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História d a Á f r i c a

o r ia : M ik s il e id e Pereira
Aut

Tema 01
África: História, Cultura e Ensino
Tema 01
África: História, Cultura e Ensino
Autoria: Miksileide Pereira
Como citar esse documento:
PEREIRA, Miksileide. História da África: África: História, Cultura e Ensino. Caderno de Atividades. Anhanguera Publicações: Valinhos, 2016.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
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portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Nesse tema vamos abordar a questão da construção cultural que se formou sobre a história africana na nossa
sociedade, partindo de duas linhas principais: a vertente cultural e a educação. Ambos os aspectos incorporaram uma
tendência que se projetou como uma verdadeira herança negativa para o desenvolvimento de uma compreensão mais
eficaz e democrática sobre a nossa própria história e também em relação à África, sempre vista de maneira pejorativa.
Assim sendo, no estudo que agora vamos realizar, a nossa proposta é discutir como se desenrolou a construção da
imagem do negro e da própria África como um todo na cultura brasileira e também na educação. Ao reconhecermos que
tal construção se produziu a partir de um viés eurocêntrico, podemos assim reformular uma nova maneira de conhecer a
África e toda a sua cultura. Dessa forma, as discussões que pairam sobre a educação e a diversidade cultural que veio
da África e que faz parte da nossa história podem ter outros significados e versões.

PORDENTRODOTEMA
A Construção da África e dos Africanos na Mentalidade Brasileira

Quando a África aparece nos temas acadêmicos ou escolares dentro de inúmeras discussões importantes, o
objetivo principal é romper com os velhos paradigmas que ainda sobrevivem na mentalidade da nossa sociedade.
Preconceitos, generalizações e comparações ainda são formas corriqueiras de se pensar sobre a história da África.

É rompendo com esse caminho, que é imbuído de um processo marcado pela existência de interesses e dominações,
que podemos ampliar e compreender a complexidade que a história da África carrega em si.

Durante muito tempo, mentiras e preconceitos de todas as espécies impossibilitaram que se desenvolvessem histórias
mais reais sobre o continente africano – é contra esse caminho que a atual historiografia precisa caminhar (M’BOW,
2010, p. 21).

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PORDENTRODOTEMA
Estudar a história da África é trilhar outros espaços e deixar para trás aquelas antigas visões construídas parcialmente e
tendo como ponto de vista apenas o viés europeu, branco e cristão (MACEDO, 2015, p. 08). É lutar, ao mesmo tempo,
por uma visão mais justa da história, através da recuperação de trechos, contextos e processos que são distintos dos
que temos nos acostumados a tomar como referencial.

Por muito tempo, olhar para a África era partir de pressupostos já conhecidos, feitos e organizados, muitas vezes, por
uma visão que negava à África o direito de ter tido a sua própria história, suas ações, práticas, culturas e tirar dos seus
sujeitos o poder de decisão, por isso a extrema importância em se descobrir novos meios de produzir uma história da
África, onde se possa inserir dados que construam um sentido mais ativo e consciente da história africana.

Assim, em pleno século XIX o discurso historiográfico sobre a sociedade ganhou patamar de ciência num tempo onde se
procurava definir questões muito intrigantes na época, como: civilização, progresso, raça e cultura, nação, nacionalismo,
etc. (GUIMARÃES, 1988, p.05).

É dentro desse processo que o próprio homem que faz história, o homem das letras, ganhou destaque e fama de
“pesquisador” – pois agora a história por ele produzida ganhou níveis de “verdade”. Na Europa, fazer história ligava-se,
nesse momento com a política: escrever o acontecimento, registrá-lo, guardá-lo e depois apresentá-lo na construção
da nação (principalmente através do ensino nas escolas) era manter uma visão, um lado e construir na sociedade um
mesmo sentimento em relação a um determinado assunto nacional.

Nesse período de desunião, instabilidades e crises políticas internas no comando da nação, a criação do IHGB foi de
fundamental importância para a estratégia cultural: a criação de um saber onde a história do Brasil pudesse ser contada,
resgatada, criando com isso um laço de união, de nacionalismo, de identificação cultural com o processo histórico
brasileiro, diminuindo, assim, conflitos e revoltas.

Segundo Barbato, entendemos que o IHGB teve início a partir “da iniciativa do marechal Raymundo José da Cunha
Mattos e do cônego Januário da Cunha Barbosa, como uma instituição dedicada aos estudos da História e da Geografia,
e com objetivos já traçados” (2014, p.337).

Com essas “dificuldades”, cabia construir uma origem brasileira para justificar a realidade em que se encontrava o Brasil:
para isso, foi da elite dominante que partiram os princípios de organizar a nação no campo da mentalidade e da cultura.
Foi a partir da história da elite brasileira que se construía uma visão linear da história, de esclarecimento e de continuação
da tarefa civilizadora iniciada lá na colonização portuguesa no território brasileiro (GUIMARÃES, 1988, p. 06).

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PORDENTRODOTEMA
Vale ressaltar que a própria constituição do IHGB era formada por muitos intelectuais nascidos em Portugal ou que
tinham uma formação acadêmica oriunda das universidades europeias. A participação no Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro também era bem restrita e limitava-se mais aos pertencentes das poderosas oligarquias locais ou das demais
camadas “ilustres” do Império (BARBATO, 2014, p.337).

Nesse sentido, encontramos nessas próprias características de fundação do IHGB e, portanto, da própria historiografia
brasileira, fundada nesse período, e que por muito tempo serviu de modelo para futuras concepções presentes em
nossa historiografia, a origem para o pouco reconhecimento dos africanos e de sua cultura para a formação do Brasil,
uma vez que esse modelo fundador da historiografia brasileira se pautava essencialmente no universo branco, cristão e
europeu, enquanto aqueles que se distanciavam desse padrão – principalmente os negros, mas também os indígenas
– deveriam ser alijados desse processo. Assim:

“As construções discursivas sobre a África entre os séculos XV-XVII e XIX-XX foram criadas em função dos
interesses políticos e econômicos das potências que a tornaram área de influência. À medida que os contatos com
esse continente foram acontecendo, produções de obras literárias, jornalísticas e similares foram se constituindo
e sendo utilizadas pelos historiadores” (TELES, 2012, p. 241).

Partindo dessa compreensão, é que toda a construção sobre a África e, dentro da nossa sociedade, as práticas afros
vão sobreviver. Para ampliar a nossa discussão, vamos aprofundar dividindo nossos estudos em duas frentes: a cultura
e a educação, para percebermos as consequências maléficas dessas concepções que ainda se encontram na nossa
sociedade.

Vale sempre relembrarmos que o olhar sobre a África, partindo do ponto de vista europeu com forte expressão na cultura
brasileira, se deu da seguinte forma:

“Nesse sentido, desde tempos antigos é por meio das frentes de expansão econômica e militar europeia que
a África foi observada pelos olhos europeus. Em determinados contextos, como, por exemplo, o da expansão
marítima e comercial realizada pelos europeus a partir do século XV e, em momento posterior, como no século XIX
sob a égide do Imperialismo, os contatos e, consequentemente, os discursos e intervenções sobre o continente
africano tornaram-se mais intensos” (TELES, 2012, p. 241).

Assim sendo, a África sempre foi vista como menor. Tal modelo teve repercussão direta na mentalidade brasileira,
que também se formou sob esse pensamento. Contudo, por mais que se negasse a participação africana na história
brasileira, ela sempre esteve presente, forte e atuante.

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PORDENTRODOTEMA
Segundo as palavras de Helder Kuiawinski da Silva:

“É de suma importância um olhar mais acurado sobre a questão do negro no Brasil. Estudos apontam que em
torno da metade da população brasileira é negra ou parda, logo, descendente direta do povo negro. Inclusive,
tem-se que, de fato, o Brasil possui a maior população de origem africana fora da África” (2014, p. 26).

Entender como se deu esse processo de desenvolvimento do olhar do brasileiro para a sua própria história é fundamental
para que tenhamos mais identificação com a cultura afro, não apenas respeitando mais, mas também lutando para que
ela tenha mais garantia de expressão e reconhecimento de seu papel histórico, transformador e expressivo.

Desta maneira, entendemos que cultura é tudo aquilo que é produzido pelo homem, principalmente em conjunto, num
meio social, seja de nível material ou espiritual – para termos uma concepção básica e singela do conceito de cultura.

Para o caminho da educação, entendemos que a história brasileira ainda deve aperfeiçoar seus métodos na apresentação
da África na formação escolar. Seria assim um ótimo passo dado rumo a uma transformação mais sólida diante do
comportamento tradicional.

A África na Sociedade Brasileira: Cultura e a Luta Por Mais Espaço Social

A cultura afro, na sociedade brasileira, é rica, dinâmica e transcende fronteiras. Contudo, ainda hoje, como herdeiros
de uma tradição moldada pelos olhares europeus desde o século XIX (e até bem antes disso), a cultura afro ainda
permanece cortinada sob o véu da nossa ignorância e da falta de conhecimentos sobre o real significado de tantas
complexidades presentes na cultura afro no Brasil (SILVA, 2014, p.25).

A nossa luta, diante de tantos desafios, é reconhecer que a cultura negra (também denominada afro) sempre norteou
e inspirou a nossa formação. Hoje, ela ainda continua com esse poder de nortear e inspirar a cultura brasileira, pois é
integrante desta (SILVA, 2014, p. 26). A cultura afro, trazida juntamente com a escravidão, tornou-se destituída de valor,
por isso, a importância que precisamos ter para recuperar memórias, vestígios e histórias para a compreensão de nossa
peculiar sociedade.

Clovis Moura nos alerta para a contribuição significativa da cultura africana no Brasil, como uma das mais substantivas e
significativas do nosso próprio desenvolvimento histórico (1983, p. 40). A cultura afro, ainda seguindo as contribuições de
Moura, não foi folclórica, não foi periférica e nunca será morta (1983, p. 41). Vale lembrar que, apesar da força africana
ter conseguido resistir à pressão, sempre ocorreram tentativas de diminuir a participação africana na história brasileira.
A pressão religiosa, as obrigações do cotidiano e os próprios cruzamentos com outras práticas no Brasil apontavam para
um caminho de esquecimento de suas raízes.

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PORDENTRODOTEMA
Contudo, o que percebemos é justamente o contrário. Mesmo com o misto entre a diversidade africana com a indígena e a
europeia desde os primórdios de nossa história, a cultura afro não se permitiu perder suas características – outras novas
foram inventadas e muitas delas reinventadas, inclusive com o objetivo de sobrevivência cultural para a permanência
de suas memórias e origens. Vemos, assim, que a luta para manter a sabedoria africana sempre aconteceu no Brasil e
ainda hoje se manifesta como um apelo para a sua fixação definitiva na sociedade brasileira.

Manter viva a cultura africana diante de tantos problemas sociais e culturais da nossa sociedade (como a ampliação
para a diversidade) foi sempre um dos objetivos de tudo o que está relacionado com a cultura africana (cultura afro),
parte importantíssima da nossa construção de identidade.

A resistência cultural pode ser assim vista, em muitos aspectos das nossas práticas sociais e que vão além da música,
dança e culinária. Estamos agora precisando enfatizar a questão política por trás da cultura brasileira e perceber que ela
sempre enfatizou apenas um lado da nossa história, esquecendo outros tão importantes quanto, ou apenas relegando-a
a papéis secundários.

A relação que existe há tempos entre nosso país com a África deve permitir-nos uma nova criação de conceitos que
estão intrinsecamente dentro do nosso modo de ver e pensar a realidade que nos cerca. Não podemos mais discutir ou
negar a influência africana sobre a nossa tradição e, apesar dessa realidade vista em cada canto social, ainda é possível
vermos boa parte dos brasileiros não reconhecendo tal fato.

Para além dessa questão, a opressão cultural colocada nas manifestações afro-brasileiras acaba por fomentar uma
postura muitas vezes maléfica para os próprios afrodescendentes que tentam escapar de suas origens e identidades,
não se reconhecendo como partes fundamentais da personalidade brasileira. O prejuízo que se dá numa sociedade
onde não se valoriza e respeita a diversidade é enorme e atinge toda a estrutura social vigente.

Por isso, precisamos encarar a luta dos movimentos sociais com mais respeito e admiração para que na nossa sociedade,
tão marcada pela forte presença da “mistura cultural”, possa, por fim, reconhecer e apreciar a verdadeira cultura do
nosso país, que inclui em si a cultura africana em nossas práticas e produções culturais (ARANTES; SILVA, s/d, p. 08).

Além da cultura, que é um tema na verdade em eterna discussão no campo das identidades brasileiras e que ainda tem
e muito a nos acrescentar, podemos também entender um pouco sobre a construção da presença africana na nossa
educação e de como esta se encontra num caminho de mudanças, apesar de necessitar sempre de mais ambientes
para que possamos de fato construir uma razão sólida e justa a respeito da nossa diversidade.

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PORDENTRODOTEMA
Educação: Um Caminho Para a Ampliação da Compreensão

Não basta apenas divulgar que é importante o reconhecimento de todas as expressões humanas que representam
o homem, suas conquistas, seus valores e a diversidade. Para além dessas questões, é importante que reconheçamos
outro espaço social que tem a chance de reproduzir e transmitir esses aspectos sob um viés mais sólido, científico e forte.
Esses espaços sociais são as escolas, verdadeiros centros de interesses, aprendizagens, práticas e transformações
através das inúmeras possibilidades que os educadores e toda gestão escolar podem dar ao educando sobre as questões
culturais.
Assim sendo, sabemos que a educação tem sido entendida como um direito social e um processo de desenvolvimento
humano. Como podemos observar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a educação escolar corresponde
a um espaço sociocultural e institucional, responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da cultura (ARANTES;
SILVA, p. 08).
Porém, somos cientes das fragilidades que a educação brasileira ainda tem que solucionar para que de fato esse ideal
de educação possa ser a nossa realidade. Contudo, é por esse sonho de mais igualdade na sociedade em todos os
âmbitos, como na cultura também, primordial para o nosso desenvolvimento, que algumas ações podem encontrar um
caminho mais real.
Pela via legal, os direitos do povo negro na nossa sociedade, para as escolas, foram assegurados desde meados do
século XX (ARANTES; SILVA, s/d, p. 08). Segundo Arantes e Silva:
“A partir da criação da organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, e a proclamação, em 1948, da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Brasil iniciou as ações de combate ao racismo e ao preconceito
sancionando a Lei Afonso Arinos (1951), que caracterizou a discriminação racial como contraversão penal, ao
proibir a discriminação racial no Brasil” (s/d, p. 08).

No Brasil, era dado o início de forma mais concreta para eliminar o racismo e todas as ações de discriminação racial.
Um pouco tempo depois, em 1988, passou a considerar o racismo como crime inafiançável e as manifestações culturais
como um bem de todos. Um pouco mais para frente, na nossa trajetória, foi publicada a Lei nº 7.716/89, a Lei Caó, que
definiu os crimes resultantes de discriminação por raça ou cor (CAVALLEIRO, 2006, p. 16).

Com os PCNs na educação, tentou-se garantir uma maior expressão à cultura afro, apesar das inúmeras críticas que os
PCNs enfrentaram e enfrentam até os dias de hoje. Podemos ver, assim, que um dos julgamentos aos PCNs referem-se
ao seu posicionamento homogêneo perante a enorme diversidade brasileira. Assim, segundo Lopes, os PCNs valorizam
as culturas e os saberes locais, por exemplo, mas tentam encontrar uma equidade cultural e, assim, mascaram as
desigualdades sociais (2008, p. 71).

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PORDENTRODOTEMA
A mudança mais séria na inclusão da cultura afro nas escolas brasileiras se deu em 2003, com a aprovação da Lei
10.639, que passou a incluir a obrigatoriedade da História e Cultura Afro-brasileira e africana. Contudo, entendemos que
uma lei não implica necessariamente uma mudança drástica nas práticas historicamente constituídas de desvalorização
da história e da cultura do povo negro nas salas de aula. E, mesmo no trabalho diário do professor, o cuidado deve ser
ao máximo para se evitar um resultado contrário: como até mesmo reforçar ainda mais a situação de exclusão do povo
negro do sistema oficial de ensino.

Como era o estudo voltado para a cultura afro nos bancos escolares antes das mudanças educacionais? Quando
tentamos responder a essas questões, não conseguimos dividir a escola brasileira das demais esferas sociais. Olhar,
por exemplo, para o século XIX e o século XX, é ver que os espaços sociais para negros, mestiços e para a prática da
cultura afro tinham, na verdade, muito pouco espaço.

Se seguirmos a ótica da historiografia brasileira, vamos perceber que a construção do negro foi quase sempre diminuta,
e manteve uma posição reduzida na história e cultura brasileiras, na maioria das vezes. Essa é, na verdade, uma
dimensão que esteve além da educação, mas que envolveu toda a estrutura social brasileira nesses dois séculos de
exclusão.

A mentalidade brasileira apreendeu da historiografia que o negro era inferior e tal pensamento muito está ligado ao
processo de escravidão, onde o negro existia justamente para o trabalho escravo (FONSECA, 2007, p. 42). Assim
sendo, negro e escravo eram palavras inseparáveis e a cultura afro assim não tinha o mesmo valor de ensino que a
cultura proveniente da Europa (CORREA, 2000, p. 87).

Desse sentido que se perpetuava no entendimento comum do brasileiro, se resultava em duas consequências: a imagem
da África e da cultura afro era justificadamente colocada em segundo plano (ou mesmo nem ensinada) e ao próprio negro
ou mestiço, impostas diversas dificuldades para o seu ingresso na vida escolar. Essa realidade foi desde o Império, onde
não necessariamente havia uma regra legal para a proibição do escravo frequentar a escola, mas sim, mecanismos para
impedir o seu ingresso. Essa realidade permaneceu após a Abolição (1888).

Apesar da realidade pós-abolição ser pouco diferente do que era antes, debates no século XIX sobre a educação negra
e a sua inserção nas escolas aconteceram. A pesquisadora Analete Schelbauer nos alerta o seguinte:

“educar para a liberdade torna-se a questão em torno da qual debateram os diferentes autores e atores do
período, na crença de que a escola seria o instrumento necessário para educar o povo para o uso de suas
liberdades” (1998, p. 38).

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PORDENTRODOTEMA
A pesquisadora também menciona que em 1880 era estimulada a instrução aos recém-libertos, como forma de
verdadeiramente lhes “mostrar” a liberdade (1998, p. 37).

Entretanto, por mais que houvesse essa tentativa, pouco era, de fato, concretizado. As dificuldades que os negros
encontravam diante do discurso oficial eram uma constante e sua permanência uma impossibilidade (BARROS, s/d, p.
02). Essas questões nos levam a pensar em muitas hipóteses sobre a exclusão que acontecia por todos os lados na
sociedade brasileira, seja pelo viés da mentalidade forjada sobre o negro como o ingresso à escola – é um conjunto de
fenômenos e caminhos de separação social e educacional (ROMÃO, 2005, p. 13).

Essas marcas no nosso corpo social são repensadas e revistas pelos inúmeros movimentos sociais que tentam combater
os resquícios prejudiciais que ainda flutuam na nossa maneira de agir, seja fora ou dentro das escolas. No entanto, a
escola é, por excelência, um lugar para promover não apenas o progresso científico, mas também humano. Por isso a
nossa luta diária para que a participação da cultura afro em seus dois lados (tanto na renovação da educação sobre a
história da África, mas também na própria participação do negro de forma mais ativa e aceita) seja de fato vivenciada
para além dos projetos pedagógicos, mas que façam a diferença na restruturação da nossa identidade cultural.

A realidade do ensino de história precisa, na verdade, estar presente desde as mais precoces idades. É a partir logo
da infância que as estruturas cognitivas das crianças estão mais afeitas ao novo, às descobertas e à formação de uma
base mental para enfrentar os dilemas da vida. É a partir da infância, nas escolas, que as crianças podem se ver como
“pertencentes desta realidade e promotoras de ações de respeito e igualdade que valorizem as diferenças étnico-
culturais, livres de ações preconceituosas e discriminatórias” (ROSOLEM; GUERRA, 2013, p. 71).

Podemos, antes de finalizar, nos ater às palavras de Borges:

“Trata-se de um momento em que a educação brasileira busca valorizar devidamente a história e a cultura
de seu povo afrodescendente e indígena, buscando assim reparar danos, que se repetem há cinco séculos, à
sua identidade e a seus direitos. Esta inclusão nos currículos da educação básica amplia o foco dos currículos
escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira. Mostraremos que este momento é de
relevância não apenas para a população negra, mas também a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-
se enquanto cidadãos atuantes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica, sendo capazes de construir uma
nação democrática” (2010, p. 72).

Assim, introduzir a história da África nos currículos escolares, por mais atrasado que esteja esse movimento, foi um
momento da nossa história ímpar e crucial para o desenvolvimento de nossa identidade e para dar os primeiros passos
em busca de uma sociedade mais justa e que observa as práticas culturais como instrumentos de educação e, de fato,
para o progresso da nossa coletividade.

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ACOMPANHENAWEB
África Fora do Tempo

• Matéria sobre a introdução de História da África nas grades curriculares.


Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/africa-fora-do-tempo>. Acesso: 22/01/2016.

Escola Mais Justa

• Matéria de 2011 sobre a Lei 10.639/2003. Assunto ainda muito discutido na tentativa de sempre
propor novos meios de respeito às diversidades culturais.
Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/escola-mais-justa>. Acesso em: 22/01/2016.

Mesa-redonda “Dez anos da Lei 10.639/03: Balanços e Perspectiva”

• Interessante discussão sobre a introdução da Lei 10.639/03 e de como está atualmente. O


debate aconteceu em 2013, mas o tema é mais que válido para ampliar nosso entendimento.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8WbLZOPcXUs>. Acesso em: 22.01.2016.

TEmpo: 1:58:35hrs.

Educação Brasileira 66 – História da África/Cultura Afro-brasileira

• Vídeo sobre as dificuldades em se colocar a cultura africana como um caminho frutífero nas
escolas brasileiras.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=q_Y_mCFvA-4>. Acesso em: 22.01.2016.

Tempo: 29:02min.

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AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Apesar de muitos saltos positivos terem sido dados, como podemos entender ainda a existência de um processo de não aceitação
pela sociedade brasileira da rica cultura africana, a cultura afro-brasileira?

Questão 2
Ao nos depararmos com a Lei 10.639/03, podemos afirmar que houve uma mudança social na mentalidade brasileira a respeito
da cultura afro?

a) Houve em partes. Foi a partir da introdução da Lei 10.639/03 que se começou a modificar a realidade escolar e a permitir
uma maior abertura à cultura afro, colocando assim uma nova chance de mudar a mentalidade brasileira, ainda tão presa aos
conceitos antigos. Por mais que muita coisa precise ser mudada e acrescentada, valeu e muito a lei de implantação da História
da África nos currículos escolares.

b) Sim, houve. A partir da implantação da Lei 10.639/03 na legislação pedagógica brasileira, podemos ver um avanço no
processo de abertura, democracia e respeito pelas diferenças.

c) Não houve. Por mais que uma lei foi implantada, a realidade ainda não condiz em nada com os objetivos pedagógicos.

d) Não houve. A realidade brasileira não se permite mais mudanças sociais. E o que foi implantado por muito tempo na nossa
história não pode mais ser mudado.

e) Sim, houve. A partir do ano de 2003, a sociedade brasileira aprendeu a aceitar a diversidade africana como parte primordial
de sua própria construção história, cultural e social.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 3

Podemos pensar na resistência dos movimentos negros como um ponto importante para a luta por mais espaço para a manifes-
tação cultural afro?

a) Não. Essa luta, por mais válida que seja, já não pode mais modificar o corpo mental constituído por tanto tempo na nossa
história.

b) Não. As lutas dos movimentos sociais apenas conseguem modificar em parte as desigualdades raciais.

c) Sim. Os movimentos sociais não são fortes, mas conseguem chamar a atenção da mídia para uma possível mudança
posterior.

d) Sim. A luta dos movimentos da cultura afro, assim como tantas outras questões, pode e deve ser levantada até que a
mudança se faça possível. Mudando os caminhos escolares e impondo através das leis uma segurança maior pelo respeito às
diferenças e pela valorização da cultura africana, a sociedade pode trilhar novos contornos sociais.

e) Sim. Contudo, os movimentos negros, por exemplo, sabem da sua participação pouco efetiva na identidade nacional.

Questão 4

A imagem do negro na nossa história pode ser associada ao IHGB, em meados do século XIX. Discorra sobre o papel que teve
o instituto para a formação de uma mentalidade tal qual conhecemos hoje em dia.

Questão 5

Analise a escola como um espaço onde as transformações sociais podem acontecer e discorra sobre como ela pode formar novos
pensamentos acerca da cultura africana.

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FINALIZANDO
Aprendemos nesse tema como se deu a construção da imagem do negro na nossa história. Primeiramente abordamos
de forma rápida a elaboração de muitos conceitos acerca da história africana desde a fundação do IHGB, em 1838.

A partir dessa instituição (IHGB), compreendemos que a história africana passou a ter um lugar secundário no nosso
percurso histórico, principalmente porque ainda naquele período estávamos sob o jugo da escravidão. Assim sendo,
a participação do negro na nossa identidade não era vista com bons olhos e nem aceita como algo benéfico e, sim,
prejudicial, pois marcava nossas características com outras que não tinham origens no continente europeu.

Desta maneira, entendemos que toda a mentalidade brasileira acerca do negro e da cultura africana teve, e ainda
infelizmente tem, raízes nessa construção parcial da personalidade cultural. Ainda se olha para a cultura africana como
uma manifestação inferior diante das demais expressões sociais. Foi somente a partir do século XX (segunda metade)
que o Estado brasileiro começa a se interessar pela diversidade e pela proteção a todas as ocorrências de artes, práticas,
culturas e valores que o Brasil acumulava em seu âmago social.

À vista disso, começou outra questão paralela: a luta dos movimentos sociais e, nesse nosso estudo, a luta dos movimentos
negros. Tais lutas são frutos de séculos de exclusão social e racial. Movimentos que viram nas mudanças globais do
século XX uma oportunidade para terem voz, espaço e respeito.

Para além da cultura, também compreendemos a questão da educação. Assim sendo, as escolas são espaços
privilegiados para a transformação social. Descobrimos também que a presença do negro nas escolas teve que lidar
com dois obstáculos: a própria presença física do negro nos bancos escolas, como também a sua cultura, rejeitada por
tanto tempo na nossa construção social.

Esses obstáculos impediram, por toda a nossa história, um respeito profundo pelo saber africano e por todas as suas
manifestações. Cabe a nós, diante das certas mudanças que já vêm acontecendo na história do Brasil, provocar novas
visões. Como professores de história, podemos, em muitas formas, promover uma reestruturação educacional, se não
num campo maior, pelo menos dentro da sala de aula.

Assim sendo, reconhecemos que muitas coisas precisam continuar no trilho das mudanças para que a África possa, de
fato, ter presença no Brasil, através dos muitas manifestações culturais que enriquecem a nossa cultura e identidade
nacional.

Bons estudos!!!

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REFERÊNCIAS
Livro texto:
MACEDO, José R. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.
Livros e artigos:
ARANTES, Adlene Silva; SILVA, Fabiana Cristina da Silva. HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA:
repercussão da Lei 10.639 nas escolas municipais da cidade de Petrolina–PE. Revista Educação e Diversidade. s/d.
BARBATO, Luís Fernando Tosta. A serviço da pátria e do Imperador: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro: origens,
estrutura e funcionamento. In: Revista Labirinto, Porto Velho-RO, Ano XIV, Vol. 20, p. 336-352, 2014.
BARROS, Surya Aaronovich Pombo de. Alunos negros em São Paulo no final do século XIX. p. 01-07, s/d. Disponível em:
<http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Individ/Eixo6/401.pdf>.
BORGES, Elisabeth Maria de Fátima. A Inclusão da História e da Cultura Afro-brasileira e Indígena nos Currículos da Educação
Básica. In: Revista Mest. Hist., Vassouras, v. 12, n. 1, p. 71-84, jan./jun., 2010.
CAVALLEIRO, Eliane. Introdução. In: BRASIL. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Ministério
da Educação e Cultura/Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Brasília: MEC/ SECAD, 2006.
CORREA, Silvio M. de Souza. O negro e a historiografia brasileira. In: Revista Ágora. Santa Cruz do Sul, n. 1, 2000.
FONSECA, Marcus Vinícius. Pretos, pardos, crioulos e cabras nas escolas mineiras do século XIX. Tese (Doutorado em
Educação). 256 f. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2007.
GUIMARÃES, Manoel Luís Salgado. Nação e Civilização nos trópicos: O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto
de uma História Nacional. In: Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 01, p. 5-27, 1988.
LOPES, Alice Ribeiro Cassimiro. Pluralismo cultural em políticas de currículo nacional. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa.
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M’BOW, Amadou Mahtar. Prefácio. In: História Geral da África. Brasília: UNESCO, 2010.
MACEDO, José R. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.
MOURA, Clóvis. Brasil: raízes do protesto negro. São Paulo: Global, 1983.

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REFERÊNCIAS
ROMÃO, Jeruse (Org.). História da educação dos negros e outras histórias. Brasília: Ministério da Educação/SECAD, 2005.
ROSOLEM, Leila Fátima de Sales; GUERRA, Nestor José Guerra. Ensino de História e cultura afro-brasileira para a formação
da identidade na educação infantil. In: Revista Interação, 12. ed., ano VII --‐ v. 1, n. 2, p.70-95, 2013.
SILVA, Helder Kuiawinski da. A cultura afro como norteadora da cultura brasileira. In: Revista Perspectiva, Erechim. V. 38, n.
144, p. 25-35, dezembro, 2014.
SCHELBAUER. Analete Regina. Ideias que não se realizam. O debate sobre a educação do povo no Brasil de 1870 a 1914.
Maringá: EDUEM, 1998.
TELES, Luciano Everton Costa. Um olhar sobre a historiografia africana e afro-brasileira. In: Revista História. Hoje, v. 1, nº 1, p.
239-252, 2012.
Vídeos/Links:
África: uma história rejeitada. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=c1P884OBMIk>.
A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=_
QE6ppxk0vQ>
Sites:
África e Brasil: unidos pela história e pela cultura. Disponível em: <revistaescola.abril.com.br/consciencia-negra/africa-brasil/>.
A língua portuguesa que falamos é puramente negra. Disponível em: <revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/yeda-pessoa-
de-castro>.

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GLOSSÁRIO
Identidade: Dentro do conceito de cultura, identidade está relacionada com toda expressão humana, em toda a sua
amplitude. De certa forma, todas as práticas que o homem produz e transforma se expressam dentro da sua identidade.
Dessa forma, é um conjunto vivo de símbolos que têm um sentido e significado para aquela determinada sociedade (ou
indivíduo) que produz suas práticas.

Manifestações afro-brasileiras: É um conjunto com todas as expressões culturais que sofreram alguma influência da
cultura africana. Antes se fazia relação apenas com os descendentes africanos no Brasil, contudo, destaca-se que a
cultura africana há muito tempo tem infundido suas origens e marcas, fornecendo uma nova criação de conceitos – todos
esses fatores estão vivos e presentes na cultura brasileira como um todo.

Parâmetros Curriculares Nacionais: É a referência básica para a elaboração e difusão dos princípios para a reforma
curricular. Tem como objetivo orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Os PCNs traçam
um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orienta
os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade,
incentivando o raciocínio e a capacidade de aprende.

Lei Caó: A Lei 7.716, que define os crimes resultantes de preconceito racial. A legislação determina a pena de reclusão
a quem tenha cometido atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Com
a sanção, a lei regulamentou o trecho da Constituição Federal que torna inafiançável e imprescritível o crime de racismo,
após dizer que todos são iguais, sem discriminação de qualquer natureza.

Comportamento tradicional: Para o assunto estudado nesse tema que abordamos, comportamento tradicional é tudo
aquilo que foi passado, seja por meio da cultura, da mentalidade que se criava ou mesmo através das instituições, como
a escola – que conseguiram formar uma única maneira de pensar, agir e conduzir a sociedade. Assim sendo, ressalta-
mos que sempre houve um comportamento tradicional em relação à cultura afro, por exemplo.

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GABARITO
Questão 1

Resposta: A não aceitação ainda da sociedade como um todo pelas manifestações da cultura afro é a forte tendência
em ainda se pensar com um comportamento tradicional e construído sob um viés racista e preconceituoso. Por mais que
muita coisa mudou e avançou rumo a um desenvolvimento mais justo da nossa compreensão cultural, ainda muita coisa
precisa ser vista e revista para que, de fato, os movimentos culturais antes excluídos possam ter mais espaço social.

Questão 2
Resposta: Alternativa A.
a. Correto.

b. Errado. Por mais que a Lei 10.639/03 pudesse impor uma nova estrutura escolar, não deu acompanhamentos para
outras estruturas, como a formação dos professores, por exemplo.

c. Errado. Por mais que ainda encontremos dificuldades em colocar em prática todas as transformações sociais dentro
do ambiente escolar, não podemos negar o avanço que a Lei 10.639/03 representou para o progresso da cultura e
da educação brasileira.

d. Errado. Mesmo com todas as dificuldades, é possível idealizarmos uma sociedade brasileira aos princípios da
igualdade cultural e do respeito mútuo para com todas as diferenças. A incrível capacidade de mudança de uma
sociedade permite ao homem, sujeito social, trocar suas estruturas sociais e implantar outras que possam ter um
respaldo mais justo e digno.

e. Errado. Apesar da lei ter entrado em vigor no ano de 2003, não podemos afirmar que foi um fato divisor da realidade
brasileira. Apesar de ter sido um avanço na legislação a favor dos movimentos afro.

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Questão 3

Resposta: Alternativa D.
a. Errado. Toda luta é importante para as mudanças sociais. Por mais que os obstáculos sejam duros e muitas vezes
impostos, é somente com a luta social através da organização cultural que as mudanças no campo da cultura podem
ocorrer.
b. Errado. Por mais que o início das lutas seja para as mudanças das partes, o ideal de toda mudança é que a
sociedade compreenda cada vez mais o papel importante que a cultura afro representa para a nossa sociedade.
c. Errado. Os movimentos sociais, cada vez mais, ganham mais terreno e força na mudança da sociedade, no seu
aspecto cultural. A mídia também se torna um instrumento eficaz para a expressão de seus anseios.
d. Correto.
e. Errado. É através da luta diária para a mudança cultural na nossa história que os movimentos ganham cada vez
mais força social diante das desigualdades culturais.
Questão 4

Resposta: O IHGB, fundado em 1838, tinha como principal objetivo a construção de uma identidade nacional para o
Brasil, e para isso buscava-se uma espécie de origem histórica, um passado grandioso, que revelasse a grandiosa
trajetória nacional. Para construir tal pensamento buscou-se, através do instituto, consolidar essa história nacional com
pesquisas e trabalhos considerados científicos e acadêmicos. Algumas características são: influência do pensamento
europeu e a presença da escravidão na sociedade brasileira. Esses dois elementos foram o alicerce para a construção
do pensamento nacional, onde passou a vigorar uma identidade que negava a participação do negro, pois este ainda
estava na condição de escravo. Contudo, mesmo após a Abolição (1888), negro e escravo tornaram-se sinônimos para
a mentalidade da época, que não permitiu e/ou não se interessou em descontruir os antigos preceitos e construir novos.
Esse pensamento, por mais antigo que seja e por mais que se lute contra ele, ainda se encontra muito forte na nossa
sociedade.

Questão 5

Resposta: A escola é um espaço privilegiado para a transformação social. É nessa instituição de poder e de decisão que
muitas coisas podem ser revistas e discutidas. Assim sendo, cabe ao professor, aquele que se encontra mais próximo do
aluno, diariamente, através de inúmeras ferramentas, produzir novos conceitos para os jovens estudantes, contribuindo
assim para uma mudança sobre a importância da África no Brasil, através das muitas manifestações culturais.

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