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Os reflexos sobre os jovens da ênfase

puramente intelectual no aprendizado


 

Um fato que se agrava a cada início de ano letivo e preocupa muitos professores
universitários e pais de alunos é o crescente número de jovens que continuam a chegar às
faculdades com pouca ou nenhuma prática de leitura, extrema dificuldade de concentração
e para redigir textos próprios e se expressar verbalmente. Soma-se a essa grave
ocorrência, a “dança das faculdades”, que também aumenta a cada ano, pelo alto grau de
indecisão diante da escolha profissional.

Muitos educadores apontam a ênfase intelectual para o repasse puro e simples do


conhecimento, adotada pela maioria das escolas, como uma das principais causas do
despreparo e elevado desinteresse pelo estudo acadêmico. Outra causa é a “pedagogia de
mercado”, a preparação direcionada para o vestibular, pela qual educar bem é assegurar a
todo o custo uma vaga na universidade, em total desrespeito ao lado humano do jovem.

São graves as conseqüências dessas orientações, que podem explicar significativa parcela do
aumento de casos de ansiedade, depressão, esta, até hoje, restrita aos adultos; do uso de
drogas, do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e de outras formas de desconexão entre
jovens que cursam os ensinos médio e universitário.

São graves as conseqüências dessas orientações e elas podem explicar significativa parcela do
aumento de casos de ansiedade, de depressão, esta, até hoje, restrita aos adultos; do uso de
drogas, do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e de outras formas de desconexão entre
jovens que cursam os ensinos médio e universitário.

 Um ensino puramente intelectual corre o risco de não despertar o aluno para um ideal de vida.
Assim, a relação deles com o conhecimento poderá ser comprometida e as dificuldades de
escolha profissional e outros conflitos inerentes a essa fase da vida, como os de
relacionamento, os deixarão ainda mais sem rumo e despreparados para enfrentar a vida
adulta.
Para ser bem absorvido, o conhecimento formal deve ser motivador e despertar nos alunos a
emoção, o sentimento e a vontade de aprender. O ensino de matérias deve, necessariamente,
se ligar a ações práticas e lúdico-pedagógicas, como música, pintura, desenho, teatro, trabalhos
manuais e atividades extraclasses. No ensino de Geografia ou História, por exemplo, não será
mais indicado transmitir imagens vivas de um país ou uma região, realizar visitas ou
observações in loco, ao invés de abarrotar a memória dos alunos com nomes próprios e dados
desconectados de sua realidade?

        Será que o aluno consegue assimilar o conhecimento somente pelo repasse de informações


abstratas e enciclopédicas? Ao não ser ‘digerido’ pelos jovens será que esse processo de
ensino não agrava seus conflitos pessoais e explica boa parte das crescentes dificuldades
para uma adaptação a uma vida acadêmica, social e profissional que preocupa professores e
pais em todo o mundo?
 

Ronaldo Almeida

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