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TRIBUTÁRIO
Por: Milla Coutinho
Sumário
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO............................................................................................2
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ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
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Atualmente atribui-se ao tributo também uma finalidade social, aplicando-se o princípio
da igualdade, por exemplo. Assim, o tributo passou a ser um dos mecanismos de
arrecadação do Estado aptos a intervir em situações sociais, nesse caso a
arrecadação é efeito colateral.
Lembrando que um tributo nunca vai ter uma única finalidade, ainda que
uma possa se destacar mais do que a outra em determinadas situações. É certo, porém,
que em todo tributo uma vai sempre se destacar sobre a outra.
Conceito de Tributo
O conceito de tributo é estampado no artigo 3º do CTN, veja:
O que o legislador quis dizer com isso é que é vedado, via de regra, a
cobrança in labore (por trabalho) ou in natura (com bens) de tributos. Autoriza, porém,
a utilização de indexadores, como OTN, BTN, UFIR, para cobrança de tributos, embora
hoje em dia sua utilização está mais escassa em decorrência da baixa da inflação.
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Houve alteração do CTN para permitir o pagamento do tributo em dação de
bens imóveis, essas situações, porém, são bem específicas e isso será tratado mais
especificamente adiante.
O fato dessa prestação pecuniária ser compulsória significa dizer que ela é
obrigatória, independente da manifestação de vontade do contribuinte, essa
compulsoriedade é observada logo no nascimento da obrigação tributária, essa
obrigatoriedade decorre da lei – ex lege.
A única diferença entre multa e tributo é que a multa é o que o tributo, por
definição, está impedido de ser, sanção por ato ilícito. Há, porém, a incidência do
princípio do pecúnia non olet, ou seja, o dinheiro não cheira. Assim, independente da
origem daquela receita, do fato gerador – lícita ou ilícita – incidirá sobre ela a cobrança
de tributos.
COBRANÇA: VINCULADA
PAGAMENTO: COMPULSÓRIO
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Assim, para sanar esse dilema, buscaram a utilização de um conceito
diferente para o “tributo”. O direito brasileiro, no direito financeiro mais
especificamente, há um outro conceito de tributo, veja:
Ou seja, para esse conceito, para ser considerado tributo, é preciso que o
produto da arrecadação seja destinado às atividades gerais ou específicas da União,
estados, DF ou municípios, o que não acontece com o FGTS, já que ele é depositado em
uma conta destinada ao trabalhador. Assim, foi editada a seguinte sumula:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
Natureza jurídica do FGTS: não é tributo, mas crédito resultante das relações de
trabalho, de acordo com o entendimento do STJ e STF.
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Classificação dos tributos
Em relação aos tributos de forma geral, para que se saiba qual a natureza
jurídica de cada um é necessário reconhecer o seu fato gerador e isso é feito com base
em uma classificação que faz a seguinte divisão:
IMPORTANTE: aqui, o termo “vinculado” não tem nada a ver com o termo
“vinculado” que aparece no conceito de tributo, já que TODA a cobrança de tributos é
imperativa, não abrindo margem para interpretação diversa por parte do fisco.
Tributo vinculado: aquele montante que foi arrecadado pelo Estado só pode ser gasto
em uma determinada atividade X, já que ele advém de uma contraprestação específica.
Nesse caso, o contribuinte paga esse tributo porque está recebendo alguma coisa do
Estado. Ex.: Taxa de coleta de lixo, todo o valor arrecado pelo Estado com essa taxa
precisa ser necessariamente gasto com a coleta de lixo.
Tributo não vinculado: aqueles que não tem uma contraprestação, não depende de
nada, por exemplo, o imposto, que é uma manifestação de riqueza, é o caso do IPTU,
IVA, IR. O Estado pode gastar a receita arrecada como bem entender, já que esses
impostos não decorrem de contraprestação ou qualquer atividade estatal. O fato
gerador independe de atuação estatal. Nesse sentido dispõe o CTN:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
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I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
Ocorre que, muito embora o CTN traga essa disposição, houve, após a
promulgação da CF/88, uma série de entendimentos jurisprudenciais dos órgãos
superiores considerando que contribuições sociais e empréstimos compulsórios seriam
espécies tributárias autônomos. É preciso lembrar, então, que a regra é que o
empréstimo compulsório tenha uma receita vinculada para sua destinação. Por conta
disso, após a CF/88 se tornou uníssono o entendimento que o destino da arrecadação é
relevante para definição de espécies tributárias que compõem a penta partição – o CTN
foi escrito sob a égide da tripartição.
Espécies Tributárias
Pela teoria da pentapartição, que é a adotada no Brasil, existem 5 espécies
tributárias:
– Impostos –
Sua principal característica é incidir sobre fatos do contribuinte, suas
manifestações de riqueza. Ele independe de uma atividade ou contraprestação do
Estado, assim, o município, por exemplo, não tem a obrigação de usar a arrecadação do
IPTU para melhorar o calçamento da cidade.
Base de cálculo: grandeza que quantifique a riqueza tributada. Ex.: o IPTU é calculado
pelo valor do imóvel, o IPVA é calculado pelo valor do carro e etc.
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte.
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Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e,
se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os
impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.
IV - produtos industrializados;
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§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o
inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota
mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da
arrecadação nos seguintes termos:
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
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IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República
ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus
membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações,
interestaduais e de exportação;
IX - incidirá também:
X - não incidirá:
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d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;
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IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos
Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g , observando-se o
seguinte:
§ 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não incide sobre
templos de qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela imunidade
de que trata a alínea "b" do inciso VI do caput do art. 150 desta Constituição
sejam apenas locatárias do bem imóvel.
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II - compete ao Município da situação do bem.
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cujas tributações não foram previstas, mas que poderiam ser tributas pela União, como,
por exemplo, o prédio construído em área rural. O exercício dessa competência deve se
dar por lei complementar. O FG e a BC também se diferem daqueles previstos na CF,
para evitar que haja duplicidade da cobrança de imposto que é competência de outro
ente federativo. Para que a união possa exercer essa competência, o imposto por ela
criando ainda precisa ser não cumulativo.
Para que um tributo seja não cumulativo é preciso que seja dado a cada
contribuinte o direito de abater do que ainda precisa pagar, aquilo que já foi pago nas
etapas produtivas anteriores.
Por exemplo: imagine que para produzir um determinado produto que será
posto em circulação para consumo é preciso que haja 3 etapas, na etapa 1 a empresa A
compra insumos por 200 reais e paga 10%, portanto, 20 reais referente a impostos. A
empresa B compra de A por 500, mexe no produto e paga 10%, 50 reais a título de
imposto, esta empresa, por sua vez, vende sua produção para a empresa C, que o
compra por 1000 e paga 100 de imposto. Ao final, o fisco arrecadou 170 reais nessa
cadeia produtiva pela cobrança de impostos, caso houvesse a permissão de tributos
cumulativos, mas isso não é o que ocorre. Na realidade, a empresa B compraria o
produto fornecido por A e descontaria o montante de imposto que ela já pagou, assim,
ao invés de pagar 50 reais, pagaria apenas 30 (descontando os 20 reais que já foram
pagos), e assim sucessivamente.
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Competência extraordinária: só pode ser utilizada no caso de guerra externa ou sua
iminência. Aqui não tem obrigação de respeito aos requisitos que foram vistos
anteriormente, de forma que um imposto extraordinário pode ser criado por lei ordinária
e até mesmo por medida provisória, pode repetir FG e BC sem que se incida a
bitributação, também pode ser cumulativo. Ou seja: tá tudo liberado.
Taxas: ao contrário do que ocorre com os impostos, as taxas não podem ter bases de
cálculo próprias de imposto, já que aqui há necessariamente uma contraprestação.
Assim, sua base de cálculo deve ser avaliada levando em conta o valor gasto pelo
Estado nessa contraprestação.
Competência para criação de taxa: comum, qualquer ente que tenha competência para
prestar determinado serviço, por tabela também terá competência para criar uma taxa
que vai custeá-lo.
Contribuições de melhorias:
Empréstimos compulsórios:
Contribuições especiais:
Porém, em alguns casos, como nas contribuições para seguridade social, que
é um tributo que se diferencia dos demais justamente pela destinação de sua
arrecadação, não pode ser aplicada a regra do artigo 4º do CTN.
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entendimento de que essa é a única forma de o fazer, sendo preciso observar também a
destinação legal do produto da arrecadação.
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