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Teste 2

Módulo 4 (continuação)

O Arranque Industrial

Na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, deu-se a Revolução Industrial, que


pode ser definida como uma alteração tecnológica na produção acompanhada de
ruturas em vários aspetos da vida humana (demográficos, económicos, sociais,
mentais).

Preparada pela Revolução Agrícola, a rutura tecnológica incidiu, em primeiro lugar,


nos setores do algodão (fornecendo vestuário a uma população em crescimento) e
da metalurgia (fornecendo máquinas e elementos de construção civil).

Os inventos no setor algodoeiro alternaram entre a tecelagem (1733- lançadeira


volante, de Kay), a fiação (1768- Spinning Jenny, de Hargreaves) e, novamente, a
tecelagem (1787- tear mecânico, de Cartwright),pois, sempre que a tecelagem se
desenvolvia, precisava de mais fio para a produção, e sempre que havia abundância
de fio, eram necessários teares mais rápidos para aproveitar. Desta forma, quando
um dos ramos do setor têxtil se desenvolvia, o outro era obrigado a acompanhá-lo.

Na metalurgia, o grande salto tecnológico consistiu em libertar a indústria do


problema da escassez do combustível graças a Abraham Darby, que usou (em 1709)
o carvão de coque (mineral) em vez do tradicional carvão de madeira (vegetal) para
alimentar as fundições. A revolução metalúrgica também é devedora de John
Smeaton, que melhorou o abastecimento de ar quente aos altos-fornos (1761) e de
Henry Cort, que converteu a gusa (ferro de primeira fundição, não purificado) em
ferro ou aço, através do processo de pudlagem (1783).

Porém, o invento que simboliza a primeira revolução industrial é, acima de qualquer


outro, a máquina a vapor (criada por Newcomen em 1708 e aperfeiçoada por James
Watt em 1767), pois, pela primeira vez na história da humanidade, criava-se uma
fonte de energia artificial, eficaz e adaptável a muitos usos (maquinismos e meios
de transporte).

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3.3- Portugal- dificuldades e crescimento económico

3.3.1- Da crise comercial de finais do século XVII à apropriação do ouro brasileiro


pelo mercado britânico
Entre 1670 e 1692, Portugal enfrentou uma grave crise comercial provocada:

• Pela concorrência de Franceses, Ingleses e Holandeses, que competiam


com os Portugueses na produção de açúcar e tabaco, quando outrora
haviam sido nossos clientes;
• Pelos efeitos da política protecionista de Colbert;
• Pela baixa dos preços dos produtos coloniais portugueses, provocada
pelo excesso de oferta conjugada com a diminuição da procura;
• Pelos efeitos da crise espanhola de 1670-1680 (redução do afluxo de
prata da América espanhola, com a qual os holandeses compravam o sal
português).

Uma vez que os stocks nacionais se iam acumulando, sem comprador, apesar dos
preços cada vez mais baixos, a política do reino orientou-se, de acordo com as
tendências mercantilistas da época, para a criação de manufaturas e a implantação de
medidas protecionistas.

Mercantilismo em Portugal
Foi o Conde de Ericeira quem atuando como “Colbert Português”, impôs, na prática, a
adoção do mercantilismo. De acordo com o modelo francês, deu um forte impulso às
manufaturas para atingir uma balança comercial positiva. As principais medidas de
Conde de Ericeira foram:

• Estabelecimento de fábricas com privilégios (p.e, de panos- sedas e lanifícios-,


de vidro e de papel);
• Contratação de artífices estrangeiros que introduziram em Portugal novas
técnicas de produção;
• Proteção da produção nacional através da publicação de “pragmáticas” (leis que
proibiam o uso de produtos de luxo estrangeiro);
• Criação de companhias monopolistas (p.e, a companhia do Maranhão, para o
comércio brasileiro);

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• Desvalorização monetária (para tornar os produtos nacionais mais baratos em
relação ais estrangeiros);

Por volta de 1690, começam a notar-se alguns sinais de retoma comercial, pela
reanimação das exportações portuguesas com reflexo no escoamento de stocks, a
subida do preço das mercadorias coloniais, a retoma na venda dos nossos produtos
tradicionais: sal, azeite e vinho (desde o inicio do século XVII que os vinhos
portugueses eram exportados em larga escala para o mercado inglês).

A descoberta do ouro do Brasil

A decadência do esforço industrializante deveu-se, acima de tudo, à descoberta de


minas de ouro e de diamantes no Brasil. A entrada de toneladas de metal precioso
em Portugal, ao longo do século XVIII, levou a que o reinado de D. João V, se
cunhasse moeda em abundancia, respirando-se um clima de prosperidade sem o
esforço do investimento manufatureiro. As leis pragmáticas já não eram respeitadas
e o país voltou-se para o comércio como atividade prioritária, pois esquecera-se a
crise comercial. O ouro brasileiro funcionou como estímulo ao desenvolvimento
económico nacional. Antes se tornou um instrumento de suporte ao fausto da corte
de D. João V, cobrindo todo e qualquer défice e sendo usado para se adquirir
novamente no estrangeiro os produtos necessários.

A procura do ouro do Brasil era feita (já desde o século XVI) pelas bandeiras,
expedições armadas que, empunhando um estandarte- abandeira-, partiam,
geralmente, da pobre Vila De São Paulo e se aventuravam no interior brasileiro. O
movimento dos bandeirantes, apesar do seu caráter desumano, que lhe valeu a forte
oposição dos jesuítas (devido ao apresamento e escravização dos Índios), teve o
mérito de proporcionar o alargamento e desbravamento do território brasileiro,
cujas fronteiras foram então definidas segundo limites mais amplos do que aqueles
inicialmente previstos no Tratado de Tordesilhas, na época de D. João II.

A dependência da economia portuguesa face à Inglaterra

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Segundo o Tratado de Methuen, a Inglaterra comprava os vinhos portugueses com
vantagem competitiva em relação aos vinhos franceses, enquanto Portugal
comprava os lanifícios ingleses sem restrições.

Este tratado gerou uma situação de dependência de Portugal em relação à Inglaterra


pois, não só contribuía para o abandono das manufaturas de panos em Portugal,
como conduzia ao escoamento do ouro brasileiro para pagar as importações
inglesas. Além disso, no terceiro quartel do século XVIII, 94 % do vinho exportado
tinha como destino a Inglaterra, reforçando a dependência face a este país.

Política Económica Pombalina

Face à nova crise de meados do século XVIII, o rei D. José I tentou uma estratégia de
mudança em relação à política do seu pai. O ministro Sebastião José de Carvalho e
Melo (Marquês de Pombal) delineou a recuperação económica com base nos
pressupostos mercantilistas. As principais medidas económicas (tipo mercantilistas)
que tomou foram:

• A concessão de privilégios (subsídios, isenção de impostos) às indústrias


existentes;
• A criação das manufaturas da Covilhã e de Portalegre para desenvolver a
indústria de lanifícios;
• A introdução dos têxteis e do algodão;
• O desenvolvimento da indústria de vidro da Marinha Grande;
• O fomento de vários setores da indústria;
• A contratação de empresários estrangeiros e de mão-de-obra especializada;
• A publicação de pragmáticas com o objetivo de diminuir as importações;
• A reorganização da Real Fábrica da Seda (criada no reinado de D. João V e
com operários e mestres de várias artes francesas.

Além da atividade industrial, também o comércio foi reorganizado no intuito de


reduzir o défice e de colocar as trocas na mão da burguesia portuguesa. O
Marquês de Pombal conseguiu atingir estes objetivos graças às seguintes
medidas:

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• Criação de companhias monopolistas que avaliam os capitais do estado)
Companhia do Grão- Pará e Maranhão, Companhia para a Agricultura das
Vinhas do Alto Douro…);
• Atribuição do estatuto nobre aos grandes burgueses acionistas das
companhias monopolistas);
• Instituição da Aula do Comércio, escola comercial para os filhos dos
burgueses;
• Criação da Junta do Comércio, órgão que controlava a atividade
comercial do reino;

Em consequência desta política económica, o final do século XVIII foi, para


Portugal, um período de prosperidade, com uma balança comercial positiva
e a resolução do problema do défice comercial com a Inglaterra.

4.2. A Filosofia das Luzes


Iluminismo: corrente filosófica do século XVIII, nascida na Inglaterra ainda no século anterior,
mas com maior protagonismo na França, que valorizou a razão como meio de “iluminar”,
esclarecer, o conhecimento aos seres humanos. O ser humano seria tanto mais feliz quanto
mais esclarecido fosse.

O século XVIII é o século das Luzes ou do Iluminismo. Este conceito evoca, antes de mais, a luz
da Razão (inteligência, esclarecimento). O raciocínio humano seria o meio de atingir o progresso
em todos os campos (científico, social, político, moral).

A corrente filosófica iluminista acreditava na existência de um direito natural- um conjunto de


direitos próprios da natureza humana, nomeadamente:

- A igualdade entre todos os homens;


- A liberdade de todos os homens;
- O direito à posse de bens;
- O direito a um julgamento justo;
- O direito à liberdade de consciência

O pensamento iluminista defendia, que estes direitos eram universais, isto é, diziam respeito a
todos os seres humanos e, por isso, estavam acima das leis de cada Estado.

Princípios da Filosofia das Luzes:

Ø Racionalismo (luz da Razão)


Ø Defesa do direito natural
Ø Crença no progresso da Humanidade
Ø Individualismo (cada indivíduo devia ser valorizado independentemente do grupo a que
se integra-se)
Ø Liberdade de consciência

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Personalidades:

ü Jean- Jacques Rousseau- soberania popular (contrato social entre o povo e os seus
governantes)
ü Montesquieu- teoria da separação dos poderes (legislativo, executivo, judicial)
ü Voltaire- tolerância religiosa

Meios de Difusão:

o Expansão do pensamento iluminista (apoio de monarcas, publicação da Enciclopédia,


debates em salões, cafés e clubes, regresso de “estrangeirados” a Portugal)

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