O autor discute o conceito de "revoluções conservadoras" como ataques à modernidade com o objetivo de regenerar uma cultura alemã em declínio. Essas revoluções surgem do medo da elite em perder privilégios e se baseiam na idealização de um passado mítico e de um líder autoritário. Hoje, movimentos fascistas também apelam a uma grandeza nacional perdida para justificar o crescimento de líderes de direita e extrema-direita.
O autor discute o conceito de "revoluções conservadoras" como ataques à modernidade com o objetivo de regenerar uma cultura alemã em declínio. Essas revoluções surgem do medo da elite em perder privilégios e se baseiam na idealização de um passado mítico e de um líder autoritário. Hoje, movimentos fascistas também apelam a uma grandeza nacional perdida para justificar o crescimento de líderes de direita e extrema-direita.
O autor discute o conceito de "revoluções conservadoras" como ataques à modernidade com o objetivo de regenerar uma cultura alemã em declínio. Essas revoluções surgem do medo da elite em perder privilégios e se baseiam na idealização de um passado mítico e de um líder autoritário. Hoje, movimentos fascistas também apelam a uma grandeza nacional perdida para justificar o crescimento de líderes de direita e extrema-direita.
Explicar o título: "Revoluções conservadoras, terror e fundamentalismo: regressões
do indivíduo na modernidade" (Francisco Carlos Teixeira da Silva)
- O que o autor quer dizer com "revoluções conservadoras" e "regressões do
indivíduo na modernidade"; e qual a relação que podemos estabelecer com a discussão hoje acerca da noção de fascismo.
- Considerar as reflexões Umberto Eco (Fascismo eterno) e/ou de Achille Mbembe
(Necropolítica)
O conceito de revolução conservadora é um conceito “agregador” que se refere, em
primeiro plano, a um conjunto de ataques ideológicos que se manifestou em formas diferentes em formas e campos distintos e tinham como principal alvo a chamada experiencia da modernidade, que se refere dentro deste cenário a sociedade moderna industrial. Havia uma ideia de pessimismo cultural, propagada principalmente na Alemanha do final do século 19 de que a cultura daquela sociedade se encontrava em forte declívio devido a ascensão da sociedade moderna indústria, neste cenário, há uma forte crença numa patologia crítica da cultura, que precisa ser diagnosticada para entender o que há de errado com ela, elencando as causas do seu declínio para que assim então seja possível encontrar um caminho para sua regeneração. Para parcelas significativas da comunidade alemã, existia de fato a ideia dominante de que a experiencia da modernidade, com a ascensão de uma sociedade liberal ela coincidia necessariamente com um declínio da cultura alemã. Falava-se então de um declínio dos valores que demarcariam o povo alemão, ou seja, quando se fala em uma crise da cultura na verdade há uma referência também a uma crise da própria identidade alemã diante das mudanças históricas. Para auxiliar no entendimento disso, é necessário voltar os olhos para o desenvolvimento histórico dos alemães, a unificação politica da Alemanha se deu tardiamente, com o fim da Guerra Franco Pruciana, então, na falta de uma unificação política e quando se precisa se pensar no que consiste aquilo que se poderia chamar de identidade alemã, ou seja, este pertencimento a uma comunidade e que lhe da também a sensação de continuidade diante das mudanças históricas significativas, não pode ser encontrada necessariamente nesse âmbito político. Então, essa identidade alemã se assentava no compartilhamento de uma cultura com uma língua em comum, ou seja, povos que falavam uma língua parecida compartilhavam aspectos culturais comuns. Essa cultura que se apresentava em diversos produtos culturais, como a literatura e filosofia, com uma grande influência dos romantismos e idealismos alemãs, funciona como uma espécie de memoria nacional que fundamenta e fortalece aquilo que a gente poderia chamar de identidade alemã. Essa ideia de um pessimismo cultural, da proteção fervorosa da dita identidade alemã e de uma doença da cultura pertencia a burguesia culto-alemã e esse pensamento vai ser fundamental para o inicio de uma “revolução conservadora”. Revolução conservadora está que se baseia na ideia de que somente um grande líder seria capaz de restaurar a grandiosidade perdida da cultura alemã, sendo esta restauração pautada numa posição extremamente antidemocrática que conduz a uma recusa aos partidos políticos e a experiencia parlamentar. Outra caraterística é a idealização de um passado mítico, imaginado que seria necessário para a construção de um futuro (que também é imaginado, fantasioso). Junto a isso existe uma idealização de uma organização social orgânica que expressa a cultura alemã em constante aversão com a civilização moderna. Também há o medo da massificação, o medo do crescimento de um proletariado e um medo constante da perda de uma posição aristocrata. Em suma, pode-se afirmar que as revoluções conservadoras surgem do medo de uma elite privilegiada com um forte apego a um passado fantasiada de perder seu lugar no poder.
A relação que podemos traçar entre os textos e os dias atuais é a ascensão de
movimentos fascistas tendo como forma principal a volta de líderes políticos conservadores que teriam como objetivo regenerar uma “grandeza nacional perdida”, esses líderes associam de maneira geral o crescimento do pensamento de direita e extrema-direita, fenômeno hoje mundial. Como exemplo disso temos a eleição do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán do partido nacional-conservador de direita em que o discurso de eleição foi baseado principalmente em questões étnicas relacionadas a uma recusa e a um medo dos povos imigrantes, e também o crescimento na Polonia do partido da lei da justiça. Ademais, temos o slogan de campanha de Donald Trump “Make America Great Again”. O que se percebe é um recurso a volta de um passado fantasioso que é imaginado como grandioso e substancial para a construção de um futuro que é considerado melhor que o presente, então, esse líder politico representa essa possibilidade de regeneração. Em relação ao Brasil, temos essa relação nacionalista que foi um elemento importante da campainha eleitoral do Bolsonaro, ela foi e é apoiada por parcela significativa da população que se sentia desprestigiada e apresenta um profundo desapego e um certo desprezo as instituições democráticas. Além disso, temos um grande negacionismo em relação a ditadura militar e uma tradição autoritária (durante o século 20 o brasil passou por duas ditaduras) e outra questão a ser levantada é em relação aos costumes da sociedade brasileira, há um discurso dos facistoides de uma família idealizada como “tradicional” na qual grande parcela da população seria excluída.
“Vejam como ainda é eficiente e como se mantém em forma o ódio em nosso século” Wislawa Szymborska, poema “O ódio”.