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Fontes para o estudo da população

Demografia- Ciência que estuda a população

Os estudos demográficos têm ocupado um lugar prioritário na agenda política dos governos, já que a
implementação de qualquer política socioeconómica depende do conhecimento pormenorizado dos efetivos
populacionais bem como do seu comportamento evolutivo. Conhecendo as dinâmicas demográficas de um
determinado território, é possível identificar problemas, prever necessidades, traçar cenários futuros e definir
políticas públicas de desenvolvimento em diferentes áreas.

Recenseamentos/Censos- processos de recolha, tratamento, avaliação, análise e difusão de dados referentes a um


momento temporal específico e respeitantes a todas as unidades estatísticas (indivíduos, famílias, alojamentos e
edifícios) de uma determinada área geográfica, normalmente o país. Realizam-se de 10 em 10 anos de acordo com
a ONU.

Evolução da população portuguesa


Evolução- alteração

1950-1960: Crescimento moderado da população

• Crescimento Natural elevado: fraca presença da mulher no mercado de trabalho e fortes princípios
religiosos;
• Movimentos emigratórios para a Europa Ocidental.

1960-1970: Decréscimo da população

• Forte vaga emigratória: procura de melhores condições de vida, fuga à guerra colonial e ao regime ditatorial
de Salazar;
• Diminuição no saldo natural devido ao decréscimo da natalidade.

1970-1981: Crescimento acelerado da população

• Regresso de milhares de emigrantes portugueses na Europa e residentes nas antigas colónias (retornados)
após a Revolução de Abril de 1974;
• Diminuição da emigração devido ao choque petrolífero de 1973 e consequentes restrições à emigração por
parte dos países recetores.

1981-1991: Estagnação demográfica

• Diminuição do saldo natural devido aos valores baixos da natalidade;


• Saldo migratório negativo.

1991-2001: Crescimento lento da população

• Saldo Natural reduzido;


• Saldo Migratório positivo. O ligeiro aumento da população deste período deveu-se, sobretudo, à entrada
de emigrantes.

2001-2011: Crescimento lento da população

• Saldo natural negativo, compensado por um saldo migratório positivo, ainda que em desaceleração, que
impediu a diminuição da população.
2011-2018: Decréscimo da população

• Saldo Natural negativo;


• Saldo migratório negativo, com exceção de 2017-2018, mas que não anulou a tendência de decréscimo
demográfico.

Natalidade e Fecundidade
Índice de Renovação de Gerações- nº médio de filhos que cada mulher deve ter, durante a sua vida fértil, para que
a sua geração possa ser substituída. IRG- 2,1 filhos (“,1” pois nascem mais rapazes que raparigas e são estas que
têm os filhos).

Causas declínio natalidade e fecundidade

• Emancipação da mulher;
• Aumento da idade média das mulheres ao nascimento do primeiro filho;
• Diminuição taxa bruta de nupcialidade e aumento do nº de divórcios;
• Aumento da responsabilidade e encargos financeiros;
• Mudança de mentalidade nos casais;
• Planeamento familiar e uso dos métodos contracetivos;
• Crescimento da taxa de urbanização da população

Mortalidade
Causas declínio da mortalidade

• Desenvolvimento da medicina preventiva e curativa;


• Diminuição da taxa de analfabetismo, melhoria dos cuidados de higiene e maior acesso à informação sobre
os mecanismos de prevenção e combate das doenças;
• Aumento do nível de vida da população, que proporcionou a melhoria das condições alimentares, de
higiene e de habitabilidade;
• Melhoria das condições de saúde, higiene e segurança no trabalho.

Contrastes Espaciais na distribuição da mortalidade


Mortalidade infantil
Causas do declínio da mortalidade infantil

• Melhoria da dieta alimentar e das condições sanitárias e de higiene da população;


• Maior assistência antes, durante e após o parto;
• Progressos na medicina ao nível da vacinação infantil;
• Aumento da escolarização, que se refletiu no maior acesso à informação sobre os cuidados com a grávida
e a criança;
• Sensibilização das mulheres grávidas para a frequência de formação especializada sobre o parto e os
cuidados materno-infantis.

Contrastes espaciais na distribuição da mortalidade infantil

Saldo natural
Movimentos Migratórios
Internas
Pendulares (diárias)- ex.: casa-escola; escola-casa
Migrações Êxodo Rural- campo para cidade

Êxodo Urbano- cidade para campo

Externas

Portugal é, desde séculos, um país de emigração que, em diferentes momentos da História à saída de milhões de
portugueses para outros continentes.

Causas Emigração:

• Económicas (principal);
• Políticas;
• Religiosas;
• Naturais (vulcões, secas).
POSITIVAS NEGATIVAS POSITIVAS NEGATIVAS
• Entrada de • Perda de mão-de- • Aumento da • Aumento das
divisas obra com plena disponibilidade de taxas de
• Difusão de novas capacidade mão-de-obra desemprego
ideias e costumes produtiva • Rejuvenescimento • Problemas
• Concentração • Desequilíbrio entre da população que habitacionais
fundiária, porque os sexos já que se revela numa que levam à
os agricultores grande parte dos maior capacidade proliferação
que migram emigrantes é empreendedora e de bairros de
acabam por formada por na dinamização da lata e de
vender as homens economia. bairros
explorações • Envelhecimento da clandestinos
agrícolas população e
diminuição da taxa
de natalidade
Os imigrantes com autorização de residência em Portugal atingiram o maior número de sempre e são eles os
responsáveis por evitar um declínio mais acentuado da população portuguesa.

Saldo Migratório
1961-1973: SM negativo

Forte vaga emigratória para a Europa Ocidental: busca de oportunidades de trabalho e melhores condições de
vida.

1974-1981: SM positivo

Forte vaga imigratória, com o regresso dos portugueses:

• Residentes na Europa (restrições à emigração para a Europa- choque petrolífero de 1973);


• Residentes nas antigas colónias após a Revolução de Abril de 1974.

1982-1992: SM negativo

Saída de muitos portugueses para a Europa, devido à abertura de fronteiras decorrente da entrada de Portugal
para a EU.

1993-2010: SM positivo

Entrada de imigrantes oriundos, dos PALOP, Brasil e Europa de Leste, atraídos por um período de crescimento da
economia e do emprego.

2011- SM negativo

Saída de milhares de portugueses em virtude da crise económica


e financeira.
Crescimento Efetivo

Período Saldo Natural (SN) Saldo Migratório (SM)


2º metade década. 70- início SN em declínio SM positivo (maior vaga
década 80 imigratória)
Década de 90 SN muito baixo SM positivo
1º década século XXI SN evoluindo para valores SM positivo
negativos
2019 SN negativo SM positivo, tendo 4x os valores de
2018

Período Saldo Natural (SN) Saldo Migratório (SM)


2ºmetade anos 60- início década SN em declínio SM negativo
70
2º metade anos 80- início década SN em declínio SM negativo
90
2010-2018 principalmente 2012- SN negativo SM negativo evoluindo para
2014 valores positivos a partir de 2017

Pirâmides Etárias
Pirâmides Etárias- representação gráfica da população segundo o sexo e a idade.

Classe Etária/Grupo Etária/Escalão Etário- conjunto de indivíduos que possui a


mesma idade.

Classe Oca- classe etária que possui menos indivíduos que a classe seguinte.

Estrutura Etária Jovens- <15 anos

Adultos- 15 aos 64 anos

Idosos- > ou igual a 65 anos

Foi até à década de 60 um dos poucos países a possuir uma população predominantemente jovem.

Para este facto contribuíram:


• características rurais
• pouca difusão dos métodos contracetivos
• fraca presença de mulheres no mercado de trabalho
• a elevada natalidade

Na década de 60 verificou-se alguma alteração como consequência da guerra colonial e da emigração.


Na década de 70 verificou-se mais uma alteração como consequência do:
• êxodo rural
• alargamento da escolaridade obrigatória
• alterações do modo de vida

Atualmente a pirâmide de Portugal é idosa tendo como fatores:


• diminuição natalidade
• diminuição mortalidade
• aumento da Esperança Média de Vida

Esperança Média de Vida- Número médio de anos que uma pessoa à nascença pode esperar viver, mantendo-se
as taxas de mortalidade por idade observadas no momento.

Contrastes regionais na Estrutura etária portuguesa:


Mais idosos: região centro e Alentejo
Mais jovens: Norte e regiões autónomas

A análise de uma pirâmide etária permite saber:

• Natalidade, mortalidade, EMV, estrutura etária da população, relação nº homens - nº mulheres, o que
aconteceu na evolução na população (classes ocas).

Causas classes ocas.

• Planeamento familiar- classes ocas nas barras da base;


• Guerras- classes ocas nas bases da pirâmide e nos escalões dos 20-30 anos;
• Emigração- classes ocas nas barras da base da pirâmide e nos escalões etários dos 20-30 anos
(principalmente);

Há mais mulheres que homens em certos tipos de idades pois:

• Os homens exercem profissões mais perigosas que podem provocar a morte precoce ex.: mineiro,
pescador, engenheiro civil;
• São mais aventureiros, o que pode provocar a morte precoce;
• As mulheres vivem mais tempo que os homens por razões biológicas;
• As mulheres não têm tantos vícios (álcool, tabaco).

O envelhecimento da população dá-se pela base (diminuição mortalidade) e pelo topo (aumento EMV)- duplo
envelhecimento.

Estrutura população ativa Portugal


População Ativa- considera-se a população ativa o conjunto de indivíduos com idade mínima de 15 anos que
constituem mão-de-obra disponível para a produção de e de serviços que entram no circuito económico. Engloba
os empregados e os desempregados. Geralmente o total de ativos e inativos tem sido semelhante, mas com certa
tendência para uma crescente superioridade relativa dos ativos.

Estrutura População Ativa S. Primário- extração matérias-primas (agricultor, pescador, silvicultor)

S. Secundário- transformação matérias-primas (operário fabril)

S. Terciário- prestação serviços (comerciantes, médicos)

S. Quaternário- profissões relacionadas com a ciência e a tecnologia (cientistas)


Terciarização- prevalência do setor terciário na economia e na estrutura do emprego da população ativa de um
país.

Nível instrução e qualificação profissional


O baixo nível de escolaridade e a falta de qualificações profissionais da população portuguesa- fruto de atrasos
acumulados do passado- coloca Portugal na cauda da UE.
A média do nº de anos de escolaridade na UE é de 8,2 anos, enquanto Portugal é de 5,9%, contrastando com a
Suécia que é de 11,4%.

Analfabetismo- pessoas que não sabem ler nem escrever.


Alfabetismo- pessoas que sabem ler e escrever.

Apesar de continuar atrasado relativamente aos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo, Portugal tem
registado uma grande evolução em termos dos níveis de instrução da sua população.
Em 1960 a quantidade de população sem ensino primário, atingia os 60%, enquanto o ensino superior se limitava
a apenas 0,6% da população
Em 2001, sem ensino atinge 12% e quanto ao ensino superior 6% com curso já concluído e 4% a frequentar.
Estes valores indiciam uma franca melhoria dos níveis de instrução para os quais contribuem fatores como o
alargamento da escolaridade obrigatória, que era inicialmente de 4 anos (até 1964) passando para 6 anos (até
1973) e de 8 anos (entre 1973 e 1986), e depois 9 anos, e atualmente 12 anos.
Outro fator importante é a valorização social da instrução e a penalização do trabalho infantil.

Principais desafios sociodemográficos


• Envelhecimento Demográfico;
• Declínio da Fecundidade;
• Baixo Nível Educacional;
• Situação perante o emprego.

O aumento da proporção de idosos na população total tem sido a principal causa do aumento do índice de
dependência total, acentuando a pressão demográfica sobre a população ativa.

Contrastes regionais:
• Em todo o interior e ainda em algumas regiões do litoral centro e sul, o índice ultrapassa os 100% sendo o
valor mais alto na Beira Interior sul com 218,9%
• No litoral, especialmente no Norte, e ainda mais nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, assiste-
se a um claro predomínio dos jovens relativamente aos idosos, a causa destes valores assenta na
natalidade que é muito superior nestas regiões
• A Grande Lisboa e a península de Setúbal, assim como o Algarve, apresentam valores intermédios, em
consequência da atração de população em idade jovem que se desloca para estas regiões em busca de
emprego e qualidade de vida superior, o que minora o processo de envelhecimento
A população inativa tem vindo sempre a aumentar devido à população idosa, isso vai originar problemas
económicos, o que também não favorece a população jovem que é cada vez em menor número. No futuro se esta
variação não se alterar os jovens vão ter problemas em criatividade e inovação.

Impactes envelhecimento demográfico:

• Diminuição natalidade;
• Envelhecimento mão de obra: menor espírito criativo, inovação, empreendedorismo, o que se reflete na
quebra da produtividade;
• Aumento nº pensionistas e idade legal acesso à reforma;
• Diminuição índice de sustentabilidade potencial, que se traduz no aumento da carga fiscal sobre a
população ativa para suportar o aumento das despesas com os idosos ao nível das pensões e dos
cuidados de saúde;
• Aumento dos encargos das famílias com a assistência e cuidados de saúde aos idosos;
• Maior investimento público em equipamentos de apoio aos idosos, como lares e centros de dia;
• Proliferação de situações de exclusão social e solidão devido à menor capacidade física, mas também
financeira, da grande maioria dos idosos, em resultado do baixo valor das pensões que recebem.

O aumento do índice sintético de fecundidade registado nos últimos anos apesar de positivo para a sociedade
portuguesa, não tem ainda peso suficiente para assegurar a renovação geracional e contrariar a tendência de
envelhecimento demográfico do país.

Impactes declínio fecundidade:

• Incapacidade de renovar as gerações;


• Envelhecimento demográfico;
• Diminuição do contributo do saldo natural para o aumento dos efetivos do país;
• Redução a médio prazo, da população ativa e consequentemente das contribuições para a Segurança
Social, o que põe em causa a viabilidade futura do sistema de pensões e reformas;
• Encerramento de escolas;
• Perda de competitividade económica face a países com mão de obra mais jovem, que é fisicamente mais
resistente, dinâmica e produtiva.

Impactes baixo nível educacional

• Baixa produtividade;
• Reduzida qualificação profissional;
• Baixa competitividade empresarial;
• Maior dificuldade de reconversão profissional da mão de obra pouco qualificada;
• Falta de capacidade de liderança, inovação e decisão;
• Menor capacidade de aceder a um emprego mais estável e melhor remunerado;
• Dificuldade de acompanhar as transformações tecnológicas do mercado de trabalho o que compromete a
modernização do país;
• Menor capacidade para fazer face a uma situação de desemprego;
• Menor capacidade de intervenção no exercício da cidadania ativa..
Evolução do Desemprego em Portugal:

Crescimento até 1986 como consequência das alterações económicas ocorridas após o 25 de Abril e agravadas
pela diminuição do surto migratório e pelo regresso dos retornados das ex-colónias.
Decréscimo no período entre 1986 e 1992, altura em que a adesão à UE e a chegada de incentivos económicos
criaram muitos postos de trabalho.
Novo crescimento entre 1991 e 1996 em consequência da crise económica nos países mais desenvolvidos como
os da U.E, EUA e Japão que constituem os principais investidores e clientes de Portugal
Novo decréscimo até 2000 graças ao crescimento económico resultante do quadro comunitário de apoio e a
realização de várias obras públicas (Expo 98, Ponte Vasco da Gama, Aeroporto da Ota ou Barragem do Alqueva.

Causas do desemprego:
• Baixos níveis de instrução e formação profissional
• Dificuldade na procura do 1º emprego
• Proliferação de contratos a curto prazo
• Desigualdade de oportunidades, entre homens e mulheres

Impactes situação do emprego em Portugal

• Elevada taxa de desemprego entre a população jovem;


• Baixos salários, decorrentes da baixa mão de obra, de onde resulta o empobrecimento e o risco de sobre-
endividamento das famílias;
• Forte incidência do desemprego de longa duração;
• Generalização do trabalho temporário, dos contratos a prazo e o subemprego;
• Emigração da população em idade ativa em busca de melhores condições de vida, reforçando o
envelhecimento do país;
• Alterações na estrutura familiar: adiamento do casamento e do nascimento do primeiro filho;
• Elevado grau de incerteza no que respeita a projetos futuros;
• Perda de vitalidade económica no país.

Rejuvenescimento e valorização da população


Políticas Natalistas- pretende aumentar os índices de natalidade, como é o caso dos países desenvolvidos aplica-
se esta política devido ao envelhecimento da população e aos baixos níveis de natalidade o chamado duplo
envelhecimento. O que pode provocar grandes encargos financeiros nos sistemas de segurança social que entram
em rutura ou mesmo falência.

Políticas Anti natalistas- Visa reduzir significativamente as taxas de natalidade verificadas como é o caso dos
países menos desenvolvidos.

Políticas Natalistas Económicas:

• Atribuição de subsídios de nascimento e abonos de família com valores crescentes em relação ao nº de


filhos;
• Benefícios fiscais para as famílias em função do nº de filhos;
• Comparticipação de despesas de educação pelo Estado e pelas empresas.
Políticas Natalistas Sociais:

• Alargamento do período de licença de parto para os pais, podendo usufruir desta o pai ou a mãe;
• Flexibilidade dos horários para uma maior conciliação entre a vida familiar e a vida profissional;
• Alargamento da rede pública de creches e jardins de infância.

Políticas Natalistas Migratórias:

• Ofertas de programas de aprendizagem da língua portuguesa;


• Promoção do acesso à formação profissional e ao emprego;
• Simplificação administrativa ao processo de obtenção de vistos e autorizações de residência.

Qualificação mão de obra


O problema da baixa qualificação da mão de obra portuguesa torna urgente a implementação de medidas de
valorização da população ativa.

Planos Diretores Municipais (PDM)- instrumento que estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial de
cada município, em articulação com programas de âmbito nacional, regional e intermunicipal.

Medidas para a valorização da mão de obra

• Cooperação entre setores académico e empresarial, no sentido de ajustar a oferta educativa e formativa
às necessidades da sociedade e do tecido empresarial;
• Incentivar a aquisição de competências na área das novas tecnologias, sobretudo entre a população
menos qualificada;
• Ampliar a oferta do ensino profissional de forma a promover a transição dos jovens para a vida ativa e
suprir as necessidades da sociedade em áreas mais técnicas.

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