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A atuação do engenheiro de segurança do trabalho em perícias e laudos técnicos e sua relação com o
perito do juízo e o assistente técnico.
PROPÓSITO
O propósito deste conteúdo é o estudo da relação técnica entre os peritos e os assistentes em um
processo trabalhista, já que os peritos, nomeados pelo juízo, e os assistentes técnicos, que assistem as
partes envolvidas no processo ou na reclamação trabalhista, conduzirão de forma técnica os diversos
temas relacionados ao ambiente do trabalho, devendo apresentar seus laudos para que, ao fim, sirvam
de convencimento do juiz em sua decisão.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer as atividades do perito judicial
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
OS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA DE
SEGURANÇA E SUAS ATIVIDADES TÉCNICAS
PERICIAIS.
MÓDULO 1
LIGANDO OS PONTOS
Foto: Shutterstock.com
Muitas reclamações trabalhistas demandam perícias técnicas em função de seu contexto muito
específico. Nesse sentido, dois profissionais são fundamentais: o perito nomeado pelo juízo e os
assistentes das partes envolvidas no processo, sejam reclamantes sejam reclamadas.
Durante uma audiência de conciliação, as partes envolvidas no processo não chegaram a um acordo.
Uma delas argumentou ao juiz que, para que o processo tivesse seu curso correto, era fundamental a
realização da prova pericial. O juiz deferiu o pedido da prova e nomeou um perito judicial de sua
confiança que já havia atuado em outras reclamações trabalhistas, em processos contra a mesma
reclamada.
Na presente lide (discussão judicial), o reclamante alegava que, durante todo o período em que atuou
para a reclamada, esteve exposto a “muito barulho” e jamais recebeu o adicional de insalubridade a que
acreditava ter direito, tendo solicitado em grau máximo em sua peça inicial.
Por sua vez, a reclamada alegou que nunca houve ruído acima dos limites de tolerância estabelecidos
pela Norma Regulamentadora NR 15 no ambiente e, como prova disso, anexou seu Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) com as medições de ruído no ambiente de trabalho da autora.
Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
A) O fato de o perito nomeado pelo juiz já ter atuado em outras demandas contra a reclamada não
justifica a anulação de sua nomeação.
B) A repetição do perito para diversos processos que envolvam a mesma reclamada significa “vício”
pericial com prejuízos para a reclamada, devendo ser anulada a nomeação.
C) Tendo em vista que o perito nomeado já atuou em outros processos com laudos desfavoráveis, isso
implicará que, mais uma vez, ele terá os mesmos posicionamentos e deverá ser retirado do processo.
D) O perito do juízo, ao ser nomeado mais de uma vez em reclamações trabalhistas contra a reclamada,
retira do processo o contexto da imparcialidade.
E) No caso em tela, o juiz deverá acatar o pedido da reclamada e nomear outro perito, pois o mesmo
profissional não deverá atuar várias vezes contra a mesma empresa.
C) O perito deverá, neste caso, ouvir o reclamante para saber se ele realmente esteve exposto ao ruído.
D) O perito deverá ouvir outros trabalhadores e, caso afirmem que existe ruído no ambiente de trabalho,
deverá apresentar lado a favor do reclamante.
E) O perito do juízo deverá, além de outros procedimentos, realizar avaliações técnicas quantitativas
para a constatação do ruído ocupacional.
GABARITO
O Código de Processo Civil não limita o número de perícias a ser realizado pelo mesmo perito nomeado,
seja para a parte reclamante seja para a reclamada, como no caso em questão. Logo, o juiz deverá
manter tanto a decisão quanto o perito nomeado corretamente para mais uma demanda na sede da
reclamada, sendo possível, inclusive, que o laudo pericial seja plenamente favorável.
Uma correta diligência pericial deverá conter, além das entrevistas com as partes envolvidas e com o
paradigma, as análises criteriosas dos programas ocupacionais da reclamada, as verificações dos
equipamentos de proteção coletivos e individuais fornecidos pela empresa, dos treinamentos e
supervisões de segurança, as avaliações técnicas do nível de ruído e do tempo em que o reclamante
esteve exposto ao ruído a fim de compará-lo ao Quadro I da Norma Regulamentadora NR 15. Nesse
caso, o uso de equipamentos de medição devidamente calibrados, como o decibelímetro e o dosímetro,
será fundamental para a elaboração do trabalho técnico e do convencimento do juízo.
RESPOSTA
Criteriosamente, o perito do juízo avaliou tecnicamente o ambiente de trabalho onde o reclamante laborou
para a reclamada, utilizando-se de um paradigma para suas análises quantitativas e com auxílio de
equipamentos de medições, chegando à conclusão de que, das 8 horas de trabalho, apenas durante 2 havia
exposição a 85dB (A). Ao comparar esses resultados com os níveis estabelecidos pelo Quadro I da Norma
Regulamentadora 15, que trata de insalubridade, concluiu, de forma inequívoca, que o reclamante não fazia
jus a nenhum adicional. A norma estabelece que, para um ruído ocupacional de 85dB (A), o trabalhador terá
direito a adicional de insalubridade se estiver exposto durante 8 horas diárias de trabalho. No caso em
questão, a exposição era de apenas 2 horas diárias.
O PERITO JUDICIAL FRENTE ÀS DEMANDAS
TRABALHISTAS.
Foto: Shutterstock.com
Outro questionamento judicial, mas com pedido de 30% incidentes sobre o salário-base, é o de
periculosidade, em que determinado autor requer esse adicional alegando ter atuado em atividades ou
operações com líquidos inflamáveis, explosivos ou, ainda, eletricidade.
Observe que, nesses casos, existem alegações entre as partes, logo, o reclamante alega que esteve
exposto e requer seu adicional. Já a parte reclamada, por sua vez, afirma que as condições oferecidas
durante todo o período trabalhado eram seguras e dentro dos limites de tolerância estabelecidos pelas
normas, ou, ainda, que proporcionou ao trabalhador a redução dos riscos por meio de equipamentos
coletivos ou individuais. O juiz, ouvindo as alegações das partes, necessitará de informações técnicas
sobre o ambiente de trabalho para proferir sua sentença. Isso quer dizer que, para que tenha certeza de
sua decisão, precisará de informações técnicas que o convençam de forma inequívoca. Logo, o juiz
deve recorrer a um profissional com formação técnica bem específica para que, em determinado
processo trabalhista, realize um laudo que lhe sirva de base seu entendimento.
Foto: Shutterstock.com
É importante notar que o engenheiro de segurança do trabalho é o profissional mais solicitado nas
nomeações por parte do judiciário, no caso de perícias judiciais que envolvam insalubridade ou
periculosidade, mas que o médico do trabalho também é um profissional habilitado às mesmas
nomeações. Porém, verificamos de forma muito clara que os juízes preferem nomear os médicos do
trabalho em demandas que envolvem doenças ocupacionais, que são temas exclusivos desse
profissional, e não do engenheiro.
Quando recorremos ao latim, o termo peritus, formado pelo verbo perior, que quer dizer “experimentar”,
“saber por experiência”, refere-se ao sujeito ativo da perícia, matéria em que é versado ou prático. Logo,
o perito é a pessoa que, pelas suas qualidades especiais, supre as insuficiências do juiz no que tange à
verificação ou apreciação daqueles fatos da causa que exijam conhecimentos especiais ou técnicos.
NÃO ESTAMOS AFIRMANDO QUE O JUIZ NÃO TEM
CONHECIMENTO TÉCNICO SOBRE O TEMA, MAS
APENAS QUE ELE NÃO POSSUI CONDIÇÕES DE IR
AO AMBIENTE A SER PERICIADO PARA REALIZAR
AS AVALIAÇÕES QUANTITATIVAS OU QUALITATIVAS
SOBRE O TEMA; NO CASO EM QUESTÃO, A
INSALUBRIDADE OU A PERICULOSIDADE.
O perito não substitui o juiz, ao contrário, ele o auxilia em seus trabalhos a fim de lhe fornecer
informações consistentes para seu convencimento e sua decisão. Seu trabalho é meramente técnico e
informativo, então, seu laudo pericial não tem a pretensão de substituir a sentença do magistrado. O juiz,
inclusive, pode ou não seguir o trabalho técnico desse profissional.
FUNÇÕES DO PERITO
Veja o que estabelece o CPC em seu artigo 139 sobre as funções do Perito: “São auxiliares do juízo,
além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão,
o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete”. Ainda segundo o Código de
Processo Civil, nos artigos 145 a 147, as funções do perito do juízo são disciplinadas nos seguintes
textos legais.
ART. 145
“Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito,
segundo o disposto no art. 421”.
§ 1º: Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no
órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo VI, Seção VII, deste Código (a partir do
art. 420).
§ 2º: Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão
do órgão profissional em que estiverem inscritos.
§ 3º: Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos
parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.
ART. 146
“O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua
diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo”.
Parágrafo único: A escusa será apresentada, dentro de cinco dias, contados da intimação ou do
impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423).
ART. 147
“O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar
à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a
lei penal estabelecer”.
Os artigos do Código Civil citados, apesar de apresentarem uma característica de natureza geral, ou
seja, não se referirem exclusivamente às demandas trabalhistas, mas a toda e qualquer abordagem
judicial, deixam muito clara a responsabilidade do perito judicial quando nomeado pela justiça para
desenvolver seus trabalhos técnicos, e com isso, dar subsídios técnicos para que as decisões sejam,
acima de tudo, justas para as partes envolvidas.
Atender ao juiz, entregando o laudo dentro do prazo estabelecido, sob pena de, caso não o cumpra,
causar prejuízos ao fluxo do processo.
Agendar suas diligências de campo, de comum acordo entre as partes, dando-lhes ciência previamente.
Apresentar seu laudo com base técnica, respondendo aos quesitos apresentados pelas partes, podendo
apresentar laudos complementares, caso assim seja necessário.
Nas provas periciais que envolvam as avaliações técnicas quantitativas, o perito deverá fazer uso de
equipamentos de medições, apresentando os respectivos certificados e calibrações anexados a seu
laudo.
Sempre que possível, o perito do juízo deverá se valer de um paradigma que o acompanhe durante a
diligência.
O perito deverá sempre analisar todos os documentos que possam auxiliar seu trabalho, tais como:
programa de prevenção de riscos ambientais, programa de controle médico e saúde ocupacional, perfil
profissiográfico previdenciário, fichas de informações de segurança dos produtos químicos, análise
preliminar de riscos, fichas dos equipamentos de proteção individual, treinamentos e demais registros
importantes.
Caso o perito nomeado pelo juízo tenha alguma relação de proximidade com alguma das partes
envolvidas no processo, deverá, imediatamente, informar ao juiz e solicitar sua substituição, sob pena de
seu trabalho técnico receber uma suspeição e ser desconsiderado.
Em casos de suspeição, com laudos técnicos chamados “viciados”, ou seja, que não retratam a
veracidade dos fatos e tendem a favorecer uma das partes envolvidas, o perito poderá ficar até dois
anos sem ser nomeado por qualquer Vara do Trabalho. Ainda, dependendo da gravidade dessa
suspeição e do prejuízo para uma das partes, o perito poderá ser totalmente descartado das demandas
judiciais, além de sofrer processos por danos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
E) o juiz decidirá o que fazer. Não existe um prazo estabelecido pelo Código de Processo Civil, devendo
ficar a cargo do juiz a inabilitação do perito judicial, visto que foi ele quem o nomeou.
GABARITO
2. Os peritos nomeados pelo juízo trabalhista deverão cumprir com zelo e ética os encargos que
lhe foram conferidos, seguindo os parâmetros técnicos estabelecidos pela Portaria no 3.214, que
trata sobre segurança, higiene e saúde ocupacional, e os artigos estabelecidos pelo Código de
Processo Civil, que rege, dentre outras bases legais, as funções do perito judicial. Caso não
cumpra as funções para as quais foi designado, causando prejuízos às partes ou ao fluxo do
processo:
O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar
à parte, ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei
penal estabelecer.
MÓDULO 2
LIGANDO OS PONTOS
Foto: Shutterstock.com
Muitas reclamações trabalhistas necessitam de perícias técnicas em função de seu contexto muito
específico e, nesse sentido, dois profissionais são fundamentais: o perito nomeado pelo juízo e os
assistentes das partes envolvidas no processo, sejam reclamantes sejam reclamadas.
Durante uma audiência de conciliação, as partes envolvidas no processo não chegaram a um acordo e
uma delas alegou ao juiz que, para que o processo tivesse seu curso correto, seria fundamental a
realização da prova pericial. O juiz deferiu o pedido da prova e nomeou um perito judicial de sua
confiança, o qual já havia atuado em outras reclamações trabalhistas em processos contra a mesma
reclamada.
Na presente lide (discussão judicial), o reclamante alegava que, durante todo o período em que atuou
para a reclamada, esteve exposto a “muito barulho” e jamais recebeu o adicional de insalubridade que
entendia ser devido a ele, tendo solicitado os valores em grau máximo em sua peça inicial.
Por sua vez, a reclamada alegou que nunca houve ruído acima dos limites de tolerância estabelecidos
pela Norma Regulamentadora 15 no ambiente e, como prova disso, anexou seu Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) com as medições de ruído no ambiente de trabalho da autora.
Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
A) Os assistentes técnicos deverão ser indicados pelas partes até dez dias após a audiência de
conciliação.
B) Os assistentes técnicos deverão ser indicados pelas partes até dez dias após a audiência de
instrução e julgamento.
C) Os assistentes técnicos deverão ser indicados até a data-limite da realização da perícia na sede da
reclamada.
D) Não existe no, Código de Processo Civil, um prazo definido para que as partes indiquem seus
assistentes técnicos.
E) Os assistentes técnicos deverão ser indicados no momento da entrega do laudo pericial por parte do
perito do juízo.
C) Deverá elaborar um laudo complementar contestando o perito e apresentando sua tese com
embasamento técnico.
E) Deverá pedir uma audiência com o juiz para expor o absurdo cometido pelo expert da justiça.
GABARITO
1. Em que momento os assistentes técnicos deverão apresentar seus quesitos técnicos para
serem respondidos pelo perito do juízo?
Os assistentes técnicos das partes serão indicados caso não ocorra acordo entre reclamada e
reclamante na audiência de conciliação. Logo, se inconciliadas, o juiz determinará que, em dez dias, as
partes apresentem seus respectivos assistentes técnicos.
Caberá ao assistente técnico informar ao perito do juízo, durante a diligência, que as avaliações
quantitativas para o ruído ocupacional deverão usar os equipamentos corretos de medição. Caso isso
não ocorra, o assistente deverá apresentar um laudo técnico complementar discordante, para que o juiz
possa verificar o equívoco ou até mesmo a parcialidade jurídica cometida pelo perito nomeado pelo
magistrado. Essa é a função do assistente técnico.
O assistente técnico da reclamada poderá, nesse caso, apresentar os seguintes quesitos para serem
respondidos pelo perito judicial durante sua diligência, entre outros: a) queira o ilustre perito do juízo avaliar
tecnicamente o posto de trabalho da reclamada, utilizando-se de um paradigma, apresentando os níveis de
exposição a ruído durante oito horas diários de trabalho; b) queira verificar se o reclamante, durante sua
jornada laboral para a reclamada, fazia uso de equipamentos de proteção individual, especificando-os,
informando seus registros e certificados de aprovação, bem como sua eficácia para a redução do ruído
ocupacional; c) queira informar, de forma complementar, os níveis de ruído informados nos programas
ocupacionais da reclamada, comparando-os, especialmente o PPRA, com os dados obtidos em campo; d)
queira informar se, de acordo com suas avaliações técnicas no posto de trabalho do reclamante, durante o
período imprescrito em que este laborou para a reclamada, o tempo de exposição ao ruído ocupacional
ultrapassou os limites de tolerância estabelecidos pelo Quadro I da Norma Regulamentadora 15; e) queira,
por fim, concluir seu laudo técnico, informando se a reclamada agiu corretamente em não aplicar o adicional
de insalubridade para o reclamante durante seu pacto laboral.
Foto: Shutterstock.com
Esses profissionais, com a mesma formação e especialização dos peritos, atuam para as partes que os
contrataram da mesma forma que os peritos, ou seja, por demanda, nas reclamações trabalhistas, o que
não lhes garante nenhum tipo de vínculo trabalhista que possam querer requerer no futuro.
Podemos afirmar, então, que os assistentes técnicos são os peritos que representam as partes que os
contrataram, devendo atuar, assim como os peritos, de forma ética e zelosa perante as demandas ou
lides trabalhistas. No Código de Processo Civil, a figura do assistente técnico está prevista e encontra
amparo em diversos artigos, como o artigo 421, que nos deixa claro que a distinção entre perito e
assistente técnico está na nomenclatura e emerge do sujeito processual que o nomeia: aquele é
nomeado pelo juiz, é o perito; aquele que é indicado pelas partes, é o assistente técnicos (CPC, art. 421,
§ 1°, I).
Os assistentes técnicos não se sujeitam às restrições do art. 138 do CPC ou às sanções do art. 424, §
único, tendo, ainda, prazo diverso para apresentação de seus pareceres — CPC, art. 433, parágrafo
único. O assistente técnico atua como consultor da parte e seu parecer equivale ao de uma perícia
extrajudicial e se assemelha àquele emitido por jurisconsulto sobre questões jurídicas discutidas no
processo. Ainda, os assistentes técnicos não se sujeitam às restrições do art. 138 do CPC ou às
sanções do art. 424, parágrafo único, tendo, ainda, prazo diverso para apresentação de seus pareceres
(CPC, art. 433, parágrafo único).
ATENÇÃO
Uma consideração importante é que as partes têm o direito de apresentar seus assistentes técnicos,
mas, caso não o façam, não haverá prejuízo à prova pericial. Logo, é plenamente possível que uma
diligência ocorra apenas com o perito nomeado pelo juízo, sem que as partes tenham indicado seus
assistentes técnicos em processo.
Do mesmo modo, pode ocorrer — sendo bem comum — que apenas uma das partes indique seu
respectivo assistente técnico. Isso decorre do fato de uma das partes não ter condições de arcar
financeiramente com a contratação de um profissional especializado na área de segurança do trabalho
para assisti-la.
O fato é que uma perícia técnica terá melhores resultados se peritos e assistentes trabalharem em
conjunto, estabelecendo uma correta metodologia de trabalho para as avaliações de campo durante
suas diligências e realizando reuniões prévias e de encerramento para os corretos alinhamentos e
entendimentos, inclusive, nas demandas que necessitarem do uso de equipamentos de medição para os
riscos que forem objeto do processo.
Foto: Shutterstock.com
Perito especialista
Sendo o perito especialista em determinada área, sua função é auxiliar o juízo, realizando a prova
pericial, a qual terá como objeto o laudo pericial que deve responder a quesitos e apresentar raciocínios
e conclusões com base em coisas e pessoas, seguindo métodos técnicos e científicos. Essa função
abrange a percepção comum dos fatos adicionando a percepção técnica do profissional para emitir um
juízo, uma conclusão. Não cabe a opinião jurídica com leis e doutrinas, mas, sim, a competência e a
lealdade e cumprir seus prazos estabelecidos, sob pena de substituição e/ou consequências de acordo
com o código penal.
Assistente técnico
O assistente técnico, embora também seja especialista em determinada área, tem a função de auxiliar a
parte mediante um parecer técnico com críticas e raciocínios, discordando ou concordando com o laudo
pericial e ajudando na elaboração de quesitos que direcionem o perito no momento da perícia. Apesar
da descrição parcial do assistente técnico, é preciso cautela e ponderação, pois sua opinião técnica
estará totalmente exposta nos autos, permitindo que sua reputação e seu profissionalismo sejam
publicamente visualizados.
Ao perito, é dada a possibilidade de recusa dentro de determinado prazo, podendo-se alegar um motivo
justo de impedimento ou suspeição. Caso o juiz creia que a perícia será complexa, pode nomear dois
peritos, dando condições para que as partes indiquem mais de um assistente técnico.
O ASSISTENTE TÉCNICO
Os assistentes técnicos, após a nomeação do perito judicial, seguindo o fluxo do processo trabalhista,
terão o prazo máximo de dez dias para a apresentação dos chamados “quesitos técnicos”, os quais
serão inseridos no processo para que o perito inclua em seu laudo as respostas, após as avaliações
durante sua diligência. Esse prazo ocorre logo após a audiência de conciliação, caso não ocorra
“acordo” entre as partes e a prova pericial passe a ser condicionante fundamental para a continuidade
do processo trabalhista. Assim, os quesitos são essenciais para a conclusão do laudo e o
convencimento do juiz para deferir sua sentença. Muitas vezes, as respostas aos quesitos nortearão o
próprio laudo pericial.
Vamos exemplificar a elaboração dos quesitos por parte do assistente técnico no seguinte cenário
trabalhista:
EXEMPLO
Uma reclamante atuou para uma clínica oncológica sempre na função de recepcionista durante oito
anos. Ela solicitou a prova pericial, visto que, em todo o “pacto laboral”, jamais recebeu o adicional de
insalubridade a que, segundo ela, teria direito em função dos riscos biológicos. Assim, o assistente
técnico indicado pela reclamada, ou seja, pela clínica oncológica, apresentou os seguintes quesitos
técnicos referentes aos cinco últimos anos trabalhados pela reclamante, visto que, na Justiça do
Trabalho, as provas superiores a esse período são chamadas de prescritas e, por isso, não serão
consideradas no processo trabalhista.
Queira o ilustre perito do juízo avaliar as atividades da reclamante, durante o período imprescrito em que
esta laborou para a reclamada na função de recepcionista. Nesse item, deve-se explicar o ambiente e
suas características físicas, bem como a rotina diária de trabalho da reclamante.
Queira informar as atividades econômicas da reclamada, as características dos pacientes que realizam
os tratamentos e as demais informações que considerar relevantes.
Queira o ilustre perito informar se os pacientes que realizam suas terapias e seus procedimentos
oncológicos são portadores de doenças infectocontagiosas.
A reclamante fazia uso de equipamentos de proteção individual no atendimento aos pacientes e seus
familiares na recepção da clínica ou os equipamentos eram desnecessários?
Tendo em vista que as atividades da reclamante eram de recepcionista, em posto de trabalho específico,
era possível o seu acesso aos ambientes em que os pacientes estavam em tratamento?
Caso a resposta à pergunta anterior seja positiva, com que frequência ocorriam esses acessos? É
possível estabelecer um tempo médio diário de permanência nesses ambientes?
Queira o expert, ainda, realizar uma criteriosa análise técnica dos documentos ocupacionais da
reclamante, especialmente o PPRA, o PCMSO e o PPP da reclamada, e apresentar suas
considerações.
É correto afirmar, seguindo os parâmetros estabelecidos pelo Anexo 14 da NR-15, que a reclamante,
durante sua jornada para a reclamada, não esteve exposta a nenhum agente nocivo que lhe desse
direito a adicional de insalubridade?
Queira o ilustre perito do juízo apresentar suas considerações complementares e conclusão do seu
laudo pericial.
Observe que o assistente técnico da reclamada, para elaborar seus quesitos técnicos, teve que
“estudar” as peças do processo, especialmente a inicial (reclamante) e a contestação (reclamada), bem
como os documentos de segurança do trabalho e saúde ocupacional para o pleno entendimento da
demanda e a respectiva elaboração, até para que não houvesse conflitos entre seu entendimento e a
parte que o contratou.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Os assistentes técnicos, assim como os peritos da justiça, são nomeados pelo juízo nas ações em
que estiverem envolvidos.
B) Uma prova pericial somente poderá ser considerada se reclamante e reclamada indicarem seus
assistentes técnicos.
C) Os honorários dos assistentes técnicos sempre serão pagos pelo poder judiciário.
A) Vinte dias.
B) Oito dias.
C) Dez dias.
D) Trinta dias.
E) Cinco dias.
GABARITO
1. De acordo com o artigo 421 do Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta em
relação à figura jurídica dos assistentes técnicos.
O artigo 421 do CPC deixa claro que a distinção entre perito e assistente técnico está na nomenclatura e
emerge do sujeito processual que o nomeia: aquele nomeado pelo juiz é o perito; aquele indicado pelas
partes é o assistente técnicos (CPC, art. 421, § 1°, I).
2. A indicação de assistentes técnicos por parte tanto da reclamante quanto da reclamada, bem
como a apresentação dos respectivos quesitos técnicos, é fundamental, porém não obrigatória,
para a defesa das partes envolvidas nas demandas judiciais. Após a audiência de conciliação,
qual o prazo estabelecido pelo Código de Processo Civil para que a parte faça essa apresentação
ao juízo?
Após a audiência de conciliação, se não houver acordo entre as partes envolvidas em um processo
trabalhista e caso o tema seja a prova pericial por reconhecimento de insalubridade ou periculosidade, o
juiz fixará um prazo máximo de dez dias para que as partes apresentem seus assistentes técnicos e
respectivos quesitos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As funções dos peritos judiciais e dos assistentes técnicos são fundamentais para que o juiz tenha
convencimento técnico para a definição de sua sentença. Assim, esses profissionais, devidamente
especializados no seguimento da segurança do trabalho, deverão atuar de forma ética e dentro dos
parâmetros normativos, especialmente quanto à NR-15, que trata da insalubridade, e à NR-16, que
aborda a periculosidade.
O perito judicial é o profissional nomeado pelo juiz que será seus “olhos” na prova pericial, enquanto os
assistentes técnicos, tanto os da reclamante como os da reclamada, deverão atuar conforme os
entendimentos e as necessidades das partes que os contrataram. Porém, é fundamental deixar
registrado que a perícia que apresenta melhores resultados é aquela produzida em conjunto e harmonia
entre os profissionais.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Consultado na internet
em: 29 set. 2021.
EXPLORE+
Para aprimorar os seus conhecimentos no assunto estudado:
CONTEUDISTA
Márcio Jorge Gomes Vicente