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HUMBERTO BAQUERO MORENO ISABEL VAZ DE FREITAS A Corte de Afonso V o Tempo e os Homens 3 & Pe z § gz a a ‘Houmperro Baquero MoRENO Isapp1 Vaz DE Freitas A Corte de Afonso V: o Tempo e os Homens EDICIONES TREA ssrun0s msTORICOS © O2MEDAL ‘Suelo vases oerosee ane aga Me «abd i een 0 Btn Ten Flpine de Sono aos Gomes Pod 9,2 S983 Smart Cee Ge at) 0 Di Hi Fre lei dee n Gono lego aga Bl inne tia Ct ae Fever Pepe rps Eo (Vio el + Hee Pda) eben Apel Deptt Lei 285-086 igre a Pian pte eset oon dios Pia asepedesrotede ‘unpaecenpei aaiena rmte ‘va aio fo gulf er ci, ‘can forfetoip gems cu que us ota pre arn ta de Els Te 5. 1.A época de D. Afonso V ‘As diversas catéstrofes que se abateram sobre a Europa do século xxv e da primeira metede do século xv, com destaque para a Peste Negra, a Guerre dos ein Anos, o Cisma e o progresso os turcos sobre o ocidente cristio, provoce- ram uma crise de mentalidades generalizada que iria modificar os comporta~ ‘mentos do homem nos séculos seguintes. (0 sentimento de culpa que identificava os males do mundo com os ertos praticados pelos cristiose a renga ne proximidade do fim do mundo muda ‘vama postura dos homens perante a ameaca do inferno e perantea perspective ‘da morte. Deus surge como um julgador sem perdao que decide sobre o desti- hoa vide além-timulo, Crescem as crrentes de ant-semitismo e de enti-cle- ricalismo que marcam as conscitncias mais perturbadas pela crise instalada ‘Multiplicam-se os ideais de cavalaria, o misticismo ¢ a magia; aumentam as igrejas. as capelas €a orapio. O mundo abre-se as miss6es, nas quas os fades sendicantes assumem papel de televo:franciscanos e dominicanos enchem a5, cidades, ramam para o Oriente e promovern encontros com comunidades nfo tists, criamese escolas de linguss orientais 0 fascinio pelo Oriente desperta ss massas enegrecidas pelo marasmo de uma longa crise ‘A Buropa vive uma intensa crise que ronda os anos de 1350 a 1450. Varios otivos de ordem geral proporcionaram a quebra drastica do crescimento in- ternacional, outros de ordem particular atingiram individualmente reinos que tentam desesperadamente sair do marasmo em que se viram inclutdos. (0 indice demogrifico da populagéo europeia descen vertiginosamente ea cti- se alastrou-se pelos campos e pelas cidades, Os bairvos ¢ os arrabaldes urbanos reduziram-se; casas ¢ terras abandonaram-se. A produtividade do campo e da cidade desce, arastando os homens para a crise, para a fome e para e morte As fguerrase 25 epidemias, entre clas a devastadora Peste Negr, acentuaram a ruina Peranie a situagao de abandono das actividades econémicas ea consequen- te quebra de rendinnentos, a recess4o econ6mice instala-se As trocas comer- cals as operagbesfinanceiras descem os seus niveise diminuem a frequéncia, causando escasscz nos mercados e difculdades no poder de compra. As fomes seucedem-se, ea mortalidade manifesta-sectescente tempo eos homens “Apesar da tendéncia generalizads de crise, esta nfo foi continua no espa: so abrangido, Algumas regiées e algumes cidades aleangaram algura desen- Yolvimento sobretudo as que se encontravam ligads a actividades comercais portudrias. 0 caso das cidades da Hansa ou as cidade itslianas, que atingem grande desenvolvimento ‘Superado o coos, a Europa vai seguir um rumo diferente. Campos ¢ cidades seem paulatinamente do marasmo em que se viram incluidos no século x15 langarn-se em noves aventuras e promovem outros negécios. Em meados do século xy, notéxio o crescimento paultino da economia que acrata consgo alguma esperenge de um mundo melhor. Este incremento das actividades econémicas e financeiras nos finas da Made Média promoveu algu- ‘mas mudangas nas questBes socials eno quotidiano do homem do século x. (Os niicleos urbanos crescem em mimero demogrifico, obrigando a ma- dangas profandas nas estruturas de produgio € no abastecimento de produ tos, sobretudo de bens de primeira necessidade. Surgem novas industries, com relevo para a dos téxteis-a grande industria da Idade Mediacom utilizagio crescente de linhos, cinhamo e seda. O tafego de vinhos, sl etecidos anima as transacgies econémicas e une as principaiscidades do Atlintico e do Medi- terrineo. A incessante procura de metal preciso lanca o mundo ma aventura da expansto e na procura de novos mercados.O fascinio pelo Oriente e pelas realidades que ocultairé marcar a ilusdo do dia a dia (© mar domina como meio de ligacto de terra e homens, o que néo signi fica, porém, que as vias maritimas substituam as terrestres, Pelo contrétio, & acompanharem o desenvolvimento demogréfico, sargem novas vias, NovDS ca- ‘minhos, novas rotas algumas das quai nao se livram da decadéncia vitimada pela concorréncia dos novos mercados localizados is porta do mar. B 0 caso das grandes deslocagSes que ligam 0 Meditersneo ao Norte da Buropa ‘Da mesma forme, as feiras€ os mercados terrestres nfo sofreram grandes inconvenientes, Alguns casos apontam-se, como o das feiras de Champagne, ue sofreram uma diminuicio no volume de trifego ¢ de frequencta; outros, peo contrriocom o maior volume de prodatos¢ de novidades em circulacéo, animam-se (© Mediterraneo conserva a sua importéncia como suporte de cruzamento de rotas, mas enfrenta agora a grande concorréncia do Atlantico por onde cor rem as novas vias de acesso a0 ono, 20¢ escravos, a0 agticar as especiarias, as novas artérias da sobrevivencia e do enriquecimento faci Afonso ¥ ‘Muda-se-o mapa comercial, marcam-se novos rumos para a Europa e cres- ‘cem atitudes expansionistas que levavam os einos a sair parao exterior: Portu~ gal avanga sobre Marrocos (1415) e sobre asilhas do Atlantico, Aragio volts-se para o Mediterraneo, D. Afonso V de Aragio (a partir de 1416) incide sobre as Fidades italianas 0 centro da sua politica, e Castela volta as suas atenges para Granada e para as novas rotas do Atlantica, nas quais as Canérias desempe- rnham papel fundamental, Os reinos sbéricos assumiam assim uma postura de ‘elacionamento externo como meio de solucionar as questdes internas e de dar ‘cobertura a distintos ideais que moviam a sociedade em geral No século xv, o comércio assentava em vias de comunicagio e em trans portes ainda com deficiente desenvolvimento, mas cficazes e suficientes para as specessidades da época. Articulava-se por wma larga extensto territorial, che- gave a todos o& povoados através de uma rede de comerciantes ¢ de rotas que acercavam a todo o lado os produtos mnais necessérios ¢ os mais pretendidos. ‘O desenvolvimento urbane e dos grupos citadinos, nomeadamente mexca~ ores e artesios, vio marcar presenca nas esferas do poder ¢ do prestigio social. ‘A nobreaa alarga 0 seu mbito de acgio ¢ exerce a sua infiuéncia cada vex mais ‘acentadamente em meios onde o prestigio econdmico domina. A velha ou nova rnobreza de carz senhorial continua amezeadora ¢, agora, mais forte do que nun ‘abafejada pela sorte de titulos que Ihe conferem distingso social. O chogue com fr realeza serd inevitivel. As cortes ¢a corte transformam-se, ¢ do marasmo pas ‘sam a opuléncia, onde a presenga da cultura e da ciéncia é uma constante, Entre os homens que mudaram o mundo nos séculos x1v e xv, encontra- mos Petrarca (1302-1374), Possuidor de um poder de oratoria e de eloquéncia {que poucos manifestavam, ficou conhecido pele sua paixo pelos cissicos & pela instituicdo da nova corrente humanist que ira percorrer o mundo ¢ que~ braria com os autores escolisticos. Os humanistas pretendiam divulgar o saber dissico e, através dele, mudar a visio do mundo, regressando ao tempo da “Antiguidacle Clissica e a0 espaco das cvilizagoes do Mediterrineo, (Os primeitos humanistas (Boccaccio, Petrarca, Leonardo Bruni, Filelfo, YValla, Poggio Bracciolini, Lorenzo Valla, Eneias-Silvio ¢ Nicolau de Casa), situ- ‘ados entre os tltimos anos de trezentos ¢ 0 sécuto de quatrocentos, eaviverann 106 cldssicos ¢ os modelos da Antiguidade. O primeiro humanismo portuguts, {que se revela no perfodo de D. Afonso V, liga « Antiguidade Latina aos idenis dda [dade Média, renascendo Plato e as suns teorias de beleza, de amor ede um mundo natureza, A corte de D. Afonso: tempo eo homens 1.A doen deD. Afonso ¥ Marsilio Ficino (1433-1499), cénego da catedral de Florenga, é uma das figuras protegidas dos Medici, Elabora uma sintese entre o cristianismo e 0 platonismo partindo de Platao, em quem vé o encontro com a libertaglo que ‘ eleva da realidadefisica a uma realidade que se encontra com Deus. Fandou ‘em Florenga uma academia platOnica, foi seguido por Pico de la Mirando- la, continuador da academia, que foi mais longe que o seu antecessor. Ficino aprendeu hebreu para entender a filosofiajudaica eérabe para estudar 0 Al corto, Nicolau de Cuse com grande influtncia nas ctrias de Nicolau V e de Pio It que the valeu a designario de vice-papa~ rompe, em meados do século xv, com acrenga no mundo fechado,¢ defende urn mundo infinite baseanda-se nafsica aistotélica, em estudos platonicos e na mistica crist® dos sfculos x1v ex. ‘As cidades italianas vio ser 0 centro da renovacio cultural, nticleos das no~ vas correntes intelectuais ¢ cientificas. Grupos de humanistas vo erescer ern diversas cidades italinas e dat parti para as principais cidades europeia le vando consigo novas teorias, novas formas de interpretar 0 visivel eum gosto pelo conhecimento cientifico e pela cultura, Beneficiam do flaxo de intelectuais bizantinos que escapam a0 dominio turco em meados do século xy, favorecen- do o aproximar da cultura greco-romana mais pura, Com eles, os bizantinos levam livros € muitos documentos que abrem & Europa contactos hé muito ‘esquecidos. A quedia de Constantinopla em 1453 vai acelerar 0 process. (Os humanistas, asim designades por seguirem o estudo das humanidades isto & da gramitica, da retrica, da literatura, da poesia, da hist6rie~, marcam uum novo rumo do estudo universitério. Menos preocupados com o estudo da teologie ou da metafisice, viam no homem e na sua perfeigio uma meta a al- cangar, sendo a educagio € 0 estudo formas de aleancar essa perfeico. AA pintura, a arquitectara e a escultura seguem os mesmos passos das novas correntes do pensimento. © homem € valorizado, recorre-se aos exemplos da Antiguidade como modelos de representagdes que superam o antigo e nfo 0 copiam, Itdia como centro das novas correntesartstcas desempenhou um papel directivo na expanséo das formas e técnicas da art, De igual forma, nos Paises Balxos surgem homens que modificaram 0 rumo da art gota. Bruges ¢ 0 ducedo da Borgonha sto os grandes paloos desta viragem artis- tice, ¢ 0 mestre Flémale, Jan Van Eyck (ligado & casa do daque da Borgonha, Filipe o Bom) ¢ Rogier Van der Weyden, entre outzos, os homens que explo- ram a realidade visivel, a beleza¢ a perfeigio. Merece especial referencia, neste contexto da cultura borgonhesa, Vasco Fernandes de Lucena, homem port jgués que provavelmente acompanhou em 1450, apés Alfarrobeira, D. Jaime ¢ ‘Bodo, refugiados na corte de Isabel da Borgonha, e desempenhou um papel importante na cultura do ducado, Estadou em Paris em 1454 ¢ a partir de 1460 surge ligado a Carlos o Temerfrio. Traduziu obras da Antiguidade css ‘asentre as quai obras sobre Alexandre Magno, modelo seguido de perto pelo Temeriri. Tin Ilia, o grande cenério para as novas correntes atistiens ¢ Florenga, a considerada de Nove Atenas. Aqui surgem homens como Brunelleschi, Ghiber ti, Donatello, Masaccio e Piero della Francesca, Paolo Uceelo, Leone Battista “Alberti, Luca della Robbia, Mantegna, e muitos outros, que ocupam os primel- +08 tempos do Renascimento. Na segunda metade de qustrocentos encontra- se Botticelli, Leonardo da Vinci, Miguel Angelo, Bremante, Refael, Ticiano & snuitos outros de renome internacional, apotados por mecenas com origem za eociedade politica ena Igreja. Os mecenas sfo os cultivadores da cultura, os homens que permitem a criegio da perfeigfo, a mudanga de habitos ¢ o desen- cadear do processo da nova cultura, Por todo o lado surgem igrejas ¢ palécios decorados segundo as novas regeas: na arte, na arquitectura, na literatura, na ‘isa, na politica 02 no simples comportamento diétio, o homem tinha de ser perieito, deveria encontrar o seu limite de perfeigl, proprio das eriacBes divinas ‘Qs humanistas ascociam # religigo eo sentimento religioso& perfeicfo hu- ‘mana. Como refere Pico della Mirandola (1463-1494) o espago que o homem ‘ocupava no mundo inseria-se nun profundo espititocristfo, unindo, assim, 3s ideiasclissicas do Renascimento com as doutrinas crstas. Publicavam-se obras em latim e prego nas suas formas originas ou com tra éugio correctamente trabalhada, e uma das preocupagdes do Humanismo, que acompanbava o Papado, os principes da Europa € os grandes mecenas, versava sobre as tradugdes correctas dos autores dssicos. Iniciou-se um periodo de desenvolvimento da literatura ¢ da historia 20 qual se associa 0 aparecimento da imprensa e 0 uso do papel que modernizou ‘o mundo. A introdugio e a comercializagao do papel em larga escala, a partir dde meados do século x1, facilitam o surgimento do livro e permitem a chega~ dda mais acessivel da mensagem. O papel, mais barato que o pergaminho, mais facil de trabalhar ¢ de usar, proporciona uma répida propagisio pelos meios intelectunis mais interessados na leitura e no conhecimento. A exportagio de AcorvedeD. Afrso-0 tempo ees homens papel a partir de Iélia Franga vai deter uma importincia fundamental no cixo-renano e dal parte para todo o Norte da Europa, onde a imprensa alia © ‘uso do papel A divulgacao em maior escala ‘Ao abrir © conhecimento aos autores cléssico, abre-se uma atitude dife rente perante a natureza, que passa a ser observada ¢ estudada, Paulo Tosca nell sobressai na descoberta da astronomia, Leonardo da Vinci dea um alento ‘enorme a diversas ciéncias como a anatomia, a fisica, a botinica e a geologia Estuda-se alquimia, astrologia, geografia, anatomin, ¢ tantas outras matérias| ‘que tomam por base os textos gregos que impdem nas novas formas de ensino de cultura. Em ocasides, onfundiv-secigncia com bruxara efitcara Como complemento da formagéo que os humanistas nao encontravam no ensino da época, surgem as academias, nicialmente reunies de compa- mheiros, depois insttucionalizadas, as academias eram em Tocais de eneontro proporcionado entre amigos. Procuravam as bibliotecas mais famosas que se éencontravam entre os principes e grandes mecenas. ‘As novas formas de educaglo niio surgem nas universidades, ainda apri- sionadas a valores escolisticos, especializados e demasiado técnicos. As novas escolas emergentes, que se aliam as acedemias nas suas pretensdes de ensino, ganiham importincia vital para a expansio da nova educagio. Fundamentals no processo sto as escolas de gramitica, de retbrica, de dialécticae de filosofia moral, que apela a valores de liberdade humana. ‘A renovacio cultural preocupa-se com a formagéo de novos governantes, ‘0s quais, por seu lado, tgm de procurar as novas escolas para se inclufrem nos novos modelos culturais e de atitude, As bases sto procuradas nos modelos clissicos, ea retorica passa ser uma disciplina fundamental para persuadir as moltidées, para mover forgas ¢ convencer adversiios. Os discursos seguem ‘modelos preparados com diplomacia, e 0 conhecimento influencia positive ‘mente as negociagées,o governo e gestao econémics, proporcionando meios mais justos € mais abertos de actuacio. O principe € o perfeito cavaleiro, um correcto legislador, um homem reli- sioso, bom, virtuoso e defensor da f6 do seu povo. Como exemplo de per feigdo, ¢suficente,s6 por si, para assumir o reino as suas fungbes. Como tal concentrava o poder nas suas mos e, se possfvel, aumentava as suas prerroge- tivas e expandia os seus dominios. tee Para se consolidarem ¢ expandirem, es monarquias necesstavam de recur- 508 ¢ instrumentos. Os recursos bisicos de suporte como ouro e moeda pro 1A gpa de D Afonso V a veniente de cobrangas de direitos exam essenciais para bem fomecer os cofres 1égios, Os instrumentos materializam-se nas novas formas de administeagio, legislagdo e exército mais eficazes e com maior grau de sucesso. ‘O crescimento econdmico ¢ cultural das cidadesitalianas atrata 0 Norte 4a Baropa, cujos principes procaravam cada ver. mats uma educagSo oriun- a do Renascimento italiano, Portugal, da mesma forma que a Europa, recebe {nflugncias do Humenismo italiano. O estudo do latim, do grego ¢ da cultura ‘lssica entra na peninsula ibérica nos einados de Joio TI de Castela ce Afon- s0V de Aragio e de D. Joo TI de Navarra ¢ Aragio. Em Portugal, as primeiras tnanifestagdes remontam & corte de D. Joao I, de D. Duarte e de D, Afonso V. ‘olone, Pédua e Florenca eram os centros peferidos pelos homens da cal- ‘ura castelhana e portuguesa. A conquista de Népoles por Aragio abre uma ia via de penetragdo da cultura italiana que provém de Napoles, Roma eSi- ‘lia nobrera, por sua parte, elege uma forma menos cientificae mais militar dos textos clssicos surgidos a piblico que relatavam feitos herbicos, istinguem-se vitias Buropss no século xv. Na Buropa do Ocidente fortes poténcias comercais e politcas dominam os homens ¢ 0 espago, ¢ a coatlu féncia ea concorréncia de poderes mavem afrontas e originam guerrs, Bsta Europa envolvia-se num processo de desenvolvimento externo voltado para actividades rentéveis que utilizavam o mar como processo de expansio e de comunicagio. Neste espago incluem-se 05 reinos de Portugal e Castela que en- tabecam 6 movimento de expansio raundial. Bi ditecg6es diferentes, deline- adasjé em meados do século xv, um conquistaré Africa « 0 Oriente, a outra a Amética. 'A Buropa mediterranica,localizada nas portas do Oriente, domina os gran des pasios entre o sul ¢0 norte. uma Buropa dindmica mas dividida entre 0s seus poderes em constante confito pela detengio ds hegemonia, ‘Na Europa oriental, periférica pouco povoada, de economia essecialmente agricola e, por isso, de base seahorial muito activa, os monarcas detinham pou- ca forga perante uma nobrezs mito poderosa. A realeza é ainda, na pritica, ‘uma figura simblica, E uma Buropa volteda para uma agricultura repressiva, como acontecia na Foldnia e na Hunger, marcando uma evolugio diferente dos estados mais a oriente, Tendo por base a actvidade agricola fechada,vivia tum dia a dia mais penoso de um regime senhoril 1 espago da Europa correspondente ao periodo.de D. Afonso V insere-se numa dindmica produaida pela rlagto entre o mundo mediterranico ¢o Nor- ‘A core de D. Afonso: 0 tempo eos omens teda Buropa.A peninsula ibérica com posigdo periférica face a estes estruturas, establliza as suas forsas ea sua rlacio com 0 mundo europeu de acordo com as lterapdes politicas ¢ econdmicas e prefere mover-se pare éreas novas, Mundos hrovos que tenta aangar de forma a compensar as fragilidades provenientes da sua localizagio geogréfica, que coloca os reinos peninsolares ocidentais mais distantes dos centros politicos de entdo. Bsta localizagao periférica no mapa ind produzir situagGes benéficas que conduzem 0s reinos ibéricos a novas si- tuagdes que em breve sero da maior importincia para a Europa: 0 uso do [Atlintco ea descoberta geogetica. ‘0 mundo conhecide do século xv nfo se restringe & Europa: Africa vai-se descobrindo, ¢ 0 Oriente compreende-se por relatos que marcam de espanto fos que os ouvem. A Asia nfo é desconhecida para o europeu, porque as descr Bes de viagens que tiveram o seu inicio com Marco Polo citculavam por toda 2 Buropa. Estas, mais ou menos fantasiosas, davam noticias da existéncia de tuma cultura, de uma religido e de uma politica que marcavam win quotidian diferente e, pela diferenga, desejado por quem # queria conhecer 1.3, ONORTEDA EUROPA Entre as grandes monarquias de relevo do Norte europeu encontra-se © Império Romano-Germanico, constituido por diversos agrupamentos territo- riais dominados por uma poderosa nobreza. Apesar da diversidade interna do império, os seus ditigentes preocupavam-se por manté-Io wnido ¢ fortalecido sob a égide de um pader tendencialmente centralizador. {Ao lado de um forte poder senhorial, as cidades manifestam-se como um poder econémico dominado por grupos de ricos mercadores e outros ligados as actividades econdmicas e financeiras, Pelos séculos x1 e x10, @ expansio econémico-mercantil da Alemanha im: piern-se no Norte da Europa, controlando todo 0 comércio dos portos do Bal- tico e oferecenda enorme coneorréncia a noruegueses, suecos ¢ dinamarque ses. Para manter este domninio, as cidades germanicas aliamn-se constituindo a Hansa Germanica. [Em breve, a Hansa impSem-see passa a controlar um espago cada vez. maior em dimensées econémicas ¢ em interferéncia local. Instala-se na Escandinavia eo seu dominio vai-seestendendo em todas as direccbes, alargando a sua influ- 1. Gpoca de D. Afonso V 1B ancia eo transito mescanti a Inglaterra, Holanda, Flandres, Sevilla eTisbos ¢, fem geval, por todo o Norte da Europa. Cria-e assim uma encruzilhada de rotas Ge permite a ligagio entre o Mediteréneo e Atltntico Nozte, Como refere tim documento datado de 1469, a Hansa caracteiza-se por ser uma alianga atte cidades cujo objectivo fundamental era o de assegurer o bom funcio- ‘pamento das trocas comerciis por terra e por mar, defender os mercadores ¢ conceder-Ihes segurange, ‘ara fazer face as necessidades impostas pela organizagio comercial a Han sacrionfetorias em Bruges, Gotland, Bergen e Novgorod e instalou outros en~ trepostos comerciais por todo 0 espaco europeu. Por todo o lado os elementos {da Honsa circulam e fomentam os seus contactos¢ fundam organizacoes de snereadores que permite a proximidade e promovein a troca de mercadoras Timpdem-seligagbes de relevo com Inglaterra, Flandres, a peninsula ibérica ¢ com as cidades lianas no Mediterraneo, "A Hanse agrupa cidades de diversaloalizagio geogréfica ¢ 0 seu nimero vai vaviando, A. H, de Oliveira Marques sistematizou-as em diversos grupos: grupo nuclear que se encontzavalocalizado sobre as ditas cidades vendicas (Gnome que deriva de Wendish Stadt), entre elas Lubeck, Hamburgo, Bremen, Rostock e Wisma o grupo constituida pelas cidades dos Paises Baixos (Plan dres, Paises Baixos e Frisia), o grupo das cidades prussianas e livonicas, Um ‘outvo conjunto localizava-se mais no interior, mas nfo com menos impor tincia comercial, eera constitutd pelaseidades da Rendnia-Westflia. Outros {grupos menores mas, no entanto, com papel importante, lcalizavam-se em Golland, na Polénia e em Carcbvia, Em posigaoestratégica privilegiada, os mercadores da Prssa eda Livénia serviam de intermedifrios entre 0 mundo ocidental e o interior do mundo oviental. Comercilizavam madeira, pele ecereais, entre outras mercadorias, fe,em troca,recebiam produtos téxteis europens, nomeadamente os flamengos, ‘artigos medlterrinicos como frutas,vinho, azite, sale expeciarias que expor- tavam para o Norte da Europa e Rusia ‘as dversidades exstentes dentro da Liga Hensetica produzem alguns con- ftos que se prendem coun questdes particulares de cada cidade, Rapidamen- te se formaram grupos partidérios no seu interior que disputavam questbes de soberania ¢ de poder. Ties grupos importantes surgiram: 0 das cdades do Oriente, liderado por Danaig: o grupo das cidades do Ocidente, cujo motor principal era Colonia, eo grupo central, liderado por Lubeck, De concorrentes 4 A core de D.Afontoo tempo ¢08 homens ‘econdmnicos depressa se converteram em rivais politics, onde os interesses sisturam e confondem. Pelo século xv a Hansa foi entrando em decadéncia, consequéncia dos con- fits existentes no funicionamento interno, da concorréncie que o mercado softia desde o exterior ¢ da atitude proteccionista adoptada para fazer face as adversas situagSes da crise do século xiv. Para compensar as perdas, a Hansa procurou novos mercados. Neste contexto aumentou asligagbes a Lisboa, onde receberam privilégios de D. Afonso V. ‘Os factores politicos vao ser igualmente determinantes para a atitude de decadéncia demonstrada pela Hansa. Em 1454 a Poldnia pautava-se por uma linha expansionista que colocava a Litutnia,a Pomeréla, oErmland e a Prissia dentro do seu dominio, facto que Ihe permit slargar fronteiras e obter novos ‘mercados. Aproveitando o momento de decacéncis, os ingleses penetram nos territérios da Hansa, instalando-se um conflto visivelmente grave, traduzido pela pritica de actos de pirataria e de bloqueios 2 mercedores, Entre L449 € 1474 0 estado é de guerra permanente entre hanseéticos eingleses. ‘A complicar 2 situaglo, a concorréncia holandesa surge com grande éxito De forma a anular esta nova concorréncia, a Hansa declara guerra a Holanda entre os anos de 1438 ¢ 1441. Apeser das tréguas celebradas em 1441, a guerra continua através do corso e de bloqueias comercias sistemiéticos, que s6 termi nam pelo final do século xv. Entre 08 anos de 1467 ¢ 1473, a Hansa encontra de novo a guerra, desta vez com a Dinamarea e com a Suéeia, O estado de guerra entre as diversas potén- cias earopeias, de forma directa ou indirecta, éuma constante. Indirectamente, 4 Hansa é também prejudicada por outros confltos paralelos onde faz. notar sna participario, A guerra aberta entre Franga e Holanda em meados do sé culo xy, vai afectac os mercados da Hansa que tomam partido de Franga, ¢ da ‘mesma forma que 0 registado em conflitos anteriores, o tratado de Utrecht celebrado em 1476, que pretendia essinar a paz, nfo colocava um ponto final nas lutas entre Franca e Holanda. A guerra reacende-se nos anos de 1477 a 1482, Bsta contend traz consigo de novo a inseguranga para os mercadores que circulam nesses espacos. Por seu turno, a Guerra dos Cem Anos faz imensas vitimas entre 0s navios 4a Liga Hanseitica, que, perante as dificaldades, procuram outros portos Nestes meios de conflito acentuam-se a pirataria eo corso. Este € 0 tipo de ‘guerra mais comum por esta époce, porque & efcaz resulta com bastante &xi- L.A dpocaddeD. Afonso 3 ta to nos mares: desgasta 0 inimigo e provoca 6 caos econémico, instala 0 tenor entre os navios de comérco e causa mal-estar entre os mercadores, que sentem raranga das transacgles. Nos mates, o éxito da guetta de corso coloca em seat nba prise costs ingles reese hlandess que passim fer temidas e respeitados. Dest facto beneficiam Lisboa e outras cidades peninsulates. D. Afonso Vy atento 20s melhores momentos, alarga as relagdes comerciais¢ politcas com i Hansa, contexto no qual surge, em 1451, 0 casamento de sua jem D. Leonor fom Frederico II, mperedor da Alemanha. Estavarn gatantidas e seladas as boas rlages. ‘Desde a primeira década do séeulo xv que se manifesta o desenvolvimento dos contactos comerciais entre Portugal ea Liga Fansestica A Lisboa chegam sravios de mescadores hansedticos directamente, sem intermediéris, ou atra- ‘ve da Flandres, um dos principais intermedirios comercais portugneses (© incremento de contactos entze o Império Alemnao e Portugal permite 0 cstabelecimento de uma colénia alema em Lisboa. A presenga de mercado tes na cidade faciitava 0 trinsito entre portos dstantes e mostrava o interesse “rescente do mercado portugués que comecava a ser invadido por produtos afrieanos, “apesar das medidas proteccionistas adoptadis pelos monarcas portugue- ses no sentido de probit a exportagio directa por estrangetos ede beneficier tos mercadores nacionais, a legislagfo no aleanca o rigor da francesa out da castelhana que fechavamn 0s portos & presenca de mercadores da Hansa por Serem considerados grandes concorrentes dos nacionais. Bm Portugal 2 poli- tica de mercado facilitava os negocios dos mercadores estrangeisos, facto que slimentou 0 comércio da Hlansa com Portugal prvilegiando, mais ume ver, a8 relagBes econdmicas e politias ‘Apart de meados do século xv a concorrénciaexercida por Franca, Ingle tetra, Flandres, Holanda e pels teinos da peninsula ibérica acentua o declt nio da Hansa que se torna uma realidade progressivac inevtével. Conhecedor desta realidade, Frederico Il procusa incrementar as relag®es com a peninsula fbérica, porque se supunha que, em breve, esta se transformaria no centro co mercial da Europa Tiederico Il surge no paleo do Império Aleméo no ano de 1440. O seu principal objectivo centraliza-se no governo dos diversos estaclos que constitu demo império. A situacdo geral nfo inspirave qualquer forma de tranquilidede ‘6 A corte de D. Afonso: tempo eos homens ade eabildade.Viva-seno ambiente dexido pelo Conco de Bases gue ‘Siiovnatelptoconftuosesntda no seo da [gee pera osugimento dar moves creme eas mows ienlogas que regi ape aul de Cine An queteseligiss etlavan-s com o campo police socal ees ite identcar qua problemas insurgents, Era nection pat tient os pram as amb are para fer face in peg nai vind de extvero lmpéio tomano Uma das quests prncpas debates no impo de Frederico Tt ent vesobrea eli ent oe poderes tempos ot podresreigiotos,¢Peder- {ol vt desrnpenhr ara tcf fundamental a epost da pz lig im 1B sine um aordo em Viena com oPapado no qual ela oalence dn pores sobre grea Oc outros es vee serian de colons dos po- pres pode locas, En 1452 desoca-sea Roma pra cast com D, Leonor de Portgal al asume-se como ri ds Romanos Pretendia Frederic I! promove osu poder como iperads, que sen contrava comprometido perante a dvsto ene cidade enobrera, a Eequen- tes gucthas interasquecolocam em confont os podere seri «ot trbanose perante a vii caas senhoras de elev que wo sogindo no stcalo x0 “oda Bropa vive intesamenteo despetareconémico da nobrens gue 4 clo em elopta com os dios podetescneorete,inclaie com 0 pole cena, A Alena, em inlis do slo, eaters, aim tome onto coados dooce, por uma vito intra mateda por princes gee devia de granfeantnomi, Oimperadordesempenbara un papel Giminato fice autriade locas, ‘ einado de Frederico cldow-senegativament: 10 Tio ns Renda, pos vo ganhendo cada er nis utonomiae rns possbdade es go Vernarem 9 ors em interven do inperados que tentvam depor 2A agrvar a situa pouco conforlével de Pedrco I, mea urea & uma constante para Impérie Alen, Atcavar Sees ai ccdenti€ 08 Bales, 2 Hungrs,einda cit, debate com o io problema do aango No stulo ay, or cvleiror da Orde Teuténia de erigem gemini, consitam a das frat mires mls inportantes da Barop, doinan- do nos paises eslavos um extenso territério marcado por fortalezas. Romperam_ 1A spe de D Aforso V vu bosques € secerain pantanos obtendo prosperas terras de cultivo que foram fueaindo camponeses que proctavam terras férteis, A grande produgio de Steel colocou a ordem em primero plano na coneorréncia com as cdades Tansedticas que Ihe reservavam alguma hostlidade. A sua sede, onde residia 0 gito-meste,Jocalzava-se em Marienburg vA Polbnia, parte integrante do Imapério Alero, encrava.@ sua acpéo en- tea expansio turca ¢ 0 conflito com 0s tértaros. Reino cristfo, mareado pels preienga de uma nobreza poderosa, vive como muitos outros zeinos con pre internos constantes que parecem marcar as diversas poténcias europeias ‘Constituia-se por Grande Pol6nia, Baixa Polénia, Préssia, Moldavia, Litwinia «Russa, O re, mal definido perante a autonomia dos espacos, era eleto entie tum dos elementos da dinastia real, forma adoptada para contornar as insime- tas questdes surgidas com a sucesso hereditéria. ‘De economia essencialmente agricola, orientava em Fungo desta acivida- dea vida cconémica ¢ a estrutura social. O caminko do comércio externo foi fechado a Polonia pela expansfo turca ¢ pelo abandono da presenga genovesa no mat Negro, ‘A bragos com o avango turco encontrava-se também 0 monarca hiingar0, acislaw TV, que para travar esse avanco reforca o exército ¢ empreende diver- sos campanhas ermadas. $6 ump apoio externo em massa poderia fazer face 40 Tmnpétio Otomano,e Ladislau IV esperava o reforgo ocidental promovide por tum eruzada, mas os eforGos enviados de Ocidente eram to escassos que no tusiliavam a tarefa de combate. Em Varna uum confionto entre 03 exércitos iningatose turco coloca fim A vida do monsrce, Em 1446, sucede-the Lacislau ‘Vs mas a sua tarefa de afastar 05 tureos complicava-s ‘Depois da vitévia em Varna, os exéritos otomanos penetzavam profuinds- mente nos Balcis. avango turco mantinha-se incontrolavel: em 1493 chegam 1 Constantinopla e em 1456 avancam até Belgrado, onde uma derrots imensa ds experava, Produ-se um novo alento nos exércitos exstiase uma crenga ma paragem do avanco turco. "Em 1457 morre Ladislan V e sucede-lhe Matias Corvino que governout Hungria de 1457 a 1490. Criou a designada de Brigada Negra, constituida por cavaleiros recrutados obrigatoriamente dentro do seu territério, Com este cexéreito conseguiu travar 0 avango tarco nos Bales. "Na época de D. Afonso V,a Franca ¢ a Inglaterra vivem os ultimes anos da Guerra dos Cem Anos, que, entre 1337 ¢ 1453, envolveu Franca, Inglaterra © 18 A conte de D_ Afonso: tempo eos homens ‘os aliados de ambos em conflitos de diversa order que causaram um desgaste enorme e provocaram crises que afectaram todos estes anos. ate conflito demorado tern antecedentes remotos localizados no steulo xn ‘quando Henrique Plantageneta, rei de Inglaterra, se toma duque da Normandia ¢ sethor da Aquiténia, O conflitoabre-se em 1328 quando morre Caslos IV de Fran «ga sem herdeiros. Como pretendente 20 trono de Franga surge Eduardo If, ri de Inglaterra, abrindo-se de imediato una cisto partiéria que divide a Franca entre © apofo ao monarca inglés ou 0 apoio « uma solugao de carécter nacionalista. 'No ducado ca Bretanha a confianga depositada em Bdnardo If era incon- dicional. No condado da Flandres, induido na Borgonba, a divisio interna rmanifestava-se entre a nobreza, com grandes ligagSes a Franca, e a burgue sia, que tendia, pelasrelagbes comerciais, para Inglaterra, O restante territ6rio francés, demasiado dividido entre a nobreza, que contemplava amplos poderes de autonomia, ivia um quotidiano de contlitos fendais, nos quais 0 monarca inglés tinha participagao, Pouco a pouco foram-se tomando posigées quanto 20 partido a apoiar. ‘A agravar a sitancio de crise, a relagio de paréntdscn‘que os rei franceses mantinham com os monarcas de Navarra abre novos e graves conflitos na hor dda sucesso do rei de Franca [Nos primeiros anos do século xv a Guerra dos Cem Anos tinha j& uma Ionga duracéo e os acontecimentos marcavam algunas viragens na condugio e lideranga da guerra, Os Lencastres substituiram os Plantagenetas no trond in- és, ap6s anos de luta continuada, Henrique V desde os primeiros momentos dle governo enfrenta 0 conflitoe faré frente directa a Carlos VI de Franga. Bm 1415, desembarca na Normandia e segue para Artois onde derrota o exército frances. Henrique V de Inglaterra iniciava, nesta data, uma lenta conquista da Normandia. ‘A incapacidade de resisténcia por parte de Carlos VI de Franca obriga & as- sinature de um tratado em Troyes no ano de 1420, com interferéncia do duque dda Borgonha, Filipe o Bom, no qual se concedia integrelmente o reino de Fran- {2 a0 monarca inglés e em casamento Catarina de Franca, No acordo ficara cstabelecido que as instituigGes se mantinham inalteréveise independentes, 0 que no caso da ocupagio seria muito diffil manter O fiho de Henrique V e Catarina, de nome Henrique, tinha total apoio de Filipe o Bom, duque da Borgonha, que se manteve do lado inglés do primeico 20 ttimo momento de conflto por causa do assassinato de sea pai, Jozo Sem ‘Medo em 1419, Por estes anos cazava também D. Isabel de Portugal, filha de Jono, com 0 duque da Borgonha. © partido inglés estava bem soliific do por fortes patidrios politicos, encontrando Inglaterra ¢ Borgonha em [p Joao um fil aliado do bloco inglés eum amigo 2 conguistar pel infiuéneia ‘que Portugal detinha em Afiiea Sem 1422 morte Hentique V. O sen filho foi proclamado rei de Franga € de Inglaterra, mas, perante a menoridade, 0 duque de Bedford assume a regéncia frances Thm Franga, a nobreza regia com uma fria indiferenga perante os éitimos acontecitentos, Existia por parte dos mais podetosos como os Armagnacs thins incapacidade perante a cesisténcia. O cansaco de guerra, que durava ja hé Uemasiado tempo, derrotava qualquer espécie de resisténcia que se proporcio- neste Por se lado,o flho de Carlos VI, também de nome Carlos, demonstrava Jncapacidade para o combate. Ndo se mostrava solugio para decidir eta ques- to to grave, vivia-se um completo marasmo politico por parte de Franga. ‘Carlos, depois da morte do pai, nfo conseguia decidir se devia ou nie in- sitular-se rei de Franca, tal era @apatia em que vivia, Entendia que os seus do- sninios terrtorias eram escassos e o apoio diminuto para combater a presenga ingles e conquistar o reino. Apos variaissimas presses inttula-se rei ea par~ tir desse momento € conhecido por Carlos VIT ou re de Burges, como ficou ns ‘meméria francesa por manter residéncia em Burges. ‘Neste contexto de sucessdo, a Franca divide-se largamente entre a facgao inglesae 0 partido frances, que pretendia a lbertagko do reino da alyada es- trangeira. Inglaterra contava com o apoio das trés grandes cass franoeste -0 ducado da Borgonha (fel aliado}, 0 ducado da Bretanha e o condado de Foix~ ‘eprocurava apoderar-ae de Anjou e de Maine, principais redutos que constite fam o suporte financeito de Carlos VI. ‘0 reino estava cada vez mais dividido mas faltava-Ihe forsa para continua. Carlos VIL, deserdado e renegado por Carlos VI, nao tinha forga politica para se ranter na linha sucess6ria da monarquia francesa. Eis que surge Joana dA, sulher esperanca que conseguie mudar o run dos acontecimentos, Por al- tura do cerco de Orledes colocado pelo exército inglés, conseguiu convencer senhor de Vaucouleurs, apoiante de Carlos VII, # conceder-Ihe uma espada ¢ tum salvo-conduto. Para fazer jus aos seus intentos vestiu-se de homem, mas fea uma mulher muito jover movida de uma grande forsa ~dizia-se de inspi- +agio divina- que impelia os mais incrédalos a acompanhé-ta 20 ‘A cote de D. Afonso: 0 tempo £04 homens Conta-se que perto de Orledes encontrarie Carlos VII com quem dialogou ce quem conseguiv convencer de que era de facto filho de Carls VI, ¢ coro tal sei de Franca, Perante este facto deveria madar de atitude e assumir 8 sua posicto. ‘Em 1429, 0 grupo a que pertencia dirigu-se a Tourainee libertou Orlekes,

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