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Recebido/Submission: 13/10/2019
Iberian Journal of Information Systems and Technologies Aceitação/Acceptance: 27/01/2020
benites_silva@hotmail.com, ismarfrango@gmail.com
1. Introdução
A relação entre surdos e música é uma questão polêmica desde o pessado até os dias
atuais, uma vez que a música é considerada um fenômeno do meio audível e os surdos
não podem ouvir, mas podem sentir a musica por causa das vibrações no próprio
corpo. As pessoas que defendem a cultura dos surdos afirmam que a música é criada e
compreendida para a concepção de pessoas ouvintes, como conseqüência não faz parte
da cultura dos surdos, portanto, os surdos não podem apreciar a música como ouvintes
fazem conforme cita (Glennie, 2018). O som nada mais é do que a vibração do ar, que
o ouvido capta e converte em sinais elétricos que são interpretados no cérebro. No caso
de vibrações com frequências muito baixas, o ouvido se torna ineficiente e o sentido
tátil começa a dominar. Surdez não significa não ouvir, há simplesmente algo errado
com o ouvido, porque mesmo alguém com surdez profunda pode sentir e ouvir sons
(Finck, 2009), portanto, para (Glennie, 2018), o processo de ouvir está relacionado
com a percepção dos sentidos e não apenas com o ouvido, por isso, se a música é uma
expressão na forma de sons, como o indivíduo surdo pode perceber a música? Nesta
parte, é notória a necessidade de criar propostas pedagógicas para o ensino de música
a pessoas surdas. É interessante notar que os surdos sentem vibrações através da pele:
esse evento ocorre nos surdos através de um local no cérebro que é o mesmo local que
o ouvinte, de modo que esse local lhes dá uma percepção diferente de como entender a
leitura do ritmo musical.
As ondas de vibração, transmitidas pelo ar, atingem a pele e, portanto, os músculos e
os ossos os sentem, finalmente atingindo o sistema nervoso autônomo, o que permite
sentir o ritmo e o volume, a intensidade e a duração do som (Haguiara-Cervellini et al.,
2003). Essas percepções, quando integradas à percepção do movimento interno, podem
permitir que os surdos apreciem os elementos sonoros (Benenzon, 1983). O autor ainda
apresenta uma relação entre o surdo e a música e propõe a substituição de seu sistema
auditivo por recursos táteis, o que permitiria ao surdo conhecer o som ao redor.
Analisando estudos que utilizam perspectivas de vibração sonora, observa-se que eles
não são percebidos apenas pelos aparelhos auditivos, assim podemos citar estudos
clássicos como (Madsen, Mears et al., 1965), onde mediram a sensibilidade tátil de
pessoas com deficiência auditiva e obtiveram resultados satisfatórios. Um ano antes,
(Gescheider, 1964) demonstrou com que precisão a pele pode identificar vibrações
sonoras, com base nisso, (Montagu, 1988) afirmou que, em termos de som, a pele é
o sistema mais importante do corpo humano, uma pessoal pode viver surdo, cego
e completamente desprovido de cheiro e sabor, mas não pode viver sem as funções
desempenhadas pela pele. O autor também menciona as experiências de surdos e cegos
que, quando estimulados, demonstraram compensações por essas deficiências, em um
grau extraordinário por meio da pele.
No que diz respeito à sensibilidade das crianças com surdez à música (Haguiara-
Cervellini, 2003) mostrou que elas tentam percebê-la usando todo o corpo para sentir
as vibrações que podem ser do chão, das paredes e também dos instrumentos musicais,
assim os surdos geralmente preferem instrumentos de percussão, que produzem fortes
vibrações e são mais facilmente percebidos. Nesse sentido, o surdo deve ter todas as
possibilidades da experiência musical para desenvolver sua sensibilidade à música.
3. Metodologia
Selecionamos um grupo de 7 crianças de 5 a 10 anos para fazer um experimento musical
usando robótica e software. Entre essas crianças, 6 têm problemas auditivos e precisam
de intérpretes para ajudá-las. Durante todo o processo, houve consentimento de seus
responsáveis que acompanharam as crianças durantes os 3 momento que nos reunimos.
As três etapas dos experimentos foram realizadas em uma sala de uma organização
religiosa, para não perturbar os lares das famílias e evitar impactos em diferentes
ambientes dos experimentos. Para obter opiniões e resultados durante os testes práticos,
usamos um questionário modelo para as avaliações realizadas pelos conselheiros das
crianças, onde cada um deles avaliava a criança durante as atividades.
Para as crianças surdas apresentamos os fundamentos da música, como notas musicais
combinadas com cores, ritmos e tempos musicais representadas pelo movimento de um
robô. Deixando a maneira tradicional como você pode usar o livro, o quadro ou qualquer
outro meio que não seja o uso da tecnologia.
Na figura 1, apresentamos a situação da comunicação de cada uma das 7 crianças que
participaram dos experimentos, para conhecer as circunstâncias envolvidas, portanto,
inserimos o que os responsáveis pelas nos informaram, onde o simbolo “✔” Indica
positivo e “-”indica negativo e o que foi comprovado durante os experimentos.
Depois que as crianças tiverem a base do que cada cor na pauta significa, passaremos
para a segunda parte da teoria que diz respeito ao tempo rítmico, pode-se usar no
aplicativo os tempos já definidos, para que a criança selecione apenas o movimento que
você deseja para o robô. Na figura 4 você pode ver como a tela fica onde a criança usará
essa função.
Para que o robô execute e reconheça comandos enviados pelo iPad, foi necessário
compilar o código dentro do Arduino do robô, usamos a linguagem de programação
mBlock no modo Python, que é uma linguagem de programação compatível com o
aplicativo. Com o uso de jogos, será possível saber qual foi a abstração dos conceitos que
as crianças adquiriram com o experimento.
Para facilitar a utilização da proposta prática, será criado um plano de orientação para
os experimentos: nesse caso, haverá três planos, um para cada domingo de atividades.
Nos três usaremos o robô e somente no último experimento teremos uma mudança, que
será a inserção do piano de cauda e uma pulseira vibratória.
Teremos intérpretes para facilitar a comunicação com crianças, pois existem crianças
que não sabem ler e não conhecem a LIBRAS. Uma das crianças não será deficiente para
ser um modelo para os outros.
Este piano possui entradas USB e P10; nesse caso, a entrada USB do piano foi
fundamental nesta etapa final, usamos o USB para integrar o robô ao piano e, assim,
ajudar as crianças em sua compreensão. Portanto, procuramos o paralelismo, de modo
que, quando uma nota é tocada no piano, o robô gera uma cor e uma vibração no robô ao
mesmo tempo, para evitar confusão para as crianças.
Como nos dois primeiros experimentos, as crianças não tiveram contato com o piano,
isso poderia criar uma dificuldade e gerar confusão, então vimos que seria necessário
inserir uma pulseira integrada ao robô nessa ultima etapa. Dessa forma, quando as
crianças tocavam uma nota musical no piano ele vibrava porque era acústico, o robô
vibrava tambpem e acendia um LED que indicava que a nota tocada, e por fim enviava
um comandao a pulseira que estava integrada ao robô, gerando uma vibração no pulso
das crianças com a mesma frequencia do piano.
Programamos o robô com antecedência para chegar e simplesmente conectarmos
no piano e obtemos uma resposta satisfatória com as notas pressionadas no piano.
Conectamos a porta USB do robô ao piano, clicamos em uma nota Dó representada
pela cor vermelha nos testes anteriores e, conforme esperado, o robô ficou com o LED
vermelho e enviou a frequencia para a pulseira que vibrou na mesma intensidade
do piano.
Ao realizar a atividade final a criança ficava com a mão esquerda no piano, a mesma
mão com a pulseira, também sentia a vibração do piano e a vibração da pulseira. Tudo
isso aconteceu de forma sincronizada e procurou estar livre de atrasos, para não criar
confusão na cabeça das crianças durante sua participação no experimento.
5. Resultados e discussões
Como as crianças com deficiência auditiva realizavam as atividades em cada um dos três
experimentos, os conselheiros avaliavam seu desempenho de acordo com as opções do
questionário. Após concluir as três experiências, foi possível ter uma opinião sobre o
desempenho de cada criança que participou das experiências:
•• Todas as crianças foram capazes de realizar as atividades propostas usando o
aplicativo através do iPad em conjunto com o robô, realizando todos os exercícios
com sucesso e aproveitando a atividade que gerou muita diversão entre elas em
100% dos casos.
•• Nenhuma criança recebeu treinamento específico ou separado das outras
crianças para entender o conteúdo. O máximo que pudemos observar foi um
pouco de lentidão para iniciar a atividade, mas com o tempo, mesmo sem ajuda,
puderam fazer todo o conteúdo. Os conselheiros estimaram que cerca de 60%
das crianças tiveram que pensar um pouco mais para iniciar o processo, mas
isso era de se esperar, uma vez que nunca tiveram contato com as tecnologias
do experimento.
•• 100% das crianças acharam fácil entender as imagens para realizar a atividade
e imitar o movimento do robô.
•• Após esse periodo de atividade realizadas apenas aos domingos, as crianças
não apresentaram dificuldade em lembrar o que havia sido feito 7 dias atrás na
atividade anterior, 100% delas realizavam atividades praticamente semelhantes
nos três experimentos.
As atividades realizadas nesta investigação indicaram que a combinação do aplicativo
Scratch com um hardware, neste caso um robô, pode proporcionar aprendizado de
música para crianças com deficiência auditiva. Os experimentos mostraram que o
conjunto utilizado indicam potencial para atividades musicais e podem ser adaptados a
outras situações de diferentes pontos de vista, para que possa ensinar outros pontos na
teoria musical e crianças aprendidas a se divertir. Portanto, é essencial o uso de meios
adaptativos na educação musical de crianças surdas, assim apontou-se ser necessário
verificar a eficácia do aplicativo e do hardware utilizado, estudar formas de saber
qual é o real impacto sobre quem participa do aprendizado, neste caso crianças com
deficiência auditiva.
6. Considerações do projeto
Uma vez iniciados os experimentos musicais com as crianças, foi possível analisar que a
arquitetura utilizada com a aplicação e o robô permitiam que as crianças realizassem a
atividade musical, com o mesmo auxiliando na percepção dos sons que eram feitos com
as medidas, vibrações e ritmos através do robô.
Depois que as crianças perceberam o som através da cor e do movimento do robô,
elas puderam reproduzir e se mover de acordo com sua intensidade, quando geraram
movimento e cores. Portanto, foi possível refletir sobre os benefícios que a música trazia
para as crianças através de suas atitudes e os comentários dos conselheiros no momento
Referências
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Gescheider, A. (1964) Cutaneous sound localization. Journal of Experimental Psychology,
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Glennie, Evelyn. (2009). The Hearing Essay. 2008. Texto [on line]. Disponível em: .
Acesso em: 16 nov. 2011. In: FINCK, Regina. Ensinando música ao aluno surdo:
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre..
Haguiara-Cervellini, N. (2003). A musicalidade do surdo: representação e estigma. São
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Jones, Jeannette DiBernardo. (2016). Imagined Hearing: Music-Making in Deaf Culture.
In: Howe, B, Jensen-Moulton, S.; Lerner, N.; Straus, J. The Oxford Handbook of
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