado de coisas atual DO
Cristianismo e '8 situação em 45 A. D., antes da separação ser efe...
tuada entre o cristianismo e o templo e a 8~nagoga.
18. As tr~8tormaçõe8 religiosas se efetuam repentina ou gradualmente?
19. Como foi na Reforma?
80. Qual a data e o evento que cristalizaram a cisão entre 08 judeus ~.
oscristãos?
11. Que disse Paulo em sua última visita a Jerusalém, e quando chegou
a Roma e reuniu os líderes dos judeus na sua casa, a respeito de SUilI
lealdade à Lei e aos ritos de seu povo?
81. Que significa o cristianismo ser chamado H seita" pelos judetu
em Roma? seita de que?
83. Numa teocracia qual a função civil da lei religiosa? Qual a obri-
gação civil de um judeu crente para observar, na Palestina, 08 sá-
bados, as luas novas, e outras ordenanças da lei levítiea?
M. Distinguir entre a obrigação nacional dos judeus neste sentido, ~
liberdade evangélica dos crentes gentios que nenhuma obrigaçã0
nacional tinham com as ordenanças judaicas.
85. Estas obrigações, mesmo para os judeus da Palestina, foram obri-
gações cuja observância era meio de salvação? (Atos 15:9).
86. O aluno leu 8S passagens, e avalia para si a tremenda difir4mça
entre a vida religiosa de Paulo e Tiago no templo e na sinagoga.,
suas reais obrigações nacionais sob sua lei nacional, a Lei de Moi-
A EPíSTOLA DE T1 lGO 14.6
sés, e a liberdade que os crentes gentio lozavam, e gozam, dêlte:
"jugo", (Atos 15:10)? Também pereeh que, a despeito da dife-
rença na at!tüde pa-a com as ordenançai Ievítícas, o Evangelho e •
experiência da salvação" era a mesma e nos metíno8 têrmo,8 p~
crentes judeus e gentios? Pode haver i :êntica eí:periêneia de Iü-
vação, e no entanto tremenda ditereng D08 co_lulnes religio8iM.i
mesmo hoje em dia.

PÁGINAS 39 e 4~
81. Notar que a paráfrase procura resumir , que o próprio vocábulo
"TIAGO" havia de surdr no pensameí to das tribos dispersas de
Israel. Explicar nas próprias palavras. conteúdo da paráfrase.
88. Comparar com estas as eutras tradnçõ"eiQuaie a8 diferenças?

PÁGINAS 40 e 41
89. Citar a opinião de Schofield e de Hort B hre os própositos do autD:!"
em escrever esta Epístola.
"90. Quais as palavras chaves, e sua signific. tão?
91. Citar 8S opiniões de Lange, Moffatt, D. lny e Zahn sôbre a natu-
reza desta Epístola. , .
ti. Que razões apresenta Carroll pelas quai a Epístola foi escrita?

PÁGINAS 41 e 42
9S. Foi enviada a muitas igrejas, ou a uma
94. Qual a objeção de Lutero à Epístola e a resposta?
~. Comparar o. ensino do Tiago eom o dj Paulo e João.
H:. Dar o sígnlflcado cristão de servo" ~ rando usado pelos autores-
U

do Novo Testamento a respeito de &i.

PÁGINA 43
97. Citar 8S várias opiniões sôbre a "Dispei ão" visada neste veníc~,

PÁGINAS 43 e 44

98. Dos dois esboços dados de qual gosta Dais?


". Traduzir o esbôço em latim de Tiseheí a.od.
PÁGINAS 45 -4~

110 __ Comparar a versão desta obra COIJ) as I emais traduções.


)'1. Definir provações.
146 A EPíSTOLA DE TIAGO

PÁGINAS 49 e 50

102. Qual é a graça mais nobre, a inocência ou a pureza?


103. Que implica U fordes assaltados U , neste texto?
104. Mencionar alguns motivos para DOS regozijar nas provações.
]05. Que provações tinha havido na Diáspora?

PÁGINA 50

106. Definir bem 8 .... " •


""eonsumcia
PÁGINAS 51 e 52

107. Definir "maduros", "Integros", Ç"aper/eiçoada".


108. Qual a diferença entre ser "integro" e ser ,.,.maduro" ?
109. Que é sahedoria?
110. Por que não é desculpado nenhum obreiro cristão se pratica tolice,?

PÁGINAS 52 e 53

111. Mostrar a relação inevitável entre o amor e o dar.


112. Quais as palavras salientes nas mensagens de Tiago, Paulo, 10t.
e Pedro?
113. Que quer dizer "ulma vacilante"? Qual a ilustmção de BODJaa1

PÁGINAS 53 e 54

"114. Distinguir a bênção do Velho Testamento da do Novo.


115. Que quer dizer "coroa de vida"? Concorda com a interpretatio
de Hort?
116~ Explicar 88 várias fignras usadas sôbre a tentação sedutora, e81_ _'-
do de novo a Paráfrase sôbre Isto ,
"117A Que quer dizer fatalismo? Como tende o fatalismo a manif. . .-
se na hora das tentações?
]]8. Como eombaten Tiago o fatalismo?

PÁGINA 55

119. Dar o eshôço de Farrar sôbre o Novo Nascimento.

PÁGINAS 56-58
1%0. Que luz sôbre a tradução pode ser obtida da Paráfras'e? Co..,.,,-
rai 3S outras traduções.
A EPíSTOLA DE TU;o 141
PÁGINA 59

lIL Dizer .s
três figuras da palavra de Deu.
112 ~ Que tentação neste contexto é eepeeíaln ente mascâbna, e como
Tiago Indfea êste fato?

PÁGINAS 60 e 61

113. Dar a divisa de Francisco de Sales.


124. Que quer dizer "justiça de Deus".
lU .. Definir "imundícia", "resto da maHcia" "imoralidade", e dizer
te as pessoas aqui contempladas eram riltás ou incrédulas. ao
I

seu ver.
116. Como fica a Palavra " arraigada" em DÓ.

PÁGINAS 61, 62 e 63

.111. Explicar a diferença entre aceitar a PaI. 'la de Deus, de vez, na


alma, e o dever perpétuo de observá-la.
118. Citar os três provérbios que se eneentrai ~ nesta página, especial-
mente sôbre as classes de discípulos-
129 ~ Em que consiste a religião?
130. Qual a sugestão na frase: "Ilndmdo-ves a vós mesmos eom 60-
fismas"?
111. E' homem ou mulher que manifesta a ., ridade de se contemplar
no espelho?
li!. Que qualidade de espelhos havia naqnel, tempo?

PÁGINAS 63 e M

111. Que quer dizer "lei da liberdade"? E~ o Pentateuco ou o EVaDIO-


lho? Em que sentido é lei da liberdade?

PÁGINAS 64 e 65

134• Que distinção tácita existe, conforlUte TIi Iyer, entre 8. parte ceri-
monial da Lei e a parte moral?
ISS _ Distinguir entre religião e ritual.
156. Qna18 os três elementos de religião genu la que Tiago menciona?
(Refreiar a língua, sociahilidade carido8~ boa moral) ~
111. Dizer a diferença entre a religião e a s lvação. (A salvação é o
que Deus fêz, e faz, e fará, para o pee aor perdido, pela morte
redentora, ressurreição e inteooessão de 4 rísto, e é alcançada me-
148 A EPíSTOLA DE TIAGO

diante o arrependimento e a fé; a religião do cristão é o que o


pecador salvo faz pelo amor e gratidão a Cristo em adorá-lo, ser-
vi-lo e obedecê-lo.
Em qu~ outra passagem do Novo Testamento estão 8S visitas een-
síderadas comolazendoparte essencial da religião? (Mat. 25 ~
36, 43, onde servem de base do juízo divino).

PÁGINAS 67 - 71

139. Como é a tradução esclarecida pela Paráfrase?


ltO. Qual a natureza ~ falt~ censurada em v. I?
1.1. Repetír ~ ilustração do dr. CarroU sôbre a igualdade dos homeJt8
diante de Deus.

PÁGINA 71
142. Que quer dizer lia fé" neste versículo e como pode ser exercida
sem respeitos pessoaís ?

PÁGINA 72
143. A luz do Velho Testamento, interpretar o têrmo "gloria" em to-
nexão C9~ Jesus.
lU. Ler as referências nesta página.

PÁGINA 73
145. Ler as referências dadas nesta página.
146. Explicar " sinagoga" neste contexto.
PÁGINA 74

147. Qual a conclusão a que chega o eomentador sôbre "a sinagoga" ?


148. Descrever os costumes de então no uso de anéis.
149. Qual a significação etimológica de "pobre"?
150. Que cômodos havia nas sinagogas para os auditórios?

PÁGINAS 75 e 76

151. Que é um herdeiro?


152. Ler as referências sôhre ricos" . Em que sentido eram uricos~'?
H

153. Qual o sentido aqui usado de "fé"?


154. Qual a relação propositada do Evangelho com os pobres?

_ _.. ~.~ 'm-'


~ ~~TPJÃ' DE: ~G t
P ÁGl~AS 76 e 77
• ; , -o ..J ~ _ •

15i. ÓD~ ~n)qpJ'" '~r,~ êstes?


156. Qual o ~f~p'J.8 QQp1~" P HBlP'~q I?h~p111~9 ~q: 11=' .ª~,1
' A

.
rÁ~JN. 77

)57. Dilliuguir eDlre • lei levítica e os dez


lia. 60.0 pode o violador de um só preceilt~ (a Lei
QlI' 1,,,,_'0ler
,,. '~JJlitlJ~
réu de lodo. os preceitos da Lei?

159. Explicar a ~olidariedade da Lei.


160. Que quer dizer e "Lei da Líberdade" ?
161. Que dizem as referências nesta pálbla1
162. Que quer dizer: "A miserieôrdia triunfa • , itl~9"1.

PÁGINAS 80 - 84

163. Comparar, trecho por trecho, as versões.


164. Que e~êl!1recúnento tira da Paráfrase?
165. Que significa "fé" neste contexto?
166. Discutir a tradução "essa fé". Em que se I aseia e que luz dem-
ma sêbre a interpretação desta pasaàgem?

PÁGINAS 8~, 85 e 86

167. Que signüicaçâo tem aqui a menção de UI a "irmã"?

PÁGINA 86

168. Comparar a esterilidade física com a espir tual ,


169. Que distinção faz o dr. Pierson entre os po itos de vista de Paulo
e Tiago ?
170. CODJ,O devemos interpretar a objeção "Mas 11guém dirá"? Quem,
é êste algUém, e com quem é que êle fala?
PÁGINAS 86, 87, 88
171. Qual a idéia de "tremem"?
172. Ler as referências bíblicas nestas páginas. Que dizem?
17~. Descrever os três sentidos em que o hO,meDl mencionado é .. vão" •
114. Co~o, - pAAe -ser afé "oci9'~"?
150 A EPíSTOLA DE TIAGO

175. Estudar hem e narrar nitidamente 08 dois incidentes histórico,


quando Abraão foi jUitüicado pela fé e quando foi jus1Üieado
pelas obras. Quanto tempo se passou entre os dois incidentes? .
176. Como se pode dizer que a fé coopera com 8S obrai?

PÁGINAS 88-95
177. Explicar a figura dos dois homens enfrentando dois Iadrõee.
178. Estudar bem- e explicara teoria do dr, Carroll sôbre esta passagem..;
179. Dar as respostas do comentador. Explicar as várias fases da .deu-
trina de justificação analisadas pelo autor dêste comentário.
180. Qual a significação de Raabe em provar a justificação pelas obras?
181. Qual o paralelo entre Raabe e os crentes da Dispersão judaica
quanto à oposição nacionalista de seus patrícios?
182. Que é o "cadáver de religião" ?
183. Na figura de corpo e espírito, qual dos dois é "fé" e qual "obra." ?
Explicar a figura.
]84. Provar que Tiago não está atacando' a Paulo.

PÁGINAS 96 e 97
185. Que diz Salmon sôbre a harmonia de Paulo e Tiago?
186. Que disse, em resumo, Lutero sôbre a energia moral da fé?

PÁGINAS 96-99
18'7. Ler e comparar as versões, trecho por trecho.
188. Quem são os mestres aqui discutidos?

PÁGINA 99
189. Ler 8S referências na p. 98. Que dizem?
190. Por que exerce o ministério li atração para mentes fracas"?
PÁGINAS 100 e 101
191. Ler 8S referências. Que luz derramam sôbre o assunto?
192. Como ilumina esta passagem a natureza congregacional das igre-
jas primitivas?
193. Mostrar o perigo da liberdade de falar gozada nas sinagogas. Que
freio há para o abuso desta liberdade?
PÁGINA 101
IN. Dar o testemunho de Sir William Ramsay sôbre a eleição popular
do mini.tério das igrejas e o costume de haver candidatos.
AEPfSTOLADE . TL ,GO 151
PÁGINAS 102 e 103;

195. Até quando permaneeeu.: em alguns lng. es, esta organização .pri-
Jl1,itiva?
196. Que prova há· neste trecho contra a idél I da perfectibilidade hu-
mana?
197. Porque a Iíngua se chama "um fogo"?
198. Que significa "curso da vida" ?
199. Mencionar três tentações para pecar COI a lingua.

PÁGINA 103
200. Há esperança de dominar a língua?
Como?

'. PÁGINA 1M

201. Narrar '8 experiência de dr. Carroll em dominar a língua.


202'. Os homens ainda possuem em si a imag. n de Deus?

PÁGINA 105

203. Citar as ilustrações da língua usadas ne la página. .


204. Enumerar os estragos feitos pelo mau Ui ) da língua.
205. Mostrar o efeito dêste pecado sôbre oufl, IS e sôbre nós mesmos,

PÁGINA 106

206. Qual a relação do mal aqui condenado 4 ~m a controvérsia?


207. Ler as referências nesta página. Qu.e 111 , derramam sôbre a pas-
sagem?
208. Definir as palavras discutidas nesta páSi a.

PÁGINA 107

209. Explicar como se pode possuir a verdade e mentir contra ela.


210. Descrever a sahedoria indesejável.
211. Enumerar os elementos controversiais d , sabedoria animal.

PÁGINAS 108 e 109

. ~12' .,Mostrar o caminho da sabedoria_ c.eJes' .na. conJrovér6ill. .


213. Que figura está aqui usada sôbre a po Iticagem? t~T~o". A
152 .A EPfSTOLA DE TIAGO

idéia não é de ser baixo o ofício de tecelão, mas que o politiqueiro


tece uma teia de intrigas como o tecelão os fios de sua fábrica.)
214. Que elementos religiosos pode haver de comum entre os homens e
os demônios?
215. Distinguir a. alma do espírito. Está sempre respeitada esta distin-
ção na Bíblia? Nossa natureza é dupla ou tríplice?

PÁGINAS 109 e 110

216. Citar o 'Caso dos apóstolos como ilustração da sobedoria terrena


e suas conseqüências.
217. Definir os adjetivos que descrevem a sabedoria louvável, e ler as
referências.
218. Dar a substância das palavras de Agostinho aos Maniqueus sôbre
seu método de argumentar.
219. Definir os têrmos discutidos nesta página, e dizer o que as refe-
rências adiantam.

PÁGINAS 112 - 115

220. Comparar as versões, e Q que a Paráfrase esclarece.


221. Qual o estado moral das congregações na Diáspora revelado neste.
versiculos?
222. Que sorte de contendas havia?
223. Que disse Platão sôbre a origem de guerras?

PÁGINAS 116, 117 e 118

224. Como discorda Tiago da idéia de Platão?


225. Discutir "adúlteras", neste contexto.
226. Que quer dizer "o mundo", neste contexto?

PÁGINA 119

227. Dil!lcutu o ciúme do Espírito, e 18S implicações da frase.

PÁGINA 119

228. Ler as referências, e discutir sua aplicação ao assunto.


229. Dizer sua opinião se a referência em "adúlteras' é literal ou fi-
guarda, e a que se refere na vida dos leitores.
230. Enumerar os vário I sentido. de "mundo" (inve.tigar '88 referin-
~. ,.~ ,."! .-1_1 ) •
çaa
i53
PÁGINA 119

231. Que quer dizer "espírito do mundo" ?


232. Citar a ilustração de Linooln.

PÁGINA 119

233. Ler as referências, e dizer (). qa~ ensinam ;3bre o àmor d. Trin- .
dade para conosco.

PÁGINAS 121-123

234 . Comparar versões e paráfrase.

PÁGINA 124

235.
236.
Que diz Plummer sôbre o destino dêste t.
icho?
Descrever a vida eomercial dos judeus da 1 'iáspora.
237. Deve-se dizer, "Se o Senhor quiser"?
238. Qual a diferença entre "princípio" e "reli a " ?

PÁGINA 125

239. Menciollar as três classes de riquezas pos~ lidas pelos leitor-es.


240. Quantas frases figuradas nestas' páginas? Explicar cada uma,
241. Que ensinam as referências?

PÁGINAS 127 -129

242. Ler e comparar 8S versões e a Paráfrase.

PÁGINAS 129 e 130

243. Definir 8S frases' discutidas nesta página.


244. Que virtudes são incluídas na paciência?

PÁGINAS 130 e 131

245. Que diz Plummer do amor de queixas?


246. Em que sentido podemos dizer que há "U· [l só Legislador" ?
247. Ler as referências.
248. Descrever as manhas dos juramento&' juda :08.
154 A EPÍSTOLA Dt TlAGO'

PÁGINAS 131 e 132

249. Todo o juramento é condenado?


250. Comparar os dois verbos traduzidos "ungir".
251. Mencionar antigos médicos que recomendaram óleo como remédio.
E Y êste seu intúito na unção recomendad·a nesta passagem?
252. Que govêrno das igrejas é indicado pela referência aos seus oficiais?
253. Qual a doutrina Católica Romana de Extrema Unção?

PÁGINA 133

254. Ler as referências. Que inforlQ.açâo dão?


255. Há distinção bíblica entre o leigo e o presbítero?

PÁGINAS 133 e 134

256. Foram êstes casos de cura milagrosa?


257. Por que rejeitar a doutrina de Extrema Unção?
258. Citar o testemunho do Cardeal Cajetan.
259. • •
Descrever o espírito de auxílio mútuo nas primitivas Igrejas.

PÁGINA 134

260. Quando são obrigatórias para nós as práticas dos apóstolos?


261. Que se pode dizer da confissão e a oração aqui exigida?

PÁGINAS 135 e 136

262'. Citar o testemunho do emininte Oatólico, Hooker,


263. Qual a confissão ensinada por Tiago?
264. A quem se refere o têrmo "pecador" nesta passagem.
265. Definir "morte", nesta passagem.

PÁGINAS 136 e 137

266. Qual a natureza dos "pecados" que Tiago tem em mente?


267. Dar 18 interpretação do comentador sôhre esta passagem.
268. A luz dêstes estudos, passar em recordação o esbôço e a tradução
do livro, lendo esta tradução da Epístola tôda e depois a Paráfrase
tôda, para ter a impressão cumulativa e total do escrito.

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