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LIÇÕES DO LIVRO: O QUE TODO O CORPO FALA:

“Outras vezes, dizemos uma coisa, mas sem acreditar naquilo. Isso nos leva a uma regra geral
quando se trata de observar expressões faciais para interpretar emoções e/ou palavras. Quando
confrontados com vários sinais do rosto ao mesmo tempo (como expressões de felicidade junto com
sinais de ansiedade ou comportamentos de prazer vistos ao lado de demonstrações de
descontentamento), ou se as mensagens faciais verbais e não verbais não estão em consonância
uma com a outra, opte sempre pela emoção negativa como a mais honesta das duas. O sentimento
negativo quase sempre será o mais exato e genuíno entre as emoções de uma pessoa. Por exemplo,
se alguém disser “Que bom vê-lo!” com a mandíbula retesada, a armação é falsa. A tensão no rosto
revela a verdadeira emoção que a pessoa está sentindo. Por que optar pela emoção negativa?
Porque nossa reação mais imediata a uma situação censurável costuma ser a que indica sentimentos
com mais precisão; somente depois de um momento, quando percebemos que estamos sendo
observados, é que mascaramos essa resposta inicial com algum comportamento facial mais
socialmente aceitável. Portanto, quando confrontado com ambas, opte pela primeira emoção
observada, especialmente se for uma emoção negativa. Se estiver confuso quanto ao signicado de
uma expressão facial, você pode reproduzi-la e tentar perceber como ela faz você se sentir. Você
descobrirá que esse pequeno truque pode ser muito útil. O rosto revela uma grande quantidade de
informações, mas também pode induzir ao erro. Você precisa procurar grupos de comportamentos,
avaliar constantemente o contexto em que a expressão facial ocorre e observar se ela está ou não
em consonância com os sinais das outras partes do corpo. Somente seguindo todos esses passos é
que você vai conseguir validar com segurança sua avaliação das emoções e intenções de uma
pessoa.”

Estabelecendo uma zona de conforto para detectar dissimulação

Para tentar detectar mentiras, você deve reconhecer e perceber o seu impacto sobre o
comportamento de um potencial mentiroso (Ekman, 1991, 170-173). Sua maneira de fazer as
perguntas (de modo acusador), sua forma de se sentar (muito perto) e seu modo de olhar para a
pessoa (de modo suspeito) vão reforçar ou abalar o nível de conforto dela. É fato que se você violar
o espaço das pessoas, se agir de forma suspeita, se olhar para elas da maneira errada ou zer
perguntas em tom acusatório, isso irá interferir negativamente no interrogatório. Acima de tudo,
desmascarar mentirosos não tem a ver com identicar desonestidade, mas sim com como você
observa e questiona os outros para detectar mentiras. Se você disser “Isso é mentira” ou “Acho que
não está dizendo a verdade”, ou apenas olhar para ela com desconança, você inuenciará o
comportamento da pessoa (Vrij, 2003, 67). A melhor maneira de proceder é pedir mais detalhes
sobre o assunto, com um mero “Não entendi” ou “Pode repetir como isso aconteceu?”.
Frequentemente, o simples fato de pedir para alguém explicar uma armação será suciente para
distinguir mentira e verdade. Tente permanecer calmo ao fazer perguntas, não aja de forma suspeita
e adote uma postura confortável e neutra. Desse modo, a pessoa com quem você está falando terá
menos chances de car na defensiva e/ou relutante em revelar informações. Quando nos sentimos à
vontade, nossos comportamentos não verbais entram em sincronia. O ritmo da respiração de duas
pessoas à vontade será semelhante, assim como o tom da fala e a postura geral. Basta lembrar como
um casal acaba se inclinando um em direção ao outro quando estão totalmente entrosados. Se um
se inclina para a frente, o outro faz a mesma coisa, num fenômeno conhecido como isopraxismo. Se,
ao conversarmos de pé com uma pessoa, ela se inclinar para o lado com as mãos nos bolsos e os pés
cruzados, provavelmente faremos o mesmo. Pergunte, pare e observe. Bons interrogadores, assim
como bons conversadores, não fazem perguntas como uma metralhadora, disparando uma depois
de outra como um staccato. Você se sentirá pressionado a detectar as mentiras de forma precisa se
não tiver uma boa relação com seu interlocutor. Faça uma pergunta, espere e então observe todas
as reações. Dê ao entrevistado tempo para pensar e responder e faça pausas signicativas para
alcançar esse objetivo. Além disso, as perguntas devem ser elaboradas de forma a obter respostas
especícas, para determinar melhor o que é fato ação. Por m, tome cuidado para não rotular alguém
como mentiroso a partir de informações limitadas ou com base em uma única observação. Muitos
bons relacionamentos foram arruinados dessa maneira. Lembre-se: quando se trata de detectar
mentiras, mesmo os melhores especialistas, inclusive eu, estão a apenas um piscar de olhos do acaso
e têm uma probabilidade de apenas 50% de acertar. Em resumo, isso não é bom o suciente!

Qual a contribuição do cérebro límbico para a comunicação?

Cada um à sua maneira me ensinou algo diferente sobre o signicado e o poder das comunicações
não verbais. Com minha mãe, aprendi que esse tipo de comunicação é inestimável para lidar com os
outros. Um comportamento sutil, segundo ela, pode evitar uma situação embaraçosa ou deixar
alguém completamente à vontade – uma habilidade que ela desenvolveu facilmente ao longo da
vida. Com meu pai, aprendi o poder da expressão facial. Um olhar pode transmitir uma quantidade
enorme de informações com uma clareza espetacular. Ele é um homem que impõe respeito apenas
por ser o que é. E com minha avó, a quem dedico este livro, aprendi que pequenos comportamentos
têm grande importância: um sorriso, uma ligeira inclinação de cabeça, um toque suave na hora certa
podem transmitir muito, e até curar. Eles me ensinaram essas coisas todos os dias e, ao fazê-lo, me
prepararam para observar o mundo ao meu redor de forma mais apropriada.

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