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Desde 1703 que Portugal era, virtualmente, uma colónia inglesa. Mediante um acordo
comercial, Portugal exportava vinhos para a Inglaterra e esta exportava têxteis para
Portugal. Os convénios comerciais foram sempre muito favoráveis à Inglaterra
contribuindo para o atrofiamento da única indústria extensa que existia em Portugal (a
têxtil).
Este facto explica aparentemente porque razão, a partir de 1820, a indústria de couros
aparecia à frente das indústrias portuguesas. A partir de 1870 a burguesia
manufatureira procura libertar-se, com relativo êxito, da importação dos têxteis
ingleses, incentivando a produção interna, diversificando os parceiros comerciais e
estabelecendo tarifas protecionistas.
Algumas ideias:
Portugal era, nos finais do século XIX, uma “potência capitalista atrasada” e
que, por consequência, só pôde manter as colónias cedendo-as e “alugando-
as” ao capital de potências capitalistas de facto.
Portugal manteve as colónias não para explorá-las do ponto de vista
económico, o que não lhe era possível por ser um país atrasado, mas sim para
as exibir. Portugal era uma potência imperialista sem raízes nem objetivos
“económicos”, desenvolvendo um “imperialismo de prestígio”.
Portugal manteve as colónias porque fracções da burguesia portuguesa
estavam interessadas na sua exploração.
Portanto, em vez de se dizer que o capitalismo português era atrasado, deve, antes,
dizer-se que ele estava em ascensão, numa realidade ainda fortemente tributária da
forma e de relações de produção não capitalistas.
É legítimo sustentar que Portugal não se envolveu numa onerosa “ocupação efetiva”
apenas porque dela resultaria o prestígio da posse e o mecanismo de pressão nas
“guerras diplomáticas”. É possível detectar, em qualquer ser humano, o espaço, maior
ou menor, da aventura lúdica e da busca de puros “ideais”. Mas as sociedades, os
estados são realidades que transcendem os indivíduos, os puros ideais e os sonhos.
Portanto, se Portugal manteve as colónias onde já tinha interesses mercantis desde o
século XV, é porque estava, objetivamente, interessado em explorá-las.
Por consequência, Portugal, não sendo uma potência imperialista, estava, contudo,
interessado na exploração objetiva das colónias, e esse interesse foi como que
reatualizado pela concorrência de outras potências, estas realmente imperialistas.
Ao autorizar o recrutamento nas áreas sob seu controlo, o estado cobrava taxas de
recrutamento às companhias autorizadas a efetuá-lo.