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ROCHA, D. L. S.. A concepção de espiritualidade dentro de uma visão holística em educação e suas implicações para a
gestão do cotidiano escolar.. In: III Encontro Estadual da ANPAE/PR, 2002, Curitiba. Gestão da educação na
contemporaneidade: compromissos e desafios. Anais..., 2002.

A CONCEPÇÃO DE ESPIRITUALIDADE DENTRO DE UMA VISÃO HOLÍSTICA


EM EDUCAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A GESTÃO DO COTIDIANO
ESCOLAR.

Doralice Lange de Souza Rocha


Professora do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná

O objetivo deste trabalho é de apresentar os resultados parciais de uma pesquisa que


visa investigar e discutir a concepção de espiritualidade implícita na literatura referente à
educação holística. A literatura revista até então aborda os artigos publicados na Holistic
Education Review, hoje chamado Encouter: Education for Meaning and Social Justice (a
principal fonte de referência relativa `a Educação Holística desde 1988) e as principais fontes
primárias citadas pelos autores destes artigos. Como esta pesquisa está ainda em andamento,
e a maior parte dela foi desenvolvida no estrangeiro, uma de suas limitações é que ela ainda
não aborda os autores brasileiros que tratam do assunto. Este trabalho visa oferecer subsídios
para que possamos elaborar novas formas de se conceber e gerir o entendimento de
espiritualidade em educação de uma forma abrangente e não dogmática.
Normalmente quando discutimos o tema “espiritualidade em educação” logo
pensamos em “ensino religioso”. Este entendimento, entretanto, é limitado dentro de uma
perspectiva holística em educação. Mas antes de adentrarmos neste tema propriamente dito,
gostaria de primeiramente apresentar o conceito de educação holística para contextualizar a
discussão.

O que é educação holística

A educação holística é parte de um movimento inter-disciplinar chamado, entre outros


nomes, de holismo, visão sistêmica ou visão ecológica. Este movimento discute vários dos
problemas gerados pela fragmentação do conhecimento e experiências da sociedade moderna
e busca promover uma visão ampla e integrada da realidade. Ele desafia os pressupostos
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principais do paradigma cartesiano e propõe formas mais holísticas e dinâmicas de se
perceber e lidar com a realidade. De uma forma geral, os defensores deste movimento
reconhecem que o paradigma cartesiano nos permite avanços científicos e tecnológicos
altamente significativos. Entretanto, clamam que este paradigma acaba por vezes promovendo
uma visão de mundo demasiadamente fragmentada, e consequentemente, não dá conta de
lidar com várias das questões de ordem sistêmica que permeiam a nossa realidade (por ex. a
fome, a pobreza, a violência e os desequilíbrios ecológicos). A maior característica do
paradigma holístico, em suma, como bem coloca CAPRA (1983), é que ele “olha para o
mundo em termos de relações e integração, reconhece a natureza dinâmica dos problemas, e
reconhece que embora possamos discernir as partes individuais em quaisquer sistemas, a
natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes” (p. 27, minha tradução).
Educação holística, em poucas palavras, pode ser definida enquanto um movimento
alternativo em educação que visa promover o desenvolvimento pleno e balançado de todos os
aspectos e potenciais do ser humano (intelectual, físico, espiritual, emocional e social). Ele
visa também promover a conexão entre o corpo e mente, entre o aprendiz e o que vai
aprender, entre razão e emoção, entre o indivíduo e seu meio ambiente, e entre vários campos
e formas do conhecimento. Este movimento defende que enquanto educadores, devemos
procurar trazer de dentro para fora o que a criança tem em potencial, em vez de simplesmente
lhe inculcar conhecimentos. Além disto, defende que devemos promover uma visão de
mundo menos materialista/consumista e mais centrada no desenvolvimento interior do
indivíduo e na qualidade das suas relações com outras pessoas e com o meio ambiente.
O movimento holístico enquanto um todo não prescreve ou defende nenhum tipo
específico de currículo ou práticas pedagógicas. Ele é um movimento teórico que tem servido
enquanto referência para várias tendências educacionais que visam promover algumas, se não
todas, das idéias trabalhadas acima.

A idéia de espiritualidade dentro da concepção holística em educação

Diversos autores no campo da educação holística defendem que tentativas de


implementação de mudanças no campo educacional precisam necessariamente levar em
consideração o tipo de sociedade em que vivemos. Clamam que nossa sociedade promove
uma visão de mundo demasiadamente materialista/consumista que tem prejudicado não
somente o desenvolvimento de nossos potenciais mas também tem dificultado a expressão
do nosso verdadeiro “ser interior” (R. MILLER, 1988) e contribuído drasticamente para a
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devastação de muitos dos recursos necessários para a sustentação da vida no planeta (por
exemplo, BOWERS, 1993; COBB, 1996; ORR, 1993, SMITH, 1992). A visão que o
movimento holístico visa combater, é a mesma, que tem, por exemplo, promovido a crença
que nosso valor enquanto pessoa é medido pelo que fazemos para viver e o quanto
conseguimos acumular em termos de bens materiais. Como sabemos, muitos trabalham
somente para garantir o mínimo necessário para a sua sobrevivência e não conseguem ir além
disto devido à sua situação sócio educacional. Entretanto, não são poucos aqueles entre nós
que trabalham horas e horas a fio, por vezes em projetos que não tem um significado profundo
nem para nós mesmos e nem para a sociedade, somente para facilitar a aquisição de status e
poder aquisitivo para a compra de mais e mais bens materiais. Este tipo de atitude, muitas
vezes não tem nos permitido satisfazer necessidades básicas tais quais a de ter um trabalho
que gostamos e que possa fazer alguma diferença aqueles à nossa volta, e de ter tempo e
energia para nosso auto-desenvolvimento, lazer e descanso. Isto tem levado muitos de nós a
um sentimento de vazio interior, como que se algo estivesse faltando em nossas vidas,
mesmo nos raros casos aonde temos acesso a todos—ou a quase todos—os bens materiais
que desejamos (DE SOUZA, 2000). KIRSCHENBAUM (1980), baseado no livro de William
Leiss “The limits of satisfaction: an essay on the problem of needs and commodities” comenta
este fato:

Nos tornamos condicionados a pensar que a melhor forma de atender nossas necessidades…se dá
através da aquisição de bens materiais. Quando percebemos que uma determinada aquisição não
funcionou—não nos fez mais feliz, mais sexy ou mais seja lá o que gostaríamos de ser—normalmente
não chegamos à conclusão que a satisfação de nossas necessidades mais básicas não se dá através de
aquisição de bens materiais. Em vez disso dizemos: “Bem, aquilo não me satisfez mas eu ouvi falar de
algo que certamente é melhor”. Nos tornamos divorciados, como resultado, de entender quais são as
nossas reais necessidades. (p. 47, minha tradução)

Os defensores do movimento holístico reconhecem que enquanto a visão científica e


materialista tem nos dado um senso de conhecimento e controle sobre o nosso meio, não tem
gerado conhecimento sobre o nosso ser interior e/ ou um significado valioso para nossa
existência. Neste contexto, eles propõem uma visão de mundo menos materialista/consumista
e mais espiritual. R. MILLER (1990a) tenta explicar o que os educadores holísticos querem
dizer quando se referem à uma visão “mais espiritual”:

De forma geral, isto significa que qualidades interiores humanas, tais como o pensamento, a emoção,
criatividade, imaginação, compaixão, um senso de admiração e reverência e uma necessidade de auto-
realização são reconhecidos enquanto aspectos vitais da existência humana. Uma visão de mundo
espiritual valoriza aspectos mais sutis, qualidades pessoais profundas que estão potencialmente
manifestas em todas as pessoas e que são essenciais para a auto-realização do indivíduo e harmonia
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social. Espiritualidade é o reconhecimento que nossas vidas tem um propósito, uma direção, um
significado, uma meta que transcende nossos condicionamentos físicos e culturais. É o reconhecimento
que estamos conectados, em um nível profundo, com a continua evolução da vida e do universo. A
espiritualidade pode ou não envolver uma linguagem religiosa, conceitos e rituais; ela pode ou não
envolver a crença em um Deus. A característica essencial de uma perspectiva espiritual é que ela vê o
ser humano enquanto um ser que desabrocha criativamente de dentro para fora e não enquanto uma
vítima passiva de forças biológicas, econômicas ou ideológicas. Uma concepção espiritual é uma
reverência por toda a vida—pela vida que espontaneamente e misteriosamente desabrocha das
profundezas de cada um de nós. (p. 58-59, minha tradução)

Antes de discutir em mais detalhe o conceito de espiritualidade de acordo com


diferentes autores vinculados direta ou indiretamente com o movimento holístico em
educação, gostaria de apresentar um referencial criado por JOHNSON (1999) que conduziu e
analisou entrevistas com aproximadamente oitenta professores em seus diferentes
entendimentos de espiritualidade e desenvolveu uma extensa revisão de literatura sobre o
assunto. De acordo com ela, existem oito perspectivas principais que se relacionam com o
tema “espiritualidade em educação”: (1) Espiritualidade enquanto religião: “Esta categoria
inclui vários entendimentos de espiritualidade enquanto religião, mas o que todos têm em
comum é sua insistência de que a procura espiritual é mais válida dentro de tradições
religiosas historicamente estabelecidas” (p. 44, minha tradução). (2) Espiritualidade enquanto
forma de dar sentido: Esta perspectiva se centra em questões e problemas que tem sido
historicamente significativos para os seres humanos em geral, como por exemplo, qual o
significado e propósito de nossas vidas. (3) Espiritualidade enquanto auto-reflexão: Esta
categoria enfatiza a auto-reflexão enquanto uma “habilidade de olhar profundamente dentro
de nós mesmos, de entender nossos motivos e emoções, de refletir sobre nossas vidas, e de
definir e monitorar as nossas metas (p. 45, minha tradução) (4) Espiritualidade enquanto
conhecimento místico: Esta categoria “coloca a auto-reflexão no contexto de um Eu maior,
entendido enquanto a base de toda a vida…O conhecimento místico afirma uma vasta e
profunda realidade que vai além do que podemos ver, um estado aonde todas as coisas estão
conectadas e não separadas” (p.45, minha tradução). (5) Espiritualidade enquanto emoção:
Esta categoria enfatiza o papel das emoções no conhecimento e sabedoria. As emoções, nesta
perspectiva, estão no centro de todos os tipos de relações (entre o indivíduo e o seu eu mais
íntimo, entre o indivíduo e outras pessoas, entre o indivíduo e o conhecimento e entre o
indivíduo e o meio ambiente). (6) Espiritualidade enquanto moralidade: Esta perspectiva se
“focaliza nos princípios, idéias, regras, e emoções que governam como os seres humanos
devem se relacionar uns com os outros e com o meio ambiente” (p.46, minha tradução). (7)
Espiritualidade enquanto ecologia: Esta perspectiva “aborda ambos a natureza corpórea do
espírito e a natureza conectada, interdependente e relacional da terra/universo” (p. 47, minha
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tradução). (8) Espiritualidade enquanto criatividade: Esta perspectiva enfatiza o papel da
criatividade nas nossas vidas e no processo contínuo de criação de todo o universo.
Na medida em que a JOHNSON (1999) discute as perspectivas acima, ela enfatiza que
embora ela aborda as mesmas separadamente, cada uma delas está inter-conectada com as
outras. Ela também afirma que enquanto alguns educadores abordam somente uma destas
perspectivas, outros abordam duas ou mais. Na minha revisão de literatura, encontrei
expressões das várias perspectivas descritas por Johnson. Mas uma de minhas descobertas
mais importantes, entretanto, é que a grande maioria dos proponentes da educação holística
não abordam a questão da espiritualidade enquanto religião. Na verdade, alguns deles vêem
espiritualidade e religião enquanto dois processos distintos: Embora religião envolva
espiritualidade, espiritualidade não necessariamente se relaciona ou depende de algum tipo de
afiliação religiosa. Kesson (1993) por exemplo, afirma que enquanto os processos religiosos
pertencem a uma estrutura bem definida criada por outras pessoas e ensinadas de geração em
geração, nossos processos espirituais são uma exploração de nosso inconsciente, e portanto,
são processos imprevisíveis e idiossincráticos. Enquanto os processos religiosos tendem a
enfatizar a existência de um criador e a servir certas necessidades sociais tais como ordem,
continuidade e estabilidade, os processos espirituais tendem a enfatizar a criatividade pessoal
e a introduzir novidades no sistema. GALYEN (1989), entre outros autores também faz uma
distinção entre religião e espiritualidade:

Religião é uma forma cultural, litúrgica, ritualística e mística que escolhemos para viver nossas
experiências espirituais…Espiritualidade não é uma doutrina que pode ser ensinada. É uma energia vital
expressa através de nossa percepção, pensamento e sentimentos e se manifesta enquanto força criativa.
Ela influencia a forma com que percebemos as informações, encaramos a vida, recebemos insights
relacionados com a evolução da consciência humana, e determina a forma com que damos um sentido
para as nossas vidas. (p.25, minha tradução)

Embora a maioria dos autores dentro do movimento holístico em educação


reconheçam a importância de diferentes tradições religiosas, eles tendem a favorecer a idéia
de espiritualidade em sua concepção não religiosa. Baseado nos temas que permeiam os seus
trabalhos, parece-me justo concluir que o tipo de espiritualidade que defendem no âmbito
escolar se relaciona com os seguintes aspectos:

• Senso de transcendência, ou seja,


• uma disposição de aprendermos mais do que já sabemos (HUEBNER, 1995)
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• um sentimento que a realidade vai além do que sabemos e nossos sentidos podem
perceber (GALYEAN, 1989; GANG, 1988; GRIFFIN, 1981; R. MILLER, 1990a,
1990b; HUEBNER, 1995; STEINER, 1998)
• a percepção que nossa vida tem um significado que ultrapassa a mera
sobrevivência e a realização de metas socialmente determinadas e a vontade de
irmos além de limites pessoais e culturais (GRIFFIN, 1981; R. MILLER, 1990a,
1990b).
• Sentimento de admiração e respeito pela vida e pelo que nos mantém vivos (EVANS,
1993; GANG, 1988; R. MILLER, 1990a, 1990b).
• Desenvolvimento de auto conhecimento e de um senso de identidade e propósito (e.g.,
HARRIS, 1980, 1981; R. MILLER, 1990a; CANFIELD, 1980; KESSON, 1997;
MOFFET, 1994; KRISHNAMURTI, 1981) para que possamos distinguir nossas
necessidades e aspirações mais genuínas do que nos é imposto por condicionamentos
sociais e culturais e para que possamos ter uma vida coerente com nossas necessidades e
aspirações mais profundas (EVANS, 1993; HUEBNER, 1995; KESSON, 1997;
MOFFET, 1994, STEINER, 1995).
• O desenvolvimento de uma visão de mundo ampla, dinâmica e integrada da realidade que
nos permite perceber que somos parte de um todo maior, aonde tudo esta conectado com
tudo mais no universo (GANG, 1988; GANG, LYNN, E MAVER, 1992; HUTCHISON,
1991; KESSON, 1997; R. MILLER, 1990a; MOFFET, 1994; STEINER, 1998).
• A habilidade de agirmos de forma coerente com o pensamento acima, percebendo assim
que somos também responsáveis pelo equilíbrio e bem estar do todo que fazemos parte
(MOFFET, 1994). Não basta, por exemplo, estarmos conscientes dos problemas
ambientais que enfrentamos hoje. Precisamos sim, ser capazes de dizermos não às coisas
que embora úteis à nossa pessoa, possam por ventura contribuir ainda mais para o
desequilíbrio ecológico do nosso planeta.
• Senso de “sagrado”, ou seja, um sentimento que todas as coisas no universo tem um valor
que vai além do seu valor instrumental para nós mesmos, e que portanto, precisam ser
tratadas com respeito e cuidado (J. MILLER, 1994; SHEA, 1996).
• Autenticidade na expressão de nosso ser (DEL PRETE, 1990).
• Desenvolvimento da nossa intuição e imaginação (HARRIS, 1981, p. 2) e superação de
medos que possam por ventura limitar a expressão de nossas “forças criativas”
(KRISHNAMURTI, 1981).
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• Desenvolvimento de uma atitude de “abertura para a vida” (EVANS, 1993).
• Desenvolvimento de um senso de inteireza (corpo, mente, e espírito) (MOFFET, 1994).
• A habilidade de vivermos o momento (este pensamento é vital na prática de tradições
orientais como por exemplo no budismo, induismo e taoismo).

Espiritualidade, dentro de uma perspectiva holística, não é algo que pode ser ensinado
enquanto uma disciplina. Ela deve permear todo o currículo. Para promovê-la, podemos, entre
outras coisas: (1) Modelar, através de nosso exemplo, uma forma de ser menos materialista e
mais centrada no nosso desenvolvimento interior e na qualidade das nossas relações com o
próximo e com o meio aonde vivemos (ELKIND, 1992; WOODS e WOODS, 1994; GANG
et al., 1992, STEINER, 1995) . (2) Mostrar aos alunos, através de nosso exemplo, “presença
no momento”, ou seja, uma capacidade de “estar aqui e agora” no que estamos fazendo sem
nos deixar ser varridos pela torrente de pensamentos que normalmente permeiam nossas
mentes (DE SOUZA, 2000). (3) Demonstrar sensibilidade e respeito nas nossas relações com
todos `a nossa volta (ELKIND, 1992). (4) Promover relações significativas com os
conhecimentos que estamos trabalhando de forma que estes possam fazer sentido e dar
sentido às nossas vidas (PALMER, 1993). (5) Promover um senso de interconexão e respeito
para com o meio ambiente. (6) Promover um senso de interconexão entre os diferentes tipos e
formas de conhecimento. (7) Promover um senso crítico nos alunos de forma a ajudá-los a
perceber o quanto o contexto social e cultural pode limitar o nosso olhar sobre nossas
verdadeiras possibilidades (HUEBNER, 1995). (8) Promover discussões que dizem respeito
ao significado da vida (quem somos, porque somos o que somos e quais são nossas metas
pessoais) (GRIFFIN, 1981). (9) Proporcionar contato com a arte criativa para contra-
balancear o impacto negativo da cultura de massa que permeia nossa sociedade e para que
possamos nos encorajar e encorajar nossos alunos a expressar nossas possibilidades
verdadeiramente criativas (GRIFFIN, 1981). (10) Promover atividades artísticas, uma vez que
as mesmas podem sugerir diferentes “formas de ver e de ser” (HUEBNER, 1995, p.19) e
gerar auto conhecimento (J. MILLER, 1988). (11) Promover atividades tais como
visualização e/ou escrita criativa, que podem nos ajudar a entrar em contato com o nosso eu
interior (J. MILLER, 1988). (12) Manter, e pedir aos alunos que mantenham, um diário para
que possamos considerar fatos tais como por exemplo, porque reagimos de certa forma diante
de certas pessoas e situações. Isto pode contribuir para nosso auto conhecimento e auto
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controle, que se constituem em ferramentas fundamentais para o nosso desenvolvimento em
todos os sentidos.
Para concluir, gostaria de afirmar mais uma vez, que espiritualidade dentro de uma
perspectiva holística não pode ser ensinada enquanto uma disciplina isolada. Ela precisa sim,
ser vivida no currículo enquanto um todo. Antes de encerrar, gostaria de esclarecer que,
considerando tudo o que foi dito até então, concordo com a idéia defendida pelo movimento
holístico em educação que precisamos promover uma visão de mundo menos materialista e
mais espiritualizada. Concordo também com BOWERS (1993) quando afirma que não
devemos querer que todos passem a consumir como a elite, pois se isto vier a acontecer,
acabaremos por extinguir com muitos dos recursos naturais do meio ambiente, e
consequentemente, com a possibilidade de vida no planeta. Acredito, entretanto, que
juntamente com uma visão mais espiritualizada da vida (espiritualizada não no sentido
religioso, mas no sentido discutido acima), devemos todos ter igual acesso a condições para
termos uma vida relativamente confortável a nível material. Portanto, precisamos ser
cautelosos ao promover a idéia que devemos levar uma vida menos materialista/consumista
ao trabalhar com populações carentes. Caso contrário, poderemos inconscientemente
contribuir ainda mais para o agravamento da sua pobreza.
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