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O NASCIMENTO DA ANTROPOLOGIA

 A antropologia é uma ciência social surgida no século XVIII. Porém, foi


somente no século XIX que se organizou como disciplina científica. A palavra
tem origem grega e possui o seguinte significado: antropo significa homem
e logia significa estudo.

 A Antropologia - pode ser definida como uma Ciência, reflexão, teoria


filosófica, sobre a humanidade e sua cultura, tendo como objetivo o estudo
completo sobre o homem que é centro de suas preocupações, buscando
questionar sua totalidade, como ser biológico pensante e participante da
sociedade, como sua origem, corpo humano, diferenças físicas, surgimento,
etnias, raça, religião, alimentação, comportamento, desenvolvimento e sua
perpetuação, sua função como criador de cultura e fazedor de história
considerado na série animal, para tentar chegar a compreensão da existência.
O termo antropologia deriva do grego, fruto das palavras: antropos=homem, e
logia=estudo. Assim, antropologia significa a ciência do homem, da humanidade e da
cultura. Seu campo de estudo é bem amplo, envolve todos os povos organizados
socialmente em todos os períodos históricos. Divide-se em antropologia física ou
biológica e antropologia cultural. Embora seja uma ciência relativamente nova, ela já
existia no período da filosofia pré-socrática, já que alguns filósofos já estudavam as
relações sociais entre as pessoas. Todavia, foi somente na Antiguidade Clássica que as
relações humanas passaram a ser tema de debates. Diversos povos, como chineses,
gregos e romanos, fizeram registros sobre outras culturas. Assim, a antropologia já
existia nesse período, mas não de forma organizada nem como ciência.   Os estudos
que existiam até o século XVIII, sobre povos primitivos, baseavam-se em relatos e
informações de viajantes, comerciantes e missionários, isto é, pessoas leigas no
aspecto antropológico, que desconheciam a realidade daqueles povos. Só a partir do
século XVIII, no tempo do pensamento iluminista, que a antropologia se tornou uma
ciência que estuda o ser humano no seu ângulo cultural.  No século XIX, quando
Charles Darwin lançou duas obras importantes – “A origem das espécies”, em 1859, e
a “A descendência do homem”, em 1871 – provocam o surgimento da teoria
evolucionista e, como efeito, a antropologia biológica ou física, que via os povos
aborígenes como primitivos, e a sociedade europeia como o auge da evolução. Assim,
acreditava-se que os europeus eram superiores aos aborígenes, daí a consideração que
era justa a dominação europeia sobre esses povos “inferiores”. Essa é uma visão
etnocêntrica.Até o século XX, aceitava-se que as diferenças biológicas existentes entre
as pessoas levavam a um diferença cultural, predominando a ideia de sociedade
primitiva e complexa, seguindo uma linha evolutiva. A partir de 1927, em Paris, a
antropologia se tornou uma disciplina de ensino. No entanto, alguns episódios a
precederam, conforme a explanação a seguir.O antropólogo e etnólogo estadunidense
Lewis Henry Morgan (1818-81) já havia precedido os estudos antropológicos, ao
concretizar uma pesquisa de campo entre os indígenas iroqueses dos EUA. Nesse
estudo, coletou material valioso para sua reflexão sobre cultura e sociedade. Morgan é
considerado um dos fundadores da antropologia moderna. Teve também, no final do
século XIX, o antropólogo Franz Boas (1858-1942) coordenou uma equipe de
observadores treinados no aspecto antropológico para participarem de uma expedição
à ilha de Baffin (Baffinland), no norte do Canadá. Nessa ilha, durante os anos 1883 e
1884, estudou os esquimós, e desenvolveu importantes teorias antropológicas
evolucionistas.  E no fim, Bronislaw Kasper Malinowski (1884-1942), no século XX,
faz com que a antropologia avance ainda mais, com seu método da “observação
participante”. Ele estudou diferentes tribos da Austrália, EUA, África e México. Ele é
considerado o “pai do funcionalismo”, pois fundou a escola funcionalista, abandonado
o evolucionismo, que mais tarde será duramente combatido pelo estruturalismo.

O QUE É ANTROPOLOGIA SOCIAL?

Antropologia social é chamada também de antropologia cultural. Esse ramo da


antropologia tem como objeto de estudo o ser humano na sociedade em seu aspecto
cultural: formas de comunicação e tipos de organização familiar entre outros. A
antropologia cultural investiga a origem, o desenvolvimento, a história e a estrutura da
cultura. Os seres humanos se diferenciam dos outros animais em decorrência do
aspecto cultural, isto é, do padrão de comportamentos socialmente aprendidos, e pela
possibilidade de transmitir sua herança social ou cultural. Malinowski revolucionou a
antropologia ao iniciar um método totalmente novo para a investigação de campo: o
funcionalismo.

O funcionalismo predomina na antropologia social e na sociologia do século XX,


colocando em questão a necessidade de se fazer um estudo da sociedade em sua
totalidade de estruturas sociais e culturais interdependentes. Cada uma delas tem uma
função, sendo primordial a observação do participante.  Nas relações sociais, as
funções eram vistas como obrigações e seriam o apoio da estrutura social. O
funcionalismo é essencialmente o estudo das funções e de suas consequências. 
Durante o século XIX, autores como o inglês Herbert Spencer (1820-1903), Fustel de
Coulanges (1830-89) e até mesmo Augusto Comte priorizaram teorias
comportamentais baseadas na ideia de que a sociedade liga-se a organismos em que as
partes (instituições) mantêm a vida da sociedade.  Émile Durkheim, em 1895, esboça a
teoria do funcionalismo em sua obra “As regras do método sociológico”   Entre 1920 e
1930, o britânico Radcliffe-Brown (1881-1955) e Bronislaw Malinowski desenvolvem
o funcionalismo. Para Malinowski, o pesquisador deve em primeiro lugar observar os
pormenores da vida social e da cultura estudada, para só depois interpretá-la. Embora
ambos sejam funcionalistas, Malinowski destacava a necessidade do indivíduo,
enquanto no funcionalismo de Radcliffe-Brown era priorizada a possível necessidade
de um sistema social.   Os principais representantes do funcionalismo são: Bronislaw
Malinowski, Radcliffe-Brown, Raymond Firth, Talcott Parsons, Robert Merton, Émile
Durkheim e Herbert J. Gans.O funcionalismo predominou durante o século XX, mas
foi ultrapassado pelo estruturalismo.
 O estruturalismo fez surgir uma nova abordagem antropológica, denominada
estruturalismo, que surgiu com o francês Claude Lévi-Strauss, na década de 1940.
Opõe-se ao funcionalismo pelo fato de acreditar que para se entender a sociedade é
necessário identificar os dados empíricos.Para o estruturalismo, as culturas são
definidas como sistema de símbolos que são partilhados e estruturados por meio de
princípios norteadores do funcionamento intelectual.Na década de 1960, o
estruturalismo ganhou mais expressão com os franceses Jacques Lacan (1901-81),
Roland Barthes (1915-80) e Jacques Derrida (1930-2004), que estenderam o
estruturalismo a outras ciências. Desde essa época, o estruturalismo foi sendo aplicado
a outras áreas do conhecimento. Atualmente, o estruturalismo foi substituído pelo pós-
estruturalismo e pelo desconstrutivismo. Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, na
Bélgica, em 1908. Sua família judia era constituída de intelectuais. Iniciou seus
estudos acadêmicos na Universidade de Paris, onde estudou Filosofia e Direito.
Professor de Filosofia até 1934, quando passou a ser professor de Sociologia no Brasil,
na Universidade de São Paulo, até 1937.Strauss entendeu que a sua vocação estava
com a etnologia e, durante sua permanência no Brasil, fez várias expedições ao Brasil
central, onde investigou os indígenas e seus costumes. Em 1936, publicou seu
primeiro trabalho antropológico: um estudo sobre os índios bororos. Depois, retornou
à França, mas entre 1938 e 1939 fez outra viagem ao Brasil. Strauss é considerado o
fundador do estruturalismo, pois usou esse método em seus estudos. Para ele, o
“estruturalismo é a procura por harmonia inovadoras”. Strauss ficou conhecido
mundialmente como o fundador da antropologia moderna.

Criadores da antropologia
Malinowski foi o fundador do funcionalismo , contribuiu muito com a
antropologia ao definir que o antropólogo é o que faz a viagem odisseica, e ao
fazê-lo ele mesmo. Malinowski foi o fundador da antropologia social, e o
primeiro a realizar a pesquisa de campo
Franz Boas, fundou a escola relativista, também elaborou importantes
trabalhos relativos ao folclore e à arte autóctones. Definiu que cada cultura é
única e possui elementos diversificados.
Para Durkheim a sociologia se baseia em teorias do fato social. Tem como
objetivo criar uma sociologia objetiva, onde os fatos sociais devem ser
tratados como coisa. Coloca as sociedades primitivas como mecanicamente
solidárias.
Durkheim trata os fatos sociais como coisas para explicá-los como se
explicam os fenômenos naturais
As visões sobre a teoria e o método da etnologia de Marcel Mauss
influenciaram cientistas sociais eminentes. Mauss contribuiu muito na
aplicação e no refinamento teórico de conceitos desenvolvidos inicialmente
por Durkheim.
Todos contribuíram e muito para a antropologia, embora não concordassem
em todos os pontos, fato normal e necessário.

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA

Antropologia é a ciência que tem como objeto o estudo sobre o


homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja,
abrangendo todas as suas dimensões. A divisão clássica da
Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia
Biológica. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas
correntes de pensamento. Pode-se afirmar que há poucas décadas a
antropologia conquistou seu lugar entre as ciências. Primeiramente,
foi considerada como a história natural e física do homem e do seu
processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa
concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro
restringia o seu campo de estudo às características do homem físico.
Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo
tempo, privilegiando a antropometria, ciência que trata das
mensurações do homem fóssil e do homem vivo. A Antropologia,
sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de
investigação extremamente vasto, pois abrange, no espaço, toda a
terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos e todas
as populações socialmente organizadas. Divide-se em duas grandes
áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos
próprios, a Antropologia Física (ou Biológica) e a Antropologia
Cultural, o sinônimo de antropologia social, focaliza, talvez, o
principal conceito desta ciência, a cultura. Segundo o Museu de
Antropologia Cultural da Universidade de Minnesota a antropologia
cultural abrange três tópicos gerais que por sua vez subdivide-se e
constituem-se como especialidades: Etnografia / Etnologia,
Linguística aplicada à antropologia e Arqueologia. A cultura e a
mitologia correspondem ao desejo do homem de conhecer a sua
origem, ou produz um modo de autoconhecimento que é a
identidade, diferenciando os grupos em função de suas
idiossincrasias e adaptação em diferentes ambiente.

Faça atividades sobre esse texto- o que é Antropologia, destacando os pontos


principais.

Pesquisa em grupo:
A Antropologia como Ciência Social  – propõe conhecer o homem enquanto
elemento integrante de grupos organizados.
Vista como uma Ciência Humana – volta-se especificamente para o homem
como um todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia,
linguagem, etc.
A natureza humana é a essência do homem, e para diferenciar das coisas do
universo esta natureza apresenta-se em aspectos:
Os fatores ambientais exercem poderosa influência no desenvolvimento de
personalidade. Uma pessoa vem a ser o é (O QUE ELA É ) por causa dos
padrões culturais do seu ambiente. Os seres humanos estão sujeitos a
mudanças evolutivas.
Jean Paul Sartre nega que o homem possui uma natureza essencial. O ser
humano não tem caminho predeterminado para seguir.
A Natureza Humana também pode ser interpretada como:
 Visão racional – o homem racional é e deve ser compreendido no
ponto de vista da natureza e de seus poderes racionais.
 Visão religiosa – Ser criado por Deus e sua imagem e semelhança.
 Visão Científica – Diz que o homem e suas atividades são
determinados pelas leis da física e química. Homem como mais
complexo forma de vida.

O homem possui certas características que o distingue dos outros animais,


tornando-o diferente em relação ao resto da natureza, é um ser inventivo e
progressivo, usa linguagem profissional (escrita e oral), é um animal
pensante, criatura que possui senso ético com uma consciência moral
(certo/errado), ser reflexivo, religioso, dotado de emoções estético , animal
social e político, criatura finita e inacabada. Para responder o que é o homem,
a antropologia tem dimensão biológica, sócio cultural, filosófica.
A antropologia vista como uma Ciência Natural – interessa-se pelo
conhecimento psicossomático do homem e sua evolução. A antropologia tem
dois grandes campos de estudo:
Antropologia Física ou Biológica – estuda a natureza física do homem,
conhecendo suas origens e evoluções, estrutura anatômica e fisiológica,
dividindo-se em:

 Paleontologia Humana – Estuda a origem e evolução humana através


de fósseis.
 Somatologia – Descreve diferenças físicas, individuais, sexuais – tipo
de sangue, metabolismo..
 Raciologia – Estuda a mistura de raças, características física.
 Antropometria – Utiliza técnicas de medição do corpo humano. 0
crânio, osso…
 Estudo comparativo do crescimento  – Conhecer as diferenças dos
grupos relacionados a alimentação, exercício físico, maturidade sexual.

Antropologia Cultural ou Social – estudo diferencial das crenças e das


instituições de um grupo, concebidas como fundamento das instituições
sociais e consideradas em suas relações com a personalidade. Estudo do
homem como fazedor de cultura, investigando suas culturas no tempo e
espaço, origens e desenvolvimento. Como ciência social seu objetivo
consiste nos modos de comportamento hereditário e por aprendizagem. É o
homem criando seu meio cultural mediante formas diferenciadas de
comportamento, e evidenciando o caráter biocultural do desenvolvimento
humano. O campo de estudo da Antropologia Cultural abrange:

 Arqueologia – estuda a cultura passada, extinta. Reconstroe o


passado através de vestígios e resto de materiais não perecíveis e que
não foram destruídos pelo tempo. A arqueologia divide-se em: Clássica
(tenta construir as antigas civilizações letradas (Grécia, Egito,
Mesopotâmia…) e Antropologia Arqueológica – trata da cultura relativa
‘as populações extintas ( cultura do paleolítico, Mesolítico e Neolítico)
 Etnografia – Se preocupa com a descrição das sociedades humanas.
Tem como objeto de estudo as culturas primitivas ou ágrafas, ex.:
sociedades rurais.
 Etnologia – Analisa, interpreta e compara as mais variadas culturas
existentes, considerando suas semelhanças e diferenças para
compreender suas mudanças.
 Linguística – Estuda as formas e estruturas básicas das diversas
línguas de várias culturas.
 Folclore – Estuda aspectos da cultura humana preocupando-se com
fatos da cultura material e espiritual originado pelo povo.
 Antropologia Social – Estuda as relações sociais nos grupos
humanos, cada aspecto da vida social, familiar, econômico, político,
religioso, jurídico.
 Cultura e personalidade  – O indivíduo é visto como agente de
mudança cultural desempenhando papel dinâmico e inovador e como
participante de uma sociedade e de sua cultura, a pessoa é portadora
de caracteres biopsicológicos e de experiência sócio-cultural próprios.

A Antropologia Física ou Biológica e a Cultural recorrem a métodos (conjunto


de regras para investigação) e técnicas (uso do conjunto de normas para
levantamento de dados) para atender a seus objetivos de maneira fácil e
segura. Podemos dividir os métodos em: histórico, estatísticos, etnográficos,
comparativo ou etnológico, monográfico ou estudo de caso, genealógico,
funcionalista. As técnicas podem ser divididas em: observação, entrevista,
formulário. Relativismo Cultural permite ao observador ter uma visão objetiva
das culturas , cujos padrões e valores são tidos como próprios e convenientes
aos seus integrantes, tendo alguns princípios humanitários:
Direito a autonomia tribal (direito de possuir e fazer desenvolver a própria
cultura, sem interferência externa), valores culturais (forma de pensar e agir
de grupos diferentes devem merecer respeito), etnocentrismo (considera que
o modo de vida bom para um grupo pode não servir para outro). A
Antropologia é aplicada na indústria na busca de soluções para os problemas
decorrentes de baixos salários, greves, desemprego, injustiça sociais,
excesso de trabalho, etc, nos projetos de desenvolvimento como é o caso da
colonização de terras, reforma agrária, campanha de saúde pública, etc, no
colonialismo procurando impedir a introdução de valores ocidentais em favor
dos padrões nativos, na coexistência populacional. O surgimento da
Antropologia aconteceu devido a curiosidade do respeito de si mesmo,
independentemente do seu nível de desenvolvimento cultural. Surgiu na idade
clássica, no século V ac. com a figura de Herótodo que é considerado o pai
da antropologia, que caracterizou minuciosamente as culturas circulantes. Os
gregos foram os que mais reuniram informações sobre povos diferentes. Até o
século XVIII a antropologia pouco se desenvolveu. Os estudos antropológicos
iniciaram-se efetivamente a partir de meados do século XVIII quando a
antropologia passa a adquirir sua categoria de ciência, quando Linneu
classificou os animais, relaciona o homem entre os primatas, designando o
homem na sua classificação zoológica. . Foi o primeiro a descrever as raças
humana. A Antropologia sistematizou-se como ciência depois que Darwin
trouxe a teoria evolucionista. O progresso da antropologia no século XX é
resultado das descobertas anteriores relativas ao homem Franz Boas é
considerado o pai da Antropologia Moderna, pois foi quem incentivou as
pesquisas de campo em caráter científico. A antropologia vem adquirindo
importância cada vez maior no mundo moderno, onde o isolamento cultural é
quase impossível e onde os contatos são inevitáveis e se multiplicam, levando
muitas vezes a situações conflitantes. Empenha-se na solução dessas
situações, procurando minimizar os desequilíbrios e tensões culturais e
tentando fazer com que as culturas atingidas sejam menos molestadas e seus
valores e padrões respeitados. Aplica conhecimentos antropológicos, físicos e
culturais na busca de soluções para os modernos problemas sociais, políticos
e econômicos, dos grupos simples e das sociedades civilizadas. O interesse
da antropologia está preferencialmente pelos  grupos simples, culturalmente
diferenciados e também pelo conhecimento de todas as sociedades humanas,
letradas ou ágrafas, extintas ou vivas, existentes nas várias regiões da terra.
A finalidade da antropologia é o fornecimento do maior número possível de
estudos sobre grupos humanos, uma vez que cada um deles é o produto de
uma experiência cultural particular.

ETNOLOGIA

A Etnologia é o estudo ou ciência que estuda os fatos e documentos


levantados pela etnografia no âmbito da antropologia cultural e
social, buscando uma apreciação analítica e comparativa das
culturas. Em sua acepção original, era o estudo das sociedades
primitivas. Todavia, com o desenvolvimento da Antropologia, o
termo primitivo foi abandonado por se acreditar que exaltaria o
preconceito étnico. Assim, atualmente se diz que etnologia é o
estudo das características de qualquer etnia, isto é, agrupamento
humano - povo ou grupo social - que apresenta alguma estrutura
socioeconômica homogênea, em que em geral os membros têm
interações cara a cara, e há uma comunhão de cultura e de língua.
Este estudo visa estabelecer linhas gerais e de desenvolvimento das
sociedades. O etnógrafo observa basicamente as diferenças entre as
sociedades, na proposição de Mauss em seu Manual de Etnografia,
desde o modo de andar e usar o corpo (técnicas corporais) até a
celebração do casamento e dos funerais. Deve-se descrever e
analisar toda a vida social de um povo e um lugar, observa
principalmente o que esse povo diz de si mesmo e o modo como
identifica seus participantes. A etnografia é um dos mais
importantes recursos contra o racismo e a hegemonia cultural na
medida em que estabelece os meios de realizar uma crítica ao
etnocentrismo, o que parcializa as investigações. Estudos
etnográficos tem recuperado saberes e técnicas dos povos ditos
primitivos como formas de (etno) conhecimento nas mais diversas
áreas como biologia (etnobiologia); farmacologia e botânica (plantas
medicinais); engenharia (de barcos, pontes, casas etc.) psicologia,
medicina etc. Nesse último campo há uma integração entre técnica
(tecne) e saber (episteme) que vem sendo denominada por
antropologia médica e/ou estudos dos sistemas etnomédicos e
xamanismo.

EDUCAÇÃO E CULTURA -Para a antropologia todo o acontecimento


da educação existe como um momento motivado da cultura. Mas
toda a cultura humana é um fruto direto do trabalho da educação.
Mais do que o aborrecido dilema do ovo-e-da-galinha, propõe-se
que esta obviedade seja considerada como uma boa estrada de ida-
e-volta. Algo que cerca e enreda e vai da língua que falamos ao
amor que praticamos, e da comida que comemos à filosofia de vida
com que atribuímos sentidos ao mundo, à fala, ao amor, à comida,
ao saber, à educação e a nós próprios. No entanto, desde a criação
da moderna antropologia, com o passar do tempo houve e há um
distanciamento grande e persistente frente a tudo o que tenha a ver
com as estruturas e os processos e as estruturas intencionais e
agenciados de socialização pedagógica de crianças, de adolescentes
e de jovens. Até o presente momento, isto é, mais ou menos um
século após a criação da antropologia moderna, e também mais ou
menos um século após o surgimento da moderna psicologia e da
eclosão de algumas das teorias mais relevantes no campo da
pedagogia, somos testemunhas de um misterioso hiato entre a
teoria antropológica e a educação, enquanto um campo especial de
conhecimento e de práticas sociais. Uma das dimensões mais
essenciais de tudo o que envolve a educação foi tornada opaca, sem
sentido, isenta de perguntas, vazia de respostas. Do tripé em que
ela deveria estar assentada, a pessoa humana, a sociedade e a
cultura, faltou um dos pés de apoio.

A UTILIDADE DA ANTROPOLOGIA NA ESCOLA

Para muita gente, o antropólogo é aquele profissional que passa


uma parte de seu tempo pesquisando comunidades perdidas em
regiões inóspitas e a outra na universidade, defendendo teses e
criando teorias. Muitos conflitos que prejudicam a aprendizagem
podem ser solucionados se o professor tiver conhecimentos mínimos
sobre a organização da sociedade e sobre o relacionamento do ser
humano com as várias comunidades das quais faz parte. A sala de
aula é constituída pelos mesmos sujeitos que vivem na comunidade,
por isso torna-se um reflexo dos aprendizados e dos
relacionamentos sociais que acontecem fora dela. O educador tem
de si próprio a imagem que ele faz dos estudantes, produz reflexos
em sua atuação em sala de aula. E, em consequência disso, pode
comprometer o desempenho da turma ou de alguns estudantes. A
função do antropólogo basicamente é observar as características
socioculturais do ser humano e refletir sobre elas. Como ele se
comporta, relaciona e se organiza em sociedade. Muitas pesquisas
nessa área visam compreender porque integrantes de classes
populares demoram mais para ser alfabetizados. A própria ciência
constrói-se em contexto de significados, definindo-se como sendo
também ela uma realidade social, uma organização particular da
ação humana sujeita a processos de interpretação. A dimensão
prática da ciência não se constitui como um espaço menor ou uma
cadência da especificidade da mesma ou uma concessão científica.
Cada vez mais a ciência é vista como um processo sujeita a
vicissitudes várias, elemento de uma sociedade que atua
estrategicamente e numa interação humana a fazer-se numa
constante mudança de sistemas de ação.

ANTROPOLOGIA DO CONHECIMENTO-

Antropologia e educação constituem hoje, um campo de


confrontação em que a compartimentação do saber atribui à
antropologia a condição de ciência e a educação, a condição de
prática. Dentro dessa divergência primordial, profissionais de ambos
os lados se acusam e se defendem com base em pré-noções,
práticas reducionistas e muito desconhecimento. Uma antropologia
simétrica não implica, de forma alguma, na anulação das diferenças.
Neste caso, a atitude simétrica revela-se no a priori da análise,
como ponto de partida para o processo de construção do
conhecimento. Significa, em linhas gerais, não partir do pressuposto
que cultura e natureza, humanos e não-humanos, primitivos e
civilizados, são lados diferentes no Grande Divisor da Modernidade,
reservando apenas o primeiro polo como campo privilegiado da
reflexão antropológica. O pensamento simétrico busca situar a
antropologia no centro, exatamente para que as diferenças possam
ser percebidas e não exatamente pré-concebidas. Enquanto a
antropologia do conhecimento trataria os sistemas de conhecimento
não-modernos como uma representação mais ou menos distorcida
de uma Natureza inabalável e a Ciência como a própria expressão
dessa mesma Natureza (e, portanto, livre de qualquer análise); a
antropologia simétrica abordaria etnograficamente tanto o
pensamento moderno como o não moderno, exatamente para
revelar as diferenças e continuidades existentes entre os dois.

A ANTROPOLOGIA COMO CAMPO DE CONHECIMENTO

A antropologia visual acabou contribuindo para a complexificação do


campo de conhecimento do qual ela é oriunda. Mais que qualquer
outro cientista social, o antropólogo não consegue ignorar
atualmente, na sua prática de registro e produção de imagens, o
quanto a coerência material de suas narrativas etnográficas não
existe diretamente na realidade, depende do lugar ocupado e do
tempo vivido pelo sujeito da enunciação. A importância estratégica
da antropologia visual na formulação do próprio campo de
conhecimento das ditas “ciências do homem” consiste na ajuda em
desvendar precisamente a feição fabulatória do discurso
antropológico, desnudando o processo por meio do qual o etnógrafo
transmuta os dados sensíveis e opacos da realidade social em
representações e formas simbólicas, transformando os
acontecimentos exteriores vividos por um agrupamento humano em
verdadeiras narrativas. A antropologia visual contribui com
observações oriundas da sociologia alemã que vem, há muito
tempo, afirmando que o pensamento científico compreende o
mundo; é com tais formas que, como “cientistas”, atribuímos o título
de objetos da ciência. Vistas sob essa ótica e configuradas em
“formas intelectuais”, as narrativas etnográficas podem ser
apreciadas também como forma de expressão de uma função
fabulatória do pesquisador. Enquanto campo do conhecimento, a
antropologia contribui para descrever e analisar os sentidos mais
amplos da variabilidade do ser humano. Por esta razão, a
antropologia aborda temas heterogêneos da existência e da
produção das diferentes culturas humanas, como a arte, a
economia, a família, a história, a língua, a literatura, a política, a
religião e a biologia humana, entre outros.

A ANTROPOLOGIA E OS DILEMAS DA EDUCAÇÃO

Os estudos antropológicos podem contribuir para esclarecer e


recolocar sob novos enfoques a problemática angustiante da
educação na sociedade moderna ocidental. A relação interdisciplinar
entre antropologia e pedagogia se estabelece pelo sentido de
interculturalidade que a escola desenvolve ao entender o letramento
como decorrente de uma comunicação social e não meramente a
ação de ensinar. O professor vive, então, a contradição de ser
aquele que ensina, mas não educa e educar se torna seu maior
desafio, qual seja o de ter que construir uma sociedade de
aprendizagem, com base em relações de intercâmbio e de partilha
entre diferentes saberes e culturas. Trata-se, portanto, do desafio
de ter que colocar o ensino e a aprendizagem a falarem juntos e a
terem voz juntos, estabelecendo não apenas um diálogo, mas um
trânsito intenso e reflexivo da realidade social, de modo a não
submeter um saber a outro, de modo a não hierarquizá-los,
atribuindo a uma condição de produto cultural e negando ao outro
essa mesma condição. A escola, da mesma forma que pode
responder aos interesses da burguesia, também pode responder aos
interesses dos oprimidos, pois, enquanto polo difusor de
conhecimentos possibilita aos indivíduos uma reflexão, uma
mediação entre o seu viver e a forma como vivem. A variação das
possibilidades da escola se dá historicamente; a educação escolar é
mediadora entre as esferas do cotidiano, em que o indivíduo
reproduz a si mesmo, e a esfera do não cotidiano, onde a sociedade
se reproduz a si mesma.

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