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Objetivos de EJA

 Proporcionar a conclusão do Ensino Médio aos Jovens e Adultos que estão


afastados da escola e desejam retomar os seus estudos;
 Garantir ao aluno, através da modalidade de Educação à Distância, a
flexibilidade entre tempo e espaço e a economia de tempo e dinheiro gerada
pelo não deslocamento diário até a escola;
 Oferecer a inclusão digital pelo uso da tecnologia na educação;
 Propor a democratização do ensino por todos os cantos do Brasil;
 Quebrar barreiras territoriais de um país de extensão continental com a
utilização da tecnologia de transmissão via satélite de última geração;
 Participar da mudança na concepção do educar tradicional, que mantém os
mesmos moldes do século XIX.

O QUE É EJA
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que nasceu
da clara necessidade de oferecer uma melhor chance para pessoas que, por
qualquer motivo, não concluíram o ensino fundamental e/ou o médio na idade
apropriada.
Surge como uma ação de estímulo aos jovens e adultos, proporcionando seu
regresso à sala de aula. Esta modalidade respeita às características desse
alunado, dando oportunidades educacionais adequadas em relação a seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames próprios.

LEGALIDADE EJA

A Educação de Jovens e Adultos é definida pelo artigo 37 da LDB (lei n.


9.394/96) como a modalidade de ensino que “será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou à continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria.”
A principal tarefa da Educação de Jovens e Adultos é fazer valer o previsto no
artigo 208 inciso I da Constituição Federal de 1988, que garante o acesso e a
permanência ao ensino fundamental a todos.
Tal política vem sendo incentivada pelo poder público, que abrangeu, além do
ensino fundamental, o ensino médio, adequando esta modalidade de ensino às
características dos jovens e adultos brasileiros.

O Projeto EJA BRASIL conta com a certificação do CEJA- Centro Integrado de


Educação para Jovens e Adultos que é credenciado e autorizado pelo Conselho
Estadual de Educação do Ceará (Parecer nº 0258/2010) para ministrar o
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio (1º ao 3º ano) para jovens e
adultos, na modalidade à distância, ou seja, o estudante recebe seu Histórico
Escolar equivalente ao ensino que completou ou, se for o caso, às disciplinas
concluídas.
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Conceito e
funções
A educação de jovens e adultos (EJA), nova designação do ensino supletivo,
caracteriza-se como uma proposta pedagógica flexível que considera as
diferenças individuais e os conhecimentos informais dos alunos, adquiridos a partir
das vivências diárias e no mundo do trabalho. É uma modalidade diferente do
ensino regular em sua estrutura, enquanto a sua metodologia, duração e própria
estrutura como afirma Lima (2006).
Acredita-se que o indivíduo adulto, já traz a sua experiência de vida, dessa forma
há uma mudança daquilo que vai ser ensinado, para torná-lo significativo e atrativo
para que o mesmo continue em sala de aula.
O adulto para EJA, não é aquele sujeito concursado, nem um estudante
universitário, o qual está à procura de aperfeiçoar profissionalmente seus
conhecimentos, muito menos aquele com uma escolaridade regular. São
geralmente homens e mulheres desempregados, trabalhadores em busca de uma
melhor condição de vida, uma boa moradia e que lutam para superar suas
condições precárias, no qual estão nas raízes do analfabetismo.
O tema "Educação de pessoas jovens e adultas", não remete-nos apenas a uma
questão de especificidade etária, mas, primordialmente, a uma questão de
especificidade cultural. Isto é, apesar do corte por idade (jovens e adultos são,
basicamente, não-crianças). (RIBEIRO, 2001).
Essa citação explica que a educação de jovens e adultos não vem para mostrar a
questão da idade, mas também, a questão cultural que muitas das vezes vem
contribuir para que haja certa discriminação na sociedade, devida a esse corte de
idade. Sabe-se que jovens e adultos são basicamente não-crianças, os quais
devem ser tratados sem desprezo, até porque os mesmos já trazem consigo uma
história de vida não muito boa.
O professor de jovens e adultos deve estar preparado para trabalhar com cada tipo
de vida inserida na sala de aula. Além de uma boa interação professor-aluno, a
qual vai contribuir no processo ensino-aprendizado para o próprio crescimento do
educando e do educador em proporcionar meios que venham ajudar no
desenvolvimento do aluno no meio escolar. E que dentro da sala de aula, devem
existir grupos com pessoas de idades diferentes (adulto/jovem) na qual eles têm
que se juntar para formar um grupo de cultura dentro da educação de adultos.
O conceito de educação de adultos vai se movendo na direção ao de educação
popular na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências à
sensibilidade e a competência cientifica dos educadores e educadoras. Uma
destas exigências tem a ver com a compreensão crítica dos educadores do que
vem ocorrendo na cotidianidade do meio popular.(GADOTTI, 2003).
Para este autor, ao contrário de Ribeiro, a definição de educação de adultos vai se
deslocando na direção de educação popular na proporção que a realidade começa
a fazer algumas insistências à sensibilidade e a competência científica dos
educadores. Uma destas críticas é quanto à reflexão dos procedimentos didáticos,
e a respeito dos conteúdos a serem ensinados, o qual não pode ser estranho para
o nível de cultura que o mesmo se encontra. O professor deve partir da vivência de
cada aluno, para que haja um bom desenvolvimento no ensino-aprendizagem do
mesmo.
Observa-se no meio popular trabalhadores urbanos reunindo-se para rezar ou
discutir seus direitos e deveres como qualquer cidadão, pois, nada pode fugir à
curiosidade de ver educadores se envolvendo na prática da educação popular.
Sabe-se também que a educação de adultos, transformando-se em educação
popular, chegou a se tornar mais ampla, possibilitando oferecer certos programas
como alfabetização, educação de base com profissionalização ou em saúde
primária.
A função reparadora da EJA significa não só a entrada no circuito dos direitos civis
pela restauração de direitos negada: O direito a uma escola de qualidade, mas
também o reconhecimento daquela igualdade autológica de todos e qualquer ser
humano. Dessa negação, evidente em toda a trajetória brasileira, resulta uma
perda; o acesso a um bem real, social e simbólico. (LIMA, 2006).
Sendo assim, a função de cobertura aos trabalhadores de uma classe social
menos favorecida economicamente e politicamente. A reentrada no sistema
educacional daqueles que tiveram uma interrupção forçada deve ser saudada
como reparação corretiva, ainda que tardia, possibilitando aos indivíduos novas
oportunidades no meio social, com uma vida digna de conhecimento escolar.
Dessa forma, a EJA representa um caminho de aceleração no desenvolvimento do
Brasil, que vem se arrastando com essa desigualdade social durante toda a
história.
ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS NO BRASIL
A constituição Federal de 1988 estabelece que "a educação é direito de todos e
dever do estado e da família [...]" e ainda ensino fundamental obrigatório e gratuito,
inclusive sua oferta garantida para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
escolar.
O parecer 05/97 do Conselho Nacional de Educação aborda a questão da
denominação "Ensino de jovens e adultos" e "Ensino supletivo", define os limites
de idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos,
define a competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de
certificação.
A legislação atual em vigor que rege a respeito da EJA, encontra-se amparada na
lei de diretrizes e bases de educação nacional n° 9394 de dezembro de 1996,
constam no título V (dos níveis e da modalidade de educação e ensino), capitulo II
(de educação básica), seção V, dois artigos relacionados, especificamente, a
educação de jovens e adultos:
Art.37- A educação de jovens e adultos seu destinado aqueles que não tiveram
acesso em continuidade de estudo no ensino fundamental e médio na idade
própria.
Inciso 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aosjovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames.
Inciso2° O poder publico viabilizará e estimulará o acesso à permanência do
trabalhador na escola, mediante ações integrada e complementares entre si.
Art. 38- Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular.
Inciso1° Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:No nível de inclusão
do ensino fundamental, para os níveis de quinze anos.
II. No nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
Inciso2° Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios
informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. (BRASIL. MEC, 2008).
Plano nacional de educação tem-se com seus objetivos e prioridades:
Garantia de ensino fundamental a todos os que não tiveram acesso na idade
própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa
prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de
partida e intrínseca desse nível de ensino. A alfabetização dessa população é
entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básicos de cultura
letrada, das operações matemáticas elementares, de evolução histórica de
sociedade humana. (Ibid.).
A legislação brasileira mostra uma forte necessidade do país em traçar metas para
minimizar o número de analfabetos no país. Sabe-se que o homem necessita do
conhecimento como se fosse o alimento para sua sobrevivência, acredita-se
também o estudo movimenta o convívio com os demais, pensando na sua
existência transformadora de realidade.
Sem medo de errar, conclui-se que é a falta de educação, no sentido mais amplo
da palavra, e de uma educação de qualidade, que seja atraente e não excludente,
e não a pobreza em si considerada, a verdadeira causa do grande aumento da
violência que nosso País vem enfrentando nos últimos anos.
O combate à evasão escolar, nessa perspectiva, também surge como um eficaz
instrumento de prevenção e combate à imensa desigualdade social que assola o
Brasil, beneficiando assim toda a sociedade.
Possuindo diversas causas, que vão desde a necessidade de trabalho do aluno,
como forma de complementar a renda da família, até a baixa qualidade do ensino,
que desestimula aquele a freqüentar as aulas.
E isto ocorre não em razão da falta de previsão legal para sua existência, na
medida em que tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8.069/90),
quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96), como
decorrência do enunciado dos art. 206, inciso I e 208, §3º, da Constituição Federal,
há muito contém disposições expressas no sentido de sua obrigatória criação.

Educação de Jovens e Adultos


A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de
ensino, que perpassa todos os níveis da Educação Básica do país.
Essa modalidade é destinada a jovens e adultos que não deram
continuidade em seus estudos e para aqueles que não tiveram o
acesso ao Ensino Fundamental e/ou Médio na idade apropriada.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), em seu


artigo 37º § 1º diz:

Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos


adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de
trabalho, mediante cursos e exames.

Os antigos Cursos Supletivos particulares, que até alguns anos eram


a única opção para que jovens e adultos cursassem principalmente o
Ensino Médio (2º grau na época), perderam espaço, embora algumas
Instituições continuem sendo referência.

Porém, algumas dessas Instituições (que se dizem reconhecidas pelo


MEC) passaram a oferecer cursos relâmpagos (com o mesmo
currículo do EJA), não presencias, ou seja, a distancia, com custos
elevados. Ao final do prazo “prometido” pela Instituição, o educando
presta os “exames”. Não são poucas as denuncias de fraudes e venda
de diplomas falsos.

Segundo a LDB, em seu artigo 38º, “os sistemas de ensino manterão


cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional
comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
caráter regular”.

No mesmo artigo, é definida a idade mínima para a realização dos


exames:

- Maiores de 15 anos podem prestar exames para a conclusão do


Ensino Fundamental.
- Maiores de 18 anos podem prestar exames para a conclusão do
Ensino Médio.

Adolescentes com idades inferiores as estabelecidas acima devem


freqüentar as escolas regulares.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e


Adultos no Ensino Fundamental foram publicadas em três segmentos
e estão disponíveis no site do MEC. Já o currículo para o EJA no
Ensino Médio utiliza como referência a Base Nacional Comum, que
deve ser complementada por uma parte que atenderá a diversidade
dos estudantes.

Muitas vezes as pessoas que se formam nessa modalidade de


educação são vítimas de diversas espécies de preconceitos. É
importante lembrar que a maioria das pessoas que frequentam a
Educação de Jovens e Adultos é comprometida com a aprendizagem,
entendem a importância da educação, portanto estão lá por que
desejam e/ou precisam.
A EVASÃO DOS ALUNOS DA EJA
O Brasil é um país com suas grandes dimensões de desenvolvimento, onde se
analisa seu crescimento chegando a gerar varias mudanças positivas no qual
pode-se citar: Os avanços tecnológicos, como viagens espaciais; informações
digitais; a rapidez da comunicação; além de países desenvolvidos entre outros,
sem nos importarmos com o futuro da educação, que chega a tornar-se
vergonhoso ao ver a miséria, a pobreza e a fome se alastrar pelo mundo inteiro.
Observa-se que os governantes gostam de expor as sociedades estatísticas que
colocam na rota do primeiro mundo, propondo mudanças que acabam marcando a
entrada do novo século. Para alguns, com sua visão monstruosa, cabe falar de
crise, para outras pessoas, transformações. Queremos transformações positivas,
onde possa acabar não só com a pobreza, mais também com a desigualdade
entre as pessoas. Devemos buscar um Brasil de progresso, fazendo do impossível
para o possível, contribuindo para uma educação de progresso. (RAINHO, 2001).
Analisa-se que por mais que lutemos pelos nossos direitos em poder ter uma vida
digna, sem corrupção dos governantes, onde possamos ter uma educação de
qualidade, educadores competentes, para um melhor desenvolvimento, fazendo
dele um país construtivista nas suas ações, nos defrontamos com o futuro da
nossa educação, no qual chega a se tornar carente ,quando falamos em educação
para todos ,de acordo com a constituição de 1988.
O analfabetismo tem sido uma questão de grande discussão a respeito da
educação. Há muito tempo atrás, observa-se as mesmas dificuldades com respeito
à aprendizagem, às inúmeras reprovações e evasão escolar. Apesar das leis
impostas pelo governo em oferecer um ensino gratuito para todo cidadão, seja ele
jovem ou adulto, a exclusão social, além do índice de pobreza ainda continuam,
e,na maior parte das vezes, chegam a impedir a presença do aluno na escola.
É muito importante analisar atentamente os alunos que freqüentam a escola, pois
adultos e jovens possuem toda uma história e as levam para a fora da instituição
escolar, e agora trouxeram de volta. O educador ao saber dessas dificuldades que
os mesmo vem passando ao longo da sua trajetória de vida, analisando as
expectativas do educando adulto, deve crescer seu interesse e mostrar a
verdadeira aprendizagem depende muito mais que atenção às revelações feitas
pelo professor e atividades mecanizadas de memorização.
Verifica-se que experiências antigas de fracasso e exclusão no ensino regular vêm
contribuir para que o jovem e adulto tenha uma auto-imagem negativa cabendo
aos educadores ajudarem os educandos a reorganizarem sua imagem da escola,
das aprendizagens escolares e de si próprios.
Quando a escola exige muito da execução do horário que muitas das vezes não se
adéqua com a do trabalho, no qual acaba contribuindo para desistência desse
aluno, levando-o a parar de estudar, devido não conseguir cumprir as normas da
escola. O educador por mais que entenda a situação do aluno, onde nem o aluno,
nem o professor têm a mesma opinião para garantir sua permanência do aluno na
escola.
O educador muitas das vezes procura um trabalho diferente, que possibilite o
despertar de suas habilidades para que o educando possater um maior
desempenho nos estudos, contudo, na maioria das vezes, não chega a obter
sucesso, devido toda sua trajetória de vida no meio escolar não muito
boa,chegando a bloquear o seu interesse pela escola.portanto, quando este chega
a EJA - educação de jovens e adultos,acaba encontrando-se cansado,
massacrado e desmotivado, convencendo-se de que não consegue mais aprender.
Um outro caso a si colocar, chegando a causar grande transtorno, é a questão do
ciúme bem mais definido no sexo masculino,em pensar que a companheira vai
para escolanão com intuito de estudar, mais sim, de namorar. Muitas são as
habilidades que eles utilizam para dificultar a permanência da mesma na escola.
Para Meireles (2001) umas das causas da evasão é quanto a estudantes
registrarem um atraso mínimo de 2 anos em relação à série e idade, devido o
índice muito grande de reprovação e repetência constantes, chegando a causar
conseqüências graves para o aluno.
A educação é algo que deve ser analisado a todo o momento, quanto às suas
causas de oferecer um ensino adequado para cada nível cultural que o educador
vem se deparando a todo o momento e refletir diante a sua postura de professor
educador.
A escola precisa de educadores capacitados com propósito de querer buscar
meios que amenizem o índice de alunos evadidos, apesar de muitos dos alunos
serem os próprios causadores da evasão, devido não terem prazer de querer
estudar, às vezes vão para escola só para não ficar em casa, enquanto outros
acabam retornando para instituição com intuito de vencer na vida, e poder ter um
trabalho mais digno para si.
Segundo Smink (2002) diante seu comentário sobre abandono escolar, colocando
que nos Estados Unidos a evasão é um dos desafios mais significativos
enfrentados por educadores acrescentando que sem uma boa educação, os
estudantes chegaram a se tornar mal preparados para enfrentar os grandes
desafios da economia e prestar toda sua contribuição para a sociedade
americana.Vê-se que para o futuro, um mundo melhor, onde possa haver a
diminuição da pobreza e miséria existe em todo mundo, contando com o apoio dos
educandos em fazer do amanhã um futuro bem melhor, através de grandes
transformações.
Clarilza Prado, Professora da Pós-Graduação de Psicologia da Educação da
Universidade Católica de São Paulo, acredita que através de programa de
aceleração, como exemplo do Instituto Ayrton Senna, além de ajudar no
aprendizado e a auto-estima do estudante, ela vem contribuir par uma educação
de mais qualidade. Um aspecto negativo que a mesma chega a apontar é a
respeito que muitas escolas tradicionais não se organizam para se unir as classes
de aceleração com propósito de acabar com a evasão escolar e dando todo apoio
e sua contribuição no qual escola regular não teve um preparo para oferecer-lhe.
Diante de tantos avanços que vêm ocorrendo no mundo inteiro, vem-se mostrar
que exclusão escolar é uma das causas de se chegar à exclusão social ,que vem
facilitar com que o aluno evada além do desemprego gerar a separação das
famílias e tem levado ao aumento de crianças e jovens a deixarem a escola mais
cedo para entrarem-no mercado de trabalho infantil para ajudarem no sustento da
família.
Ao mesmo tempo em que o Brasil cresce com seus grandes desenvolvimentos,
principalmente o grande avanço na garantia ao acesso a escola, o relatório mostra
que quarenta e quatro por cento dos alunos evadem e repetem a primeira série,
chegando a ser um dos índices mais altos verificados.
O Brasil deve crescer como um todo, dando mais oportunidade a toda população
em poder ter um futuro com grandes transformações educacionais para que venha
trazer resultados positivos para o povo. Um exemplo de mudanças positivas é
poder amenizar o índice de pobreza, além de possibilitar uma educação de
qualidade no mundo em que vivemos para acabar com o analfabetismo que é
consequência de uma má educação.
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA ALÉM DA SALA DE AULA.

RESUMO
Este artigo é uma contribuição para a reflexão dos educadores sobre a
importância do processo avaliativo com vista à emancipação dos
estudantes da educação de jovens e adultos para uma sociedade
centrada no ser humano. Buscando fundamentação teórica em
autores como Dória, Gama, Freire, Hoffmann, Luckesi, Mészáros,
Perrenoud e Santos, propõem aos professores o desafio de uma
prática avaliativa para além da sala de aula, alcançando a objetividade
social nas práticas avaliativas em nossas escolas.

1. INTRODUÇÃO: 

Tema que ainda vai pautar as reflexões de muitos educadores, a


avaliação educacional ainda não ocupou sua importância para a
tomada de decisões no interior das escolas públicas com vistas a um
ensino de qualidade, principalmente quando se tratando da EJA –
Educação de Jovens e Adultos.

O presente estudo sobre a avaliação pretende iluminar as práticas


educacionais na educação de jovens e adultos, especialmente no
PROEJA - Programa de Integração da Educação Profissional Técnica
de Nível Médio ao Ensino Médio na Modalidade de Jovens e Adultos,
a favor de uma avaliação que possibilite romper com os mecanismos
impostos pela sociedade de consumo ao processo de ensino-
aprendizagem para além das perspectivas da sala de aula, buscando
uma formação irrigada em valores que promovam efetivamente a
emancipação do sujeito histórico - o estudante – para que ele
contribua com a transformação da própria sociedade, visando a
construção de uma nova ordem social livre da alienação, do
consumismo desenfreado, do egoísmo, da competição mercantil
desumanizadora que os vitimaram.

Outro fator relevante que pretende-se com esta abordagem é provocar


na comunidade acadêmica condições para que a avaliação
educacional possa definitivamente romper com a visão unilateral do
processo e possibilite a construção de uma cultura escolar do diálogo
e que sepulte a neutralidade política e promova uma revolução do
sistema em favor do estudante e do professor como sujeitos que
constroem as relações dentro e fora da sala de aula.

Nas abordagens de muitos teóricos a avaliação sempre foi fator


importante, porém o que se constata é que tais reflexões nunca vão
além da objetividade ou subjetividade dos processos avaliativos.
Partindo desta verificação pretende-se mediar as discussões acerca
da avaliação do ensino /aprendizagem compreendendo a educação
em seu sentido lato e o ser humano em sua totalidade para que
possamos emancipá-lo, garantindo-lhe a autonomia e a consciência
crítica perante o mundo do trabalho e quanto ao papel que lhe é
designado na sociedade em que vivemos. Só assim a avaliação estará
comprometida com a formação do indivíduo que será capaz de
contribuir eficazmente na transformação da estrutura social que exclui
milhões de jovens da escola na idade adequada e que passam a
formar o contingente da Educação de Jovens e Adultos – EJA.
Porém, não podemos pensar numa avaliação fragmentada e
descontextualizada se queremos mudar a realidade das nossas
escolas públicas e da própria sociedade. A avaliação tem se
comportado como instrumento meramente seletivo quando deveria ter
caráter emancipador, reflexivo, e de tomada de decisões com vistas à
qualidade do ensino e à democratização do conhecimento. No âmbito
das escolas públicas e particulares da educação básica, a avaliação
tem cumprido eficientemente o papel de coroar um sistema
corrompido pelos valores alienantes do capital, baseado,
principalmente, na hierarquização onde ao “aluno” é imputado toda
responsabilidade pelo fracasso.

Quando a abordagem acerca da avaliação recai sobre a Educação de


Jovens e Adultos fica impossível não praticar uma avaliação dialógica
que vá na contramão do sistema vigente por séculos na educação
brasileira, até porque um dos fundamentos da EJA é proporcionar ao
indivíduo a formação de sua consciência crítica acerca de sua própria
identidade numa perspectiva educacional de aprendizado contínuo
para além dos valores do mercado.

Dentro dessa perspectiva educacional pretende-se, com este trabalho,


auxiliar os professores a promover uma avaliação que respeite o perfil
tão específico dos estudantes jovens e adultos, valorizando suas
expectativas, experiências de vida e sonhos.

Alfabetizar na EJA: o que muda no planejamento

das aulas?

A defasagem na escolaridade leva muitos alunos a procurarem a


Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em geral, este público é
atendido por professores formados para atuar no Ensino Fundamental
e que costumam trabalhar paralelamente com as crianças das turmas
regulares. Apesar de o currículo ser essencialmente o mesmo, quem
frequenta a EJA já é adulto e busca outra finalidade com os estudos.
Por isso, o professor precisa fazer adaptações na escolha dos temas, na
abordagem e no tratamento que dá à turma. 

Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do


Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer
os alunos "suas expectativas, sua cultura, as características e
problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem".
Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis
de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são
experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do
educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber
mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos
alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais
propriedade.

Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do


Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer
os alunos "suas expectativas, sua cultura, as características e
problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem".
Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis
de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são
experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do
educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber
mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos
alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais
propriedade.

A professora Miriam Capitânio Macgnani, da EM Madre Celina Polci,


em São Bernardo do Campo (SP), dá aulas para uma turma de 19
alunos que trabalham na construção civil. Eles fazem parte de um
projeto da prefeitura e frequentam a escola durante o expediente para
elevar o grau de escolaridade e aprimorar os conhecimentos da
profissão. Além das aulas regulares, são acompanhados por um
professor de nível técnico. 

Para aproximar os conteúdos curriculares da realidade dos alunos,


Miriam propôs uma pesquisa sobre diferentes tipos de construção e
suas funções. Como muitos vivem em moradias irregulares, o impacto
destes ambientes na sociedade, na natureza e na saúde dos estudantes
é debatido em sala, com o apoio de fotos do acervo municipal.

Em outra ocasião, uma das estudantes, de 27 anos, contou que já


estava na nona gestação apesar da pouca idade. Ciente que o tema era
familiar ao resto do grupo, a professora preparou uma aula sobre
métodos contraceptivos e saúde da mulher, que contou com boa
participação da turma. "Contextualizo o conteúdo porque o
aprendizado para eles têm que ser significativo, afinal buscam a escola
para mudar a própria vida", explica a docente.

Muitos dos alunos de Miriam ainda não sabem ler. Para alfabetizá-los
a Secretaria de Educação desenvolveu um material exclusivo. Na hora
de propor aos alunos a escrita de uma lista de palavras, por exemplo,
ela opta por termos relacionados ao cotidiano da construção civil. Esta
é uma escolha importante, já que aquilo que é utilizado na
alfabetização dos pequenos, como parlendas e listas com nomes de
animais, não serve para os adultos. O trato infantilizado é, inclusive,
um dos motivos que afastam os alunos da EJA da escola e pode ser
apontado como uma das causas para a queda de 6% nas matrículas,
revelada no último Censo Escolar. Uma dica é substituir estes textos
por poesias ou letras de músicas conhecidas.

Os jovens e adultos e a escola Expectativas

Com base na
experiência ou em pesquisas sobre o tema, sabemos que os motivos que levam os jovens
e adultos à escola referem-se predominantemente às suas expectativas de conseguir um
emprego melhor. Mas suas motivações não se limitam a este aspecto. Muitos referem-se
também à vontade mais ampla de “entender melhor as coisas”, “se expressar melhor”,
de “ser gente”, de “não depender sempre dos outros”. Especialmente as mulheres,
referem-se muitas vezes também ao desejo de ajudar os filhos com os deveres escolares
ou, simplesmente, de lhes dar um bom exemplo. Todos os adultos, quando se integram a
programas de educação básica, têm uma idéia do que seja a escola, muitas vezes
construída baseada na escola que eles freqüentaram brevemente quando crianças. Quase
sempre, apesar de se referirem à precariedade dessas escolas, lembram delas com
carinho e sentem com pesar o fato de terem tido de abandoná-la ou de nunca terem tido
chance de freqüentá-la. É provável que esperem encontrar um modelo bem tradicional
de escola, com recitação em coro do alfabeto, pontos copiados do quadro negro,
disciplina rígida, correspondendo a um modelo que conheceram anteriormente. Com
relação aos educandos com essas expectativas, o papel do educador é ampliar seus
interesses, mostrando que uma verdadeira aprendizagem depende de muito mais que
atenção às exposições do professor e atividades mecânicas de memorização. Com
relação aos adolescentes, essa situação tende a ser diferente. Especialmente nos centros
urbanos, eles estão normalmente retornando depois de Apesar de as pessoas pouco
letradas possuírem muitos conhecimentos válidos e úteis, elas estão excluídas de outras
muitas possibilidades que a nossa cultura oferece 43 Fundamentos e objetivos gerais
Educação de jovens e adultos um período recente de sucessivos fracassos na escola
regular. Têm, portanto, uma relação mais conflituosa com as rotinas escolares. Com
relação a eles, o grande desafio é a reconstrução de um vínculo positivo com a escola e,
para tanto, o educador deverá considerar em seu projeto pedagógico as expectativas,
gostos e modos de ser característicos dos jovens. A imagem que os educandos têm da
escola tem muito a ver com a imagem que têm de si mesmos dentro dela. Experiências
passadas de fracasso e exclusão normalmente produzem nos jovens e adultos uma auto-
imagem negativa. Nos mais velhos, essa baixa auto-estima se traduz em timidez,
insegurança, bloqueios. Nos mais jovens, é comum que a baixa auto-estima se expresse
pela indisciplina e auto-afirmação negativa (“se não posso ser reconhecido por minhas
qualidades, serei reconhecido por meus defeitos”). Em qualquer dos casos, será
fundamental que o educador ajude os educandos a reconstruir sua imagem da escola,
das aprendizagens escolares e de si próprios. Conquistas cognitivas Mas o que, de fato,
a educação escolar pode trazer de novo para esses jovens e adultos que já são cidadãos e
trabalhadores, que já estão integrados de um modo ou de outro em nossa sociedade?
Podemos enumerar algumas conquistas bem evidentes, como o domínio da leitura e da
escrita, das opera- ções matemáticas básicas e de alguns conhecimentos sobre a natureza
e a sociedade que compõem as disciplinas curriculares. Mas os produtos possíveis da
educação escolar não se resumem a esses mais evidentes. Muitos estudiosos e
pesquisadores da cognição humana trataram de estudar as diferenças cognitivas, ou
diferenças nas formas de pensamento, entre pessoas que dominam a escrita e que
passaram por vários anos de escolarização e pessoas que não o fizeram. Muitos desses
estudos concluem que pessoas com mais tempo de escolaridade têm mais facilidade
para realizar operações mentais a partir de proposições abstratas ou hipotéticas,
operando com categorias que não são as organizadas pela experiência imediata. Esse
tipo de operação cognitiva está bastanExperiências passadas de fracasso e exclusão
normalmente produzem nos jovens e adultos uma auto-imagem negativa Os produtos
possíveis da educação escolar não se reduzem ao aprendizado da leitura, escrita e
matemática 44 Fundamentos e objetivos gerais Ação Educativa / MEC te relacionado
com a escrita e com o desenvolvimento do pensamento cientí- fico. Através da escrita
nos chegam informações dos séculos passados, de outras partes do mundo ou de
mundos imaginados; ela impõe uma relação mais distanciada entre os interlocutores.
Com base na escrita também se desenvolveram as ciências modernas, que organizam os
dados da experiência em categorias e leis gerais, formulando proposições altamente
abstratas. Outra característica importantíssima das formas de pensamento letrado e
científico diz respeito à chamada metacognição, ou seja, à capacidade de tomar
consciência das operações mentais, de pensar sobre o pensamento e, assim, poder
controlá-lo melhor. A metacognição é a marca distintiva do pensamento científico:
diferentemente de uma pessoa que resolve problemas práticos do cotidiano ou de um
oráculo que adivinha o futuro, o cientista tem de demonstrar ou justificar seus
postulados e teorias. Essa capacidade de pensar sobre o pensamento está relacionada
com o domínio da escrita de forma mais geral: um texto escrito é uma forma de
pensamento plasmado no papel, é como se no papel pudéssemos “ver o pensamento”,
retomar quantas vezes quisermos seu ponto de partida ou cada um de seus enlaces. É
comum as pessoas recorrerem à escrita para “organizar as próprias idéias”. A escrita nos
ajuda a controlar nossa atividade cognitiva quando, por exemplo, fazemos uma lista de
compras antes de ir ao supermercado e riscamos cada item à medida que os compramos.
A escrita amplia de forma geral a capacidade de planejamento, quando podemos anotar
no papel todas as tarefas que temos a cumprir nos próximos meses e conferir
periodicamente quais ainda não foram cumpridas. A vida na sociedade moderna oferece
uma série de oportunidades para desenvolvermos essas formas de pensamento
autoconsciente e que transcendem nosso contexto de vivência. Mas a escola é, sem
dúvida, um lugar privilegiado para se desenvolvê-las e, certamente por isso, as pessoas
que a freqüentam por muitos anos levam vantagens nesse aspecto. Isso porque a escola
é o lugar onde as pessoas vão para aprender coisas, tendo a oportunidade de pensar sem
estarem premidas pela necessidade de resolver problemas reais imediatos. Por exemplo,
ao conferir o troco que lhe deu o cobrador de um ôniA escola é um lugar privilegiado
para se desenvolver o pensamento reflexivo 45 Fundamentos e objetivos gerais
Educação de jovens e adultos bus, a pessoa tem de fazer uma operação rápida,
empurrada pelo passageiro que vem atrás. Na escola, ela poderá resolver, com calma,
um grande número de operações de subtração usando diferentes procedimentos,
representá-las no papel, compreender o porquê do “empresta um”, chegar a uma
compreensão ampla sobre o funcionamento do sistema de numeração decimal. Ela
aprenderá na escola um conjunto de conceitos que não têm nenhuma utilidade prá- tica
imediata mas que podem ajudar a organizar o sistema de conceitos que compõem sua
estrutura cognitiva. Na escola, ela exercita a realização de tarefas segundo planos ou
instruções prévias. Todas essas aprendizagens colaboraram para desenvolver essa
modalidade cognitiva que definimos como característica do letramento.

30% dos alunos da Educação de Jovens e


Adultos têm entre 15 e 19 anos no Brasil

De acordo com o Censo Escolar de 2014, o Brasil conta com cerca


de 3,5 milhões de pessoas matriculadas na Educação de Jovens e
Adultos (EJA), modalidade da Educação Básica direcionada a
alunos que não puderam completar os estudos durante o período
regular, ao longo da infância e da adolescência. Porém, cerca de 1
milhão desses estudantes ainda estão em idade escolar: 30% das
matrículas de EJA do Brasil são de jovens com idades entre 15 e
19 anos. Em 2007, eles somavam 26% dos estudantes da rede.

Para a maioria desses alunos, a EJA é a via rápida, alternativa à


escola regular, como forma de recuperar o tempo perdido
decorrente da evasão ou da defasagem idade-série. Para Tufi
Machado Soares doutor em Educação e coordenador da unidade
de pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da
Educação (Caed) da Universidade de Juíz de Fora, a modalidade
apresenta-se como uma alternativa escolar mais viável para esse
público. “A EJA pode fazer sentido para esse jovem porque tem um
horário mais apropriado ao estudante trabalhador, permitindo que
ele conclua os estudos; além disso, ele terá uma redução no tempo
total de estudo, o que é conveniente pra ele, já que poderá
recuperar parte do tempo perdido no ensino regular”, afirma o
pesquisador.

A estratégia de recuperação via EJA não parte necessariamente


dos jovens. Há incentivos velados, em redes municipais e
estaduais, para que alunos com defasagem atribuída a uma
suposta dificuldade de aprendizagem e também aqueles
considerados indisciplinados recorram à EJA. Para Maria Clara di
Pierro, doutora em Educação e professora da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo (USP), a EJA no Brasil
acaba cumprindo a função de reinserir no sistema educativo toda
sorte de diversidade rejeitada pelo sistema regular, incluindo jovens
com deficiência intelectual.

A elevada matrícula de jovens na EJA têm representado desafios


para professores e gestores da modalidade, que buscam conciliar a
heterogeneidade de faixas etárias em uma mesma sala de aula,
dando conta das expectativas, necessidades e ritmos de cada uma
delas. Planejada em sua origem para um público adulto, a EJA têm
precisado se reinventar ao oferecer também propostas mais ligadas
ao universo juvenil.

“A EJA pode fazer sentido para esse jovem porque tem


um horário mais apropriado ao estudante trabalhador,
permitindo que ele conclua os estudos; além disso, ele
terá uma redução no tempo total de estudo, o que é
conveniente pra ele, já que poderá recuperar parte do
tempo perdido no ensino regular”, afirma o professor
da Universidade de Juiz de Fora,  Tufi Machado Soares
A problemática esbarra nas deficiências da Educação Básica
regular, que tem relegado a responsabilidade de educar esses
jovens a um sistema que não está totalmente preparado para eles.

Do regular para a EJA


Uker Elgueta, de 20 anos, está no terceiro ano do Ensino Médio em
um curso de EJA, no qual ingressou aos 18 anos. Depois de
sucessivas repetências no ensino regular, o jovem decidiu terminar
os estudos na EJA porque “estava muito velho para a escola e
precisava terminar logo, em função do trabalho”, conta o estudante.

Também aluno do terceiro ano do Ensino Médio na EJA, Caio


Cacimiro, de 20 anos, também optou por fazer essa troca devido ao
atraso escolar: com 18 anos, estava longe de concluir os estudos.
“Repeti a 1ª série do Médio duas vezes, foi então que decidi me
matricular na EJA, para recuperar o tempo perdido; o trabalho
também foi um fator importante, pois precisava de dinheiro e faltava
muito às aulas”, diz o jovem.
Ambos, alunos trabalhadores com histórico de fracassos escolares,
se encaixam no perfil de parcela dos estudantes que optam por
concluir os estudos na EJA.

Êda Luiz, coordenadora geral da unidade do Centro Integrado de


Educação de Jovens e Adultos (Cieja) do Campo Limpo, na grande
São Paulo, que já recebeu tentativas de matrículas de adolescentes
de 13 anos na escola em que trabalha, diz que “esses jovens em
geral vêm direcionados da rede regular por serem velhos para
estarem na escola, como tentativa de corrigir a defasagem idade-
série”. Para a educadora, os adolescentes ainda deveriam
frequentar a rede regular até os 17 anos, pois é uma visão
equivocada acreditar que o aluno aprenderá no mesmo ritmo.

“Existe um desejo, uma demanda das redes, de regularizar o fluxo. E


como a EJA não entra na conta do Ideb, é mais fácil você jogar esses
alunos com mais de 15 anos para fora da escola regular. Você impede
de fazer matrícula na escola da manhã”, afirma Roberto Catelli,
coordenador da unidade de EJA da organização não governamental
Ação Educativa.

 “Repeti a 1ª série do Médio duas vezes, foi então que


decidi me matricular na EJA, para recuperar o tempo
perdido; o trabalho também foi um fator importante, pois
precisava de dinheiro e faltava muito às aulas”, diz o
estudante Caio Cacimiro, 20 anos
O conflito de gerações
Devido à entrada de muitos jovens e adolescentes na EJA, a
heterogeneidade das turmas tem se transformado em um dos
maiores desafios dos gestores e professores da modalidade.
Alinhar a base curricular com as expectativas e necessidades de
todos os grupos é um esforço diário de todos os agentes.  

Considerados muitas vezes intrusos numa escola feita para adultos,


esses jovens também sofrem exclusão na rede. Falta identificação
com a escola, há inadequação dos conteúdos – muitas vezes pouco
relacionados à vida cotidiana deles – e há diferença de postura e de
ritmos de aprendizagem em relação aos colegas mais velhos.

Para Maria Clara, além das reclamações referentes à falta de


valorização do professor e à falta de investimentos na EJA, a maior
preocupação dos docentes é a disparidade entre idades. “Muitos
relatam que os adolescentes não deveriam estar ali e que, com a
presença deles, a gestão pedagógica é dificultada; há o
pensamento de que a EJA foi feita para os mais velhos e por isso
eles têm o direito de estar ali, mas não os jovens”, diz.

Por outro lado, a diversidade em sala pode apresentar ganhos tanto


para alunos quanto para professores, gerando afinidades e maior
reconhecimento entre ambos os grupos. “Na escola, eu gosto
bastante da boa influência dos colegas mais velhos, a gente se
ajuda muitas vezes”, diz o estudante Leonardo Melo, de 18 anos,
matriculado na 1ª série do Ensino Médio de um curso de EJA na
capital.

Êda afirma que “o conflito entre gerações é complicado porque os


mais novos acham que sabem tudo, e aprendem mais rápido do
que os mais velhos. O desafio dos professores é planejar atividades
para todos”. Porém, a educadora diz que falta aos adolescentes
exemplos a seguir, o que pode existir na EJA. “Esses jovens
carecem de mentores para a vida, alguém que possa servir de
referência; portanto, essa troca pode ser positiva”, afirma.

Expectativas e realidades
Para a maioria dos jovens que cursam a EJA, a modalidade serve
como uma aceleração dos estudos, buscando um certificado que
permita-lhes prosseguir com os estudos. Por não se sentirem
representados pela escola que frequentam, eles enfrentam
dificuldades em identificar-se com ela.

Para Cesar Callegari, sociólogo e membro do Conselho Nacional de


Educação ,“alega-se que há um desinteresse na EJA por parte das
pessoas, mas isso acontece por causa da falta de preparo de
professores, falta de estrutura, falta de um currículo interessante e
atendimento às expectativas”.  

Visando chamar o jovem para dentro da escola e dar possibilidades


para que ele prossiga com os estudos, especialistas defendem que
são necessárias políticas públicas e pedagógicas direcionadas a
eles. Para Roberto Catelli, “a primeira coisa a se pensar é qual é o
papel desse sujeito na rede de ensino, que trabalho precisa ser
feito e com que tipo de currículo”. De acordo com ele, a proposta
pedagógica na EJA ainda resume de maneira precária o que se faz
na escola convencional.

“O conflito entre gerações é complicado porque os mais


novos acham que sabem tudo, e aprendem mais rápido
do que os mais velhos. O desafio dos professores é
planejar atividades para todos”, afirma a  coordenadora
geral da unidade do Centro Integrado de Educação de
Jovens e Adultos (Cieja) do Campo Limpo, na grande
São Paulo, Êda Luiz
Dado a falta de identificação com a escola, Êda aponta que a
evasão na EJA durante essa faixa etária também é grande, pois o
jovem entre 15 e 19 anos ainda se sente obrigado a estar na
escola. Segundo a gestora, “esses alunos são muito velhos para a
escola regular, porém muito novos para a EJA; é necessário pensar
em políticas próprias para a idade deles”.  

De acordo com a meta 10 do Plano Nacional de Educação (PNE), o


Brasil deverá oferecer, até 2020, 25% das matrículas de EJA
integradas à Educação Profissional. Para Tufi, “a Educação
Profissional pode ser um caminho para esse jovem, uma forma de
inseri-lo”.

Se pudesse cursar a Educação Profissional com a EJA, Leonardo já


estaria mais perto de conquistar seu grande sonho: ser mecânico e
ter uma oficina de peças automotivas.
O que diz a lei
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, determinou no artigo
38º que a idade mínima para realizar os exames supletivos é de 15
anos para o Ensino Fundamental e de 18 anos para o Ensino
Médio. A partir dessa decisão, presumia-se que podendo prestar os
exames de conclusão, o aluno também poderia frequentar a EJA.

Dez anos depois, essa medida seria reforçada pela Resolução nº3
do Conselho Nacional de Educação (CNE), que manteve a decisão
da LDB e reforçou que a oferta da EJA deveria ser variada, visando
atender plenamente os jovens com mais de 15 anos.

Callegari era presidente da Câmara de Educação Básica do


Conselho na época em que a Resolução nº 3 foi promulgada. De
acordo com ele, a Resolução foi resultado de uma tentativa de se
diminuir a idade mínima. “Houve um debate intenso na época
acerca do assunto e a intenção era que a resolução aumentasse de
15 para 18 anos a idade para frequentar a EJA; porém, após a
discussão ficou decidido que a idade seria mantida”, conta.  

Para Roberto Catelli, aumentar a idade mínima para 18 anos


expulsaria mais jovens da escola. “Se assim acontecer, esse
estudante não vai para a escola de jovens e adultos mas também
não voltará para o ensino regular”, afirma.

O tema provoca discordâncias. Maria Clara di Pierro acredita que a


diminuição da idade mínima tem sido negativa. “Do meu ponto de
vista, a LDB cometeu um equívoco ao estabelecer a idade de 15
anos para a conclusão por exames do Ensino Fundamental; essa
medida precisa ser revista, pois pode gerar mais exclusão”, afirma
a educadora. Porém, ainda de acordo com ela, “não adianta elevar
a idade mínima da EJA sem resolver o problema da Educação que
está no ensino regular”.  

Funcionamento da EJA
De acordo com o artigo 37 da LDB, a “Educação de Jovens e
Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade
própria”. A lei ainda diz, no artigo 38, que os “sistemas de ensino
assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos oportunidades
educacionais apropriadas”. Antes disso, porém, a Constituição de
1988, no artigo 208, já dizia que era dever do Estado garantir “o
Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para aqueles
que não tiveram acesso na idade própria”.

 “Não adianta elevar a idade mínima da EJA sem


resolver o problema da Educação que está no ensino
regular”, declara a professora da Universidade de São
Paulo, Maria Clara di Pierro
A EJA é oferecida tanto pelas redes municipais como as estaduais
de ensino, na maioria das vezes no período noturno, para atender a
demanda do aluno já inserido no mercado de trabalho. As turmas
são oferecidas nas escolas públicas onde há o ensino regular
durante a manhã e tarde: os jovens estudam nas mesmas salas
onde crianças e adolescentes têm aulas. Outra modalidade de EJA
é o CIEJA (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos),
que tem infraestrutura própria e oferece aulas durante os três
turnos: manhã, tarde e noite.

Os cursos de Ensino Fundamental são oferecidos em quatro anos e


geralmente contam com os seguintes ciclos: alfabetização, básica,
complementar e final. Os referentes ao Ensino Médio têm duração
de dois anos. Ao se matricular, os alunos passam por uma
avaliação para identificar qual turma será mais apropriada. Nessa
etapa, a idade ou o nível de escolarização não são os fatores mais
importantes: os conhecimentos prévios do estudante e as
habilidades já adquiridas são mais determinantes

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