PROCESSO
JUDICIAL E
EXTRAJUDICIAL
Cinthia Louzada
Ferreira Giacomelli
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-430-4
Introdução
As normas jurídicas são o elemento por meio do qual o Direito opera
na vida em sociedade — é um imperativo de conduta que regula todos
os aspectos sociais. Dotadas de características específicas, as normas
jurídicas formam o ordenamento jurídico. Os destinatários das normas
jurídicas são os sujeitos de Direito, pessoa física ou pessoa jurídica, que as
conhecem por meio de regras estabelecidas, manifestadas ou não pela
escrita. A lei, por exemplo, é o formato de norma jurídica mais conhecido.
A finalidade essencial das normas jurídicas é proibir, permitir ou informar,
de acordo com o contexto ao qual se aplicam, sendo que variam também
de acordo com o seu período de vigência.
Neste capítulo, você vai ler a respeito do conceito e da classificação
das normas jurídicas, além de reconhecer os seus elementos funda-
mentais, identificando as diferenças entre vigência, validade e eficácia
de uma norma.
Há, ainda, uma importante conceituação das normas jurídicas, de acordo com a qual
elas podem ser normas de conduta, as quais têm como fim disciplinar comporta-
mentos e atividades dos indivíduos, ou normas de organização (ou instrumentais),
cujo objetivo consiste em estabelecer a estrutura e o funcionamento de órgãos, bem
como disciplinar processos e procedimentos de aplicação de outras normas jurídicas.
A norma jurídica pode ser expressa por meio de disposição que determina
uma conduta ou uma forma de organização obrigatória. Desse modo, a norma
jurídica prevê um “dever ser” relativo a uma conduta ou a uma forma de
organização. Ainda, cabe ressaltar que o conteúdo da norma jurídica pode ser
enunciado sob a forma escrita, oral ou outro mecanismo de comunicação: o
semáforo vermelho, por exemplo, é uma norma que impõe a parada de carros
no tráfego de automóveis.
A norma jurídica de conduta, em regra, prevê um fato típico de forma
genérica. Verificando-se um caso concreto que corresponda ao fato previsto na
norma, o responsável pelo fato deve arcar com as consequências determinadas
pela norma jurídica. Já nas normas jurídicas instrumentais, no entanto, não
se verifica um fato típico, mas apenas um dever a ser observado ou cumprido.
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Abstratividade — a norma não foi criada para regular uma situação concreta
ocorrida, mas para regular de forma abstrata, abrangendo o maior número
possível de casos semelhantes.
Em geral, uma vez que a norma jurídica se torna válida, ela passa a ser
também vigente e poderá produzir efeitos. No caso das leis, há uma exigência
prevista na Lei Complementar nº. 95, de 26 de fevereiro de 1998, que dispõe
que toda lei deve indicar, de modo expresso, o início da sua vigência. O CPC
de 2015, por exemplo, entrou em vigor 1 ano após a data da sua publicação.
Leis de pequena repercussão podem iniciar a sua vigência na data da sua
publicação, desde que preveja essa situação no seu próprio texto.
Porém, caso haja a necessidade de um prazo, após a publicação da lei, para
que a população conheça o seu conteúdo e se prepare para os seus efeitos,
será instituído o chamado período de vacância, indicado expressamente no
texto legal.
vacância, tal período será de 45 dias. Diante disso, podemos afirmar que
validade e vigência são conceitos relacionados, mas diferentes. A lei válida
é aquela que pertence ao ordenamento jurídico; a lei vigente é aquela que
está apta a produzir os seus efeitos, regulando condutas sociais e funda-
mentando decisões.
Todavia, há outro conceito fundamental no que se refere às normas jurídicas:
a eficácia. Tendo em vista que a validade é determinada pelo pertencimento
da norma ao Direito, e a vigência, pela possibilidade, em tese, de produção
de efeitos, a eficácia diz respeito à possibilidade real de uma norma produzir
efeitos. Ao refletir sobre eficácia, podemos destacar três aspectos: técnico,
fático e social.
A eficácia técnica de uma norma se verifica caso todos os requisitos
estatais para a sua produção concreta de efeitos forem preenchidos. Uma
lei, muitas vezes, já é válida e vigente, mas, para produzir efeitos, depende
da criação, por parte do Estado, de outras normas que a regulamentem. É
o caso, por exemplo, de uma lei que proíbe o comércio de plantas raras;
até que surja uma norma que determine o que são plantas raras, a lei não
terá eficácia.
Já a eficácia fática e a eficácia social são aquelas que se vinculam a
requisitos sociais para a produção de efeitos da norma jurídica. Nesses casos,
a norma que carece de eficácia fática não produz efeitos porque a sociedade
ainda não a recepcionará na prática, como, por exemplo, a norma que se referir
a alguma situação ainda não verificada na sociedade. A eficácia social, por
sua vez, refere-se ao respeito que a norma obtém da sociedade e das autori-
dades estatais: a norma será socialmente ineficaz quando for desrespeitada
ou inaplicada.
É importante ressaltar que a validade, a vigência e a eficácia das normas jurídicas são
características que fundamentalmente determinam a sua função no ordenamento
jurídico e, por isso, compreender os seus desdobramentos é essencial para a inter-
pretação e aplicação das normas jurídicas na sociedade.
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Leituras recomendadas
BARBOSA, G. F. Introdução ao estudo do Direito: teoria geral do Direito. 3. ed. São
Paulo: Método, 2015.
FERREIRA, A. Norma jurídica: classificação. 2011. Disponível em: <http://introducaoa-
odireito.info/wp/?p=436>. Acesso em: 24 out. 2017.
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