Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diante do caso exposto, os possíveis diagnósticos que podem estar relacionados com
o sintoma característico serão: anemia aplástica e anemia megaloblástica, visto que
ambas estão ligadas a insuficiência de medula óssea, trazendo como resultado
a redução do número de plaquetas, eritrócitos e leucócitos, concluindo
prováveis indicações. Entretanto, alguns fatores interferem na diferenciação destes
resultados.
3) A herança dos alelos que controlam a expressão dos genes das cadeias de
hemoglobina é complexa e acaba refletindo na manifestação das talassemias. Qual
a forma menos grave de talassemia alfa e como ela pode ser diagnosticada?
Explique?
A talassemia alfa faz parte de um grupo de doenças hereditárias com prevalência a nível
mundial, tendo como causa a deficiência da síntese de cadeias alfa da hemoglobina (Hb)
(Belisário & Viana, 2010). Estão incluídas no grupo de hemoglobinopatias, que são um
conjunto de doenças de transmissão autossômica recessiva, envolvendo alterações na Hb,
por conta de mutações nos genes que se responsabilizam por fazer a síntese das cadeias
da globina, ou, em regiões regulatórias. Nesse sentido, as talassemias são as doenças
monogênicas mais comuns no mundo, tendo 1-5% da população como portadora de uma
mutação (Polainas, 2017). Além disso, de acordo Lavelle (2019) há aproximadamente 270
milhões de pessoas no mundo que possuem genes determinantes de hemoglobinas
anômalas em várias combinações, tendo as regiões do Mediterrâneo, África Subsaariana,
Oriente Médio, leste e sudeste Ásiático e subcontinente Indiano alta prevalência de
talassemias e Hb variantes. No entanto, a doença não foi identificada em regiões ameríndias
por conta da introdução da malária (Zago ,2014). Isto posto, as talassemias se caracterizam
por haver diminuição ou simplesmente ausência de síntese de uma das cadeias da globina,
sendo assim, se classificam conforme a cadeia da globina que é afetada, a talassemia alfa
e a talassemia beta se encaixam nas formas mais comuns (Polainas, 2017). Por conseguinte,
a complexidade na expressão dos genes de hemoglobina se dá pois suas alterações
ocorrem devido a fatores como: deleção de genes que codificam a produção de globinas,
mutações que vão resultar em diminuição da sua síntese, instabilidade ou processamento
no RNA, ou então, mutações que resultam da diminuição de síntese/estabilidade proteicas.
O excesso de globina correspondente que é codificada pelo gene não afetado, vai ocorrer,
tendo em vista a diminuição ou ausência da expressão de umas das cadeias (Lavelle, 2019).
Destacando a talassemia alfa (α-Tal), elas são resultado da deficiência de um, dois, três ou
quatro genes alfa. Diante disso, os pacientes portadores de α-Tal se classificam de acordo
com o número de genes afetados, sendo o portador silencioso com um gene alfa afetado;
traço talassêmico com dois genes alfa afetados; doenças da hemoglobina H com três genes
alfa afetados, e por último, a síndrome da hidropsia fetal por hemoglobina de Bart, na qual
todos os quatro genes são afetados, sendo essa condição incompatível com a vida. (Belisário
& Viana, 2010). O traço alfa talassêmico corresponde a heterozigotos de α0 - talassemia (a
deleção de dois genes alfa (HBA1 e HBA2) no mesmo cromossomo) ou homozigotos α+-
talassemia (deleção de um dos genes α duplicados (α1 ou α2) (Zago, 2014 & Lavelle,
2019). Esses dois traços correspondem a perda dos genes (-α/-α e --/αα, respectivamente),
e tem por característica em seus aspectos laboratoriais um tipo de anemia geralmente leve,
sendo a forma menos grave de talassemia alfa, (11,0 a 13,0 g/dL, nos adultos) com VCM
entre 75 e 80fl (microcitose), além de anisopoiquilocitose discreta (Belisário & Viana, 2010).
Além disso, é importante destacar que casais que são portadores de heterozigotos (traço) -
alfa talassemias, podem desenvolver filhos com a forma mais grave, a hidropsia fetal (--/--)
(Lavelle, 2019). Zago (2014) também elucida que os pacientes podem ser clinicamente
normais, no entanto, irão apresentar microcitose e hipocromia (HCM baixo), com cerca de 5
a 10% de Hb de Barts (tetrâmero de cadeias gama) na fase neonatal. Na fase adulta, além
de hipocromia, ferro sérico e ferritina normais. E o diagnóstico deve ser feito por análise de
DNA ou pela medida da relação sintética α/β de 0,7. Outras bibliografias salientam a difícil
detecção do traço alfa talassêmico, sua explicação se dá por conta da proteólises (pela
própria hemácia) da hemoglobina H (Hb H - tetrâmero de cadeias beta), que se forma em
quantidades crescentes após a troca da produção de cadeias gama por beta, dificultando
assim, a detecção. Os pacientes podem parecer normais do ponto de vista clínico, porém
podem relatar sintomas como fraqueza, cansaço/fadiga, dores nos membros inferiores e
palidez. Dessa maneira, Belisário & Viana, (2010) destacam que seus principais métodos de
diagnóstico se constituem por hemograma, análise morfológica dos eritrócitos, PCR,
Eletroforese de Hb em pH alcalino, e para elucidação do diagnóstico, pode ser feita a
dosagem de HbA2, contagem de reticulócitos e avaliação do suprimento de ferro para
averiguar a etiologia. Além disso, segundo Polainas (2017) pode ser feita quantificação de
Hb F (hemoglobina fetal), detecção de variantes por HPLC (Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência), bem como EC (Eletroforese Capilar) ou FIE (Focagem isoelétrica). Contudo,
apesar da complexidade diagnóstica, se faz necessário a realização de triagem neonatal e
posterior análise do histórico familiar do paciente, quando possível. Além de ser primordial a
confirmação do diagnóstico por análise do DNA, em conjunto com a avaliação hematológica
e triagem clínica para determinar o prognóstico e o emprego da terapia adequada.
4) A herança dos alelos que controlam a expressão dos genes das cadeias de
hemoglobina é complexa e acaba, refletindo na manifestação das talassemias.
Qual a forma intermediária de talassemia beta e como ela pode ser diagnosticada?
Explique.
As talassemias são um grupo heterogêneo de doenças genéticas, que surgem pela
redução ou ausência da síntese de um dos tipos de cadeias de globina que formam as
hemoglobinas.
A doença apresenta-se sob uma das três formas clínicas: talassemia maior, talassemia
intermediária e talassemia menor.
A talassemia, em questão, que é a beta intermediária resulta, geralmente, da
combinação de defeitos genéticos como homozigose para genes β+-talassêmicos de
menor gravidade (como IVS-1 nt 6) ou de combinação do gene β-talassêmico grave com
β+ -talassemia particularmente benigna (como β –talassemia “silenciosa” de tipo 1) ou
de associação de δβ- com β+-talassemia. Logo, é a forma sintomática menos grave,
com níveis de hemoglobina 8-10 g/dL, em geral não dependem de transfusão regulares.
Seu diagnóstico é multifatorial, desde o quadro clínico do paciente, aos achados
laboratoriais, até o histórico familiar.
Nas manifestações clínicas, podemos destacar; grande esplenomegalia, redução da
massa muscular, úlceras crônicas nas pernas, e alterações faciais.
Além disso, o crescimento de grandes massas de tecido hematopoético extramedular
pode causar sintomas compressivos, como massas paravertebrais intratorácicas. E a
anemia crônica pode se acentuar quando ocorrem infecções ou pela ainda pela carência
associada de folatos.
No histórico familiar um ponto chave é verificar se os pais são heterozigotos para
doença, somando essa informação ao diagnóstico.
Além disso, os achados laboratoriais que corroboram no diagnóstico são; quadro de
anemia (Hb inferior a 9,0 g/dL), hipocromia, anisopoiquilocitose intensa, esquizócitos,
hemácias e eritroblastos com granulações basófilas, hemácias em alvo, eritroblastos,
desvio à esquerda dos granulócitos.
Quando há hiperesplenismo, pode ocorrer leucopenia ou mais comumente
plaquetopenia. Nas hemoglobinas, verificamos; aumento da HbF, em geral de 20- 100%
do total; Hb A2 do paciente muito variável, não tem valor diagnóstico (em contraposição,
os pais, sendo heterozigotos, têm elevação da HbA2 ).
9) Qual tipo de anemia pode se manifestar com carência dietética conjunta de ferro
e folato? Explique destacando quais indicadores hematimétricos vão alterar na
fase aguda e crônica deste tipo de anemia.
A anemia por insuficiência renal pode se manifestar com carência dietética conjunta de
ferro e deficiências nutricionais como o folato. A anemia por si gera um cunho de
hiperproliferação das células eritropoiéticas como também um cunho relacionado à
hemólise, destruição das células. Em pacientes com insuficiência renal essa destruição
é mais intensa quando é necessário fazer hemodiálise, que neste caso é o principal fator
dessa carência diética, ou seja, mesmo com o aumento da demanda a ingestão é
deficiente pois a diálise aumenta a perda e há inibição da absorção de ferro e ácido
fólico pelo metabolismo, contribuindo assim para um quadro anêmico. No geral é uma
anemia que atinge todas as linhagens relacionadas a hematopoese e hemostasia.
Alguns indicadores hematimétricos estão alterados na fase aguda e crônica deste tipo
de anemia. Na fase aguda onde é bastante observado a ocorrência de diálise e processo
inflamatório do órgão lesado que causam respectivamente a destruição das hemácias,
valores do hemograma apresentaram um quadro para anemia normocítica e
normocrômica, a ferritina muitas vezes está aumentada nesses pacientes, se que isto
reflita em um estoque adequado de ferro. Na fase crônica que é a mais prolongada e
um quadro mais brando, muitas vezes levando ao surgimento de sintomas progressivos
sendo necessário transplante do órgão lesado, não é necessário a utilização constante
de hemodiálise como na aguda, o diagnóstico laboratorial apresenta: hemácias,
hematócrito, reticulócitos e hemoglobinas diminuídos, enquanto que o VCM, HCM e
CHCM normais e no esfregaço sanguíneo são encontrados poiquilocitose, esquizócitos,
equinócitos e acantócitos que são resultados da falta de ferro e ácido fólico no
metabolismo celular que provocam uma eritropoetina ineficaz.
10) Descreva a fisiopatologia da anemia por intoxicação por metais pesados e
destaque quais são achados hematimétricos e laboratoriais que permitam seu
correto diagnóstico.
A anemia por intoxicação por metais pesados (como chumbo, alumínio, mercúrio) é
predominantemente uma anemia hemolítica adquirida. Esses metais podem causar
alguns distúrbios hematopoético, comprometendo a integridade de enzimas,
modificando a estrutura eritrocitária pela degradação de proteínas de membrana e por
fim altera o processo da biossíntese de Hemoglobina, especialmente no grupamento
Heme.
Segundo Hoffbrand, em relação à intoxicação por chumbo, este metal vai inibir a
síntese de heme e de globina em vários pontos, além de interferir na quebra de RNA,
inibindo a enzima pirimidina 5’- nucleotidase e isso causa o acúmulo de RNA
desnaturado nos eritrócitos, gerando o aspecto de pontilhado basófilo. Esse achado é
o mais característico da doença, além desse são encontradas hemácias hipocrômicas
e normocíticas ou microcíticas, já na medula óssea costuma apresentar sideroblastos
em anel, e a protoporfirina eritrocitária livre estará aumentada.
Geralmente está anemia não está associada necessariamente com deficiência de
ferro. Os valores de hemoglobina variam de 8 a 12 g/100 mL-1 em adultos, e algumas
vezes, é mais severa em crianças pois quando elas apresentam deficiência de ferro
pré-existente, tem como consequência maior absorção de chumbo, sugerindo uma
maior susceptibilidade ao plumbismo. Os hematrócitos estarão diminuídos, e a melhor
forma de adquirir a concentração de um metal pesado é fazendo uma dosagem
eritrocitária, porque no sangue o acúmulo desses metais encontra-se nos eritrócitos,
20-25 vezes maior que no plasma.
É importante lembrar que, os sintomas clínicos são: náuseas, vômitos, diarreia, dor
de cabeça, dor abdominal, arritmia, aumento da pressão arterial. Por fim, de acordo
com artigo, o tratamento da intoxicação por metais pesados tem sido utilizado um
agente quelante, EDTA de cálcio, quando administrado por infusão endovenosa, liga-
se ao metal pesado auxiliando sua excreção pela urina. O tratamento deve ter entre 5
a 10 aplicações para que o metal seja eliminado do organismo.
É importante evitar os contaminantes, consumir produtos orgânicos e fazer exames
anuais de para avaliar a concentração de metais pesados no organismo.
11) Descreva os principais achados laboratoriais que permitem você afirmar que
se trata de uma anemia hemolítica extravascular. Explique.
Anemia hemolítica é caracterizada pela destruição precoce e exagerada de hemácias
por hemólise, sendo intravascular e/ou extravascular que é considerada a mais comum.
Na hemólise extravascular ocorre a destruição em excesso das hemácias, que são
retiradas da circulação pelo baço, fígado e medula óssea por fagócitos mononucleares,
essa situação ocorre por fatores externos e normalmente são adquiridas. Os achados
laboratoriais característicos da hemólise extravascular são esferocitose que são
hemácias pequenas, esféricas, que não apresentam centro claro mas são
homogeneamente coradas e também policromatocitose proeminentes no esfregaço do
sangue periférico. De acordo com Hoffbrand, os principais achados que nos permite
afirmar ser anemia hemolítica intravascular são litíase vesicular e esplenomegalia, no
paciente é possível observar icterícia. A fagocitose dos eritrócitos geralmente produz
hipertrofia das células do sistema fagócitico e isso pode causar Esplenomegalia.
Ademais, podem ser encontrados também, reticulositose onde a presença da mesma
marca a existência de um processo hemolítico; aumento de bilirrubina não conjugada
(Bilirrubina indireta); ausência de haptoglobinas no soro devido a haptoglobina se
saturar de hemoglobina, isso faz com que se forme um complexo chamado de
hemoglobina haptoglobina, que é metabolizado pelas células hepáticas, logo, ocorre a
diminuição da mesma. Vale ressaltar que, na anemia extravascular não ocorre a
hemoglobinúria, hemossiderinúria e nem a hemoglobinemia, estes só ocorrem na
intravascular, o que ajuda a diferenciar no diagnóstico laboratorial.
Verdadeira. Como a deficiência é de vitamina B12, o tratamento com folato causa uma
resposta parcial, na qual o quadro hematológico se normaliza, porém, pode haver
progressão dos danos neurológicos, já que a vitamina B12 não está sendo reposta.
Devido a essa não reposição de vitamina B12, o paciente pode ter o quadro
neurológico agravado, embora se tenha a correção da anemia megalobástica.
14) O que você entende por Porfirias? Quais os achados clínicos, laboratoriais e
como diferenciá- las?
Hemograma
Eritrócitos 1.250.000 / m l
Hemoglobina 6,5 g / dl
Hematócrito 17,0 %
VCM 136,0 fl
HCM 52,0 pg
CHCM 31,0 %
RDW 21,0 %
Anisocitose +++ Macrocitose +++ Policromatofilia ++ 6% de eritroblastos
ortocromáticos Contagem de reticulócitos: 4,5%
Bioquímica
Bilirrubinas:
total: 8,24 mg/dl
direta: 1,20 mg/dl
indireta: 7,04 mg/dl
Marcadores de hepatite: negativos
Com base no enunciado, o paciente foi diagnosticado com anemia ferropriva, iniciou o
tratamento pelo período de 6 meses, porém, não houve melhora no quadro. Partindo do
pressuposto que essa suplementação tenha sido de forma oral, então todas as causas
devem ser consideradas e constatadas antes da indicação de ferro por via parental.
As possíveis causas que podem ser consideradas são: hemorragia persistente, isto
é, sangramento que excede a capacidade de absorção, a falta da ingestão das drágeas
pelo paciente, além disso, pode ser uma deficiência mista, estando associada a falta de
folato ou de vitamina B12. Deve-se também suspeitar de um diagnóstico errado,
especialmente relacionado ao traço talassêmico, anemia sideroblástica; Além disso,
pode estar ocorrendo uma má-absorção devido a doença celíaca, gastrite atrófica, ou
alguma infecção, ainda nesse viés de infecção, a falta de resposta do tratamento pode
estar ligada a presença por exemplo da H.pylori, visto que esta necessita de ferro para
crescer, com isso concorre com o organismo do indivíduo. Existe a probabilidade
também da existência de parasitas como Ancylostoma duodenale ou Necator
Americanos, que podem determinar consideráveis perdas de ferro, e de modo geral, a
faixa etária de maior incidência desses parasitas é de maiores de 5 anos de idade.
Paciente B - Paciente C -
feminino masculino
SATURAÇÃO - 15 30 (normal)***
(normal)***
Como não se tem idade definida, subentende-se que o paciente é adulto, por isso,
baseado nos valores de referência específicos para homens e mulheres foram
observados se o paciente A se encontra com os valores aumentados ou reduzidos. No
entanto, observou-se o valor de VCM reduzido (microcítica), além disso, os valores de
hemoglobina (Hb) e hematócrito (HT) reduzidos, podendo estar ocorrendo hemólise.
Com isso, foi pensado que sendo o caso de uma anemia microcítica, podem ser
excluídas possibilidades como anemias sideroblásticas, anemia ferropriva e anemias de
doenças crônicas (raras em caso de microcitose).
Desta forma, por eliminação, foi pensado em talassemia beta hemolítica, pois é a
doença que se adequa aos parâmetros indicados nos índices hematimétricos mesmo
sem apresentar características específicas como anisocitose. Esse quadro se encaixa
por conta da redução dos níveis de hemoglobina e hematócrito, normalidade do ferro, e
dentro das anemias microcíticas essa é uma possibilidade. Clinicamente, os achados
são aumento de bilirrubina, icterícia, reticulocitose, aumento de ferro por transfusão,
alterações no crescimento, entre outros. Para a confirmação do caso, é realizado o
diagnóstico diferencial de eletroforese Hb (exame de medição e identificação de
hemoglobinas variadas presentes no sangue), PCR e HPLC.