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Alto do Rodrigues – RN
2001
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA
SÉRGIO LUIZ AGUILAR LEVIEN
ÍNDICE
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................................ 3
2 – A IRRIGAÇÃO LOCALIZADA E AS RELAÇÕES SOLO-ÁGUA-PLANTA .................................... 4
2.1 – APROVEITAMENTO DA ÁGUA......................................................................................................... 4
2.2 – O BULBO ÚMIDO .......................................................................................................................... 4
2.3 – SALINIDADE ................................................................................................................................. 5
2.4 – FERTIRRIGAÇÃO .......................................................................................................................... 5
3 – VANTAGENS E INCONVENIENTES DA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ........................................... 5
3.1 – VANTAGENS DA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ...................................................................................... 5
3.2 – INCONVENIENTES DA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ............................................................................... 5
4 – COMPONENTES DA INSTALAÇÃO................................................................................................ 6
4.1 – CABEÇAL DE CONTROLE .............................................................................................................. 6
4.2 – REDE DE DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................ 7
4.2.1 – Linhas laterais ................................................................................................................. 7
4.2.2 – Linhas terciárias .............................................................................................................. 7
4.2.3 – Linhas secundárias......................................................................................................... 7
4.2.4 – Linha primária.................................................................................................................. 8
4.3 – MECANISMOS EMISSORES ............................................................................................................ 8
4.4 – DISPOSITIVOS DE CONTROLE ........................................................................................................ 8
5 – OBSTRUÇÕES ................................................................................................................................. 8
6 – PRÉ-FILTRAGEM ............................................................................................................................. 9
7 – FILTRAGEM ...................................................................................................................................... 9
7.1 – FILTRO DE AREIA ......................................................................................................................... 9
7.2 – FILTRO DE TELA ......................................................................................................................... 10
7.3 – FILTRO DE DISCOS ..................................................................................................................... 11
8 – EQUIPAMENTO DE FERTIRRIGAÇÃO ......................................................................................... 12
8.1 – TANQUES DE FERTILIZAÇÃO ....................................................................................................... 12
8.2 – FERTILIZADORES TIPO VENTURI .................................................................................................. 13
8.3 – INJETORES ................................................................................................................................ 13
9 – TRATAMENTO QUÍMICO DA ÁGUA............................................................................................. 14
9.1 – ALGAS EM DEPÓSITOS DE ÁGUA ................................................................................................. 14
9.2 – MICROORGANISMOS NO INTERIOR DA INSTALAÇÃO ...................................................................... 14
9.3 – PRECIPITADOS QUÍMICOS ........................................................................................................... 15
9.4 – PRECIPITADOS PROVOCADOS POR INCORPORAÇÃO DE FERTILIZANTES ......................................... 15
10 – ELEMENTOS DE CONTROLE ..................................................................................................... 16
10.1 – REGULADORES DE VAZÃO E DE PRESSÃO ................................................................................. 16
10.1.1 – Reguladores de vazão ................................................................................................ 16
10.1.2 – Reguladores de pressão............................................................................................. 17
10.2 – OUTROS APARATOS DE CONTROLE ........................................................................................... 18
10.2.1 – Manômetros ................................................................................................................. 18
10.2.2 – Rotâmetros................................................................................................................... 19
10.2.3 – Contadores de líquido ................................................................................................ 19
11 – EMISSORES ................................................................................................................................. 19
11.1 – GOTEJADORES ........................................................................................................................ 20
11.2 – TUBOS EMISSORES .................................................................................................................. 20
11.3 – DIFUSORES E MICROASPERSORES ............................................................................................ 21
12 – ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO............................................ 21
12.1 – PROJETO DO SISTEMA.............................................................................................................. 21
12.2 – INSTALAÇÃO DO SISTEMA ......................................................................................................... 21
12.3 – M ANEJO DO SISTEMA ............................................................................................................... 21
13 – INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O PROJETO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO ............ 22
14 – PROJETO AGRONÔMICO........................................................................................................... 22
15 – PROJETO HIDRÁULICO .............................................................................................................. 23
16 – AVALIAÇÃO DE UMA INSTALAÇÃO DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ..................................... 24
LEVIEN, S. L. A. Sistemas de irrigação localizada. Alto do Rodrigues, 2001
17 – FERTIRRIGAÇÃO......................................................................................................................... 26
18 – AUTOMATIZAÇÃO ....................................................................................................................... 27
19 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................................. 27
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A agricultura atual requer diferentes técnicas para permitir maiores produções e garantir bons
rendimentos por área. A irrigação localizada contribui decisivamente para obter melhores rendimentos
de muitas culturas, cuja exploração é dificultada em regiões de clima árido ou semi-árido, onde a
disponibilidade de água é um dos fatores mais limitantes à atividade agrícola.
A irrigação localizada consiste em aplicar a água a uma zona mais ou menos restringida do
volume de solo que habitualmente ocupam as raízes. Suas características principais são:
- não se molha a totalidade do solo;
- são utilizadas pequenas vazões a baixa pressão;
- a água é aplicada com alta freqüência.
O fato de não molhar toda a superfície do solo faz com que se modifiquem algumas características
das relações solo-água-planta, tais como: redução da evaporação, distribuição do sistema radicular,
regime de salinidade, entre outras. A alta freqüência de aplicação da água implica numas importantes
conseqüências sobre seu aproveitamento, já que o solo ao estar sempre à capacidade de campo ou
muito próximo a ela, as plantas absorvem a água com muita facilidade.
Dentre os vários sistemas de irrigação localizada, os mais difundidos no Brasil são:
- irrigação por gotejamento: a água é aplicada mediante dispositivos que o fazem em forma de
gota a gota ou mediante fluxo contínuo, com uma vazão inferior a 20 l/h por ponto de emissão
ou por metro linear de mangueira de gotejamento.
- irrigação por microaspersão: a água é aplicada mediante dispositivos que o fazem em forma
de chuva fina, com vazões compreendidas entre 16 e 200 l/h por ponto de emissão.
Podemos citar também alguns sistemas não convencionais, alguns mais conhecidos na região
Nordeste do Brasil e outros pouco conhecidos, que são:
- xiquexique: é um tipo de emissor que se caracteriza por distribuir a água as plantas através de
pequenos furos abertos diretamente no tubo de polietileno, por meio de broca, furador ou prego
quente; sobre o orifício é colocado uma capa feita com um segmento do próprio tubo, de mais
ou menos 5 cm, cortado longitudinalmente. Tal capa ajuda a dissipar a pressão e evitar que o
líquido deixe o orifício sob forma de jato. Comumente é feito um pequeno buraco no solo para
funcionar como bacia de infiltração. O sistema de irrigação xiquexique foi desenvolvido para
irrigar pequenas áreas (0,5 a 4,0 ha) e tem como principais características, a simplicidade de
manejo do sistema e a economia de água, pois é possível aproveitar água de pequenas fontes
como poços de baixa vazão e açudes com pequena capacidade.
- “bubbler system”: é um sistema de irrigação desenvolvido, principalmente, para arbustos e
pequenas áreas (máximo 4,0 ha), onde a água é fornecida para cada árvore por meio de um
microtubo plástico de diâmetro entre 5,5 a 10 mm. O sistema de irrigação é enterrado no solo a
profundidade de 0,3 a 0,5 cm. O sistema bubbler pode ser pressurizado ou utilizar apenas a
energia da gravidade no seu funcionamento. O sistema, cujo movimento do fluxo de água é por
gravidade, além de não necessitar de bombas e filtros, pode substituir facilmente sistema de
irrigação tradicional, como sulco, e funcionar com uma pressão de apenas 1 mca. O "bubbler
system" é composto por uma linha principal (em PVC, PE ou tubo corrugado), conectado a uma
fonte d’água, que deverá estar em nível e com uma carga constante, linhas secundárias (o
mesmo material da linha principal), laterais e tubos flexíveis (ambas de PE) de pequeno
diâmetro que aplicam a água requerida de maneira localizada em cada planta. Os tubos
flexíveis devem ser ancorados na própria árvore ou em um piquete, com altura ajustada para
que todos os tubos forneçam a mesma vazão. A água deve ser distribuída em bacia circular,
em torno da árvore, para que haja uma distribuição uniforme na área do sistema radicular da
cultura.
Na irrigação localizada, as pressões de operação dos sistemas são geralmente baixas (10 a 20
mca) e, pequenas variações na pressão, produzem significativo efeito na variação de vazão e,
conseqüentemente, na uniformidade de aplicação de água. A variação de vazão dos emissores é um
resultado do efeito combinado de vários fatores, como: perda de carga por atrito ao longo do tubo e
nas inserções dos emissores, ganho ou perda de energia por posição, qualidade da matéria-prima e
dos processos de fabricação, obstrução e efeitos da temperatura da água sobre o regime de
escoamento e geometria do emissor. Essas características devem ser bem conhecidas para um
dimensionamento adequado do sistema.
Mesmo que o sistema de irrigação tenha sido bem dimensionado, no momento da operação
poderão ocorrer problemas oriundos da instalação ou do manejo do equipamento; portanto, após a
instalação do sistema, recomenda-se a execução de um teste de campo de avaliação para verificar a
adequação e a uniformidade de irrigação projetada e, mesmo, a obtenção de dados úteis no
aperfeiçoamento do manejo e operação do sistema.
Figura 2 - Forma e tamanho do bulbo úmido num solo franco quando se aplica a mesma
quantidade de água com dois emissores de distintas vazões
2.3 – SALINIDADE
Os sais contidos no solo e os aplicados com a água de irrigação se mantêm dissolvidos na água
do solo. A planta absorve a água e uma pequena parte dos sais, ficando o resto no solo. À medida
que diminui a água aumenta a concentração de sais, com o qual as plantas encontram maior
dificuldade para absorver a água.
Na irrigação localizada se mantém um nível elevado de umidade e, em conseqüência, um nível
baixo de salinidade. Por isso se pode utilizar águas com maior conteúdo de sal que em outros
sistemas de irrigação.
A concentração de sais dentro do bulbo úmido vai aumentando progressivamente até a periferia
(parte externa) do mesmo, sobretudo na zona superficial, onde se apresenta com freqüência uma
coroa branca de sais (Figura 3). As raízes das plantas se concentram na zona mais úmida do bulbo,
que corresponde à de menor concentração de sais, enquanto que a periferia do mesmo, com maior
concentração, oferece uma barreira que dificulta a passagem das raízes até zonas exteriores do
bulbo. No caso de culturas anuais ocorre o risco de que, no cultivo seguinte, as sementes sejam
colocadas nas zonas mais salinizadas, o que pode dificultar sua germinação.
No caso de chuvas não muito intensas, os sais do anel superficial são arrastados para o interior do
bulbo. Para controlar este aumento de salinidade convém não deter a irrigação durante a chuva, ou
colocá-la em funcionamento imediatamente depois de terminar a mesma, com a finalidade de arrastar
de novo os sais para a periferia do bulbo.
2.4 – FERTIRRIGAÇÃO
Na irrigação localizada o sistema radicular das plantas está contido no bulbo úmido praticamente
em sua totalidade. Portanto, há que se localizar o fertilizante dentro do bulbo, e o melhor modo de
fazê-lo é aplicar os adubos dissolvidos na água de irrigação. Isso permite fazer a fertilização conforme
o exijam as necessidades das plantas.
- tem que vigiar periodicamente o funcionamento do cabeçal e dos emissores, com a finalidade
de prevenir as obstruções;
- é preciso fazer um controle das doses de água, fertilizantes, pesticidas e produtos aplicados à
água de irrigação;
- exige uma maior inversão (de capital) inicial.
4 – COMPONENTES DA INSTALAÇÃO
Os componentes fundamentais de uma instalação de irrigação localizada são os seguintes:
- cabeçal de irrigação;
- rede de distribuição;
- mecanismos emissores de água;
- dispositivos de controle.
O esquema de distribuição do equipamento no campo varia em função da topografia do terreno,
do tamanho e forma da área a ser irrigada, do tipo de cultura, do esquema de plantio, do tipo de
sistema de irrigação localizada utilizado e, entre outras, da variação da vazão e da pressão permitidas
como critérios de projeto.
Na Figura 4 apresenta-se um esquema geral de um sistema de irrigação localizada e os seus
principais componentes.
Emissor
Linha Lateral
Linha Terciária
Regulador de pressão
Válvula
Linha Principal
Linha Secundária
Filtro de areia
Bomba
Tanque de fertilizante
Manômetro
Registro
Filtro de tela
Muitos outros elementos podem fazer parte do cabeçal de controle, a maioria dos quais facilita a
automatização das funções do cabeçal, como: começo e fim das irrigações, aplicação de fertilizantes,
limpeza dos filtros, controle de pressão, registro da vazão, eliminação de ar ou sobrepressão, entre
outras.
Do cabeçal depende, em grande parte, o êxito ou fracasso da irrigação, pelo que deve prestar-se
uma grande importância à sua instalação, já que desde ele se regula a aplicação de água e um
grande número de práticas agrícolas, tais como a fertilização e aplicação de pesticidas.
Cabeçal
Regulador de Pressão
Válvulas Volumétricas
Tubulação Terciária
Unidades operacionais de Irrigação
Tubulação Lateral
5 – OBSTRUÇÕES
Um dos maiores problemas que ocorre na irrigação localizada por gotejamento é a obstrução dos
gotejadores, produzida por matérias de distinta natureza que vão reduzindo progressivamente a
passagem da água. A obstrução pode ser causada por:
- partículas orgânicas: restos vegetais e animais, algas, bactérias;
- partículas minerais: areia, silte, argila;
- precipitados químicos.
O maior ou menor risco de obstrução se deve, sobretudo, aos sais dissolvidos na água. A
fertirrigação é um risco de obstrução, visto que modifica algumas qualidades da água de irrigação.
Para combater as obstruções são utilizados dois procedimentos:
- preventivo: consiste em evitar as obstruções mediante filtragem e tratamentos químicos da
água;
- limpeza: quando a obstrução já está produzida se faz tratamentos da água ou se rompe a
obstrução mediante aplicações da água ou ar a pressões altas.
A prevenção de obstruções deve começar antes de entrar em serviço a instalação, efetuando uma
lavagem da mesma com água sob pressão, com a finalidade de facilitar a saída de partículas de
Curso para Irrigantes Baixo-Açu 8 21/01/05
LEVIEN, S. L. A. Sistemas de irrigação localizada. Alto do Rodrigues, 2001
plástico e de terra que possa haver ficado dentro dos tubos durante a montagem. Devem ser
colocadas válvulas de ar (válvulas de alívio) nos extremos das tubulações principais, secundárias e
terciárias.
6 – PRÉ-FILTRAGEM
Quando a água contém em suspensão uma grande proporção de partículas inorgânicas (areia,
silte e argila) tem-se que eliminar uma boa parte delas antes da entrada da água no cabeçal de
irrigação, para evitar que os equipamentos de filtragem se obstruam continuamente. Esta separação
de partículas ou pré-filtragem se faz de duas formas:
- depósito de decantação: este depósito tem por missão separar da água, mediante
sedimentação, as partículas minerais em suspensão (areia, silte, argila). A saída da água deste
depósito se efetua a meia altura, para evitar a passagem de corpos flutuantes e de partículas
sedimentadas.
- hidrociclone: é um dispositivo que permite a separação da areia que a água leva em
suspensão. Consiste num recipiente de forma de cone invertido, onde a água entra
tangencialmente pela parte superior, de modo que provoca um movimento de rotação. As
partículas de areia são projetadas sobre as paredes do hidrociclone, e descem para um
depósito de sedimentos colocado na parte inferior (Figura 6).
7 – FILTRAGEM
A filtragem da água consiste em reter as partículas, levadas pela água, no interior de uma massa
porosa (no filtro de areia) ou sobre uma superfície filtrante (filtro de tela e filtro de discos).
A eficácia da filtragem depende do tamanho da areia, cujo diâmetro efetivo deve ser igual ao
diâmetro de passagem de água no gotejador. Um tamanho maior da areia origina uma filtragem
deficiente, e um tamanho menor dá lugar a um rápido entupimento do filtro e, portanto, a limpezas de
filtro mais freqüentes.
Em filtros limpos a perda de carga varia de 1 a 3 mca, dependendo do tipo de areia e da
velocidade média da água. À medida que vão acumulando impurezas, a perda de carga aumenta e
quando alcançar valores da ordem de 4 a 6 mca, deve-se proceder a limpeza. O projeto do sistema
de bombeamento deve ser feito para o caso mais desfavorável, isto é, para 6 mca de perda de carga.
Para saber o momento da limpeza deve-se medir a pressão antes e depois do filtro, utilizando-se
manômetros de conexão rápida. É preferível usar o mesmo manômetro para que se esteja sujeito ao
mesmo erro de leitura. A limpeza é feita invertendo o sentido de circulação da água, para o qual deve-
se prever as derivações necessárias nas tubulações de entrada e saída. Para garantir uma melhor
limpeza convém instalar, no mínimo, dois filtros, de tal forma que a água filtrada de um deles sirva
para fazer a limpeza do outro (Figura 8).
O filtro de tela se entope com rapidez e, por essa razão, são utilizados para reter partículas
inorgânicas em águas que não estejam muito contaminadas. Quando existem algas na água tem que
instalar antes dele um filtro de areia para retê-las, pois de outra forma entupiriam rapidamente a tela.
Existem diferentes tipos de filtros de tela, a maioria provido de mecanismos que facilitam sua
limpeza. Em alguns tipos, essa limpeza é realizada automaticamente, quando as obstruções
ocasionam uma determinada perda de carga. A obstrução dos filtros de tela é mais rápida que a do
filtro de areia e, por esta razão, a limpeza destes filtros é feita com mais freqüência.
Da mesma forma que os filtros de areia, os filtros de tela provocam uma perda de carga que
cresce à medida que o filtro vai sendo obstruído pelas impurezas. Quando está limpo, a perda de
carga é da ordem de 1 a 3 mca , em função da vazão e do trançado da tela. Este valor deve ser
fornecido pelo fabricante. Quando a perda de carga alcança valores da ordem de 4 a 6 mca deve-se
proceder a limpeza. Permitindo maiores valores de perda de carga no filtro, a sua eficiência diminui e
pode, até mesmo, romper as malhas. Esta perda de carga de 4 a 6 mca é a que deve ser considerada
no cálculo do conjunto motobomba.
As malhas podem ser de metal ou de nylon. Cada malha é definida pelo número de abertura por
polegada linear (tamanho dos orifícios da malha), o que se denomina número de mesh e assim se
diz, por exemplo, 50, 60, 80 ou 100 mesh. Na seleção de um filtro de tela deve-se determinar a
superfície da malha (área total da malha) e o tamanho dos orifícios, isto é, o número de mesh. Um
critério usado, normalmente, é que o tamanho do orifício seja aproximadamente 1/7 (alguns técnicos
recomendam 1/10) do menor diâmetro de saída do emissor, para gotejadores. Este valor pode ser
aumentado para 1/5 no caso de microaspersores.
Como no caso dos filtros de areia, devem ser instalados tantos filtros de areia em paralelo como a
capacidade de cada um e a vazão a tratar exijam. Ainda que, usualmente, sejam instalados no
cabeçal, nos casos em que a aplicação de fertilizantes seja realizada em outras partes da instalação
filtros de tela devem ser situados imediatamente depois da incorporação de fertilizantes.
Em alguns casos e como medida de segurança, pequenos filtros de tela são situados à entrada
das subunidades de irrigação e inclusive à entrada de cada lateral, que servem para evitar que
passem aos emissores partículas que, por acidente, durante a limpeza dos filtros principais ou por
rompimento da instalação, possam haver passado pelo cabeçal.
A limpeza manual dos filtros se realiza abrindo a carcaça, tirando o cartucho com a tela e lavando-
o com uma escova e água sobre pressão. Al final da temporada se realiza uma limpeza mais
esmerada, para a qual se submerge o cartucho durante uns minutos numa dissolução de ácido nítrico
de 5 a 10%, lavando-o posteriormente com água sobre pressão. Também pode se fazer esta limpeza
submergindo o cartucho durante 12 horas em um banho de vinagre, lavando-o posteriormente com
uma escova e água sobre pressão.
Em geral se admite, como normal, 1 ou 2 limpezas diárias. Se, pela qualidade da água, o filtro se
entope antes de terminar a irrigação de uma unidade operacional, recomenda-se a instalação de
mecanismos de limpeza automática.
Quando se instala filtro de areia na instalação de irrigação localizada, o filtro de tela é colocado
depois do primeiro, também, para que a areia que possa ser arrastada pela água procedente do filtro
de areia fique retida no filtro de tela.
Os filtros autolimpantes requerem uma certa pressão de funcionamento, o que tem que ser levado
em conta para sua colocação nos pontos da rede que disponham dessa pressão.
Seu efeito é, de certa forma, de filtragem em profundidade, como no caso dos filtros de areia, e
por isso, freqüentemente substituem estes. A profundidade da filtragem é correspondente ao raio dos
anéis. São muito compactos e resistentes admitindo pressões de trabalho de até 10 atm. Da mesma
maneira que os filtros de areia, podem reter grande quantidade de sólidos antes de ficar obstruído.
Com o filtro limpo as perdas de carga oscilam entre 1 e 3 mca.
O filtro de discos tem a mesma aplicação que o filtro de tela, podendo ser utilizado tanto um como
outro indiscriminadamente. Ultimamente é muito utilizado devido a sua grande efetividade e facilidade
de limpeza. Sua limpeza manual é muito simples: abre-se a carcaça, separa-se os anéis e se limpa
com um jorro de água. A limpeza automática também é feita com facilidade, sem necessidade de
desmontar o filtro nem reduzir a pressão e a vazão de água, somente invertendo o sentido do fluxo da
água, o que popularizou o seu uso.
Convém limpar o filtro quando a queda de pressão seja igual ou superior a 2 mca em relação à
queda de pressão característica do filtro limpo, da mesma maneira que se recomenda para filtro de
areia e filtro de tela.
8 – EQUIPAMENTO DE FERTIRRIGAÇÃO
Entende-se por fertirrigação a incorporação das substâncias fertilizantes ao solo através da água
de irrigação. Esta prática, que já vinha sendo aplicada algumas vezes à irrigação por inundação e
aspersão, é de uso comum na irrigação localizada onde os métodos tradicionais de fertilização se têm
mostrado, em geral, pouco eficientes.
A incorporação de adubos é efetuada mediante uns dispositivos que se situam, normalmente, no
cabeçal, se bem que também podem ser instalados nas cabeceiras das unidades operacionais de
irrigação, quando existem vários cultivos na mesma área e estes se encontram dispersos. Em todos
os casos deve-se instalar um filtro de tela depois do dispositivo de fertilização, para evitar a
passagem para a rede de irrigação das possíveis impurezas contidas nos adubos. Estes
equipamentos também podem ser utilizados para incorporar à água de irrigação outras substâncias
como corretivos químicos, nematicidas, pesticidas, entre outros.
O equipamento de fertirrigação é instalado após o filtro de areia. A aplicação de fertilizantes não
deve ocorrer antes destes filtros para evitar a retenção de fertilizantes pela areia e, sobretudo, para
não produzir dentro dos tanques de filtragem um ambiente rico em nutrientes, favorecendo o
desenvolvimento de alguns microorganismos.
O equipamento de fertirrigação é composto dos depósitos de fertilizantes e dos mecanismos de
aplicação de adubo. Os depósitos devem ser de materiais resistentes à corrosão, já que alguns
adubos líquidos possuem pH baixo, próximo a 1. Entre estes materiais, os mais usados são os de
poliéster tratados com resinas especiais e os de polietileno.
Em seguida ao equipamento de fertirrigação, há necessidade de se colocar filtros de tela ou filtros
de discos.
Do ponto de vista hidráulico, ou atuam através de diferença de pressão ou sucção, ou através de
bombeamento. Em consequência, os distintos modelos podem ser agrupados em:
- tanques de fertilização;
- fertilizadores tipo Venturi;
- injetores.
8.3 – INJETORES
Da mesma maneira que os fertilizadores tipo Venturi, utilizam depósitos que não vão estar
submetidos à pressão da rede de irrigação. Neles se coloca a solução concentrada de adubos que se
injeta à rede mediante:
- bombas de motores convencionais: são bombas projetadas especialmente para esta
finalidade, geralmente de pistão ou diafragma que acionadas por motores elétricos são
capazes de injetar sob pressão na rede o adubo ou outras substâncias, sempre que seus
circuitos estejam suficientemente protegidos contra os fenômenos de corrosão que possam ser
produzidos. A pressão de injeção costuma variar entre 5 e 15 bares. A maioria dos modelos
permite controlar a vazão de injeção entre certos limites, e alguns dispõem de várias cabeças
dosificadoras que permitem injetar simultânea e independentemente duas ou mais substâncias
diferentes. O principal inconveniente é que necessitam conexão à rede elétrica, ainda que já
existam no mercado equipamentos alimentados por baterias. Além destas bombas de
fabricação especial, podem ser usados como injetores eletrobombas ou motobombas
convencionais, que entre outros inconvenientes são normalmente muito suscetíveis à corrosão
produzida pelos produtos químicos que se aplicam. Em alguns casos se utiliza como injetor o
próprio equipamento de impulsão (recalque) da instalação de irrigação, acoplando o depósito
de fertilizante à tubulação de aspiração (sucção) através de uma pequena válvula que permita
regular o ritmo de injeção. Em outros, são utilizadas bombas dos equipamentos de tratamentos
fitossanitários. Como norma geral, estas soluções só devem ser adotadas em casos muito
especiais de forma ocasional ou quando não se disponha de outros meios.
- bombas de acionamento hidráulico: usam a própria energia da água da rede para mover
seus mecanismos. São bombas de tipo peristáltico que, portanto, produzem uma dosagem a
impulsos, injetando em cada embolada (movimento completo do êmbolo) um volume de
solução igual à capacidade de sua câmara receptora. Para controlar a dosagem varia-se o
número de emboladas por unidade de tempo ajustando a pressão de entrada na bomba
mediante uma válvula. Para cada modelo, o fabricante deve proporcionar um gráfico ou tabela
que relacione a pressão de entrada com o número de emboladas por unidade de tempo. A
capacidade máxima de injeção de cada modelo é determinada, de uma parte, pelas
características construtivas da bomba, e de outra, pela pressão disponível na instalação.
Quando, por qualquer dos dois motivos, a capacidade duma unidade não seja suficiente para
satisfazer as necessidades de injeção, podem ser instaladas em paralelo tantas unidades como
seja necessário. A pressão máxima de trabalho dos modelos existentes no mercado pode
variar entre 6 e 10 bares e sua capacidade máxima de injeção costuma estar entre 200 e 300
l/h. A pressão mínima para seu funcionamento varia, segundo os modelos, entre 0,5 e 2 bares.
As bombas de acionamento hidráulico são, normalmente, de pistão ou diafragma e o consumo
d’água para seu funcionamento costuma ser de dois ou três vezes o volume de líquido injetado.
A principal vantagem destes dispositivos é que não necessitam o aporte de energia exterior à
instalação e que não produzem perda de carga adicional. A pressão a que injetam é superior à
da água no ponto em que é acoplado o injetor, portanto, não é necessário criar nenhuma perda
de carga adicional entre o ponto de tomada d’água de funcionamento e o ponto de injeção. No
entanto, a injeção deve ser produzida a uma certa distância do ponto de tomada (é
recomendado como mínimo 1 m) para evitar que se produza perda da solução fertilizante
através da água de funcionamento. A parada destes injetores se realiza fechando a passagem
de água ao circuito de funcionamento, o que pode ser feito manualmente ou colocando uma
válvula hidráulica conectada ao automatismo da instalação de irrigação. Estes injetores
costumam parar automaticamente se a solução fertilizante se esgota ou se obstrui o filtro
situado na aspiração.
Alguns modelos de injetor utilizam um único circuito, onde se mescla a água de funcionamento
com os fertilizantes. Diferentemente dos anteriores não consomem água, mas produzem uma elevada
perda de carga (entre 0,5 e 2 atm).
Tanto nos injetores hidráulicos como nos de acionamento elétrico são fabricadas versões que,
através de mecanismos mais ou menos complexos, conseguem adequar o ritmo de injeção à vazão
da água que passa pela rede, mantendo constante a concentração de fertilizante na água de
irrigação. Estes mecanismos são denominados injetores proporcionais à vazão. Isto permite
automatizar instalações de irrigação quando as distintas unidades apresentam importantes diferenças
de vazões.
a qualidade da água, sua temperatura, a transparência dos materiais, entre outros. No interior das
tubulações mais ou menos transparentes à luz se desenvolvem umas algas filamentosas que podem
provocar obstruções. Para evitar este inconveniente, as tubulações devem estar enterradas ou ser de
cores escuras.
Os resíduos de algas mortas que atravessam os filtros, junto com alguns íons (ferro, enxofre e
manganês) contidos na água são um bom alimento para certas bactérias que o precipitam. Estes
precipitados se unem aos corpos das bactérias formando uma massa gelatinosa que se adere às
conduções e aos gotejadores.
O tratamento mais eficaz e econômico para destruir algas e bactérias (e em geral a matéria
orgânica) é a cloração, incorporando à água de irrigação hipoclorito de sódio ou cloro gasoso. O
hipoclorito é de fácil manejo, mas resulta mais caro que o cloro gasoso, que, por sua vez, tem o
inconveniente de que é muito perigoso e requer pessoal especializado para sua aplicação. Em
instalações pequenas costuma-se empregar hipoclorito, e em instalações grandes, cloro gasoso.
Para que se produza a morte dos microorganismos se requer um tempo de contato de 30 a 60
minutos, e por isso os tratamentos costumam ser aplicados ao final da irrigação, deixando a água
tratada nas conduções até a próxima irrigação.
A injeção de cloro ou produtos clorados se realiza antes do sistema de filtragem, para evitar o
crescimento de algas e bactérias nos filtros.
A cloração não deve ser realizada ao mesmo tempo em que a fertirrigação com adubos
nitrogenados, já que se produzem uns compostos que podem danificar as culturas.
As doses altas causam danos às culturas e, por isso, os tratamentos de limpeza devem ser feitos
quando não existir cultivo ou, em caso contrário, fazer uma lavagem abundante para diluir o cloro
residual que sai pelos gotejadores.
Como o cloro ataca ao latão, deve se evitar seu contato com aqueles elementos que o contenham
(aparelhos de medida, rotores de bomba, entre outros).
horas. Não se recomenda o emprego desta substância quando se forma sedimento no fundo ou
espuma na superfície.
Em geral, os problemas de obstrução não estão associados aos fertilizantes nitrogenados, salvo
no caso que estes fiquem parados na tubulação entre duas irrigações consecutivas, o que favorece a
proliferação de microorganismos. Para evitar este inconveniente se irriga só com água ao final da
fertirrigação.
Os fertilizantes fosfatados podem reacionar com o cálcio e magnésio presentes na água de
irrigação, provocando a formação de precipitados insolúveis. Para evitar estes inconvenientes, que se
produzem com um pH elevado, acidifica-se a solução fertilizante acrescentando ácido sulfúrico à
própria solução ou imediatamente depois da fertirrigação. Entende-se que os fertilizantes fosfatados
não podem se misturar com outros que contenham cálcio oi magnésio.
Quando se usa fertirrigação tem que ter a precaução de irrigar sem fertilizantes ao princípio e ao
final de cada irrigação, pois nestas fases há um maior risco de que se produzam precipitados.
As soluções concentradas de fertilizantes ou as que têm um pH muito alto ou muito baixo podem
produzir corrosão em cobre, zinco,bronze ou outras partes metálicas, e, por isso, recomenda-se que
os componentes que entrem em contato com esses fertilizantes sejam de plástico ou de aço
inoxidável.
Tem que ter a precaução de não utilizar nematicidas que reacionem com o PVC nem emulsões
que ataquem o polietileno.
10 – ELEMENTOS DE CONTROLE
É denominada vazão nominal (Qn) de um regulador a aquela vazão para que ele foi calibrado. O
desvio máximo admissível desta vazão deve estar dentro da faixa Qn±7%. A pressão mínima de
trabalho (Pmin), é a maior pressão que produz a vazão mínima admissível (Qn-7%). A pressão
máxima de trabalho (Pmax), é a menor pressão que produz a vazão máxima admissível (Qn+7%). A
faixa de pressões de trabalho, é aquela que proporciona vazões compreendidas entre o ±7% da
vazão nominal. É, portanto, a diferença entre a pressão máxima e a pressão mínima. Esta faixa não
deve ser inferior a 30 mca. Na prática, a maior parte dos reguladores de fluxo admite uma faixa
bastante superior (de 5 a 8 bares). A pressão nominal (Pn) é aquela que produziria a vazão nominal
sem regulador de vazão. A diferença entre a pressão de trabalho que obteria a vazão nominal com
regulador e a pressão nominal é denominada perda de carga nominal e é importante que seja a mais
pequena possível para evitar que se tenha que dar ao sistema de irrigação pressões altas. Em geral,
esta perda de carga varia de 2 a 12 mca, dependendo do tipo de regulador. A pressão de saída afeta
ao regime de trabalho do regulador, haja vista que é necessária uma faixa de diferença de pressão
(pressão à entrada menos pressão à saída do elastômero) para que este atue. Portanto, à medida
que é necessário operar com pressões maiores à saída, a pressão mínima de trabalho, aumenta
conseqüentemente.
Os reguladores de vazão devem ser resistentes aos produtos químicos que são injetados na água
de irrigação e não serem afetados por pequenas partículas em suspensão, o que ajuda a flexibilidade
dos elastômeros. A aplicação mais usual consiste em instalá-los antes de cada emissor, por exemplo,
em aspersores convencionais, para convertê-los em autocompensantes. Os microaspersores e
gotejadores que são fabricados como autocompensantes têm um mecanismo a base de elastômeros,
análogo ao de um regulador de vazão. Também podem ser instalados na cabeceira de subunidades e
unidades de irrigação mas não é fácil encontrar um modelo cuja vazão nominal coincida com a
desejada, exceto que fabrique expressamente para isso; e por isso, nestes casos, costuma-se usar
reguladores de pressão. No entanto, têm a vantagem quanto aos reguladores de pressão, de que em
caso de rompimentos águas abaixo do regulador de vazão, o fluxo se mantém constante. Os
reguladores de vazão são de grande utilidade em redes de distribuição de água de irrigação quando
se pretende limitar o fluxo máximo de entregas de água em hidrantes ou parcelas. No processo de
fabricação dos reguladores se produzem inevitáveis diferenças, de forma que suas curvas de
funcionamento não são idênticas. Isto faz com que dois reguladores do mesmo tipo, trabalhando à
mesma pressão, ministrem vazões ligeiramente diferentes. Para poder quantificar a qualidade na
fabricação dos reguladores é definido um coeficiente de variação, de forma análoga ao feito com os
emissores. Este coeficiente de variação de fabricação é um dado importante para estimar a
uniformidade de irrigação.
É denominada pressão nominal (Pn) de um regulador a aquela pressão de saída para a qual ele
foi calibrado. O desvio máximo admissível deverá estar aproximadamente na faixa Pn±13%. Em
diversas redes de irrigação, a mesma pressão de saída produz vazões diferentes. Portanto, um
regulador de pressão admite uma ampla faixa de vazões, igual que um regulador de vazão admite
uma ampla faixa de pressões de saída. Para determinar a pressão mínima necessária à entrada do
regulador temos que levar em conta que este tem uma perda de carga intrínseca, que é a perda de
carga que tem o próprio aparato, sem considerar o efeito de regulagem e que depende da vazão.
Um bom regulador deve cumprir os seguintes requisitos:
- a perda de carga intrínseca e o efeito de histerese devem ser os mais reduzidos possíveis;
- o funcionamento do regulador não deve ser afetado por água que contenha silte, areia, algas,
entre outros, na proporção que normalmente são encontrados na água de irrigação;
- sua construção e montagem devem ser simples, com poucas necessidades de manutenção;
- a faixa de regulagem definida por Pmax-Pmin deve ser no mínimo três vezes a pressão nominal
(Pn);
- para um mesmo regulador os fabricantes devem ministrar diferentes gamas de resortes de
distintas calibrações.
Quando a pressão na rede de irrigação seja superior à Pmax de trabalho, pode-se optar por
colocar dois ou mais reguladores em série, de forma que suas faixas de atuação se somem e
permitam provocar a redução desejada. Quando além das pressões dinâmicas se deseja controlar a
pressão estática na rede, podem ser utilizados modelos de reguladores de pressão capazes de
controlar ambas pressões. Em caso destes redutores sejam proporcionais, devemos ter presente
para o cálculo da pressão de saída que a taxa de redução é cumprida tanto para a pressão estática
como para a dinâmica. Quando se trata de regular pressões estáticas, muitas vezes é conveniente a
instalação de válvulas de alivio ou de segurança, para descarregar a pressão que poder ficar presa
como conseqüência de um fechamento com velocidade superior à da atuação do regulador.
10.2.1 – Manômetros
Para realizar um bom manejo da irrigação é indispensável conhecer as pressões existentes, tanto
nos diferentes elementos que compõem o cabeçal como em pontos singulares da rede de irrigação. O
objetivo mais importante da medida da pressão é garantir o correto funcionamento da instalação e
detectar possíveis avarias. Também nos permite saber em que momento devemos limpar os filtros,
como fertilizar corretamente, e comprovar que as peças especiais operam com normalidade, entre
outras coisas. Estas pressões são medidas, na maioria dos casos, com manômetros metálicos, tipo
Bourdon. Nestes, a pressão do líquido se comunica a um tubo flexível curvado, que tem um extremo
fechado e conectado, por um acoplamento mecânico (engrenagem de cremalheira), a uma agulha
indicadora que se move sobre uma escala graduada. A pressão do líquido tende a desenrolar o tubo
curvado, produzindo um movimento da agulha. A leitura zero da escala corresponde à pressão
atmosférica. A precisão deste instrumento depende da faixa de medida e de sua calibração. Para os
propósitos citados anteriormente é suficiente instalar modelos que permitam apreciar 1 mca. Convém
eleger os aparatos com uma faixa de medida o mais próximo possível à faixa de pressões que se vá
medir. Os manômetros têm que ser situados nos pontos estratégicos da instalação, ou colocando um
em cada ponto ou instalando somente tomadas manométricas e fazendo leituras com um manômetro
portátil. Este último tem a vantagem de que se evitam os erros de calibração de diferentes
manômetros, haja vista que geralmente (por exemplo, na limpeza dos filtros) interessa mais a
diferença de pressão entre dois pontos que o valor absoluto da mesma. Isto também pode ser
conseguido mediante a instalação fixa de um manômetro que mede pressão em vários pontos através
de uma válvula de três ou mais vias. Em instalações que funcionam com pressão muito baixa (menos
de 3 mca), são muito úteis os manômetros de coluna d’água.
10.2.2 – Rotâmetros
São dispositivos que medem o fluxo que circula através de uma tubulação. São compostos de
uma câmara cilíndrica ou cônica no interior da qual se aloja um balin (parece com uma bala, um
projetil) de volume e peso conhecidos. É similar ao densímetro. O rotâmetro é colocado em posição
vertical, ou diretamente na tubulação ou em derivação sobre ela, segundo modelos e vazões a medir.
A água circula em direção ascendente deslocando mais u menos o balin para cima, segundo seja a
magnitude do fluxo. Com a ajuda de uma escala se medem os deslocamentos do balin, que estão em
relação proporcional ao fluxo que circula. Em grandes instalações simplificam o manejo e controle da
irrigação, sendo possível detectar facilmente obstruções, quedas de pressão, rompimentos, entre
outras. São muito úteis para conhecer a vazão que se deriva para os tanques de fertilização.
11 – EMISSORES
Os emissores são dispositivos que controlam a saída da água desde as tubulações laterais.
Segundo a vazão que proporcionam se dividem em dois grupos:
- emissores de baixa vazão: inferior a 20 l/h; compreende os gotejadores e os tubos emissores
(mangueiras e fitas de exudação);
- emissores de alta vazão: entre 20 e 200 l/h; compreende os difusores e os microaspersores.
Um emissor deve reunir as seguintes características:
- de instalação fácil;
- pouco sensível à obstrução;
- pouco sensível à variação de pressão;
- de baixo custo;
- que mantenha suas características ao longo do tempo.
Não é necessário que o emissor possua todas estas características de uma vez, mas sim somente
aquelas que são precisas para cada caso concreto. Por exemplo, um emissor deve ser pouco
sensível à obstrução quando se utiliza água superficial bastante contaminada, mas não é tão
necessária esta qualidade quando se utiliza água subterrânea limpa. Em terrenos planos não se
necessita emissores que compensem as diferenças de pressão, mas sim em terrenos ondulados.
Os emissores são, talvez, os elementos de mais importância das instalações de irrigação
localizada. Toda dificuldade no seu projeto construtivo reside no seguinte problema: os emissores
devem proporcionar uma vazão baixa, com o objetivo de que os diâmetros das tubulações,
especialmente as laterais e terciárias, sejam reduzidos. Por outro lado, a pressão de serviço dos
emissores não deve ser alta, para reduzir o consumo de energia; também não deve ser muito baixa,
para minimizar os efeitos dos desníveis do terreno e da perda de carga sobre a uniformidade de
irrigação. Estas condições conduzem a emissores com reduzido diâmetro da seção de passagem da
água. Por outro lado, há uma condição oposta a ser cumprida: o diâmetro da seção de passagem da
água no emissor deve ser o maior possível, com o objetivo de evitar obstruções, que se apresentam
como o principal problema no manejo dos sistemas de irrigação localizada. Esta condição é resolvida
pelos fabricantes de forma muito variada e, em conseqüência, existem no mercado muitos tipos de
emissores.
A maioria dos emissores de baixa vazão trabalha com uma pressão próxima a 10 mca. Ainda que
os de alta vazão operam de 10 a 30 mca. As fitas de exudação costumam trabalhar entre 1 e 3 mca.
As vazões variam de 1 a 20 l/h em gotejadores e de 20 a 200 l/h em microaspersores. Os
microaspersores operam a pressões que variam de 10 a 30 mca, tendo um orifício de saída maior
que o dos gotejadores e, portanto, requerendo um sistema de filtragem mais simples.
Em teoria, todos os emissores, de uma mesma marca e modelo, deveriam dar a mesma vazão
quando atuam à mesma pressão e temperatura, mas na prática isso não ocorre. As variáveis de
fabricação (tipo de material, temperatura, desgaste da maquinaria, entre outras) afetam as dimensões
do emissor e, portanto, a sua vazão. Para valorar a uniformidade de uma amostra de emissores se
estabeleceu o coeficiente de variação de fabricação (CVf), segundo o qual são estabelecidas duas
categorias de emissores:
- categoria A: coeficiente de variação inferior a 5%;
- categoria B: coeficiente de variação compreendido entre 5 e 10%.
Os emissores de categoria A apresentam um desvio pequeno com respeito à vazão nominal. Os
de categoria B apresentam um desvio considerável, pelo que será desejável eleger os de categoria A,
condição necessária para conseguir uma elevada uniformidade de distribuição da água.
11.1 – GOTEJADORES
Existe no mercado uma grande variedade de gotejadores. Conforme a configuração de seu
conduto podem ser classificados da seguinte forma:
- de labirinto: a água percorre uma trajetória em labirinto; é pouco sensível às obstruções e às
mudanças de pressão e temperatura.
- de orifício: a água é descarregada através de um ou mais orifícios de pequeno diâmetro; é
pouco sensível às variações de pressão e temperatura, mas se obstrui com facilidade devido
ao pequeno diâmetro dos orifícios.
- de redemoinho: este emissor tem uma câmara circular onde se produz o redemoinho, em cujo
centro se localiza o ponto de emissão; o diâmetro do conduto pode ser maior que em outros
emissores, reduzindo o risco de obstrução; e são pouco sensíveis às variações de pressão.
- autocompensante: este emissor tem um dispositivo (geralmente uma membrana flexível) que
permite variar o tamanho do seu conduto com relação à pressão da água; proporciona uma
vazão correta dentro de uma ampla faixa de variação de pressão, pelo que é indicado para
terrenos acidentados, onde são produzidas importantes diferenças de pressão; tem os
inconvenientes de ser bastante sensível às obstruções, de que as variações de temperatura
afetarem a membrana flexível e, de, com o passar do tempo de funcionamento, perder a
faculdade de autocompensação.
A conexão do gotejador à tubulação pode ser feita de duas formas:
- entrelinha: conectam-se os dois extremos do gotejador num corte dado na tubulação; também
são produzidas tubulações com gotejadores embutidos, que são chamados de sistemas
integrados.
- sobrelinha: o gotejador é instalado sobre a parede da tubulação mediante um orifício feito com
uma ferramenta própria.
A escolha de um gotejador adequado influi decisivamente, tanto na garantia de um bom
funcionamento da instalação, como na vida útil, o que repercute nos custos do sistema. O fabricante
deve informar ao usuário, entre outro, os seguintes dados: marca registrada, vazão e pressão de
funcionamento, categoria do emissor, instruções para a conexão à tubulação, tipo de tubulação
aconselhável e suas medidas, instruções para a limpeza, e limitações de uso com fertilizantes e
produtos químicos.
Os calendários de irrigação num sistema bem administrado são desenvolvidos principalmente com
base nas demandas de água da cultura geradas por condições climáticas.
A operação consiste na aplicação oportuna da água e na quantidade requerida pelas condições de
solo e planta.
Finalmente, a manutenção do sistema consiste naquelas ações que são requeridas para garantir
que este funcione de forma contínua de acordo com as especificações do projeto.
Como se afirmou anteriormente, se alguma das três etapas de implementação é levada a cabo
inadequadamente, o sistema de irrigação não logrará cumprir com seu objetivo principal. Quer dizer,
sistemas mal ou bem projetados e mal manejados, serão ineficientes.
14 – PROJETO AGRONÔMICO
O projeto agronômico tem por finalidade garantir que a instalação seja capaz de aplicar a
quantidade suficiente de água, com um controle efetivo de sais e uma boa eficiência na aplicação da
água. É desenvolvido em duas fases:
- cálculo das necessidades de água;
- determinação dos parâmetros de irrigação: dose, freqüência e intervalo entre irrigações, vazão
necessária, duração da irrigação, número de emissores e disposição dos mesmos.
Em irrigação localizada de alta freqüência, também, não se considera a chuva efetiva, devido à
grande freqüência na aplicação da água.
Deixando de lado as perdas havidas nos canais e tubulações principais, de condução e
distribuição da água até a parcela de irrigação, as perdas ocorridas na própria parcela podem ser
agrupadas da seguinte forma:
- por evaporação no solo: que já são levadas em conta ao avaliar as necessidades de
evapotranspiração;
- por escorrimento superficial e percolação profunda;
- por lavagem ou lixiviação: ocorre em circunstâncias em que se precisa aplicar um excesso de
água para arrastar os sais para fora do alcance das raízes;
- por distribuição deficiente da água: esta perda é produzida quando nas zonas menos irrigadas
se quer aplicar a quantidade de água necessária para cobrir as necessidades das plantas, com
o que nas zonas mais irrigadas se aplica um excesso.
Uma vez calculadas as necessidades de irrigação temos que determinar os distintos parâmetros
de irrigação: dose, intervalo entre irrigações e duração da irrigação, assim como o número de
emissores por planta e a vazão por emissor. Finalmente se decide a disposição dos emissores.
Em solos de textura arenosa, onde se originam bulbos estreitos e profundos, tende-se a intervalos
muito curtos (uma ou duas irrigações diárias), tempos breves e número elevado de emissores. Em
solos de textura argilosa tende-se a intervalos mais longos (três ou quatro dias por semana), tempos
de irrigação mais amplos e menor número de emissores. Em solos de textura franca costuma-se
irrigar uma vez por dia.
Ao distribuir sobre o terreno as tubulações porta-emissores (laterais) temos que levar em conta
várias considerações:
- proporcionar a cada planta o número de emissores requeridos no projeto agronômico;
- não dificultar os tratos culturais;
- fazer a mínima inversão.
Na colocação dos gotejadores ao longo das tubulações porta-gotejadores (laterais) podem ser
seguidos dois critérios distintos:
- a zona úmida forma uma linha contínua, ao longo da qual as plantas desenvolvem seu sistema
radicular. Este sistema tem a vantagem de facilitar os trabalhos agrícolas, mas tem o
inconveniente de que pode ser produzida a queda das plantas de porte alto. Adapta-se bem às
culturas em linha;
- forma-se uma série de pontos úmidos ao redor das plantas, com o qual as raízes se
desenvolvem em várias direções e é menor o risco de serem tombadas pelo vento. Este
sistema se adapta bem às culturas arbóreas.
No caso de culturas arbóreas o número de gotejadores vai sendo incrementado a medida que a
planta cresce. Quando a plantação é jovem, os gotejadores são colocados próximos ao pé da árvore
(de 0,70 a 1,20 m), pois de outra forma as raízes poderiam ter dificuldades para atravessar os bordos
salinos do bulbo úmido.
A disposição de uma tubulação por cada fila de planta com gotejadores interlinha é utilizada em
plantas herbáceas e em frutíferas. No caso de frutíferas é necessário que os bulbos se solapem
(cruzem-se, que haja sobreposição de parte deles), pois de outra forma as raízes teriam dificuldades
para atravessar a zona seca compreendida entre bulbos e o bordo salino dos mesmos. Também é
necessário solapar em cultivos herbáceos, porque do contrário as sementes que ficam entre os
bulbos teriam dificuldades para germinar.
A disposição de duas tubulações por cada fila de plantas tem o inconveniente de que se duplica o
comprimento de tubulação. Em muitas culturas se instala uma só tubulação por cada duas filas de
plantas, o que supõe uma grande economia de material. A disposição com múltiplos gotejadores se
instala em frutíferas.
É conveniente lembrar que não só deve se adaptar o projeto de linhas laterais às práticas de
cultivo, mas também, às vezes, pequenas mudanças nelas permitem baratear notavelmente as
instalações. Um caso, que se apresenta freqüentemente em culturas hortícolas, é a conveniência de
modificar levemente o marco de plantação, respeitando a densidade.
O processo, exposto acima, deve ser reiterativo até encontrar a melhor combinação de elementos
que permitam obter uma instalação projetada para um binômio benefício-custo ótimo, sem esquecer
que em ocasiões teremos que optar por não aplicar o sistema de gotejamento, mas partir para outros
métodos de irrigação localizada, como microaspersão, ou para métodos de irrigação convencionais,
que em muitas ocasiões suporão a melhor solução do citado binômio.
O método proposto apresenta como vantagem adicional permitir dar normas razoavelmente
aproximadas para o posterior manejo do programa de irrigação.
15 – PROJETO HIDRÁULICO
O projeto hidráulico tem por finalidade o cálculo das dimensões da rede de distribuição e do ótimo
traçado da mesma.
Uma das características da irrigação localizada é sua falta de flexibilidade para irrigar com uma
determinada instalação outro tipo de cultura que tenha distinto marco de plantação e/ou diferentes
necessidades hídricas. Por isso, cada sistema deverá ser utilizado dentro de parâmetros que são
definidos pelos limites de utilização do projeto.
Em alguns equipamentos é necessário prever uma capacidade extra do sistema, já que é
previsível que a vazão varie com o tempo. Para compensar estas variações, o sistema deverá ser
operado a maior pressão ou aumentar o tempo de aplicação. Por isso, deverá ser projetado com 10 a
20% de capacidade extra ou prever a possibilidade de poder aumentar a pressão de funcionamento
quando a descarga dos emissores decresça.
Se optar pela capacidade extra será necessário aumentar a capacidade do equipamento de
bombeamento, se este é necessário, e o diâmetro dos tubos para diminuir as perdas de carga. Se
escolher a reserva de pressão, só será necessário projetar um equipamento de bombeamento de
mais potência. Conseqüentemente, a segunda solução é menos custosa que a primeira. No entanto,
tem um campo maior de aplicação a capacidade extra, pois inclusive serve para compensar o
aumento de vazões por incremento de vazão média ou por pequenas fugas na instalação.
O dimensionamento da irrigação localizada é baseado no comportamento da subunidade de
irrigação, onde se determina a variação de pressão e vazão permitido dentro da mesma. Para tal se
considera que na entrada da subunidade sempre deverá existir um controlador de pressão. A
variação de pressão permitida deverá ser distribuída tanto no dimensionamento das linhas laterais
como na linha terciária. Já no dimensionamento das linhas secundárias e principal o procedimento a
ser seguido é similar ao da irrigação por aspersão.
representada por uma distribuição normal. Dessa maneira, coleta-se os tempos necessários (em
segundos) nos 16 pontos determinados (como na metodologia de Merriam & Keller), para encher um
recipiente de volume conhecido (por exemplo, 200 ml). Ordena-se estes valores de maior a menor.
Separam-se os quatro valores maiores e soma-se (chamando-o Tmax). Separam-se os quatro
valores menores e soma-se (chamando-o Tmin). Então, utiliza-se o gráfico (Figura 12) para
determinar o valor do Coeficiente de Uniformidade. Com esse valor determinado, o irrigante tem
condições de saber como está o comportamento da subunidade de sua instalação.
O gráfico foi montado para estes valores pois verificou-se que na região, onde foi realizado o teste
e onde o mesmo está sendo divulgado, utiliza-se gotejadores que variam de vazão desde 1 l/h até no
máximo 8 l/h. Com isso, os valores usados nos eixos do gráfico, servem para emissores que
trabalhem entre essas vazões.
Na avaliação de um sistema de irrigação localizada a ser implantado, para obter uma vazão
satisfatória em todas as plantas cultivadas alguns autores recomendam que o coeficiente de
uniformidade deve ficar compreendido entre 90 e 94%, enquanto outros, afirmam que os valores
devem ser iguais ou superiores a 94%. Por outro lado já outros ressaltam que não se pode considerar
projetos com valores do coeficiente de uniformidade inferior a 90%.
Curso para Irrigantes Baixo-Açu 25 21/01/05
LEVIEN, S. L. A. Sistemas de irrigação localizada. Alto do Rodrigues, 2001
Os valores do coeficiente de uniformidade determinados em campo, devem ficar entre 85% e 95%.
Quando os valores dos coeficientes de uniformidade forem inferiores a 90% deve-se identificar as
causas desta baixa uniformidade e tratar de solucioná-las.
Com um Coeficiente de Uniformidade (CU) acima de 90%, pode-se economizar água, energia e
fertilizantes, melhorar a eficiência de irrigação e rendimento das colheitas preservando o meio
ambiente, e aumentando os benefícios ao produtor. O critério geral para os valores de CU, para
sistemas de irrigação em operação, em uma ou mais secções de área são: excelente, quando maior
que 90%; bom, de 80% a 90%; regular, de 70% a 80%; e pobre, quando menores que 70%. Em
sistemas de irrigação que estão operando a mais de um ano com CU entre excelente e bom é uma
preliminar para atestar o satisfatório manejo prático deste sistema, mas, entretanto, quando a CU
está entre pobre ou próximo de pobre (mais ou menos 70%), usualmente indica entupimento total ou
parcial dos emissores, deteriorização dos emissores, ou problemas na regulagem da pressão do
sistema.
O objetivo principal dos projetos, já implantados ou a serem elaborados, é obter os maiores
coeficientes de uniformidade e uniformidade absoluta possíveis. Os limites mínimos do coeficiente de
uniformidade, asseguram água suficiente para o desenvolvimento da cultura sem perdas significativas
na sua produtividade.
As perdas de água na irrigação localizada são mínimas, proporcionando uma das maiores
eficiências dentre os métodos de irrigação. Como na irrigação localizada, a água é distribuída ao solo
através de pequenas vazões, é preciso termos segurança de que a água assim aplicada, está
atendendo plenamente às necessidades da cultura.
Para que se tenha um eficiente sistema de irrigação localizada se faz necessário que a água seja
aplicada uniformemente em toda a extensão do campo. Se a eficiência de irrigação é definida como a
percentagem de água aplicada à cultura, que é armazenada nas zonas das raízes, então uma baixa
uniformidade de emissão estará conduzindo a uma sub-irrigação, resultando na baixa eficiência e
excessivo consumo de energia da bomba. Igualmente, irá resultar no uso ineficiente dos fertilizantes
que se lixiviam abaixo da zona radicular, devido a excessiva aplicação de água. Então,
evidentemente, a alta uniformidade de emissão é um pré-requisito para a boa eficiência da irrigação.
A eficiência e a uniformidade de aplicação de água desse método de irrigação oferece grande
potencial de benefícios para a cultura, aumentando a produção de frutas de melhor qualidade e
redução de custos pela economia de água, fertilizantes e mão de obra.
A eficiência da irrigação é algo que se identifica por uma relação custo-benefício, cuja
maximização depende de fatores que vão desde as condições de mercado para os produtos
agrícolas, até as características de desempenho dos emissores.
17 – FERTIRRIGAÇÃO
A fertirrigação é a aplicação de fertilizantes dissolvidos na água de irrigação. É utilizada na
irrigação localizada, ainda que também possa ser utilizada na irrigação por aspersão e até na
irrigação por superfície. A fertirrigação na irrigação localizada tem as seguintes vantagens em relação
à adubação tradicional:
- os fertilizantes se localizam na zona onde se desenvolvem as raízes;
- os fertilizantes são administrados à planta conforme suas necessidades nas distintas etapas de
seu desenvolvimento;
- há menos perdas de elementos nutritivos.
Para empregar corretamente os fertilizantes tem que se levar em conta aquelas características
que podem influir sobre o solo de cultivo ou sobre o manejo da instalação.
As características a considerar são as seguintes:
- solubilidade: todos os fertilizantes utilizados em fertirrigação devem ter um grau de
solubilidade que impeça as obstruções com partículas sólidas sem dissolver. Para incorporar
um fertilizante a um sistema de irrigação tem que se preparar previamente uma dissolução
concentrada que é a que se injeta no sistema de irrigação.
- salinidade: a concentração de sais solúveis é um dos critérios mais influentes para julgar a
qualidade das águas de irrigação. Quando a água é de boa qualidade podem ser utilizadas,
sem perigo grave, concentrações altas na adubação; mas quando a água é de má qualidade
resulta ser imprescindível utilizar concentrações baixas, o que requer aplicações freqüentes.
De qualquer forma, ainda com águas boas é preferível aplicar o adubo o maior número
possível de vezes.
- acidez: o mais inconveniente é manter uma reação ácida, o que facilita a solubilização dos
compostos de cálcio e evita, portanto, as precipitações calcárias nas conduções.
- grau de pureza: os fertilizantes utilizados em fertirrigação devem ter um alto grau de pureza,
para evitar sedimentos ou precipitações que obstruam a instalação.
- compatibilidade das misturas: tem que se evitar as reações químicas de onde se originem
produtos sólidos insolúveis.
18 – AUTOMATIZAÇÃO
Os sistemas de irrigação localizada são, em geral, instalações fixas formadas por várias unidades
de irrigação que operam consecutivamente com tempos de aplicação longos e com alta freqüência.
Portanto, prestam-se a uma possível programação automática.
Com os equipamentos existentes atualmente no mercado se consegue diversos níveis de
automatismo, até chegar com o uso de microprocessadores a uma programação automática da
irrigação para períodos longos de tempo, incluindo a estimativa automática das necessidades de
irrigação. A eleição do nível de automatismo idôneo, para cada caso, deverá ser feita em base a
critérios técnico-econômicos e preferências do agricultor. Também tem que estar de acordo com a
formação do pessoal que o maneja e das possibilidades de um bom serviço de peças e consertos.
O nível “zero” de automatização consiste em utilizar válvulas de acionamento manual para dar
passagem à água de irrigação para cada uma das unidades. Neste caso, o parâmetro utilizado para
controlar a irrigação é o tempo ou volume de água aplicado, se dispormos de um contador de
líquidos, o que não é habitual. Inclusive neste nível “zero” de automatização, as irrigações localizadas
exigem muito menos mão de obra que qualquer outro sistema, com a exceção de determinadas
instalações fixas ou equipamentos mecanizados de aspersão. A principal atividade do irrigante
consiste na recarga de adubos, manter os filtros limpos, vigiar para que os emissores funcionem
corretamente e abrir e fechar válvulas de acordo com o programa de irrigação.
Os progressivos níveis de automatização são centrados precisamente nesta última operação, ou
seja, na abertura e fechamento de válvulas, ainda que nos modelos mais sofisticados pode ser feito
um controle automático do funcionamento da instalação, assim como estimar as necessidades de
irrigação, introduzindo no programa as ordens oportunas. Em geral, podem ser estabelecidas
diversas categorias mais ou menos arbitrárias, para classificar os níveis de automatismo.
Estabeleceremos três níveis:
- nível 1: neste nível cada válvula ou série de válvulas deve ser posta em marcha antes de cada
ciclo de irrigação;
- nível 2: neste nível a válvula, ou conjunto de válvulas, repete o ciclo de irrigação
automaticamente;
- nível 3: é o nível de automatismo total em base a microcomputadores.
Para o controle automático das instalações, cada unidade de irrigação dispõe de uma ou mais
válvulas, que, acionadas por distintos mecanismos, fecham quando passa um determinado volume de
água, ou depois de um determinado tempo de funcionamento, sendo estes dois parâmetros de
controle os habituais.
Em alguns casos, a abertura e fechamento das válvulas podem ser feitos em função de valores
alcançados por parâmetros indicadores do estado da água no solo e/ou na planta, como potencial da
água no solo, ou temperatura da folha. Às vezes com base em parâmetros micrometeorológicos, o
caso mais freqüente é a altura de água num tanque evaporimétrico. Também existem protótipos,
projetados para irrigar com base na radiação global, temperatura, umidade do ar, e outros. Na
realidade, hoje em dia, as limitações não são do tipo instrumental, mas do conhecimento da influencia
dos possíveis parâmetros ao nível necessário para permitir utilizá-los na prática da irrigação nos
diversos cultivos. Na maioria dos casos estes parâmetros só servem para por em funcionamento a
irrigação, que é parada por um controle de tempo ou volume.
No que se refere aos mecanismos utilizados para ordenar a abertura e o fechamento de válvulas,
podemos classificar os automatismos em três tipos:
- hidráulicos: neste caso as válvulas atuam por sinais de pressão de água transmitidos através
de tubos de PE de pequeno diâmetro (4 a 6 mm). Normalmente controlam volume.
- elétricos e/ou eletrônicos: as válvulas atuam sob excitação magnética criada por solenóides
ao receber impulsos elétricos. Normalmente controlam tempo.
- mistos:– nestes se combinam ambos tipos.
19 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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