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Avaliação de HESP

Gabriel Teixeira
Clara Miller

Explicar o título: "Revoluções conservadoras, terror e fundamentalismo: regressões


do indivíduo na modernidade" (Francisco Carlos Teixeira da Silva)

- O que o autor quer dizer com "revoluções conservadoras" e "regressões do


indivíduo na modernidade"; e qual a relação que podemos estabelecer com a
discussão hoje acerca da noção de fascismo.

- Considerar as reflexões Umberto Eco (Fascismo eterno) e/ou de Achille Mbembe


(Necropolítica)

O conceito de revolução conservadora é um conceito “agregador” que se refere, em


primeiro plano, a um conjunto de ataques ideológicos que se manifestou em formas diferentes
em formas e campos distintos e tinham como principal alvo a chamada experiencia da
modernidade, que se refere dentro deste cenário a sociedade moderna industrial. Havia uma
ideia de pessimismo cultural, propagada principalmente na Alemanha do final do século 19 de
que a cultura daquela sociedade se encontrava em forte declívio devido a ascensão da
sociedade moderna indústria, neste cenário, há uma forte crença numa patologia crítica da
cultura, que precisa ser diagnosticada para entender o que há de errado com ela, elencando as
causas do seu declínio para que assim então seja possível encontrar um caminho para sua
regeneração. Para parcelas significativas da comunidade alemã, existia de fato a ideia
dominante de que a experiencia da modernidade, com a ascensão de uma sociedade liberal ela
coincidia necessariamente com um declínio da cultura alemã. Falava-se então de um declínio
dos valores que demarcariam o povo alemão, ou seja, quando se fala em uma crise da cultura
na verdade há uma referência também a uma crise da própria identidade alemã diante das
mudanças históricas. Para auxiliar no entendimento disso, é necessário voltar os olhos para o
desenvolvimento histórico dos alemães, a unificação politica da Alemanha se deu
tardiamente, com o fim da Guerra Franco Pruciana, então, na falta de uma unificação política
e quando se precisa se pensar no que consiste aquilo que se poderia chamar de identidade
alemã, ou seja, este pertencimento a uma comunidade e que lhe da também a sensação de
continuidade diante das mudanças históricas significativas, não pode ser encontrada
necessariamente nesse âmbito político. Então, essa identidade alemã se assentava no
compartilhamento de uma cultura com uma língua em comum, ou seja, povos que falavam
uma língua parecida compartilhavam aspectos culturais comuns. Essa cultura que se
apresentava em diversos produtos culturais, como a literatura e filosofia, com uma grande
influência dos romantismos e idealismos alemãs, funciona como uma espécie de memoria
nacional que fundamenta e fortalece aquilo que a gente poderia chamar de identidade alemã.
Essa ideia de um pessimismo cultural, da proteção fervorosa da dita identidade alemã e de
uma doença da cultura pertencia a burguesia culto-alemã e esse pensamento vai ser
fundamental para o inicio de uma “revolução conservadora”.
Revolução conservadora está que se baseia na ideia de que somente um grande líder
seria capaz de restaurar a grandiosidade perdida da cultura alemã, sendo esta restauração
pautada numa posição extremamente antidemocrática que conduz a uma recusa aos partidos
políticos e a experiencia parlamentar. Outra caraterística é a idealização de um passado
mítico, imaginado que seria necessário para a construção de um futuro (que também é
imaginado, fantasioso). Junto a isso existe uma idealização de uma organização social
orgânica que expressa a cultura alemã em constante aversão com a civilização moderna.
Também há o medo da massificação, o medo do crescimento de um proletariado e um medo
constante da perda de uma posição aristocrata. Em suma, pode-se afirmar que as revoluções
conservadoras surgem do medo de uma elite privilegiada com um forte apego a um passado
fantasiada de perder seu lugar no poder.

A relação que podemos traçar entre os textos e os dias atuais é a ascensão de


movimentos fascistas tendo como forma principal a volta de líderes políticos conservadores
que teriam como objetivo regenerar uma “grandeza nacional perdida”, esses líderes associam
de maneira geral o crescimento do pensamento de direita e extrema-direita, fenômeno hoje
mundial.
Como exemplo disso temos a eleição do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán do
partido nacional-conservador de direita em que o discurso de eleição foi baseado
principalmente em questões étnicas relacionadas a uma recusa e a um medo dos povos
imigrantes, e também o crescimento na Polonia do partido da lei da justiça. Ademais, temos o
slogan de campanha de Donald Trump “Make America Great Again”. O que se percebe é um
recurso a volta de um passado fantasioso que é imaginado como grandioso e substancial para
a construção de um futuro que é considerado melhor que o presente, então, esse líder politico
representa essa possibilidade de regeneração.
Em relação ao Brasil, temos essa relação nacionalista que foi um elemento importante
da campainha eleitoral do Bolsonaro, ela foi e é apoiada por parcela significativa da
população que se sentia desprestigiada e apresenta um profundo desapego e um certo
desprezo as instituições democráticas. Além disso, temos um grande negacionismo em relação
a ditadura militar e uma tradição autoritária (durante o século 20 o brasil passou por duas
ditaduras) e outra questão a ser levantada é em relação aos costumes da sociedade brasileira,
há um discurso dos facistoides de uma família idealizada como “tradicional” na qual grande
parcela da população seria excluída.

“Vejam como ainda é eficiente e como se mantém em forma o ódio em nosso século”
Wislawa Szymborska, poema “O ódio”.

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