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Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM XI)

Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Agronegócio

Implantação de sistema hidropônico

Disciplinas abordadas: Empreendedorismo, Novas Tecnologias no

Agronegócio e Mecanização Agrícola.

Luziânia – Goiás

2022

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Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM XI)

Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Agronegócio

Fernando Luís Kretschmer (RA: 0544974)

Júlio César Pereira Silva (RA: 2114171)

Projeto apresentado como forma de


conclusão para o PIM XI do Curso
Superior de Tecnologia em Gestão do
Agronegócio.

Luziânia – Goiás

2022

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RESUMO

A pesquisa teve como objetivo apresentar uma análise da utilização das práticas
adquiridas durante as matérias da UNIP EaD, do Curso Superior de Tecnologia em
Gestão do Agronegócio: Empreendedorismo, Novas Tecnologias no Agronegócio e
Mecanização Agrícola. O estudo e a prática foi realizada através da implantação de um
sistema hidropônico para o cultivo de alface. A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça
mais cultivada e adaptada ao sistema protegido, principalmente ao hidropônico,
destacando-se por seu ciclo curto, possibilitando retorno mais rápido do capital
investido (LUZ et al., 2008). Neste trabalho foi desenvolvido um projeto completo para
a produção mensal de 29 plantas de alface em sistema hidropônico, através da técnica
de hidroponia NFT. Elaborou-se também a análise econômica do projeto, frisando quais
são as fontes de financiamento, os insumos externos necessários para o processo
produtivo escolhido, quais riscos operacionais e ambientais estão envolvidos nesse
processo e como a gestão atua e os riscos dessa produção. Toda a pesquisa foi baseada
nas disciplinas abordadas no PIM XI e estudadas durante o bimestre.

Palavras-chave: Hidroponia; Alface; Empreendedorismo; Ciclo curto.

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ABSTRACT

The research aimed to present an analysis of the use of practices acquired during
the subjects of UNIP EaD, of the Higher Course of Technology in Agribusiness
Management: Entrepreneurship, New Technologies in Agribusiness and Agricultural
Mechanization. The study and practice was carried out through the implementation of a
hydroponic system for lettuce cultivation. Lettuce (Lactuca sativa L.) is the most
cultivated vegetable and is adapted to the protected system, mainly hydroponic,
standing out for its short cycle, allowing a faster return on invested capital (LUZ et al.,
2008). In this work, a complete project was developed for the monthly production of 29
lettuce plants in a hydroponic system, using the NFT hydroponics technique. An
economic analysis of the project was also carried out, emphasizing the sources of
financing, the external inputs needed for the chosen production process, which
operational and environmental risks are involved in this process and how management
operates and the risks of this production. All research was based on the subjects covered
in PIM XI and studied during the bimester.

Keywords: Hydroponics; Lettuce; Entrepreneurship; short cycle.

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................6

A HIDROPONIA........................................................................................7

ANTES DA PORTEIRA.............................................................................9

DENTRO DA PORTEIRA........................................................................12

DEPOIS DA PORTEIRA.........................................................................15

CONCLUSÕES........................................................................................18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................19

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INTRODUÇÃO

Os Projetos Integrados Multidisciplinares fazem parte do Programa Pedagógico


dos Cursos Superiores de Tecnologia à Distância UNIP EaD e tem como propósito criar
condições para que o alunado possa desenvolver seus conhecimentos teóricos, baseados
na integração das disciplinas abordadas durante o módulo.

O PIM XI tem como objetivo demonstrar que o aluno possui a capacidade de


empreender e também de entender os grandes desafios empresariais. Além de
proporcionar ao aluno a possibilidade de conhecer novas tecnologias no agronegócio, dar
condições para que o aluno desenvolva o entendimento do mesmo. Além de estimular o
entendimento sobre a mecanização agrícola e sua importância.

O presente trabalho compreende a análise e construção de um sistema


hidropônico NFT. A hidroponia é uma técnica alternativa na qual o solo é substituído
por uma solução aquosa, contendo apenas os elementos minerais necessários aos
vegetais. Segundo RESH (1997), a hidroponia é uma ciência jovem, sendo utilizada
como atividade comercial há apenas 40 anos. Nesse curto período de tempo a técnica foi
adaptada a diversas situações: nutrient film tecnique (NFT), denominada técnica do
fluxo laminar de nutrientes; deep film technique (DFT), denominada floating; em
substrato; e, aeroponia, sistema em que as raízes das plantas ficam suspensas recebendo
água e nutrientes por atomizadores. O cultivo hidropônico preconizado neste trabalho
utiliza a Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes (NFT), desenvolvida por Cooper
(1975). Esta técnica consiste que as raízes das plantas ficam suspensas num canal por
onde flui água contendo os nutrientes minerais (solução nutritiva), com circulação
intermitente. Atualmente, o cultivo de hortaliças em ambiente protegido é muito
difundido (CUPPINI et al., 2010), devido à possibilidade de controle das condições
adversas de cultivo, que favorece o desenvolvimento das plantas, permitindo a produção
de olerícolas de melhor qualidade (HELBEL JÚNIOR et al., 2008).

O cultivo hidropônico representa uma alternativa ao cultivo convencional, com


vantagens para o consumidor, produtor e para o ambiente, como obtenção de produtos
de alta qualidade, ciclo curto, com maior produtividade, menor gasto de água, de
insumos agrícolas e de mão-de-obra (PAULUS et al., 2010).

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A HIDROPONIA

A palavra hidroponia, usada inicialmente nos anos de 1930, deriva do grego


(água + trabalho) e significa trabalho com água. No entanto, a hidroponia pode ser
simplesmente definida como a ciência de cultivar plantas sem utilizar o solo.
Atualmente, vem aumentando o interesse de produtores brasileiros em sistemas
hidropônicos, especialmente no cultivo de alface (MATIOLI et al., 2011).

De acordo com a etimologia, o termo hidroponia (do grego: hydro = água e


ponos = trabalho) quer dizer trabalho com água, no entanto, hidroponia significa o
conjunto de técnicas empregadas para cultivar plantas sem o uso do solo, de forma que
os nutrientes minerais essenciais são fornecidos às plantas na forma de uma solução
nutritiva. A primeira referência em literatura sobre o cultivo de plantas sem uso do solo
é do pesquisador inglês John Woodward (1665–1728) que cultivou plantas de menta
(Menthaspicata) em vasos com água da chuva, torneira, enxurrada e líquido de esgoto
diluído, tendo observado maior crescimento nas plantas cultivadas com líquido de
esgoto diluído (Furlani, 2004). Com tal pesquisa ele concluiu que: “As plantas
alimentam–se da água e de elementos nela dissolvidos, que se encontram na terra.
Quando conseguirmos descobrir quais são esses elementos, poderemos prescindir da
terra, para cultivá–las” (Martins, s.d.).

Em 1860, Sachs & Knop desenvolveram a tecnologia para o cultivo de plantas


em solução nutritiva e foram estes os primeiros a elaborar fórmulas de solução nutritiva
(Bataglia, 2003). Em 1950, Hoagland & Arnon elaboraram duas soluções nutritivas para
o cultivo de tomateiro as quais foram consideradas as mais adequadas em sua época, de
forma que ainda hoje estas soluções nutritivas são amplamente empregadas e citadas
como base para a elaboração de diversas outras soluções nutritivas (Bezerra Neto &
Barreto, 2000).

No Brasil, o cultivo hidropônico em escala comercial vem crescendo de forma


rápida, destacando–se os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul que
vêm desenvolvendo pesquisas pioneiras para a implantação da hidroponia (Santos,
2000). Segundo Rodrigues (2002), o desenvolvimento do cultivo hidropônico brasileiro,
em escala comercial, deve–se ao pioneirismo de Shigueru Ueda e Takanori Sekine que
trouxeram a técnica do Japão, e apresentaram, em 1990, o primeiro projeto piloto de

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hidroponia comercial para a cultura da alface. Em Pernambuco o cultivo hidropônico
ocorre dentre outros locais, na região metropolitana, no município de Paulista, e no
arquipélago de Fernando de Noronha (Revista Hidroponia, 2011). No estado, a
atividade vem crescendo muito nos últimos anos, com grandes e pequenos produtores
aderindo ao cultivo hidropônico como forma de geração de renda (IPA, 2011). No
município de Ibimirim (Sertão do Moxotó), pesquisadores da UFRPE estão testando a
tolerância de hortaliças hidropônicas ao estresse salino e os dados preliminares são
animadores (UFRPE, 2008).

Por princípio, todas as espécies vegetais podem ser cultivadas hidroponicamente,


no entanto, em termos agronômicos e econômicos, as espécies mais adequadas ao
cultivo hidropônico são as de pequeno porte (Bezerra Neto & Barreto, 2000). Na
literatura há relatos das mais diversas espécies cultivadas em sistema hidropônico em
escala comercial: hortaliças (alface, tomate, pepino, pimentão, repolho, couve, etc.),
condimentares (cebolinha, coentro, manjericão, mostarda, pimenta, salsa, etc.),
medicinais (agrião, alecrim, alfavaca, arruda, aspirina, bálsamo, boldo, camomila, erva–
doce, gengibre, hortelã, malva, etc.), ornamentais (antúrio, crisântemo, hortência, rosas,
orquídeas, flores em geral, etc.), frutíferas (uva, melão, morango, melancia, etc.),
forrageiras (milho, sorgo, cevada, alfafa, triguilho, milheto, azevém, etc.).
Recentemente, vários trabalhos têm mostrado a viabilidade econômica no cultivo
hidropônico de forragem, com grandes vantagens em relação ao cultivo em solo (Araújo
et al., 2008; Campêlo et al., 2007; Müller et al., 2006).

Figura 1: Exemplo de sistema hidropônico 8


construido para o PIM XI
ANTES DA PORTEIRA - Empreendedorismo

Rover (2014) descreve a viabilidade econômica da implantação de um sistema


hidropônico, por possuírem características próprias, normalmente a alface cultivada em
hidroponia alcança preços de venda 35 a 50% superiores aos da alface convencional.
Para Santos (2012), a hidroponia se destaca em relação a economia de água, por
exemplo, estima – se economizar de 50 a 70% de água em relação ao cultivo tradicional
de hortaliças, uma vez que as taxas de evaporação, escoamento superficial e percolação
são significativamente reduzidas. Também pelo fato que o movimento cíclico da água
(quando há um tanque com solução nutritiva e um sistema de bombeamento onde essa
solução passa de forma cíclica pelos canais de cultivo, formando uma lâmina de
solução), evita o desperdício da mesma. Ainda sendo possível, a utilização do descarte
da água, para irrigação de meios de cultivo convencionais, já que a mesma é nutritiva.
De acordo com Genúncio et al, (2011), o uso de agrotóxico é reduzido
consideravelmente, já que o cultivo é realizado acima do solo, assim, a fauna edáfica,
micro-organismos, nematoides e as plantas daninhas não atacam, dispensando o uso de
defensivos. Rover (2014) também destacou a vantagem da hidroponia em relação ao
tempo de prateleira. Os produtos hidropônicos são colhidos com raiz, com isso podem
durar mais na geladeira.

De acordo com Carmo Jr (2003), o principal diferencial observado no sistema


hidropônico é o investimento inicial, devido à necessidade de construção de estufas,
mesas, bancadas, e todo sistema hidráulico. A atividade também exige conhecimento
técnico e de fisiologia vegetal.

Para uma análise de custo de implantação, foi realizada a compra do


equipamento e o sistema foi montado por um dos integrantes do grupo. Os valores
observados correspondem ao ano de 2022 e são listados abaixo:

Tabela 1: Material utilizado para construir uma hidroponia com 29 mudas

MATERIAL PARA CONSTRUÇÃO DE HIDROPONIA

ITEM QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL

Cano de PVC 75mm 6 R$ 17,50 R$ 105,00

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Tampa p/ cano 75
10 R$ 5,00 R$ 50,00
mm

Nipel roscável ¾ pol 5 R$ 2,50 R$ 12,50

Curva mangueira ¾
5 R$ 2,00 R$ 10,00
pol

M. Mangueira ¾ pol 1,5 R$ 1,33 R$ 2,00

M. mangueira ½ pol 2,5 R$ 3,60 R$ 9,00

Bomba submersa p/
1 R$ 73,50 R$ 73,50
hidroponia
Temporizador
1 R$ 24,45 R$ 24,45
mecânico
Adubo completo para
1 R$ 55,90 R$ 55,90
hidroponia
Metros de fio de
5 R$ 1,00 R$ 5,00
energia 2,5mm
Conjunto plug macho
1 R$ 7,00 R$ 7,00
e fêmea energia

Balde de 20 litros 1 R$ 17,90 R$ 17,90

Mão de obra 1 R$ 200,00 R$ 200,00

Mudas de alface 25 R$ 0,25 R$ 6,25

TOTAL R$ 578,50

Fonte: Produzida pelo autor.

Figura 3: Materiais utilizados na construção do Figura 2: Fertilizante mineral utilizado no


sistema hidroponico sistema
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Sabendo que o sistema em questão suporta em média 29 mudas por ciclo, teremos
em média essa quantidade por mês. A intenção é aumentar a produção gradativamente
de acordo com as necessidades do mercado.

A produção inicial foi de 29 pés por mês aptos para o comércio, sendo que, a
cada ciclo será construida uma nova estrutura de alfaces hidropônicos, totalizando a
produção de 348 mudas de alface ao ano, sendo escalonada de modo a atender a
demanda. O mercado alvo será o município de Luziânia. No caso em questão, se a cada
29 mudas é gasto R$ 578,50, conclui-se que, por ano, o investimento no cultivo
hidropônico será de R$ 6.942,00. A análise do investimento se dará com recursos do
PRONAF, na modalidade Mais alimentos, sendo tomado o valor de R$ 10.000,00 com
taxa de juros de 5% a.a., carência de 3 anos e pagamento anual de 10 anos. Será
utilizado na implantação do sistema de hidroponia para cultivo de alfaces da variedade
crespa em ambiente protegido.

É importante salientar que apesar dos custos explícitos estarem destacados no


tabela do projeto, ainda incidem os custos implícitos, aqueles que não envolvem
diretamente um desembolso, mas que não podem ser desconsiderados, tais como: área
utilizada, tempo do agricultor, entre outros que integram o custo de oportunidade. Além
do custo de oportunidade, os riscos do negócio envolvem problemas comerciais, perdas,
inadimplência e outros. Apesar de saber que o valor de venda dos pés da alface não se
mantém igual ao longo de 10 anos, foi estabelecido um valor padrão de R$ 1,20 para o
projeto, considerando a oscilação de mercado e de clientes (atacado e varejo), pois o
valor é diferenciado na venda para estes clientes.

A gestão otimiza essa etapa buscando bons fornecedores, confiáveis, e na


organização da produção. A otimização de processos é uma técnica que usa o
mapeamento das atividades executadas, identificação e eliminação de falhas e
padronização das rotinas. Dessa forma, gera-se uma otimização do tempo nas tarefas do
dia a dia, permitindo que a organização caminhe em busca dos melhores resultados.

Essa gestão pode ser feita começando pela parte financeira, esse campo é
considerado um dos pilares da empresa. Sem gestão financeira adequada, infelizmente a
empresa não vai se sustentar no mercado. É preciso um balanço financeiro para
equilibrar as contas e garantir o compromisso com os colaboradores, além de gerar lucro
para o empreendedor.
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A Gestão de vendas também é de suma importância, pois, utilizar um sistema de
gestão vai permitir maior eficiência, tanto dos profissionais, quanto do fluxo da sua
empresa na otimização dos processos e economia de tempo. Geralmente, esse tipo de
sistema é utilizado por empresas que querem aumentar a performance e a produtividade,
que é o nosso caso.

Por fim temos a gestão de estoque, essa etapa é fundamental para a empresa. O
estoque requer muita atenção, por causa do número elevado de produtos que devem ser
administrados. Com o monitoramento completo de entrada e saída dos produtos, é
possível observar detalhes de cada um.

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DENTRO DA PORTEIRA -Novas tecnologias do agronegócio

O uso de tecnologias no agronegócio vem tornando-se um fator primordial para


a produção agrícola, haja vista que, agrega alto valor ao produto final, bem como o
aumento da produtividade por hectare. A grande demanda do mundo por alimentos
impulsiona produtores e empresas do ramo a investirem em novas tecnologias nas
lavouras com o intuito de garantir a frequente elevação da produtividade.
O processo produtivo do cultivo hidropônico NFT (Técnica do filme nutriente) ou
técnica do fluxo laminar de nutrientes, as plantas são cultivadas em canais de cultivo por
onde a solução nutritiva circula, intermitentemente, em intervalos definidos e controlados
por um temporizador. As raízes das plantas ficam apenas parcialmente submersas na
lâmina de solução nutritiva que circula, de forma a permitir a respiração normal das
raízes. O sistema NFT não utiliza substrato e é classificado entre as técnicas de cultivo
hidropônico como um sistema fechado, isto é, a solução nutritiva circula pelos canais de
cultivo sendo reutilizada continuamente (Rodrigues, 2002). Este sistema de cultivo pode
ser instalado tanto no sentido horizontal como no sentido vertical.

Figura 5: Sistema NFT construido com 29 Figura 4: Balde que leva a mistura de
glebas para aporte de mudas. nutrientes que vai alimentar o sistema

A alface produzida em sistema hidropônico sob ambiente protegido não corre os


riscos de fatores adversos como geadas, chuvas intensas, granizos e ventos fortes,
resultando em melhor produtividade (FERNANDES et al. 2002).

Dentre os riscos operacionais está o alto custo inicial do processo, devido à


necessidade de terraplenagens, construção de estufas, mesas, bancadas, sistemas
hidráulicos e elétricos. Os equipamentos utilizados nas culturas hidropônicas devem ser
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mais sofisticados e precisos que os do cultivo no solo, o que torna sua aquisição,
instalação e manutenção bem mais caras.

A grande dependência de energia elétrica exige gastos com prevenção tanto à sua
falta quanto à falta de água. Qualquer falha ou erro de manejo pode acarretar um prejuízo
bem maior e mais grave do que na agricultura tradicional, pois o sistema hidropônico é
muito mais vulnerável (Melonio, 2012).

Além disso, para que o negócio seja lucrativo, é necessário bastante conhecimento
técnico e fisiológico: o agricultor precisa ficar atento à escolha das espécies de plantas
mais adequadas, ao uso de recipientes apropriados e à aplicação correta de fertilizantes e
materiais básicos para se obter sucesso com o cultivo hidropônico (Melonio, 2012).

Os riscos ambientais dentro da estufa de hidroponia são fatores importantes a


serem observados para o desenvolvimento adequado das culturas. Esses fatores podem ser
climáticos e ambientais.
Fatores climáticos:

- Temperatura: A temperatura ideal para o bom desenvolvimento das culturas em geral


deve estar em torno de 25 a 28°C.
- Umidade relativa do ar: Deve ser de 60 a 70% e pode ser aferida por meio do
hidrômetro.

- Radiação solar: A radiação fotossinteticamente ativa, que engloba faixas de espectro


visível, tem comprimento de 390 a 750 nanômetros, no entanto é difícil de ser medida por
isso é bom se ter em regiões com menos insolação ou ter um filme difusão nas estufas.
Fatores ambientais:

- Isolamento entre os meios externos e internos da estufa: É feito por meio de telas,
filmes e portas de entrada e de saída. Esses acessórios têm como finalidade evitar agentes
hospedeiros de pragas e doenças dentro da estufa.

Além disso, outro requisito importante para a hidroponia é a qualidade da água.


Antes de iniciar uma hidroponia, é preciso: realizar a análise da água, visando conhecer
sua composição química, física e microbiológica, além de medir o PH e a condutividade
elétrica.

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Para manter os riscos sob controle é necessário fazer uma gestão de riscos. Trata-
se de um conjunto de providências que uma empresa toma para evitar ou minimizar perdas
e aproveitar oportunidades. Nesse sentido, a gestão de riscos faz parte de uma gestão
empresarial estratégica, que está sempre atenta aos sinais internos e externos que podem
interferir de forma positiva ou negativa no negócio (SOLIDES, 2022).

O primeiro passo é preparar o ambiente para o processo. Isso inclui a definição de


uma pessoa responsável pelo acompanhamento, treinamento e capacitação de todos que
estarão envolvidos, bem como o mapeamento dos processos executados na rotina da
organização (SOLIDES, 2022).
Em seguida, é preciso analisar cada um dos processos de forma bastante criteriosa
em busca dos seus riscos. Aqui, o ideal é que sejam levantados todos os riscos, de cada
processo, de todos os setores. Conforme o tamanho da empresa, isso pode ser bastante
trabalhoso, então a dica é fazer um levantamento geral e criar uma ordem de priorização
conforme a mensuração de cada risco. Assim, os efeitos positivos serão percebidos em
menor prazo (SOLIDES, 2022).
A mensuração é a etapa que ajuda a compreender o tamanho do impacto que cada
risco tende a causar, caso não seja devidamente tratado. Para isso, é preciso utilizar
métodos que ajudem a visualizar a situação de forma mais abrangente, considerando as
possíveis interações com outros processos, áreas e pessoas (SOLIDES, 2022).
Por fim, depois de levantar, identificar e mensurar os riscos é preciso estabelecer
quais são as ações que devem ser realizadas para contê-los. Para tanto, existem as ações
preventivas, que ajudam a evitar as consequências de um risco, e as corretivas, quando não
se consegue evitar as consequências, mas é possível minimizar os danos (SOLIDES,
2022).

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DEPOIS DA PORTEIRA – Mecanização agrícola

Com o decorrer dos anos a agricultura aprimorou-se para o aumento da


produtividade, e esse fato deu-se através da mecanização agrícola. O agricultor deixou
de cultivar somente para sua subsistência e passou a ser seu meio de trabalho e
remuneração. Até 6000 anos A.C. utilizava-se de arado de madeiras e era puxado pelo
homem, posteriormente foi substituído pela tração animal e a ser fabricado de aço. Na
Revolução Industrial, com o aparecimento de motores a vapor e gasolina, a agricultura
avançou no aspecto de mecanização e consequentemente produção, ou seja, a
agricultura passou a ser auxiliada pela automatização de seus processos e robotização
(SARUGA, 2002)

A Cadeia produtiva de hortaliças é composta por diferentes setores como por


exemplo: a indústria de apoio, produção, transformação, comercialização e consumo, e
também pelas características de seus produtos que logo depois da colheita eles já são a
mercadoria a ser transacionada, permitindo assim vários canais de distribuição entre a
produção e o consumo (SILVA, 2005). O modelo tradicional de abastecimento
hortícolas nos grandes centros é conduzido pelo segmento atacadista, através das
grandes distribuidoras. Porém, empresas do setor varejista de alimentos, buscam
desenvolver modelos de compras diretas junto ao produtor rural, em busca de preços
competitivos (SOUZA et al., 1998).

O principal gargalo da produção e da comercialização e geração de lucros dos


produtos hidropônicos é que grande parte da produção hidropônica do país vem de
empresas familiares, que enfrentam grandes problemas na hora de colocar seu produto
no mercado. A agricultura familiar responde por 38% do valor da produção nacional
(IBGE, 2015), demonstrando assim a importância de estudos que viabilizam esse
segmento. Mas recentemente, a preferência de produtos frescos, e de procedência
conhecida, está em avanço. Os consumidores têm conferido um maior valor ao produto
artesanal e familiar, levando em consideração sua forma, local de produção e
apresentação (CUNHA, 2015). O mercado para os produtos hidropônicos é grande,
justamente por ser mais saudável, já que não se usa agrotóxicos na sua produção, ideal
para agradar consumidores preocupados com a qualidade de vida.

O cultivo hidropônico não é considerado, exatamente, uma novidade no País.


Depois de uma primeira tentativa em que sua adoção não foi sustentável, houve uma
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pausa e, nos últimos dez anos, a técnica vem sendo aplicada de maneira mais intensiva.
Porém, por ser uma tecnologia relativamente nova, ainda não está sendo utilizada tão
rapidamente quanto se gostaria, o que vem se tornando um desafio (Guedes, 2016).
Parte desse desafio é porque faltam técnicos agrônomos treinados na prática para
ajudar o produtor, plástico para as telas e, ainda, tecnologias apropriadas para países
tropicais e regiões quentes como Manaus (AM) e Belém (PA), onde crescem os cultivos
de hidropônicos. Esse desafio em adaptar o cultivo protegido no País deve-se à nossas
motivações: proteger a plantação da chuva, pragas, insetos e luminosidade excessiva,
enquanto países como Israel, Espanha e Holanda querem evitar o frio extremo (Guedes,
2016).

Outro desafio é na diferenciação quanto à sua forma de produzir, uma vez que sua
visão deve estar para além da porta da sua propriedade. A forma de apresentação do
produto e sua divulgação são de extrema importância para a garantia de vendas que deêm
condições do setor administrativo controlo receitas e despesas (Groho, 2020). Assim, ele
deve se apoiar nos três pilares de seu negócio: produção, administração e marketing. Para
isso, o produtor hidropônico deve ter conhecimentos de empreendedorismo, pois este tipo
de cultivo exige que ele seja um empreendedor (Groho, 2020).

A produção em larga escala claramente é possível, visto que, apesar de ter um


investimento inicial mais alto em comparação ao sistema tradicional, a campo, a
hidroponia gera um produto final diferenciado. Visivelmente mais limpo e com
qualidade superior, o produto tem um valor agregado que acaba satisfazendo quem
investe na atividade.

E quem pensa que a hidroponia é cultivada distante dos centros urbanos, se


engana. Sem a necessidade do uso de solo os empresários não precisam mais procurar
áreas com terras férteis para investir em uma produção. Basta uma área que seja
possível a construção de uma estufa para começar a atividade. Ou seja, em uma pequena
área onde com a produção convencional seria possível produzir uma quantidade X de
oleráceas por exemplo, no cultivo hidropônico se produz o dobro ou o triplo na mesma
área.

Várias são as vantagens do cultivo hidropônico, de forma que cada vantagem


está associada a um sistema de cultivo. A seguir são listadas algumas das vantagens do
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cultivo hidropônico (EGIDIO, 2011):

 Produção de melhor qualidade;

 Trabalho mais leve e limpo;

 Menor quantidade de mão-de-obra;

 Não é necessária rotação de cultura;

 Alta produtividade e colheita precoce;

 Menor uso de agrotóxicos;

 Mínimo desperdício de água e nutrientes;

 Maior higienização e controle da produção;

 Melhor apresentação e identificação do produto para o consumo;

 Melhor possibilidade de colocação do produto no mercado;

 Maior tempo de prateleira;

 Pode ser realizado em qualquer local;

Apesar de um número relativamente grande de vantagens no cultivo hidropônico,


vale salientar que existem algumas características do cultivo hidropônico que podem ser
consideradas como desvantagens. A seguir são listados alguns itens que podem ser
considerados como desvantagens do cultivo hidropônico (EGIDIO, 2011):

 Custo inicial relativamente elevado;

 Exige assistência e conhecimento técnico mais efetivo;

 Exige mão de obra especializada;

 Risco de perda por falta de energia elétrica;

 Prejuízo por contaminação da água por patógenos;

 Requer acompanhamento permanente do sistema.

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CONCLUSÕES

Através dessa pesquisa, tivemos a oportunidade de conhecer melhor sobre o


cultivo hidropônico e suas características. Este trabalho traz importantes contribuições
para a prática, relacionadas ao empreendedorismo, novas Tecnologias no Agronegócio e
a mecanização Agrícola. Com a disciplina, chegamos a constatação de que existem
desafios a serem resolvidos no cultivo hidropônico porém a produção consegue dar ao
produtor um bom e rápido retorno financeiro.

Sem dúvidas esse projeto pode ser executado em larga escala, visto que, como
dito anteriormente, o cultivo pode ser feito em qualquer local, uma vez que seu cultivo
independe da terra, podendo ser implantado mais perto do mercado consumidor.

Com a aquisição de novas tecnologias, é possível aplicar esse experimento na


perspectiva do empreendedorismo, com uma nova tecnologia. Um exemplo dessas
novas tecnologias é a automação do manejo da fertirrigação. Essa prática consiste em
sistemas constituídos por sensores e controladores que reconhecem as condições atuais
de cultivo e automaticamente as ajustam aos padrões recomendados pré-programados.
Esses equipamentos podem ainda estar conectados à internet, o que permite o ajuste das
condições de cultivo de forma remota.

Uma das principais vantagens dos sistemas hidropônicos é a redução da mão de


obra. Entretanto, quando analisamos todos os itens que compõem os custos de produção
de uma empresa hidropônica, a mão de obra é o que mais impacta, variando de 20 até
40% do custo total de produção.

Evidentemente, nem toda a mão de obra é utilizada para o manejo da


fertirrigação, mas a automação dessa atividade irá reduzir significativamente o custo de
produção. Além disso, automatizar a fertirrigação também trará uma condição mais
próxima do ideal para o cultivo das plantas, evitando grande variações e erros de
manejo que muitas vezes acabam reduzindo a eficiência produtiva e, consequentemente,
afetando o retorno financeiro do empreendimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BATAGLIA, O. Nutrição mineral de plantas: a contribuição brasileira. O Agronômico


Campinas 55(1). 2003

BEZERRA NETO, E. & BARRETO, L.P. Técnicas de cultivo hidropônico. Recife.


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CARMELLO, Q.A.C. Cultivo hidropônico de plantas. Piracicaba. ESALQ. 1996.

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Horticultural. v.3, p.251-258, 1975.

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