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CADERNO DE DIREITO

TRIBUTÁRIO
Por: Milla Coutinho
Sumário
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO............................................................................................2

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ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

O Estado existe com uma única finalidade: consecução do bem comum do


povo que habita em seu território, mas para isso ele precisa realizar a sua atividade
financeira, obtendo, gerindo e dispendendo recursos. Assim, para tudo o que fizer, o
Estado precisa obter recursos, essa obtenção de recursos se faz de duas formas, e a
junção dessas duas formas dão origem a uma famosa classificação das receitas públicas.

Tipos de receita do Estado

A primeira forma é a partir da exploração do patrimônio, por exemplo,


quando ele aluga um imóvel dele para um particular, despindo-se de seu poder estatal.
Aqui não há utilização do poder de império do Estado, o lucro é obtido por força de um
contrato. O mesmo acontece quando ele cria uma empresa pública. Essa é a chama
receita originaria, pois é obtida a partir de normas do direito privado.

Outras vezes, o Estado se utiliza de seu poder de império, prerrogativa de


direito público, para obrigar um particular a entregar parte de sua receita para ele. Essa é
a chama receita derivada, também chamada de receita de direito público. É, por
exemplo, a obrigação de pagar tributos. Algumas provas gostam de trabalhar com o
conceito de reparação de guerra, como exemplo de receita derivada, que decorre de
quando um Estado impõe a um outro Estado derrotado uma reparação por conta de uma
derrota de guerra.

A maior diferença entre as duas formas de receita é a vontade de quem está


pagando, na originária, o pagador escolhe pagar, na derivada ele é coagido pelo poder
de império do Estado.

Das receitas derivadas pode-se citar como os maiores exemplos os tributos e


as multas, porém, as parcelas arrecadas com multa é considerada irrisória, já que num
mundo ideal ela sequer deveria existir, posto que é fruto de uma punição que o Estado
impõe a quem cometeu algum tipo de ilícito. Assim, é possível dizer que o tributo é a
principal fonte de receita derivada.

O tributo como fonte de receita trabalha-se com um conceito incompleto,


hoje o tributo é muito mais do que mera fonte de receita – como já foi visto em outras
épocas, principalmente em épocas em que se imperava um pensamento mais liberal.

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Atualmente atribui-se ao tributo também uma finalidade social, aplicando-se o princípio
da igualdade, por exemplo. Assim, o tributo passou a ser um dos mecanismos de
arrecadação do Estado aptos a intervir em situações sociais, nesse caso a
arrecadação é efeito colateral.

Finalidades ou funções tributárias

Nesse sentido, é possível classificar três finalidades para os tributos:

1) Finalidade fiscal: arrecadar receita tributária derivada com fins de


aumentar a arrecadação estatal para que ele consiga efetivar suas
políticas públicos e garantir o bem-estar social. Ou seja, enriquecer os
cofres públicos;
2) Finalidade extrafiscal: função interventiva, utilizada para estimular ou
desestimular certos comportamentos.
3) Finalidade parafiscal: o objetivo é arrecadar para reservar dinheiro
para certa atividade ou despesa, ou seja, é como se fosse arrecadar a
verba destinada.

Lembrando que um tributo nunca vai ter uma única finalidade, ainda que
uma possa se destacar mais do que a outra em determinadas situações. É certo, porém,
que em todo tributo uma vai sempre se destacar sobre a outra.

Conceito de Tributo
O conceito de tributo é estampado no artigo 3º do CTN, veja:

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

O que o legislador quis dizer com isso é que é vedado, via de regra, a
cobrança in labore (por trabalho) ou in natura (com bens) de tributos. Autoriza, porém,
a utilização de indexadores, como OTN, BTN, UFIR, para cobrança de tributos, embora
hoje em dia sua utilização está mais escassa em decorrência da baixa da inflação.

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Houve alteração do CTN para permitir o pagamento do tributo em dação de
bens imóveis, essas situações, porém, são bem específicas e isso será tratado mais
especificamente adiante.

O fato dessa prestação pecuniária ser compulsória significa dizer que ela é
obrigatória, independente da manifestação de vontade do contribuinte, essa
compulsoriedade é observada logo no nascimento da obrigação tributária, essa
obrigatoriedade decorre da lei – ex lege.

A única diferença entre multa e tributo é que a multa é o que o tributo, por
definição, está impedido de ser, sanção por ato ilícito. Há, porém, a incidência do
princípio do pecúnia non olet, ou seja, o dinheiro não cheira. Assim, independente da
origem daquela receita, do fato gerador – lícita ou ilícita – incidirá sobre ela a cobrança
de tributos.

As bancas CESPE e FCC entendem corretamente que o tributo, pelo


princípio do não confisco, que será estudado mais a frente, não pode ter natureza
confiscatória, já que o confisco tem natureza de pena.

COBRANÇA: VINCULADA
PAGAMENTO: COMPULSÓRIO

Muitas jurisprudências são firmadas em cima do artigo terceiro do CTN,


colacionado acima, nesse sentido, é preciso dedicar um tempo a esse estudo também.

Frequentemente presente nas jurisprudências tributárias, a contribuição para


o FGTS deveria ser vista como um tributo, já que se encaixa em todos os requisitos,
entretanto essa discussão chegou ao STJ para discutir sobre o prazo para cobrança de
FGTS não pago pelo empregador.

Com a classificação do FGTS como tributo, não haveria como fugir do


prazo quinquenal para cobrança, existe, porém, uma legislação que prevê uma
prescrição trintenária em alguns casos. Esse último, principalmente nos casos onde
pessoas trabalharam a vida toda para um mesmo empregador e só muitos anos depois
descobriram que o FGTS não fora depositado, seria mais benéfico aos empregados.

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Assim, para sanar esse dilema, buscaram a utilização de um conceito
diferente para o “tributo”. O direito brasileiro, no direito financeiro mais
especificamente, há um outro conceito de tributo, veja:

Lei 4320/64Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de


direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos
termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-
se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por
essas entidades.   

Ou seja, para esse conceito, para ser considerado tributo, é preciso que o
produto da arrecadação seja destinado às atividades gerais ou específicas da União,
estados, DF ou municípios, o que não acontece com o FGTS, já que ele é depositado em
uma conta destinada ao trabalhador. Assim, foi editada a seguinte sumula:

SÚMULA 353 STJ – as condições do CTN não se aplicam às contribuições para o


FGTS.

Ou seja: para a cobrança do FGTS, seria aplicado o prazo de 30 anos.

Posteriormente, houve um julgamento no STF em que se discutia de


prescrição das contribuições do FGTS, Gilmar Mendes e demais ministros entendem
que as contribuições do FGTS de fato não têm natureza tributária, contudo, o prazo de
prescrição é de 5 anos, não por conta do CTN, mas por disposição da CF, já que assim
dispõe o artigo 7º da CF:

São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,


com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;  

Entendendo que os créditos do FGTS são resultantes das relações de


trabalho, não há como fugir do prazo quinquenal. O STF não mudou o entendimento do
STJ que determina que o FGTS não é tributo, ao contrário, concorda com essa
afirmação.

Natureza jurídica do FGTS: não é tributo, mas crédito resultante das relações de
trabalho, de acordo com o entendimento do STJ e STF.

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Classificação dos tributos
Em relação aos tributos de forma geral, para que se saiba qual a natureza
jurídica de cada um é necessário reconhecer o seu fato gerador e isso é feito com base
em uma classificação que faz a seguinte divisão:

Tributos vinculados e tributos não vinculados.

IMPORTANTE: aqui, o termo “vinculado” não tem nada a ver com o termo
“vinculado” que aparece no conceito de tributo, já que TODA a cobrança de tributos é
imperativa, não abrindo margem para interpretação diversa por parte do fisco.

Acontece que, quando se analisa o fato gerado de um tributo as vezes se


percebe que ele depende de (ou seja, se vincula a) uma atividade estatal. Assim, em
alguns tributos, o que será pago é uma contraprestação ao que Estado forneceu, por isso,
o tributo se vincula a essa atividade. Isso é o que acontece com as taxas.

Dessa forma, fica a seguinte classificação:

Tributo vinculado: aquele montante que foi arrecadado pelo Estado só pode ser gasto
em uma determinada atividade X, já que ele advém de uma contraprestação específica.
Nesse caso, o contribuinte paga esse tributo porque está recebendo alguma coisa do
Estado. Ex.: Taxa de coleta de lixo, todo o valor arrecado pelo Estado com essa taxa
precisa ser necessariamente gasto com a coleta de lixo.

Tributo não vinculado: aqueles que não tem uma contraprestação, não depende de
nada, por exemplo, o imposto, que é uma manifestação de riqueza, é o caso do IPTU,
IVA, IR. O Estado pode gastar a receita arrecada como bem entender, já que esses
impostos não decorrem de contraprestação ou qualquer atividade estatal. O fato
gerador independe de atuação estatal. Nesse sentido dispõe o CTN:

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Ainda no que tange à natureza jurídica do tributo, é preciso analisar o artigo


4º do CTN:

 Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato


gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

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        I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

        II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Ocorre que, muito embora o CTN traga essa disposição, houve, após a
promulgação da CF/88, uma série de entendimentos jurisprudenciais dos órgãos
superiores considerando que contribuições sociais e empréstimos compulsórios seriam
espécies tributárias autônomos. É preciso lembrar, então, que a regra é que o
empréstimo compulsório tenha uma receita vinculada para sua destinação. Por conta
disso, após a CF/88 se tornou uníssono o entendimento que o destino da arrecadação é
relevante para definição de espécies tributárias que compõem a penta partição – o CTN
foi escrito sob a égide da tripartição.

Espécies Tributárias
Pela teoria da pentapartição, que é a adotada no Brasil, existem 5 espécies
tributárias:

– Impostos –
Sua principal característica é incidir sobre fatos do contribuinte, suas
manifestações de riqueza. Ele independe de uma atividade ou contraprestação do
Estado, assim, o município, por exemplo, não tem a obrigação de usar a arrecadação do
IPTU para melhorar o calçamento da cidade.

Fato gerador: manifestação de riqueza do contribuinte;

Base de cálculo: grandeza que quantifique a riqueza tributada. Ex.: o IPTU é calculado
pelo valor do imóvel, o IPVA é calculado pelo valor do carro e etc.

  Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte.

Competência para instituição de impostos: é privativa. É preciso ter cuidado, porém,


com o que diz o direito constitucional ao falar de competência privativa, definindo que
essa é a competência que pode ser delegada. Aqui ocorre de outro modo, ela sempre
será indelegável, embora privativa. Esse termo aqui significa tão somente que a CF
aponta diretamente o ente que está autorizado a criar cada tipo de imposto.

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Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e,
se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os
impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.

 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores


mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites


estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.

§ 2º O imposto previsto no inciso III:

I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da


progressividade, na forma da lei;

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação


com o montante cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo


contribuinte do imposto, na forma da lei.         

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do capu t:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a


manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as


explore o proprietário que não possua outro imóvel;         

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na


forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra
forma de renúncia fiscal.         

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§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o
inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota
mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da
arrecadação nos seguintes termos:

I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme


a origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos


sobre:       

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.         

§ 1º O imposto previsto no inciso I:

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da


situação do bem, ou ao Distrito Federal

II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde


se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao
Distrito Federal;

III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu


inventário processado no exterior;

IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:         

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação


relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante
cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da


legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas


operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos


serviços;

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IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República
ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus
membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações,
interestaduais e de exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução


de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito


específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa
da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;

VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos


termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações
relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não
poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;

VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor


final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-
á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o
imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado
destinatário e a alíquota interestadual;         

VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à


diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII
será atribuída

a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;         

b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto;         

IX - incidirá também:

a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa


física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto,
qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no
exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;         

b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com


serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

X - não incidirá:

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre


serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores;         

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive


lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia
elétrica;

c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

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d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre


produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
configure fato gerador dos dois impostos;

XII - cabe à lei complementar:

a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento


responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das
prestações de serviços;

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços


e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"

f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro


Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito


Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá


uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se
aplicará o disposto no inciso X, b ;         

i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre,


também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.

§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e


o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações
relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais do País.         

§ 4º Na hipótese do inciso XII, h , observar-se-á o seguinte:

I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo,


o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo;         

II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus


derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste
parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino,
mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as
demais mercadorias;         

III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e


lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo,
destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;

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IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos
Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g , observando-se o
seguinte:

a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas


por produto;     

b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem ,


incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu
similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência;         

c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no


art. 150, III, b .         

§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive as


relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante
deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º,
XII, g .         

§ 6º O imposto previsto no inciso III:         

I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;         

II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização:

  Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens


imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,


definidos em lei complementar.        

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, §


4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:         

I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e         

II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel

§ 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não incide sobre
templos de qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela imunidade
de que trata a alínea "b" do inciso VI do caput do art. 150 desta Constituição
sejam apenas locatárias do bem imóvel.          

§ 2º O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao


patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante
do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;

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II - compete ao Município da situação do bem.

§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe


à lei complementar:

I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;         

II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;

III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios


fiscais serão concedidos e revogados.         

O rol supracitado que determina a competência de criação de impostos é


exaustivo, salvo para a União, que ode exercer as competências residual e
extraordinária.

A lista referente aos estados e municípios são absolutamente exaustivas,


assim, sob nenhuma hipótese o estado poderá criar um imposto diferente dos que a CF
já previu (ICMS, IPVA, ITCMD) e os municípios também só podem criar os que estão
previstos na CF (IPTU, ITBI, ISSQN), o DF, por sua vez, poderá criar tão somente
esses 6 impostos apresentados.

A união é um pouco diferente. De acordo com a CF, ela poderá instituir a


cobrança dos seguintes impostos: II, IE, IOF, IPI, IR, ITR, IGF, porém ela te como ir
além dessas competências, por expressa disposição legal também, veja:

  Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,


desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Com isso, há a previsão de competência residual e extraordinária, que


aumentam o seu rol de competência.

Competência residual: Diferentemente da competência residual do Direito


Administrativo, o qual dispõe que aquilo que não foi designado à União e aos
Municípios, será do Estado, sem que as liste, o Direito Tributário atribui aos entes
separadamente as atribuições acerca dos impostos. Contudo, existem várias riquezas

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cujas tributações não foram previstas, mas que poderiam ser tributas pela União, como,
por exemplo, o prédio construído em área rural. O exercício dessa competência deve se
dar por lei complementar. O FG e a BC também se diferem daqueles previstos na CF,
para evitar que haja duplicidade da cobrança de imposto que é competência de outro
ente federativo. Para que a união possa exercer essa competência, o imposto por ela
criando ainda precisa ser não cumulativo.

Em resumo, os requisitos para que a União se valha de sua competência residual


são:

1) Promulgação de lei complementar;


2) Incidir sobre diferente base de cálculo e fato gerador;
3) Imposto não cumulativo

Para que um tributo seja não cumulativo é preciso que seja dado a cada
contribuinte o direito de abater do que ainda precisa pagar, aquilo que já foi pago nas
etapas produtivas anteriores.

Por exemplo: imagine que para produzir um determinado produto que será
posto em circulação para consumo é preciso que haja 3 etapas, na etapa 1 a empresa A
compra insumos por 200 reais e paga 10%, portanto, 20 reais referente a impostos. A
empresa B compra de A por 500, mexe no produto e paga 10%, 50 reais a título de
imposto, esta empresa, por sua vez, vende sua produção para a empresa C, que o
compra por 1000 e paga 100 de imposto. Ao final, o fisco arrecadou 170 reais nessa
cadeia produtiva pela cobrança de impostos, caso houvesse a permissão de tributos
cumulativos, mas isso não é o que ocorre. Na realidade, a empresa B compraria o
produto fornecido por A e descontaria o montante de imposto que ela já pagou, assim,
ao invés de pagar 50 reais, pagaria apenas 30 (descontando os 20 reais que já foram
pagos), e assim sucessivamente.

Aplicando-se essa regra do tributo não cumulativo, ocorre que chamamos de


modelo IVA, imposto do valor adicionado. Esse IVA no Brasil foi dividido entre os
entes federativos. Na união ele corresponde ao IPI, nos estados, ao ICMS e nos
municípios, ao ISS.

Na prática, utilizando-se esse método, o imposto só é cobrado em cima do


valor adicionado em cada etapa da cadeia produtiva.

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Competência extraordinária: só pode ser utilizada no caso de guerra externa ou sua
iminência. Aqui não tem obrigação de respeito aos requisitos que foram vistos
anteriormente, de forma que um imposto extraordinário pode ser criado por lei ordinária
e até mesmo por medida provisória, pode repetir FG e BC sem que se incida a
bitributação, também pode ser cumulativo. Ou seja: tá tudo liberado.

IMPORTANTE: não cabe imposto extraordinário em caso de calamidade pública.

Taxas: ao contrário do que ocorre com os impostos, as taxas não podem ter bases de
cálculo próprias de imposto, já que aqui há necessariamente uma contraprestação.
Assim, sua base de cálculo deve ser avaliada levando em conta o valor gasto pelo
Estado nessa contraprestação.

Competência para criação de taxa: comum, qualquer ente que tenha competência para
prestar determinado serviço, por tabela também terá competência para criar uma taxa
que vai custeá-lo.

Contribuições de melhorias:

Empréstimos compulsórios:

Contribuições especiais:

Acerca dessa classificação, alguns comentários precisam ser pontuados.


Inicialmente, só havia previsão no ordenamento jurídico das três primeiras espécies, que
estavam dispostas no CTN, assim, o artigo 4º do CTN que já foi estudado anteriormente
só faz sentido diante dessa teoria da tripartição, pois nesse caso, não se olha o destino da
arrecadação, letra seca da lei.

Porém, em alguns casos, como nas contribuições para seguridade social, que
é um tributo que se diferencia dos demais justamente pela destinação de sua
arrecadação, não pode ser aplicada a regra do artigo 4º do CTN.

Ressalta-se, porém, que o fato gerador continua sendo o elemento mais


importante para se classificar um tributo, realmente, porém, atualmente está superado o

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entendimento de que essa é a única forma de o fazer, sendo preciso observar também a
destinação legal do produto da arrecadação.

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