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Disciplina: Direito Penal –

Crimes em Espécie
DOCENTE: JANAÍNA ZAMBERLAN INOCENTE
2

UNIDADE DE DOS CRIMES CONTRA A


ENSINO 1: VIDA
3
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU
AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À
AUTOMUTILAÇÃO (ART.122,CP);
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
(ART.122,§3º,4º,5º,6º,7º,CP).
INFANTICÍDIO (ART. 123);
SEÇÃO 2 e 3: ABORTO PROVOCADO PELA
GESTANTE OU COM SEU
CONSENTIMENTO (ART. 124);
ABORTO PROVOCADO POR
TERCEIRO (ART. 125);
ABORTO NECESSÁRIO (ART. 128).
Induzimento,
instigação ou ART. 122, CP:
auxílio a suicídio
ou a
automutilação
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou 5
a automutilação
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-
lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
6
Continuando...
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou
de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
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Considerações iniciais:
 Para Rogério Sanches, o legislador errou ao ministrar no
mesmo tipo, comportamentos manifestamente distintos.
Cumulou na mesma redação típica crime doloso contra a vida
e crime de natureza diversa.
 As penas cominadas aos dois comportamentos também
merecem críticas. As condutas relativas ao suicídio e à
automutilação tem exatamente as mesmas consequências
penais, algo absolutamente desproporcional em virtude das
diferenças essenciais entre as condutas punidas.
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 O artigo será dividido em duas partes:

Art. 122, 1ª parte Art. 122, 2ª parte

Induzimento, Induzimento,
instigação e auxílio instigação e auxílio à
ao suicídio automutilação
9
Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio
(art. 122, 1ª parte, CP)

 Eliminação voluntária e direta da própria vida.


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Induzimento, instigação e auxílio à
automutilação (art. 122, 2ª parte, CP)

 Atointencional de provocar lesões no próprio corpo, sem


o propósito consciente de cometer suicídio.
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Justificativa do projeto da lei que reformulou o
tipo penal:
 “O chamado “cutting” (ou automutilação) é
caracterizado pela agressão deliberada ao próprio corpo,
sem a intenção de cometer suicídio. Não há ainda dados
disponíveis sobre a prática no Brasil, mas uma pesquisa
divulgada em 2006, na publicação científica da Academia
Americana de Pediatria, aponta que 17% dos
adolescentes em idade escolar praticaram automutilação
mais de uma vez em toda a sua vida.
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 Especialistas afirmam que o mundo on-line em que as


crianças e adolescentes estão inseridos pode estar
contribuindo para esse cenário, pelo uso cada vez mais
crescente de instrumentos eletrônicos como celulares e
tablets. Nesse ambiente, os jovens se sentem pressionados
pelas redes sociais a seguir certo estilo de vida, como uma
necessidade de afirmação ou de reafirmação e de inserção
entre outros jovens. Com isso, criam-se novos espaços para a
prática do bullyng, por exemplo.
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A partir daí, tem crescido o número de grupos nas redes


sociais que incentivam e estimulam a prática da
automutilação entre crianças e adolescentes. Para serem
aceitos pelo grupos, os jovens precisam lesionar o
próprio corpo e divulgar o resultado por meio de fotos ou
vídeos nas redes sociais”.
Art. 122, CP - Induzimento, instigação e 14

auxílio:
Ao suicídio à automutilação
Crime de menor potencial ofensivo Crime de menor potencial ofensivo

Admite transação penal e suspensão Admite transação penal e suspensão


condicional do processo condicional do processo

Competência Tribunal do Júri JECRIM

Admitida a transação penal (caput), fica Admitida a transação penal (caput), fica
inviabilizado o acordo de não persecução inviabilizado o acordo de não persecução
penal – art. 28-A, inc. I, CP penal – art. 28-A, inc. I, CP
15
Sujeito do crime – 122, 1ª parte - suicídio

Sujeito Ativo Sujeito passivo

•Qualquer •Somente
pessoa. sujeito capaz –
•Crime comum. suicídio
16
Sujeito do crime – 122, 2ª parte - automutilação

Sujeito Ativo Sujeito passivo

• Qualquer pessoa. • Sujeito capaz;


• Crime comum. • Menor de 14 anos ou
que, por qualquer
outra causa, não pode
oferecer resistência.
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Conduta: 1ª parte do art. 122, CP

a) Induzimento
• Hipótese em que o agente faz nascer na vítima a ideia e a vontade
mórbida.

b) instigação
• Caso em que o autor reforça a vontade mórbida preexistente na vítima.

c) auxílio
• O agente presta efetiva assistência material, facilitando a execução do
suicídio, quer fornecendo, quer colocando à disposição do ofendido os
meios necessários para fazê-lo.
18

 Participação moral – induzimento e instigação.

 Participação material – auxílio.

 Crime de conduta múltipla (conteúdo variado - plurinuclear).

 Crime único.
19
Meios de punição: 1ª parte, art. 122, CP

caput
• - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
• Induzir, instigar ou auxiliar materialmente.

§1º
• - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
• Se resultar lesão corporal grave ou
gravíssima. (qualificadora)

§2º
• - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
• Se o suicídio se consuma. (qualificadora)
20

Que crime estaria


caracterizado no caso
daquele que induziu ou
instigou o ofendido ao
suicídio e no momento
culminante do ato acabou
interferindo na sua
execução? ?
21

Responde por
homicídio e não
participação.
22
Conduta: 2ª parte do art. 122, CP

a) Induzimento
• Hipótese em que o agente faz nascer na vítima a ideia e a vontade mórbida.
(automutilação)

b) instigação
• Caso em que o autor reforça a vontade mórbida preexistente na vítima.

c) auxílio
• O agente presta efetiva assistência material, facilitando a execução do suicídio,
quer fornecendo, quer colocando à disposição do ofendido os meios
necessários para fazê-lo.
23

 Participação moral – induzimento e instigação.

 Participação material – auxílio.

 Crime de conduta múltipla (conteúdo variado - plurinuclear).

 Crime único.
24
Meios de punição: 2ª parte, art. 122, CP

caput
• - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
• Induzir, instigar ou auxiliar materialmente.

§1º
• - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
• Se resultar lesão corporal grave ou
gravíssima. (qualificadora)

§2º
• - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
• Se da automutilação resulta
morte. (qualificadora)
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Voluntariedade: 1ª e 2ª parte, art. 122, CP
 Punido a título de DOLO.

1ª parte 2ª parte
Expressado pela consciente Expressado pela consciente
vontade de instigar, induzir ou vontade de instigar, induzir ou
favorecer alguém a se favorecer alguém a se
suicidar automutilar

 Dolo eventual perfeitamente possível.


 Não há forma culposa.
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Consumação e tentativa:
1ª parte - suicídio 2ª parte - automutilação
A punição não é A punição não é
condicionada à ocorrência de condicionada à ocorrência de
lesão grave ou morte. lesão grave ou morte.
Pune-se a conduta de Pune-se a conduta de
auxiliar, instigar ou induzir. auxiliar, instigar ou induzir.

Possível a tentativa Possível a tentativa


27
Majorantes da pena: 1ª e 2ª parte, art. 122, CP.

§3º - duplica a pena se:

A) o crime for praticado por motivo egoístico ou fútil. (torpe ou


fútil.)

B) a vítima for menor.

C) a vítima tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência.
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Majorantes da pena: 1ª e 2ª parte, art. 122, CP.
§4º - aumenta até o dobro a pena se a conduta é realizada :

por meio da rede de computadores;

Por meio de rede social;

Se for transmitida em tempo real.


29
Majorantes da pena: 1ª e 2ª parte, art. 122, CP.

§5º - aumenta a pena pela metade:

Se o agente é líder ou coordenador de grupo


ou de rede virtual
30
Momento de interação
31
Teste de conhecimento:
1) Em relação ao crime de Induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio e à automutilação, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Comete o crime quem induz ou instiga alguém a cometer o
suicídio ou presta auxílio para que o faça.
B) A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
egoístico.
C) Caso o suicídio se consume, a pena é mais grave.
D) O referido crime é previsto na modalidade culposa.
E) O supracitado delito é um crime contra a vida.
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Teste de conhecimento:
2) De acordo com o Código Penal, o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio e à automutilação terá a pena duplicada se
I. o crime ocorrer por motivo egoístico.
II. a vítima for menor ou tiver diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
III o suicídio se consumar.
IV. da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) III e IV.
B) II e IV.
C) I e III.
D) I e II.
E) II e III.
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Teste de conhecimento:
3) No crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, a pena é
duplicada se o crime é praticado:

A) por motivo egoístico

B) com emprego de fogo.

C)com emprego de veneno.

D) por irmão da vítima.


Em resumo: 34

Participação em suicídio Participação em automutilação


Vítima maior e capaz: Vítima maior e capaz:
Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão
leve leve
Art. 122, caput, CP (pena: 6 meses a 2 Art. 122, caput, CP (pena: 6 meses a 2
anos), devendo a natureza da lesão ser anos), devendo a natureza da lesão ser
considerada na fixação da pena-base considerada na fixação da pena-base
Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima
Art. 122, §1º, CP (pena: 1 a 3 anos) Art. 122, §1º, CP (pena: 1 a 3 anos)
Morre Morre (culpa)
Art. 122, §2º, CP (pena: 2 a 6 anos Art. 122, §2º, CP (pena: 2 a 6 anos
continuando: 35
Participação em suicídio Participação em automutilação
Vítima é menor (entre 14 e 18 anos) ou Vítima é menor (entre 14 e 18 anos) ou tem
tem diminuída, por qualquer causa, a diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência: capacidade de resistência:
Não sofre qualquer lesão ou a lesão é leve Não sofre qualquer lesão ou a lesão é leve
Art. 122, caput, c.c. o §3ª (a pena de 1 a 3 Art. 122, caput, c.c. o §3ª (a pena de 1 a 3
anos é duplicada) anos é duplicada)
Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima
Art 122, §1º, c.c. o §3ª (a pena de 1 a 3 anos Art 122, §1º, c.c. o §3ª (a pena de 1 a 3 anos
é duplicada) é duplicada)
morre Morre (culposa)
Art. 122, §2º, c.c. o §3º (a pena de 2 a 6 Art. 122, §2º, c.c. o §3º (a pena de 2 a 6 anos
anos é duplicada) é duplicada)
continuando: 36
Participação em suicídio Participação em automutilação
Vítima menor de 14 anos ou contra quem, Vítima menor de 14 anos ou contra quem,
por enfermidade ou deficiência mental, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência: causa, não pode oferecer resistência:
Não sofre qualquer lesão, ou sofre lesão Não sofre qualquer lesão, ou sofre lesão
leve leve
Art. 122, caput, c.c. o §3º (a pena de 6 Art. 122, caput, c.c. o §3º (a pena de 6
meses a 2 anos é duplicada) meses a 2 anos é duplicada)
Sofre lesão grave Sofre lesão grave
art. 122, §1º, c.c o §3º (a pena de1 a 3 anos art. 122, §1º, c.c o §3º (a pena de1 a 3 anos
é duplicada) é duplicada)
continuando: 37

Participação em suicídio Participação em automutilação

Sofre lesão gravíssima Sofre lesão gravíssima


Nos termos do art. 122, §6º, aplica-se o Nos termos do art. 122, §6º, aplica-se o
tipo e as penas do art. 129, §2º (2 a 8 tipo e as penas do art. 129, §2º (2 a 8
anos) anos)
Morre Morre (culposo)
Nos termos do art. 122, §7º, aplicam-se Nos termos do art. 122, §7º, aplicam-se
o tipo e as penas do art. 121 do CP (6 a o tipo e as penas do art. 121 do CP (6 a
20 anos). E não poderia ser diferente, 20 anos). E não poderia ser diferente,
pois não existe suicídio quando o pois não existe suicídio quando o
ofendido é incapaz. ofendido é incapaz.
38

DUELO
AMERICANO,
ROLETA RUSSA E
PACTO DE
Curiosidade MORTE
A história por trás da ‘roleta russa’, um jogo letal 39
que já deveria estar extinto há muito.

 https://br.rbth.com/historia/84402-a-hist%C3%B3ria-por-tras-da-roleta-russa
40
41

Responde pelo art. 122 no caso


do duelo e da roleta russa.

pacto de morte – depende.


42

TESTEMUNHA DE
JEOVÁ
Curiosidade
43

DESAFIO DA
BALEIA AZUL
Curiosidade
44
Qual crime responde esse curador?
1) Participante for capaz de entendimento – curador comete o
art. 122, CP;

2) Participante menor de 14 anos ou, por qualquer motivo, não


tem capacidade de entendimento – curador comete art. 121, §§
6º e 7º, CP conforme o caso;

3) Participante for capaz de entendimento , porém menor, entre


14 e 18 anos – aplica-se as considerações da majorante relativa
à menoridade;
45

 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/04/20/desafio-da-baleia-azul-consequencias-
criminais/
46
Ação penal:

Ação penal é
pública
incondicionada.
47

ART. 123. MATAR, SOB A


INFLUÊNCIA DO ESTADO
PUERPERAL, O PRÓPRIO FILHO,

Infanticídio DURANTE O PARTO OU LOGO


APÓS:
PENA - DETENÇÃO, DE 2
(DOIS) A 6 (SEIS) ANOS.
48

Infanticídio é o homicídio praticado pela genitora contra o


próprio filho, influenciada pelo estado puerperal, durante
ou logo após o parto.
49

Concurso
aparente de
Art. 123
normas Princípio da
Especialidade prevalece sobre
o art. 121
50

Uma forma
A doutrina
especial
classifica o
(privilegiada)
delito como:
de homicídio
51

Sujeito Ativo Sujeito passivo

• Somente a mãe • Ser humano nascente


(parturiente) - Durante o parto;
• Sob influência do • Ser humano recém-
estado puerperal. nascido - logo após o
parto.
52

Concurso de
agentes
(coautoria e
participação)
é possível?
53
Magalhães Noronha:

“não há dúvida de que o estado puerperal é


circunstância (isto é, estado, condição,
particularidade, etc.) pessoal e que, sendo elementar
do delito, comunica-se, ex vi do art. 30, aos
copartícipes. Só mediante texto expresso tal regra
poderia ser derrogada”
54
COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as


condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.
55
Três situações se colocam para análise:

a) A parturiente e o médico executam o núcleo matar o neonato

b) A parturiente, auxiliada pelo médico, sozinha, executa o verbo matar

c) O médico, induzido pela parturiente, isolado, executa a ação matar


56
Conduta: tipo objetivo

Causar a morte do próprio filho,


durante ou logo após o parto, sob a
influência do estado puerperal.
• durante ou logo após o parto – elemento
cronológico.
• sob a influência do estado puerperal – elemento
etiológico.
57

MORTE

Omissão –
Ação – morte Meios diretos
Forma livre faltar com a
por asfixia ou indiretos
amamentação
58
Sobre o tema, esclarece a exposição de motivos
(item 40)
 “Esta cláusula (influência do estado puerperal), como é
óbvio, não quer significar que o puerpério acarrete
sempre uma perturbação psíquica: é preciso que fique
averiguado ter esta realmente sobrevindo em
consequência daquele, de modo a diminuir a capacidade
de entendimento ou de auto inibição da parturiente.
Fora daí, não há por que distinguir entre infanticídio e
homicídio”.
59
Mirabete entende por puerpério:
 “Os casos em que a mulher, mentalmente sã, mas abalada pela dor
física do fenômeno obstétrico, fatigada, enervada, sacudida pela
emoção, vem a sofrer um colapso do senso moral, uma liberação de
impulsos maldosos, chegando, por isso, a matar o próprio filho. De
um lado, nem a alienação mental, nem semialienação (casos estes já
regulados genericamente pelo Código). De outro, tampouco frieza
de cálculo, a ausência de emoção, a pura crueldade (que
caracterizariam, então, o homicídio). Mas a situação intermédia,
podemos dizer até ‘normal’, da mulher que, sob o trauma da
parturição e dominada por elementos psicológicos peculiares, se
defronta com o produto talvez não desejado e temido de suas
entranhas”.
60
Guilherme Nucci explica que puerperal:
 “É o estado que envolve a parturiente durante a expulsão
da criança do ventre materno. Há profundas alterações
psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe,
deixando-a sem plenas condições de entender o que está
fazendo. É uma hipótese de semi-imputabilidade que foi
tratada pelo legislador com a criação de um tipo especial.
O puerpério é o período que se estende do início do
parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez”.
61
Segundo Victor Eduardo Rio Gonçalves:

“Estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e


psíquicas que ocorrem no organismo da mulher em razão
do fenômeno do parto. Toda mulher em trabalho de parto
encontra-se em estado puerperal.”
62
Voluntariedade: tipo subjetivo
 Dolo – Consiste na consciente vontade de matar o
próprio filho.

- Direito – o agente quer o resultado.


- Eventual – o agente assume o risco de produzi-lo.

 Não existe a modalidade culposa.


63

Não havendo a QUAL A CONSEQUÊNCIA


modalidade culposa, PARA O CASO DA MÃE
QUE, SOB INFLUÊNCIA
questiona-se: DO ESTADO PUERPERAL,
IMPRUDENTEMENTE
MATA O FILHO RECÉM-
NASCIDO???
64
1ª Corrente:
 Fato atípico – inviável atestar a ausência da prudência
normal em mulher desequilibrada psiquicamente.
Damásio – o infanticídio só é punível a título de dolo, que corresponde à
vontade de concretizar os elementos objetivos descritos no art. 123 do CP.
Admite-se forma direta, em que a mãe quer precisamente a morte do próprio
filho, e a forma eventual, em que assume o risco de lhe causar a morte. Não
há infanticídio culposo, uma vez que no art. 123 do CP o legislador não se
refere à modalidade culposa (CP, art.18, parágrafo único). Se a mulher vem a
matar o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, de forma culposa,
não responde por delito algum (nem homicídio, nem infanticídio).
65
2ª Corrente:
 Homicídio culposo.

Bitencourt – suprimir a vida de alguém – independente do momento


cronológico em que esse fato ocorra – por imprudência, negligência ou
imperícia tipifica o homicídio culposo. Com efeito, matar alguém,
culposamente, que nasce ou está nascendo vivo tipifica o homicídio culposo. A
circunstância de o fato ocorrer no período próprio do estado puerperal e
durante ou logo após o parto será matéria decisiva para a dosagem da pena e
não constitui excludente nem elementar do tipo. É inconsistente o
entendimento contrário, que sustenta tratar-se de conduta atípica. O bem
jurídico vida, o mais importante na escala jurídico-social, exige essa proteção
penal, e só admite a exclusão da responsabilidade penal quando a ação que o
lesa não for consequência de dolo ou culpa.
66
Consumação e tentativa:

Crime material – com a morte do nascente ou recém-


nascido.
Delito plurissubsistente – tentativa é possível.
67

Ação penal é pública incondicionada

Competência do Tribunal do Júri – crime doloso


contra a vida – art. 5º, XXXVIII, CF
INTERVALO
VOLTAREMOS EM 20 MINUTOS
69

É A INTERRUPÇÃO DA
Aborto: GRAVIDEZ COM A DESTRUIÇÃO
DO PRODUTO DA CONCEPÇÃO.
70
A doutrina divide o aborto em:
 natural
 Acidental
 Criminoso
 Legal ou permitido
 Miserável ou econômico-social
 Eugenésico ou eugênico
 Honoris causa
 Ovular
 Embrionário
 fetal
19
FORMAS DE ABORTO - CP

Formas de
aborto

Natural Acidental Criminoso Legal


72

ART. 124. PROVOCAR


Aborto ABORTO EM SI MESMA OU
provocado CONSENTIR QUE OUTREM
LHO PROVOQUE:
pela gestante
PENA - DETENÇÃO, DE 1
ou com seu (UM) A 3 (TRÊS) ANOS.
consentimento
73

autoaborto

Aborto criminoso
Aborto praticado
com o
consentimento da
gestante
74

Sujeito Ativo Sujeito passivo

•Mulher grávida •É o produto da


•Crime próprio concepção
(óvulo,
embrião, etc.)
75

Qual a
natureza A DOUTRINA DIVERGE!
do crime?
76
Para Bitencourt:
 “trata-se, nas duas modalidades, de crime de mão própria,
isto é, que somente a gestante pode realizar. Mas, como
qualquer crime de mão própria, admite a participação, como
atividade acessória, quando o partícipe se limita a instigar,
induzir ou auxiliar a gestante tanto a praticar o autoaborto
como a consentir que terceiro lho provoque. Contudo, se o
terceiro for além dessa mera atividade acessória, intervindo
na realização propriamente dos atos executórios, responderá
não como coautor, que a natureza do crime não permite, mas
como autor do art. 126”.
77
Para Rogério Sanches:
O crime é próprio, admitindo o concurso de agentes,
inclusive na forma de coautoria (por exemplo, gestante e
seu marido, juntos realizam manobras abortivas). É
especial, no entanto, pois o coexecutor (marido) será
punido em tipo diverso (art. 126) e com pena
independente, verdadeira exceção pluralista à teoria
monista (mesmo fenômeno que explica o corrupto
responder pelo art. 317 e o corruptor pelo art. 333,
ambos do CP.
78
Conduta: tipo objetivo

1ª conduta:
A mulher grávida, por intermédio de meios executórios químicos, físicos
ou mecânicos, provoca nela mesma , mediante ação ou omissão, a
interrupção da gravidez, destruindo a vida endouterina.

2ª conduta:
Consentir a gestante no abortamento, exigindo-se, assim, a figura do
provocador, o qual responderá pelo crime do art. 126.
79
Voluntariedade: tipo subjetivo
 Dolo – Consiste na consciente vontade de interromper a
gravidez, ou consentir para tanto.

Direito – o agente quer o resultado.


Eventual – o agente assume o risco de produzi-lo.

 Não existe a modalidade culposa.


80

Caso provocado
QUE CRIME ESTE
culposamente por RESPONDERÁ??
terceiro:
Caso provocado, culposamente, por terceiro,
responde este por:

• Lesão corporal gravíssima – caso a lesão corporal seja dolosa e


o abortamento culposo.

• Lesão corporal culposa – se a lesão causadora da interrupção


da gravidez também derivar da culpa.

81
82
Consumação e tentativa:

Crime material – com a morte do feto ou a destruição


do produto da concepção.
Delito plurissubsistente – tentativa é possível.
83

Ação penal é Pública


Incondicionada
84

Aborto ART. 125. PROVOCAR


ABORTO, SEM O
provocado por CONSENTIMENTO DA
terceiro, sem o GESTANTE:

consentimento PENA - RECLUSÃO,


DE 3 (TRÊS) A 10 (DEZ)
da gestante ANOS
85

 Não são cabíveis os benefícios da Lei 9.099/95

 Cometido com violência – não se admite o acordo


de não persecução penal (art. 28-A, CP)

 Admite-se o concurso de agentes


86

Sujeito Ativo Sujeito passivo

•Qualquer pessoa. •Produto da


•Crime comum. concepção
(óvulo, embrião
ou feto).
•Gestante.
87
Conduta: tipo objetivo

Interromper, violenta e
intencionalmente, uma
gravidez, destruindo o
produto da concepção.
88
Voluntariedade: tipo subjetivo

 Dolo – Consiste na consciente vontade de interromper


a gravidez contra o anseio da gestante.
89
Consumação e tentativa:

Crime material – com a privação do nascimento, a


destruição do produto da concepção.

Delito plurissubsistente – tentativa é possível.


90

O pai de uma jovem de 16


anos, grávida do namorado, a
leva ao médico e, sem que
ela saiba, paga para este
realizar a curetagem no
momento do exame. Por qual
crime o pai responde? E o
médico?
91

Ação penal é Pública


Incondicionada
92
ART. 126. PROVOCAR ABORTO COM
O CONSENTIMENTO DA GESTANTE:
PENA - RECLUSÃO, DE 1 (UM) A 4
Aborto (QUATRO) ANOS.
provocado por PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE A
terceiro, com o PENA DO ARTIGO ANTERIOR, SE A
GESTANTE NÃO É MAIOR DE
consentimento QUATORZE ANOS, OU É ALIENADA
da gestante OU DÉBIL MENTAL, OU SE O
CONSENTIMENTO É OBTIDO
MEDIANTE FRAUDE, GRAVE AMEAÇA
OU VIOLÊNCIA.
93

Sujeito Ativo Sujeito passivo

•Qualquer •Produto da
pessoa. concepção
•Crime comum. (óvulo, embrião
ou feto).
94
Conduta: tipo objetivo

Ocasionar (ação ou omissão),


com o consentimento válido
da gestante, a interrupção da
gravidez, destruindo o produto
da concepção.
95
Voluntariedade: tipo subjetivo

 Dolo – Consiste na consciente vontade de


provocar abortamento consentido.
96
Consumação e tentativa:

Crime material – com a interrupção da gravidez.


Delito plurissubsistente – tentativa é possível.
97

Se durante a operação,
a gestante desistir do
intento criminoso e o
terceiro insistir em
provoca-lo, responde
por qual crime?
E a gestante?
98
Dissenso presumido
 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou
débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência.
99

Ação penal é Pública


Incondicionada
100

ART. 127. AS PENAS COMINADAS


NOS DOIS ARTIGOS ANTERIORES
SÃO AUMENTADAS DE 1/3 (UM
TERÇO), SE, EM CONSEQUÊNCIA
Aborto DO ABORTO OU DOS MEIOS
majorado pelo EMPREGADOS PARA PROVOCÁ-
resultado LO, A GESTANTE SOFRE LESÃO
CORPORAL DE NATUREZA GRAVE;
E SÃO DUPLICADAS, SE, POR
QUALQUER DESSAS CAUSAS, LHE
SOBREVÉM A MORTE.
101
O crime será majorado quando:
 1) se em consequência do aborto ou das manobras
abortivas, a gestante sofre lesão corporal de natureza
grave;
 2) se, por qualquer das causas lhe sobrevém a morte.
102

O agente responderá
por tentativa de aborto
qualificado?
Seria uma exceção à
regra de que não cabe
tentativa em crime
preterdoloso?
103
Para Capez:
 “Nessa hipótese, deve o sujeito responder por aborto
qualificado consumado, pouco importando que o
abortamento não se tenha efetivado, aliás, como acontece
no latrocínio, o qual se reputa consumado com a morte da
vítima, independentemente de o roubo consumar-se. Não
cabe mesmo falar em tentativa de crime preterdoloso, pois
neste o resultado agravador não é querido, sendo impossível
o agente tentar produzir algo que não quis: ou o crime é
preterdoloso consumado ou não é preterdoloso.”
104
Para Frederico Marques:
 “Tentativa de aborto qualificado pelo evento morte ou tentativa de aborto
qualificado pela ocorrência de lesões graves, conforme o caso. Apesar de
crime preterdoloso, a tentativa é possível quando a parte frustrada da
infração é a dolosa. No aborto majorado pelo resultado, fica inviável a
tentativa quando não se produz na vítima os resultados majorantes que
jamais foram queridos ou aceitos pelo agente (punidos a título de dolo).
Contudo se ocorrer qualquer dos resultados majorantes, sem interrupção da
gravidez, o aborto não se deu por circunstancias alheias à vontade do agente
(parte dolosa do crime, admitindo a tentativa), tendo a pena aumentada
pela lesão grave ou morte culposa da gestante.”
105
ABORTO NECESSÁRIO
ART. 128 - NÃO SE PUNE O ABORTO
PRATICADO POR MÉDICO: (VIDE ADPF 54)
I - SE NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SALVAR A
Aborto legal: VIDA DA GESTANTE;
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ
exclusão do RESULTANTE DE ESTUPRO
crime II - SE A GRAVIDEZ RESULTA DE ESTUPRO
E O ABORTO É PRECEDIDO DE
CONSENTIMENTO DA GESTANTE OU,
QUANDO INCAPAZ, DE SEU
REPRESENTANTE LEGAL.
106
Exposição de Motivos (item 41):

“Mantém o projeto a incriminação do aborto, mas declara


penalmente lícito, quando praticado por médico habilitado,
o aborto necessário, ou em caso de prenhez resultante de
estupro. Militam em favor da exceção razões de ordem
social e individual, a que o legislador penal não pode deixar
de atender”.
Para a maioria da doutrina, o artigo traz duas causas 107
especiais de exclusão da ilicitude:

• Para Mirabete: • Para Bitencourt:

“São causas excludentes “É uma forma diferente e


da criminalidade, embora especial de o legislador
a redação do dispositivo excluir a ilicitude de uma
pareça indicar causas de infração penal sem dizer
ausência de culpabilidade que „não há crime‟, como
ou punibilidade. faz no art. 23 do mesmo
dispositivo legal”.
108
Aborto necessário ou terapêutico
É indispensável o preenchimento de 03 requisitos:

 Aborto praticado por médico


 Perigo de vida da gestante
 Impossibilidade do uso de outro meio para salvá-la
109
Aborto sentimental
É indispensável o preenchimento de 03 requisitos:

 Aborto praticado por médico


 Que a gravidez seja resultante de estupro
 Prévio consentimento da gestante ou seu representante
legal
110
Esclarece Pierangeli:
“É momento de lembrar que o médico, para realizar o aborto
sentimental, não necessita da comprovação de uma sentença
condenatória contra o autor do crime de estupro, nem mesmo se exige
autorização judicial. Submete-se o facultativo apenas e tão somente ao
Código de Ética Médica, mas deve, por cautela, se cercar de certidões
e cópias de boletins de ocorrência policial, declarações, atestados, etc.
atente-se que, se o médico for induzido a erro pela gestante ou
terceiro, e se o aborto estiver justificado pelas circunstâncias que o
levaram ao erro, haverá erro de tipo. Tratando-se de estupro de menor
de 14 anos, quando a violência se presume, basta, para satisfazer a
cautela, prova da menoridade”.
Procedimento de Justificação e Autorização da 111

Interrupção da Gravidez: 04 fases


• Será constituída pelo relato circunstanciado do evento, realizado pela
1ª fase própria gestante, perante 02 profissionais de saúde do serviço.

• Se dará com a intervenção do médico responsável, que emitirá parecer


2ª fase técnico após detalhada anamnese, exame físico geral, exame ginecológico,
avaliação do laudo ultrassonográfico e dos demais exames complementares
que porventura houver.
• Se verifica com a assinatura da gestante no Termo de Responsabilidade ou,
3ª fase se for incapaz, também de seu representante legal.

• Se encerra com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.


4ª fase
112
Aborto do feto anencefálico
 Fetoanencéfalo – embrião, feto ou recém-nascido que,
por malformação congênita, não possui uma parte do
sistema nervoso central, ou melhor, faltam-lhe os
hemisférios cerebrais e tem uma parcela do tronco
encefálico (bulbo raquidiano, ponte e pedúnculos
cerebrais).
113
Pressupostos:

Somente as anomalias que inviabilizem a vida


extrauterina poderão motivar a autorização;

Deve a anomalia estar devidamente atestada


em perícia médica;

Prova do dano psicológico da gestante (ver RT


791/581 e 756/652).
Hipóteses de aborto: 114

Nomenclatura Previsão legal Comentário


Aborto natural
Aborto acidental ------ Não há crime
Autoaborto Art. 124,1ª parte Admite participação
Aborto consentido ou Art. 124, 2ª parte
provocado Coautor responde pelo art.
126
Sem
consentimen Art. 125
Aborto to Admite coautoria e
provocado Com participação
por terceiro consentimen Art. 126
to
Hipóteses de aborto: 115

Nomenclatura Previsão legal Comentário


Aborto majorado pelo Art. 127 Resulta lesão grave ou morte
resultado culposa da gestante

Necessário ou
terapêutico Art. 128, I
Dispensa autorização judicial
Aborto legal Sentimental, ou consentimento da gestante
ético, Art. 128, II Dispensa autorização judicial
humanitário
ou piedoso

Aborto eugênico ou A lei não permite, mas no


eugenésico ----- caso de feto anencefálico, o
STF permite
Hipóteses de aborto: 116

Nomenclatura Previsão legal Comentário


Aborto honoris causa ----- Praticado para ocultar
gravidez adulterina, é
criminoso
Aborto miserável ----- Motivado por incapacidade
financeira de sustentar a
vida do filho, é criminoso
117
Momento de interação
118
Teste de conhecimento:
1) Uma gestante de sete meses decide golpear o abdome com um
bastão de madeira, para matar o feto. Ela foi internada em hospital,
com dores, e no dia seguinte deu à luz a um feto morto, com sinais
de morte muito recente. Esse caso caracteriza um crime de
A) homicídio.
B) lesão corporal.
C) atentado violento ao pudor.
D) aborto.
E) infanticídio.
Teste de conhecimento: 119
2) O aborto é a interrupção da gravidez em qualquer época gestacional, antes da data
prevista, com a morte do concepto, intra ou extrauterina. Em relação a esse assunto, analise
as afirmativas abaixo.
I. O aborto realizado pelo médico para salvar a vida da gestante é chamado de aborto
terapêutico.
II. O aborto indicado nas causas de estupro é chamado de aborto sentimental.
III. Somente o aborto sentimental é legalmente permitido no
Código Penal.
Assinale a alternativa correta.
A) Todas as afirmativas estão corretas
B) Estão corretas apenas as afirmativas I e II
C) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
D) Está correta apenas a afirmativa II
E) Está correta apenas a afirmativa III
Teste de conhecimento: 120
3) A anencefalia, de acordo com entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), ajuizada pela Confederação dos Trabalhadores na
Saúde – CNTS, sob relatoria do Ministro Marco Aurélio de Mello:
A) não qualifica direito da gestante de submeter-se à antecipação terapêutica de parto sob pena de o contrário
implicar pronunciamento da inconstitucionalidade abstrata dos artigos 124, 126 e 128, I e II, do Código Penal, e, via
de consequência, a descriminalização do aborto.
B) permite a antecipação terapêutica do parto, com proteção à vida da mãe, a exemplo do aborto sentimental, que
tem por finalidade preservar a higidez física e psíquica da mulher, conclusão que configura interpretação do Código
Penal de acordo com a Constituição Federal, orientada pelos preceitos que garantem o Estado laico, a dignidade da
pessoa humana, o direito à vida e a proteção à autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde.
C) não dispensa autorização judicial prévia ou qualquer forma de autorização do Estado para a antecipação
terapêutica do parto, implicando ajustamento dos envolvidos nas condutas típicas descritas pelos artigos 124, 126 e
128, I e II, do Código Penal, com vistas à proteção do direito à vida.
D) estendeu a desnecessidade de autorização judicial prévia ou qualquer forma de autorização do Estado para a
antecipação terapêutica do parto, no aborto sentimental ou humanitário, decorrente da gravidez em caso de
estupro, em respeito aos princípios da moral razoável e da dignidade da pessoa humana.
E) porque há vida a ser protegida, implica a subsunção da conduta dos envolvidos no procedimento de antecipação
terapêutica do parto aos tipos de aborto previstos no Estatuto Repressivo, dependendo da qualidade do agente que
o praticou ou permitiu a sua prática.
121
Teste de conhecimento:
4) Caio, atendendo a pedido de Maria, provoca-lhe um
aborto. Assinale a resposta correta:

a) Maria não responderá por nenhum crime.


b) Caio e Maria responderão pela prática do mesmo delito.
c) Caio não responderá por nenhum delito.
d) Caio responderá, autonomamente, pelo
delito de aborto.
Teste de conhecimento: 122
Saulo se desentendeu, na fila do caixa de um supermercado, com outra consumidora,
Viviane, que estava no 8º mês de gestação, e lhe desferiu um fortíssimo soco no rosto.
Em razão do golpe, Viviane perdeu o equilíbrio e caiu com a barriga no chão. Ao
ser levada ao hospital, foi constatado que Viviane apresentava lesão leve na face, mas
que havia perdido o bebê em decorrência da queda.
Considerando o estado gravídico evidente de Viviane, a conduta praticada por Saulo
configura o crime de:
A) lesão corporal seguida de morte;
B) lesão corporal qualificada pelo aborto;
C) aborto na modalidade dolo eventual, apenas
D) aborto culposo, ficando a lesão corporal absorvida
E) lesão corporal leve em concurso formal com aborto na forma
culposa.
123
Referências
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro. V.5.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSELVALD, Nelson. Direito Civil – Parte Geral. São
Paulo: Atlas, 2015.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Especial. São Paulo: Saraiva,
2004. v.2 (4ed).
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte especial. 13 ed. Ver.,
atual. e ampl. – Salvador: JusPODIVM, 2021.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 9ª ed. São Paulo: Editora
Método, 2015.

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