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Subsídios à elaboração de provas

História

Ensino Fundamental II
6º ano — 3º bimestre/2018

APRESENTAÇÃO

Com a intenção de contribuir de forma mais efetiva para a elaboração de


instrumentos de avaliação, coerentes com a abordagem metodológica adotada
em nosso sistema de ensino, os autores de nosso material didático produzem,
bimestralmente, estes “Subsídios”. Trata-se de sugestões que podem ser
utilizadas nas avaliações, mas têm como principal destinatário o próprio
professor.
Por esse motivo, será necessário que você analise cada uma das
propostas, verificando o nível de adequação delas, de acordo com as
necessidades de seus alunos.
Sabendo das particularidades de cada região, de cada escola e respeitando
a dinâmica e as características de cada professor, salientamos que a utilização
das atividades sugeridas depende exclusivamente de sua decisão.
CONSIDERAÇÕES E ORIENTAÇÕES GERAIS
Os temas abordados no caderno 3 do 6º ano articulam-se com os seguintes objetivos:
• compreender que o continente africano tem como característica a diversidade
natural e humana;
• conhecer mitos de origem africanos e relembrar que essa forma de explicação é
uma prática universal;
• conhecer as fontes para o estudo das sociedades africanas;
• concretizar a noção de diversidade africana, conhecendo três sociedades e suas
respectivas formas de organização;
• continuar a desconstruir a ideia de que “os africanos são todos iguais” ou de que a
África é um continente homogêneo;
• adquirir conhecimentos para romper a ideia eurocêntrica de que a história da maior
parte da África começou com a chegada dos europeus àquelas terras;
• conhecer aspectos da história do Egito Antigo, contrapondo-os à visão estereotipada
difundida pela literatura e pelo cinema;
• conhecer os diversos tipos de fonte histórica utilizados no estudo da sociedade
egípcia;
• entender o processo de formação do Estado no Egito Antigo;
• relacionar a existência do rio Nilo à organização do Estado egípcio;
• retomar o conceito de teocracia;
• conhecer alguns aspectos da vida e dos costumes dos egípcios;
• retomar algumas crenças egípcias (como a vida após a morte e o caráter divino do
faraó) a fim de perceber a forte relação desse povo com o universo religioso.
Considerando-se os objetivos acima expostos, em uma avaliação de desempenho pode-
se utilizar questões que permitam aferir o desenvolvimento das seguintes habilidades:
• leitura e interpretação de texto;
• leitura e interpretação de imagens;
• compreensão de contexto;
• comparação;
• identificação de características;
• domínio de informações essenciais;
• relação entre informações.

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Dando continuidade ao nosso diálogo acerca do processo de avaliação, incluímos um
pequeno texto de Juan Ignacio Pozo, alertando sobre a necessidade das avaliações não
aferirem somente a memorização:
“Acabaremos este capítulo com um resumo dos cuidados necessários durante o
processo de avaliação para evitar que os alunos “nos dêem gato” por lebre e nos façam
acreditar que compreenderam o que apenas memorizaram.

Entre as muitas causas dessa confusão entre fatos e conceitos que temos analisado
ao longo destas páginas, uma das mais importantes é a ineficácia de alguns instrumentos
de avaliação habituais para discriminar entre a aprendizagem de fatos e a aprendizagem
de conceitos. Diante da observação de que o aluno reproduz com bastante acerto as
quatro causas da queda do Império Romano que aparecem no seu livro-texto, podemos
concluir que as compreendeu? A distinção entre aprender fatos e conceitos [...] não terá
significado educacional a não ser que consigamos discriminar uma situação de outra.
Resumidamente, indicaremos algumas precauções a serem tomadas durante a avaliação
para impedir que a aprendizagem de fatos passe por uma aprendizagem de conceitos:
a) Evitar perguntas e tarefas que permitam respostas reprodutivas, ou seja, evitar que
a resposta “correta” esteja literalmente incluída nos materiais e atividades de
aprendizagem.
b) Propor, na avaliação, situações e tarefas novas, pelo menos em algum aspecto,
solicitando do aluno a generalização dos seus conhecimentos a uma nova situação. Para
isso, será preciso que as atividades de aprendizagem tenham se baseado em contextos
diversos e requeiram também uma certa generalização.
c) Avaliar, no início das sessões ou dos Blocos Temáticos, os conhecimentos prévios
dos alunos, para ativar suas ideias e trabalhar a partir delas.
d) Valorizar as ideias pessoais dos alunos, promovendo o uso espontâneo da sua
terminologia, treinando-os em parafrasear (dizer com outras palavras, não literalmente
com as que aparecem no texto original) ou descrever diversos fenômenos.
e) Valorizar as interpretações e conceituações dos alunos que se afastam ou desviam
da ideia científica aceita. Essa valorização deve ser feita não somente antes, mas também
depois da instrução. O aluno que mostra uma interpretação desviada de um fenômeno já
ensinado, embora exija uma instrução adicional, está mostrando um esforço para
assimilar esse fenômeno aos seus conhecimentos, o que é um indício de compreensão
incipiente.
f) Usar técnicas “indiretas” (classificação, solução de problemas, etc.) que tornem
inútil a repetição literal e acostumar os alunos a arriscarem-se a usar os seus
conhecimentos para resolver enigmas, problemas e dúvidas, ao invés de encontrarem a
solução fora deles mesmos (no professor, no livro, etc.)
POZO, Juan Ignacio. A aprendizagem e o ensino de fatos e conceitos. In: COLL, César et alli. Os
conteúdos na Reforma. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 69-70.

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PROPOSTA 1

OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


• ler e interpretar texto;
• dominar informações essenciais;
• analisar contexto.

QUESTÕES

Leia o texto a seguir e responda às questões.


Durante muito tempo, mitos e preconceitos de toda espécie esconderam do mundo
a real história da África. As sociedades africanas passavam por sociedades que não
podiam ter história. [...] Um grande número de especialistas não africanos [...]
sustentavam que essas sociedades não podiam ser objeto de um estudo científico [...]
por falta de fontes e documentos escritos. [...]
Havia uma recusa a considerar o povo africano como o criador de culturas originais
que floresceram e se perpetuaram, através dos séculos, por vias que lhes são próprias.
M. Amadou - Mahtar M’Bow. História geral da África, II: África antiga / editado por Gamal Mokhtar. –
2. ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. Prefácio.

a) Por que a história das sociedades africanas pode ser estudada ainda que não
existam muitas fontes escritas?
b) O autor fala em culturas originais que floresceram na África. Dê dois exemplos
dessas culturas, diferentes entre si, e comente suas características.
c) Em sua opinião, nos dias atuais, existem preconceitos e informações equivocadas
sobre o continente africano? Justifique sua resposta.

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COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

A questão pretende aferir se o aluno apreendeu a diversidade africana: as muitas


formas de organização social, as diversas paisagens, a rica história e as formas de
registro de transmissão dessa história.
a) Porque as sociedades africanas podem ser estudadas a partir de sítios
arqueológicos e das informações constantes nos mitos e na rica tradição oral, através
da qual gerações passam umas às outras os relatos, as crenças, os hábitos e o modo
de pensar de cada uma. (0.3)
b) O aluno tem vários exemplos para escolher e comentar:
- Os khoi e os San, que vivem em especial da caça e da coleta no centro e no sul da
África;
- os berberes, povos nômades do norte da África, que organizam grandes caravanas
que atravessam o deserto, vivendo basicamente do comércio entre o sul e o norte do
Saara;
- os soninké de Gana, que montaram um grande império centralizado em torno do
imperador (gana ou caia maga) e uma sociedade estratificada em vários grupos sociais.
Praticavam a agricultura, a pecuária, o comércio, mas se notabilizaram pela extração de
ouro;
- Os banto do reino do Congo: também estruturaram um império centralizado em
torno do manicongo, ao qual pagavam tributos. Viviam da agricultura, da pecuária e do
artesanato;
- os egípcios, que montaram um grande império, governando pelo Faraó.
Estruturaram sua economia em torno do Rio Nilo. (0,4)
c) Resposta do aluno. O professor deve aferir se a argumentação do aluno é bem
fundamentada. Provavelmente ele dirá que há preconceitos até hoje, motivado, inclusive,
pelas atividades de abertura, nas quais destacam-se realidades sociais e naturais que
nunca são associadas à África, como grandes cidades, neve etc. Além disso, o
continente africano sempre aparece no noticiário em função de problemas sociais,
políticos e econômicos, que vive e pouco por suas realizações. (0,3).

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PROPOSTA 2

OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


• dominar informações essenciais;
• analisar contexto.

QUESTÕES

Leia a afirmativa abaixo, observe a imagem e responda às questões.


A mitologia egípcia explicava as enchentes do Rio Nilo como sendo “lágrimas da deusa Ísis”.

a) Por que os egípcios davam tanta importância às enchentes do Rio Nilo a ponto de
associá-las a uma divindade?
b) Explique como a religião influenciava a política no Egito antigo.

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COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

As questões abordam aspectos clássicos da história do Egito: a relação com o Rio


Nilo e o poder dos Faraós.
a) Porque era graças às enchentes que era possível plantar, colher e criar animais
naquela região desértica. As enchentes deixavam camadas de húmus que tornavam
férteis aquelas terras. (0,5)
b) O Faraó era considerado um deus encarnado e representante dos deuses.
Acreditava-se que ele era responsável pelas cheias anuais e pelas colheitas. Por isso,
os egípcios pensavam que não podiam desobedecê-lo sob pena de castigos pessoais e
coletivos (fomes, más colheitas etc), ou seja, a religião justificava o poder do Faraó e
estimulava a obediência a ele. (0,5)

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