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Figuras de linguagem

As figuras de linguagem são as responsáveis pela transformação, intensificação, alteração, expressividade


e inventividade do discurso literário. O sentido inusitado, a beleza imagética, o efeito sonoro são alguns dos
resultados atingidos com a aplicação das figuras de linguagem.
Existem quatro tipos de figuras de linguagem: Fi- Sinestesia
guras de Palavra, Figuras de Sintaxe, Figuras de
Pensamento e as Figuras Fônicas. É a mistura de sensações percebidas pelos senti-
dos humanos (visão, audição, paladar, tato, olfato)

Figuras de palavras Gela o som, gela a cor.


Ocorre modificação no sentido da palavra. Harmonias de cor e perfume.
Cruz e Sousa
Metáfora
Emprega-se a palavra fora de seu sentido padrão,
básico. A partir de uma livre associação de ideias Figuras de sintaxe
atinge-se um novo significado para o vocábulo.
É a reorganização sintática da frase para causar
determinado efeito.
Seus dentes são um colar de pérolas.
Cecília Meireles Hipérbato
É o deslocamento dos termos de uma oração ou de
Meu pensamento é um rio subterrâneo. orações no período.
Fernando Pessoa
Nem mesmo o sábio da Caldeia antiga
A dor abrandará que me devora.
Metonímia e Sinédoque (atualmente não
Fagundes Varela
se estabelece mais diferença entre essas
Transcrição:
duas figuras, por isso as colocamos juntas)
Nem mesmo o sábio da Caldeia antiga abran-
Emprega-se a palavra também fora de seu sentido dará a dor que me devora.
padrão, porém a nova significação é dada pelo em-
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
prego de uma palavra no lugar de outra.
De um povo heroico o brado retumbante.
Adoro ler Erico Verissimo. (o autor pela obra) Transcrição:
Gosto do Fiat e do Volkswagen. (a marca pelo As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
produto) brado retumbante de um povo heroico.
O europeu é introspectivo e trabalhador. O
brasileiro é desinibido e mais trabalhador ain-
da. (o singular pelo plural) Elipse
Comprei várias cabeças de gado. (a parte pelo Omite-se um termo facilmente subentendido.
todo)
Estamos revoltados, * indignados e * incon-
formados com essa situação.
Catacrese
“Na rua deserta, nenhum sinal de bonde”.
É uma metáfora utilizada para indicar algo que Clarice Lispector
não possui um nome próprio.

Vozes cantigas e risos Pleonasmo


Ao pé das fogueiras acesas.
É a repetição de algum termo com a intenção de
Manuel Bandeira dar ênfase.

O braço da cadeira quebrou. E rir meu riso e derramar meu pranto.

Trata-se da metáfora cristalizada pelo uso corrente. Vinicius de Morais


Assíndeto A dinâmica e populosa São Paulo continua so-
É a omissão de conjunção coordenativa. frendo com as enchentes.
(Silepse de gênero: subentendendo-se a cida-
Clara passeava no jardim com as crianças. de de São Paulo.)
O céu era verde sobre o gramado, Os brasileiros torcemos pela seleção na Copa
a água era dourada sob as pontes, do Mundo.
outros elementos eram azuis, róseos, alaran- (Silepse de pessoa: subentende-se “nós, os
jados, (...) brasileiros.”)
Os Lusíadas narra os grandes feitos do “peito
Carlos Drummond de Andrade
ilustre lusitano”.
(Observe que a conjunção coordenativa que (Silepse de número: subentende-se a obra Os
não aparece é “e”.) Lusíadas.)

Polissíndeto Figuras de pensamento


É a repetição de uma conjunção coordenativa. É o desvio de significação no sentido geral da fra-
se. Dá-se na compreensão total da frase.
E rir meu riso e derramar meu pranto

Vinicius de Morais Antítese


É a relação de oposição entre duas ideias. Estabele-
ce-se, assim, o contraste.
Anáfora
É a repetição de uma palavra no início de frase Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
ou verso. Gregório de Matos

É pau, é pedra, é o fim do caminho,


Os jardins têm vida e morte.
É um resto de toco, é um pouco sozinho
Cecília Meireles
É um caco de vidro, é a vida, é o sol,
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
Paradoxo (oxímoro)
Tom Jobim
É uma relação contraditória de ideias que resulta
na ilogicidade, na incoerência.
Anacoluto
Amor é fogo que arde sem se ver,
É a quebra da estrutura lógico-sintática, tendo
como consequência um termo sem função sintática. É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
O homem chamar-lhe mito não passa de ana- É dor que desatina sem doer.
coluto. Luís de Camões
Carlos Drummond de Andrade

Eufemismo
Silepse É a atenuação de uma expressão muito forte.
É a concordância ideológica, logo não há concor- Busca-se suavizar essa expressão com um termo
dância com o termo relacionado e sim com a ideia que menos agressivo.
ele passa.
A amiga Gradação
Ele chegou ao bar, pálido e trêmulo. Sentou-se. É a disposição de ideias em ordem crescente (para
- Por enquanto, nada – desculpou-se ao gar- se atingir o clímax) ou decrescente (para se atingir o
çom. anticlímax).
- Estou esperando uma amiga.
Dali a dois minutos, estava morto. Oh não aguardes que a madura idade,
Quanto ao garçom que o atendeu, esse ado- Te converta essa flor, essa beleza,
rava repetir a história, mas sempre acrescentava Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em
ingenuamente: nada.
- E até hoje, a “grande amiga” não chegou!
Gregório de Matos
Mario Quintana

(Neste exemplo “a amiga” é a morte e o gar- Ironia (antífrase)


çom não se dá conta disso achando que a amiga
fosse uma pessoa.) Diz-se o contrário do que realmente se quer falar.

A excelente Dona Inácia era mestra na arte de


Hipérbole judiar das crianças.
É o exagero de uma ideia a partir de um recurso Monteiro Lobato
expressivo.

O meu amor Figuras fônicas


Tem um jeito manso que é só seu
Consiste na busca de efeitos sonoros a partir da
E que me deixa louca
manipulação de consoantes ou vogais das palavras.
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
Aliteração
E me beija com calma e fundo
Até minh’alma se sentir beijada, ai. É a repetição de fonemas, especificamente con-
Chico Buarque soantes.

Vozes veladas, veludosas vozes,


Prosopopeia (personificação) Volúpias dos violões, vozes veladas,
É a atribuição de características humanas a seres Vagam nos velhos vórtices velozes
irracionais ou a seres inanimados. Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Vai passar Cruz e Sousa

Nessa avenida um samba popular


Cada paralelepípedo Onomatopeia
Da velha cidade
Trata-se da utilização de fonemas com o objetivo
Essa noite vai
de reproduzir a realidade de certos fenômenos.
Se arrepiar
Ao lembrar Fiu-fiu fez o rapaz, mas a moça não lhe deu
Que aqui passaram sambas imortais bola.
Que aqui sangraram pelos nossos pés O relógio faz tique-taque.
Que aqui sambaram nossos ancestrais.
Chico Buarque

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