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Quem sou?

"Quem sou? Nem sequer sei o meu nome./Serei um rei?Um gênio?/ Quem sou? Serei
herói? Serei um louco? Um réu confesso?/ Serei fome? Serei noite?/ Serei Morte que
destrói?/ O que espero, o que desejo deste mundo triste?/ Vivo só com meu suplício,
com meu tédio./ Só encontro dor e sofrimento, só isso existe./ Corro, procuro,
busco, onde o remédio? Venho de longe ou de perto?/ De onde venho?/ Serei um velho?
Serei um moço?/ Ou um menino?/ Serei o próprio Cristo que o mundo pôs no
lenho?/Olvido tudo sobre o meu destino./ Porque tenho sempre este temor profundo?/
Por tudo o que existe neste mundo./ Do bem, pouco ouvi dizer confesso!/ Se em Deus
penso, um conselho peço./ Tire-me do fogo, ó Senhor Supremo!/ Tire-me dos olhos
este negro véu. /Somente o inferno é tudo o que temo. Mostre-me n’outro mundo o meu
céu"

José Fernandes.
15 de janeiro de 1959
“Esta poesia foi escrita sem o emprego da letra “a”

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