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UNIVERSIDADE WUTIVI-UNITIVA

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

DISCIPLINA: Direito da Família

TEMA: Meios de suprimento do poder paternal


Discentes:

Edna Amado

Edna Tivane

Karen Sigaúque

Kyron Chau

Marcelino Mendes

Maura Safrão

Tânia Mazia

Docente: Esmeraldo Matavele

Boane, Agosto de 2022

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Índice
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................3
Poder paternal................................................................................................................................4
Conceito..................................................................................................................................................4
Âmbito.....................................................................................................................................................4
Meios de supriro poder paternal..................................................................................................4
Tutela.......................................................................................................................................................4
Carácter oficioso da tutela.......................................................................................................................4
Órgãos da tutela......................................................................................................................................5
Tutela de menores..........................................................................................................................5
Menores sujeitos a tutela........................................................................................................................5
Conselho de Família.................................................................................................................................6
Tutela de maiores...........................................................................................................................6
Tutela provisória......................................................................................................................................7
Administração de bens..................................................................................................................7
Família de acolhimento.................................................................................................................8
Conclusão........................................................................................................................................9
Referências Bibliográficas...........................................................................................................10

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INTRODUÇÃO
Este presente trabalho de pesquisa sob o tema «Meios de suprimento do poder paternal».

O poder paternal é uma função abrangente, podendo ser suprida não só pelos progenitores
directos, mas também por outros interessados no exercício desse dever.

Cabendo aos interessados seguir minuciosamente os processos legais para o exercício da mesma
e as tarefas que lhe são incumbidas a quando da responsabilidade assumida enquanto tutor.

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Poder paternal
Conceito
Poder familiar ou poder paternal compreende direitos e deveres dos pais sobre os filhos. Segundo
José António de Paula Santos Neto: È o complexo de direitos e deveres concernentes ao pai e á
mãe.

Âmbito
Nos termos do artigo 292 da lei nº 22/2019, de 11 de Dezembro (Lei da família), os filhos estão
sujeitos ao poder paternal até atingir a maioridade ou forem emancipados.

Meios de suprir o poder paternal


Segundo o artigo 339 da lei n⁰22/2019, de 11 de Dezembro (Lei da Família) o poder parental é
suprido pela a tutela ou pela família de acolhimento.

Tutela
É o encargo que se confere a alguém para administrar os bens e dirigir e proteger um menor ou
um incapaz, bem como representá-lo ou assistir-lhe nos atos da vida civil; defesa, amparo,
protecção, entre outros. A tutela é exercida por um tutor e pelo conselho de família, a tutela é
exercidasob a vigilância do tribunal de menores, significa que o tribunal deve permanecer atento
sempre que esteja em causa o exercício de qualquer dos meios de suprir o poder paternal.

Objectivo da tutela

Segundo o artigo 342 da Lei da Família são objectivos da tutela os seguintes:

 Defesa dos direitos;


 Protecção da pessoa ou do seu património
 Satisfação das obrigações do incapaz ou interdito;

Modo de constituição

A tutela constitui se por sentença judicial. A tutela pode ser requerida pelo Ministério Público, os
ascendentes ou colaterais até ao quarto grau do menor, segundo o artigo 344 da lei da Família.

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Carácter oficioso da tutela
Segundo o artigo 344 da Lei da Família

“1. Sempre que o menor se encontrar numa das situações indicadas no artigo 333º da presente
lei, deve o ministério Publico promover oficiosamente a instauração da tutela ou da
administração de bens.

2. Qualquer autoridade administrativa ou judicial, bem como se os funcionários do registo civil


e da acção social, que no exercício das suas funções tome conhecimento de situações daquela
natureza, está obrigado a comunicar ao Ministério Público competente.”

Órgãos da tutela
Segundo a Lei da Família:

1.“A tutela é exercida por um tutor, coadjuvado pelo conselho de família.

2.O cargo de tutor é obrigatório e uma vez aceite não pode ser recusado, salvo por motivo
legitimo, devidamente comprovado pelo tribunal.”

Tutela de menores
É um poder que a lei confere a uma pessoa capaz para proteger e administrar os bens do menor
que não esteja sob o poder parental, representando-o ou assistindo-o em todos os atos. O
objectivo é resguardar a pessoa e bens dos menores, a educação, a defesa de direitos.

Menores sujeitos a tutela


Segundo o artigo 122 do CC “ São menores as pessoas de um ou outro sexo enquanto não
perfizerem vinte e um anos de idade” .Os menores não tem a capacidade para o exercício dos
seus direitos, de acordo com o artigo 123 do CC.

O artigo 340 da Lei da Família enumera os casos em que o menor esta obrigatoriamente sujeito a
tutela. São aqueles em que faltam os pais, porque:

 Faleceram;
 Estão inibidos de exercer o poder paternal quanto à pessoa do filho:quer seja de pleno
direito, quer seja decretada pelo tribunal, quando apenas incida sobre a representação e
administração dos bens do filho, não há necessidade de instaurar a tutela, basta instituir o
regime de administração de bens do menor, pois aos pais falta apenas a capacidade para
administrar os bens. A inibição do poder parental pode ser total ou parcial e pode ser
requerida nos termos do artigo 135 da lei n.⁰ 7/ 2008 de 15 de Julho( Lei da organização
tutelar de menores). A inibição só pode ser decretada judicialmente nos termos do artigo
34 da Lei da Promoção dos Direitos da Criança ( lei n.⁰7/2008, de 9 de Julho). Exemplo

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da inibição parental: Os pais que abusam sexualmente dos filhos. Serão inibidos estes do
poder parental.
 Porque há mais de seis meses estão impedidos de facto de exercer o poder paternal-a
mera impossibilidade de facto de os pais exercerem o poder paternal, não constitui
motivo para a sua exclusão. Conforme determina o nº2 do mesmo artigo 340 da Lei da
Família, o ministério público deve tomar outras providenciais necessárias à defesa dos
interesses do menor, independentemente do decurso do prazo da alínea c) do artigo n.⁰1,
solicitar a nomeação de uma pessoa que poderá em nome do menor celebrar negócios
jurídicos urgentes.
 Forem incógnitos.

Segundo o artigo 347 da Lei da Família o tutor pode ser designado pela mãe ou pai do menor,
pela lei (tutela legal art349 da Lei da Família) ou pelo tribunal (art 350 da Lei da incógnitos). O
tutor tem os mesmos direitos e obrigações dos pais artigo 355 da Lei da Família.

As principais restrições que distinguem a tutela do poder paternal situam-se na proibição da


pratica de certos actos (artigo 357 da Lei da Família), nos actos cuja a prática da autorização do
tribunal (artigo 358 da Leida Família), na fiscalização das funções do tutor operada pelo
conselho de família e pelo protutor.

O tutor deve exercer a tutela com a diligência de um bom pai de família, significa que o grau de
diligência que é exigível ao tutor no desempenho da sua função deve ser avaliado segundo um
critério objectivo e não subjectivo. O tutor tem os mesmos direitos e obrigações dos pais, com as
modificações e restrições.

Quando não existe uma pessoa em condições de exercer a tutela, o menor é confinado à
assistência pública nos termos da respectiva legislação, exercendo as funções de tutor o director
do estabelecimento público ou particular onde tenha sido internado.

Não podem ser tutores as pessoas referidas no artigo 353 da Lei da Família. Podem escusar – se
da tutela as periferidas no artigo 354 da Lei da Família.

O tutor tem direito a remuneração nos termos do artigo 362 da Lei da Família e direito a
indemnização pelas despesas que legalmente haja feito nos termos do artigo da Lei da Família.

Conselho de Família
É constituído por duas vogais, escolhidos entre os parentes ou afins do menor, e pelo agente do
Ministério Público, que preside nos artigos 371 e 372 da Lei da Família. Pertence ao Conselho da
família vigiar o modo por que são desenhadas as funções do tutor, artigo 374 da Lei da Família.
Quanto a escusa das vogais aplicam se as regras relativas ao tutor, artigo 373 da Lei da Família.

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Tutela de maiores
São sujeitos a tutela os maiores interditos ou incapazes de dispor da sua pessoa e bens, pessoas
com anomalia psíquica, surdez, mudez ou outro motivo e não possam ser representados pelos
pais. Quem supre a incapacidade dos interditos é o tutor, os interditos são pessoas que não são
capazes de governar sua pessoa e bens, não estão sujeitos ao poder paternal porque são maiores,
artigo 341 lei n⁰.22/2019, de Dezembro (Lei da Família) conjugado com o artigo 138 do CC.

A ordem para a designação do tutor está prevista no artigo 379 da Lei da Família e os seus
requisitos constam do artigo 380 da Lei da Família.

Tutela provisória
É a protecção conferida pela autoridade judiciária da qual ainda pode se recorrer. Os direitos dos
estabelecimentos de assistência ondem estão internados os interditos exercem a função do tutor
enquanto não for designado pelo tribunal artigo 381 da Lei da Família

Administração de bens
Nos termos do artigo 383 da Lei da Família, será constituído o regime de administração de bens
do menor:

 Quando os pais tenham sido apenas excluídos, inibidos ou suspensos da administração


de todos os bens do incapaz ou de algum deles, se por outro titulo se não encontrar
designado o administrador,
 Quando a entidade competente para designar o tutor confie a outrem, no todo ou em
parte, a administração dos bens do menor.

Ao autor de doação ou deixa em benefício de menor é lícita a designação do administrador, mas


só em relação aos bens compreendidos na liberdade – artigo 384 da Lei da Família

A administração não ocorre de forma isolado, sempre coexistindo com o poder paternal ou
tutela.

São aplicáveis á designação do administrador as disposições relativas ao tutor, salvo o


preceituado nos artigos seguintes – artigo 383 da Lei da Família

Por sua vez, são aplicáveis ao administrador, com as necessidades adaptações, as disposições
relativas à remoção e exoneração do tutor e ao termo da tutela- artigo 387 da Lei da Família

O artigo 387 da Lei da Família dispõe acerca dos direitos e deveres do administrador nos termos
seguintes.

1. No âmbito da sua administração, o administrador tem os direitos e deveres do tutor.


2. Na administração é o representante legal do menor nos actos relativos aos bens cuja
administração lhe pertença.

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3.O administrador deve abonar aos pais ou tutor, por força dos rendimentos dos bens, as
importâncias necessárias aos alimentos do menor.

4. As divergências entre o administrador e os pais ou tutor são decididas pelo tribunal de


menores, ouvido o conselho de família, se o houver.

Como já se disse, a administração coexiste com o poder paternal ou com a tutela. Em qualquer
dos casos, é do rendimento dos bens do menor que deve sair o montante necessário ao seu
sustento e educação. Sendo o administrador o representante legal do menor nos actos relativos
aos bens cuja administração e os pais ou o tutor pode ocasionar divergências quanto à medida
das necessidades do menor. Essas divergências serão decididas pelo tribunal de menores, mas
sendo previamente ouvido o conselho de família, se o houver.

Como já acima se deixou referido, não existe conselho de família.

Além daspessoas que a lei impede de serem tutores, não podem ser administradores: a) os
insolventes e, bem assim, os inibidos ou suspensos das responsabilidades parentais ou
removidos da tutela, quanto á administração de bens- artigo 386 da Lei da Família.

Família de acolhimento
É um meio alternativo de suprir o poder parental- n⁰ 1 do artigo 390 da Lei da Família.

É a medida de promoção e protecção de carácter temporário, decidida pelo tribunal, que consiste
na atribuição da confiança da criança a uma família, visando a integração em um meio familiar e
a prestação de cuidados adequados as suas necessidades e bem estar e a educação necessária ao
desenvolvimento integral.

Requisitos concernentes à família de acolhimento segundo o artigo 391 da Lei da Família:

 Que a família seja emocionalmentee financeira estável;


 Tenha mais de 25 anos um dos cônjuges/ companheiros,
 O consentimento de ambos os cônjuges/ companheiros da união de facto
 Que os filhos maiores de 18 aceitem a integração de um menor na família.

Os requisitos relativos ao menor constam no artigo 392 da Lei da Família. O acolhido e a família
de acolhimento estão sujeitos aos direitos e deveres do poder parental, com as necessárias
adaptações - art 394 n⁰1 da Lei da Família. A família de acolhimento não pode cândida se para a
adopção

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Conclusão

Lembrando que a família é o elemento fundamental e a base de toda sociedade, factor de

socialização da pessoa humana, as crianças devem ter uma família, educação, crescer num

ambiente harmonioso. Pois concluímos que a família é compreendida como a primeira

instituição responsável pela socialização dos seus indivíduos, sendo principal objectivo de

garantir a protecção do menor, promovendo o seu bem-estar, acima de tudo o seu interesse

fundamental. Ao reflectir sobre a família de acolhimento, como mais uma alternativa de

protecção para a crianças adolescentes em situações de vulnerabilidade e violação dos seus

direitos, toda a criança tem o direito de ter uma família ser integrada nesta família que cuide e

a proteja, o acolhimento familiar assume em Moçambique um dos meios de suprir o poder

parental, e consciente no acolhimento do menor no seio de uma família que passa a exercer

poder parental a que estaria sujeito a família natural. O acolhimento familiar constitui medida

de promoção dos direitos e de protecção das crianças em perigo.

No ordenamento jurídico moçambicano, só é admissível o acolhimento quando não haja a

tutela ou a adopção, sendo família de acolhimento meio de suprir o poder parental. Tornando

desta forma evidente que o acolhimento não é o modo mais privilegiado da protecção do

menor para efeitos do exercício do poder parental.

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Referências Bibliográficas
AMARAL, Jorge(2020). Direito da Família e das sucessões, 6ª Edição, Editora Almeida.

COELHO, Francisco e OLIVEIRA, Guilherme. Curso de Direito da Família, volume I, 4ª


Edição, Coimbra Editora, Coimbra.

MEDINA, Maria de Carmo. [S.d]. Direito da família.[S.L]:Escolar Editora.

ISSÁ, Abdul Carimo Mahomed, et al.(2005). Lei da família. (1ed). Lisboa: editora GRIEC.

Legislação

Lei n⁰ 22/2019, de 11 de Dezembro ( Lei da Família)

Lei n.⁰7/2008 de 9 de Julho ( Lei da promoção dos direitos da criança)

Lei n.⁰8/2008 de 15 de Julho.

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