Você está na página 1de 11

26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.

br | Jus Navigandi

Este texto foi publicado no Jus no endereço https://jus.com.br/artigos/90660

Para ver outras publicações como esta, acesse https://jus.com.br

O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência


O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência

Bruna Pires Martins

Publicado em 05/2021. Elaborado em 05/2021.

Será abordado no decorrer da pesquisa, o papel da educação como favor preventivo da


criminalidade de jovens infratores.

RESUMO

A Lei n. 8.069/1990, intitulada Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), rompeu com as trajetórias legislativas em que
não concebiam direitos e deveres das crianças e adolescentes. Nessa nova proposta, houve a regulamentação de todas as
providencias, inclusive quanto aos atos de infração praticados por menores, e a disposição de medidas socioeducativas que
possuem papel preventivo de novos infratores penais e a reincidência. O que se pretendeu com o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA),  foi à previsão de medidas socioeducativas que tivessem caráter pedagógico, com especial fim de
ressocializar menores infratores e consequentemente diminuir a reincidência delitiva. Demonstra, portanto, grande
responsabilidade em sua aplicação, sendo extremamente rigorosa. Contudo, é indispensável que a Família, o menor, o Estado
e a sociedade cumpram seu papel na aplicação no que tange a prevenção. Para tanto, será abordado no decorrer da pesquisa, o
papel da educação como favor preventivo da criminalidade de jovens infratores e posteriormente, demonstrar que apesar da
existência das medidas socioeducativas, ainda há um insuficiência para garantir a prevenção da prática de atos infracionais,
nem a sua reincidência., em decorrência da deficiência do Estado e da família no acompanhamento do desenvolvimento da
criança e do adolescente.

Palavras-chave: ECA. Medidas Socioeducativas. Educação. Prevenção. Jovens Infratores.

ABSTRACT

Law no. 8,069/1990, entitled Statute of Children and Adolescents (ECA), broke with legislative trajectories in which they did
not conceive rights and duties of children and adolescents. In this new proposal, there was the regulation of all the
arrangements, including the acts of infraction committed by minors, and the provision of socio-educational measures that
have a preventive role of new criminal offenders and recidivism. What was intended with the Statute of children and
adolescents (ECA), was the provision of socio-educational measures that had a pedagogical character, with a special purpose
of resocializing child offenders and consequently reducing delitive recidivism. It demonstrates, therefore, great responsibility
in its application, being extremely rigorous. However, it is essential that the Family, the minor, the State and society fulfill
their role in the application with regard to prevention. To this end, the role of education as a preventive favor of the crime of
young offenders will be addressed in the course of this research and later, demonstrating that despite the existence of socio-
educational measures, there is still an insufficiency to ensure the prevention of the practice of infractions, nor their
recurrence, due to the deficiency of the State and the family in monitoring the development of children and adolescents.

Key-words: ECA. Socio-educational measures. Education. Prevention. Young Offenders.

1. INTRODUÇÃO

A Lei 8.069/1990 conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê direitos e deveres atribuídos aos jovens, bem
como a previsão de atos infracionais e a proporcionalidade do ato praticado, seu regulamento e as medidas socioeducativas
com caráter pedagógico e sua aplicação.

O Brasil possui programas socioeducativos que visam a reintegração dos jovens infratores, contemplando diversos projetos
visando à melhoria na qualidade de vida dos jovens, relação familiar, a educação, saúde, lazer, dentre outras promoções de
oportunidades de crescimento profissional e pessoal.

Neste diapasão, há no ordenamento a previsão de direitos e deveres das crianças e adolescentes tutelados pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), possuindo a previsão de projetos voltados para ressocialização e medidas aplicadas em
caráter punitivo para infrações praticadas pelos jovens.

Nesse cenário, surgem as seguintes indagações: Onde se encontra a falha na aplicação das medidas socioeducativas, para que
ocorra a diminuição da prática de delitos e também da reincidência que vem sendo recorrente? Há falta de incentivos
financeiros ou ausência de projetos sociais que visam devolver a juventude afastada, sendo necessária a aplicação de medidas
extremas para diminuição de delitos e o combate da “marginalização”?

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 1/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Parte-se do pressuposto, portanto, que é dever e papel de todos, a contribuição para que jovens infratores sejam integrados,
com especial contribuição da educação, que é fator essencial para obtenção de resultados na efetivação da reeducação e
reintegração.

Para tanto, a presente pesquisa contará como objetivo a demonstração da importância das medidas socioeducativas previstas
no Estatuto da Criança e do Adolescente na diminuição da reincidência de infrações penais praticadas por crianças e
adolescentes, através da educação.

Posto isso, será demonstrado de forma breve a trajetória do Estatuto da Criança e do Adolescente e os Direitos das crianças e
adolescentes no Brasil nos últimos anos, bem como demonstrar fatores que induzem os adolescentes a cometer atos
infracionais, melhorias para aumento da eficácia das medidas socioeducativas e relevância do papel da família, do Estado e da
sociedade para prevenção e aumento dos resultados positivos.

A pesquisa será de natureza quali-quantitativa, para obtenção de maiores dados em conjunto, com método especial de
desenvolvimento através de pesquisas bibiográficas sobre o assunto, a partir do levantamento de referências teóricas por meio
de sites e livros acerca do assunto.

2. TRAJETÓRIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE E SEUS PRINCÍPIOS NORTEADORES

Diversos diplomas legais foram instituídos antes da ocorrência do Estatuto da Criança e Adolescente. A sociedade e as leis
criadas, apenas mascaravam a marginalização desses grupos que eram vistos como invisíveis, sem direitos e deveres pelo
Estado.

O Código de Menores foi um marco legislativo no que tange a legislação voltada para crianças e jovens, com principal enfoque
na delinquência no país, visto que criminaliza a pobreza. Era um verdadeiro sistema tutelar, com sanções disfarçadas de
proteção do Estado. (BULHÕES, 2018)

No entanto, os contornos que envolviam esse público mudaram com o advento da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, no qual trazia o artigo 227:

CAPÍTULO VII

Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão

VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem


dependente de entorpecentes e drogas afins. (BRASIL, 1988)

A partir disso, fez-se necessário um diploma mais específico que tratasse as Crianças e Adolescentes como um todo. E então, a
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, surge na ordem jurídica com a denominação de “Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA)”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) rompeu completamente com a ordem disposta no Código de Menores e se
encontrando em consonância com a Constituição Federal de 1988, baseando na doutrina da Proteção Integral, com vistas a
proteger qualquer menor de 18 anos, porém, com outras disposições pertinentes.

Maciel (2013) destaca sobre o emprego da palavra “Estatuto” instituído pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, ao passo
que compreende um conjunto de direitos fundamentais que são necessários e indispensáveis para que a futura formação da
criança e do adolescente.

Este é um verdadeiro microssistema que cuida de todas as estruturas necessárias para implementar as instruções da
constituição para fornecer proteção adequada para crianças e jovens. Trata-se de uma norma especial que abrange um amplo
leque, enumera normas processuais, estabelece tipos de crimes, estabelece normas de direito administrativo, princípios de
interpretação e políticas legislativas. Em suma, é todos os meios necessários e indispensáveis ​à implementação das normas
constitucionais. (MACIEL, 2013)

O Estatuto da Criança e do Adolescente atua em conjunto com a Constituição Federal de 1988, apresentando princípios
fundamentais que embasam a “Doutrina da proteção integral”. De início, destaca-se o Princípio do Melhor Interesse da
Criança e do Adolescente, disposto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), artigo 100, parágrafo único, IV e artigo 227

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 2/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

da Constituição Federal de 1988, conforme mencionado. É tido como basilar e refere-se ao tratamento digno da criança e do
adolescente, respeitando seus direitos fundamentais no maior grau possível, resguardando o interesse superior em todos os
fatos.

O Princípio da Prioridade Absoluta tem previsão no artigo 227 da Constituição da República Federativa do Brasil, bem como
consta com previsão no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), em seus artigos: 4º e 100º parágrafo
único, II que seguem:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude.

Art. 100. 

[...]

Parágrafo único.  São também princípios que regem a aplicação das medidas:

II - Proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta
Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
titulares. (BRASIL,1990)

O Princípio da Corresponsabilidade visa proteger os direitos das crianças e dos jovens através de uma sociedade, de ações
estatais e da família que os responsabiliza, sem qualquer forma de discriminação. Esta é a responsabilidade de todas as
obrigações relacionadas com as crianças e os jovens e não pode eximir-se do exercício pleno dos seus direitos e garantias. Em
primeiro lugar, é atribuído à família por ser menor, em segundo lugar à sociedade e, por último, às ações do Estado para
garantir direitos absolutos e inerentes. (DIAS, 2011)

O Princípio da Condição Peculiar da Pessoa em Desenvolvimento inclui principalmente participações especiais para crianças e
adolescentes em desenvolvimento sob uma ótica especial. Nesses casos, existem situações específicas para essas crianças e
adolescentes, portanto, eles devem ser tratados de forma diferenciada, buscando ajuda em todas as fases do desenvolvimento,
desde a docência até a profissionalização. (MACIEL, 2013)

O Princípio da Municipalização consiste na descentralização da política assistencial ocorrida por meio da Constituição da
República Federativa do Brasil (1988) nos seus artigos 203 e 204. Assim, ocorreu a separação de poderes referente às
atribuições dos entes federativos no que tange aos programas de assistência social, para que políticas públicas fossem
atribuídas de maneira a reconhecer os esforços de efetivação dos direitos e garantias da criança e do adolescente, restando
disciplinado a atribuições de cada ente federativo de forma concorrente. A União restou resguardada a competência sobre
normas gerais acerca dos programas assistenciais à criança e adolescente. (MACIEL, 2013)

Através dos princípios da prioridade absoluta e ainda do melhor interesse e da municipalização, passam a observar os direitos
fundamentais das crianças e adolescentes em conjunto com a Constituição Federal de 1988. Tanto o governo, quanto o estado,
a sociedade e os pais, têm um papel extremamente relevante e devem fornecer todos os meios essenciais para cumprimento
de todo conteúdo proposto no Estatuto da Criança e do adolescente, porém o que vamos considerar a seguir e se de fato as
medidas estão sendo cumpridas utilizando os princípios norteadores devidos e o principal dever da educação no seu
cumprimento ou efetivação.

3. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E SUA APLICAÇÃO

Medidas socioeducativas foram criadas como uma maneira punitiva do Estado. Assim: “Art.103. Considera-se ato infracional
a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. (BRASIL, 1990)

É importante ressaltar que, o ato infracional cometido por criança (até 12 anos incompletos), só poderá ser aplicada medidas
de proteção taxadas no artigo 136, parágrafo 1°, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), portanto, não se
enquadrando as medidas aqui descritas, já que a sua competência é dirigida ao Conselho Tutelar. (BRASIL, 1990)

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 3/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Já aos adolescentes, após o cometimento do ato infracional, que deve ser fato típico, antijurídico e culpável, deverá ser
analisada a sua responsabilização e a coerência com os requisitos normativos provenientes da seara criminal. Deste modo,
como o menor de 18 anos é considerado inimputável as aplicações das sanções tipificadas nos artigos penais, observarão o
artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). (BRASIL, 1990)

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê medidas socioeducativas em seu artigo 112, no qual tem o objetivo de
garantir o poder estatal na prevenção da prática de infrações e evitar a reincidência. Além disso, é de suma importância
observar a idade do infrator no momento do ato praticado, conforme previsão no artigo 104 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). (BRASIL, 1990)

As medidas socioeducativas tem previsão no artigo 112 e seguintes do Estatuto da Criança e Adolescente.

Capítulo IV

Das Medidas Sócio-Educativas

Seção I

Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:

I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semiliberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. (BRASIL, 1990)

Seguindo os dispositivos legais “Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e
assinada”. Será reduzida a termo pelo juiz e deverá constar assinatura do menor, pais ou responsáveis. Ademais, a aplicação
dessa medida socioeducativa consiste em repelir novas condutas a outros fatos coincidentes (reincidência) e até condutas
mais gravosas, servindo de alerta aos riscos que tais práticas antissociais podem ocorrer. (BRASIL, 1990)

Vale lembrar que “Art. 114. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e
indícios suficientes da autoria”. (BRASIL, 1990)

A obrigação de reparar o dano, “Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima”. (BRASIL, 1990)

Se, “Art.116. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.”
(BRASIL, 1990)

Já a prestação de serviços à comunidade, consistirá:

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse
geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em
dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. (BRASIL,
1990)

Outra medida disposta pelo legislador é a Liberdade Assistida, com previsão nos artigos 118 e 119 do Estatuto da Criança e
Adolescente (Lei n. 8.069/90 – ECA). Para sua aplicação, deverá ser respeitado o prazo de seis meses no mínimo, com
possível prorrogação ou substituição por outra medida. (BRASIL, 1990)

Poderá ocorrer o acompanhamento do adolescente, se for necessário, designada pela autoridade. Ademais, nesse caso, surge o
acompanhamento educacional para desenvolvimento do adolescente, como forma de, futuramente, inseri-lo no mercado de
trabalho, bem como orientação e acompanhamento da família ou responsáveis. (BRASIL, 1990)

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 4/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Mais uma vez, a educação surge em outra medida, a da semiliberdade. Tem previsão no artigo 120 e parágrafos, no qual
dispõe:

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados
os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
internação. (BRASIL, 1990)

Por fim, surge a internação, uma das medidas socioeducativas, com rol mais extenso de direitos e a forma de aplicação. Sua
aplicação será pautada “Art.121 [...] aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.” (BRASIL, 1990)

São diversos direitos que o jovem fará jus, inclusive, a de escolarização e profissionalização, conforme artigo 124, inciso XI.
(BRASIL, 1990)

Importante ressaltar outro diploma legal no que se refere às medidas socioeducativas que é a Lei 12.594 de 2012, denominada
Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), com vistas a regulamentar a execução das medidas
socioeducativas. (BRASIL, 2012)

O objetivo da referida lei em comento compreende a distribuição da competência dos entes federativos e ainda,
responsabilizar o adolescente infrator, porém, buscando a sua reintegração na sociedade, mas demonstrando a
reprovabilidade da sua conduta, conforme § 2º do art. 1º, a Lei do Sinase. (BRASIL, 2012)

As medidas socioeducativas, além do caráter sancionatório, apresentam também, caráter pedagógico, possuindo uma
natureza híbrida, no qual, contará com Planos de Atendimento Socioeducativo, com ações articuladas nas áreas de educação,
conforme Artigo 8º, da Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). (BRASIL, 2012)

Não menos importante, a lei em comento ainda dispõe no seu artigo 82:

Art. 82. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis federados, com os
órgãos responsáveis pelo sistema de educação pública e as entidades de atendimento, deverão, no prazo
de 1 (um) ano a partir da publicação desta Lei, garantir a inserção de adolescentes em cumprimento de
medida socioeducativa na rede pública de educação, em qualquer fase do período letivo, contemplando
as diversas faixas etárias e níveis de instrução. (BRASIL, 2012)

As medidas socioeducativas quando aplicadas aos jovens infratores, com visto, possuem caráter sancionatório, porém, com
finalidade pedagógica. É necessário que o adolescente se encontre em um cenário de ações voltadas para a educação, ao passo
que conseguirão estar inseridos em um ambiente diverso da criminalidade, se redimindo, com contato da família, educador,
para especial fim de prevenir novas condutas (reincidência). (ELERATE; COGO; RESENDE, 2020)

4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA

Como visto, o foco principal da pesquisa é a educação como fator preventivo da criminalidade e violência sob a perspectiva do
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

São diversos pontos a serem apresentados no que tange a educação como forma de prevenir os problemas com a
criminalidade, com três fases de prevenção. A primeira é direcionada a qualquer indivíduo, pois tendem a abordar temas que
envolvem a educação e políticas públicas capazes de compreender os conflitos existentes e reprimir a reincidência.
(MESQUITA NETO, 2004).

A prevenção secundária compreende ações voltadas aos indivíduos que facilmente se tornam reincidentes ou que se
envolveriam com crime. Voltada para educação, em sentido amplo, com trabalho de qualificação ética e moral,
principalmente de jovens. (MADEIRA; RODRIGUES, 2015)

Por fim, a prevenção terciária encontra-se focada aos jovens que cometeram o delito e se encontra em uma das modalidades
de medidas socioeducativas, impedindo sua reincidência, com o objetivo de inseri-lo na sociedade novamente. (SILVA, 2010).

Para Senna (2019) a vulnerabilidade social é fator que está diretamente ligado com a criminalidade de jovens, ao passo que
está correlacionada com a pobreza, miséria, dificuldade de acesso a políticas públicas sociais. Ademais, a falta de estrutura
familiar contribui ainda mais para jovens a seguirem o caminho do crime.

O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que é papel da família e do Estado a promoção de direitos básicos,
como educação, profissionalização, saúde, dentre outros e quando isso não ocorre, jovens optam por praticar atos infracionais
e consequentemente estende-se a futura reincidência. (SENNA, 2019)

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 5/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

A maioria dos jovens que se encontram na criminalidade, é compreendida pelo sexo masculino, com envolvimento no crime
de tráfico de drogas, e que sempre são seduzidos a voltar ou a se manter ali pelos próprios colegas do crime. (MEIRELLES;
GOMEZ, 2009)

Alguns jovens alegam que a falta de apoio familiar é um dos fatores que os insere na criminalidade, principalmente pela falta
da figura do pai, já que a maioria morava apenas com a mãe. (MEIRELLES; GOMEZ, 2009)

Em conjunto, a falta de acesso na escola se mostrou relevante. Em pesquisa realizada por (autores) demonstrou que dos 30
jovens, apenas quatro frequentavam ensino escolar, sendo: dois que concluíram o ensino fundamental e, dois estavam a
finalizar o ensino médio (um por anseio de uma futura profissionalização e outro por apoio familiar). Os outros 26 não
concluíram nem o ensino fundamental. (MEIRELLES; GOMEZ, 2009)

Abandonaram muito cedo a escola, e por isso se envolveram com o tráfico, visto que não coseguiam emprego pela falta de
escolaridade. O próprio convívio com o mundo do crime os fez criar hábitos e linguagens que os afastam mais ainda da
inserção no mercado de trabalho. (MEIRELLES; GOMEZ, 2009)

Mais de 51% dos jovens que cometem crimes, não frequentem a escola. A evasão escolar é um dos primeiros passos para a
entrada do jovem no mundo do crime. Estão fadados a entrar na informalidade, que facilmente é encontrada a criminalidade.
Quando o adolescente entra no meio conturbado delituoso, dificilmente ele será interrompido, se não entrar na educação,
afirma Andre Ramal para Globo News (2019)

O processo evolutivo para formar indivíduos que se encontrem em situação de cometimento de atos infracionais é
pressuposto que a Educação é o instrumento mais eficaz para que reduza a marginalidade, pois consegue inseri-lo em um
ambiente de capacitação e profissionalização, ao passo que consegue conscientizá-lo sobre os valores, morais, éticos e
principalmente os sociais, que reprovam determinar práticas, diminuindo a noção que praticar crimes é algo benéfico e
natural. (QUERIDO, 2017)

Para Duarte (2010) a educação é uma forte aliada para que jovens indivíduos sejam afastados da prática de crimes e inclusive
da reincidência, pois forma a uma cidadania responsável e conscientizadora, que em conjunto, reduziram a criminalidade.

Conforme mencionado anteriormente, a Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), possui uma
política que verdadeiramente procurou inovar em questões socioeducativas, voltada aos jovens que se encontram em conflito
com a lei. Assim, o SINASE possui diretrizes voltadas a garantir ao adolescente as práticas contidas no artigo 4º do Estatuto
da Criança e Adolescente. Portanto, além de ser um instrumento efetivo para a redução da criminalidade, está previsto como
um direito que deve ser assegurado, principalmente quando se tratar de medidas socioeducativas que são de privação de
liberdade. É um direito que o adolescente possui de formação tanto educacional quanto profissional, como que ocorra seu
amadurecimento e não permita seu retorno aos crimes. (BRASIL,2012; BRASIL, 1990; BRASIL, 2012)

A Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) aponta diretamente o caráter educativo que as medidas
socioeducativas possuem, pois não podem se limitar a sanção do infrator, mas bem como introduzir uma dimensão educativa
da medida, ao passo que a educação é a primeira forma para formação social. (BRASIL, 2012)

Mister relembrar que o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) é paulatino em recomendar que as medidas socioeducativas
sejam aplicadas com a observância de não prejudicarem sua socialização, principalmente no que se refere aos necessidades
pedagógicas, no que se refere à educação, ao passo que podem transformar a vida social dele e bem como seu vínculo familiar.
(FARIA, 2019)

Assim, perceptível é que a educação contribuirá para que jovens infratores se afastem cada vez mais da criminalidade, e se
aproximem de questões políticas, sociais, familiares, ao passo que conseguirá sua inserção ao convívio social por meio de
instituições educacionais. (ELERATE; COGO; RESENDE, 2020)

A escola é um verdadeiro palco pedagógico, possibilita o trabalho de diversas áreas, principalmente a que se refere à formação
técnico profissional, através de conhecimento, família e formação pessoal. Os pais devem desenvolver um importante papel
nesse sentido, ao passo que se compreender que uma boa educação é o alicerce social, poderá evitar que seus filhos não
cometam crimes ou repita-os. (ELERATE; COGO; RESENDE, 2020)

O caráter pedagógico contido na lei, refere-se a introdução do jovem na educação, para que ele obtenha formação profissional,
principalmente a reeducação do crime cometido, para que ocorra mudanças significativas. (ELERATE; COGO; RESENDE,
2020)

Assim, Elerate, Goco e Resende (2020, p.54) ainda asseveram:

Ademais, um direito fundamental, previsto na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do


Adolescente, é o Direito à educação, que consiste não só no simples fato de ter instrução e alfabetização,
mas também o acesso à educação de qualidade, que é uma ponte entre a inclusão social em seus diversos
níveis e para a cidadania plena. A educação se faz ainda mais fundamental quando se trata de
adolescentes envolvidos nos conflitos com a lei, haja vista a extrema importância na formação e
desenvolvimento de qualquer adolescente, como um caminho para a construção de seu futuro.

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 6/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Buscando as lições dos autores mencionados, termos como ressocializar e reinserir podem ser vistos como sinônimo de
educar e a educação, ao passo que desenvolve um grande papel aos jovens infratores que necessitam da educação para que
consigam entender seus valores morais, o contexto que se inseriu, seja qual seja a modalidade de medida socioeducativa que
ele se encontre. A educação é o primeiro passo da mudança. (ELERATE; COGO; RESENDE, 2020)

Entende-se, até aqui, que o caráter educativo, adotado pelo Estatuto da Criança e Adolescente, é uma resposta do Estado para
que a educação seja instrumento de lidar com jovens infratores.

“O nível de escolaridade apresenta íntima relação com as diversas formas de desigualdades, discriminações e marginalizações
e, especialmente, com todos os seus reflexos na seara da concretização dos direitos fundamentais”. (ARANÃO, 2008, p.224)

No mesmo sentido, Veronse e Lima (2009) asseveram que o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) não limite ao jovem
apenas uma sanção que deverá ser obriga a cumpri-la, mas compreende, em sua grande maioria como uma medida que o
mudará, devido a seu caráter pedagógico-educativo, ao passo que “Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.”
(BRASIL, 1990)

A própria seletividade penal afirma isso, ao passo que demonstram que a maioria dos apenados e sentenciados possui baixa
escolarização. Diniz (2007 apud Aranão, 2008) a educação é uma “janela de oportunidade”. Além de preparar os indivíduos
para aceitar e respeitar as diferenças da sociedade moderna, a educação também melhora sua renda e qualidade de vida,
possibilitando às pessoas o exercício pleno da cidadania e a realização da dignidade humana.

Diante disso, os autores em comento, compreendem que as medidas socioeducativas, devem conter obrigatoriamente caráter
pedagógico e não punitivas, ao passo que a tendência é que a pessoa seja resgatada por meio da educação, porém, que
desobedeceram as regras jurídicas. (VERONSE; LIMA, 2009). Assim, é possível destacar os seguintes dispositivos do Estatuto
da Criança e Adolescente (ECA):

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos
seguintes encargos, entre outros:

II - Supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua


matrícula;

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados
os recursos existentes na comunidade.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas. (BRASIL, 1990)

Nesse sentido, os dispositivos elencados apenas reforçam ainda mais as atividades pedagógicas e sua importância, ao passo
que são obrigatórias. (VERONSE; LIMA, 2009).

As medidas socioeducativas só poderão ser compreendidas, por meio da educação através do educador, que conseguirá
interpretar as necessidades de cada jovem, executando-a da melhor forma a possibilitar a reconstrução da autoestima,
autonomia, reflexão dos comportamentos condutas, a chegar ao passo que ele, sozinho, por meio de um processo educativo
consiga rever a conduta pratica, mudança sua visão do futuro e afastando-o da criminalidade. (ARAÚJO; DAIUTO, 2017)

Um exemplo a ser citado sobre a educação como fator ressocializador é a Súmula 341 do Superior Tribunal de Justiça, que
afirma: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado
ou semi-aberto.” (BRASIL, 2007)

A educação é vital para a formação de um indivíduo e afetará seu comportamento e atitude ao longo da vida. A educação está
mudando a realidade conhecida e tem o potencial de mudá-la, por mais injusta e desigual que seja. Porém, para poder mudá-
lo, é necessária uma educação de conteúdo crítico e libertador, que mostre a todos a possibilidade de mudança. (DUARTE,
2010)

4.1 A eficiência e ineficiência das medidas socioeducativas e sua reincidência

Após breve relato acerca da educação como fator de prevenir a criminalidade, faz importante a realização de um breve estudo
sobre a eficiência e ineficiência das medidas socioeducativas e sua reincidência.

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 7/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

De início, nem sempre as medidas socioeducativas são acatadas pelo infrator e pela sociedade ou ocorre sua adoção de forma
errada, o que afasta o caráter ressocializador e de caráter pedagógico, com especial fim de apenas penalizar.

Para Costa e Assis (2006) as ineficiências das medidas socioeducativas estão contidas no descrédito das instituições que
atendem os jovens infratores, por meio da inadequação estrutural ou pelos próprios programas que são oferecidos aos jovens,
o que torna a prática infracional de difícil superação.

Noutro vértice, Ramos e Jacob (2016) asseveram que as medidas socioeducativas são ineficazes e consistem na atuação dos
profissionais que se encontram limitados pelos serviços públicos. Assim, as medidas sociais se mantinham do início ao fim, o
mesmo status, sem grandes mudanças, o que tornava o círculo vicioso, que não tinha resultados práticos e resultou em
reincidência, visto que os atendimentos básicos, inclusive da educação como forma ressocializadora.

São diversos fatores que podem ser citados para que as medidas socioeducativas sejam ineficazes, conforme apontado, a falta
de estrutura é preponderante, conjuntamente com a evasão escolar, ao que muitos jovens ainda veem uma ponta de esperança
na educação, para mudar seu futuro.

Para Faria (2019) a ineficácia das medidas socioeducativas tem enraizado a impunidade aos jovens infratores e apesar de
haver mais de seis modalidades, o Estado necessita buscar a efetivação de programas, voltado a ressocializar os adolescentes.

Ainda segundo Faria (2019) aponta o Estado ainda é muito carente no que tange a ressocializar o adolescente, estando fadada
a ineficácia dessas medidas. Entende também, que a sociedade exerce grande papel de impunidade que transcende a lei, já
está tem o papel corriqueiro de evidenciar a impunidade a reincidência de jovens ao mundo do crime. Ademais, compreende
que o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda não é uma obra acabada.

“Sabe-se que a ausência ou a aplicação deficiente de atividades pedagógicas são entraves à eficácia do cumprimento das
medidas socioeducativas e consequentemente à reinserção social do adolescente.” (BRASIL, 2012, p. 141)

Noutro passo, boa parte da doutrina não acredita na eficácia das medidas socioeducativas. No entanto, para que ocorra sua
eficácia, é necessário que mais políticas públicas sejam praticadas; diretrizes de atendimento e até mesmo uma atenção
voltada ao Princípio da Municipalização, com enfoque na Doutrina de Proteção Integral. (BARROS, 2014)

Isso significa que, de fato, se o Estado não oferece ferramentas eficazes para a reeducação de menores, o objetivo do Estatuto
da Criança e do Adolescente que é reeducar os menores, é inútil. (BARROS, 2014)

Nesse sentido, Cruz (2017, p.23) afirma:

Essas medidas, além de possuírem caráter sancionatório, com certeza, também possuem caráter
educativo e significam, para muitos jovens antes entregues à delinquência, um novo começo, uma nova
oportunidade de recomeçar e ter acesso àquilo que nunca tiveram. Passam a ganhar uma "atenção" da
sociedade e do estado, evidentemente tardia, mas ainda em tempo de resgatar uma criança e dar a ela
uma nova perspectiva de vida.

Meneses (2008 apud Cruz 2017) acredita que as medidas socioeducativas deve haver um conjunto de aspectos, como:
jurídico, social e o educativo, para que ocorra a plena eficácia.

A eficácia das medidas devem promover principalmente a escolarização e profissionalização, principalmente no que tange a
atuação do Estado para que a própria sociedade consiga monitorar as medidas socioeducativas e seu cumprimento. (CRUZ,
2017)

5. CONCLUSÃO

Diante do exposto, percebeu-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente advém de movimentos sociais que buscavam
regulamentar os direitos básicos de crianças e adolescentes e conduzindo regras e deveres no que tange ao cometimento de
atos infracionais e a aplicação de medidas socioeducativas.

As medidas socioeducativos expostas possuem caráter pedagógico, no qual além de penalizar, busca a reeducação dos jovens
infratores, com disponibilização de medidas específicas a cada caso, sem que se deixe a educação, lazer, profissionalização,
saúde e outros de lado.

Ademais, como foco principal do estudo, restou comprovado que a maioria dos jovens que entram para a criminalidade ou são
reincidentes tem baixa ou quase nenhuma escolarização. Assim, é possível constatar que a educação é o melhor caminho para
que ocorra a prevenção da criminalidade e até mesmo, diminuir a reincidência.

Um dos vários motivos para que as medidas socioeducativas sejam ineficazes está concentrado no fato da ausência de poucas
políticas públicas voltadas para a reeducação de jovens infratores, objetivando tão somente em penalizar e não ressocializa-lo,
como deveria ocorrer, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente e do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (Sinase) que compreendem como um dos objetivos, a educação como fator primordial para a diminuição da
criminalidade.

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 8/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Assim, conclui-se com o presente estudo que a educação é fator primordial para prevenção da criminalidade e bem como a
reincidência, devendo ser observada os ditames legais para que ocorra a efetivação da ressocialização do jovem infrator, por
meio da reeducação.

REFERÊNCIAS

ARANÃO, Adriano. Estado Democrático de Direito, Criminalidade e violência: desrespeito aos direitos fundamentais e o
papel da educação. Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da Fundinopi, n.8, 2008.
DOI:  http://dx.doi.org/10.35356/argumenta.v8i8.105. Disponível em:
http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/105. Acesso em: 12 maio. 2021. 

ARAÚJO, Aline dos Santos; DAIUTO, Priscila Regina. A função pedagógica das medidas socioeducativas em meio aberto: LA
e PSC. Revista UNINGÁ Review. ISSN 2178-2571, [S.l.], v. 32, n. 1, p. 215 - 229, out. 2017. ISSN 2178-2571. Disponível em:
http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/93#:~:text=Dentre%20as%20conclus%C3%B5es%2C%20salienta%2D
Acesso em:

BARROS, Thaís Allegretti. A eficácia das medidas socioeducativas frente à criminalidade infanto-juvenil. Artigo
extraído do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para a Obtenção do título de Bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), 2014.
Disponível em: https://www.pucrs.br/direito/wp-content/uploads/sites/11/2018/09/thais_barros.pdf. Acesso em: 12 maio
2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. 28. ed. São Paulo:
Vade Mecum Saraiva, 2019.

BRASIL. Lei 12, 594 de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase),
regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis
nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de
janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os
Decretos-Leis nºs 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de janeiro de 2012;
191º da Independência e 124º da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12594.htm. Acesso em: 11 maio. 2021.

BRASIL. Lei 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 11 maio. 2021.

BRASIL. Panorama Nacional. A Execução das Medidas Socioeducativas de Internação. Programa Justiça ao Jovem.
Conselho Nacional de Justiça, 2012. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/2011/02/panorama_nacional_doj_web.pdf. Acesso em: 11 maio. 2021.

BRASIL. Súmula 341. A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob
regime fechado ou semi-aberto. Superior Tribunal de Justiça, Terceira Seção, em 27 de junho de 2007. Disponível
em:https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2012_29_capSumula341.pdf. Acesso em: 12
maio. 2021. 

BULHÕES, Jose Ricardo de Souza Rebouças. Construções históricas de crianças e adolescentes: Marcos legais no
Brasil. CONFLUÊNCIAS, Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito. Vol. 20, nº 1, 2018. pág.63-76.Disponível
em:https://periodicos.uff.br/confluencias/article/view/34552/19956. Acesso em: 11 maio. 2021.

COSTA, Cláudia Regina Brandão Sampaio Fernandes da; ASSIS, Simone Gonçalves de. Fatores protetivos a adolescentes em
conflito com a lei no contexto socioeducativo. Psicol. Soc.,  Porto Alegre,  v. 18,  n. 3,  p. 74-81,  Dec.  2006.   DOI:
https://doi.org/10.1590/S0102-71822006000300011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0102-71822006000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 12 maio. 2021.

CRUZ, Luciene da Silva Máximo da. Medidas socioeducativas finalidades e eficácia. 89f, Trabalho de Conclusão de
Curso, apresentado AJES – Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena, Especialização em Gestão e elaboração de
Projetos Sociais, Setor Público, Terceiro Setor e Comunidade. Alta Floresta, 2017. Disponível em:
http://www.biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20180906170731.pdf. Acesso em: 12 maio 2021.

DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental: Realidades que a Justiça insiste em não ver. 2. e. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011.

DUARTE, Haroldo Pereira. Educação formal e prevenção da criminalidade: uma análise do caso brasileiro. Trabalho
Final apresentado ao Curso de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2010.

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 9/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

ELERATE; Larissa Limongi de Freitas; COGO, Gricyella Alves Mendes; RESENDE, Gisele Silva Lira de. Caráter pedagógico
das medidas socioeducativas privativas de liberdade. Revista Interfaces do Conhecimento, v. 01, n. 01, p. 47-59 (ISSN -
2674-998X. 2019/2020, Barra do Garças, MT. Disponível em:
http://periodicos.unicathedral.edu.br/revistainterfaces/article/view/383. Acesso em: 10 maio. 2021.

FARIA, Daiana Leila de. A in/eficácia das medidas socioeducativas no Brasil previstas pelo estatuto da criança
e do adolescente (ECA) ante a crescente criminalidade infanto juvenil. 40f. Monografia apresentada ao Unilavras
como parte das exigências do curso de graduação em Direito, Lavras: Unilavras, 2019. Disponível em:
http://dspace.unilavras.edu.br/handle/123456789/256. Acesso em: 10 maio. 2021

GLOBO NEWS. Maioria dos jovens infratores abandona escola e entra no crime, Jornal Globo News, 2019.
Disponível em: http://andrearamal.com.br/maioria-dos-jovens-infratores-abandona-escola-e-entra-no-
crime/#:~:text=No%20Brasil%2C%20milhares%20de%20jovens,entrada%20no%20mundo%20do%20crime. Acesso em: 12
maio. 2021.

MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. 6. ed. rev. e atual. conforme Leis n. 12.010/2009 e 12.594/2012. São Paulo: Saraiva, 2013.

MADEIRA, Lígia Mori; RODRIGUES, Alexandre Ben. Novas bases para as políticas públicas de segurança no Brasil a partir
das práticas do governo federal no período 2003-2011. Rev. Adm. Pública. Rio de Janeiro 49(1):3-21, jan./fev. 2015.
Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/42957> Acesso em:

MEIRELLES, Zilah Vieira; MINAYO GOMEZ, Carlos. Rompendo com a criminalidade: saída de jovens do tráfico de drogas
em favelas na cidade do Rio de Janeiro.  Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 14,  n. 5,  p. 1797-1805,  Dec.  2009.
  https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000500021. Disponível em:  http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1413-81232009000500021&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 12 maio. 2021. 

MESQUITA NETO, Paulo. Prevenção do Crime e da Violência e Promoção da Segurança Pública no Brasil. In:
LESSA, R. (Coord.). Arquitetura Institucional do Sistema Único de Segurança Pública. Acordo de Cooperação Técnica
Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro,
Serviço Social da Indústria, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Rio de Janeiro: SESI/RJ, 2004. (Capítulo
7, pp. 200-311). Disponível em: http://www.dhnet.org.br/redebrasil/executivo/nacional/s_arq_cap7.htm> . Acesso em: 10
maio. 2021.

QUERIDO, Marcus Vinícius Ortiz. A importância da educação para o enfrentamento e prevenção à criminalidade: uma
reflexão sobre políticas públicas. UNISAL Lorena, III Fórum de Educação, Região Metropolitana do Vale do Paraíba, III
CONISE, III Congresso Nacional Salesiano de Educação. 4º Seminário PIBID, 2017. Disponível em:
http://www.lo.unisal.br/sistemas/conise/anais/136_13500680_ID.pdf. Acesso em: 10 maio. 2021.

RAMOS, Vera Gomes Ribeiro; JACOB, Alexandre. Ineficácia de medida socioeducativa. Uma reflexão no direcionamento para
prestação de serviço à comunidade. Revista Jus Navigandi, 2014. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/50720/ineficacia-de-medida-socioeducativa/4. Acesso em: 12 maio 2021.

SENNA, Jhonatan. A incidência da vulnerabilidade social sobre a prática dos atos infracionais do Nordeste brasileiro.
Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,  ano 24,  n. 5741,  21  mar.  2019. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/72789. Acesso em: 12 maio 2021.

SILVA, Luiz Antonio Machado da. “Violência Urbana”, Segurança Pública e Favelas: O Caso do Rio de Janeiro atual.
CADERNO CRH, Salvador, v. 23, n. 59, p. 283-300, Maio/Ago. 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103- 49792010000200006. Acesso em: 11 maio. 2021.

VERONSE, Josiane RosePetry; LIMA, Fernanda da Silva. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(Sinase): breves considerações. Rev. Bras. Adolescência e Conflitualidade,   v. 1 n. 1, 2009.
DOI:  https://doi.org/10.17921/2176-5626.n1p%25p. Disponível em:
https://revista.pgsskroton.com/index.php/adolescencia/article/view/185.Acesso em: 12 maio. 2021.

Autor
Bruna Pires Martins

Informações sobre o texto

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 10/11
26/10/22, 11:35 O papel da educação na prevenção da criminalidade e violência - Jus.com.br | Jus Navigandi

Este texto foi publicado diretamente pela autora.


Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do
site.
Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi.

https://jus.com.br/imprimir/90660/o-papel-da-educacao-na-prevencao-da-criminalidade-e-violencia 11/11

Você também pode gostar