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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE PSICOLOGIA

AS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES


DOS 12 AOS 17 ANOS DE IDADE

ESTUDO DE CASO: MUNÍCIPIO DO DANDE DE 2018 À 2019

ANA DA SILVA ANTÓNIO

Viana – Luanda
2022
ANA DA SILVA ANTÓNIO

AS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES


DOS 12 AOS 17 ANOS DE IDADE

ESTUDO DE CASO: MUNÍCIPIO DO DANDE DE 2018 À 2019

Monografia apresentada ao Instituto


Superior Técnico de Angola (ISTA) curso
de psicologia como requisito para a
obtenção do Grau de Licenciatura em
Psicologia na Opção Clínica.

Orientado pela Prof.: Cristina Lourenço

Viana – Luanda
2022
FOLHA DE APROVAÇÃO

ANA DA SILVA ANTÓNIO

AS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES


DOS 12 AOS 17 ANOS DE IDADE

ESTUDO DE CASO: MUNICIPIO DO DANDE DE 2018 À 2019

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de licenciada no


curso de Psicologia Clínica, do INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA -
ISTA

Viana, ____ de ____________ de 2022

Chefe do Departamento: Manuel dos Prazeres

MESA DO JÚRI

____________________________ ______________________________
Presidente Vogal

_________________________ _____________________________
Orientador Director Geral
I

DEDICATÓRIA

A conclusão deste trabalho resume-se em dedicação.

Dedico este trabalho a minha mãe “em memória” e ao meu pai por terem acreditado num
projecto de formação, apesar das várias dificuldades impostas e sobretudo por terem
acreditado na minha capacidade e crença por uma Licenciatura em Psicologia clinica.

Aos meus irmãos, amigos e colegas de turma, por todo apoio, por não medirem esforços para
que eu chegasse até essa etapa da minha vida.
II

AGRADECIMENTOS

“Por tras de todo sucesso, há um grande trabalho em equipa” (Autor desconhecido).

Agradeço à Deus todo poderoso pelo fôlego de vida, pois sem ele nada seria
possível.

Aos meus pais, obrigada pelo amor,formação e atenção sem reservas;

Aos meus irmãos, que mesmo longe apoiaram-me e indirectamente


contribuíram para a realização deste trabalho;

Aos Professores António Nambala e Cristina Lourenço, agradeço o apoio, a


partilha do saber, a disponibilidade e as valiosas contribuições para o trabalho;

As minhas amigas pelo companheirismo e apoio incondicional.

O meu profundo agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a


concretização deste trabalho, estimulando-me intelectual e emocionalmente.
III

EPÍGRAFE

“Que os vossos esforços desafiem as


impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que
parecia impossível”.

Charles Chaplin
IV

LISTA DE TABELAS

Tabela n.º 1-Distribuição da amostra segundo a pergunta:


Você já ouviu falar sobre o abuso sexual em adolescentes?....................................38

Tabela n.º 2-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 1:


O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento anti-social,
falta de confiança nos adultos, depressão e tentativa de suicídio nas vítimas……...39

Tabela n.º 3-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 2:


O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento
agressivo, hiperactividade e a fuga dos contactos físicos nas vítimas……………….40

Tabela n.º 4-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 3:


O abuso sexual em adolescentes provoca a síndrome do segredo,
com o sentimento de culpa, a vergonha, a dor e o medo nas vítimas……………….41

Tabela n.º 5-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 4:


O abuso sexual em adolescentes provoca Transtorno de Stress
Pós-Traumático nas vítimas……………………………………………………………….42

Tabela n.º 6-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 5:


O abuso sexual em adolescentes desenvolve conflitos relacionais
entre a vítima, membros da família e o meio social onde estão inseridas…………...43

Tabela n.º 7-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 6:


O abuso sexual em adolescentes provoca lesões físicas, genitais
e anais; gravidez; doenças sexualmente transmissíveis e disfunções
sexuais nas vítimas………………………………………………………………………...44
V

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico n.º 1-Distribuição da amostra segundo a pergunta:


Você já ouviu falar sobre o abuso sexual em adolescentes?....................................38

Gráfico n.º 2-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 1:


O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento anti-social,
falta de confiança nos adultos, depressão e tentativa de suicídio nas vítimas……...39

Gráfico n.º 3-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 2:


O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento
agressivo, hiperactividade e a fuga dos contactos físicos nas vítimas……………….40

Gráfico n.º 4-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 3:


O abuso sexual em adolescentes provoca a síndrome do segredo,
com o sentimento de culpa, a vergonha, a dor e o medo nas vítimas……………….41

Gráfico n.º 5-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 4:


O abuso sexual em adolescentes provoca Transtorno de Stress
Pós-Traumático nas vítimas……………………………………………………………….42

Gráfico n.º 6-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 5:


O abuso sexual em adolescentes desenvolve conflitos relacionais
entre a vítima, membros da família e o meio social onde estão inseridas…………...43

Gráfico n.º 7-Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 6:


O abuso sexual em adolescentes provoca lesões físicas, genitais
e anais; gravidez; doenças sexualmente transmissíveis e disfunções
sexuais nas vítimas………………………………………………………………………...44
VI

RESUMO

O presente trabalho tem como objectivo conhecer as consequências do abuso


sexual em adolescentes de 12 aos 17 anos de idade. E os objectivos que norteiam
esse estudo são: identificar as consequências a curto e longo prazo do abuso sexual
para a vítima e para todos os membros da sua família e compreender o fenómeno
do abuso sexual nas adolescentes no sentido de se entender o seu conceito. O
trabalho é caracterizado como uma pesquisa de campo com uma abordagem
quantitativa. A população desta pesquisa foi constituída por 30 inquiridas moradores
do Município do Dande e deste universo foi extraída uma amostra de 20 inquiridos.
Como resultados encontrados nesta pesquisa, viu-se que todos os inquiridos com
100% já ouviram falar sobre o abuso sexual em adolescentes e sabem algumas
consequências do mesmo. Todas as hipóteses formuladas foram confirmadas como
consequências de abuso sexual em adolescentes dos 12 aos 17 aos de idade. A
primeira hipótese foi confirmada com 90%. A segunda hipótese foi confirmada com
60%. A terceira hipótese foi confirmada com 80%. A quarta hipótese foi confirmada
com 75%. A quinta hipótese foi confirmada com 55%. A sexta hipótese foi
confirmada com 85%. Em suma, não é possível generalizar ou delimitar
perfeitamente os efeitos do abuso sexual, uma vez que a gravidade e a extensão
das consequências dependem de particularidades da experiência de cada vítima.

Palavras-chave: Abuso sexual. Adolescentes. Consequências.


VII

ABSTRACT

The present study aims to know the consequences of sexual abuse in adolescents
from 12 to 17 years of age. And the aims of this study are to identify the short- and
long-term consequences of sexual abuse for the victim and all family members and
to understand the phenomenon of sexual abuse in adolescents in order to
understand their concept. The work is characterized as a field research, with
quantitative character. The population of this research consisted of 30 respondents
from the neighborhood of Municipio do Dande and from this universe a sample of 20
respondents was extracted. As results found in this research, it was seen that all
respondents with 100% have heard about sexual abuse in adolescents and know
some consequences of it. All the hypotheses formulated were confirmed as
consequences of sexual abuse in adolescents from 12 to 17 years of age. The first
hypothesis was confirmed with 90%. The second hypothesis was confirmed with
60%. The third hypothesis was confirmed with 80%. The fourth hypothesis was
confirmed with 75%. The fifth hypothesis was confirmed with 55%. The sixth
hypothesis was confirmed with 85%. In short, it is not possible to generalize or delimit
perfectly the effects of sexual abuse, since the severity and the extent of the
consequences depend on the particularities of the experience of each victim.

Keywords: Sexual abuse. Adolescents. Consequences.


VIII

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ............................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. II
EPÍGRAFE ................................................................................................................. III
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. IV
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................ V
RESUMO................................................................................................................... VI
ABSTRACT .............................................................................................................. VII
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
CAPÍTULO I-PROBLEMÁTICA ................................................................................. 10
1.1- Formulação do Problema ................................................................................... 10
1.2- Objectivos da Pesquisa ...................................................................................... 10
1.2.1- Objectivo Geral ............................................................................................... 10
1.2.2- Objectivos Específicos .................................................................................... 10
1.3- Formulação das Hipóteses................................................................................. 11
1.3-Justificativa da Pesquisa ..................................................................................... 11
1.5-Delimitação e a Limitação da Pesquisa............................................................... 12
CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 13
2.1- Definições dos Termos e Conceitos ................................................................... 13
2.2- Adolescência ...................................................................................................... 14
2.3- Abuso Sexual em Adolescentes ......................................................................... 16
2.3.1- Formas de Abuso Sexual ................................................................................ 19
2.3.2- Abuso Sexual Intra-familiar ............................................................................. 20
2.3.3- Abuso Sexual Extra-familiar ............................................................................ 22
2.4- Consequências de Abuso Sexual em Adolescentes .......................................... 23
2.4.1- Consequências a Curto Prazo ........................................................................ 26
2.4.2- As consequências a Longo Prazo ................................................................... 27
2.4.3- Abuso Sexual e Memória ................................................................................ 31
CAPÍTULO III-METODOLOGIA................................................................................. 34
3.1- Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 34
3.2- População e Amostra ......................................................................................... 34
3.3- Variáveis da Pesquisa ........................................................................................ 34
3.4- Técnicas de Investigação da Pesquisa .............................................................. 35
3.5-Instrumentos de recolha de dados da Pesquisa ................................................. 36
3.6- Métodos de Pesquisa ......................................................................................... 36
3.7- Modelo de Pesquisa ........................................................................................... 36
3.8- Procedimentos ................................................................................................... 36
CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........ 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 44
SUGESTÕES ............................................................................................................ 45
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 46

ANEXOS

APÊNCIDES
9

INTRODUÇÃO

A violência sexual, caracteriza-se por actos praticados com finalidade sexual


que, por serem lesivos ao corpo e a mente do sujeito violado (crianças e
adolescentes), desrespeitam os direitos e as garantias individuais como liberdade,
respeito e dignidade.

A violência contra a adolescente é um problema universal que atinge milhares


de vítimas de forma silenciosa e dissimulada. Trata-se, deste modo, de um problema
que acomete ambos os sexos e não costuma obedecer nenhuma regra como nível
social, económico, religioso ou cultural.

O abuso sexual intra-familiar, pode ser entendida como incesto, que,


comummente, dura um longo período e pode ser praticado com o conhecimento e
cobertura de outros membros da família. Em nossa cultura, o incesto é uma das
formas de abuso sexual mais frequente, sendo este o que geralmente causa
consequências, em nível psíquico, extremamente danosas às vítimas.

O abuso sexual caracteriza-se por qualquer acção de interesse sexual de um


ou mais adultos em relação a uma criança ou adolescente, podendo ocorrer tanto no
âmbito intra-familiar (relação entre pessoas que tenham laços afectivos), quanto no
âmbito extra-familiar (relação entre pessoas que não possuem parentesco).

A presente monografia está estruturada por quatro capítulos e uma


introdução.

No primeiro capítulo, apresentamos o problema de investigação, desde a sua


formulação, objectivos da pesquisa, a formulação das hipóteses, justificativa da
pesquisa, delimitação e a limitação da pesquisa. No segundo capítulo, a
fundamentação teórica da nossa pesquisa, apresentamos alguns termos e conceitos
básicos que deram sustento a nossa pesquisa. No terceiro capítulo, temos de forma
descrita a metodologia de trabalho. No quarto e último capítulo, apresentamos os
resultados obtidos e por fim as conclusões e as sugestões.
10

CAPÍTULO I-PROBLEMÁTICA

1.1- Formulação do Problema

Nos últimos anos o abuso sexual em adolescentes é um problema global, por


estar presente em todos os países do mundo e níveis da sociedade, por atingir
pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Pode ser conceituada de forma
diferente e variar de acordo com a abordagem médica, social, país e regiões. É
definida como qualquer acto sexual ou tentativa de obter um acto sexual, por meio
do uso de força ou de coerção, ameaça de danos por qualquer pessoa,
independente do grau de relação com a vítima no qual a violência ocorre.

Diante das evidências, pretende-se conhecer as consequências psicológicas,


emocionais, relacionais e prejuízos físicos do abuso sexual em adolescentes.
Partindo deste pressuposto, eis a nossa pergunta: “Quais as consequências de
abuso sexual em adolescentes dos 12 aos 17 anos de Idade?

1.2- Objectivos da Pesquisa

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p.24), toda pesquisa deve ter um objectivo
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.

O presente trabalho tem por objectivos:

1.2.1- Objectivo Geral

 Analisar as consequências do abuso sexual em adolescentes de 12 aos


17 anos de idade.

1.2.2- Objectivos Específicos

 Identificar as consequências a curto e longo prazo do abuso sexual para a


vítima e para todos os membros da sua família;
 Avaliar o fenómeno do abuso sexual nas adolescentes no sentido de se
entender o seu conceito.
11

1.3- Formulação das Hipóteses

De acordo com VERGARA (2000), a hipótese é a antecipação da resposta do


problema, e é formulada por forma de afirmação sendo elas confirmadas ou
refutadas.

Para a presente pesquisa foram levantadas as seguintes hipóteses:

 H1-O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento anti-


social, falta de confiança nos adultos, depressão e tentativa de suicídio
nas vítimas;
 H2-O abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento agressivo,
hiperactividade e a fuga dos contactos físicos nas vítimas;
 H3-O abuso sexual em adolescentes provoca a síndrome do segredo, com
o sentimento de culpa, a vergonha, a dor e o medo nas vítimas;
 H4-O abuso sexual em adolescentes provoca Transtorno de Stress Pós-
Traumático nas vítimas;
 H5-O abuso sexual em adolescentes desenvolve conflitos relacionais entre
a vítima, membros da família e o meio social onde estão inseridas;
 H6-O abuso sexual em adolescentes provoca lesões físicas, genitais e
anais; gravidez; doenças sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais
nas vítimas.

1.3- Justificativa da Pesquisa

Investigar sobre as consequências do abuso sexual em adolescentes é de


suma importância para o conhecimento das marcas deixadas por esse tipo de
violência, como a adolescente lida com estas marcas, e também como os
profissionais actuam para que estas meninas possam futuramente superar os
traumas decorrentes desta prática.
Espera-se que os resultados que serão obtidos nesta pesquisa possam
contribuir para um conhecimento mais elaborado sobre as consequências deixadas
pela violência sexual contra adolescentes, além de fornecer dados comprovadores
de que o trabalho do psicólogo é importante para a reconstrução da vida da
12

adolescente, para o resgate da infância perdida e a vivência de uma vida sem


traumas.

1.5- Delimitação e a Limitação da Pesquisa

Zassala (2013 p. 84), afirma que a delimitação do estudo está mais


condicionada à vontade do pesquisador do que limitação. Ainda com mesmo autor,
diz que, a delimitação tem que ser levada em conta para evitar generalizações
impróprias, inadequadas dos resultados.

O nosso estudo limita-se no tempo de 2018 à 2019. Quanto ao espaço, o


tema focaliza-se sobre a cidade de Caxito. Deste modo, a nossa pesquisa delimita-
se de forma seguinte: No estudo sobre as consequências do abuso sexual em
adolescentes dOS 12 aos 17 anos de idade, do Município do Dande, a mesma situa-
se na Província do Bengo.
13

CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- Definições dos Termos e Conceitos

Adolescência: é uma transição entre a infância e a idade adulta que envolve


grandes mudanças físicas, cognitivas e psicossociais, que por sua vez difere
totalmente da puberdade, que é o processo pelo qual uma pessoa alcança a
maturidade sexual e a capacidade de reprodução. Para ele, a adolescência é
considerada um período preparatório para a idade adulta. Um momento de iniciação
e de recapitulação da infância passada (PAPALIA, 2006).

Segundo Carvajal (2001), a adolescência é um processo complexo de


metamorfoses entre a criança e o adulto, suas manifestações comportamentais
variam de forma dramática, dependendo do modelo de comportamento padronizado
por cada cultura.

Adolescente: é um indivíduo da faixa etária entre dos 12 aos 18 anos, que


está numa fase caracterizada pelas mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e
sociais, que forma valioso momento para a adopção de novas práticas
comportamentais e ajuda a autonomia de pensar que pode-se dirigir sozinho
(VIEIRA et al., 2008).

Abuso sexual: é participação de uma criança ou adolescente em actividades


sexuais, as quais não é capaz de compreender, que são inapropriadas à sua idade e
a seu desenvolvimento psicossocial, que sofrem por sedução ou força, e se
transgridam os tabus sociais. Isto ocorre na maioria das vezes dentro da própria
família. Quando se trata de casos extra-familiares, acontece, em geral, na
vizinhança ou em instituições de prestação de serviços (ANTONI et al., 2001).

Cohen (2003) considera que o abuso sexual não pode ser qualificado por
actos concretos e nem sua gravidade ser avaliada pelas marcas físicas, mas sim
pela vivência emocional de cada indivíduo de tais situações. Umas das áreas mais
afectadas pelas vítimas do abuso sexual são as significações e ressignificações
emocionais, sentimentais e psicológicos.
14

2.2- Adolescência

Segundo Carvajal (2001), a adolescência é uma aventura, porque sabe-se


quando e como começa, mas não como vai terminar. Seu percurso é aventureiro,
estando o perigo continuamente na ordem do dia. A possibilidade de desenlaces
catastróficos na vida corrente de um adolescente é centena de vezes maior que
numa criança ou num adulto.

A adolescência deve ser abordada do ponto de vista de suas condutas e de


suas manifestações. Portanto, considera que a adolescência se desenvolve em
etapas distintas: a puberdade, etapa nuclear e etapa juvenil.

A puberdade inicia o processo da adolescência e se caracteriza,


fundamentalmente, por um rompimento maciço com os fenómenos infantis e um
isolamento do mundo externo em geral.

A etapa nuclear é marcada pelo aparecimento do grupo ou pela emergência


do adolescente no grupo, que se converte no centro de seus interesses.

A etapa juvenil consiste no período de transição do modelo de funcionamento,


essencialmente adolescente, para o comportamento juvenil que tende a incorporar
valores da idade adulta.

De acordo com Carvajal (2001), cada uma destas etapas é acompanhada de


crises: identidade, autoridade e sexual.

- A crise de identidade consiste na necessidade de o adolescente ser ele


mesmo, de procurar definir seu self e seus objectos e de adquirir algo que o
diferencie da criança e do adulto, para desta forma romper a dependência infantil e
conseguir a auto-sustentação própria do ser maduro que dê continuidade à espécie.

- A crise de autoridade é marcada por enfrentamentos a tudo o que significa


norma ou imposição de modelos. É mais ostensiva e incómoda para os adultos.
15

- A crise sexual, é centrada no aparecimento de um novo modelo psicológico


para o manejo dos impulsos libidinais em eclosão e em aumento qualitativo, com
vistas a instalar uma procriação eficiente e defensora da prole.

Os teóricos supracitados têm o entendimento de que a adolescência é uma


etapa ou período de transição entre a infância e a idade adulta. Do qual ninguém
pode escapar, independentemente, da cultura ou do meio social em que vive, pois
os factores biológicos e psicológicos são universais e todos deverão vivenciá-los.

Pode-se, então, entender que a noção de adolescência está incorporada à


ideia de que toda a sua transformação é algo inerente ao desenvolvimento humano.

Ozella et al. (2003) compreendem que o homem é concebido como ser


histórico, isto é, um ser constituído no seu movimento, ao longo do tempo pelas
relações e condições socioculturais engendradas pela humanidade. O homem não é
dotado de uma natureza humana, pois o desenvolvimento da humanidade já
permitiu que se libertasse e ultrapassasse as condições e limitações biológicas que
possue.

Por isso, não há uma adolescência natural. Suas características também são
construídas nestas relações sociais. A adolescência não é vista como uma fase
natural do desenvolvimento.

Ela não existiu sempre, pois se constituiu na e da história a partir de


necessidades sociais e todas as suas características que foram desenvolvidas nas
ralações sociais com o mundo adulto e com as condições históricas em que se deu
o seu desenvolvimento. Assim, a adolescência é uma fase do desenvolvimento bem
definida apenas na sociedade moderna ocidental (BOCK & LIEBESNY, 2003).

Deve-se entender que a adolescência como constituição socialmente tem


relação directa e inseparável com as especificidades de cada realidade. Depende
das necessidades sociais e económicas dos grupos sociais. E é, ao mesmo tempo,
produção e produtora do contexto social.
16

Ozella et al. (2003) em pesquisa realizada com psicólogos, evidenciou que


estes profissionais têm uma concepção naturalizante e universalizante sobre
adolescências, o que traz como consequência práticas curativas e disciplinares. Isso
pode ser fruto da formação profissional dada aos psicólogos.

As visões fechadas que são construídas e cristalizadas durante a formação


não permitem a crítica e a reflexão.

A falta de uma consciência reflexiva vai além de uma formação profissional, e


isto, sem dúvida vai reflectir na sua actuação pouco transformadora, para não
manter uma situação injusta para a população e, neste caso, particularmente para a
adolescente (OZELLA et al., 2003).

A concepção de adolescência para os profissionais de psicologia ainda é


percebido como algo estranho. Muitos psicólogos mostram total falta de preparação
para lidar com os adolescentes. Tal condição pode ser decorrente da displicência
durante a formação que não permitiu um olhar mais abrangente sobre a condição de
ser do adolescente.

2.3- Abuso Sexual em Adolescentes

Segundo Azevedo & Guerra (2000), o conceito de abuso sexual está longe de
ser preciso, mas pode ser definido como: todo acto ou jogo sexual, sendo relações
heterossexuais ou homossexuais, entre um ou mais adultos e uma criança menor de
18 anos, com a finalidade de estimular sexualmente a criança ou utilizá-la para obter
uma estimulação sexual.

O abuso sexual também pode ser definido, de acordo com o contexto de


ocorrência, em diferentes categorias. O abuso sexual intra-familiar ou incestuoso é
aquele que ocorre no contexto familiar e é perpetrado por pessoas afectivamente
próximas da adolescente, com ou sem laços de consanguinidade, que
desempenham um papel de cuidador ou responsável desta (HABIGZANG &
CAMINHA, 2004; KOLLER & DE ANTONI, 2004).
17

Segundo Furniss (1993 apud NEDA, 2011, p. 6):

“A violação sexual das crianças (adolescentes) refere-se ao envolvimento


de crianças e adolescentes dependentes, imaturos, em actividades sexuais
em que elas não compreendem totalmente, às quais são incapazes de dar
um consentimento informado e que violam os tabus sociais dos papéis
familiares”.

Furniss (1993, p. 12 apud NEDA, 2011, p. 6) acrescenta ainda:

“Que os abusos objectivam a gratificação das demandas e desejos sexuais


da pessoa que o comete”.

Segundo os autores Diégoli et al. (1996 apud NEDA, 2011) as diferentes


definições de abuso sexual têm, no mínimo, três aspectos em comum:

1. A impossibilidade de uma decisão por parte da criança ou adolescente


sobre sua participação na relação abusiva, já que na maior parte das
vezes não está apta para compreender o seu envolvimento numa relação
sexual;
2. O uso da criança por parte do adulto para a própria estimulação sexual;
3. O abuso de poder exercido pelo adulto, cujo comportamento coercitivo não
pode ser identificado facilmente, pois muitas vezes não existem provas
físicas de que o abuso sexual aconteceu. O incesto inclui-se nesta
categoria e é talvez a forma mais extrema de abuso sexual.

O abuso sexual é o envolvimento de adolescentes dependentes em


actividades sexuais com um adulto ou com qualquer pessoa um pouco mais velha
ou maior, em que haja uma diferença de idade, de tamanho ou de poder, em que a
adolescente é usada como objecto sexual para gratificação das necessidades ou
dos desejos, para a qual ela é incapaz de dar um consentimento consciente por
causa do desequilíbrio no poder, ou de qualquer incapacidade mental ou física
(SANDERSON, 2008).
18

Watson (1994 apud NEDA, 2011), define abuso sexual como qualquer
actividade ou interacção onde a intenção é estimular e/ou controlar a sexualidade da
adolescente. Além disso, segundo esse autor, devem ser observados três factores, a
fim de distinguir actos abusivos de actos não-abusivos:

 Um poder diferencial, implicando que uma das partes exerce controlo


sobre a outra e que a relação não é mutuamente concebida e
compreendida;
 Um conhecimento diferencial devido à idade cronológica mais avançada
do agressor, a um maior avanço do desenvolvimento do mesmo ou a uma
inteligência superior à da vítima;
 Uma gratificação diferencial, reconhecendo que o propósito da relação é a
satisfação do agressor e que qualquer prazer por parte da vítima é
acidental e de interesse para o prazer de quem abusa.

O abuso sexual dentro da literatura especializada sobre o assunto é definido


como uma situação em que a adolescente é usada para a gratificação sexual de um
adulto ou mesmo de um adolescente mais velho. Com base em uma relação de
poder que pode incluir desde carícias, manipulação da genitália, mama ou ânus,
exploração sexual, voyeurismo, pornografia e exibicionismo, até o acto sexual com
ou sem penetração, com ou sem violência (AZEVEDO & GUERRA, 1989 apud LIMA
& ALBERTO, 2012).

De acordo com Habigzang & Caminha (2004), o abuso sexual divide-se em


dois tipos: sem contacto físico (verbal, telefonemas obscenos, exibicionismo e
voyeurismo) e com contacto físico (actos físico-genitais, sadismo, pornografia e
prostituição infantil).

Em termos sexuais, o que define o acto abusivo, é o uso da adolescente


como objecto dos desejos do agressor, e a relação de poder travada entre este e a
vítima. Para tanto, as marcas físicas nem sempre são comprobatórias de que o
abuso tenha realmente ocorrido, como veremos mais adiante nesse trabalho.
19

Outro aspecto envolvido na definição do abuso sexual refere-se ao


consentimento da vítima. O consentimento, também, não deve ser o limite entre uma
relação abusiva e uma relação não abusiva. Uma adolescente mais nova,
geralmente não tem condições de estabelecer os limites em uma relação abusiva.
Ela não tem a capacidade de discriminar e consentir sobre uma relação sexual,
sendo que o adulto é quem deve ser responsável por estabelecer este limite
(ABRAPIA, 2004).

2.3.1- Formas de Abuso Sexual

O abuso sexual pode se dar de duas formas: intra-familiar ou extra-familiar.

O intra-familiar envolve relação sexual entre pessoas com um grau próximo


de parentesco ou que acreditem tê-lo. Significa considerar que, mesmo que não
consanguíneos, se afectivamente considerados familiares (padrasto, madrasta, pai
adoptivo, etc.), a gravidade incestuosa se instala (FORWARD & BUCK, 1989 apud
LIMA & ALBERTO, 2012).

O extra-familiar é quando ocorre fora do seio familiar, ou seja, o abusador é


alguém com quem não se tem grau de parentesco algum (LIBÓRIO, 2005).

A literatura aponta que, além de a relação entre abusador e vítima ser


caracterizada pelo poder, referindo dominação e subordinação, os abusos sexuais
são caracterizados pela presença de sedução e ameaça por parte do abusador. O
agressor geralmente inicia a violência utilizando-se da sedução e, na medida em que
a vítima vai percebendo e tenta oferecer resistência, ele lança mão de ameaças e
agressões físicas (AZAMBUJA, 2004; PFIFER & SALVAGNI, 2005).

Trata-se de uma conquista com características subtis, seguida de um


envolvimento tão profundo, com poder de anular a capacidade de discernimento da
vítima, que culmina com o seu aprisionamento na trama emocional; e, então, o
segredo acerca do que está acontecendo é imposto pelo abusador, que é reforçado
constantemente com ameaças de violência ou castigo. Nessas situações, as mães
costumam ser o principal foco da ameaça, o que mobiliza as vítimas (LIMA, 2008).
20

2.3.2- Abuso Sexual Intra-familiar

Padilha & Gomide (2004) afirmam que, quando ocorre dentro da família, o
perpetrador mais comum é o pai ou o padrasto e comete a violência contra a filha ou
enteada.

Cecria (2000) afirma que o abusador possui desenvolvimento físico e psíquico


maior, o que presume detenção de poder sobre a criança ou o adolescente. Quando
o abusador é amigo da família, esse exerce uma espécie de fascinação, tanto sobre
a pessoa vitimada como sobre seus familiares, apresentando-se como alguém
agradável, simpático, generoso e atento com todos, mas muito especialmente com a
vítima e seus pais. Em não poucas ocasiões, favorece economicamente a família da
vítima.

As mães de adolescentes abusadas sexualmente exercem papel fundamental


diante do desenvolvimento das acções subsequentes à revelação do abuso intra-
familiar. São elas que mais denunciam os agressores, pois são as figuras mais
próximas aos vitimados (as) e, então, com mais possibilidade de perceber traços de
incidência ou de receber a notícia (HABIGZANG et al., 2005; LIMA, 2008).

De acordo com Lima (2008), elas revelam uma carga negativa de sentimentos
diante da experiência com seu filho ou filha capaz de gerar sofrimento subjectivo
expresso em desamparo, culpa, medo, vulnerabilidade, embotamento afectivo e, até
mesmo, a partir da lembrança de sua própria vitimação por abuso sexual quando
adolescente, facto que estava encoberto.

Entre os sentimentos iniciais vivenciados pelas mães, nos casos de abuso


sexual intra-familiar, encontra-se uma confusão diante da suspeita ou constatação
de que o companheiro de facto está a cometer o abuso, e também frente aos
sentimentos ambivalentes desenvolvidos em relação à filha. Ao mesmo tempo em
que sente raiva e ciúme, atribui a si a culpa por não protegê-la. Na verdade, a mãe é
igualmente vítima da violência familiar (ARAÚJO, 2002).
21

Dessa forma, a mãe que se revela diante de tal situação é alguém que se
constituiu no decorrer de sua história. Alguém que se encontra impelida a tomar
decisões baseadas em sua construção, e que deve contemplar a todos de sua
família, o que afirma seu papel de responsável pelo cuidado, manutenção de
equilíbrio familiar e protecção dos filhos, desde as mais antigas formações familiares
(MALDONADO, 2000).

É nesse contexto arraigado com as raízes remanescentes que as mães de


crianças e adolescentes abusadas sexualmente se encontram. Além disso, trazem a
sua bagagem histórica e pessoal, baseada no contacto com o meio social em que se
desenvolveram, que se torna referencial para o desenvolvimento de suas acções.
Trata-se de uma subjectividade constituída a partir das condições objectivas com
que teve contacto, oriunda, portanto, da própria cultura (REY, 2003).

Sendo assim, para se compreender essa mãe, é necessário o conhecimento


de sua história, uma vez que, conforme aponta Vygotsky (1998 apud LIMA &
ALBERTO, 2012), o sujeito não se constitui de fora para dentro e, tampouco, é
reflexo passivo do meio que o circunda, mas produto do contexto sociocultural.

São mulheres que mantêm uma relação com o mundo que as cerca com o
pensamento voltado para si e seus múltiplos papéis sociais (mãe, esposa e dona de
casa); isso porque têm a intenção de actuar da forma mais satisfatória possível aos
olhos da sociedade. Preocupam-se em desenvolver o papel materno em
conformidade com os requisitos sociais, os quais possuem base nos registos do
passado e que permeiam a história de uma sociedade. Trata-se de um retrato
cultural do desenvolvimento social ao qual a mãe se sente impulsionada a se
adequar (MARCELLO, 2005).

Nos casos de abuso sexual intra-familiar infanto-juvenil, Lima (2008) abordam


o valor e a responsabilidade das mães, apontando que elas tendem a fazer reflexões
acerca de si mesmas e de seu papel protectivo ou não protectivo. Após a situação
de violência, as mães passam a ser mais atentas e mais próximas a suas filhas,
demonstrando mais cuidado e preocupação com seus comportamentos diante da
sociedade, protegendo-as.
22

Assim, compreender a forma como essas mulheres-mães abordam e


entendem a situação de abuso sexual intra-familiar que viveram com a filha torna-se
um meio de compreender como elas se constituíram enquanto sujeito ao longo de
sua vivência. A partir dessa compreensão, pode-se pensar numa implementação de
acções de combate a esse tipo de violência, considerando-se a importância do papel
de tais sujeitos diante das situações. Assim, o atendimento dispensado a elas pode
ser a chave para a atenção adequada à criança ou adolescente vitimada.

2.3.3- Abuso Sexual Extra-familiar

O abuso sexual extra-familiar envolve um processo diferente do incestuoso na


relação abusador – vítima. Esse tipo de abuso raramente começa com um acto
directo de abuso sexual e estupro. O mais comum é que o agressor invista um
tempo considerável seduzindo a criança para seus objectivos sexuais.

O abuso sexual extra-familiar não ocorre necessariamente no âmbito das


relações familiares. Geralmente é ocasionado por um adulto sem laços parentais e
que pode ser conhecido ou não da família. Sempre é aludido àquelas crianças e
adolescentes que vivem em situação de rua, e geralmente está relacionado à
exploração sexual comercial, como podemos observar em materiais divulgados por
programas governamentais de combate à exploração sexual (ANTONI et al., 2011).

Além disso, são encontradas afirmações que equiparam abuso extra-familiar


à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes como se fossem o
mesmo fenómeno.

Esse processo é chamado de aliciamento, e tem como base a sedução


emocional com a finalidade do contacto sexual. O aliciamento ocorre tanto na
escolha da família para obter acesso à criança quanto na aproximação directa com a
criança com a finalidade de conquistar sua amizade. Ganhar a confiança da criança
pode ocorrer tanto pessoalmente quanto pela Internet, método actualmente muito
utilizado e no qual o abusador pode forjar várias identidades e perfis (SANDERSON,
2005).
23

O processo de aliciamento é lento e metódico e pode levar meses até que a


actividade sexual aconteça. A vítima será escolhida de acordo com a faixa etária de
preferência do abusador e pode incluir também características físicas como etnia,
cor do cabelo, cor dos olhos e da pele.

O abuso sexual extra-familiar ocorre geralmente em locais próximos da


residência da vítima e é perpetrado por desconhecidos ou por pessoas com uma
relação pouco intensa com a família da criança. As vítimas mais frequentes são as
adolescentes, jovens e adultas do sexo feminino (ANTONI et al., 2011).

2.4- Consequências de Abuso Sexual em Adolescentes

Diversos estudos demonstram que as consequências do abuso sexual


infanto-juvenil estão presentes em todos os aspectos da condição humana, deixando
marcas – físicas, psíquicas, sociais, sexuais, entre outras – que poderão
comprometer seriamente a vida da vítima (criança ou adolescente) que passou por
determinada violência (ROMARO & CAPITÃO, 2007; SILVA, 2000).

Pode-se afirmar que o abuso sexual e suas consequências sobre a saúde da


vítima “são primeiramente uma violação dos direitos humanos, não escolhendo cor,
raça, credo, etnia, sexo e idade para acontecer” (CUNHA et al., 2008).

Os sintomas atingem todas as esferas de actividades, podendo ser


simbolicamente a concretização, ao nível do corpo e do comportamento, daquilo que
a criança ou o adolescente sofreu. Ao passar por uma experiência de violação de
seu próprio corpo, elas reagem de forma somática independentemente de sua idade,
uma vez que sensações novas foram despertadas e não puderam ser integradas
(PRADO, 2004).

Ao debater as consequências do abuso sexual infanto-juvenil, é necessário


considerar algumas particularidades que envolvem a violência praticada, tais como:
grau de penetração; acompanhamento de insultos ou violência psicológica; uso de
força ou violência física, entre outras brutalidades que, obviamente, são variações
que comprometem as conclusões sobre as consequências do abuso sexual.
24

Summit (1983 apud IKAWA, 2007), descreve mecanismos utilizados pela


menina vítima de abuso. Um deles seria o uso ou descoberta de estados alterados
de consciência. Outra forma de normalizar é fingir que a parte de baixo do corpo não
existe no momento em que ocorre a acção.

Para Furniss (2002), o abuso sexual apresenta danos primários, ou seja,


causados pelas etapas do abuso – fase de sedução, da interacção sexual abusiva e
do segredo – e secundários, causados por factores diversos e subsequentes ao
abuso, estigmatização social; trauma secundária no processo interdisciplinar; no
processo família-profissional; no processo familiar e no processo individual.

O trauma secundário refere-se segundo Furniss (2002), a estigmatização que


a criança ou adolescente abusada e a família podem sofrer socialmente. Assim
como o conflito entre os sistemas legais e as necessidades psicológicas da criança
ou adolescente e de protecção, pois o sistema legal ainda não se adaptou
completamente aos aspectos dos direitos humanos da criança ou adolescente.

Segundo Ferrari & Vecina (2002), a violência intra-familiar implica em uma


compreensão histórico-psicossocial do indivíduo e da família, ou seja, como ocorrem
as relações pai/mãe/filhos (as) e a forma de relacionamento entre esses membros.
Dessa forma se a violência intra-familiar é construída histórica, psicológica e
socialmente, é impossível apontar uma única causa. É necessário observar
características pessoais e circunstanciais dos membros envolvidos. Os reflexos do
abuso podem ser notados tanto no presente como no futuro.

Segundo as mesmas autoras citadas anteriormente, em famílias onde ocorre


abuso sexual observa atitudes erotizadas e ambíguas às quais crianças e
adolescentes podem estar aprisionados. Em muitos casos essa é única forma de
contacto físico vivido pelos membros evolvidos no abuso.

A adolescente que apresenta um comportamento aparentemente sedutor


pode sofrer uma série de outros problemas. Ao relatar o abuso, a vítima que é uma
adolescente pode ser culpada por ter seduzido o agressor. Podem também transferir
esse comportamento para relacionamentos com outras pessoas, o que pode gerar
uma nova agressão sexual.
25

A fuga de casa pode ocorrer na adolescência, momento em que se encontram


desesperadas, sem alternativas e sem confiança em um adulto. Normalmente o real
motivo da fuga não é revelado, a não ser que um adulto sensível e que transmita
confiança a adolescente tenha possibilidade de um relacionamento que favoreça a
revelação de tal acção (IKAWA, 2007).

Segundo AZEVEDO & GUERRA (1998), as consequências da violência


sexual são variadas, na maioria dos casos aparece:

 Doença sexualmente transmissível;


 Infecções urinárias de repetição;
 Dor, inchaço e/ou escoriações na área genital ou anal;
 Mudança brusca no comportamento;
 Enurese e encoprese;
 Depressão;
 Vergonha excessiva;
 Hiperatividade;
 Comportamento agressivo;
 Comportamento sexualizado inadequado;
 Comportamento sedutor;
 Aversão ao contacto físico;
 Fuga de casa e relutância para voltar;
 Promiscuidade;
 Tentativa de suicídio;
 Gravidez precoce;
 Problemas de aprendizagem;
 Uso abusivo de drogas/álcool;
 Comportamento antissocial;
 Timidez;
 Primeira a chegar à escola e a última a sair.
26

2.4.1- Consequências a Curto Prazo

Problemas físicos; problemas no desenvolvimento das relações de apego e


afecto; desenvolve reacções de evitação e resistência ao apego; depressão e
diminuição da auto-estima; distúrbios de conduta; alterações no desenvolvimento
cognitivo; má percepção de si próprio; dificuldades na compreensão e aceitação das
emoções do outro.

A confusão da vítima leva ao não reconhecimento de seus sentimentos e


desejos e à tendência à submissão e a revitimização ou à conduta abusiva ativa. O
sentimento de culpa vai manifestar-se pelo senso de estigmatização, isolamento,
baixa auto-estima e diminuição da atenção e concentração, com queda no
rendimento escolar (IKAWA, 2007).

Segundo Florentino (2015), ao discorrer sobre as consequências do abuso


sexual praticado contra crianças e adolescentes, é essencial pensar o quanto é
monstruosa a deturpação da condição física, biológica ou orgânica, pois o abuso
sexual compreende uma violação do corpo da vítima que, muitas vezes, sai com
ferimentos na própria pele.

Desta forma, é possível apontar como consequências orgânicas: lesões


físicas gerais; lesões genitais; lesões anais; gestação, doenças sexualmente
transmissíveis; disfunções sexuais; hematomas; contusões e fracturas.

Usualmente, a vítima sofre com ferimentos advindos de tentativas de enfor-


camento; lesões genitais que não se dão somente pela penetração e sim por meio
da introdução de dedos e objectos no interior da vagina das vítimas; lesões que
deixam manifestos o sadismo do agressor, como queimaduras por cigarro, por
exemplo; lacerações dolorosas e sangramento genital; irritação da mucosa da
vagina; diversas lesões anais, tais como a laceração da mucosa anal, sangramentos
e perda do controlo esfincteriano em situações onde ocorre aumento da pressão
abdominal (IKAWA, 2007).
27

Segundo Laranjeira (2000), o abuso sexual na adolescência tem um profundo


efeito na vida da vítima, que pode durar por longo tempo, até mesmo por toda vida.
Observam-se sintomas bastante definidos em adolescentes que foram abusadas
sexualmente, e estão relacionadas principalmente ao medo e a ansiedade: insónia,
terror nocturno, queixas psicossomáticas diversas, anorexia, regressões no
funcionamento emocional, tais como chupar dedo, roer unha, enurese.

Também se observa o medo de se defrontar com pessoa do sexo oposto,


fobia escolar, medo de agressões físicas. Em algumas situações ela desenvolve
uma síndrome de stress pós-traumático, que se caracteriza por ataques de pânico,
depressão, incapacidade de funcionamento global e o medo mórbido de novos
ataques.

A consequência aguda do abuso sexual é frequentemente complicada e


agravada pela problemática que a crise familiar acaba a gerar pelo descobrimento
deste evento, o que é muitas vezes agravada pela remoção da criança da casa dos
pais. O grau do trauma vai depender também da idade e do desenvolvimento prévio
da vítima, da intensidade do abuso, da frequência de duração e extensão do que lhe
aconteceu (LARANJEIRA, 2000).

Por exemplo, uma penetração vaginal ou anal é mais traumática do que o


toque físico. O grau de apoio que esta família será capaz de desenvolver, também é
fundamental na perpetuação da sequela ou no seu alívio.

2.4.2- As consequências a Longo Prazo

Sequelas físicas; probabilidades de serem pais abusadores no futuro; conduta


delinquente e comportamentos suicidas na adolescência; pode gerar conduta
criminal violenta. O dano psicológico pode estar relacionado aos seguintes itens: a
idade do início do abuso; a duração do mesmo; o grau de violência ou ameaça; a
diferença de idade entre quem comete o abuso e a vítima; quão estreitamente era a
relação da pessoa que cometeu o abuso com a pessoa que sofreu o abuso; a
ausência de figuras parentais protectoras e o grau de segredo (FURNISS, 1993
apud IKAWA, 2007).
28

As consequências em longo prazo do abuso sexual podem ser de várias


formas psicopatológicas e distúrbios específicos no comportamento sexual e
identificação do papel sexual da vítima. Dois tipos contrastantes de adaptação em
crianças/adolescentes abusadas sexualmente foram observados: um no qual ela
tenta através de actos repetitivos, imitando o trauma, ganhar maestria sobre o que
lhe aconteceu. No outro, ela evita todo e qualquer estímulo ou referência a questões
sexuais (LARANJEIRA, 2000).

Segundo Laranjeira (2000), algumas das consequências em longo prazo


deixadas pelo abuso sexual são:

- Falta de confiança: em geral decorre do rompimento pelo pai de seu papel


paternal e pela constatação de que a mãe negou protecção durante esta actividade
incestuosa.

- Auto-imagem deficiente: decorre da culpa e da vergonha que ela tem


daquilo que lhe aconteceu. A vítima frequentemente é alvo de críticas ou outros
comportamentos hostis. Há situações onde ela é acusada de sedução, e isto
exacerba ainda mais quando ela vivenciou algum tipo de prazer na relação.

- Síndrome das coisas boas destruídas: o contacto sexual causa dano à


auto-imagem e ao amor próprio.

- Depressão: é frequentemente observada nas vítimas de abuso sexual, o


que pode resultar em um comportamento autodestrutivo ou suicida. As vítimas
adolescentes são as mais vulneráveis a isto.

- Sintomas histéricos e alterações na personalidade: podem reflectir


tentativas da criança/adolescente de se defender das impressões traumáticas que a
situação incestuosa ou agressiva lhe gerou, associados à defesa primitiva como
negação, separação interna do evento e isolamento de afecto.

Em casos mais extremos de reacções de dissociação podem inclusive levar a


distúrbios do tipo personalidade múltipla. Convulsões histéricas ocasionalmente são
29

observadas. É importante lembrar que a histeria é doença, devendo ser tratada


como tal.

- Isolamento social e dificuldade de relacionamento interpessoal: as


famílias incestuosas em geral interferem no estabelecimento de novas relações
interpessoais pela vítima e de amizades apropriadas para sua idade.

Esta criança/adolescente frequentemente não desenvolve a capacidade de se


relacionar adequadamente com pessoas da sua idade, ficando incapacitada de
desenvolver habilidades normais para sua faixa etária. Em consequência disto tudo,
ocorre um isolamento, o que perpetua um ciclo de alienação.

- Queda do rendimento académico e comprometimento das capacidades


cognitivas: em geral decorre da preocupação da criança/adolescente com a
situação incestuosa ou as tensões familiares. O isolamento social se estende ao seu
aproveitamento na escola, havendo dificuldade na relação com colegas e
professores e fazendo com que ela se sinta mais culpada e com mais raiva.

As adolescentes vítimas de abuso sexual podem apresentar dificuldades de


concentração e queda no rendimento escolar por estarem emocionalmente
sobrecarregadas, antecipando o próximo encontro e criam formas para fugir deles e
preocupadas com as tensões familiares.

- Abuso de drogas: adolescentes vítimas de abuso sexual frequentemente


lançam mão deste artifício como uma maneira de minimizar seus sentimentos em
relação à experiência vivida, camuflar emoções dolorosas ou outros afectos
envolvidos. Com isso, sempre que lidamos com viciados em drogas, devemos
buscar a razão deste gesto.

- Distúrbio de Stress pós-traumático: em geral decorre da exacerbação de


culpa e medo pela situação incestuosa. Pode se manifestar em épocas posteriores,
sendo, portanto um quadro crónico. Muitas vezes, resulta em disfunções sexuais
devido à associação inconsciente de uma relação normal com a situação de incesto.
30

O distúrbio de sono também pode ser um sinal apresentado pela criança ou


adolescente que sofreu abuso sexual. Essas adolescentes frequentemente têm
pesadelos nocturnos, podem permanecer acordadas e mais vigilantes, para
antecipar um próximo ataque. Quando conseguem dormir seu sono é intranquilo e
acordam cansadas, o que prejudica o desenvolvimento de suas actividades durante
o dia. Dormir em excesso também pode ser um sinal, no qual a criança evita a
realidade no sono (IKAWA, 2007).

Auto-mutilação é na maior parte das vezes praticada por adolescentes. Esse


tipo de comportamento pode ser abordado de diferentes ângulos, muitas vítimas
encontram-se deprimidas e com baixa auto-estima, ao ferir o próprio corpo fazem
uma tentativa de torná-los menos sedutores; tentam apagar a lembrança do abuso
provocando dor; pode ser considerado também uma auto-punição, por sentirem-se
muitas vezes culpadas pelo abuso (IKAWA, 2007).

- Aumento da excitação e interesse sexual: isto pode ocorrer em alguns


casos, levando a um comportamento híper-sexual.

- Inibição e esquiva sexual: ocorre em algumas adolescentes abusadas


sexualmente quando elas se tornam adultas, por não conseguirem dissociar as
situações actuais normais do evento traumático sofrido. Na idade adulta há
dificuldade de se estabelecer um relacionamento sexual normal, com ou sem
disfunção.

Algumas meninas abusadas sexualmente evitam roupas e actividades


tipicamente femininas como uma defesa contra eventuais imagens sexuais
relacionadas a incesto. Em alguns casos desenvolvem um padrão de
comportamento masculino, o que pode torná-las, às vezes, alvo de ataques
homossexuais (IKAWA, 2007).

Em alguns casos percebe-se que a adolescente que foi abusada envolve-se


no futuro com outra pessoa que pode vir a abusar novamente dela ou infringir algum
outro tipo de violência que não seja sexual. É uma reprodução do que esse sujeito
entende como amor. É o modelo que ele possui e carrega na sua história.
31

2.4.3- Abuso Sexual e Memória

O abuso sexual corresponde a uma forma de evento traumático


constantemente relatado na literatura forense (Saffi et al., 2006) e suas
consequências têm gerado um grande número de pesquisas, envolvendo memória,
aprendizagem, afectividade e sexualidade.

Deficits na memória verbal de curto e longo prazo têm sido observados em


adultos com histórico de abuso sexual na infância, muitas vezes acompanhados de
dificuldades no controle inibitório (LIMA & ALBERTO, 2012).

O estudo dos processos de memória baseia-se no pressuposto de que a


compreensão nos processos de organização do conhecimento da memória ajuda a
explicar o comportamento e o julgamento social. É por meio da memória que o ser
humano pode se lembrar de sua história pessoal. Uma representação é geralmente
definida como a codificação, de alguma informação que o indivíduo recebe, retém na
memória, acessa e utiliza de várias formas para descrever, avaliar ou tomar
decisões comportamentais.

O modo como a informação social se encontra armazenada na memória, os


processos que estão envolvidos na recuperação dessa informação e as relações
entre memória e julgamento constituem actualmente uma das áreas de maior
destaque no âmbito da investigação em Cognição Social.

Segundo vários autores (IZQUIERDO, 2002; EYSENCH & KEANE, 2007), a


memória de curto prazo é conhecida como memória imediata ou primária, limitada
em tamanho e duração e é essencialmente bioquímica. Pode ser definida como a
capacidade de guardar uma informação durante um espaço de tempo, muito curto
(de segundos a até 3 minutos), e de poder recuperá-la durante esse intervalo. É
limitada pelo campo de apreensão instantâneo de um conjunto, ou seja, o número
de elementos que a mente pode reter simultaneamente.
32

Por outro lado, a memória de longo prazo, refere-se a todas as lembranças,


com a ajuda da memória imediata, que se fazem ao fim de alguns minutos, indo até
o período de muitos anos. As informações ambientais são de início recebidas pelos
armazenamentos sensoriais, são retidas por um breve período e algumas
informações recebem mais atenção, são processadas no armazenamento de curto
prazo e transferidas para o de longo prazo.

Esse arquivo depende de como a informação é referida havendo uma relação


directa entre a quantidade de referências e a força do traço de memória
armazenada. A estocagem representa um conjunto dos processos que conduzem à
conservação dos traços mnésicos e a recuperação corresponde ao estágio do
resgate da lembrança, e é uma fase muito elaborada onde os traços mnésicos são
procurados activamente, seja consciente ou inconscientemente.

Aspecto importante para o resgate da lembrança é o contexto no qual ela se


formou: o local, o ambiente geral, a presença de pessoas, a actividade do momento
(contexto externo), o estado emocional, de humor, de satisfação, motivação
(contexto interno). Esse aspecto foi denominado aprendizagem dependente do
estado (PETGHER et al., 2006).

De acordo com Izquierdo (2002), do ponto de vista estrutural os tipos de


memória podem ser divididos em memória explícita ou consciente caracterizada pela
habilidade do indivíduo em recordar os detalhes de eventos passados, incluindo
tempo, lugar e circunstâncias.

Memória implícita ou inconsciente é a habilidade para realizar algum acto ou


comportamento aprendido de forma mais ou menos automática sem que o sujeito
perceba de forma clara que o está aprendendo. Ou seja, os efeitos dos processos
de organização na memória implícita, particularmente no julgamento da realidade,
têm sido atribuídos ao facto do julgamento ser feito com base em informação que é
parte do esquema daquele indivíduo, sofrendo, portanto a interferência de seus
registos, e não das características directamente disponíveis do objecto (GARRIDO &
MARQUES, 2003).
33

A memória implícita ou amidalóide é uma espécie de alarme de perigo


enquanto a explícita ou hipocampal é a arquivista. Factos não traumáticos eles
serão submetidos a uma análise (por parte da amígdala) de possíveis perigos neles
inerentes. A reminiscência desses factos supondo-se não haver neles qualidade
traumática fica transferida para o hipocampo (OLIVEIRA, 2010).

Ocorrendo, porém uma assimilação traumática do fato, não haverá


transferência da amígdala para o hipocampo e a reminiscência traumática ficará
fixada na memória implícita. Ali as recordações traumáticas assumem a qualidade
de emoções altamente invasivas e negativas. A recordação permanece ali trancada,
não podendo ser actualizada cronológica e verbalmente; ela é fragmentada em
elementos isolados, em imagens e fixação de recordações somáticas (NIJENHUIS et
al., 1990 apud OLIVEIRA, 2010).

Reforçam esses conceitos as pesquisas de Peres & Nasello (2009), baseados


em estudos com neuroimagem. Segundo esses autores, a dificuldade de sintetizar,
categorizar e integrar a memória traumática em uma narrativa pode estar
relacionada à relativa diminuição do volume e activação do hipocampo, à diminuição
da actividade do córtex pré-frontal, do cíngulo anterior e da área de broca.

As memórias traumáticas não hipocampo/pré-frontal dependentes são


involuntariamente acessadas, apresentam-se fragmentadas sensorialmente, sem
estrutura narrativa desenvolvida e tendem a permanecer com expressão emocional
intensa e sensações vívidas.

Segundo Garrido & Marques (2003), quando pensamos em um esquema de


acessibilidade, avaliando que esse processo é activado e utilizado para facilitar a
interpretação de nova informação que partilhe aspectos semelhantes com a
informação anteriormente processada, e que, mesmo quando um esquema tem um
nível variável de acessibilidade, mas é reforçado pela sua utilização frequente, em
grau elevado, poderá ser acessado de forma desorganizada e involuntária.
34

CAPÍTULO III-METODOLOGIA

3.1- Tipo de Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa do tipo de campo com uma abordagem


quantitativa.

A pesquisa de campo com abordagem quantitativa: tem como característica o


contacto imediato do pesquisador com o fenómeno a ser estudado. Em um primeiro
momento, ele observa e regista directamente os dados e informações referentes, á
ocorrência dos fenómenos e, posteriormente, procura explicá-los, com base em
métodos e técnicas específicas. As formas mais utilizadas para a colecta de dados e
informações são: entrevistas, questionário, formulação e observação (LAKATOS &
MARCONI, 2007).

3.2- População e Amostra

A população: é o conjunto de pessoas ou de outros objectos de estudos


sobre os quais o investigador pretende tirar conclusões, possuindo todos eles
características comuns que se pretendem estudar (ZASSALA 2002).

Amostra: é o conjunto de elementos relativamente aos quais se recolhem


dados, é um subconjunto representativo da população (ZASSALA 2002).

Para a nossa pesquisa a população foi constituida por 40 participantes e a


nossa amostra foi composta por 30 entrevistadas de idade compreendida entre os
11 aos 17 anos, com base na entrevista semi-estruturada.

3.3- Variáveis da Pesquisa

Variável pode ser entendida como uma classificação ou medida, uma


quantidade que se altera em cada caso ou unidade de estudo. Uma propriedade no
objecto de estudo que pode ser medida e enumerada (ZASSALA 2002).
35

Para a realização deste estudo trabalhamos com dois tipos de variáveis:

1. Variável Dependente: consiste naqueles valores (fenómenos, factores) a


serem explicados ou descobertos em virtudes de serem influenciados, determinados
ou afectados pela variável independente (ZASSALA, 2002).

Neste estudo temos como variável dependente: consequência do abuso


sexual em adolescentes.

2. Variável Independente: é o factor manipulado (geralmente) pelo


investigador, na sua tentativa de assegurar a relação do factor com um fenómeno
observado ou a ser descoberto, para ver que influência exerce sobre um possível
resultado (ZASSALA, 2002).

Temos como variáveis independentes: comportamento anti-social, falta de


confiança nos adultos, depressão e tentativa de suicídio; comportamento agressivo,
hiperactividade e fuga dos contactos físicos; síndrome do segredo, com sentimento
de culpa, vergonha, dor e medo; Transtorno de Stress Pós-Traumático; surgimento
dos conflitos relacionais entre a vítima, os membros da família e o meio social em
que se encontram inseridos; lesões físicas; genitais e anais, gravidez, doenças
sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais.

3.4- Técnicas de Investigação da Pesquisa

1 - Técnicas: são maneiras de actuar, baseadas em recursos especiais,


como são os argumentos estatísticos, aparelhos e instrumentos, mediante os quais
pretende alcançar resultados, presumivelmente úteis, na investigação científica. (1)
Nesta pesquisa as principais técnicas utilizadas são:

a) Observação: é uma técnica de dados para conseguir informações e utiliza


os sentidos na observação de determinados aspectos da realidade.
b) Entrevista: por meio desta técnica foi possível identificar, a partir do
discurso dos entrevistados.

Carlinhos ZASSALA, O jovem Angolano e a escolha profissional, p. 225


36

c) Pesquisa bibliográfica: que consistiu na consulta de obras que abordam o


tema.

3.5-Instrumentos de recolha de dados da Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho utilizamos o seguinte instrumento:


 Questionario escrito

3.6- Métodos de Pesquisa

O método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que permite


alcançar o objectivo (LAKATOS & MARCONI, 2007).

Para este estudo foram utilizados como métodos de pesquisa:


 Método descritivo
 Método estatístico.

3.7- Modelo de Pesquisa

Para o desenvolvimento deste trabalho, utilizou-se como o modelo de


pesquisa descritiva.

3.8- Procedimentos
A presente pesquisa contou com a participação de pessoas que já sofreram
abuso sexual na adolescência, residente na cidade de Caxito, Município do Dande,
onde buscou-se o recrutamento das participantes por meio de contactos pessoais,
ocasião esta em que foi marcado um encontro pessoal entre a investigadora e os
participantes, respeitando as disponibilidades de dia e horário das entrevistadas,
tendo a finalidade de explicar os objectivos da investigação, bem como as condições
de sigilo sobre as informações obtidas, tal como resguardado por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo).
37

CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Tabela n.º 1- Distribuição da amostra segundo a pergunta: Você já ouviu falar


sobre o abuso sexual em adolescentes?

Conhecimento Freq. %
Sim 20 100
Não 0 0
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 1- Distribuição da amostra segundo a pergunta: Você já ouviu falar


sobre o abuso sexual em adolescentes?

100%
100
90
80
70
60 Freq.
50
%
40
30 20
20
10 0 0%
0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

Relativamente às respostas dadas pelos inquiridos, percebe-se que todos os


inquiridos com frequência de 20 equivalentes a 100% responderam que já ouviram
falar sobre o abuso sexual em adolescentes e sabem algumas consequências do
mesmo.
38

Tabela n.º 2- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 1: O abuso sexual


em adolescentes provoca o comportamento anti-social, falta de confiança nos
adultos, depressão e tentativa de suicídio nas vítimas

Resposta Freq. %
Sim 18 90
Não 2 10
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 2- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 1: O abuso


sexual em adolescentes provoca o comportamento anti-social, falta de
confiança nos adultos, depressão e tentativa de suicídio nas vítimas

90%
90
80
70
60
50 Freq.
40 %
30 18
20 10%
2
10
0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

A tabela e gráfico n.º 2, sobre a hipótese n.º 1, mostra-nos que 18 inquiridos


correspondentes a 90% afirmam que o abuso sexual em adolescentes provoca o
comportamento anti-social, falta de confiança nos adultos, depressão e tentativa de
suicídio nas vítimas e 2 inquiridos equivalentes com 10% não concordaram.

Assim sendo, a nossa hipótese foi confirmada como uma das consequências
do abuso sexual em adolescentes.
39

Tabela n.º 3- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 2: O abuso sexual


em adolescentes provoca o comportamento agressivo, hiperactividade e a
fuga dos contactos físicos nas vítimas

Resposta Freq. %
Sim 12 60
Não 8 40
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 3- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 2: O abuso


sexual em adolescentes provoca o comportamento agressivo, hiperactividade
e a fuga dos contactos físicos nas vítimas

60%
60

50 40%
40
Freq.
30 %
20 12
8
10

0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

De acordo com a tabela e gráfico n.º 3, viu-se que, 12 inquiridos equivalentes


a 60% consideram que o abuso sexual em adolescentes provoca o comportamento
agressivo, hiperactividade e a fuga dos contactos físicos nas vítimas e 8 inquiridos
equivalentes a 40% não concordam.

Pode dizer que a esta hipótese foi confirmada como uma das consequências
do abuso sexual em adolescentes.
40

Tabela n.º 4- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 3: O abuso sexual


em adolescentes provoca a síndrome do segredo, com o sentimento de culpa,
a vergonha, a dor e o medo nas vítimas

Resposta Freq. %
Sim 16 80
Não 4 20
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 4- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 3: O abuso


sexual em adolescentes provoca a síndrome do segredo, com o sentimento de
culpa, a vergonha, a dor e o medo nas vítimas

80%
80
70
60
50 Freq.
40 %
30 20%
16
20
4
10
0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

Ao analisar a tabela e gráfico acima, constatou-se que 16 inquiridos


correspondentes a 80% afirmam que o abuso sexual em adolescentes provoca a
síndrome do segredo, com o sentimento de culpa, a vergonha, a dor e o medo nas
vítimas e 4 inquiridos equivalentes a 20% não concordam.

Pode dizer que a esta hipótese foi confirmada como uma das consequências
do abuso sexual em adolescentes.
41

Tabela n.º 5- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 4: O abuso sexual


em adolescentes provoca Transtorno de Stress Pós-Traumático nas vítimas

Resposta Freq. %
Sim 15 75
Não 5 25
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 5- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 4: O abuso


sexual em adolescentes provoca Transtorno de Stress Pós-Traumático nas
vítimas

75%
80
70
60
50 Freq.
40 %
25%
30
15
20
5
10
0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

De acordo com os resultados da tabela e gráfico n.º 5, viu-se que 15


inquiridos equivalentes a 75% afirmaram que o abuso sexual em adolescentes
provoca Transtorno de Stress Pós-Traumático nas vítimas e 5 inquiridos que
correspondes a 25% não concordam.

Assim sendo, esta hipótese foi confirmada como uma das consequências do
abuso sexual em adolescentes.
42

Tabela n.º 6- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 5: O abuso sexual


em adolescentes desenvolve conflitos relacionais entre a vítima, membros da
família e o meio social onde estão inseridas

Resposta Freq. %
Sim 11 55
Não 9 45
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 6- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 5: O abuso


sexual em adolescentes desenvolve conflitos relacionais entre a vítima,
membros da família e o meio social onde estão inseridas

55%
60
45%
50

40
Freq.
30 %
20 11
9
10

0
Sim Não

Fonte: Inquérito por questionário

De acordo com os resultados da tabela e gráfico acima, viu-se que 11


inquiridos equivalentes a 55% concordam que o abuso sexual em adolescentes
desenvolve conflitos relacionais entre a vítima, membros da família e o meio social
onde estão inseridas e 9 inquiridos que correspondes a 45% não concordam.

Mesmo com estes resultados que quase é igual, esta hipótese foi confirmada
como uma das consequências do abuso sexual em adolescentes.
43

Tabela n.º 7- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 6: O abuso sexual


em adolescentes provoca lesões físicas, genitais e anais; gravidez; doenças
sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais nas vítimas

Resposta Freq. %
Sim 17 85
Não 3 15
Total 20 100
Fonte: Inquérito por questionário

Gráfico n.º 7- Distribuição da amostra segundo a Hipótese n.º 6: O abuso sexual


em adolescentes provoca lesões físicas, genitais e anais; gravidez; doenças
sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais nas vítimas

85%
90
80
70
60
50 Freq.
40 %
30 17 15%
20
3
10
0
Sim Não
Fonte: Inquérito por questionário

Relativamente às respostas dadas pelos inquiridos, de acordo com os


resultados da tabela e gráfico acima, viu-se que 17 inquiridos equivalentes a 85%
afirmaram que o abuso sexual em adolescentes provoca lesões físicas, genitais e
anais; gravidez; doenças sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais nas
vítimas e 3 inquiridos que correspondes a 15% não concordam.

Assim sendo, esta hipótese foi confirmada como uma das consequências do
abuso sexual em adolescentes.
44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As consequências do abuso sexual são extensas e diversas para as vítimas.


Diferentes autores abordam a temática sob os mais singulares pontos de vista.
Médicos, psiquiatras, psicólogos, sociólogos e outras categorias profissionais já
tentaram, e continuam tentando, delinear quais são as consequências decorrentes
de uma situação de abuso sexual em adolescentes, para que, assim, se construam
propostas de intervenções mais específicas no sentido de minimizar os danos dessa
violência.

Relativamente os resultados encontrados nesta pesquisa, percebe-se que


todos os inquiridos com frequência de 20 equivalentes a 100% já ouviram falar sobre
o abuso sexual em adolescentes e sabem algumas consequências do mesmo.

No que tange as hipóteses formuladas, viu-se que todas elas foram


confirmadas como consequências de abuso sexual em adolescentes dos 12 aos 17
aos de idade. A primeira hipótese foi confirmada por 18 inquiridos correspondentes a
90%. A segunda hipótese foi confirmada por 12 inquiridos equivalentes a 60%. A
terceira hipótese foi confirmada por 16 inquiridos correspondentes a 80%. A quarta
hipótese foi confirmada por 15 inquiridos equivalentes a 75%. A quinta hipótese foi
confirmada por 11 inquiridos equivalentes a 55%. A sexta hipótese foi confirmada
por 17 inquiridos equivalentes a 85%.

Em suma, não é possível generalizar ou delimitar perfeitamente os efeitos do


abuso sexual, uma vez que a gravidade e a extensão das consequências dependem
de particularidades da experiência de cada vítima.

Dentro desta perspectiva, é importante pensar no assunto sob a óptica da


singularidade de cada adolescente, para não cair em num reducionismo ou
generalismo da questão. Cada adolescente que sofre abuso sexual é uma potencial
vítima de uma ou mais consequências descritas anteriormente.
45

SUGESTÕES

A partir destas considerações finais, sugere-se o seguinte:

- Que os profissionais da saúde tenham uma capacitação especializada para


identificar correctamente os casos de abuso sexual na adolescência, e devem estar
preparados para abordar a adolescente de forma correcta para obter uma versão
real da situação.

- Que o profissional esteja consciente da necessidade de realizar suas


intervenções através de uma abordagem compreensiva e contextualizada de cada
caso.

- Deve-se levar em conta a história de vida da adolescente, o funcionamento


familiar, o contexto do abuso e o contexto da revelação.
46

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