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An. 1 Congr. Intern. Pedagogia Social Mar.

2006 Fonte:
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?
pid=MSC0000000092006000100011&script=sci_arttextAcesso em
19/08/2016 às 20:13

A centralidade da família na política de assistência


social

 Elizabete Terezinha Silva Rosa1  

RESUMO

Esta análise apresentada aqui é fruto da prática profissional com trabalho social
com famílias, bem como, da nossa inserção em pesquisas 2 nessa área vinculadas à
Faculdade de Serviço Social do Centro Universitário UniFMU 3 e da nossa
contribuição à Pesquisa "Recuperação de Fontes Seriais para a Historiografia da
Criança Institucionalizada no Estado de São Paulo", coordenada pelo Prof. Dr.
Roberto da Silva, e a realização do Congresso Internacional de Pedagogia Social
(março/2006), que envolveu três instituições de ensino (USP, UniFMU e
Mackenzie).

Palavra-chave: Serviço Social; família; pesquisa;

Introdução

Este artigo tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre a centralidade da
família na política de assistência social, destacando especificamente a mudança de
paradigma ocorrida na Assistência Social, a partir da Constituição Federal de 1988
e a promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 1993, no que
concerne a transição do assistencialimso para a assistência social como direito. Para
tanto, iremos trazer alguns eixos presentes na legislação social, especialmente
aqueles que apontam e sedimentam a construção da assistência social como um
direito.

Na atualidade há o reconhecimento da centralidade do trabalho com famílias nas


políticas públicas e também nos programas e projetos da iniciativa privada, por
meio das organizações do terceiro setor 4. No campo específico da política de
assistência social, desde a promulgação da LOAS, está em andamento um processo
de implementação da assistência social como direito, rompendo com o legado do
assistencialismo. Neste contexto, é preciso lançar luz sobre o modo como a família
vem desempenhando esse novo papel que lhe está sendo atribuído. Primeiramente
precisamos entender que a instituição familiar, segundo Potyara (2004. p. 29),
[...] sempre fez parte integral dos arranjos de proteção social brasileiros (...) pela
participação (principalmente feminina) dos membros da unidade familiar nas
tarefas de apoio aos dependentes e na reprodução de atividades domésticas não
remuneradas.

No entanto, o dimensionamento de novas atribuições às famílias, hoje depositários


de grandes responsabilidades políticas, impõe a necessidade de estudos que
tenham por objeto análises de gênero e de vulnerabilidade social territorialmente
localizada.

Esta análise apresentada aqui é fruto da prática profissional com trabalho social
com famílias, bem como, da nossa inserção em pesquisas 5 nessa área vinculadas à
Faculdade de Serviço Social do Centro Universitário UniFMU 6 e da nossa
contribuição à Pesquisa "Recuperação de Fontes Seriais para a Historiografia da
Criança Institucionalizada no Estado de São Paulo", coordenada pelo Prof. Dr.
Roberto da Silva, e a realização do Congresso Internacional de Pedagogia Social
(março/2006), que envolveu três instituições de ensino (USP, UniFMU e
Mackenzie).

Assistência Social na Constituição Federal de 1988 - do


assistencialismo à assistência como direito

No Brasil, duas questões marcam a assistência social na contemporaneidade: o


rompimento com o paradigma do assistencialismo e a elevação da assistência social
como direito.

A primeira diz respeito à política de assistência social ao reconhecimento de que se


tem vivido ao longo da história brasileira uma tensão permanente entre
assistencialismo e assistência social como direito.

Historicamente, a forma de enfrentamento da questão social 7, pelo Estado e


também pelas organizações da sociedade civil, no que se refere às "respostas
programáticas"8 na área de assistência social, se deu como ajuda, favor,
benemerência, de forma paternalista e clientelista, o que deixou marcas até hoje da
causou a miopia que vários setores têm sobre o que realmente é a assistência
social no Brasil.

O legado do assistencialismo, dentre vários problemas, traz dificuldades junto a


setores importantes da sociedade, que deixam de realizar articulações com área da
assistência social com receio de ações paternalistas e/ou clientelistas, igualando
assistência social ao assistencialismo, e, não a compreendendo ainda como uma
conquista de direito.

A segunda ordem de questões refere-se, portanto, à assistência social como direito.


É a Constituição Federal de 1988 9 que marca a ruptura legal do assistencialismo na
execução das políticas de assistência social, bem como, com o paradigma da
benemerência, da ajuda moral e do favor. A Assistência Social é prevista, de forma
explícita, na Constituição, nos Art. 203 e 204 da Seção IV, integrando, juntamente
com a Previdência e a Saúde, o Capítulo II, que trata da Seguridade Social:

Art. 203: A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição a seguridade social, e tem por objetivos:
I - A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - O amparo às crianças e adolescentes carentes;
II - A promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção
de sua integração à vida comunitária;
V - A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprove não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a Lei.

Art. 204: As ações governamentais na área de assistência social serão realizadas


com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no artigo 195, além de
outras fontes, e organizadas com bases nas seguintes diretrizes:
I - Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às
esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência
social;
II - Participação da população, por meio de representações organizativas na
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único – É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa
de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesa com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos
ou ações apoiados.

No entanto, a assistência social extrapola a sua Seção específica, fazendo-se


presente também em outros Capítulos "Da Ordem Social", como por exemplo, no
Cap. III - Da Educação, da Cultura e do Desporto; Cap. VII - Da família, da criança,
do adolescente e do idoso; dos Capítulos II e III no Título VII - Da Ordem
Econômica e Financeira, que tratam da Política Urbana, da Política Agrícola e
Fundiária e da Reforma Agrária, respectivamente, evidenciando-se que a
"assistência social mantém interfaces com todas as políticas sociais setoriais e com
políticas de conteúdo econômico" (Pereira,1996, p.51).

A inscrição da assistência social no elenco dos direitos sociais constitutivos da


cidadania, configura como um marco histórico de grande importância. Isso significa
que, do ponto de vista formal, a assistência social se converte em direito
reclamável pelo cidadão, devendo ser encarada não mais como concessão de
favores, mas sim como prestação devida de serviços.

A assistência social como questão de interesse público e objeto de lei, passa a


requerer uma ampla revisão das práticas assistencialistas. Desta forma, o caráter
tópico e pulverizado dos programas deve dar lugar a uma rede de serviços
regulares, contínuos, acompanhados permanentemente por um sistema de
monitoramento e de avaliação. Dessa forma os demandantes dessa assistência
deixem de ser "clientes de uma atenção assistencial espontânea, assistemática para
transformarem-se em sujeitos detentores de prerrogativas de proteção devida pelo
Estado" (Ibid. p.99).

A assistência passa, portanto, passa a ser "o dever legal de garantia de benefícios e
serviços sociais", rompendo com o "dever moral de ajuda".

[...] A assistência social tem um corte horizontal, isto é, atua ao nível de todas as
necessidades de reprodução social dos cidadãos excluídos, enquanto as demais
políticas sociais têm um corte setorial (educação, saúde[...]) Em outras palavras, é
possível dizer que à assistência social compete processar a distribuição das demais
políticas sociais e também avançar no reconhecimento dos direitos sociais dos
excluídos brasileiros." (MPAS, 1995: 20)

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, promulgada em 1993, veio consolidar


a assistência social como direito, ao definir as seguintes diretrizes: descentralização
político-administrativa, municipalização, comando único, controle social e
participação popular, conforme consta no artigo 5º:

Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:


I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência
social em cada esfera de governo.

Com a descentralização, ocorre uma "divisão" de tarefas e responsabilidades, sem,


no entanto, a redução da importância da instância nacional e/ou estadual. A
descentralização busca aproximar as respostas do Estado (via as políticas sociais)
da realidade local, compreendendo as diferenças e especificidades a serem alvo da
política de assistência social.

Cabe ainda, a esfera nacional, a coordenação e normatização da política de


assistência social, por meio das diretrizes apontadas na Política Nacional de
Assistência Social - PNAS e na LOAS, coordenando as diretrizes a serem seguidas
em coerência com a política em nível nacional, mas respeitando a especificidade de
sua execução em nível local.

Cabe aos estados e municípios, a coordenação e execução de programas em


consonância com as linhas gerais da política de assistência em nível nacional,
respeitando suas especificidades locais.

O artigo 11º da LOAS coloca, ainda, que as ações das três esferas de governo na
área da assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação
e as normas gerais à esfera Federal e a coordenação e execução dos programas,
em suas respectivas esferas, aos estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
(Política Nacional de Assistência Social, p. 37)

Outra diretriz importante é a municipalização. "É no município que as situações, de


fato, acontecem. É no município que o cidadão nasce, vive e constrói sua história. É
aí que o cidadão fiscaliza e exercita o controle social". (BRASIL, 1995: 21) Na
proposta de descentralização, é no município que se concentra a responsabilidade
de grande parte das ações na implantação da política da assistência social.

Municipalização se constitui na:

[...] passagem de serviços e encargos que possam ser desenvolvidos mais


satisfatoriamente pelos municípios. É a descentralização das ações político-
administrativas com a adequada distribuição de poderes político e financeiro. É
desburocratizante, participativa, não autoritária, democrática e desconcentradora
do poder. (BRASIL, 1995:21)

Embora, o município seja o lócus da execução da política, a mesma deverá estar


em consonância com as diretrizes gerais da PNAS. Isso não significa dizer, que a
elaboração e a decisão estarão a cargo da esfera nacional e a execução a cargo da
esfera municipal, mas sim, assumir as diferenças e especificidades locais na
implantação de uma política que deve ser pensada e decidida com participação e
controle social, garantindo a participação do Estado (em suas três esferas) e da
sociedade civil.

Todas essas ações devem acontecer de forma integrada, pressupondo a existência


de um comando único, em cada esfera de governo, bem como, a utilização dos
instrumentos que viabilizam a participação e o controle social, quais sejam: os
conselhos, fundos e planos de assistência social.

É necessário que todas as ações, programas e projetos que envolvam a prestação


de assistência social à população, mesmo que estejam sendo realizadas por outras
secretarias, estejam em permanente diálogo com o órgão gestor da assistência
social, que deve ser um núcleo coordenador da política de assistência social no
município/estado, evitando assim, o paralelismo de ações e construindo um
processo integrado de prestação de assistência social, ou seja, estabelecendo-se
assim, realmente, uma política pública de assistência social no município,
integrando as ações entre as diferentes secretarias, os conselhos de políticas
públicas e as organizações da sociedade civil.

Portanto, é necessário o comando único, mas também a participação da sociedade


civil nos processos decisórios da política de assistência social. Para que de fato haja
descentralização e municipalização, e para que a sociedade civil participe, conforme
consta o art. 5º, inciso II da LOAS.

A concretização desses princípios (a participação popular e o controle social)


encontra como instrumentos essenciais, os conselhos e fundos em cada esfera de
governo, bem como, as conferências nacional, estaduais e municipais e respectivos
planos de assistência social.

Assim, pensar a participação e o controle social requer pensar os espaços concretos


de discussão, debate e decisão acerca dos rumos da assistência social em cada
esfera de governo. Não adianta apenas criarmos os espaços de participação e
transformá-los em um braço burocratizado do Estado, é necessário que estes sejam
espaços legítimos de reflexão e decisão integradas entre governo e sociedade civil.

A transição do assistencialismo para a assistência como direito, tem sido um


caminho longo, trilhado passo a passo. Nesse sentido, ao finalizarmos esse item, é
importante registrarmos aqui, as Normas Operacionais Básicas (NOB).

A NOB de 1997 conceituou o sistema descentralizado e participativo estabelecendo


condições para garantir sua eficácia, explicitando a concepção de descentralização
político-administrativo presente na LOAS. Deixou mais clara a questão das
instâncias decisórias e executoras da Política de Assistência Social definindo os
níveis de gestão da Política de Assistência Social.

A NOB de 1998 ampliou a regulação da Política Nacional de Assistência do mesmo


ano, conceituando e definindo estratégias, princípios e diretrizes para
operacionalizar a PNAS. Estabeleceu as questões referentes ao financiamento,
ampliando ainda aspectos referentes à gestão do sistema descentralizado e
participativo da assistência social.

A NOB de 2005 reafirmou a assistência social como direito e aponta um regime


geral para a gestão da assistência social no Brasil, o SUAS – Sistema Único de
Assistência Social:
Materializa o conteúdo da LOAS, cumprindo no tempo histórico dessa política às
exigências para a realização dos objetivos e resultados esperados que devem
consagrar direitos de cidadania e inclusão social. [...]
Define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da política
de assistência social possibilitando a normatização dos padrões nos serviços,
qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos
serviços e da rede socioassistencial e, ainda, os eixos estruturantes e de
subsistemas conforme aqui descritos... (PNAS, 2004, p. 33)

A centralidade da família

A NOB 2005 definiu o SUAS como:

[...] um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que tem


por função a gestão do conteúdo específico da assistência social no campo da
proteção social brasileira [...]

São eixos estruturantes da gestão do SUAS:

Precedência da gestão pública da política;


Alcance de direitos socioassistenciais pelos usuários;
Matricialidade sociofamiliar;
Territorialização;
Descentralização político-administrativa;
Financiamento partilhado entre os entes federados;
Fortalecimento da relação democrática entre estado e sociedade civil;
Valorização da presença do controle social;
Participação popular/cidadão usuário;
Qualificação de recursos humanos;
Informação, monitoramento, avaliação e sistematização de resultados. (p. 13-14)

Podemos notar acima, que a NOB 2005 estabelece para o SUAS eixos
estruturantes, alguns dos quais já abordamos neste texto. Chegamos agora ao
ponto central do que nos propomos analisar, ou seja a centralidade da família.

Essa centralidade presente no SUAS, traz em sua base, a concepção de que todas
as outras necessidades e públicos da assistência social estão, de alguma maneira,
vinculados à família, quer seja no momento de utilização dos programas, projetos e
serviços da Assistência, quer seja, no início do ciclo que gera a necessidade do
indivíduo vir a ser alvo da atenção da política. A família é o núcleo social básico de
acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social. (NOB/05, p.
17)

Ao se tratar da centralidade sociofamiliar na política de assistência social, é


importante compreendermos que família é essa, quais suas configurações e qual
lugar ela ocupa na vida das pessoas.

Historicamente, os núcleos familiares, têm sido marcados por grandes


transformações. Desde os tempos remotos a humanidade sempre buscou se
organizar em grupos, formando famílias, tribos e clãs, com a finalidade de garantir
a sobrevivência, proteger a espécie e dominar a natureza. Com o passar dos
séculos, houve grandes transformações, cada sociedade possui sua história e sua
cultura, e desse modo, existem inúmeras formas de ser família.
Numa perspectiva jurídica, podemos perceber grandes avanços no que diz respeito
à família. As Constituições brasileiras até 1988, reconheciam apenas a família
denominada legítima. Apenas com a Constituição de 1988, a família é reconhecida
como base da sociedade, que deve ter especial proteção do Estado. A família
passou a ser reconhecida como a comunidade formada pelos pais ou por um dos
pais e seus descendentes10.

Tratando-se do Código Civil, este, até 2002 desconheceu completamente a família


natural, reconhecida pela jurisprudência dos tribunais, trazendo normas
discriminatórias de gênero, como por exemplo, referente à chefia masculina da
sociedade conjugal, o predomínio paterno no pátrio poder, a chefia do marido na
administração dos bens do casal, a anulação do casamento pelo homem caso ele
reconheça o fato da mulher ter sido "deflorada", entre outros. Com o Código Civil
de 2003, houve avanços na abordagem da família, onde foram introduzidos
conceitos como o de poder familiar compartilhado, bem como a direção da
sociedade, e da guarda dos filhos ser atribuída ao cônjuge que possuir melhores
condições de exercê-la, entre outros aspectos.

Numa perspectiva social, podemos dizer, que a família é palco dos fatos mais
marcantes de nossas vidas. É a partir da família que nos constituímos como grupo
social, e ocupamos um lugar na sociedade. A seguir, tentaremos trazer os
elementos presentes em diferentes autores e, em especial, na própria legislação,
na busca da concretização de conceitos e concepções tão usados cotidianamente.

Existem diferentes arranjos familiares, porém há um modelo idealizado, que vemos


desde criança nos livros escolares, nos filmes e propagandas da televisão: a
chamada família nuclear, onde a divisão de papéis é bem definida, a mãe cuida da
casa e dos filhos, e o pai é o chefe da família. É a tradicional família heterossexual,
monogâmica e patriarcal. Esse modelo acaba servindo como sistema de controle,
que gera classificações e preconceitos.

A família deve ser compreendida no contexto em que vive, lembrando que cada
família possui seus costumes e valores, e em constante movimento de
transformação. Além disso, podemos dizer que a família reflete as mudanças sociais
e paralelamente atua sobre elas, ocupando um importante papel no movimento da
sociedade.

Segundo Pereira (2004), a diversidade das configurações familiares cria


dificuldades para a formulação coerente e consistente de uma política social voltada
para essa instituição.

A NOB 2005 aponta o seguinte conceito de família, ao defender tal centralidade:

[...] Núcleo afetivo, vinculada por laços consangüíneos, de aliança ou afinidade,


onde os vínculos circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas, organizadas em
torno de relações de geração e de gênero.(p. 17)

Ao reconhecer e defender tal centralidade como princípio, aponta o trabalho junto à


família como possibilidade de atuação integral e não fragmentada, visto que, que
no geral, os usuários dos programas, projetos e serviços da assistência social, têm
necessidades em diferentes áreas da vida social, bem como, nas diferentes faixas
etárias, atingindo, portanto, toda a família e não apenas um de seus membros.

O fortalecimento de possibilidades de convívio, educação, proteção social na própria


família não restringe as responsabilidades públicas de proteção social para com os
indivíduos e a sociedade. (p. 17)
Quanto a este princípio, vale ainda ressaltarmos um grande avanço em sua
afirmação e na forma como está apresentado na NOB. Fica evidenciada e registrada
a necessidade do Estado dar conta de propiciar ao núcleo familiar as condições
básicas para que este assuma seu papel descrito na Constituição Federal e em
outras legislações tais como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o
Estatuto do Idoso, visto que, tais legislações deixam bem clara a responsabilidade
da família diante da infância e juventude e da terceira idade.

A família deve ser apoiada e ter acesso a condições para responder ao seu papel no
sustento, na guarda e na educação de suas crianças e adolescentes, bem como na
proteção de seus idosos e portadores de deficiência. (NOB/05, p. 17)

Vale lembrar que, família pode ser considerada aquela que propicia o bem-estar de
seus componentes, ela desempenha um papel decisivo na educação formal e
informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários e
onde se aprofundam laços de solidariedade, é também em seu interior que se
constroem as marcas entre as gerações e são observados os valores culturais
(Ferrari, 1994, p. 8). Conforme Damatta (1994), a família pode representar uma
instituição fundamental na vida social, uma rede de relações, ou ainda, de acordo
com a definição da Organização das Nações Unidas – ONU (1994), "família é gente
com quem se conta".

Enfim a família pode oferece condições para o desenvolvimento da nossa identidade


e para construir nossa história. E isto se dá no âmbito da vida cotidiana, num
processo de constantes transformações, muitas vezes permeadas por conflitos,
contradições e tensões. Além disso, é fato que o contexto familiar não é uma ilha
de virtudes e de consensos, os dados estatísticos do mundo todo demonstram que
é na família onde ocorre o maior número de violência contra as mulheres, as
crianças, os jovens e os idosos. Portanto, como toda e qualquer instituição social
deve ser encarada como um lugar com muitas contradições e ter clareza disso, é
fundamental para o desenvolvimento de políticas sociais.

Cabe ressaltar, que a família produz no seu interior padrões e valores culturais,
econômicos e sociais, que orientam a vida em sociedade, conduzindo seus
membros a um processo de socialização. Porém, de acordo com cada sociedade e
contexto histórico, a família se apresenta de maneira heterogênea e mutável,
refletindo e transmitindo as transformações sociais e atuando sobre elas.

Atualmente podemos relacioná-las às mudanças no processo de produção, trabalho


e consumo; ao avanço tecnológico e ao reordenamento dos papéis sociais. São
grandes as transformações e diversidades presentes nos grupos familiares. Neste
contexto a família nuclear deixa de ser o modelo vigente na sociedade, pois se faz
presente novas formas de organização familiar, relacionadas à convivência não só
entre seus membros, mas envolvendo relações com a comunidade e com a
sociedade de maneira mais ampla.

É imprescindível saber que acima de qualquer definição ou conceituação, a família


deve ser compreendida numa perspectiva plural. É preciso considerá-la como local
de afeto e aprendizado onde se unem pessoas e se compartilham um cotidiano,
onde se buscam satisfações individuais e coletivas, onde se transmitem valores,
tradições, acolhendo gerações passadas e formando gerações futuras.

No decorrer dos tempos a família constrói sua história, em constante interação com
o contexto econômico, político e social, presentes a sua volta. Nas últimas décadas,
as várias transformações sociais e econômicas contribuíram para a entrada em
massa das mulheres no mercado de trabalho, transformando as convenções de
comportamento social e pessoal, afetando os padrões e as relações familiares,
aumentando a tendência de famílias chefiadas por mulheres e de pessoas vivendo
sozinhas.

Na abordagem dessas mudanças culturais, faz-se necessário também considerar as


diferenças entre classes sociais, gêneros, raças e a diversidade das várias regiões
do país. A realidade de famílias pobres diferencia-se do modelo familiar nuclear.
Nessas famílias é freqüente a ausência da figura paterna. Via de regra essas
famílias moram em habitações inadequadas, em espaços reduzidos, com várias
pessoas convivendo, sem privacidade. Na construção usam restos de materiais, e
em algumas regiões, sobretudo nos grandes centros urbanos, o espaço da rua é
também espaço de moradia.

O desemprego ou o trabalho informal percorre cotidianamente essa realidade. A


rede de apoio pública é precária, assim como a rede de apoio familiar ou de
vizinhança deixa muito a desejar pela impossibilidade de oferecer ajuda, tendo em
vista que a maior parte vivencia a mesma situação de pobreza. Os bairros
periféricos são onde se encontra a maioria do segmento dos excluídos, sem
oferecer infra-estrutura básica, ficando o cotidiano dessa população permeado das
condições precárias e do não acesso aos direitos sociais.

Nesse contexto, gerar filhos, ampliar a prole, muitas vezes é um fardo e não uma
opção. A luta pela sobrevivência e o precário acesso aos direitos sociais, dificulta a
possibilidade de acesso à informação sobre sexualidade, contracepção e
planejamento familiar.

Compreender esta família hoje, considerando suas diversas e díspares


apresentações11, significa realimentar o desejo e a esperança de uma nova e
possível convivência social, especialmente nas grandes cidades, principais cenários
do declínio ético das civilizações e tragédias coletivas.

A significativa maioria destas famílias é chefiada por mulheres, e a quase totalidade


destas famílias sofre dificuldades para enfrentar e resistir à profunda desigualdade
social modelada por um padrão econômico que suscita cada vez mais valores e
ações individualistas, levando-as à exclusão não apenas no acesso aos diversos
equipamentos existentes na cidade, mas sobretudo, na possibilidade de escolhas,
de autonomia sobre si mesma.

Este fator ressalta o que diversas pesquisas têm comprovado, ou seja, há um


número cada vez maior de mulheres que assumem múltipla jornada de trabalho, ou
seja, além de terem de trabalhar fora de casa, ao retornarem têm de assumir a sua
própria casa e as responsabilidades de atenção para com a sua prole, tais como
segurança, higiene, alimentação, saúde e educação.

A somatória de papéis e funções acarretam para a mulher uma sobrecarga no


desenrolar da vida cotidiana, exigindo desta, uma contínua ausência do lar,
podendo provocar sentimentos de culpa por não poder acompanhar de perto o
crescimento e o desenvolvimento dos filhos. Por vezes esta dinâmica ocasiona uma
insatisfação, quando esta não consegue administrar bem todos os papéis sociais
assumidos, de acordo com os seus padrões de exigência pessoal.

A situação vivenciada por estas mulheres não se difere muito da situação vivida por
boa parte das mulheres brasileiras, que além de enfrentarem múltipla jornada de
trabalho, mesmo exercendo as mesmas funções que o homem são remuneradas
com um valor inferior.
No entanto, é importante ressaltar um dos aspectos abordados por Carvalho(1998),
que identifica uma tendência atual nas famílias e domicílios chefiados por mulheres
que extrapola fronteiras geográficas e classes sociais, e que seguramente também
é condicionada por situações regionais, possuindo manifestações específicas que,
mesmo dentro de um mesmo país, determinam e diferenciam entre grupos de
famílias e domicílios quanto ao seu grau de vulnerabilidade e a sua incidência.

Com tantas responsabilidades e preocupações (além de outros fatores históricos e


culturais próprias de cada sujeito na sua singularidade) estas mulheres acabam se
desgastando demasiadamente, e, por mais que estejam atentas e amem os seus
filhos, passam por uma enorme dificuldade de se relacionar com os conflitos que a
rodeiam, com a afetividade em relação aos próprios filhos e consigo própria,
enquanto mulher, sujeito que também precisa de cuidados e atenção, de ser ouvida
e acolhida a fim de expressar seus sonhos, seus desejos, potencialidades e
necessidades que precisam ser supridas.

O trabalho social com famílias

O trabalho com famílias, sobretudo aquelas em situação de vulnerabilidade social 12


exige uma equipe formada por pessoas com diferentes conhecimentos, formações e
olhares, ou seja, há necessidade de um trabalho interdisciplinar. No entanto, o que
tentaremos mostrar a seguir, é resultado da nossa prática e reflexões como
assistente social do trabalho realizado com famílias.

O Serviço Social vem registrando, nas últimas décadas, um desenvolvimento


significativo de conhecimentos e sistematização de seu corpo teórico-metodológico,
ampliando suas atividades de ensino e pesquisa, como também em planejamento e
execução de políticas sociais em instituições públicas e privadas.

Com a crescente preocupação das políticas públicas em desenvolver ações com


centralidade na família, o profissional de Serviço Social, tradicionalmente engajado
nessas questões, vê-se instado a contribuir, de forma mais decisiva no trabalho
junto à família, associando à compreensão das questões sociais e a análise da
política social, como resultado da relação entre Estado e Sociedade.

Esta tendência de centralidade na família presente nas leis e nas políticas sociais
confere-lhe uma perspectiva que prioriza a relação entre política e a dinâmica
socioeconômica internacional e nacional, por meio da apreensão de seu caráter
contraditório, dos mecanismos de regulação estatal e das diversas formas de
participação e expressão dos movimentos sociais e, principalmente, da inserção nas
organizações governamentais e não governamentais.

Destaca-se o fato do assistente social ser parte de uma estrutura técnico-


administrativa que privilegia ações de planejamento e assessoria, e que por
exigência do mercado de trabalho ultrapassa a execução das ações emergenciais de
repasses de benefícios e orientações básicas aos usuários, tradicionalmente
conferidas aos profissionais de Serviço Social. Ao assistente social ainda se colocam
outros desafios como, por exemplo, aquelas relacionadas à consolidação e aplicação
da Lei Orgânica da Assistência Social; da Lei do SUS Sistema Único de Saúde e do
Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros.

O trabalho com famílias, nas suas mais diversas configurações, compõe o cotidiano
de trabalho do assistente social na quase totalidade de suas áreas de intervenção.
Portanto, se faz necessário ampliar as produções teóricas direcionadas ao trabalho
social com famílias, visando desenvolver maior competência técnica, ética e política
na direção do projeto ético-político da profissão.

Entendemos que primeiramente, o que deve nortear o trabalho social com famílias
é o reconhecimento que as pessoas são ou podem vir a ser autores e atores de sua
própria história, a partir do resgate de seus saberes e quereres, da (re)construção
de valores, identificação de habilidades e potencialidades, tendo em vista uma
perspectiva emancipatória. Nosso trabalho parte de uma abordagem cidadã,
orientando sobre os direitos sociais, possibilitando o acesso às políticas existentes e
informando os meios para a garantia e consolidação dos direitos, fortalecendo,
portanto, o desenvolvimento de protagonismo social.

Para que se concretize a perspectiva emancipatória, a abordagem cidadã com vista


ao desenvolvimento do protagonismo é necessário:

Entender as famílias a serem atendidas como produto e produtor de seu meio, da


sua própria história, mas sem supervalorizar a realidade como limitadora dos
avanços da população em seus territórios, nas relações familiares, na mudança de
valores, na reflexão sobre suas vidas (...) não se superestimar o desejo de
mudança, a vontade política, o processo reflexivo em detrimento da realidade.
Nessa perspectiva, acredita-se na possibilidade de alterações à realidade de vida
dessa população a partir do trabalho (...) entendendo as famílias como sujeitos
ativos na construção de seus caminhos e de sua história. Ao mesmo tempo,
reconhece-se as marcas dessas famílias, resultantes da história e realidade vividas,
bem como, em muitos momentos, a necessidade de transformações objetivas e
concretas que permitam outras mudanças substanciais na vida dessa população.
(Cardoso, 2005, p. 20)

Para tornar possíveis esses pressupostos é fundamental favorecer a reflexão crítica


dessas famílias. Para tanto entendemos que a abordagem grupal favorece muito
esse processo, pois os encontros periódicos a partir de discussão de diferentes
temas, favorecem o processo de problematizarão de questões que muitas vezes
estão cristalizados, fazendo com que as famílias façam o movimento de saírem da
condição de vítimas, trazendo apenas queixas, para de moverem para um processo
de mudança, desenvolvendo o protagonismo.

É importante salientar que a abordagem grupal não exclui a abordagem individual,


por exemplo. Por vezes é necessária a elaboração de laudo social para concessão
de benefícios, e para isso se inclui a realização de entrevistas, de visitas
domiciliares, de encaminhamentos entre outras maneiras de realizar o trabalho
social.

O trabalho em grupo deve mobilizar um processo de mudança, fortalecer os


vínculos dos membros do grupo, levando-os a uma nova interação com a realidade
vivida, rompendo estereótipos, redistribuindo papéis e vencendo a resistência a
mudanças. Segundo Pichon-Rivière (1986), em grupos os sujeitos têm a
oportunidade favorecida de elaborarem outro papel social e que deixem esse papel
de vítima (impotente) e despertam suas potencialidades e suas possibilidades de
realização.

Segundo o mesmo autor, para que isso seja possível, requer atividades que
permitam a pessoa se sentir acolhida de modo que possam colocar suas opiniões,
suas idéias, enfim sua visão de mundo. E muitas vezes isso só é possível pela via
afetiva, ou seja, no desenvolvimento de vínculos tanto com os membros do grupo e
também com o profissional que exerce o papel de facilitador do processo grupal. O
profissional, facilitador do processo deve sempre monitorar adequadamente o
grupo, mantendo a comunicação fluida entre todos. Dessa forma entendemos que
os sujeitos passam a se sentir responsáveis por seus papéis na construção de sua
história. Para isso o grupo deve possibilitar o acolhimento, escuta e
territorialização:

"O território vem sendo um elemento importante abordado em diversas


experiências, não apenas sob o ponto de vista do Estado, mas também da
sociedade. Esta perspectiva fomenta também o debate sobre a inclusão social, a
cidadania, a democratização das informações e a participação dos cidadãos na vida
da cidade. Pois o território, para além da dimensão física, implica as relações
construídas pelos homens que nele vivem". Dirce Koga (2002:24)

"O princípio da territorialização significa o reconhecimento da presença de múltiplos


fatores sociais e econômicos que levam o indivíduo e a família a uma situação de
vulnerabilidade, risco pessoal e social." (NOB/05, p. 17)

No processo de formação do grupo seus membros deixam de ser anônimos, e todos


passam saber quem são as pessoas que ali estão, seus nomes, suas idéias,
havendo, portanto, o reconhecimento mútuo dos participantes. Para isso as
reuniões, os encontros, seminários, capacitações, etc. devem ser prazerosos e
produtivos, de tal forma que as pessoas compareçam pelo seu significado.

Assim, o processo grupal é fundamental, no entanto, faz-se necessário extrapolar o


trabalho de grupo para avançar na direção das ações coletivas, para que os eixos
apontados para o trabalho com as famílias possam realmente se concretizar.

As ações coletivas são entendidas como ações organizadas a partir de uma visão
estratégica e focada no desenvolvimento do ser humano e do desenvolvimento
local, motivados pelo ideal da construção de processos participativos a partir de
deliberações em conjunto que promovam novas alternativas de desenvolvimento do
território numa perspectiva do exercício de cidadania, tendo em vista a
consolidação dos direitos. Dizendo de outra forma, é quando o grupo passa a se
sentir responsável pela construção de sua história e da história coletiva, começando
pelo território onde vive.

É nesse estágio que o território passar a ter nova dimensão para as famílias
envolvidas no trabalho, pelos significados e re-significações que os sujeitos vão
construindo em torno de suas experiências de vida em dado território, a
identificação das potencialidades do lugar com vistas ao desenvolvimento local.

Segundo Franco (2001) "uma comunidade se desenvolve quando torna dinâmicas


suas potencialidades". Para que isso aconteça é preciso haver participação efetiva
dos sujeitos que resulte em processo decisório de políticas para o território. Para
isso é necessário ter pessoas que reúnem condições para tomar iniciativas, assumir
responsabilidades, apostando assim em um caminho de mudanças.

O desenvolvimento local é um modo de promover o desenvolvimento que leva em


conta o papel de todos esses fatores para tornar dinâmicas potencialidades que
podem ser identificadas quando olhamos para uma unidade socioterritorial
delimitada. (FRANCO, Augusto, 2001, p. 31)

Sabemos que esse caminho é longo, pois para tornar dinâmica uma potencialidade
é preciso um conjunto de fatores de desenvolvimento, tais como o acesso à renda,
ao conhecimento e ao poder. Tais questões extrapolam o esforço individual e
coletivo de um dado território, mas se o caminho é longo e vários já estão trilhando
esse caminho, não há outro jeito a não ser nos prepararmos para fazer nossa
caminhada.

Considerações finais

O texto em questão se propôs corroborar com a idéia de que precisamos ampliar


nossa competência técnica, ética-política para que possamos estabelecer mediações
eficazes nas relações entre poder local e políticas públicas no contexto atual da
descentralização do Estado brasileiro. Torna-se, assim, fundamental,
compreendermos os dilemas que cercam o desenvolvimento da ação
governamental no nível local, buscando identificar a constelação de instituições,
agentes e redes que executam as políticas sociais.

A política de assistência social tem sido alvo de discussões públicas devido a


implantação do SUAS. Aprofundar questões que envolvem a implantação desse
sistema, permitirá o entendimento da interconexão entre elementos intrínsecos ao
próprio ordenamento do sistema local de assistência social e da maneira como se
estabelece o trabalho social com as famílias no município.

Nesta direção, o desafio é grande, pois se faz necessário a descentralização do


próprio poder político local, através da disseminação de novos espaços de decisão,
a adoção de uma conduta política em que o atendimento às demandas se processe
a partir de critérios enunciados em detrimento ao uso clientelístico da política local.

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1 Professora dos cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social do


UniFMU. Graduada em Serviço Social e Direito. Mestre em Serviço Social pela PUC-
SP.
2 Pesquisa: "O Perfil da família em situação de vulnerabilidade da região
centro-oetes da cidade de São Paulo – A sistematização do PROASF". Trata-
se do Programa de Assistência Social à Famílias - PROASF, desenvolvido pela
Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo em parceria com a
Fundação Orsa e o UniFMU, no ano de 2004.
Pesquisa: "O Perfil das mulheres, crianças e adolescentes em situação de
prostituição atendidas pela Pastoral da Mulher Marginalizada". Trata-se de
parceria estabelecida entre o UniFMU e a Pastoral da Mulher Marginalizada.
3 A Faculdade de Serviço Social foi um dos cursos que inaugurou em 1968 a então
Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, que tornou-se Centro Universitário em
1999 e encontra-se em processo para transformar-se em Universidade.
4 O chamado ‘terceiro setor’ é composto por organizações da sociedade civil sem
fins lucrativos.
5 Pesquisa: "O Perfil da família em situação de vulnerabilidade da região
centro-oetes da cidade de São Paulo – A sistematização do PROASF". Trata-
se do Programa de Assistência Social à Famílias - PROASF, desenvolvido pela
Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo em parceria com a
Fundação Orsa e o UniFMU, no ano de 2004.
Pesquisa: "O Perfil das mulheres, crianças e adolescentes em situação de
prostituição atendidas pela Pastoral da Mulher Marginalizada". Trata-se de
parceria estabelecida entre o UniFMU e a Pastoral da Mulher Marginalizada.
6 A Faculdade de Serviço Social foi um dos cursos que inaugurou em 1968 a então
Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, que tornou-se Centro Universitário em
1999 e encontra-se em processo para transformar-se em Universidade.
7 "[...]conjunto de problemas políticos, econômicos, culturais e sociais, que o
surgimento da classe operária provocou na constituição da sociedade capitalista.
Assim, a ‘questão social’ está fundamentalmente vinculada ao conflito entre capital
e trabalho" (SERRA 2000: 170)
8 Aqui colocado como "respostas", pois o que foi realizado na área de assistência
social historicamente no Brasil, não se pode caracterizar como política. Política aqui
entendida por "[...] um conjunto de ações deliberadas, coerentes e confiáveis,
assumidas pelos poderes públicos como dever de cidadania [...]"(PEREIRA, 2004. p.
27)
9 A Constituição de 1988 traz outros direitos sociais que se consolidaram nas leis
complementares, como por exemplo: Serviço Único de Saúde- Sus Lei 8.080/90,
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA Lei nº 8.069/ 90 e a Lei Orgânica da
Assistência- LOAS lei nº 8.742/93. Essas Leis prevêem a criação:
• Fundos Municipais, Estaduais e Federais de cada um dos setores da área social
como a assistência, saúde. Esses fundos têm como objetivo assegurar recursos
financeiros para a continuidade do programa eleito como prioritário para a região.
• Conselhos de Direito Municipais como da Saúde, Assistência Social, da Criança e
do Adolescente entre outros que compõem a base legal para formulação de
políticas sociais nas respectivas áreas com a participação da sociedade civil.
10 Além disso, a Constituição de 1988 garantiu a igualdade entre gêneros em
diversos artigos:
Art. 183 – Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural".
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
Art. 189 – Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de
dez anos.
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e
condições previstos em lei.
Art.. 201, V – pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 5º e no art. 202.
Art.. 226, § 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
Art. 7º, XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias.
11 De acordo com Kaslow (2001) existem nove tipos de composições familiares:
família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos; famílias extensas,
incluindo três ou quatro gerações; famílias adotivas temporárias; famílias adotivas,
que podem ser bi-raciais ou multiculturais; casais; famílias monoparentais,
chefiados por pai ou mãe; casais homossexuais com ou sem criança; famílias
reconstituídas depois do divórcio; várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais,
mas com forte compromisso mútuo" (Kaslow, 2001:37).
12 Vulnerabilidade social: "Caracteriza-se pelas condições de desigualdade sócio-
econômica e de privação/dificuldade de acesso aos bens e serviços públicos de
determinados segmentos da população, o que em outras palavras significa dizer
que as pessoas aí inscritas, passam fome, não têm a possibilidade de acesso à
assistência, médica, educacional, habitacional, apenas para citar algumas das
impossibilidades, que caracterizam, em síntese, a ausência e/ou privação de
direitos". (Grupo de Pesquisa Direito e Cidadania, do UniFMU, 2004, p.19)

 
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