Você está na página 1de 129

Manual de Estudos Bíblicos

RUDIMENTOS DA DOUTRINA CRISTÃ

1ª Edição
Reformulada

Jales/SP
2011

DERME (Departamento Regional de Missões e Evangelismo)


Convenção Noroeste Paulista
Rua Jales, 2796 - Jd. América - Jales/SP - 15.700-000
www.soudapromessa.com.br
Sumário

05 APRESENTAÇÃO
07 01. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
13 02. CONHECENDO DEUS
17 03. QUEM É JESUS?
21 04. POR QUE JESUS MORREU?
23 05. A REALIDADE DO HOMEM
27 06. VENCENDO O PECADO
31 07. PERDÃO: UMA ATITUDE INDISPENSÁVEL
35 08. NASCENDO PARA UMA NOVA VIDA
39 09. BATISMO NAS ÁGUAS
41 10. A FÉ CRISTÃ
45 11. JESUS: O MODELO DE VIDA
49 12. ORAÇÃO
53 13. O ESPÍRITO SANTO
57 14. BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
63 15. DONS ESPIRITUAIS
67 16. O DEUS TRIUNO
71 17. A IMPORTÂNCIA DA IGREJA
75 18. A CEIA DO SENHOR
79 19. DÍZIMOS E OFERTAS
83 20. FAMÍLIA: INSTITUIÇÃO DIVINA
87 21. A LEI E A GRAÇA
91 22. A DIVERSIDADE DAS LEIS
95 23. OS DEZ MANDAMENTOS
99 24. SÁBADO: DIA DE DESCANSO E CELEBRAÇÃO
103 25. O DIA DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS
105 26. IDOLATRIA: A FALSA ADORAÇÃO
109 27. DEUS E A CRIAÇÃO DO UNIVERSO
111 28. A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
117 29. HOMEM: SER INTEGRAL
121 30. ACONTECIMENTOS FINAIS
125 31. CHAMADOS PARA DISCIPULAR
127 32. O NASCIMENTO DE JESUS
129 NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Apresentação

Com alegria podemos publicar esta nova Edição do Manual de Estudos Bíblicos
“Rudimentos da Doutrina”. Nasceu livre e com a oportunidade de crescer ainda mais.

Muitas foram as horas de debate para que pudéssemos ter um material fácil de
utilizar e atualizado para a edificação de vidas com o objetivo de glorificar a Deus. As
palavras de 2 Co 10.4 e 5 exprimem o sentimento que norteou a elaboração deste mate-
rial: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para
destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhe-
cimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.

A Bíblia é a revelação máxima de Deus, que sendo infinito em tudo, por um amor
maior que o universo nos presenteou Jesus. Isso aconteceu para que fossemos salvos
da força do pecado por Sua graça, vivêssemos em comunhão com Ele e em Seus princí-
pios, na dimensão do Espírito Santo, e estivéssemos preparados para viver a eternida-
de ao Seu lado.

Nossa oração é que através deste Manual, muitas pessoas encontrem o caminho
espiritual certo para seguir, cresçam na graça e conhecimento das verdades divinas e
tenham a oportunidade de viver livremente e para sempre de acordo com a mente e o
coração do Senhor.

Podemos confiar na Bíblia? Por quê? Você já ouviu falar sobre Triunidade Divina?
Por que Jesus é incomparável? O que você precisa fazer para ser salvo? O que é Batismo
no Espírito Santo? Existe vida após a morte? O fim do mundo está perto?

Venha conosco e descubra estas e outras importantes respostas para a sua vida.

"Antes, crescei na graça e no conhecimento


de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno."
(2 Pe 3.18)

Em Cristo, no qual estão todos os tesouros misteriosos da graça,

Convenção Noroeste Paulista


Junho de 2011
A BÍBLIA É A
01 PALAVRA DE DEUS
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil Objetivo
para o ensino, para a repreensão, para a Compreender que a Bíblia é a
correção, para a educação na justiça, a fim Palavra de Deus, sendo ela, a
de que o homem de Deus seja perfeito e única fonte de fé e prática para
perfeitamente habilitado para toda boa uma vida equilibrada e feliz, que
obra.” (2 Tm 3.16) conduz à vida eterna.

A humanidade continua em busca de respostas para seus questionamentos. Nunca se


vendeu tantos livros de auto-ajuda, que almejam ser guias práticos para a vida, como
em nossos dias. É neste contexto que apresentamos a Bíblia como a resposta de Deus
para todas as necessidades do homem.
A Bíblia tem sido reconhecida como o maior livro de todos os tempos, devido à sua
origem divina, circulação global, ao número de línguas para as quais foi traduzida, à
sua extraordinária grandeza como obra literária, e também, por sua extrema
importância para toda a humanidade.

? Reflexão: Você já estudou a Bíblia?

I- CONHECENDO A BÍBLIA.

1. O nome. A palavra Bíblia é de origem grega, Biblos, e significa livros. “Acredita-se que
a palavra grega Bíblia foi aplicada a princípio aos livros sagrados, por João Crisóstomo,
patriarca de Constantinopla entre 398 e 404 d.C. Etimologicamente considerada, a
palavra bíblia quer dizer os livros, e quando não for precedida por adjetivo, quer dizer
que esses livros são tidos como um conjunto de escritos superiores a todos os outros
produtos literários – são os livros por excelência”1. O termo bíblia não se encontra
escrito na palavra de Deus. Quando menciona a si mesma se refere como: Livro do
Senhor (Is 34.16); Palavra de Deus (Hb 6.5); Escrituras (Jo 5.39); Palavra de Cristo (Cl
3.16); Palavra é a verdade (Jo 17.17); e outros.

2. A organização
a) Antigo e Novo Testamento. A Bíblia contém 66 livros, sendo que 39 fazem parte
do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. A palavra Testamento significa
originalmente pacto, aliança. Portanto, é correto afirmar que temos uma única obra
literária dividida em duas alianças. O próprio Jesus Cristo chamou a coleção dos
escritos sagrados de as Escrituras (Mt 21.42; Mc 14.49; Jo 5.39). O apóstolo Paulo, por
sua vez, chamou-as de Sagradas Escrituras, Escrituras e Sagradas Letras (Rm 1.2; 15.4;
2 Tm 3.15).
A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
08

b) Capítulos e versículos. A subdivisão da Bíblia em capítulos e versículos não foi


feita pelos escritores originais, mas foi uma organização didática útil, realizada
séculos depois. Os massoretas dividiram as Escrituras Hebraicas em versículos;
posteriormente, no século XIII da Era Cristã, acrescentaram-se as divisões em
capítulos. Por fim, em 1553, a edição de Robert Estienne da Bíblia em francês foi
publicada como a primeira Bíblia completa com as atuais divisões de capítulos e
versículos.

3. Autoria. A Bíblia foi escrita por cerca de 40 autores. Todos eles foram inspirados pelo
Espírito Santo, e expressaram unicamente a vontade de Deus. Foram homens que
viveram em épocas diferentes, tanto do ponto de vista cultural quanto no que se refere
à posição social. Por exemplo: Lucas era médico, Amós era boiadeiro, Salomão era rei,
Pedro pescador, etc. Muitos deles não se conheceram e viveram em épocas
completamente distintas uns dos outros. Eles escreveram sobre assuntos diversos e
mesmo assim seus escritos não se contradizem. Não houve oposição, contradição de
um escrito para o outro, porque foram todos inspirados pelo mesmo Espírito. A Bíblia,
tanto no Antigo como no Novo Testamento, é como que uma engrenagem que
trabalha encaixando-se harmoniosamente.

4. Línguas Originais. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com porções em


aramaico, no livro de Daniel. O Novo Testamento foi escrito em grego.

5. Tempo de composição. Esses livros foram escritos num período aproximado de


1.600 anos. O primeiro livro escrito, provavelmente, foi Jó, aproximadamente no ano
1500 a.C. O último foi o Apocalipse, no ano 97 d.C. Entre o livro de Malaquias e Mateus
há um período chamado Interbíblico (aproximadamente 400 anos onde ocorreu um
silêncio da parte de Deus no ministério profético).

6. Atualidade. A Bíblia é um livro antigo, mas ao mesmo tempo atual e relevante para
os dias de hoje. Isso ocorre pelo fato de Deus ser o autor e saber todas as coisas: o
passado, o presente e o futuro. Portanto, ela é para todos os tempos.

7. Importância. A Bíblia é o livro dos livros. Seu conteúdo é incomum. Nada a substitui.
O conhecimento, os benefícios, os efeitos que o estudo bíblico nos proporciona, todos
esses fatores não são encontrados em nenhum outro livro.

8. Relatos históricos. A Bíblia é um livro confiável em seus relatos históricos. Tanto a


arqueologia como a História comprovam isso. Narra a história desde antes e após a
criação do mundo e o seu desenvolvimento através dos séculos. A Bíblia narra também
sobre o fim dos tempos que culminará com a vinda de Jesus, o resgate dos fiéis, a
destruição dos ímpios, selando assim o destino eterno da humanidade na nova terra.

9. Ensinos. A Bíblia nos dá a sabedoria que nenhum outro livro pode oferecer. Nela
A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS 09

está revelada a vontade de Deus. É útil para ensinar, para consolar, para animar, para
exortar. A Bíblia responde seguramente todas as perguntas. Funciona como espelho,
mostrando a situação de cada ser humano diante do Seu Criador. Ela orienta em todos
os aspectos que um ser humano precisa no que se refere a sua vida física, emocional e
espiritual.

10. Os livros apócrifos. Segundo o Dicionário Enciclopédico ilustrado Veja Larousse,


apócrifo significa: “Não autêntico. Diz-se de texto religioso destituído de autoridade
2
canônica” . A data de seus escritos é também matéria duvidosa, embora seja
geralmente colocada entre os anos 300 a.C. a 70 d.C.3. O Período Interbíblico
caracteriza-se pela cessação da Revelação Bíblica, pois durante esse período não
houve manifestação profética. Foi nesse período que os livros apócrifos foram escritos.
Portanto não são inspirados, sendo que alguns possuem valor histórico. Os próprios
autores de tais escritos não reclamam inspiração para eles, confessando a falta do dom
profético (2 Macabeus 15.38). Em algumas editoras a Bíblia pode conter 73 livros, ou
seja, 7 livros acrescentados: 1º e 2º Macabeus, Judite, Baruc, Tobias, Eclesiástico,
Sabedoria e um acréscimo de dois capítulos (13 e 14) no livro de Daniel.

? Reflexão: Qual a importância da Bíblia em sua vida?

II- A ESSÊNCIA DA BÍBLIA


O escritor da carta aos Hebreus descreve algo muito interessante sobre natureza da
Palavra de Deus, afirmando dessa forma: “Havendo Deus antigamente falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, falou-nos nestes últimos dias pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo” (Hb
1.1,2).
As duas ênfases principais nestes versículos são: 1) Deus falou no passado; 2) Deus
falou nestes últimos tempos. O que Deus disse parcialmente através dos profetas, Ele
assegurou plenamente em Jesus. Vejamos então a natureza dessa Palavra que nos foi
transmitida:

1. Palavra Eterna (Is 40.7,8). Deus compara a tão breve duração da vida do homem
como a de uma simples erva. Passamos num pedaço minúsculo da história e logo
perecemos, mas a Palavra de Deus é de geração em geração, ou seja, subsiste para
sempre.

2. Fonte de vida eterna (Jo 5.39). Os judeus tinham o hábito de examinar as Escrituras
porque reconheciam que elas continham o segredo da vida eterna. Assim podemos
mencionar que é através do estudo, do examinar as Escrituras que encontramos a
fonte da vida eterna.

3. Fonte de verdade (Jo 17.17). A verdade aqui proferida é a própria Palavra de Deus
A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
10

que liberta o homem das amarras do mundo, da carne e de satanás.

4. Origem divina (2 Pe 1.19-21). Os homens da parte de Deus falaram movidos pelo


Espírito Santo. A palavra que é traduzida como movidos significa literalmente
conduzidos. Assim, podemos afirmar que a Bíblia não foi escrita por vontade humana e
sim inspirada pelo Espírito Santo.

5. É viva e eficaz (Hb 4.12-13; Is 55.11). A Palavra de Deus é viva e eficaz, pois ela é
capaz de fazer o que Deus pretende na vida do ser humano. Ela produz efeito e dá bons
resultados. Age em nossos sentimentos, pensamentos e mexe com nossas emoções,
no nosso interior.

6. Inerrante e infalível (Nm 23.19; Jr 1.12; Mt 5.17,18). Deus cumpre o que diz.
“Todas as palavras nas Escrituras são declaradas completamente verdadeiras e
destituídas de erros, qualquer que seja o trecho. As palavras de Deus são, de fato, o
padrão máximo da verdade”4.

? Reflexão: Podemos confiar na Palavra de Deus? Por quê?

III- PROPÓSITOS DA BÍBLIA

1. Ensinar os princípios de Deus (2 Tm 3.16,17). A Palavra de Deus é útil para ensinar


o que é verdadeiro, para fazer compreender o caminho certo e praticar o que é justo.

2. Promover fé (Rm 10.17). O termo ouvir que aparece no texto, vem do grego akoe, e
“quer dizer algo mais do que o mero sentido da audição”5. Quando a Palavra de Deus é
6
ouvida, ou seja, compreendida, produz fé .

3. Preservar de pecar (Sl 119.11). O efeito da Palavra de Deus na vida daquele que a
pratica funciona como prevenção contra o pecado.

4. Iluminar o caminho (Sl 119.105). Sendo Lâmpada e Luz, a Palavra de Deus nos
mostra o caminho justo e correto em todos os aspectos da vida.

5. Sustentar o homem (Mt 4.4; Jr 15.16). A Palavra de Deus nos alimenta e nos
mantêm firmes na presença de Deus, produzindo alegria e paz. Assim como o
alimento é para o sustento do corpo, o estudo da Bíblia é alimento espiritual para a
vida.

? Reflexão: Quais os benefícios que a Bíblia produz na vida humana?


A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS 11

CONCLUSÃO

“...aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. Medita estas coisas e nelas sê diligente,


para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo
como aos teus ouvintes”. (1 Tm 4.13,15,16)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

Sobre os livros Apócrifos - O termo apócrifo significa “não autêntico. Diz-se de ou texto
religioso destituído de autoridade canônica”.

O que nos leva a crer que estes livros não foram inspirados pelo Espírito Santo? Por que são os
livros apócrifos rejeitados pelo protestantismo?

1.Porque estes livros foram inseridos na Bíblia Sagrada em 1.546 no Concílio de Trento, 1200
anos depois da canonização da Bíblia Sagrada.
2.Todos os livros do Antigo Testamento foram citados no Novo Testamento cerca de 453 vezes,
mas os livros apócrifos nenhuma vez. (compare Hb 2.6,7 com Sl 8.4,5).
3.O Senhor Jesus e Seus apóstolos nunca fizeram deles qualquer citação. Josefo, historiador
judeu, rejeitou-os, e Jerônimo, ao traduzir a Vulgata (versão da Bíblia em Latim) recusou-se a
reconhecê-los.
4.Em 2º Macabeus 15.37-39, o autor se desculpa caso não tinha sido claro em sua narração, o
que torna evidente não ter sido divina sua inspiração.
5.Há controvérsias nos escritos apócrifos, isto é, em seus ensinos eles contradizem os demais
livros inspirados. Um exemplo desse aspecto está em Tobias 12.9, que nos garante que a esmola
nos livra da morte, apaga o pecado e nos faz encontrar a vida eterna (salvação pelas obras). No
entanto, a Bíblia é categórica ao assegurar que o que nos livra da morte eterna é Jesus,
mediante o nosso crer e aceitá-lo como Senhor e Salvador de nossa vida. Além disso, as
Sagradas Escrituras afirmam que devemos viver em novidade de vida. Por fim, toda a palavra de
Deus menciona que nossos pecados somente serão perdoados mediante o arrependimento,
confissão e conversão.
6.Falta aos apócrifos o planejamento progressivo e mútua interconexão das Escrituras no que
se refere ao Novo e Antigo Testamentos. Erros históricos, inexatidões, e evidentes histórias e
discursos de ficção aparecem no decorrer dos apócrifos.

Por estas razões os livros apócrifos não são aceitos como canônicos e por esses motivos não
serão citados nestes estudos. Por outro lado, se sua Bíblia conter livros a mais não significa que
A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
12

ela não servirá para o estudo, pode usá-la normalmente, porém com esta observação que já
mencionamos acima.

As principais divisões dos livros da Bíblia

ANTIGO TESTAMENTO:

Pentateuco – É formado pelos primeiros cinco livros da Bíblia, também chamado “Os Livros da
Lei”: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
Históricos – Relatam desde a entrada em Canaã até o retorno dos cativeiros: Josué, Juizes,
Rute, 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis, 1º e 2º Crônicas, Esdras, Neemias e Ester;
Poéticos – Obras literárias de cunho poético e de sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes
e Cantares de Salomão (ou Cântico dos Cânticos);
Profetas Maiores e Menores – Classificados assim, devido à quantidade do conteúdo das
obras:
Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel;
Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.

NOVO TESTAMENTO:

Evangelhos – Relatam a vida e obra de Jesus: Mateus, Marcos, Lucas e João;


Histórico – Relata a origem e o crescimento da igreja primitiva: Atos dos Apóstolos;
Epístolas - Ao todo são 21 epístolas (cartas):
Paulinas: Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª e 2ª
Tessalonicenses, 1ª e 2ª Timóteo, Tito e Filemon;
Gerais: Hebreus, Tiago, 1ª e 2ª Pedro, 1ª, 2ª e 3ª João e Judas.
Profético – Registra as revelações de Jesus Cristo para a igreja: Apocalipse.

1. DAVID, John D. Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2005. p. 189;
2. LAROUSSE, Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja. 1. ed. São Paulo: Abril. 2006. p.178;
3. MILLER, Stephen M; HUBERT, Robert V. A Bíblia e sua história. 3. ed. São Paulo: SBB, 2006. p. 58;
4. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 58;
5. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.841;
6. BROWN, Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.
p.1480.
02 CONHECENDO DEUS
“Dar-lhes-ei um coração para que Objetivo
me conheçam, que eu sou Levar-nos a conhecer mais
Iahweh. Eles serão o meu povo e sobre Deus.
eu serei o seu Deus, porque eles
retornarão a mim de todo o
coração.”1 (Jr 24.7)

Numa época em que tantas idéias e conceitos a respeito de Deus são divulgados,
devemos verificar a revelação bíblica que é a única fonte com autoridade sobre Sua
pessoa. A Bíblia não procura provar a existência de Deus, mas parte do pressuposto de
que Ele existe e de que se revela ao coração humano, despertando nele o desejo de
2
aproximação .

? Reflexão: Quem é Deus pra você?

I – ALGUNS SIGNIFICADOS DO NOME DE DEUS

Muitos nomes são atribuídos a Deus, como por exemplo: Senhor, Jeová e Pai. A palavra
“Deus” é o título ou o nome que expressa a divindade, que utilizamos para designar o
“Ser infinito, eterno, sobrenatural e existente por si só... Ser supremo, transcendente,
3
criador e autor único e universal de todas as coisas, Todo-poderoso” . Todavia, Deus se
revelou pelos Seus nomes, que na Bíblia possuem significados, os quais geralmente
transmitem alguma idéia quanto Seu caráter, verdade e ação.

Os três principais nomes da Divindade nas Escrituras são:

1. Deus (Jo 3.16; At 27.23). A palavra Deus vem do grego Theos. Ela “foi apropriada
pelos judeus e retida pelos cristãos para denotar o único verdadeiro Deus. Traduz as
palavras hebraicas Elohim e Jehovah, a primeira indicando o Seu poder e preeminência,
4
a última, Sua existência não originada, imutável, eterna e sustentada por Si mesmo” .

2. Senhor (Sl 86.3-5; At 17.24). No hebraico, o termo Adonai “significa literalmente


Senhor ou Mestre e transmite a idéia de governo e domínio”5 . No grego, o termo Kyrios
“expressa Sua condição de criador, Seu poder revelado na história e Seu domínio justo
sobre o universo...” 6.

3. Jeová (Êx 3.14,15; Is 42.8). Ao revelar-se a Israel, Deus se apresentou como o EU


SOU, dizendo com isso que era um Deus auto-existente. “O SENHOR: O nome próprio
do Deus de Israel, que é escrito em hebraico com quatro consoantes, YHWH. Já por
CONHECENDO DEUS
14

do Deus de Israel, que é escrito em hebraico com quatro consoantes, YHWH. Já por
volta do século IV a.C., os judeus deixaram de pronunciar esse nome divino,
substituindo-o por Adonai (o Senhor). Na vocalização do texto hebraico da Bíblia que
se deu muito tempo depois, o tetragrama YHWH teve acrescentadas as vogais da
palavra Adonai, resultando na pronúncia Jeová. Vários indícios fazem crer que a
pronúncia correta provavelmente seria Javé. Nesta versão portuguesa, este nome
próprio de Deus é traduzido por SENHOR, seguindo uma tradição que já vem da antiga
versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta: LXX) e se firmou também no Novo
7
Testamento” . Em Isaías, encontramos a expressão: “Eu sou o SENHOR; este é o meu
nome” (Is 42.8). O nome de Deus é pessoal e sagrado, e por isso deve ser reverenciado e
adorado (Êx 20.7; Sl 148.13).

? Reflexão: O que você aprendeu sobre Deus, através dos significados do Seu
nome?

II - A NATUREZA DE DEUS
A Bíblia tem muitas expressões que mencionam a respeito da natureza de Deus.
Vejamos algumas dessas expressões:

1. Deus é espírito (Jo 4.24). Esta declaração define a natureza de Deus. Ele é espírito e
se manifesta de forma pessoal. Ele pensa, sente, fala, age e tem comunhão direta com
Suas criaturas, especialmente o homem, já que este é feito à Sua imagem. Deus está
livre de todas as limitações, embora algumas vezes Ele se revela utilizando aspectos
humanos para ilustrar Sua atuação em relação ao homem (Ex 6.6; Sl 34.15).

2. Deus é infinito (Rm 11.33-36; Ap 1.8). “...sem fronteiras ou limites tanto quanto ao
Seu Ser como quanto aos seus atributos, e cada aspecto e elemento de sua natureza é
infinito. Essa natureza infinita, em relação ao tempo, é chamada eternidade, e em
8
relação ao espaço é chamada onipresença” .

? Reflexão: Como você entendeu a natureza de Deus?

III - OS ATRIBUTOS DE DEUS


Atributo: “aquilo que é próprio de um ser”9. Mesmo sendo impossível relacionar todos
os atributos de Deus, pois já estudamos que ele é infinito, destacaremos alguns:

1. Eternidade (Ex 15.18; Sl 90.2). Em relação ao tempo, Deus é eterno. Ele é


sempiterno, não tem começo nem fim.

2. Onisciência (Sl 139.4; Hb 4.13). A palavra onisciência vem de dois termos latinos
omni (todo), e scientia (conhecimento). Deus é onisciente, porque conhece todas as
CONHECENDO DEUS
15

perfeito.

3. Onipresença (Sl 139. 7-10). “Deus não tem tamanho e nem dimensões espaciais e
está presente em cada ponto do espaço com todo o Seu ser; Ele, porém, age de modos
10
diversos em lugares diferentes” .

4. Onipotência (Sl 91.1; Mt 19.26). “... é o atributo de Deus que lhe permite fazer tudo
o que for da Sua santa vontade... refere-se ao próprio poder de fazer o que decidir
fazer”11 .

5. Soberania (Sl 103.19; At 4.24). Deus tem o governo absoluto sobre toda a criação e
pode dela dispor como Lhe apraz, em razão de sua infinita superioridade.

6. Imutabilidade (Ml 3.6; Tg 1.17). Deus não esta sujeito à mudanças. Em essência,
atributos, consciência e vontade Ele é imutável. Todas as mudanças têm que ser para
melhor ou para pior. Mas Deus não pode mudar para o melhor, pois é absolutamente
perfeito; nem tampouco mudar para o pior, pela mesma razão.

7. Santidade (Lv 19.1,2). “Atributo de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) pelo qual ele é
12
moralmente puro e perfeito, separado e acima do que é mau e imperfeito” .

8. Bondade (Sl 25.8; 145.8,9). “Deus é a fonte de todo o bem do mundo... A bondade
de Deus está intimamente ligada a várias outras características da Sua natureza, entre
elas o amor, a misericórdia, a paciência e a graça” 13.

9. Amabilidade (Jo 3.16; 1 Jo 4.7-10). O amor é a essência do Seu caráter e é


manifestado em cada palavra e em cada ato Seu.

? Reflexão: Qual dos atributos de Deus mais chamou sua atenção? Por quê?

IV- RESPOSTAS HUMANAS EM RELAÇÃO A DEUS.


Diante da grandeza de Deus não podemos ficar inertes, portanto:

1. Ele deve ser adorado (Jo 4.23,24). De acordo com Jesus, o Deus revelado nas
páginas das Escrituras Sagradas possui uma natureza que requer adoração espiritual e
sincera.

2. Ele deve ser servido (Sl 2.11). O serviço a Deus implica em renunciar a todo direito
e a nós mesmos, submetendo nossa vontade inteiramente à vontade dEle.

3. Ele deve ser proclamado (2 Tm 4.2). Temos que proclamar as verdades divinas em
todo o tempo. À medida que Ele se revela a nós, devemos torná-Lo conhecido num
CONHECENDO DEUS
16

num mundo em que Ele é ignorado e rejeitado. Isto envolve espalhar o conhecimento
do Deus verdadeiro a todo o mundo (Mt 28.19,20).

? Reflexão: Reconhece você o dever de adorar, servir e proclamar a Deus?

CONCLUSÃO

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor;


como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós...” (Os 6.3).

1. BÍBLIA, Português. Bíblia de Jerusalém. Nova Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus, 2006. p 1523.
2. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006. p. 40.
3. LAROUSSE. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja. 1. ed. São Paulo: Abril, 2006. p. 849.
4. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 558.
5. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006. p. 59.
6. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.
p.2316.
7. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Corrigida. Almeida Revista e Corrigida. ed. 1995. Barueri: SBB,
2002. p.82
8. DOUGLAS, J. D; Bruce, F.F; Shedd, Russell P. O Novo Dicionário da Bíblia. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. p.406.
9. FERREIRA , Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. 3. ed. São Paulo: Positivo,
2004.
10. GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.121.
11. Idem, p.159
12. KASCHEL, W; ZIMMER, R. Sociedade Bíblica do Brasil - Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed. Barueri: SBB, 1999.
p.142.
13. GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.143.
03 QUEM É JESUS?
“Porque um menino nos nasceu, um Objetivo
filho se nos deu; o governo está sobre os Conhecer a pessoa do Senhor
seus ombros; e o seu nome será: Jesus Cristo.
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai
da Eternidade, Príncipe da Paz;” (Is 9.6)

Jesus Cristo é a pessoa principal na história da humanidade. Nele está toda a verdade,
todo o amor, toda a esperança, toda a razão do nosso viver, toda a possibilidade da
verdadeira felicidade.

? Reflexão: Quem é Jesus pra você?

I- JESUS É DEUS
A existência de Jesus não pode ser comparada com a nossa. Ele sempre existiu e Sua
divindade não pode ser questionada, pois Ele é Deus.

1. Ele sempre existiu (Jo 1.1-3,14; Jo 17.5; Cl 1.15-17). “No princípio era o verbo...” -
Jesus era o verbo, ou seja, a palavra, ou ainda, aquele que os homens ouviam falar nas
profecias das Escrituras. “Estava no princípio com Deus” - Jesus já existia e toda criação
teve a participação dEle. O próprio Jesus, em Sua oração, declara Sua preexistência.
Jesus não veio a existir quando gerado no ventre de Maria. Paulo afirma que Ele já fazia
parte com Deus na criação e por Ele foram feitas todas as coisas.

2. Ele sempre foi plenamente Deus (Jo 10.30; 14.9). Suas afirmações são categóricas
nesse sentido: “Eu e o Pai somos um”. “Quem me vê a mim, vê o Pai”. Jesus não era apenas
Filho de Homem, mas também Filho de Deus.

? Reflexão: Como entender a divindade de Jesus?

II- JESUS COMO HOMEM


Jesus, o eterno Filho de Deus, veio à terra assumindo a forma humana: “E o verbo se fez
carne, e habitou entre nós” (Jo 1.14). Essa afirmação da Bíblia tem dois significados
fundamentais:

1. Ele foi plenamente homem (Fl 2.6,7; 2 Co 8.9). Ele nunca deixou de ser Deus. No
1
entanto, “a si mesmo se esvaziou”. A palavra grega para esvaziou é kenoo . Isso significa
que Jesus não utilizou Sua divindade em seu próprio benefício, mesmo sendo rico se
QUEM É JESUS?
18

fez pobre.

2. Ele teve as limitações humanas (Mt 4.2; Mt 8.24; Jo 4.6). Como homem, sentiu
fome, sono e cansaço, mas foi diferente dos demais em seu caráter. Ele não pecou (Hb
4.15).

? Reflexão: Como entender a humanidade de Jesus?

III- JESUS INCOMPARÁVEL

1. Seu nascimento diferente (Lc 1.26-35; Mt 1.18-23). Jesus foi gerado


diferentemente de todas as demais pessoas. Na palavra profética de Isaías (750 a.C.)
Jesus haveria de nascer de uma mulher virgem (Is 7.14). Miquéias, que profetizou nos
tempos de Isaías (780 a.C.) informou o lugar onde nasceria Jesus – Belém (Mq 5.2;
comp. Mt 2.1). É interessante saber que José e Maria não moravam em Belém, mas em
Nazaré, cerca de 128 km dali. Por causa de um recenseamento o casal viajou para
Belém, para fazer o alistamento, e quando lá chegaram, completou-se o tempo da
gestação e nasceu Jesus. Deus moveu todo o Império Romano para que se cumprisse a
palavra profética.

2. Suas palavras e seus ensinos eram diferentes (Mt 7.28,29; Jo 7.46). Os ensinos de
Jesus causavam admiração e produziam efeitos nos corações dos ouvintes. Jesus
possuía em si mesmo, autoridade.

3. O testemunho de seus discípulos (Jo 6.68,69; 1 Jo 1.1-3). Os discípulos Pedro e


João testemunharam de Jesus como o Cristo, Santo de Deus, o Verbo da vida e a
manifestação da vida eterna.

4. A maneira diferente como viveu (1 Pe 2.21,22). Jesus sofreu toda espécie de


tentação conhecida pelo homem e talvez até algumas que jamais conheceremos. Ele
era como nós em tudo, menos em uma questão: não cometeu pecado algum.

5. O propósito de Sua morte (Rm 5.8). A morte de Jesus na cruz do Calvário


representa a prova e a demonstração do amor de Deus; é “vicária porque ele se colocou
em nosso lugar e nos representou. Como nosso representante, recebeu a pena que
merecemos”2.

6. Sua gloriosa ressurreição (Mt 28.1-6). O evangelista declarou que a ressurreição


de Jesus foi gloriosa. A divindade e a humanidade combinaram-se misteriosamente.
Realmente a ressurreição de Jesus é mais uma prova inconfundível de sua divindade.

? Reflexão: Por que Jesus é incomparável?


QUEM É JESUS? 19

IV- JESUS É O SENHOR

“e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fl 2.11)
3
A palavra kyrios (grego), expressada no texto de Filipenses, “significa senhor” . Ele é
Senhor sobre tudo e todos!

ŸEle é Senhor sobre a natureza (Mc 4.41);


ŸEle é Senhor sobre os anjos (Mt 26.53);
ŸEle é Senhor sobre os demônios (Mc 5.9-13);
ŸEle é Senhor sobre a humanidade (Jo 13.13);
ŸEle é Senhor sobre a morte (Lc 7.14,15);

? Reflexão: Existe algo que não esteja sob o senhorio de Jesus Cristo?

CONCLUSÃO
Jesus Cristo é Deus e Senhor sobre tudo. Sendo assim, que Jesus, o Deus vivo, seja
incomparável em toda nossa vida.

1. STRONG, J. Sociedade Bíblica do Brasil: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong - Biblioteca Digital Libronix.
Barueri: SBB, 2005. ref.2758. CD-Rom.
2. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.482.
3. BROWN, Collin, COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.
p.2316.
QUEM É JESUS?
20

Anotações
POR QUE
04 JESUS MORREU?
“Mas ele foi traspassado pelas nossas Objetivo
transgressões e moído pelas nossas Entender o propósito da
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz morte de Jesus.
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados.” (Is 53.5)

O pecado levou a humanidade a uma separação de Deus, gerando morte. Estando o


homem morto no pecado, Jesus entregou a Sua vida na cruz, derramando Seu sangue
em favor dele, ressuscitando ao terceiro dia para trazer-lhe à reconciliação com Deus e
vida eterna.

? Reflexão: O que você sabe sobre a morte de Jesus?

I – A ORIGEM DE SUA MORTE


“Na Teologia Histórica Cristã a morte de Cristo é o ponto central da história; para aí
1
todas as estradas do passado convergem; e daí saem todas as estradas do futuro.”

1. Ordenada no céu (1 Pe 1.18-20; Ap 13.8). “A expiação não foi um pensamento de


última hora da parte de Deus. A queda não o apanhou de surpresa, de modo a
necessitar de rápidas providências para remediá-lo. Antes da criação do mundo, Deus,
que conhece o fim desde o princípio, proveu um meio para a redenção do homem [...]
Essa verdade é afirmada pelas Escrituras”2 (At 2.23; Tt 1.2).

2. Anunciada no Antigo e cumprida fielmente no Novo Testamento:


A.T. PROFECIAS N.T.
Sl 22.1 Ele seria abandonado por Deus Mt 27.46
Sl 22.7,8 Antes de morrer seria escarnecido Mt 27.41-43
Sl 22.16 Suas mãos e pés seriam furados Jo 20.25-28
Sl 34.20 Seus ossos não seriam quebrados Jo 19.32,33
Sl 38.11 Seus amigos o contemplariam de longe Lc 23.49
Sl 69.21 Ele sentiria sede e lhe dariam vinagre e fel Jo 19.28,29; Mt 27.34
Is 53.9 Em uma sepultura de um homem rico colocariam seu corpo Mt 27.57-60
Is 53.12 Crucificado entre malfeitores; intercedendo pelos seus algozes Mt 27.38; Lc 23.33,34

II- ELE MORREU POR AMOR


Mesmo sendo impossível descrever totalmente o grande amor de Deus por nós,
algumas verdades são relevantes quando refletimos sobre o sacrifício de Jesus.
POR QUE JESUS MORREU?
22

1. Seu amor, na morte vicária (Is 53.5,6; 1 Co 15.3; 2 Co 5.21). “Ao expor o significado
da morte de Cristo, a Teologia usa a palavra vicária, que significa que Cristo não morreu
meramente como um evento na história e tampouco morreu por causa própria. Ele
morreu por nós; 'Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores' (Rm 5.8).”3

2. Seu amor, na expiação dos nossos pecados (Rm 5.10; Hb 9.19-28). Expiação
significa “o perdão dos pecados daqueles que se arrependem deles e os confessam,
acompanhado de reconciliação com Deus, através do sacrifício de uma vítima inocente.
No A.T. a vítima era um animal, figura e símbolo do Cristo crucificado (Lv 1-7).”4

3. Seu amor, em nosso resgate (Mc 10.45; 1 Pe 1.18). A morte de Cristo é mostrada
como sendo o pagamento de um preço ou resgate. Jesus mesmo é quem diz que Ele havia
vindo para dar a Sua vida em resgate de muitos. Da mesma forma, a Bíblia assegura que a
obra de Cristo consiste também na redenção. A palavra redenção vem do grego lutron e
5
significa “literalmente meio de soltar [...] é usado acerca de: o resgate por uma vida”.

4. Seu amor, na salvação de nossas vidas (Jo 3.16,17; Gl 2.20). O amor imensurável
de Deus levou Jesus à cruz. Este ato de amor proporcionou salvação completa ao
mundo inteiro, garantindo vida eterna a todo aquele que nEle crê.

5. Seu amor, na ressurreição (Mt 28.1-6; Rm 6.8-11). Após sua morte na cruz do
Calvário, Jesus foi sepultado no túmulo de José de Arimatéia, mas ao terceiro dia
ressurgiu dentre os mortos. Jesus morreu e ressuscitou para nos dar garantia da
ressurreição, completando assim a obra redentora da cruz, reconciliando-nos com
Deus (1 Co 15.17). Dessa forma podemos dizer que a ressurreição de Cristo é também o
penhor (objeto de garantia) de nossa ressurreição (1 Ts 4.14-17).

? Reflexão: Por que a morte e ressurreição de Jesus Cristo são importantes para você?

CONCLUSÃO
Verdadeiramente Jesus morreu, nos amou e ressuscitou triunfante dentre os mortos.
Tomé, um de Seus discípulos, teve dificuldades de crer assim, até se reencontrar com
Ele (Jo 20.24-29). Como Tomé se rendeu, renda-se também ao Cristo ressurreto!

“Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20.29).

1. STOTT, John. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1992. p.19.


2. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006. p.188.
3. LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2004. p.589.
4. BÍBLIA, Português. Ilumina Brasil Ltda. Primeira Bíblia e Enciclopédia Digitalmente Animada. Barueri: Sociedade Bíblica
do Brasil, 2003. CD-Rom?
5. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 981.
A REALIDADE
05 DO HOMEM
“pois todos pecaram e Objetivo
carecem da glória de Revelar a condição do homem
Deus,” (Rm 3.23) sem Deus e a possibilidade de
se tornar Seu filho.

Sendo criado por Deus, o homem é um ser racional. Deus lhe concedeu o livre arbítrio -
a liberdade de escolher entre o bem e o mal, obedecer ou não. O homem fez mau uso
desta dádiva divina, escolhendo o caminho que conduz à morte. Neste estudo iremos
ver que todo ser humano indistintamente nasce sob algumas condições naturais.
“Carecem da glória de Deus” - “...talvez seja uma alusão à idéia judaica de que a
humanidade perdeu a glória de Deus quando Adão pecou (cf. Rm 5.12-21), daí que
cada geração repete o pecado de Adão; ou pode simplesmente significar que ninguém
vive à altura do padrão divino de justiça.”1

? Reflexão: Como seria a vida de uma pessoa sem Deus?

I- SEPARADO DA FAMÍLIA DE DEUS


Não há nada pior para o homem do que viver separado dAquele que o criou, o ama e
sustenta.

1. A origem da separação (Gn 3.11,24; Rm 6.16). Quando o homem deixou de


obedecer a Deus no jardim do Éden, obedecendo em contrapartida a serpente, ou seja,
o diabo, ele tornou-se servo (escravo) do pecado.

2. A condição dos separados (2 Tm 3.1-5; Jo 8.41,44-47). O homem sem Deus vive


dominado pelo pecado. Nos dias de Jesus os judeus gostavam de afirmar que Deus era
o Pai deles. Mas Jesus disse francamente a alguns opositores que eles eram filhos do
Diabo, pois tinham prazer em viver pecando.

3. Sem esperança no mundo (Ef 2.12; Jo 12.35). A pessoa que não tem Cristo está
desprovida do Messias (salvador); não possui direito à cidadania dentro da nação eleita
(o povo de Deus); sofre privação espiritual, perdendo os privilégios e vantagens da
aliança. Como resultado não tem esperança, pois está sem Deus no mundo. De fato,
sem Cristo, estamos nas trevas, “e quem anda nas trevas não sabe para onde vai”.

? Reflexão: O que levou o homem a separar-se de Deus?


A REALIDADE DO HOMEM
24

II- CONDENADO À MORTE.


Não há maior sentimento de tristeza do que ser condenado por alguma coisa. A
realidade humana é esta: o homem sem Deus está condenado à morte.

1. Por causa do pecado (Rm 5.12; 3.10,23; 6.23). Em Adão todos nós recebemos por
herança o pecado, e como conseqüência a morte. Não há um justo sequer e todos
pecaram. A Bíblia define a condição do ser humano que ainda não aceitou o plano de
Deus, como: cego, morto, nas trevas, dormindo (Ef 5.14; 2.5).

2. Morte física e espiritual (Gn 3.19; Ef 2.1). O ser humano está morto
espiritualmente quando se apega ao pecado e a um sistema de vida pecaminoso. O
pecado separa o pecador de Cristo, o Doador da vida (Is 59.1-2).

3. Conseqüências da morte espiritual (Rm 1.18,28-32; Gl 5.19-21). Essa morte


suscita a ira de Deus, degrada a moral humana e o faz mergulhar nas densas trevas do
pecado. Paulo enfatiza que “os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.

? Reflexão: Cite algumas conseqüências dessa separação.

III- COMO PERTENCER A FAMÍLIA DE DEUS?


Ter uma família é uma das coisas mais importantes para o homem. Sendo assim, o
próprio Deus nos proporciona meios para fazer parte de Sua família.

1. Adotados através de Jesus (Jo 1.12,13; Gl 3.26). O homem quando vem a este
mundo, não nasce filho de Deus. Todos nós nascemos órfãos. Não temos Deus como
nosso Pai, somos apenas criaturas de Deus. Em Jesus adquirimos o privilégio, ou
direito, de nos tornarmos filhos adotivos de Deus mediante a fé.

2. Guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14-17). Aqueles que são guiados pelo Espírito
Santo são chamados filhos de Deus, testificam-se disso em seu interior e vivem em
santidade. Os filhos adotivos de Deus são agora tanto seus filhos como seus herdeiros.

3. Fazendo a vontade do Pai (Mc 3.31-35). Todo pai espera que seu filho atenda e
obedeça a suas instruções. Nas palavras de Jesus é família de Deus quem faz a Sua
vontade.

? Reflexão: Você se considera membro da família de Deus?

IV- UMA NOVA REALIDADE


É possível mudar a realidade do homem que vive sem Deus. Ele traçou um plano para
nos fazer filhos, através de Jesus por meio da Sua graça.
A REALIDADE DO HOMEM
25

1. Crendo em Jesus (Jo 3.16; 5.24). “Todo o que nele crê” é o equivalente a todo o
que nele confia ou se entrega a ele (Cristo).

2. Crendo que Ele é a única solução (Jo 14.6; 17.2,3; 1 Tm 2.5). Não há como sair
dessa condenação de morte eterna sem passar por esse caminho, sem aceitar essa
verdade, sem depender dessa mediação. Somente Jesus é a solução.

3. Livres da condenação (Rm 8.1). Se crermos nesse livramento, Deus nos livra do
pecado e da morte e nos dá esperança de uma vida diferente e abençoada.

4. Restaurando a esperança (Rm 5.1-5). Com Cristo, de forma indescritível,


alcançamos justificação, paz com Deus, graça, alegria, vitória sobre a tribulação,
perseverança, experiência e esperança. A esperança da glória de Deus trás implícita a
restauração da glória que o homem havia perdido2.

5. Aceitando a Jesus como Salvador (At 16.31; Rm 10.9-11). Somente aceitando a


Jesus como Salvador, entregando-se a Ele sem reserva, é que o homem poderá tornar-
se filho de Deus e participante da Sua graça.

? Reflexão: Você deseja aceitar a Jesus como seu Salvador?

CONCLUSÃO
Nunca abra mão do Senhor Jesus por maior que sejam as dificuldades e tentações. Viva
como um filho de Deus.

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não
de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus
para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”
(Ef 2.8-10).

1. KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2004. p. 438;
2. Idem, p. 441.
A REALIDADE DO HOMEM
26

Anotações
VENCENDO
06 O PECADO
“Todo aquele que pratica o Objetivo
pecado também transgride a Conhecer sobre o pecado,
lei, porque o pecado é a suas implicações e como
transgressão da lei” (1 Jo 3.4). vencê-lo.

Deus nos ama e deseja que sejamos felizes. Ao mesmo tempo Ele quer que o amemos e
depositemos nossa confiança nEle. É uma atitude sábia obedecermos à Sua vontade,
em lugar de seguirmos nossos próprios caminhos. O homem, por natureza, reluta em
depender de Deus e, sempre que deixa de realizar a vontade de Cristo para fazer a sua
própria vontade, está pecando.

I- O QUE SIGNIFICA PECADO?


Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio. “O pecado é o resultado de uma escolha
livre, porém má, do homem” 1. A Bíblia registra várias palavras que descrevem aspectos
diferentes do pecado. Porém, a essência de todas é a mesma: rebelar-se contra a
vontade de Deus.

1. Iniqüidade (Mt 7.21-23). Significa literalmente injustiça, perversidade e


ilegalidade; é uma afronta à verdade de Deus.

2. Impiedade (Rm 1.18-32). Significa “perversidade e irreverência a Deus” 2. O homem


ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e às coisas sagradas. Estas não
produzem nele nenhum sentimento de temor ou reverência. Ele está sem Deus porque
não quer saber de Deus.

3. Transgressão (1 Jo 3.4). É ultrapassar a linha divisória traçada por Deus entre o bem
e o mal.

4. Errar o alvo (Lc 15.21). Na parábola do Filho Pródigo a palavra grega utilizada neste
texto para pequei é hamarton, traduzida como “errei o alvo”, ou, “deixei de atingi-lo”.
Como tal, denota a falha do homem em alcançar o ideal divino para o caráter humano.

5. Queda (2 Pe 1.10). Pecar é cair do padrão de conduta estabelecido pelo Criador.

II- SUA ORIGEM


A Bíblia, do princípio ao fim, é um testemunho eloqüente do amor de Deus por todos
nós! Ela nos informa a origem do pecado em Satanás. Também nos revelam as suas
VENCENDO O PECADO
28

conseqüências desastrosas na história humana, e como foi necessário Jesus Cristo


morrer na cruz, para libertar-nos do domínio do pecado.

1. No Céu (Is 14.12-14; Ez 28.15-17). O pecado estava presente no universo antes da


queda de Adão e Eva. “A Bíblia indica que o pecado originou-se em satanás, em sua
4
rebelião contra Deus... Em seu orgulho, ele tentou tornar-se semelhante ao altíssimo” .

2. No Éden (Gn 2.16,17; 3.1-6). Satanás tentou o primeiro casal os induzindo a


desobedecer ao que Deus estabelecera lançando sobre eles dúvidas. Tais dúvidas
referem-se à bondade, retidão, palavra, santidade e soberania de Deus. A dúvida é a
arma que Satanás utiliza com eficácia na disseminação do pecado na face da terra.

III- SUA UNIVERSALIDADE

1. Atingiu toda a raça humana (Rm 3.23; 5.12). Dessa forma entendemos que as
Escrituras ensinam que o pecado é universal, atingindo a todos os homens,
estendendo-se até o fim dos tempos, a todas as gerações.

2. Atingiu o homem por completo (Jo 8.34). O pecado afeta o ser humano inteiro:
vontade, mente, entendimento, afeições e emoções (Ef 4.17-19); assim como nossas
palavras e comportamento (Tg 3.6; Gl 5.19-21). Isto tem sido expresso
tradicionalmente como depravação total.

3. Atingiu toda a criação de Deus (Gn 3.17,18; Rm 8.21,22). A natureza foi atingida e
sofre a maldição do pecado do homem. Em vista disto, a Escritura assevera que está
chegando a hora em que “a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção...”.

? Reflexão: Você consegue perceber a extensão do pecado no mundo?

IV- SUAS CONSEQÜÊNCIAS


O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de Deus, é um ato
da vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um estado pecaminoso. A
palavra que melhor define as conseqüências do pecado é morte (Rm 6.23).

1. Morte física (Gn 3.19). A morte do corpo. A limitação da vida humana é uma parte
do castigo pelo pecado. Desde Adão e Eva todos os homens estão destinados a
experimentar a morte física.

2. Morte espiritual (Ef 2.1; Tg 1.14,15). O homem sem Deus está morto
espiritualmente. Nesta condição, é tentado pela própria natureza pecaminosa que
abre caminho a desejos e atos que conduzem à morte espiritual, embora aparente
VENCENDO O PECADO
29

uma vida normal.

? Reflexão: Qual a conseqüência de permanecer no pecado?

V- O PECADO PODE SER VENCIDO

1. Porque Deus já o derrotou (Jo 1.29; 3.16; 16.8-11). Deus, através do seu infinito
amor revelado no sacrifício de Jesus, derrotou o domínio do pecado, nos capacitando a
vencê-lo, com o agir do Espírito Santo.

2. Pela fé em Jesus Cristo (1 Jo 5.1,4,5,18). “A vitória nos tem sido garantida em Cristo,
5
porquanto sua vida e morte resolveram de modo eficaz a questão do pecado.”

3. Pela confissão diária e mudança de atitude (1 Jo 1.9; Pv 28.13). A confissão dos


nossos pecados a Jesus Cristo deve ser acompanhada de uma mudança real de atitude,
sem a qual é inválida a nossa declaração de fé.

4. Pela obediência à Palavra de Deus (Sl 119.11; Jo 8.51). Guardar a palavra de Deus
em nosso coração é um meio de evitar o pecado. Seguir a Jesus e obedecer à Sua
Palavra nos livra da morte eterna.

? Reflexão: Crendo que Deus já derrotou o pecado, o que devemos fazer para
vencê-lo?

CONCLUSÃO

“Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e


Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda
iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas
obras.” (Tt 2.14)

1. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 215.
2. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 704.
3. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006. p. 139.
4. PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F; REA John. Dicionário Bíblico WYCLIFFE. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 1485.
5. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia. v. 6. p.289.
VENCENDO O PECADO
30

Anotações
PERDÃO: UMA ATITUDE
07 INDISPENSÁVEL
“E perdoa-nos as nossas Objetivo
dívidas, assim como nós Compreender nossa
temos perdoado aos nossos dependência do perdão
devedores” (Mt 6.12). divino e nosso dever em
perdoar ao próximo.

Vivemos num período em que são comuns os conflitos nos relacionamentos


interpessoais: família, escola, trabalho, etc. Por isso é fundamental aprender sobre o
perdão. O Perdão é um dos pilares da salvação. É também a demonstração da graça de
Deus. As palavras da oração modelo conhecida como Pai Nosso não são estranhas para
ninguém. Deus que tem prazer em nos perdoar, deseja que tenhamos também um
coração perdoador.

? Reflexão: O que você pensa sobre o perdão?

I- PERDÃO DIVINO
A palavra perdão está relacionada a diversos conceitos como, por exemplo: quitar,
absolver, anistiar, isentar, desculpar e eximir. O termo perdoar deriva dos verbos gregos
“aphiemi, primariamente, enviar para frente, mandar embora, despachar; charizomai,
conceder um favor incondicionalmente; apoluo, libertar de, é traduzido em Lc 6.37
pelo verbo perdoar, sendo a referência pôr a pessoa livre como ato quase-judicial” 1.

1. Está alicerçado sobre a Sua misericórdia (Dn 9.9). O perdão divino está alicerçado
sobre a misericórdia, a bondade e a veracidade de Deus. O perdão torna-se impossível
se Deus não se mostrar misericordioso. E essa misericórdia divina, manifesta-se
exclusivamente através de Cristo.

2. Só Ele pode perdoar pecados (Sl 130.4). O perdão é um ato da graça divina que
deve ser recebido com profunda gratidão. O pecado merece ser punido, e o perdão é
uma medida da graça e da misericórdia divina. O recebimento desse benefício deve
criar o senso de temor no coração dos homens.

3. Depende diretamente do sacrifício de Cristo (1 Jo 2.1,2). Ao abordar a questão


do pecado, o apóstolo João reafirma o valor da morte de Cristo como oferta agradável.
Ele afirma que seu valor é pelo mundo inteiro, ou seja, pelo pecado de todo e qualquer
homem. A missão celestial de Cristo faz dele um advogado em favor dos pecadores. E
isso assegura a plena salvação para todos quantos nEle confiam.

4. É completo (Sl 103.12; Is 43.25). Ele afasta de nós os nossos pecados tanto quanto
32 PERDÃO: UMA ATITUDE INDISPENSÁVEL

o Oriente dista do Ocidente. Ele lança para trás de suas costas as nossas transgressões,
sem mais considerá-las (Is 38.17). Ele apaga as transgressões dos perdoados e nunca
mais relembra os seus pecados (Mq 7.19).

II – RECEBENDO O PERDÃO DIVINO


Podemos receber o perdão de Deus através de algumas atitudes:

1. Através do Arrependimento (At 3.19; 2 Co 7.9,10). A palavra grega para


arrependimento é metanóia. Este termo significa: Ter outra mente ou mudança de
opinião. A pessoa que se arrepende muda sua mente em relação ao pecado.
Arrepender é tomar consciência, ter pesar, se conscientizar de que o seu modo de viver
(seja no passado ou no presente) é errado. Arrependimento é mais do que sentir
tristeza pelos pecados. Muitos sentem tristeza pelos pecados cometidos, mas não se
arrependem. A tristeza que produz o arrependimento verdadeiro implica
necessariamente numa mudança de vida.

2. Através da Confissão (Sl 32.1-5; 1 Jo 1.9). Do grego homologeo, significa confessar


e reconhecer pecados. “Aquele que faz a admissão enfrenta um fato. Não procura
esconde-lo, nem negá-lo. Quando alguém reconhece e admite sua falta, deste modo
3
honesto, experimenta a fidelidade e justiça de Deus no perdão dos pecados dele.”

3. Através da Conversão (At 14.15; 26.20). Do grego epistrepho, a palavra converter


4
“significa, literalmente, fazer a volta ou mudar de direção” . Converter é mudar de rumo,
sair do caminho que nos leva ao distanciamento de Deus e procurar a direção que nos
aproxima do autor, sustentador e salvador nosso: Jesus. Na nossa vida com Deus, de
nada adianta arrepender-se e não se converter. A conversão é pôr em prática o
arrependimento.

? Reflexão: Você consegue reconhecer o perdão divino em sua vida?

III- MOTIVOS PARA COMPARTILHAR O PERDÃO


Sabendo que Deus nos perdoa, devemos fazer o mesmo. A Palavra de Deus oferece
algumas razões pelas quais devemos compartilhar esta graça, perdoando aqueles que
nos ofendem.

1. Pelo exemplo de Jesus Cristo (Ef 4.32; Cl 3.12,13). O perdão de Cristo é tanto o
modelo como motivo para perdoarmos àqueles que nos ofenderam. Se a atitude de
perdão for compartilhada, o egoísmo, a desconfiança e o rancor que destroem tantas
famílias, seriam eliminados e os homens viveriam em paz.

2. Pela condição dada pelo Senhor (Mt 6.14,15; 18.23-35). De acordo com Jesus, a
PERDÃO: UMA ATITUDE INDISPENSÁVEL 33

pessoa precisa estar disposta a perdoar para receber o perdão divino. A parábola do
Servo Impiedoso nos mostra a enorme dívida que temos para com Deus e a dificuldade
que temos em considerar as falhas dos outros para conosco.

? Reflexão: Por que perdoar é um dever?

IV - ABRANGÊNCIA DO PERDÃO
Perdão é reconciliação e diz respeito a todos os que crêem em Cristo que demonstrou
Sua misericórdia sem limites (2 Co 5.18-20). Partindo do fato de que o perdão é uma
graça que desconhece limites, busquemos compreende-lo:

1. A intensidade do perdão (Mt 18.21,22). Quantas vezes devemos perdoar? Jesus


ensinou que a atitude de perdão vai muito além dos mesquinhos cálculos humanos. O
perdão não tem limites. Devemos perdoar sempre (Lc 17.3,4).

2. A condição do perdão (Mt 6.14,15). Assim como Deus nos perdoou, temos o dever
de perdoar uns aos outros.

3. A extensão do perdão (Lc 23.34; At 7.58-60). Será que existem faltas maiores ou
menores, às quais é impossível perdoar? À luz da Palavra de Deus, nunca devemos
deixar de perdoar. As atitudes de Jesus e de Estevão diante de seus executores
comprovam isto.

4. Perdão é atitude (Mt 5.43-48). Jesus demonstra que a atitude de perdoar vai além
dos sentimentos, nos orienta a amar os inimigos e tratá-los cordialmente. Todas estas
atitudes são característica do novo nascimento.

? Reflexão: A quem devemos perdoar? Existem limites para o perdão?

CONCLUSÃO
Não encontramos nas Escrituras apoio para ficar sem perdoar, pois, além de
constrangedora tal atitude é contrária aos ensinamentos bíblicos. O apóstolo Paulo
recomenda:

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor...” (Rm 13.8-10).

1. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 867.


2. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 419.
3. Idem, p. 387.
4. PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F; REA John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 449.
34 PERDÃO: UMA ATITUDE INDISPENSÁVEL

Anotações
NASCENDO PARA
08 UMA NOVA VIDA
“A isto, respondeu Jesus: Em Objetivo
verdade, em verdade te digo Compreender que nascer para
que, se alguém não nascer de uma nova vida espiritual é
novo, não pode ver o reino de fundamental para a salvação
Deus”. (Jo 3.3)

A nova vida espiritual é o novo nascimento que Jesus apresentou a Nicodemos como
único meio de salvação. Ele afirma que todos nós precisamos passar por este ato exclu-
sivo da parte de Deus, o qual culmina no processo de santificação, onde ocorre a parti-
cipação humana para que entremos no Reino de Deus.

? Reflexão: Existe vida sem nascimento?

I- POR QUE NASCER DE NOVO?

1. Para ingressar no Reino de Deus (Jo 3.3; 1 Co 2.14). Todo ser humano ingressa no
mundo pelo nascimento natural. Para entrar no “Reino de Deus” é necessário nascer de
novo. Dessa forma, todo o homem e mulher passam a possuir natureza espiritual que
permite viver realidades que caracterizam o reino de Deus.

2. Por causa da natureza espiritual que falta ao homem (Jo 3.6; Rm 8.5-8). A natu-
reza humana que é chamada de carne pela Bíblia Sagrada consiste na inimizade contra
Deus e na desobediência à Sua lei, com conseqüente incapacidade de Lhe agradar.
Assim, o homem natural não possui capacidade espiritual que lhe permita desejar,
compreender ou desfrutar as coisas de Deus.

? Reflexão: Como você entende a diferença entre nascimento físico e espiritual?

II- O QUE NÃO É O NOVO NASCIMENTO (Jo 1.12,13)


“Não escolhemos nos tornar fisicamente vivos e também não escolhemos nascer – é
algo que nos aconteceu; semelhantemente, essas analogias nas Escrituras dão a
1
entender que somos inteiramente passivos na regeneração.”

1. Não é um ato natural. “Não do sangue” - O fato de uma pessoa ser filha de pais cris-
tãos não a torna cristã.

2. Não é produto da vontade humana. “Nem da vontade da carne” - Podemos dizer


que o novo nascimento é produzido pelo Espírito Santo, mediante o qual se abandona
NASCENDO PARA UMA NOVA VIDA
36

as ações pecaminosas.

3. Não é resultado da mediação humana. “Nem da vontade do varão, mas de Deus” -


Nenhum ser humano, por eminente que seja a sua posição eclesiástica, ou quaisquer
religiões organizadas pode transmitir ou reproduzir o novo nascimento.

III- O QUE É O NOVO NASCIMENTO


Nascer de novo significa, no original grego, nascer de cima. Essa expressão indica que o
novo nascimento tem a sua origem em Deus; ou seja, é proveniente do céu.

1. É um ato que tem origem em Deus (Ez 36.26-27). “A iniciativa, na regeneração, é


atribuída a Deus [...]; o novo nascimento vem do alto [...] e é operação do Espírito Santo
3
de Deus [...].”

2. É uma mudança espiritual (Tt 3.4-7). Novo nascimento é uma obra regeneradora
do Espírito Santo. Através dessa ação nossos pensamentos são alterados, nossos cora-
ções são transformados, nossos valores e convicções são modificados.

3. É uma decisão pessoal (Jo 3.5). “Quem não nascer” – Assim como escolhemos todas
as coisas que envolvem nossa vida através do livre-arbítrio, temos a opção de escolher
ser regenerados pela ação do Espírito Santo. Com essas palavras Jesus quis dizer que
apesar do novo nascimento ser de iniciativa divina, cabe ao homem permitir e decidir
fazê-lo.

? Reflexão: Como você entende a iniciativa divina e a decisão pessoal no processo


do novo nascimento?

IV- COMO ACONTECE O NOVO NASCIMENTO?

1. Pela Palavra de Deus (Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Assim como a água quando aplicada
remove dos nossos olhos a sujeira que de outro modo obscureceria a nossa visão, tam-
bém a Palavra de Deus quando lida e aceita “lava a mente” do pecador às suas idéias
errôneas acerca de Deus e Sua salvação.

2. Pela ação do Espírito Santo (Jo 16.8-11,13). O Espírito Santo, mediante a Palavra
de Deus, convence o homem do pecado, levando-o a depositar a sua confiança em
Cristo para a salvação.

3. Pela fé no sacrifício de Jesus Cristo (Jo 3.16; 1 Pe 2.24). No evangelho de João,


Jesus esclarece sobre como esta nova vida pode ser conferida a um pecador. Ele, sem
pecado, se fez pecado por nós, levando sobre si todos os nossos pecados.
NASCENDO PARA UMA NOVA VIDA
37

? Reflexão: Será que conseguimos salvar a nós mesmos?

V- OS RESULTADOS DO NOVO NASCIMENTO

1. A Justificação (Rm 3.24-28; 5.1,9). “Significa o ato de Deus que redime os pecados
de homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por Sua graça, mediante a fé
em Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei,
que derramou o seu sangue a favor dos mesmos, o Senhor Jesus Cristo.”4

2. A absolvição da Condenação (Jo 3.18,19; Rm 8.1,2). Uma vez que a libertação


vem por meio de Jesus Cristo não existe nenhuma condenação para os que já nasce-
ram de novo. Aqueles que estão nEle não são condenados porque “nenhuma condena-
ção há para os que estão em Cristo Jesus”.

3. A Santificação (Hb 12.14). Significa ser separado para um propósito divino. “Santifi-
cação é uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez
5
mais livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente” . A responsabili-
dade humana é ativa, pois o homem deve se esforçar para obedecer, zelar, cumprir as
ordens divinas, dando passos que aumentarão a sua santificação, sendo esta uma con-
dição indispensável para contemplarmos a Deus.

? Reflexão: Quais são as bênçãos do Novo Nascimento?

CONCLUSÃO
O Nascimento para uma Nova Vida é a “Mudança operada pelo Espírito Santo no cora-
ção de uma pessoa que, levada à fé salvadora, abandona o pecado e passa a viver uma
nova vida voltada para Deus e para o próximo” 6.

“Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso


fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna.” (Rm 6.22)

1. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 584.
2. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p.
340 - 341.
3. DOUGLAS, J. D; BRUCE, F.F; SHEDD, Russell P. O Novo Dicionário da Bíblia. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. p. 1380.
4. Idem, p. 896.
5. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 622.
6. KASCHEL, W; ZIMMER, R; SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1999. p. 116.
NASCENDO PARA UMA NOVA VIDA
38

Anotações
09 BATISMO NAS ÁGUAS
“Pois todos vós sois filhos de Deus Objetivo
mediante a fé em Cristo Jesus; Entender que o batismo nas águas
porque todos quantos fostes bati- é uma atitude indispensável para
zados em Cristo de Cristo vos assumir um compromisso com
revestistes.” (Gl 3.26,27) Cristo e ingressar à família cristã.

A palavra batizar, do grego baptizo, significa “(a) mergulhar, e (b) fazer perecer”1. Batis-
mo é um selo ou aliança. É um acordo assumido com Jesus, onde publicamente se con-
firma aquilo que creu e aceitou.

? Reflexão: O que você entende sobre batismo?

I- O QUE É BATISMO

1. É confissão pública de fé (At 2.38,41). Este texto contém a exortação de Pedro aos
novos convertidos à fé cristã: serem batizados como símbolo da remissão dos pecados.
O batismo é um rito de confirmação pública, de aceitação do plano de salvação na vida
do batizando e compromisso com Jesus Cristo.

2. É símbolo da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (Rm 6.3-6; Cl


2.12,13). O batismo simboliza morte para as obras da carne, sepultamento da nature-
za pecaminosa e ressurreição para uma nova vida em Cristo.

? Reflexão: Quais são os símbolos principais do batismo?

II- COMO É REALIZADO

1. Em nome da Triunidade Divina (Mt 28.19). A maneira correta a ser empregada é


“em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, o que enfatiza o caráter distintivo do
batismo cristão.

2. Por imersão na água (Mt 3.13-17; Jo 3.23). O vocábulo bapto era usado antiga-
2
mente para descrever a imersão de tecidos em corantes para tingi-los . Sendo assim, foi
necessário Jesus ser batizado por João onde havia água suficiente para imergi-lo.

? Reflexão: Qual a forma bíblica de realizar o batismo?

III - A CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA SER BATIZADO

1. Ter instrução Bíblica (Mt 28.19,20). A ordem de Jesus é “Ide, portanto, fazei discípu-
BATISMO NAS ÁGUAS
40

los de todas as nações, batizando-os ...” Aqueles que aceitam o ensino e se tornam discípulos
estão aptos para o batismo nas águas.

2. Crer no Evangelho (Mc 16.16). O batismo cristão é uma expressão de fé e de dedicação


a Jesus como Senhor. Não há nas Escrituras nenhuma referência sobre o batismo de recém
nascidos, pelo fato de serem incapazes de arrepender-se ou de obedecerem à vontade de
Deus.

3. Arrependimento e conversão (Atos 2.38; 3.19). O ato de se arrepender (mudança de


mente) e de se converter (mudança de atitude) sempre aparece nas Escrituras precedendo
o ato batismal.

4. Obediência aos ensinamentos bíblicos (Atos 8.12,35-38; 18.8). O batismo cristão


exige entendimento da Palavra de Deus é uma decisão, e não um sentimento, de obedecer
à vontade revelada de Deus.

? Reflexão: Você consegue perceber essas características em sua vida?

IV - OS RESULTADOS DO BATISMO

1. Torna-se membro do Corpo de Cristo (1 Co 12.12,13). O batismo nos identifica publi-


camente como cristãos – isto é, como membros do corpo de Cristo. O batismo é a entrada
para a família de Deus.

2. Revestido de Cristo (Gl 3.26-28). O batismo por imersão simboliza a experiência da


conversão pessoal. O caráter de Cristo sobrepõe o nosso caráter.

3. Esperança de vida eterna (Rm 6.5; Cl 3.1-4). O batismo traz em sua essência a morte, o
sepultamento e a ressurreição de Jesus. Se houver a semeadura através do batismo na vida
de alguém com a permanência na fé em Cristo Jesus, tal indivíduo colherá a ressurreição
para a eternidade.

? Reflexão: Qual a importância do batismo em sua vida?

CONCLUSÃO
O verdadeiro sentido do batismo é uma identificação completa com a morte, sepultamento
e ressurreição de Jesus. O grande desejo de Deus é que todos se identifiquem com Cristo e
vivam uma nova vida.

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas.” (2 Co 5.17)

1. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p.180.
2. Idem, p.180.
10 A FÉ CRISTÃ
“Ora, a fé é a certeza de Objetivo
coisas que se esperam, a Compreender o que é a fé cristã,
convicção de fatos que se como nos é dada e quais os
não vêem.” (Hb 11.1) resultados dela para a vida.

A fé é muito diferente do pensamento positivo, pois este último se baseia em nossa


mente, ou seja, em nossos próprios pensamentos. Em contrapartida, a fé bíblica nos
direciona a Deus, construindo nosso relacionamento com Ele. Além disso, retira-nos do
egocentrismo, dos deuses falsos, das filosofias enganosas e de teorias humanas.

? Reflexão: O que você entende por fé?

I- O QUE É FÉ EM CRISTO
Fé no sentido bíblico significa crer e confiar em Deus. É mais do que acreditar em Deus. É
entregar-lhe a nossa vida porque cremos nEle e confiamos que Ele é quem Ele é. “O
homem que confia em Deus é alguém que fixa nele toda a sua esperança quanto ao
presente e ao futuro.”1

1. Fé é esperança no futuro (Rm 4.18-21; 1 Pe 1.21). Ao contrário do que muitos pen-


sam, a fé não cria as coisas pelas quais esperamos. A fé não transforma a vida em um
sonho com os olhos abertos. A fé nos leva a viver com esperança no futuro que Deus
nos reservou. Abraão colocou em prática a sua fé na promessa divina de que a sua des-
cendência seria assegurada.

2. Fé é convicção de fatos (Hb 11.1,3). Quando o escritor aos Hebreus diz que a fé é “a
convicção de fatos que não se vêem”, está afirmando que a fé cristã não é uma emoção
caprichosa, transitória. A nossa fé é baseada nos fatos bíblicos que já aconteceram (pas-
sado) e naqueles que hão de acontecer (futuro).

? Reflexão: Como você define a fé?

II- ALGUNS OBJETIVOS DA FÉ EM CRISTO

1. Aproximar-nos de Deus (Hb 10.22,23). O objetivo da verdadeira fé é aproximar o


homem de Deus, levando-o a crer em Suas promessas.
A FÉ CRISTÃ
42

2. Abrir caminho para a salvação (Rm 10.8-10; Ef 2.8). “A salvação vem através da fé
em Jesus Cristo – nenhum conjunto de boas obras poderá ser suficiente para conquis-
tar a aprovação de Deus” 2. Ela começa no coração, atinge as palavras e culmina nas
ações da pessoa salva.

3. Capacitar para vencer lutas diárias (1 Tm 6.12; Ef 6.16). Pela fé em Cristo Jesus
enfrentamos os combates da fé e nEle vencemos diariamente a carne, o mundo e o
diabo.

? Reflexão: Qual a importância da fé em Cristo?

III- COMO NOS É DADA A FÉ CRISTÃ

1. Pela compreensão da palavra de Deus (Rm 10.17). Há uma diferença entre indu-
ção, entusiasmo e fé genuína. As pessoas podem ser induzidas por outros a fazerem
certas coisas, ou ficarem entusiasmadas com o que outras fazem ou dizem. Porém, a fé
genuína é unicamente baseada na Palavra de Deus e tem como único propósito fazer
ou pedir coisas que agradem a Deus (1 Jo 5.4,14,15).

2. Pela aceitação de testemunhos ou sinais (Jo 4.39; 11.42). As Escrituras indicam


claramente que a fé pode ser produzida pelos milagres efetuados por Jesus Cristo.

? Reflexão: Como a fé cristã pode ser dada e acrescentada?

IV- OS RESULTADOS DA FÉ CRISTÃ


A importância da fé não pode ser ignorada, uma vez que é o mais alto princípio na vida
cristã.

1. Obedecer a Deus (Rm 1.5; Tg 2.14-26). Paulo confirmava a fé pela obediência. Ele
recebeu a missão de pregar o evangelho e obedeceu pela fé. Em Tiago entendemos
que a fé, se não for expressa em obediência ou ação, não é verdadeira. Confirmamos
nossa fé em Cristo mediante obediência à Sua Palavra.

2. Agradar a Deus (Hb 11.6). Quando temos fé procuramos fazer a Sua vontade. Esta é
a única maneira de agradar e de se aproximar dEle. Para isso precisamos crer em duas
coisas: primeiro, que Ele existe; segundo, que Ele é galardoador (presenteador, aben-
çoador, premiador...) dos que o buscam.

3. Trazer paz e justificação em Cristo (Rm 5.1). A fé é indispensável a uma vida feliz, e
só é feliz aquele que está em paz com Deus. Neste contato com o Criador é fundamen-
tal demonstrar fé nEle.
A FÉ CRISTÃ
43

? Reflexão: O que a fé pode resultar em nossa vida?

CONCLUSÃO
Vivamos diariamente na dimensão da fé, “pois o justo viverá da fé” (Rm 1.17)

“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum


salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a bata-
lhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3)

1. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 455.
2. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Devocional. Versão Almeida Revista e Corrigida. Organizada por Max Lucado. Rio de
Janeiro: CPAD, 2006. p 1414.
A FÉ CRISTÃ
44

Anotações
JESUS:
11 O MODELO DE VIDA
“Tomai sobre vós o meu jugo e Objetivo
aprendei de mim, porque sou Levar o estudante a compreender
manso e humilde de coração; e que Cristo é o modelo de vida, e
achareis descanso para a portanto, devemos imitá-lo.
vossa alma.” (Mt 11.29)

O Cristianismo possui princípios práticos que, aplicados na vida do cristão, moldam


seu caráter a ponto de fazê-lo parecer com Cristo.
“Naquele tempo, a expressão tomar o jugo significava tornar-se um discípulo. Quando
nos entregamos a Cristo, somos conduzidos por ele” 1.

I - O CRISTÃO E A VIDA ESPIRITUAL

1. Lei da semeadura (Gl 6.6-8). Por determinação divina, colhemos o que plantamos.
Se plantarmos trigo, por exemplo, colheremos trigo e não outra coisa. Quando plantar-
mos para a carne colheremos dela corrupção, mas quando plantarmos para o Espírito
colheremos dEle vida eterna.

2. O Fruto do Espírito (Gl 5.22-23). A Bíblia nos dá uma lista de características que
devem ser o alvo a ser alcançado por todo o cristão que se submeta à ação do Espírito
Santo:
· Amor: Esse amor se refere tanto a Deus quanto aos homens. “É o amor perfeito, à
semelhança do amor de Deus pelo homem, que é benevolente, que trata bem ao
próximo independente do tipo de tratamento que recebeu, que busca o interesse
2
do outro, e não o seu próprio interesse” . O amor a Deus nunca estará desassociado
do amor ao próximo (Mt 22.37-40).

· Alegria: Quando reconhecemos que Deus está no controle de tudo, então desfru-
tamos da verdadeira alegria que é inspiradora, dando-nos esperança, coragem e
confiança em Deus, além de satisfação de estarmos vivos em Cristo (Rm 14.17).

· Paz: Só podemos obter paz em Cristo Jesus (Jo 14.27). O vocábulo paz significa
algo completo, saúde e bem estar. Pode também significar prosperidade material,
segurança física e bem estar espiritual. (Rm 5.1; Fl 4.7).
3
· Longanimidade: “É perseverar corajosamente sem desistir” . É “uma coisa ativa
que sempre dispõe o homem a chegar ao meio-termo com seu próximo, e a partici-
par com ele a sua vida [...] não é traço do caráter, mas, sim, um modo de vida [...]
JESUS: O MODELO DE VIDA
46

Tiago 5.7-11 liga os dois aspectos, a saber: aquele que se estende ao nosso próximo,
e aquele que é necessário para enfrentar as provações e tribulações deste mundo
4
até à parusia” (Vinda de Cristo).

· Benignidade: É ter um caráter moral bom. Significa “excelência de caráter, honesti-


dade. A sua fonte originária é Cristo...” 5 (Fl 4.8).

· Bondade: É praticar boas ações, a exemplo de Cristo (Ef 2.10).

· Fidelidade: É “uma firme convicção produzindo um pleno reconhecimento da


revelação ou da verdade de Deus; uma entrega pessoal a Ele; uma conduta inspira-
6
da por tal entrega” (Hb 10.38).

· Mansidão: “... não é o mesmo que fraqueza. O Cristão manso não se impõe nem usa
indevidamente o seu poder [...] a mansidão é o uso devido da autoridade e do
poder” 7 (Mt 11.29).

· Domínio Próprio: É o autocontrole, o equilíbrio, alcançado pelo cristão que permi-


te o Espírito Santo moldar sua vida conforme os desejos de Deus (1Co 6.12).

II - O CRISTÃO E VIDA SOCIAL

1. Autoridade e submissão (Rm 13.1-6). Toda a autoridade vem de Deus. Devemos


prestar obediência às pessoas revestidas de autoridade; “... é preciso colaborar com o
governo e obedecer à lei; mas não se deve jamais permitir que a lei nos leve a ofender
8
nossa consciência ou a desobedecer à Palavra de Deus” (At 5.29).

2. Escândalo - mau testemunho (Lc 17.1,2). “O termo significa pedra de tropeço, lite-
ralmente o gatilho de uma armadilha ou cilada. Aqui indica algo que fará com que uma
pessoa peque. Ninguém peca no vácuo. Os outros são afetados. Jesus dá uma forte
advertência contra ser a causa da apostasia dos outros, especialmente daqueles
9
menos maduros em anos ou experiência” (1 Co10.32).

3. Equilíbrio nas palavras (Cl 3.8,9; Ef 4.29). Na nova vida em Cristo não há mais lugar
para palavras de difamação contra o próximo, linguagens obscenas, maliciosas e men-
tirosas, ou seja: palavras torpes (apodrecidas). No entanto, devemos sim utilizar pala-
vras que promovam a edificação. Cristo é nosso modelo em tudo, inclusive nas pala-
vras (1Pe 2.21-23).

? Reflexão: Como o cristão deve se comportar em seus relacionamentos?


JESUS: O MODELO DE VIDA
47

III - O CRISTÃO E A VIDA MORAL

1. Honestidade no trabalho e nos negócios (Tt 2.9-10; Tg 5.1-6). O funcionário cris-


tão deve ser honesto com seus empregadores, assim como o patrão cristão deve hon-
rar seus empregados, não retendo, ou defraudando, o merecido salário. O uso da cor-
rupção para enriquecer não faz parte da moralidade cristã.

2. Apresentação pessoal (1Tm 2.9; 1Pe 3.3,4). “Paulo admoesta as mulheres cristãs a
se dedicarem ao ser interior, à verdadeira beleza que somente Cristo pode dar. Não proí-
be o uso de roupas bonitas nem enfeites. Antes, pede que tenham equilíbrio e decoro,
enfatizando a modéstia e a santidade de caráter” 10 . “Pedro adverte a esposa cristã a não
11
dedicar toda a sua atenção aos adereços exteriores, mas sim ao caráter interior” .

3. Sexualidade (Gn 2.24; Lv 18.22,23; Rm 1.26,27,32). “Vivemos numa sociedade


saturada de sexo que não leva a sério a monogamia [...], que promove e apóia a distor-
ção do sexo como forma de entretenimento [...] Uma vez que foi Deus quem criou o
sexo e instituiu o casamento, ele tem todo o direito de determinar prescrições para
controlá-los” 12 . “Não importa o que os tribunais decretem ou a sociedade permita;
13
quando se trata de casamento Deus tem a primeira e terá a última palavra” . O texto de
Levítico trata de um “conjunto de proibições contra o homossexualismo e a bestialida-
de, acrescidas das advertências que esses pecados contaminam e são abomináveis e
14
uma perversão” . A carta aos Romanos caracteriza esse pecado como infame e contrá-
rio à natureza. Deus condena quem pratica e quem aprova o homossexualismo. Porém,
espera que tais pessoas se arrependam e abandonem o pecado para que assim o
Senhor possa perdoá-las (Mt 12.31; 1 Co 6.9-11) 15.

4. Equilíbrio com relação à mídia (Mt 6.22,23; 1 Jo 2.16,17). A palavra mídia, tão
utilizada atualmente, é de origem latina e significa meios. Refere-se aos meios de comu-
nicação, ou seja, às formas como as informações chegam até nós. Segundo Cristo, deve-
mos direcionar o nosso coração (pensamentos) às coisas relacionadas à nossa salva-
ção. Jesus está ensinando que tudo o que é oferecido pelo mundo, através da mídia,
não deve ser prioridade. Dependendo do tipo de filmes e programas televisivos que
escolhemos podemos ser influenciados negativamente, prejudicando nosso relacio-
namento com Deus. A janela para o mundo virtual (internet) também abre uma porta
para seus perigos. Tudo aquilo que serve para satisfazer os desejos carnais, os desejos
dos olhos (consumismo) e as ambições pessoais, não procede de Deus, mas do mundo.
São coisas passageiras e que nos afastam daquilo que é permanente: a Palavra de Deus.

5. A dependência química (Gl 5.19-21; Ap 21.8). O uso de substâncias tóxicas como


cigarro, entorpecentes, etc, são condenados na Bíblia. Da mesma forma, o abuso de bebi-
das alcoólicas e remédios não tem aprovação bíblica. A palavra grega para feitiçaria é phar-
16
makeia, e faz “alusão ao uso de drogas de qualquer espécie” . Encaixa-se também “no
termo farmácia e significa basicamente a administração de drogas e poções mágicas” 17.
JESUS: O MODELO DE VIDA
48

? Reflexão: Como deve ser a vida cristã na prática?

CONCLUSÃO
O “Senhorio de Cristo se expressa no todo da vida. Seu Senhorio implica não apenas em
um modo de conduta, mas numa atitude para com a vida” 18 (Cl 3.17). “A glória de Deus é
o alvo principal” 19.

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a
glória de Deus” (1Co 10.31).

1. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 51.
2. DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo: Hagnos, 2005. p.69.
3. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 941.
4. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 1494-
95.
5. CHAMPLIN, Russel Norman. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia. v. 5. p. 510.
6. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 648.
7. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 941.
8. Idem, p. 522.
9. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. Versão Revista e Corrigida. São Paulo: SBB, 2001. p.1054
10. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 6. p. 283.
11. Idem, p. 528.
12. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 1. p. 367.
13. Idem, p. 25.
14. Idem, p. 368.
15. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 675
16. CHAMPLIN, Russel Norman. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia. v. 4. p. 507.
17. PFEIFFER, Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Batista Regular, 2001. p. 157.
18. Idem, p. 217.
19. Idem, p. 92.
12 ORAÇÃO
“e tudo quanto pedirdes Objetivo
em oração, crendo, Conhecer os elementos da oração,
recebereis.” sua eficácia e obstáculos, e
(Mt 21.22) compreender a importância dela
para a vida cristã.

1
Oração é comunicação com Deus e significa “adorar, suplicar, rogar, pedir, implorar...” .
Deus tem prazer nas orações de Seus filhos, independente da condição social, econô-
mica e cultural (Pv 15.8). Orar é ter comunhão com Deus e reconhecer a Sua soberania.

? Reflexão: Comente sua experiência sobre oração.

I - ELEMENTOS DA ORAÇÃO (Lc 11.1).


Era comum aos discípulos pedirem instruções a Jesus. Relacionado a esse aspecto, a
oração não foi esquecida. De forma semelhante, nós devemos adquirir o hábito da
oração, pois esta constitui o segredo da vida cristã vitoriosa. (Mt 6.6-15)

1. Em nome de Jesus (Jo 16.23,24; 1 Tm 2.5). Orar em nome de Jesus significa mais do
que simplesmente mencionar-lhe o nome no começo e fim da oração. Significa a acei-
tação do seu sacrifício, a crença nas Suas promessas e o fazer as Suas obras.

2. Louvor e adoração (At 16.24-26; Ap 4.11). O louvor e a adoração refletem a atitude


de amor de uma pessoa para com Deus, independentemente das circunstâncias exter-
nas.

3. Ações de graças (1 Ts 5.18). A oração não é só para pedir, mas também almeja a
gratidão. Ao orarmos, expressamos ao Senhor reconhecimento por Suas inúmeras
bênçãos.

4. Confissão (1 Jo 1.9). Confessar significa literalmente “falar a mesma coisa... declarar,


2
admitir” . “Quando alguém reconhece e admite sua falta, deste modo honesto, experi-
menta a fidelidade e justiça de Deus no perdão dos pecados dele” 3.

5. Intercessão (At 12.5-10; 1 Tm 2.1,2). É a oração em favor de outras pessoas. Deve-


mos orar pelas autoridades constituídas, para que tenhamos paz e também pela
ampliação do reino de Deus na terra.

6. Petição (Jr 29.12,13). Consiste em apresentarmos nossos pedidos pessoais a Deus,


ORAÇÃO
50

pois a oração sempre vem de um senso de necessidade. A necessidade unida com a fé


resulta em recompensa daqueles que buscam a Deus diligentemente. Até mesmo
Deus conhece nossas necessidades antes de lhe pedirmos e tem prazer em supri-las (Fl
4.19).

? Reflexão: Qual elemento da oração te chamou mais atenção?

II- EFICÁCIA DA ORAÇÃO

1. Pedir e crer (Mc 11.24). Deus deseja atender, mas quer que nós peçamos. Isto não
significa que Deus desconheça as nossas necessidades. Ele sabe o que precisamos
antes mesmo que lho peçamos (Mt 6.8). Mas Deus quer que reconheçamos a nossa
dependência dEle (At 17.25).

2. Pedir de acordo com a vontade de Deus (1 Jo 5.14,15). A condição é: segundo a


sua vontade. Portanto, Deus não atende uma oração egoísta que não é feita segundo a
Sua palavra, a Bíblia (Sl 37.4). Em tudo o que formos realizar devemos perguntar a Deus
a Sua vontade (Tg 4.15).

3. Intercessão do Espírito Santo (Rm 8.26). A ajuda do Espírito Santo é necessária por
causa da fraqueza e ignorância humana. Atua em nossas vidas produzindo orações de
profundo significado, de acordo com as nossas necessidades.

4. Ser perseverante (Lc 11.5-13). Devemos perseverar orando, mesmo quando apa-
rentemente a resposta demora. A benção de Deus é às vezes retardada para que exa-
minemos nossa condição e vejamos as falhas do nosso caráter, ou ainda para nos pro-
var a fé (Mt 7.7,8).

5. Com sinceridade (Hb 10.22). Nossas orações devem ser simples, diretas e sinceras.
Uma oração insincera, pretensiosa é sempre uma abominação para Deus (Lc 18.9-14).

? Reflexão: O que é necessário para uma oração ser eficaz?

III - OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO.

1. Pedir sem fé (Tg 1.5-8). A oração deve ser feita com convicção e a certeza de que
para Deus tudo é possível.

2. Pedir com motivos errados (Tg 4.3). Pedimos muitas vezes e não recebemos por-
que pedimos mal. São os deleites, os prazeres que nos levam a pedir mal, de forma con-
trária à vontade divina.
ORAÇÃO
51

3. Pecados não confessados (Pv 28.13; Is 59.1,2). Quando Ele diz que não ouvirá Ele
está falando de ouvir provavelmente os pedidos feitos em oração, pois o pecado nos
afasta de Deus. NEle não há pecado. Dessa maneira, o Senhor também não aceita o
pecado.

4. Desobediência à Lei de Deus (Pv 28.9). A oração daquele que, deliberadamente,


desobedece à Palavra se torna abominável diante de Deus, pois a transgressão da lei
constitui-se em pecado (1 Jo 3.4), e Deus, sendo Santo, não pode compactuar com ele.

5. Usar repetições (Mt 6.5-8). Jesus não condena a oração em público, mas sim a exi-
bição vaidosa. O ficar repetindo uma oração era uma característica dos pagãos (não-
judaico). Jesus usa aqui o termo grego batologeo, quer dizer: “repetir a mesma coisa
4
repetidas vezes, usar muitas palavras inúteis, exprimir-se confusamente, tagarelar” .

6. Discórdia familiar (1 Pe 3.7). Ressentimentos que se originam da conduta egoísta


no lar torna impossível a eficácia da oração, pois ela deve ser “sem ira e rancor” (1 Tm
2.8).

? Reflexão: O que pode impedir uma oração de ser atendida?

IV - COMO E QUANDO ORAR?

1. Sempre (1 Ts 5.17). A oração deve ser a nossa prática constante, pois ela é tanto uma
atitude como uma atividade. A atitude de devoção a Deus pode ser sem cessar, pois é
fruto da nossa comunhão com Deus. A atividade é o ato de oração.

2. Individualmente (Mt 6.6). Este momento de oração é essencial para nós, porque
individualmente podemos desfrutar de intensa intimidade com o Senhor.

3. Coletivamente (At 4.23-31). “Orar em conjunto é uma excelente maneira de edifi-


car o corpo de Cristo, pois, na oração em grupo muitas vezes, podemos experimentar a
presença de Deus de forma especial e sair dali fortalecido, animados e capacitados no
5
poder do Espírito Santo” .

? Reflexão: Existe limite para a oração?

CONCLUSÃO
Assim como o pão é essencial para a sobrevivência física, a oração o é para a nossa vida
espiritual.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas ora-


ções” (At 2.42).
ORAÇÃO
52

Anotações

1. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p 1440.
2. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p 491.
3. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p 387.
4. STRONG, J; SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong . Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2002.
5. Reunidos para falar com Deus. Vamos à Casa do Senhor. Lições Bíblicas - Revista para Estudos nas Escolas Bíblicas. São Paulo,
n. 295, p. 25, 2º trimestre 2011.
13 O ESPÍRITO SANTO
“E eu rogarei ao Pai, e Objetivo
ele vos dará outro Con- Compreender o que a Bíblia diz
solador, a fim de que sobre a pessoa do Espírito Santo e
esteja para sempre sua obra.
convosco.” (Jo 14.16)

Em toda a Bíblia encontramos o agir do Espírito Santo. Um exemplo desse aspecto é


que as Escrituras Sagradas foram produzidas por Seu intermédio (2 Pd 1.21). Logo nas
primeiras palavras da Bíblia encontramos a primeira menção da pessoa do Espírito
Santo: “...o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas” (Gn 1.2).

? Reflexão: Quem é o Espírito Santo para você?

I- O ESPÍRITO SANTO É:

1. Deus (At 5.3,4). O Espírito Santo é “plenamente Deus. Uma vez que entendamos
que Deus Pai e Deus Filho são plenamente Deus, então as expressões trinitárias em
versículos como Mt 28.19, se revestem de relevância para a doutrina do Espírito Santo,
1
pois mostram que o Espírito Santo está classificado no mesmo nível do Pai e do Filho” .
Possui os mesmos atributos divinos:
a) Onipresente: Está presente em toda parte (Sl 139.7,8);
b) Onisciente: Tem conhecimento de todas as coisas (1 Co 2.10);
c) Onipotente: É Todo-Poderoso; tem poder para dar vida (Rm 8.11);
d) Eterno: Ele é o Espírito eterno (Hb 9.14).

2. Uma pessoa (Rm 8.26,27). As Escrituras apresentam o Espírito Santo como uma
pessoa, e não simplesmente como uma influência, energia ou força em ação no mun-
do. Como pessoa, desempenha as mesmas funções de um indivíduo (sentimento, von-
tade e intelecto). Ele ama (Rm 15.30), Ele dá testemunho, dirige (Jo 16.13), Ele ensina e
lembra (Jo 14.26), Ele convence (Jo 16.8), Ele fala (At 8.29) e Ele ajuda (Rm 8.26).

3. Consolador (Jo 14.16). Jesus anunciou a vinda do Espírito Santo como sendo o Con-
solador. Esta é a única referência a Ele por esse nome. A palavra Consolador deriva do
grego Parakletos, e significa literalmente: “1) chamado, convocado a estar do lado de
alguém, especialemente convocado a ajudar alguém; 1a) alguém que pleiteia a causa
de outro diante de um juiz, intercessor, conselheiro de defesa, assistente legal, advoga-
2
do” . Ele satisfaz todas as necessidades do cristão com a intimidade de um companhei-
ro fiel e compreensivo.
O ESPÍRITO SANTO
54

? Reflexão: Por que podemos afirmar que o Espírito Santo é uma pessoa?

II- A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

1. Na criação (Gn 1.2, Sl 104.30). Ele tomou parte ativa na criação do mundo e é res-
ponsável pela renovação do mesmo.

2. Na vida do ser humano:


a) Através da regeneração, conversão e santificação (Jo 16.8). Ele convence o
homem do pecado, levando ao conhecimento as verdades absolutas de Deus (Tt
3.5; 1 Pd 1.2);
b) Habitando nos cristãos (Jo 14.17; 1 Co 6.19);
c) Capacitando-o com poder para um viver santo e para o testemunho do evange-
lho (At 1.8).

3. Na Igreja de Cristo:
a) Ele dirige a Igreja (At 13.2; 15.28);
b) Ele faz crescer as igrejas (At 9.31);
c) Concede dons espirituais aos cristãos (1 Co 12.7-11);
d) Constitui líderes sobre as igrejas (At 20.28; Ef 4.11).

? Reflexão: Qual é a importância do Espírito Santo para a igreja de Cristo?

III- PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

1. Apagar a Sua manifestação (1 Ts 5.19). Tentar impedir, cessar, inibir, proibir a ação
sobrenatural do Espírito Santo.

2. Entristecê-lo (Ef 4.29,30). Atitudes, palavras e pensamentos maus entristecem o


Espírito Santo.

3. Resistir à Sua voz (At 7.51). Isso acontece quando não há submissão às Sagradas
Escrituras que foram inspiradas pelo Espírito Santo.

4. Tentar enganá-lo (At 5.3,4). É impossível enganar o Espírito Santo. Mas a tentativa
leva à morte, seja ela física ou espiritual.

5. Blasfemar contra Ele (Mt 12.31,32). A blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição
deliberada do testemunho que o Espírito Santo dá de Cristo, da Sua palavra e da Sua
obra de convencer o homem do pecado. A blasfêmia também se caracteriza pela atri-
buição das obras do Espírito Santo a Satanás. Ao fazer isso, o homem afasta de si
O ESPÍRITO SANTO
55

mesmo o único recurso que pode levá-lo ao perdão.

6. Ultrajá-lo (Hb 10.29). Ultrajar é o mesmo que insultar o Espírito Santo e rebelar-se
contra Ele, o qual comunica a graça de Deus. É a tentativa de desfazer a obra do Espírito
Santo, ou seja: apostasia total (Is 63.10).

? Reflexão: O que devemos evitar para não pecar contra o Espírito Santo?

CONCLUSÃO
Devemos buscar a plenitude do Espírito (Ef 5.18-21). Enchei-vos está no presente, indi-
cando uma experiência contínua. A plenitude do Espírito Santo deve ser o nosso cons-
tante desejo.

“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.25).

1. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 173.
2. STRONG, J; SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2002.
O ESPÍRITO SANTO
56

Anotações
BATISMO NO
14 ESPÍRITO SANTO
“Porque João, na verdade, Objetivo
batizou com água, mas vós Compreender que o Batismo no
sereis batizados com o Espírito Espírito Santo é uma promessa para
Santo, não muito depois des- a igreja e tem propósitos.
tes dias”. (At 1.5)

O Batismo no Espírito Santo edifica e capacita individualmente o convertido para o


serviço cristão, a fim de que a igreja cumpra sua missão na terra. Ele é distinto do Batis-
mo nas Águas, sendo ministrado pelo próprio Senhor Jesus (Mt 3.11).

? Reflexão: O que você já ouviu falar sobre esse assunto?

I- O QUE É BATISMO NO ESPÍRITO SANTO (Lc 24.49).

A palavra batismo é usada figuradamente para descrever a imersão no poder do Espíri-


to Santo. O batismo no Espírito Santo é o cumprimento da promessa do Pai, que reves-
te os cristãos de poder divino.

II- A PROMESSA NAS PROFECIAS


Conhecendo as profecias, entenderemos que o Batismo no Espírito Santo fazia parte
do plano de Deus para se cumprir no tempo determinado. Vejamos ao que se referem
algumas delas:

1. O profeta Joel fala desse derramamento 750 a.C. (Jl 2.28-29). O profeta Joel refe-
re-se aos que seriam revestidos por esse derramamento:
a) “toda a carne” - a promessa seria para todas as pessoas alcançadas pela graça de
Cristo, e não somente para os israelitas;
b) “os filhos (as) e anciãos” - a promessa seria para todas as idades em todas as gera-
ções;
c) “os servos (as)”, (escravos) - a promessa incluiria todas as classes sociais, sem
discriminação.

2. O profeta Isaías também profetizou a respeito (Is 44.3). Da mesma maneira que a
chuva é importante para a terra, o Senhor tiraria Seu povo de um estado de sequidão
espiritual e desolação, para ser uma lavoura bem regada e produtiva.
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
58

3. João Batista confirmou a profecia (Mt 3.11; Mc 1.8). Cerca de 3 anos e meio antes
do cumprimento da profecia de Joel no Pentecostes, João Batista profetizou também
sobre este assunto. Ao ser comissionado por Deus para uma missão especial, João inici-
ou sua obra pregando o batismo nas águas mediante o arrependimento, porém ele já
anunciava que Jesus batizaria com o Espírito Santo e fogo.

4. Jesus testificou que ele mesmo cumpriria Sua promessa (Lc 24.49; At 1.4-8).
Cerca de 8 dias antes do cumprimento da promessa do derramamento do Espírito San-
to, o próprio Jesus profetizou sobre isso. Ele confirmou todas as profecias prometendo
que os seus seguidores seriam batizados no Espírito Santo “não muito depois daqueles
dias”.

? Reflexão: Conhecendo as profecias a que conclusão chegamos?

III- O CUMPRIMENTO DA PROFECIA

1. Ocorreria após a glorificação de Jesus (Jo 7.38,39; 16.7). O tempo para o cumpri-
mento da promessa do batismo no Espírito Santo estava condicionado à ascensão de
Jesus ao Pai. Pedro conhecia muito bem este assunto, porque no Pentecostes ele a con-
firmou (At 2.33).

2. Ocorreu no dia de Pentecostes (At 2.1-4). O Pentecostes, do grego pentekostos, é


um “adjetivo que denota qüinquagésimo, é usado como substantivo, com o termo 'dia'
subentendido, ou seja, o quinquagésimo dia depois da Páscoa, contado do segundo
dia da festa” 1. Foi exatamente nesse tempo que a promessa foi cumprida, estando os
discípulos reunidos no cenáculo.

IV- A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


Segundo a Bíblia, a evidência do batismo no Espírito Santo é falar línguas estranhas no
ato do batismo. Onde os resultados se seguiram, sempre houve uma expressão imedi-
ata, sobrenatural e exterior convincente, não somente para quem recebeu, mas tam-
bém para o ouvinte, de que um poder divino imperava nessa pessoa. Em todos os casos
houve um falar sobrenatural numa língua que essa pessoa nunca havia aprendido (1
Co 14.2). Vejamos alguns exemplos:

1. Em Jerusalém (At 2.1-4). Em Atos 2:4, lemos assim: “Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falas-
sem.” :

a) Significados no grego: Devemos prestar atenção à expressão outras línguas,


pois, no grego, Lucas usou o termo heterais glossais. Quando analisamos separa-
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
59

damente os termos gregos, entendemos que: Glossa quer dizer língua (órgão),
linguagem, fala 2. Pode também ser compreendido como “a linguagem que não
3
é própria de quem fala” ; Heteros destaca a diferença em categoria ou qualida-
de.

b) Definição: Portanto, heterais glossais, são “línguas estranhas por meio da opera-
5
ção sobrenatural do Espírito Santo” . Quando o radical gloss é mencionado nos
textos de Mc 16.17; At 2.4; 10.46; 19.6; 1 Co 12.10,28,30; 14.2,4-6,9,13,18-27,39,
está associado aos grandes feitos de Deus.

c) Observação: É importante observarmos que, em At 2.4, os discípulos FALAVAM


em línguas estranhas (gr. heterais glossais) como sinal do batismo no Espírito San-
to. Já no v.6, a multidão os OUVIA falar cada um em seu próprio idioma (gr. dialek-
to). Concluímos assim que, no texto de At 2.4-6 o Espírito Santo se manifestou de
forma distinta nos discípulos e na multidão. Nos discípulos com o dom de línguas
estranhas (e não estrangeiras); na multidão com o milagre de compreender essas
línguas estranhas na sua língua materna.

2. Em Samaria (At 8.14-20). Apesar do texto não citar línguas estranhas, o sinal apare-
ce na narrativa de modo subjetivo. O versículo 18 deixa isto bem claro, pois Simão viu e
naturalmente, ouviu algo diferente do natural naquele momento. Além disso, ele dese-
jou ter o direito de impor as mãos sobre as pessoas, para que elas fossem batizadas.
Esse interesse do mágico é prova suficiente de que os novos cristãos falaram outras
línguas.

3. Em Cesaréia (At 10.44-48). Pedro, na casa de Cornélio, evangelizava os gentios


(não-judeus) quando, em meio ao seu discurso, tais pessoas receberam o batismo no
Espírito Santo. Os judeus convertidos que acompanhavam Pedro se maravilharam ao
ouvir os gentios falarem línguas e magnificarem a Deus como havia acontecido com
eles próprios no Pentecostes (v.47).

4. Em Éfeso (At 19.1-7). Cerca de vinte anos depois do dia do Pentecostes, o batismo
no Espírito Santo ainda fazia parte integrante da pregação apostólica. O pequeno
grupo batizado por Apolo, segundo o batismo de João, por intermédio da imposição
das mãos de Paulo recebeu o batismo no Espírito Santo “e falavam em línguas e profeti-
zavam”.

? Reflexão: Qual é a evidência de que a pessoa recebeu o batismo no Espírito San-


to?

V- RECEBENDO O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


O tempo, o lugar e quem recebe o batismo no Espírito Santo é um atributo exclusivo do
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
60

Senhor Jesus (Mt 3.11). Como todas as coisas espirituais, o batismo ocorre somente
pela graça de Deus e não por mérito humano, aos que creem em Jesus Cristo.

1. Precisamos crer em Jesus Cristo (Mc 16.17-18). Para receber o batismo no Espírito
Santo, o indivíduo tem que crer somente em Jesus Cristo, pois é impossível que uma
pessoa que não creia nEle receba esse batismo (Jo 14.16,17).

2. Podemos pedir o batismo no Espírito Santo (Lc 11.9-13). Aqui se vê a bondade, a


generosidade, a disposição e a imparcialidade do nosso Pai celestial. Ele pode dar o
Espírito Santo a todos os que lho pedirem através da oração (At 2.38, 39).

? Reflexão: O batismo no Espírito Santo é concedido pela graça de Deus ou por


méritos humanos?

VI – PROPÓSITOS DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO (1 Co 12.7)

1. Revestir de poder (At 1.8a). O termo que aparece aqui, em Atos 1:8, e que foi tradu-
zido por poder ou virtude é dunamis. Ele provém de um verbo grego que significa ser
capaz ou ter força (Lc 24.49). Jesus está dizendo que os crentes seriam envolvidos,
revestidos pelo poder de Deus. A experiência do batismo no Espírito Santo capacita
espiritualmente os discípulos de Cristo para a execução da obra e eficiente serviço a
6
Deus .

2. Capacitar para testemunhar de Cristo (At 1.6-8). Esse texto diz que recebemos
poder do alto. Mas poder para quê? Poder para tirar os olhos da especulação e direcio-
ná-los para a missão; para morrer por Cristo e ir além das fronteiras; para proclamar o
evangelho; para ser testemunha 7.

3. Passar pelas provações (Mt 3.11; 1 Pe 4.12-14). O fogo ao qual João Batista se refe-
re não é um terceiro batismo, mas sim a capacitação para resistir e superar as lutas e
provações decorrentes da pregação do evangelho. Isso é confirmado pelo apóstolo
Pedro.

4. Edificar pessoalmente (1 Co 14.4a). “Produz importantes resultados naqueles que


o recebem. Houve uma nítida mudança de atitude na vida dos discípulos, após recebê-
lo. Eles se encheram de alegria, entusiasmo e coragem para realizar a obra de Deus. Um
exemplo claro foi o apóstolo Pedro, que, antes, com medo, havia negado o Senhor;
agora, batizado no Espírito, pregava um sermão que levou quase três mil almas a se
entregarem a Jesus” 8.

? Reflexão: Quais os propósitos do Batismo no Espírito Santo?


BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
61

CONCLUSÃO
A busca do batismo no Espírito Santo é indispensável para o cristão também nos dias
de hoje, com o propósito de levar-nos a uma vida de santificação, comunhão e frutifica-
ção na igreja de Deus, como aconteceu com a igreja de Atos:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas ora-


ções. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos
apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as
suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha
necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em
casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e
contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a
dia, os que iam sendo salvos.” (At 2.42-47)

1. VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 865.


2. BROWN Collin; LOTHAR Coenen. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p.1507.
3. The Analytical Greek Lexicon. Londres: Samuel Bagster & Sons Ltda, 1971. p.80.
4. TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991. p.89.
5. RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1988. p.195.
6. BATISMO no Espírito Santo – Capacitação para Testemunhar. São Paulo: A Voz do Cenáculo, 2008.
7. Idem.
8. Idem.
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
62

Anotações
15 DONS ESPIRITUAIS
“A respeito dos dons Objetivo
espirituais, não quero, Conhecer os dons espirituais que se
irmãos, que sejais manifestam sobrenaturalmente na
ignorantes”. 1 Co 12.1. igreja e entender seu propósito .

Os dons “são capacidades espirituais concedidas com o propósito de edificar a Igreja


1
de Deus, por meio da instrução dos crentes e para ganhar novos convertidos” . Existem
vários tipos de dons dados por Deus. Todos esses dons são espirituais, pois, são prove-
nientes do Espírito Santo. A tabela abaixo os apresenta:

Rm 12.6-8 1 Co 12.8-10: 1 Co 12.28: 1 Pe 4.11:


profecia, palavra da sabedoria, apóstolo, todo aquele que fala,
serviço, palavra do conhecimento, profeta, todo aquele que serve.
ensino, fé, mestre,
encorajamento, dons de curar, milagres, Ef 4.11:
contribuição, milagres, variedades de curas, apóstolo,
liderança, profecia, socorros, profeta,
misericórdia. discernimento de espíritos, administração, evangelista,
variedade de línguas, línguas estranhas. pastor,
interpretação de línguas. mestre.

Alguns dons se manifestam de forma natural, outros de forma sobrenatural. Estudare-


mos somente os dons que se manifestam sobrenaturalmente.

I- CONHECENDO OS DONS
“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos ser-
viços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é
quem opera tudo em todos” (1 Co 12.4-6).

1. Palavra da sabedoria (1 Co 12.8; Lc 20.22-26). É o pronunciamento ou declaração


de sabedoria. “A Palavra de Sabedoria é um fragmento da sabedoria divina sobrenatu-
ralmente transmitida pelo Espírito Santo. Ele nos fornece a sabedoria imediata para
que saibamos o que dizer ou fazer numa dada situação” 2.

2. Palavra do conhecimento (1 Co 12.8; At 5.1-11). “É um pronunciamento ou decla-


3
ração de fatos, inspirado de um modo sobrenatural” . “Uma Palavra de Conhecimento
é um fragmento ou pequena parte do conhecimento de Deus que é dado a uma pes-
soa pelo Espírito Santo. Ela nos dá certos fatos e informações através da revelação
sobrenatural do Espírito Santo. Essas informações eram anteriormente desconhecidas
DONS ESPIRITUAIS
64

pela pessoa, e o conhecimento delas não poderia ter sido obtido de nenhuma forma
natural. Ele é transmitido sobrenaturalmente” 4.

3. Discernimento de espíritos (1 Co 12.10; At 16.16-18). Este dom concede capaci-


dade à pessoa para distinguir se é o Espírito de Deus que está atuando, ou o espírito
maligno, ou a própria pessoa. Através deste dom somos capacitados a discernir algu-
mas ações, ensinamentos incorretos e circunstâncias.

4. Fé (1 Co 12.9, At 3.1-10). É um poder extraordinário de confiança no Senhor, capaci-


tando para se valer dos recursos do poder divino. É um alto grau de fé, no poder e na
misericórdia, mediante a qual até mesmo os milagres podem ser operados.

5. Dons de curar (1 Co 12.9; At 9.32-35). Produz a cura de doenças e males físicos,


psicológicos e espirituais. Ocorre quando as pessoas são usadas por Deus de maneira
sobrenatural para dar saúde aos enfermos por meio da oração, em conformidade com
a vontade e soberania dEle.

6. Milagres (1 Co 12.10; At 5.12-16; 19.11,12). “Um milagre acontece quando Deus


intervém no curso normal da natureza. O dom de Operação de Milagres acontece quan-
do Deus nos capacita com poder pelo Espírito Santo a fazermos algo completamente
fora do campo das habilidades humanas. Ele nos dá isto numa ocasião específica para
um propósito especial. Todos os dons do Espírito são miraculosos, mas o uso da palavra
milagre, neste caso, se refere a atos de poder” 5. Outras palavras são usadas para desig-
nar esse dom: maravilhas, sinais, prodígios.

7. Profecia (1 Co 12.10). Falar claramente, anunciar. A profecia, geralmente falando, é


expressão vocal inspirada pelo Espírito Santo de Deus. Aspectos importantes relacio-
nados a esse dom:
a) Não contradirá a Bíblia Sagrada (Jo 16.13,14);
b) Sempre exaltará a Jesus Cristo (Jo 15.26);
c) Seu propósito é edificar, exortar, confortar, instruir, consolar (1 Co 14.3,4);
d) Se tiver um aspecto de predição, este virá a se cumprir. Este foi um princípio ensi-
nado desde o Antigo Testamento e que permanece até os dias de hoje (Dt 18.21,22;
At 11.27,28);
e) Não devemos consultar a pessoa que está sendo usada com esse dom, mas orar-
mos a Deus e esperarmos resposta que virá das várias maneiras que Ele desejar (Tg
1.5,17), pois, quando Deus quer falar, ninguém o impede (Is 43.10);
f) As profecias devem ser julgadas - conforme os princípios bíblicos acima citados -
(1 Co 14.29), mas não desprezadas (1 Ts 5.20).

8. Variedade de Línguas (1 Co 12.10; 14.2). O Dom de Línguas é a capacidade de falar


sobrenaturalmente em uma língua nunca aprendida por quem fala, sendo desconhe-
cida também aos ouvintes. Seu propósito: para a edificação pessoal (1 Co 14.4); tam-
DONS ESPIRITUAIS
65

bém serve como sinal, do batismo no Espírito Santo (Mc 16.17).

9. Interpretação de línguas (1 Co 12.10; 14.13,26). O propósito desse dom é tornar


compreensíveis as línguas estranhas, trazendo o pronunciamento de Deus para a edifi-
cação da igreja (1 Co 14.5).

II - O PROPÓSITO DOS DONS ESPIRITUAIS


“Os Dons Espirituais são dados para equipar a Igreja afim de que ela desenvolva seu
ministério até que Cristo volte” 6. São estes os propósitos dos Dons Espirituais:

1. Testemunhar da salvação (Hb 2.3,4). Esses dons “são dados por Deus para autenti-
car o ministério e a mensagem da igreja, o que exalta a pessoa de Cristo” 7.

2. Edificar (1 Co 14.12). Os dons espirituais na igreja promovem o crescimento, desen-


volvimento e fortalecimento do corpo de Cristo.

3. Confirmar a Palavra através dos sinais (Mc 16.17-18; Hb 2.4). “Esses dons mos-
tram a outros que Deus está conosco, contanto que sejam devidamente buscados e
usados. Atuam como confirmações da verdade do Evangelho, bem como dos grandes
8
fatos da vida e do ministério de Jesus, que agora continuam em nós” .

III- UTILIZANDO OS DONS ESPIRITUAIS

1. Exercite com amor (1 Co 13.1-3). Conforme o apóstolo Paulo, ou os dons são usa-
dos com amor, ou serão ineficazes para a Igreja.

2. Valorize todos os dons (1 Co 12.7-11). Todos os dons são importantes. Os coríntios


haviam-se inclinado demasiadamente para o dom de variedade de línguas. Paulo lem-
bra-lhes então que a interpretação e a profecia eram também necessárias para que o
povo pudesse ter conhecimento do que se estava dizendo.

3. Tenha domínio próprio (1 Co 14.32). No momento da manifestação do dom espiri-


tual a pessoa não perde seus sentidos, nem a sua consciência. Portanto, ela tem contro-
le de suas ações, palavras e pensamentos.

4. Submeta-se à correção (1 Co 14.37). A pessoa que está sendo usada com um dom
espiritual reconhece a autoridade e se submete à orientação bíblica.

5. Exercite-os ordenadamente (1 Co 14.26,40). No culto há lugar para a manifesta-


ção de todos os dons. Entretanto, precisamos compreender que tudo deve ser feito de
“maneira apropriada e em boa conduta” 9, respeitando cada momento na liturgia, sem
DONS ESPIRITUAIS
66

sem excessos, para que o alvo da edificação coletiva seja alcançado. Em 1 Co 14.28
aprendemos que podemos falar línguas estranhas desde que não interfira no anda-
mento do culto.

? Reflexão: Como utilizar os dons espirituais?

CONCLUSÃO
A maioria dos Dons Espirituais não depende do Batismo no Espírito Santo (Ex. de exce-
ções: Variedades de Línguas e Interpretação das Línguas). O Batismo no Espírito Santo
nos dá ousadia e poder para pregar o Evangelho. Os Dons Espirituais são manifesta-
ções sobrenaturais que edificam, equipam e aperfeiçoam a igreja, pelo Espírito Santo.
Portanto, busquemo-los com todo empenho.

“Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edifi-
cação da igreja.” (1 Co 14.12)

1. PEARLMAN, Myer; Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2001. p. 201.
2. O CAJADO do pastor. 2. ed. EUA: World Map, 2002. seção d1. p.19.
3. PEARLMAN, Myer; Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2001. p. 202.
4. O CAJADO do pastor. 2. ed. EUA: World Map, 2002. seção d1. p.18.
5. Idem. p.24.
6. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 861.
7. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 5. p. 491
8. Idem, v. 1. p.804
9. Idem, v. 4. p.234.
16 O DEUS TRIUNO
“E eu rogarei ao Pai, e ele Objetivo
vos dará outro Consolador, Levar-nos a compreender a
a fim de que esteja para existência de Deus na pessoa do
sempre convosco”. Jo 14.16 Pai, Filho e Espírito Santo.

A Triunidade Divina é a definição de que há um só Deus existindo nas pessoas do Pai,


Filho e Espírito Santo; portanto, da mesma essência, plenamente iguais em poder e
glória.

? Reflexão: Você já ouviu falar sobre Trindade Divina?

I- DEUS É TRÊS PESSOAS


“O fato de ser Deus três pessoas significa que o Pai não é o Filho; são pessoas distintas.
Significa também que o Pai não é o Espírito Santo, mas são pessoas distintas. E significa
que o Filho não é o Espírito Santo” 1. Essa verdade nos é apresentada tanto no Antigo
como no Novo Testamento:

1. A Triunidade no Antigo Testamento (Gn 1.1,26). Muito embora o ensino da Triuni-


dade não seja explicitamente mencionada no Antigo Testamento, sua origem pode ser
vista nos textos bíblicos. A expressão Deus nos textos acima, vem do hebraico Elohim
que literalmente quer dizer Deus plural, e às vezes se usa, em hebraico, acompanhada
de adjetivo plural e com verbo no plural. Todos os membros da Triunidade são mencio-
nados no Antigo Testamento:
a) o Pai (Is 63.16; Ml 2.10);
b) o Filho (Is 9.6);
c) o Espírito Santo (Gn 1.2; Is 61.1).

2. A Triunidade no Novo Testamento (Jo 14.16,17; 2 Co 13.13). O Novo Testamento


aprofunda o ensino da Triunidade. Cada pessoa é declarada Deus:
a) o Pai é Deus (Mt 6.8; Ef 4.6);
b) o Filho é Deus (Jo 1.1-4,14,18; Rm 9.5; Cl 2.8,9; Tt 2.13; 2 Pd 1.1);
c) o Espírito Santo é Deus (At 5.3,4; 2 Co 3.17,18).

? Reflexão: Podemos reconhecer a Triunidade tanto no Antigo como no Novo


Testamento?
O DEUS TRIUNO
68

II- CADA PESSOA DA DIVINDADE POSSUI OS MESMOS ATRIBUTOS


Os atributos divinos são manifestados igualmente nas pessoas da Triunidade:

Atributos Pai Filho Espírito Santo


1. Eternidade (Sl 90.2) (Cl 1.13-20) (Hb 9.14)
2. Onipresença (Jr 23.24) (Mt 18.20) (Sl 139.7)
3. Onisciência (Jr 17.10) (Mc 2.8) (1 Co 2.10,11)
4. Onipotência (Mt 19.26) (Mt 28.18) (Rm 15.19)
5. Santidade (1 Pd 1.16) (At 3.14) (Lc 12.12)
6. Amor (1 Jo 4.8,16) (Ef 3.19) (Rm 15.30)
7. Verdade (Jo 7.28) (Ap 3.7) (1 Jo 5.6)

? Reflexão: Diante dos textos estudados, podemos afirmar que as três pessoas da
triunidade possuem os mesmos atributos?

III – UM SÓ DEUS
“Deus é único, e não há ninguém como Ele, nem pode haver ninguém como Ele... Quan-
do Deus fala, repetidamente deixa claro que Ele é o único Deus verdadeiro” 2. Quando o
Pai fala, Deus fala; quando o Filho fala, Deus fala; quando o Espírito Santo fala, Deus fala.
Não há competição nem hierarquia entre Eles.

1. A Bíblia afirma que há um só Deus (Dt 6.4; Mc 12.29). O texto de Deuteronômio


afirma que o Deus plural é o único Deus (Êx 20.3; Dt 4.35,39). É preciso distinguir entre
duas qualidades de unidade: unidade absoluta e unidade composta. Por exemplo: A
expressão um homem traz a idéia de unidade absoluta, porque se refere a uma só pes-
soa. Mas quando lemos que o homem e a mulher serão “uma só carne”, essa é a unidade
composta, visto que se refere à união de duas pessoas (Gn 2.24). A figura abaixo repre-
senta essa afirmação:

Filho

DEUS

Pai Espírito
Santo
O DEUS TRIUNO
69

2. A unidade composta não desfaz a sua individualidade (Mt 3.16,17). O Pai, o


Filho e o Espírito Santo são constantemente citados como pessoas separadas, com
ações específicas realizadas por cada uma. Porém, as três cooperam unidas em um
mesmo propósito, como por exemplo, no momento do batismo de Jesus.

DEUS

PAI
FILHO
Esse gráfico mostra que há
três pessoas divinas distintas
ESPÍRITO (Pai, Filho e Espírito Santo),
SANTO porém o ser de cada pessoa é
igual ao ser integral de Deus.

CONCLUSÃO
Chegamos à conclusão de que Deus é único, existindo na pessoa do Pai, Filho e Espírito
Santo. Crê você assim?

1. GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.169.
2. Idem, p.174.
O DEUS TRIUNO
70

Anotações
A IMPORTÂNCIA
17 DA IGREJA
“Também eu te digo que tu Objetivo
és Pedro, e sobre esta pedra Compreender que uma vida com
edificarei a minha igreja, e Jesus resulta em comunhão com a
as portas do inferno não Igreja, o Corpo de Cristo.
prevalecerão contra ela”.
(Mt 16.18)

No Novo Testamento, a palavra igreja é uma tradução da palavra grega ekklesia, que
nunca se refere a um lugar de adoração, mas tem em vista uma reunião de pessoas. Na
1
maioria esmagadora dos casos, ekklesia indica uma associação local de crentes . Signi-
fica também o grupo daqueles que foram chamados para fora, ou seja, chamados do
mundo de trevas para a comunhão com o Senhor.

? Reflexão: O que você entende por igreja?

I- A ORIGEM DA IGREJA.

1. O fundamento é Jesus Cristo (Mt 16.16-18; 1 Co 3.10,11). A expressão “sobre esta


pedra edificarei a minha igreja” não estava se referindo a Pedro, mas ao próprio Jesus
Cristo, visto que Pedro havia afirmado antes que o Cristo era o filho do Deus vivo. Dessa
forma, pode-se observar claramente que o fundamento da igreja é divino e não huma-
no. Por isso “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. “Jesus indica que a morte,
2
em si, não pode destruir a igreja nem impedi-la de seguir em frente” .

2. Está em processo de edificação (Ef 2.19-22). A igreja está em crescimento contí-


nuo, firmada no propósito divino de levar todos os que reconhecem Jesus Cristo como
Senhor, a se parecerem com Ele.

? Reflexão: Que identificação há entre Cristo e a Igreja?

II- CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DE CRISTO

1. Cristo o cabeça do corpo (Ef 1.21-23). Reconhecemos Cristo como o Senhor da


igreja, sendo Ele o dirigente supremo do Seu corpo que é a igreja.

2. Proclamação de Cristo como Salvador e Senhor (Mc 16.15). A igreja tem como
função principal proclamar a salvação por Jesus Cristo. É dever dos membros anunciar
A IMPORTÂNCIA DA IGREJA
72

o evangelho a todos os povos.

3. Membros vivendo em comunhão e amor (Jo 13.34,35). O amor é o sinal distintivo


da Igreja. Sendo assim, aprendemos que existe amor mutuo entre Cristo e a igreja.
Cada membro deve demonstrar esse amor indistintamente a seu próximo.

4. A Bíblia como única regra de fé (Jo 17.17; At 17.11; 2 Pe 1.19-21). A igreja Cristã é
totalmente submissa à palavra de Deus. A Bíblia é a única autoridade e norma de con-
duta da Igreja de Jesus Cristo. Dessa forma, ela consiste num referencial de verdade, de
consulta e de direção através da ação do Espírito Santo.

5. Observância dos mandamentos de Deus (Jo 15.10; Ap 14.12). Deus revela, nes-
tas passagens, que aqueles que fazem parte de Sua Igreja guardam os seus manda-
mentos (Jo 14.15).

? Reflexão: Você pode descrever as características principais da igreja Cristã?

III - A COMPOSIÇÃO DA IGREJA


A palavra ekklesia foi aplicada ao povo de Israel que foi chamado para fora do Egito,
sendo chamados de “congregação de Israel” (At 7.38). Semelhantemente, Deus nos
chama em Cristo para fora do poder do pecado.

1. É um grupo de comunhão (At 2.41-44; Rm 12.10). A palavra comunhão vem do


3
grego koinonia e significa: parceria, companheirismo, participação, fraternidade .
Estas características descrevem bem o modelo de relacionamento que deve existir
entre os cristãos.

2. É o corpo de Cristo (Rm 12.4,5; 1 Co 12.12-27). O corpo humano é formado por


várias partes, a saber: cabeça, tronco e membros. Mas nenhuma dessas partes possui
vida própria ou independente uma da outra. Todas trabalham juntas. Assim acontece
na igreja. Existem muitos e diferentes membros, mas todos trabalham juntos, sob a
liderança do Espírito Santo.

3. É templo espiritual (1 Pe 2.5,9). A igreja não é o prédio em que nos reunimos para
adorar a Deus (este serve apenas de abrigo). O templo dos judeus, no Antigo Testamen-
to, foi construído com elementos materiais como: pedra, madeira, metais e tecidos etc.
Mas a igreja, o templo de Deus, é espiritual, formada por homens e mulheres que foram
regenerados pelo Espírito Santo.

? Reflexão: O que diferencia a igreja do mundo secular?


A IMPORTÂNCIA DA IGREJA
73

IV- A IMPORTÂNCIA DE PERTENCER A IGREJA

1. Um membro não tem vida independente (1 Co 12.12; Hb 10.25). O corpo de Cris-


to é formado de muitos membros, que embora diferentes em vários aspectos, assim
mesmo fazem parte de um único corpo. Não há como viver de modo independente do
corpo, assim como não é possível um membro do corpo humano, uma vez amputado,
ter vida em si mesmo.

2. Se ligar a Deus (Mt 18.18). Não há como viver o cristianismo sem comunhão com
Cristo e o Seu corpo. A igreja possui os meios da graça para que haja crescimento espiri-
tual e comunhão com Deus. O Cristão necessita estar ligado à igreja para estar ligado a
Deus.

3. Pertencer à família de Deus (Gl 3.26-28). Através do batismo confirmamos nossa


fé e nos tornamos membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja.

? Reflexão: É importante pertencer à Igreja?

CONCLUSÃO
Através da igreja somos encorajados, instruídos e compartilhamos uns com os outros,
a fim de que cada um seja ajudado em seu progresso na vida cristã.

“E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher,
ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a
vida eterna”. (Mt 19.29)

1. PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F; REA John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 949.
2. BÍBLIA. Português. A Bíblia da Mulher. Versão Revista e Atualizada. Organizada por Dorothy Kelley Patterson. São Paulo:
Mundo Cristão, 2003. p. 1185.
3. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. v. 1. p.
379 - 380.
A IMPORTÂNCIA DA IGREJA
74

Anotações
18 A CEIA DO SENHOR
“Porque, todas as vezes que comer- Objetivo
des este pão e beberdes o cálice, Mostrar a importância de participar
anunciais a morte do Senhor, até da comunhão com Deus e a igreja
que ele venha.” (1 Co 11.26) através da Ceia do Senhor.

A Bíblia apresenta a Ceia como um memorial da morte de Cristo. Os homens constro-


em seus memoriais com os materiais mais duráveis possíveis. Cristo, por outro lado,
escolheu materiais frágeis e perecíveis para servir como memorial: pão e vinho. Isto
significa que Jesus não esperava que Seu monumento durasse devido à substância da
qual foi feito. Muito mais do que isso, Ele sabia que a permanência de Seu memorial
dependeria do amor de Deus no coração do Seu povo.

I- ENTENDENDO A CEIA DO SENHOR


A Ceia do Senhor nos apresenta Jesus: no passado morrendo por nós, no presente
vivendo em nós, e no futuro voltando para nós (Hb 13.8).

1. Substituição da Páscoa (Ex 12.1-14; 1 Co 5.7). A Páscoa era uma festa cerimonial
que comemorava a “libertação da escravidão do Egito, assim chamada porque o
1
Senhor passou sobre a casa dos hebreus, onde a porta estava pintada com sangue” .
Seus elementos: cordeiro, pães asmos (sem fermento) e ervas amargas. Todos eles
apontavam para o sacrifício de Jesus (Jo 1.29). “Foi em conexão com a refeição pascal
2
que Jesus instituiu a Santa Ceia” (Lc 22.7-15). Hoje Cristo é nossa Páscoa, por isso não
devemos mais comemorá-la.

2. Um memorial da morte de Cristo (Lc 22.19,20; 1 Co 11.24,25). A Ceia do Senhor


simboliza a morte de Jesus Cristo na cruz. Quando celebrada, a Igreja traz à memória o
fato de Cristo ter morrido para salvar a humanidade. A Ceia do Senhor proclama que o
homem é redimido e recebe perdão dos pecados pelo sangue de Cristo (Ef 1.7).

3. A proclamação da vinda de Cristo (1 Co 11.26). Quando participamos da Ceia do


Senhor, “proclamamos a morte do Senhor até que ele venha”. A Mesa do Senhor volta à
memória do calvário onde nossa salvação se tornou possível. Também aponta para o
dia em que Cristo voltará e nossa salvação será completamente realizada.

? Reflexão: O que é a Ceia do Senhor?


A CEIA DO SENHOR
76

II- COMPOSIÇÃO DA CEIA DO SENHOR

1. O Lava-pés (Jo 13.1-17). Este ato instituído por Jesus Cristo é símbolo de igualdade
e humildade entre os irmãos. Na igreja não pode existir competitividade, pois em Cris-
to somos todos iguais. Alguns princípios ensinados:
· a amar: “amou-os até ao fim” (v.1);
· a despojar: “tirou as vestes”(v.4);
· a servir: “tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a
lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.”
(v.4,5);
· a ter comunhão com Ele: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo” (v.8);
· a obedecer: “vós deveis também lavar os pés uns aos outros.” (v.14);
· à igualdade com os irmãos: “Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo
maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.” (v.16).

Quem pratica esses ensinamentos, segundo as palavras de Jesus, é uma pessoa feliz
(v.17).

2. Pão e Vinho (1 Co 11.23-25). O ato do pão e vinho nos comunica a simplicidade da


cerimônia, pois estes elementos representam o próprio Cristo, que embora sendo
Senhor e Rei não implantou nenhuma ostentação em Seu memorial:
· O pão que Jesus usou na Ceia do Senhor era um pão sem fermento, da Festa da
Páscoa (Êx 12.18-19). Um dos símbolos do fermento é o pecado (1 Co 5.6-8). Como
o pão representa o corpo de Cristo (Jo 6.51), e nEle não houve pecado (Hb 4.15),
entendemos que o pão asmo (sem fermento) representa a pureza de Cristo.
· O vinho, ou o “fruto da vide”, sem mistura, representa o sangue de nosso Salvador
vertido na cruz, no momento de seu sacrifício. Esses elementos são apenas
símbolos de Sua morte.

? Reflexão: Quais princípios podemos observar nas cerimônias da Ceia?

III- QUEM DEVE PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR?


Quando Jesus instituiu a Ceia do Senhor, ele não especificou o tempo ou a freqüência
da observância, mas simplesmente disse: “Fazei isto em memória de mim”. Porém quan-
to à participação da mesma existem certos princípios que devem ser observados:

1. Quem é membro do corpo de Cristo (1 Co 10.16,17). A Ceia do Senhor é ministra-


da somente para aqueles que fazem parte da igreja, “do corpo de Cristo”, através do
batismo nas águas (Ef 4.4-6).

2. Quem faz um exame pessoal (1 Co 11.27-28). Os cristãos devem realizar um


exame de sua vida interior; uma verificação íntima de sua vida com o Senhor. Cada um
A CEIA DO SENHOR
77

que participa da Ceia do Senhor deve examinar-se para estar certo de que participará
de maneira correta, discernindo o verdadeiro significado do sacrifício de Cristo. Após
esse exame o crente pode tomar parte dela.

3. Quem discerne corretamente (1 Co 11.29,30). A palavra indignamente é freqüen-


temente mal entendida. Ela não descreve a dignidade da pessoa, já que ninguém é
verdadeiramente digno de comunhão com Cristo. Esta palavra descreve o modo de
participar. A pessoa que não leva a sério esta cerimônia está menosprezando o sacrifí-
cio de Cristo e está se condenando por não discernir o corpo do Senhor. Por esta razão,
devemos ser muito cuidadosos cada vez que participarmos da Ceia do Senhor.

? Reflexão: Quais cuidados devemos ter ao participarmos da Ceia do Senhor?

CONCLUSÃO
A Ceia do Senhor é a principal celebração da igreja cristã, onde todos os membros
devem participar ativamente.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei
no último Dia.” (Jo 6.54)

1. BÍBLIA. Português. A Bíblia da Mulher. Versão Revista e Atualizada. Organizada por Dorothy Kelley Patterson. São Paulo:
Mundo Cristão, 2003. p.175.
2. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p.595.
A CEIA DO SENHOR
78

Anotações
19 DÍZIMOS E OFERTAS
“Honra ao Senhor com os Objetivo
teus bens e com as primí- Levar o estudante a compreender
cias de toda a tua renda” que Deus é o dono de todas as
(Pv 3.9) coisas e que a fidelidade nos dízi-
mos e nas ofertas é um ato de obe-
diência a Ele.

O Senhor deu tudo o que é necessário para nossa provisão. Nós mesmos decidimos o
que fazer com essas dádivas. Para tomarmos a decisão correta, precisamos reconhecer
que o que temos e somos provém de Deus (Sl 24.1,2), nos submetendo à Sua Palavra.

? Reflexão: O que você entende sobre dízimos e ofertas?

I – TUDO PERTENCE AO SENHOR

1. Prata e ouro (Ag 2.8). Sendo material de valor, a prata e o ouro representavam a
riqueza da época. No tempo de Ageu os recursos eram limitados, mas Deus promete
suprir todas as necessidades, declarando que todas as riquezas lhe pertencem 1.

2. Toda a terra e pessoas (Sl 24.1). A Deus pertence toda a terra. Ele alegremente con-
cede ao homem o privilégio de habitar e usufruir dela, pois até desses habitantes, Ele é
dono (Jó 41.11).

? Reflexão: O que possuímos, a quem pertence?

II – O QUE É DÍZIMO E OFERTA

1. Dízimo (Lv 27.30). É a décima parte das rendas consagradas ao Senhor. No Antigo
Testamento, o termo hebraico mais freqüente é maaser, e no Novo Testamento é o
2
termo grego dekatóo. Ambos significam a décima parte .

2. Oferta (Ex 35.4,5). É presentear voluntariamente ao Senhor. Neste texto há quatro


aspectos destacados por Deus:
· “do que tendes” - conforme as possibilidades do ofertante;
·“cada um” - a oferta deveria ser individual;
· “de coração disposto” - isto é, a oferta resume a entrega do ofertante, a pessoa na
sua totalidade: entendimento, emoção e vontade;
· “voluntariamente a trará” - indica que a oferta seria espontânea, não derivada de
coação.
DÍZIMOS E OFERTAS
80

III – É UM MANDAMENTO DE DEUS

1. “Trazei” (Ml 3.10a). É uma ordem divina que depende de uma disposição pessoal
em levar (devolver) a décima parte de sua renda à Casa do Tesouro (igreja).

2. “Dai” (Mt 22.20,21). “O cristão possui dupla cidadania e, como tal, paga o que é
devido ao seu governo, o tributo, e entrega a Deus o que lhe pertence, o dízimo” e tam-
bém a oferta. “Jesus, pois, reprova qualquer sonegação: a do imposto, que é do Estado,
e a do dízimo, que é de Deus” 2.

3. “Fazei” (Mt 23.23). Jesus reafirma este mandamento dado por Deus quando diz:
“devíeis, porém, fazer estas coisas” (justiça, misericórdia e fé) “sem omitir aquelas” (dízi-
mo das hortaliças); ou seja, para Ele, o dízimo continua sendo um mandamento a ser
obedecido no Novo Testamento.

? Reflexão: Qual o posicionamento de Jesus Cristo quanto aos dízimos e ofertas?

IV – PROPÓSITOS DO DÍZIMO E OFERTA

1. Adoração (Gn 14.17-20; 1 Cr 29.10-14). Após Abrão vencer a cinco reis, devolveu o
dízimo de tudo ao sacerdote Melquisedeque, em adoração a Deus, sendo a primeira
vez que o nome Deus Altíssimo foi invocado. Davi entendeu que tudo o que ofertamos
vem das próprias mãos de Deus. Com estes exemplos aprendemos que quando dizi-
mamos e ofertamos, também adoramos a Deus.

2. Manutenção e Evangelização (Ml 3.10b; 1 Co 9.7-14; 2 Co 8.1-3). São destinados


à manutenção da Casa de Deus e do ministério daqueles que o servem. Desde que a
missão principal da igreja é espiritual, não é surpresa que as igrejas do Novo Testamen-
to usassem o dízimo e as ofertas para proclamar o evangelho, sustentando financeira-
mente homens que pregavam o evangelho, e presbíteros que serviam em tempo inte-
gral nas igrejas locais (1 Tm 5.17-18).

? Reflexão: Quais as finalidades dos dízimos e das ofertas?

V – EXPLICANDO AGEU E MALAQUIAS


“Um século depois do ministério de Ageu, o profeta Malaquias acusou o povo de rou-
bar de Deus os dízimos e ofertas e, assim, de privar-se das respectivas bênçãos, e suas
palavras precisam ser ouvidas hoje em dia” 4.

1. Sinais da Negligência:
· Descaso com a Casa de Deus (Ag 1.3-6). Após o exílio babilônico, o povo é encora-
DÍZIMOS E OFERTAS
81

jado a reconstruir o templo. Começaram a construção, lançando a pedra funda-


mental (Ed 3.10-13), mas pararam logo. Preferiram edificar suas “casas terminadas
ou no luxo, enquanto a Casa do Senhor estava em ruínas” 5, negligenciando o Tem-
plo e sofrendo as maldições.

· Perda da Comunhão com Deus (Ml 3.7,8). O povo havia abandonado aos manda-
mentos determinados pelo Senhor, e por conseqüências tinham se afastado da
comunhão com Ele, a ponto de desprezarem a fidelidade nos dízimos e nas ofertas.

· Maldição (Ag 1.6,9-11; Ml 3.9,11). A desobediência à entrega dos dízimos e ofer-


tas colocou o povo sob a punição de Deus (maldição), manifestada através de gafa-
nhotos devoradores que atacavam suas plantações. Algumas calamidades também
aconteceram na época de Ageu.

2. Solução apresentada por Deus:


· Viver a fidelidade (Ag 1.7,8; Ml 3.10). Deus convoca o povo a tomar a atitude de
priorizar e obedecer, sem necessidade de colocar Deus à prova; pois quem vive com
fidelidade já desfruta das bênçãos prometidas (Dt 28.1-8).

3. Resultado da Mudança:
· Liberalidade de Deus (Ag 2.6-9,18,19). Deus é dono de todas as riquezas e por
isso tem poder para retê-las ou liberá-las. A fidelidade nos dízimos e ofertas leva-
nos a provar a liberalidade das bênçãos divinas.

· Cuidado de Deus (Ml 3.11,12). Deus promete cuidar do fiel, livrando-o de Sua puni-
ção e dando-lhe o bem-estar.

? Reflexão: Quais os resultados da fidelidade na vida dos dizimistas e ofertantes?

CONCLUSÃO
“Quando colocamos Deus em primeiro lugar e lhe damos o que é de direito, abrimos a
porta para o enriquecimento espiritual e para o tipo de mordomia que honra o Senhor” 6.
Porém isso não nos livra de passarmos por dificuldades e aflições neste mundo.

1. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Central Gospel. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006.
v. 4. p. 548.
2. DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo: Hagnos, 2005. p.357.
3. FIGUEIREDO, Onésimo. Cristo e Mamom. Revista Educação Cristã - Dinheiro para a Igreja. Santa Bárbara D`Oeste, v. 4. p. 08.
4. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 4. p. 542.
5. BÍBLIA. Português. A Bíblia da Mulher. Almeida Revista e Atualizada. Mundo Cristão. São Paulo: Mundo Cristão, 2003. p.
1129.
6. Idem.
DÍZIMOS E OFERTAS
82

Anotações
FAMÍLIA:
20 INSTITUIÇÃO DIVINA
“Por isso, deixa o homem Objetivo
pai e mãe e se une à sua Demonstrar que a família é uma
mulher, tornando-se os dois instituição divina, criada com o
uma só carne.” (Gn 2.24) propósito de ser bênção para a
humanidade e glorificar a Deus.

“A família é a instituição mais singular e admirável do mundo. É impossível existir socie-


dade justa e igrejas fortes sem famílias estruturadas, pois a família é a base de tudo: se
ela estiver bem, a sociedade e a igreja também estará bem” 1.

I – A ORIGEM DA FAMÍLIA

1. Idéia de Deus (Gn 2.18). “não é bom que o homem esteja só”... “Deus sabia do que
Adão precisava: de 'uma auxiliadora que lhe [fosse] idônea' (v.18). Não havia ninguém
assim dentre os animais, de modo que Deus criou a primeira mulher e apresentou-a ao
homem como sua esposa, companheira e auxiliadora. Ela foi o presente especial de
2
amor que Deus deu a Adão (Gn 3.12)” .

2. Começa no casamento (Gn 2.24). “O alvo do Criador era a construção de um lar.


Sabemos que o casamento é o único meio legítimo de se construir um lar. É o alicerce
3
de uma família estruturada” .

3. O que é casamento? “No conceito bíblico, casamento é a união de duas pessoas de


sexos diferentes, que se comprometem, diante da lei, a viverem juntas, uma para a
outra, na condição de marido e mulher, até que a morte os separem. Em Gn 2.24,
descobrimos que o casamento idealizado por Deus é heterossexual, monogâmico,
exclusivo, indissolúvel, público e físico” 4. “Não importa o que os tribunais decretem ou a
sociedade permita; quando se trata do casamento, Deus tem a primeira e terá a última
palavra” 5.

? Reflexão: Você concorda que Deus seja o idealizador da família? No conceito


bíblico, como ela começa?

II – A ESTRUTURA DA FAMÍLIA
O Criador estabeleceu a estrutura da família através dos principais papéis:

1. Marido (Ef 5.23,25; 1 Pe 3.7). Foi estabelecido por Deus com autoridade de liderar a
FAMÍLIA: INSTITUIÇÃO DIVINA
84

família. Como cabeça, o seu modelo de liderança não pode ser por imposição, mas
tendo Cristo como exemplo, amando, provendo e guiando; tendo consideração para
com a fragilidade e delicadeza da mulher. Isto indica que os maridos devem viver uma
vida de parceria e bom senso. A maneira como os maridos tratam as mulheres tem
influência na vida espiritual, pois se maltratarem suas esposas, suas orações serão
interrompidas.

2. Mulher (Ef 5.22,24; 1 Pe 3.1,2). A esposa cristã deve ser submissa ao seu marido.
Isso significa a aceitação de posição, ou função que Deus estabeleceu. A mulher deve
conviver com o marido com temor respeitoso. Isso é possível se sua vida for caracteri-
zada por reverência, pureza e temor a Cristo. Deve, através de seu testemunho de vida,
influenciar positivamente seu marido que não foi alcançado pelo evangelho, a fim de
ganhá-lo para Cristo.

3. Filhos (Ex 20.12; Ef 6.1-4). Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3). O mandamen-
to os ensina a honrar pai e mãe; “Honrar traduz o vocábulo kabod e significa dar peso,
dar importância, dar significado, valorizar, venerar, ter apreço, prestigiar. Isso implica
em consultar nossos pais, pedir a orientação deles e obedecer-lhes (desde que a
vontade de Deus seja priorizada). Além de atenção às suas ordens, desejos e conselhos,
os pais também merecem que seus filhos lhes deem comunhão, conforto, orientação e
6
o cuidado especial em momentos de necessidade” . Em contrapartida os pais devem
tratá-los com amor e respeito, disciplinando-os e instruindo-os no caminho do Senhor.

? Reflexão: Quais papéis devem ser desempenhados dentro da estrutura familiar?

III – ALGUNS PROPÓSITOS DE DEUS PARA A FAMÍLIA (Sl 128)

1. Adorar a Deus (vs.1,4). “... teme ao Senhor...”. Deus é o alicerce da família. Ela deve
proporcionar ambiente de adoração, ensinando seus membros a amar e servir a Deus
(Js 24.15).

2. Realização (v.2). “... feliz serás, e tudo te irá bem”. Deus suprirá todas as necessidades
daquele que o teme. Podemos ser felizes, como família, independente das circunstân-
cias. A casa na rocha também enfrenta ventos (Mt 7.24,25).

3. Comunhão (v.3). “... à roda de tua mesa.” Deus criou o homem para viver em socieda-
de e se alegra com a comunhão familiar. A família é o modelo ideal para as pessoas
viverem em união (Ec 4.9-12).

4. Referência social (v.5, 6b). “prosperidade de Jerusalém...”. Prosperidade é desfrutar


da bondade de Deus. A família que vive debaixo dos princípios bíblicos promove
transformação, sendo modelo para a sociedade (At 2.46,47).
FAMÍLIA: INSTITUIÇÃO DIVINA
85

5. Continuidade da humanidade (v.6a). “... filhos de teus filhos...”. Deus, em sua sobera-
nia, tem o propósito de abençoar a família, dar vida longa ao que o teme, para contem-
plar sua futura geração (Gn 1.28).

CONCLUSÃO
A família bem ordenada se torna uma fortaleza contra a onda de vícios e imoralidade
que invadem o mundo; porque o coração da sociedade, da igreja e da nação é o lar.
Portanto, a felicidade da sociedade, a prosperidade da nação e a sustentação da Igreja
dependem de boas famílias.

“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...” (Sl 127.1a)

1. O que cremos – Nossas crenças ponto a ponto. Lições Bíblicas – Revistas para Estudos nas Escolas Bíblicas. São Paulo, n.
293, p. 82, 4º. Trimestre de 2010.
2. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo AT. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006.v. 1. p. 25.
3. O que cremos – Nossas crenças ponto a ponto. Lições Bíblicas – Revistas para Estudos nas Escolas Bíblicas. São Paulo, n.
293, p. 83, 4º. Trimestre de 2010.
4. Idem.
5. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo AT. Central Gospel. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 1. p. 25.
6. REIFLER , Hans Ulrich . A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992. p. 98.
FAMÍLIA: INSTITUIÇÃO DIVINA
86

Anotações
21 A LEI E A GRAÇA
“Porque pela graça sois salvos, median- Objetivo
te a fé; e isto não vem de vós, é dom de Compreender que somos salvos
Deus; não de obras, para que ninguém pelo favor imerecido de Deus, que
se glorie. Pois somos feitura dele, cria- nos capacita a obedecer à Sua
dos em Cristo Jesus para boas obras, as vontade revelada nas Escrituras
quais Deus de antemão preparou para Sagradas.
que andássemos nelas”. (Ef 2.8-10)

Somos salvos pela Sua graça, personificada na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Ele mais
do que humanizar-se, viveu de forma perfeita, derramou Seu sangue na cruz em nosso
lugar e ressuscitou ao terceiro dia, tornando-se a única fonte de salvação (Jo 14.6; At
4.12). Deus planejou nos salvar, providenciou todos os meios e aplicou a salvação em
nossas vidas. Tudo isso, sempre unilateralmente da parte dEle para conosco, sem qual-
quer merecimento nosso. Somos salvos somente pelo Seu Dom Imerecido: Sua mara-
vilhosa graça.

I – O QUE É A GRAÇA DIVINA?

Graça é a doação da própria vida de Cristo na cruz, em nosso favor, sem merecermos.

1. Favor imerecido (Rm 3.24; 2 Co 8.9). A palavra graça significa “favor não merecido,
mas livremente outorgado; contrário ao merecimento humano” 1. “Graça não é tratar a
pessoa como ela merece, nem tratá-la melhor do que merece. É tratá-la graciosamente
sem a mínima referência a seus méritos. Graça é amor infinito expressando-se em bon-
dade infinita” 2.

2. Considerações sobre a graça:


a) Único meio de salvação do homem (Ef 2.8-10);
b) Por ela os salvos são justificados (Rm 3.24);
c) Governa todo o trabalho cristão (1 Co 15.10);
d) Devemos e podemos crescer nela (2 Pe 3.18);
e) Supera a ação do pecado (Rm 5.20);
f) A graça basta para superarmos as dificuldades da vida (2 Co 12.9);
g) O meio de fortalecimento cristão (2 Tm 2.1);
h) A Bíblia começa descrevendo que o homem merecia a morte, porém a graça de
Deus se manifestou no Éden concedendo oportunidade de recomeçar. Digno de
nota é que ela encerra com uma afirmação de derramamento de graça a todos. (Gn
3; Ap 22.21).
A LEI E A GRAÇA
88

? Reflexão: O que entendemos por graça divina?

II – O QUE É A LEI?

1. Sua definição (Rm 2.18). Lei é a “vontade de Deus revelada aos seres humanos em
palavras, julgamentos, preceitos, atos, etc” 3. O termo grego para lei é nomos; significa
4
“uma lei ou regra que produz um estado aprovado por Deus pela observância” daqui-
lo que Ele aprova.

2. Seus propósitos:
a) Mostrar o pecado (Rm 3.20; 7.7). “A lei desvenda diretamente aquilo que está
torto, tal como um espelho nos mostra nosso rosto natural, com todas as suas man-
chas e deformações; assim também não há maneira de chegarmos àquele conheci-
mento do pecado que é necessário para o arrependimento, e, conseqüentemente,
para a paz e o perdão, senão, comparando a nossa vida e nosso coração com a lei” 5.

b) Conduzir a Cristo (Rm 10.4). “A função da lei moral de Deus é ser um apelo à con-
6
versão, ou seja, revelar os pecados do homem e levá-lo a Cristo” .

c) Referência para santificação pessoal (Sl 119.11;Rm 6.22). “O uso da lei para os
renascidos pode ser comparado a uma regra. A principal função é orientar os cris-
tãos em sua conduta moral. A lei não foi eliminada, pelo contrário, foi consolidada
7
para o Cristão” .

? Reflexão: Quais os principais propósitos da lei?

III – LEI E GRAÇA ANDAM JUNTAS


A Graça de Deus não é autorização para pecar, mas sim, a única possibilidade para obe-
decer aos Seus Mandamentos (Rm 3.31; 6.1,2). Os Dez Mandamentos (Ex 20.1,2) come-
çam com a manifestação da maravilhosa graça de Deus:

“Então falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra
do Egito, da casa da servidão”.

Observe que antes de Deus mencionar os Mandamentos, afirma: “Eu te tirei do Egito, da
casa da servidão”. Isto é manifestação clara da Graça de Deus. Aliás, o primeiro passo e
todos os meios de aplicação da graça sempre são da parte do Senhor.

? Reflexão: Qual a importância da lei e da graça divina na vida cristã?


A LEI E A GRAÇA
89

IV- DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DA LEI


Estar debaixo da graça significa que todos receberam o favor imerecido de Deus,
porém, tal fato não nos isenta de obedecer a Lei.

1. Debaixo da lei (Rm 6.14 a). É evidente que todos os homens estão debaixo da lei de
Deus, debaixo de Sua jurisdição e domínio, uma vez que tudo pertence a Deus. Logo a
frase “não estais debaixo da lei” deve significar “não debaixo da condenação da lei” já que
a pessoa está em Cristo (Rm 8.1).

2. Debaixo da graça (Rm 6.14 b). Uma vez que a graça é definida como favor imereci-
do, misericórdia, perdão, o estar “debaixo da graça” é estar sob o favor de Deus, sob Sua
misericórdia, sob Seu perdão. A graça nos conduz à liberdade e a lei não nos permite
viver a libertinagem.

? Reflexão: Explique como obedecer à lei por meio da graça divina.

CONCLUSÃO
A Bíblia referencia em todos os episódios históricos, Deus amando, buscando, prepa-
rando todos os meios de salvação e mostrando uma direção a seguir. Deus espera que
vivamos o que está em Tito 2.11-14.

“Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.”
(Rm 3.31)

1. TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991. p. 242.
2. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2009. p.234.
3. BÍBLIA. Português. Bíblia de Almeida. Tradução João Ferreira de Almeida. 2. ed. Sistema de Biblioteca Digital Libronix. CD-
Rom.
4. Idem.
5. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 3. p.689.
6. REIFLER, Hans Ulrich . A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.26.
7. Idem, p. 27.
A LEI E A GRAÇA
90

Anotações
A DIVERSIDADE
22 DAS LEIS
“Pois tudo quanto, outrora, foi Objetivo
escrito para o nosso ensino foi Levar o estudante à compreensão
escrito, a fim de que, pela paciência das leis bíblicas e dos seus
e pela consolação das Escrituras, propósitos.
tenhamos esperança”. (Rm 15.4)

A lei veio para proporcionar condições de vida adequadas para o bom relacionamento
do povo com o próximo e especialmente com Deus.

I- ALGUMAS LEIS DO ANTIGO TESTAMENTO NÃO APLICÁVEIS HOJE


Estas leis tinham finalidade exclusiva de orientar o povo de Israel no Antigo Testamen-
to em suas atividades, mas não são portanto, aplicáveis para os nossos dias.

1. Penal (Ex 21.12-17). O aspecto dessa lei abrangia os preceitos dados a Israel para o
governo do seu estado civil.

2. Acerca da Propriedade (Ex 22.1-17). Estas leis regulamentavam os procedimentos


de restituição àquele que foi vítima em algum dano em sua propriedade.

3. Familiar. A instituição familiar tinha grande peso na vida do povo de Israel. Por isso
havia leis que regulamentavam, por exemplo, o direito da primogenitura (Dt 21.15-17),
o castigo aos filhos rebeldes (Dt 21.18-21), além da castidade e do casamento (Dt
22.13-30).

4. Circuncisão (Gn 17.10-14). Foi uma aliança passageira feita entre Deus e o povo de
Israel, desde Abraão.

5. Cerimonial (Hb 9.1-14). Diversas leis, que tratavam do ritual de culto, abrangiam os
vários sacrifícios e ritos cerimoniais que serviram como figuras ou tipos que aponta-
vam para o Redentor vindouro (Lv 1-7).

6. Festas Sabáticas (Lv 23.4-44; Lv 25.8-10; Cl 2.16,17). Essas festas eram feriados
nacionais para Israel, que caíam em qualquer dia da semana, e tinham uma finalidade:
eram “sombras das coisas que haviam de vir”, ou seja, foram importantes para o povo de
Deus no A.T., e cumpriram seu propósito no sacrifício de Cristo, não devendo ser come-
moradas entre os cristãos hoje. Esses festivais sabáticos eram os seguintes:
A DIVERSIDADE DAS LEIS
92

· Páscoa;
· Festa dos Pães Asmos;
· Festa das Primícias;
· Festa de Pentecostes;
· Dia da Expiação;
· Primeiro dia da Festa dos Tabernáculos;
· Último dia da Festa dos Tabernáculos;
· Ano do Jubileu.

II- ALGUMAS LEIS DO ANTIGO TESTAMENTO APLICÁVEIS HOJE

1. Moral (Ex 20.1-17). Refere-se aos Dez Mandamentos. Reflete a natureza e o caráter
de Deus. Uma vez que o caráter de Deus permanece inalterável, assim também a Sua lei
é aplicável ao crente de hoje. Aquele que está em Cristo está livre da condenação da lei
(Rm 8.1-3), mas ainda deve obedecê-la (Rm 3.31).

2. Alimentação. Veremos este assunto no estudo nº 28: A Soberania de Deus na alimen-


tação.

3. Dízimos e Ofertas. Já estudamos este assunto no estudo nº 19: Dízimos e Ofertas.

? Reflexão: Quais leis do A.T. ainda devem ser aplicadas hoje?

III- A NATUREZA DA LEI MORAL

1. A lei é eterna e imutável (Mt 5.18). Quando Jesus declara que nada da lei será alte-
rado “até que céus e terra passem”, está usando um modo enfático de dizer que a Lei
nunca mudará, dando importância à imutabilidade da palavra de Deus.

2. A lei é santa e justa (Rm 7.12). O mandamento é santo por origem, visto que pro-
vém de Deus; justo por natureza, uma vez que expressa a Sua vontade; bom em seus
efeitos, visto que serve ao Seu propósito de levar o homem à sua origem santa.

3. A lei é espiritual (Rm 7.14). É espiritual porque produz vida espiritual ao homem,
pois o leva a santificação.

4. A lei é boa (Rm 7.16; 1 Tm 1.8). O que Paulo deseja dizer com essa afirmação é que
ela desmascara o pecado, isto é, mostra a pecaminosidade humana. É boa, pois, alerta-
nos que o pecado é um instrumento que produz a morte.

? Reflexão: Quais características possui a lei moral no N.T.?


A DIVERSIDADE DAS LEIS
93

IV- CRISTO E A LEI MORAL

1. Jesus viveu debaixo da Lei (Gl 4.4,5). Durante Sua vida terrestre Ele submeteu-se a
todos os preceitos da lei (Jo 15.10). Foi bem sucedido naquilo em que todos os outros
fracassaram: cumpriu perfeitamente a justiça da lei.

2. Jesus não ab-rogou (anulou) a Lei (Mt 5.17-19). Estes versículos constituem uma
resposta tanto para as acusações farisaicas de que Jesus estava destruindo “a lei e os
profetas” (as duas partes do Antigo Testamento), como também desmentindo a idéia
de que a liberdade em Cristo significava a abolição da Lei. Ele não veio para abolir, mas
para cumprir.

3. Jesus destacou a essência da Lei em dois mandamentos (Mt 22.34-40). Ao prati-


carmos o amor a Deus (do primeiro ao quarto mandamento) e ao próximo (do quinto
ao décimo mandamento), estamos cumprindo toda a lei. Quando Jesus disse ao inter-
prete da lei que “... destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”, queria
mostrar que toda obediência, desvinculada do amor, não tem valor em si mesma.

? Reflexão: Jesus anulou a lei dos mandamentos?

CONCLUSÃO
Aprendemos neste estudo que todas as leis aplicáveis a nós hoje é aperfeiçoada em
Cristo Jesus. Se O temos como Senhor da vida, os seus mandamentos não são penosos
(1 Jo 5.3). Desejemos então cumpri-los!

“De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos;
porque isto é o dever de todo homem.” (Ec 12.13)
A DIVERSIDADE DAS LEIS
94

Anotações
OS DEZ
23 MANDAMENTOS
“Porque esta é a aliança que firmarei Objetivo
com a casa de Israel, depois daqueles Levar o estudante a compreender
dias, diz o Senhor: na sua mente imprimi- cada um dos Dez Mandamentos e
rei as minhas leis, também sobre o seu os seus propósitos.
coração as inscreverei; e eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo”. (Hb 8.10)

O Dez Mandamentos constituem a base para a moral humana. Sua prática proporciona
bênção para o povo de Deus e para a humanidade. É para o povo de Deus de uma
forma coletiva, porém, inicia-se de forma pessoal. Os mandamentos estão escritos na
segunda pessoa do singular, ou seja, Deus fala pessoalmente a cada ser humano. A
Nova Aliança firmada em Cristo não anula o compromisso com os Dez Mandamentos,
pelo contrário, ele deixa de estar na pedra e passa para o coração.

? Reflexão: O ser humano consegue viver sem lei? Justifique.

I – UMA QUESTÃO DE COMPROMISSO E AMOR (Mt 22.34-40)

1. O primeiro grande mandamento. Quando Jesus disse “Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”, estava referindo-
se aos primeiros quatro mandamentos, ou seja, o compromisso é com a pessoa de
Deus.

2. O segundo grande mandamento. Porém, quando disse “amarás o teu próximo


como a ti mesmo”, Jesus referiu-se aos outros seis mandamentos, sendo o compromis-
so com o próximo.

3. A essência da Lei é o Amor (Rm 13.8-10). Jesus ensinou que um dos propósitos da
obediência aos dez mandamentos é a prática do amor. Nos dois grandes mandamen-
tos Ele deixou isso muito claro. O Amor é a essência da lei, como disse Paulo: “... o cum-
primento da lei é o amor”.

4. A Graça nos Dez mandamentos. “Quanto ao decálogo (Ex 20.1-17), a base inteira
das suas sanções é declaradamente a redenção que Deus opera pela graça (“Eu sou o
SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”). Os mais solenes
avisos contra a desobediência (produto da descrença e da rejeição de Deus) se vincu-
lam às mais abundantes promessas de graça (“... e faço misericórdia até mil gerações
OS DEZ MANDAMENTOS
96

daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”)” 1.

? Reflexão: Quando Jesus ensina sobre os dois grandes mandamentos o que Ele
quis dizer?

II – CONHECENDO OS DEZ MANDAMENTOS

1. O primeiro mandamento – Deus é singular e exclusivo (Ex 20.3; Mt 4.10). “... não
basta acreditar na existência de um Deus. Esse Deus único precisa ser reconhecido e
obedecido como a autoridade moral de todos os atos humanos. Também só há um
Deus no que se refere à questão da adoração e do serviço espirituais. O Deus único
merece toda honra” 2. O politeísmo (adoração a vários deuses) é uma tentativa insensa-
ta de arrumar um deus para cada atividade. O Deus dos céus é Único e Poderoso (Is
43.10,11).

2. O segundo mandamento – Deus é incomparável (Ex 20.4; At 17.29). No nosso


relacionamento com Deus, qualquer representação humana (imagens) que ocupe o
lugar de Cristo como único Mediador, constitui-se em pecado. O apego exagerado às
pessoas, ou qualquer outra coisa, que se tornem ídolos ou substituam o relacionamen-
to com Deus, também é pecado. O uso de qualquer objeto, amuleto, patuá, plantas ou
animais com a finalidade de trazer proteção espiritual, de forma semelhante, consis-
tem em transgressão clara ao segundo mandamento.

3. O terceiro mandamento – Deus é Santo (Ex 20.7; Rm 2.23, 24). Tomar o nome de
Deus em vão é abusar do nome de Deus, usando-o para o mal, sem pensar, sem reve-
rência, sem sobriedade, com difamação, com ofensa e sem compromisso. O nome de
Deus não deve ser gracejado, mas respeitado. E o termo nome não deve ser compreen-
dido apenas como um título, e sim como Sua própria pessoa (Lv 19.12).

4. O quarto mandamento – Deus é o Senhor do tempo (Ex 20.8-11, Mc 2.27,28). O


sábado foi instituído por Deus desde a criação para proporcionar ao homem um relaci-
onamento saudável e íntimo com Ele. Constitui-se também uma forma de cultivar a
vida em família. Devemos considerar este dia como dia dedicado ao Senhor, honrando,
servindo, adorando e nos deliciando em sua presença; “... percebe-se que o objeto da
reverência solene não é o dia em si, mas o Senhor do dia” 3 (Is 58.13,14). “Esse dia perten-
ce a Deus. Ele o havia santificado. Sua grande obra criativa tinha sido terminada e era
boa. E o sábado era uma espécie de comemoração desse fato, tendo-se tornado assim
um dia especial em si mesmo. Deus separou esse dia de todos os dias da semana, santi-
ficando-o para o uso e serviço sagrados, obrigando o seu povo a cessar todo trabalho
durante o mesmo, a fim de poder dedicar-se aos exercícios religiosos, como ouvir e ler
as Escrituras, orar, louvar, etc., e Ele abençoava este dia com a Sua presença” 4.
OS DEZ MANDAMENTOS
97

5. O quinto mandamento – Deus é o Senhor da Família (Ex 20.12, Ef 6.1-3). “Honrar


traduz o vocábulo kabod e significa dar peso, dar importância, dar significado, valori-
zar, venerar, ter apreço, prestigiar. [...] Muitos pais são explorados, humilhados, coloca-
dos de lado ou até deixados no isolamento dos asilos e pensionatos pelos filhos. [...] Os
5
filhos devem honrar e obedecer aos seus pais, e sustentá-los na velhice” (Pv 23.22; 1
Tm 5.8).

6. O sexto mandamento – Deus é o Senhor da vida (Ex 20.13; 1Jo 3.15). A vida é um
Dom de Deus (1Sm 2.6). A nossa responsabilidade é administrá-la bem. Delimitar a vida
de alguém ofende o Criador. Ninguém pode arbitrar sobre quem deve deixar de viver.
Nossa bandeira deve ser sempre em favor da vida e contra o suicídio e todo tipo de
assassinato.

7. O sétimo mandamento – Deus é o Senhor do matrimônio (Ex 20.14; Hb 13.4). “A


proteção da integridade da família era importante, pois era a base da sociedade. A crise
6
ou o esfacelamento da família acarretaria a crise ou o esfacelamento da sociedade” .
Nosso corpo em tudo deve glorificar a Deus (1Co 10.31). Ele é o santuário do Espírito
Santo (1Co 6.19,20). A impureza sexual começa nos pensamentos (Mt 15.19), evolui nas
palavras (Ef 5.11,12), escancara na oportunidade (Sl 1.1), culmina com o erro (1Co 6.18),
e gera a morte (Tg 1.13-15).

8. O oitavo mandamento – Deus é o Senhor que respeita a propriedade (Ex 20.15;


Ef 4.28). As modalidades de furtos incluem desde a tradicional apropriação indébita às
formas mais sutis. Uso de violência, fraude comercial, medidas comerciais indevidas,
preguiça e indolência no trabalho, exploração de preços e impostos, adulteração de
produtos, preços, medidas e regras comerciais, apropriação indevida de comissões e
gorjetas, subornos, desvio de verbas públicas, ágio e qualquer forma de desonestida-
de pessoal, comercial ou governamental são alguns dos exemplos a serem citados de
práticas contrárias a esse mandamento. As possibilidades de furtos abrangem o rico e
o pobre. Independente da classe social o furto é condenado pelo Senhor (Lv 19.11,13).
Jesus tratou a questão do furto como algo que brota do coração (Mt 15.19).

9. O nono mandamento – Deus é o Senhor da verdade (Ex 20.16; Ef 4.24,25). O


falso testemunho, independentemente se a intenção for boa ou má, ou se a situação
for favorável ou não, ainda assim, constitui-se desobediência, sendo pecado diante de
Deus (Ex 23.1,2).

10. O décimo mandamento – Deus é o Senhor do contentamento (Ex 20.17; Tg


1.14-15). Este mandamento procura inibir a cobiça em geral. Tudo o que pertença ao
próximo: esposa, animais e bens, devem ser respeitados física, emocional e espiritual-
mente. “A palavra grega é epithumi e pode ser traduzida por cobiça, intenção impura,
ambição, desejo intenso, desejo ardente, aspiração” 7. A cobiça também é apresentada
como concupiscência (mau desejo). A Bíblia mostra que ela pode gerar o amor ao
OS DEZ MANDAMENTOS
98

dinheiro, que é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). Devemos contentar-nos com o que
temos (Fl 4.11-13; Hb 13.5).

Reflexão: Que importância têm os Dez Mandamentos para sua vida hoje?

CONCLUSÃO
“Nesses mandamentos, Deus, o Criador, declara a lei da vida. Desse modo eles se tor-
nam uma benção para os homens, uma benção de vida. Tornam-se dádivas; e mais, são
a aliança que Deus fez com o seu povo (Dt 4.13), e aliança é promessa, vivência, Evange-
lho... Concluímos, pois, que os Dez Mandamentos não são recomendados apenas para
o púlpito, mas também para os tribunais de justiça, os palácios dos governadores e as
sedes das prefeituras municipais... é válido aplicar o decálogo tanto aos homens rege-
nerados quanto aos irregenerados” 8.

“Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade d e nisso persevera, não
sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu
feito” (Tg 1.25).

1. ARCHER JR., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2007. p.152.
2. CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. 1. ed. São Paulo: Candeia, 2000. v. 1. p.388.
3. REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1992. p. 89.
4. CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. 1. ed. São Paulo: Candeia, 2000. v. 1. p.392.
5. REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1992. p. 98.
6. WALTON, John; MATTHEWS, Victor; CHAVALAS, Mark. Comentário Bíblico Atos – Antigo Testamento. Belo Horizonte: Atos,
2003. p. 96.
7. REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1992. p. 229.
8. Idem, p. 42.
SÁBADO: DIA DE DES-
24 CANSO E CELEBRAÇÃO
“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra Objetivo
e todo o seu exército. E, havendo Deus termi- Compreender que o Sábado, 7º dia
nado no dia sétimo a sua obra, que fizera, da semana, é o verdadeiro dia de
descansou nesse dia de toda a sua obra que descanso.
tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o
santificou; porque nele descansou de toda a
obra que, como Criador, fizera.” (Gn 2.1-3)

O descanso é um princípio estabelecido pelo próprio Deus. Após seis dias de criação,
tendo concluído plenamente sua obra, Ele cessou, descansou de todas as suas ativida-
des no sétimo dia. Isso aconteceu não porque Ele precisasse descansar (Is 40.28), mas
para nos ensinar o princípio do descanso semanal, relativo ao sábado.

? Reflexão: O ser humano precisa descansar?

I - O DIA DO DESCANSO É O SÁBADO

1. Instituído na criação (Gn 2.1-3). No fim da semana da Criação, tendo Deus concluí-
do toda sua obra com absoluta perfeição, estabeleceu o sábado como dia de descanso.
Biblicamente, conta-se um dia a partir do pôr-do-sol até outro pôr-do-sol (Gn 1.3-5,8).

2. Confirmado por Deus (Ex 16.4,5,16-30). Ele ordenou que o povo se preparasse no
sexto dia, colhendo o maná em dobro, para que fosse restaurada a observância do sába-
do como dia de descanso.

3. Oficializado por Deus (Ex 20.8-11). Deus estabeleceu como dia de descanso o
sétimo dia da semana. Se fizermos uma escolha aleatória de qualquer outro dia para
descanso estaremos quebrando uma ordem soberana de Deus. O texto em Êxodo é
taxativo ao dizer: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus” (v.10).

4. Para renovação física (Ex 23.12; Dt 5.14). “O sábado é uma estipulação social ou
humanitária que concede um dia de descanso àqueles que trabalham sob as ordens de
1
alguém” .

5. Concedido para todos os homens (Is 56.2-7). Esse texto profético deixa claro que a
obediência do sábado foi instituída como sinal da aliança de Deus para toda humani-
dade.
SÁBADO: DIA DE DESCANSO E CELEBRAÇÃO
100

? Reflexão: Se o ser humano precisa descansar, qual deve ser o dia?

II - DIA DE CELEBRAÇÃO

1. Sábado é dia de celebrar a soberania de Deus (Ex 20.8). O texto de Êxodo “associa
a guarda do sábado ao fato de o próprio Deus ter descansado no sétimo dia, depois de
seis dias de trabalho (Gn 2.2,3). Tudo o que Deus fez, segundo o registro de Gênesis,
avaliou como bom. Entretanto, somente o sábado ele santificou, dando talvez a enten-
der que o clímax da criação não foi a criação do homem, mas o dia de descanso, o séti-
mo dia. O sábado é, portanto, um convite ao regozijar-se com a criação de Deus e reco-
2
nhecer a soberania divina sobre o nosso tempo” .

2. Sábado é dia de celebrar a Deus como Criador e Libertador (Ex 20.11; Dt 5.15).
“... o livro de Êxodo associa o sábado à criação descrita em Gênesis, e o livro de Deutero-
nômio associa o sábado ao livramento do Egito descrito em Êxodo” 3. Vemos neste
comentário que o dia do sábado se constitui numa oportunidade de adorarmos ao
Senhor como aquele que nos criou e como aquele que um dia nos libertou do pecado.

3. Sábado é dia de celebrar a Aliança com Deus (Ex 31.16,17). O sábado é um sinal
de aliança. Quando obedecemos este mandamento proclamamos a nossa aliança com
Cristo, o Senhor do sábado (Mc 2.28).

? Reflexão: O que devemos celebrar no sábado?

III- O SÁBADO NA NOVA ALIANÇA EM CRISTO

1. Confirmado no ministério de Jesus (Lc 4.16,31). Jesus freqüentava a sinagoga


habitualmente aos sábados, demonstrando a importância da obediência à lei de Deus.

2. Praticado por Jesus (Lc 13.10-17). “Fazer o bem, salvar de um perigo, recuperar a
vida, sarar o doente e alimentar o jumento são equivalentes positivos do quarto man-
damento no Novo Testamento. Assim, o sábado torna-se o verdadeiro dia de alívio e
libertação: alívio para o jumento que se desprende da manjedoura para beber e liber-
tação para a mulher que havia sido presa por Satanás durante dezoito anos. O caminho
para o cumprimento do quarto mandamento não é o legalismo proposto pelo farisaís-
mo nem a libertinagem praticada pelo antinomismo, mas a fé que atua pelo amor (Gl
4
5.6), o ser uma nova criatura (Gl 6.15) e o guardar as ordenanças de Deus (1 Co 7.19)” .

3. Jesus é o Senhor do Sábado (Mc 2.23-28). “Em seu conflito com os fariseus nosso
Senhor salientou perante os judeus o fato de que eles entendiam completamente mal
os mandamentos do Antigo Testamento. Buscavam tornar a obediência do sábado
SÁBADO: DIA DE DESCANSO E CELEBRAÇÃO
101

mais rigorosa do que Deus havia ordenado. Não era errado comer no sábado, ainda
que o alimento tivesse que ser obtido ao debulhar o grão da espigas nas mãos. Seme-
lhantemente, não era errado fazer o bem no dia de sábado. As curas eram uma obra de
misericórdia, e o Senhor do sábado é misericordioso” 5.

4. O Sábado foi observado pelos Apóstolos em Antioquia (At 13.14,15;27;42-44).


Antioquia teve o privilégio de receber os ensinamentos do apóstolo Paulo nos cultos
de sábado.

5. O Sábado foi observado mesmo onde não havia sinagoga (At 16.12-15). Em
Filipos, Paulo e seus companheiros observaram o Sábado como dia de oração e teste-
munho, mesmo não havendo sinagoga.

6. O Sábado foi também observado em Tessalônica e Corinto (At 17.1,2; 18.1-4).


Paulo freqüentava as sinagogas no dia de Sábado para convencer os judeus e gregos
que Jesus é o Cristo. Sem dúvida, Paulo usava as sinagogas como centro evangelístico;
ele guardava o Sábado, indo à sinagoga ou não.

? Reflexão: Qual o exemplo deixado pela igreja apostólica? Devemos praticar o


quarto mandamento atualmente?

CONCLUSÃO
O sábado tem o propósito de restaurar as nossas forças físicas, emocionais e espirituais,
sendo, portanto, um dia de bênçãos para todos os que obedecem.

“E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do Sábado”. (Mc 2.27)

1. HARRIS, R. Laird; GLEASON l. Archer, Jr; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 2005. p.1522.
2. Idem, p.1522.
3. Idem.
4. REIFLER , Hans Ulrich . A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992. p. 91.
5. Idem, p. 90.
SÁBADO: DIA DE DESCANSO E CELEBRAÇÃO
102

Anotações
O DIA DA MORTE E RES-
25 SURREIÇÃO DE JESUS
“Porque assim como esteve Jonas Objetivo
três dias e três noites no ventre do Compreender que Jesus morreu na
grande peixe, assim o Filho do quarta-feira, foi sepultado ao pôr-
Homem estará três dias e três noites do-sol, e ressuscitou no pôr-do-sol
no coração da terra.” (Mt 12.40) do sábado, conforme a profecia do
próprio Cristo.

O tempo de permanência na sepultura foi dado por Jesus como o sinal da Sua divinda-
de. Esse tempo seria, segundo Jesus, de três dias e três noites. A referência a Jonas ser-
viu para apontar Sua ressurreição.

I - O sepultamento (Mt 27.57-60; Jo 19.38-42). À hora nona (às 15 horas, conforme


Mt 27.45-50), Jesus expirou; e caindo a tarde, José de Arimatéia foi ter com Pilatos para
pedir o corpo de Jesus. A seguir, com Nicodemos, prepararam o corpo para o sepulta-
mento, e o sepultaram num sepulcro novo, ao pôr-do-sol. A partir daqui começam “os
três dias e três noites”.

II - O dia da ressurreição (Mt 28.1). Mateus registra que “no findar do Sábado, quando
já despontava o primeiro dia da semana”, as mulheres foram ver o sepulcro de Jesus. É
importante notar que o dia bíblico começa e termina ao pôr-do-sol (Lv 23.32). Portan-
to, fica evidente que Jesus ressuscitou no pôr-do-sol do Sábado, e não no Domingo de
manhã, como é ensinado por muitos. A ressurreição de Jesus teria de se dar no Sábado
ao pôr-do-sol, no momento exato quando se completariam os três dias e as três noites
(veja o diagrama):
O sinal: 3 dias e
3 noites (Mt 12.40)

DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM


pôr-do-sol NOITE:
começa no 1 2 3
pôr-do-sol
noite noites noites
nascer do
sol DIA: 1 2 3
termina no
pôr-do-sol dia dias dias
pôr-do-sol
Sepultamento Ressurreição
(Mt 27.57) (Mt 28.1)
O DIA DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS
104

III - A preparação das mulheres (Mc 16.1-4; Lc 23.53-56). Lucas registra a preparação
das mulheres antes do Sábado e Marcos, por sua vez, registra depois do Sábado. Como
se explica isso?

· É importante lembrar que aquela semana teve dois Sábados: o Sábado pascal e o
Sábado sétimo dia. O Sábado pascal era comemorado no dia 15 de Abibe (não
importava o dia da semana em que caísse). Neste dia era feita a “santa convocação”
(Lv 23.5-7).

· Assim fica claro que as mulheres compraram as especiarias na Sexta-feira daquela


semana, e que Marcos faz referência ao Sábado pascal, o qual ocorreu numa Quin-
ta-feira, enquanto Lucas menciona o Sábado do sétimo dia da semana.

Quinta: Páscoa Sábado: 7º Dia


Sábado cerimonial Elas descansam
(feriado) conforme o
mandamento

DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM


pôr-do-sol NOITE:
começa no 1 2 3
pôr-do-sol
noite noites noites
nascer do
sol DIA: 1 2 3
termina no
pôr-do-sol dia dias dias
pôr-do-sol Jesus é Jesus
Sepultado Ressuscita

Sexta: Especiarias
As mulheres compram
especiarias para o corpo
de Jesus, no dia da
preparação

CONCLUSÃO
Entendemos que a profecia anunciada por Jesus de que após três dias e três noites
ressuscitaria, se cumpriu fielmente. O sinal da Sua divindade ficou comprovado. Desta
forma, o tempo da crucificação e ressurreição de Jesus revela Sua soberania e harmo-
nia em relação a tudo o que foi escrito sobre Ele.
IDOLATRIA: A FALSA
26 ADORAÇÃO
“Não terás outros deuses Objetivo
diante de mim. Não Mostrar que a Idolatria é o desvio
farás para ti imagem de da verdadeira adoração ao Deus
escultura...” (Ex 20.3,4a). Incomparável.

“Os israelitas tinham acabado de sair do Egito, uma terra de muitos ídolos e deuses.
Porque cada deus representava um aspecto diferente da vida, era comum adorar mui-
tos deuses a fim de conseguir um número máximo de bênçãos. Quando Deus disse ao
povo para adorá-lo e nEle crer, isso não foi algo tão difícil – Ele seria apenas mais um
deus acrescentado à lista. Mas ao dizer-lhes que deveriam adorar somente a Ele, o povo
teve dificuldade de aceitar. O fato é que se eles não aprendessem que o Deus que os
1
tirara do Egito era o único Deus verdadeiro, não poderiam ser o seu povo” .

? Reflexão: O que é idolatria para você?

I- O QUE É IDOLATRIA?
“A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas
ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou imagem” 2.

1. Conceito: “Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que
cabe somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das
honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne
excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idola-
tria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora um deus falso,
sem transformar em deus alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, por
3
quanto fez de um conceito uma falsa divindade” .

II- A IDOLATRIA NO ANTIGO TESTAMENTO


Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, todas as referências relacionadas à idola-
tria apresentam reprovação, desprezo, abominação para com esta atitude. Tanto que
em Isaías lemos o próprio Deus dizendo: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha
glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is 42.8).

1. Não fazer imagem de coisa alguma (Dt 4.15-19). O próprio Deus proibiu que se
fizesse imagem de sua pessoa. “O fabrico de imagens, para efeito de adoração ou vene-
ração, é aqui considerado um fator corruptor dos seres humanos. Pois desvia a mente
IDOLATRIA: A FALSA ADORAÇÃO
106

das pessoas da PRESENÇA INVISÍVEL DE DEUS e rebaixa a idéia de como é a divindade


[...] Estava proibida qualquer coisa que tendesse por desviar a mente dos homens da
4
PRESENÇA INVISÍVEL DE DEUS” .

2. Obra das mãos humanas (Is 44.9-20). Deus nos leva a uma análise sobre a idolatria,
mostrando-nos como pode um ser inteligente, como o homem, adorar coisas materia-
is. Ele faz afirmações contundentes sobre os ídolos, dizendo que:
a) eles não têm serventia, nem vida (v.9,10);
b) servem para confundir e envergonhar (v.11);
c) são criados por homens fracos e mortais (v.12,13);
d) são feitos de materiais comuns e perecíveis (v.14-17);
e) demonstram a insensatez do homem (v.18-20);
f) falta entendimento para quem pratica a procissão de imagens de escultura (Is
45.20);

3. Os falsos deuses (Sl 115.1-8). Esse salmo abrange algumas facetas da idolatria:
· (v.1) idolatria pessoal: a honra não é do homem, mas de Deus;
· (v.4-7) idolatria às imagens: o ídolo é incapaz de fazer alguma coisa;
· (v.8) resultado da idolatria: a pessoa que deposita nele a sua confiança torna-se
espiritualmente semelhante a ele.

4. Não tenha nada abominável em casa (Dt 7.25,26). O conselho de Deus é que nin-
guém traga para dentro da sua casa objetos como imagens religiosas, pé de coelho,
ferradura, rosa ungida, sal grosso com alho, cactos para dar sorte, elefantes, patuás,
entre outras, “... para que não sejas amaldiçoado”.

III- A IDOLATRIA NO NOVO TESTAMENTO

1. A Palavra de Cristo (Mt 4.9-10). Com esta declaração Jesus resumiu, de forma enfá-
tica, que somente Deus deve ser adorado (At 4.12).

2. O conceito dos apóstolos.


a) No conceito do apóstolo Paulo (Rm 1.21-23), a idolatria é:
· ignorar a glória de Deus (v.21);
· falta de sabedoria, loucura (v.22);
· trocar o incorruptível, imortal, pelo corruptível, mortal (v.23);
b) Paulo e Barnabé (At 14.8-18). Após terem efetuado um milagre de cura, recusaram
a adoração por parte dos moradores de Listra;
c) Pedro também recusou adoração (At 10.25,26);
d) João registrou a repreensão feita pelo anjo, quando tentou adorá-lo (Ap 22.8,9);
e) Os fabricantes de imagens consideravam o cristianismo como uma ameaça a seu
lucrativo negócio (At 19.23-27).
IDOLATRIA: A FALSA ADORAÇÃO
107

? Reflexão: Qual é a posição do Antigo e Novo Testamento quanto à idolatria?

IV- FORMAS DE IDOLATRIA

a) Prostituição cerimonial (1Rs 14.24): ato sexual ilícito com propósito de culto religi-
oso às divindades pagãs;
b) Sacrifício de crianças (Jr 19.5);
c) Autoflagelação a ponto de sangrar (1Re 18.28);
d) Veneração dos ídolos, por partilhar com eles a comida e a bebida em festividades
ou cerimônias em sua honra (1Co 8.10; 10.21);
e) Curvar-se e oferecer sacrifícios aos ídolos, por meio de cânticos e danças diante de
tais, e até mesmo por beijá-los (1Re 19.18).
f) Adoração de corpos celestiais (astrologia), tais como o sol (Ez 8.16);
g) Adoração de demônios (1Co 10.20);
h) Consistia também em fazer o filho passar pelo fogo, consultar adivinhos (búzios,
tarô, sortes etc.), prognosticador (astrologia), agoureiros e feiticeiros. Procurar
encantadores, mágicos e necromantes (Dt 18.10-14).

? Reflexão: Quais dessas formas de idolatria você observa, ainda hoje?

V- CONSEQÜÊNCIAS AO IDÓLATRA

1. Presta-se culto aos demônios (1Co 10.19-22). Quando as pessoas pensam que
estão sacrificando aos ídolos (deuses), na verdade, estão sacrificando aos demônios.

2. Não herda o Reino dos Céus (1Co 6.9,10; Ap 21.8). As pessoas que persistem na
idolatria não herdarão o reino de Deus.

? Reflexão: Por que o idólatra não pode herdar o Reino de Deus?

CONCLUSÃO
Entendemos que o nosso Deus é único, absoluto, incomparável. Portanto, como Josué,
devemos escolher servi-lo.

“Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os
deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor.
Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a
quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus
em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.14,15).
IDOLATRIA: A FALSA ADORAÇÃO
108

Anotações

1. BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo Aplicação Pessoal. Versão Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: CPAD e SBB, 2003. p.
111.
2. CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 6. p. 4450.
3. Idem, p. 4450.
4. CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 2000. v. 2. p.
773.
DEUS E A CRIAÇÃO
27 DO UNIVERSO
“Pela fé, entendemos que foi o Objetivo
universo formado pela pala- Entender que Deus é o Criador de
vra de Deus, de maneira que o tudo o que existe e que toda a
visível veio a existir das coisas criação é fruto do Seu planejamento,
que não aparecem”. (Hb 11.3) sendo estabelecida de maneira
plena pela Sua própria Palavra.

Atualmente existem algumas teorias que abordam a existência do universo. Alguns


defendem a teoria da evolução, outros a Teoria do abandono (na qual Deus não está
envolvido na manutenção das coisas criadas - Deísmo) e até mesmo a crença onde
Deus é tudo e tudo é Deus (Panteísmo). “Porém, a Bíblia não discute o tema da evolu-
ção, pelo contrário, seu parecer afirma que Deus criou o mundo. A visão bíblica da cria-
ção não entra em conflito com a ciência, mas sim, com a teoria de um princípio sem um
criador” 1.

I – FOI CRIADO POR QUEM?

1. Identificando o Criador (Gn 1.1; Jó 33.4; Jo 1.3). Deus criou todas as coisas, sendo
que esta criação foi um ato consciente de Deus e não um processo evolutivo da nature-
za. Tudo o que foi previamente planejado e criado, partiu da triunidade.

2. Deus, fonte de toda a vida. “A vida só tem origem na vida. Deus, o único ser autoe-
xistente é a Fonte de toda vida e o Criador de todas as coisas vivas [...] Depois de ter cria-
do os primeiros seres vivos na terra – plantas, animais, e a humanidade – a vida veio a
ter origem na vida. Ela passou de uma geração para outra” 2, através da reprodução.

II – COMO FOI CRIADO?

1. Vida complexa e pronta (Gn 1.20-28; 2.7). Deus não criou uma célula que foi evo-
luindo, mas criou todas as espécies de animais como conhecemos hoje. Criou também
o homem de forma especial com as próprias mãos, à sua imagem e semelhança.

2. Pelo poder de Sua palavra (Gn 1.3; Sl 33.6). Deus chama à existência aquilo que
não existe. “Disse Deus: Haja luz; e houve luz”. Não foi obra do acaso mas obra de Deus
por intermédio de Sua Palavra que todas as coisas foram Criadas. “No princípio nada
existia além de Deus, pois somente Deus é eterno. Não havia nenhuma matéria pré-
existente que fosse visível e pudesse ser moldada (Hb 11.3). Não podemos confundir a
3
criação com o próprio Deus” . “A criação é distinta de Deus, mas é sempre dependente
dEle. Deus está muito acima da criação e ao mesmo tempo envolvido com ela” 4.

3. De forma gradativa e cronológica:


DEUS E A CRIAÇÃO DO UNIVERSO
110

· 1º Dia (Gn 1.1-5) – Céus, Terra sem forma, Água e Luz;


· 2º Dia (Gn 1.6-8) – Separação entre as águas superiores (atmosfera) e inferiores;
· 3º Dia (Gn 1.9-13) – Continente, mares e rios e a flora (toda vegetação);
· 4º Dia (Gn 1.14-19) – Todo o restante do Universo (sol, lua e estrelas);
· 5º Dia (Gn 1.20-23) – Peixes, Aves, Animais aquáticos;
· 6º Dia (Gn 1.24-31) - Fauna (os demais animais da terra) e o homem;
· 7º Dia (Gn 2.1-3) – O dia do Descanso.

III – PARA QUE FOI CRIADO?

1. Para revelar a glória de Deus (Sl 19.1,2). Toda a criação tem o objetivo de revelar a
glória de Deus. Ela mostra Sua grande sabedoria, poder e todos os Seus outros atribu-
tos visíveis e invisíveis. Deus criou o universo para se deleitar na criação, já que ela mos-
tra vários aspectos do Seu caráter 5.

2. Para adorar a Deus, o Criador (Is 43.7; Rm 11.36). Deus criou seu povo para a sua
glória, porque ele fala de seus filhos e filhas como aqueles “a quem criei para a minha
glória, a quem formei e fiz”. Mas não são somente os seres humanos que Deus criou com
6
esse propósito . Toda a criação foi feita para louvar e glorificar a Deus (Sl 148).

IV – QUEM O MANTÉM?

1. Deus é o Mantenedor do Universo (At 17.24-28; Cl 1.15-17). “O Deus da Bíblia não


é uma divindade abstrata removida da criação e sem interesse nela. A Bíblia é a história
do envolvimento de Deus com sua criação e particularmente com os seres humanos
criados. Jó afirma que mesmo os animais e as plantas dependem de Deus (Jó 12.10). No
NT, Paulo afirma que Deus ‘dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas’ e que ‘nele vive-
mos, nos movemos e existimos’ (At 17.25,28). De fato, em Cristo ‘tudo subsiste’ (Cl 1.17), e
7
ele está continuamente ‘sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa’ (Hb 1.3)” .

CONCLUSÃO
Tudo o que existe foi criado, e é sustentado, por Deus com o propósito de revelá-lo e
adorá-lo. Portanto, confiemos nEle, celebrando-o como nosso Eterno Criador.

“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas
as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”. (Ap
4.11)
1. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo e Aplicação Pessoal. Versão Revista e Corrigida. São Paulo: CPAD, 2003. p. 5.
2. BÍBLIA. Português. Bíblia de Recursos para o Ministério com Crianças. Almeida Rev. e Atualizada. São Paulo: Hagnos, 2003. p.
1541.
3. Lição bíblica. O que cremos – Nossas crenças ponto a ponto. São Paulo, 4º trimestre. 2010. n. 293. p.16.
4. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 203.
5. Idem, p. 206.
6. Idem.
7. Idem, p. 207.
A SOBERANIA DE
28 DEUS NA ALIMENTAÇÃO
“Portanto, quer comais, quer Objetivo
bebais ou façais outra coisa Mostrar que Deus é soberano
qualquer, fazei tudo para a também sobre a alimentação;
glória de Deus”. (1 Co 10.31) portanto, devemos nos abster de
alguns alimentos por obediência a
Ele.

Deus é soberano porque possui toda autoridade, domínio e governo, tanto na área
física, moral e espiritual. Todo aquele que reconhece Sua soberania, se submete aos
Seus desígnios, na certeza de que Ele deseja o melhor para a vida.

? Reflexão: Você reconhece que Deus é soberano e que tudo o que Ele ordena é
para o nosso bem?

I – SOBERANIA NO ÉDEN
Desde o princípio, antes do pecado, Deus orientou o primeiro casal quanto à alimenta-
ção, estabelecendo limites.

1. O tipo de alimentação (Gn 1.29,30). Para nossa informação, desde a criação do


homem até o Dilúvio, a Bíblia ensina que Deus havia determinado como alimentação
para homens e animais apenas vegetais.

2. A ordem divina (Gn 2.16,17). Deus deu ao primeiro casal a liberdade de se alimen-
tar de todas as árvores do Jardim do Éden, proibindo apenas o fruto de uma. As opções
para o casal obedecer a Deus eram infinitamente maiores do que a única opção para
desobedecê-lo. Desde o início Deus demonstra Sua soberania sobre o que é e o que
não é bom para a alimentação.

? Reflexão: Você reconhece que Deus estabeleceu limites na alimentação desde o


princípio?

II – SOBERANIA NO ANTIGO TESTAMENTO


Depois do pecado, Deus continuou estabelecendo limites à alimentação do homem.

1. Nos dias de Noé (Gn 7.1-3,8,9). Mesmo antes do dilúvio já havia conhecimento da
separação de animais limpos e imundos. Os animais limpos evidentemente eram usa-
A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
112

dos para fins sacrificiais (Gn 8.20), visto não ter sido ainda autorizado o uso da carne na
alimentação.

2. Alimentação após o Dilúvio (Gn 9.3,4). Somente após o Dilúvio foi que Deus per-
mitiu ao homem incluir carne na sua alimentação. Ao sair da arca, Noé sabia que tipo de
animais eram limpos e apropriados para serem consumidos.

3. Definindo a alimentação (Lv 11):


a) Os quadrúpedes (Lv 11.1-8). Os quadrúpedes, próprios para a alimentação,
devem ter as seguintes características:
· Unhas fendidas, isto é, o casco dividido em dois;
· Ruminar, que é o ato de remoer, remastigar, os alimentos que voltam do estômago à
boca.

b) Os peixes (Lv 11.9-12). Os peixes limpos também são conhecidos por dois sinais
facilmente visíveis:
· Barbatanas;
· Escamas;
· Isto exclui da alimentação definida por Deus: peixes de couro (pintado, cascudo,
bagre, mandi, etc.), moluscos (ostras, lulas, escargot, polvos, etc.) e crustáceos (ca-
marão, lagosta, siri, caranguejo, etc.).

c) As aves (Lv 11.13-19). Os sinais das aves limpas e imundas eram segundo suas
espécies. Percebe-se na leitura que as aves consideradas imundas são, na sua maio-
ria, aves de rapina.

d) Os insetos (Lv 11.20-23). Segundo a Bíblia, os únicos insetos que servem para
alimento são as espécies de gafanhotos.

e) Os répteis (Lv 11. 29,30,41-43). Todos os répteis são impróprios para alimenta-
ção.

f) O sangue (Lv 17.10-15). Todo animal que for abatido para alimentação deve ter o
sangue derramado (não sufocado), “pelo fato de o sangue ser a vida da criatura e o
meio ordenado por Deus para a expiação, o sangue não devia ser tratado como ali-
mento qualquer” 1. No caso de um animal ser encontrado morto ou dilacerado (feri-
do), o mesmo também não serve para consumo (v.15). Essa determinação foi institu-
ída por Deus antes da Lei, desde a época de Noé (Gn 9.3,4), e confirmado no NT (At
15.29).

4. Confirmado pelo profeta Isaías (Is 65.2-6; 66.17). Ele faz referência a uma atitude
de rebelião e profanação de alguns israelitas que se corromperam com práticas pagãs.
O texto apresenta o repúdio e o julgamento de Deus a tais atos, sendo um deles relati-
A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
113

vo à alimentação.

? Reflexão: Quais são os limites estabelecidos pela soberania de Deus na alimen-


tação?

III – SOBERANIA NO NOVO TESTAMENTO


A natureza de todas as coisas é a mesma desde a sua criação. O que foi estabelecido por
Deus no Antigo Testamento, quanto à alimentação, não mudou no Novo Testamento.
Os animais imundos, portanto, continuam imundos pela ordenação de Deus. A carta
de Timóteo foi escrita para combater alguns falsos mestres, chamados Gnósticos (1 Tm
1.3-4), que tentavam corromper a igreja com falsas doutrinas:

1. Jesus e os apóstolos falaram sobre o assunto:


a) Jesus, na parábola da rede, faz separação entre peixes bons e ruins, segundo a sua
espécie (Mt 13.47-49);
b) Pedro, ao receber a visão do lençol, afirma que nunca comeu carnes imundas (At
10.14 – ver apêndice 2);
c) João relata, na visão apocalíptica, a existência de aves imundas (Ap 18.2).

2. Paulo também fala sobre o assunto (1 Tm 4.1-5):


a) Orientação divina contra o gnosticismo (v.1). O Espírito Santo orienta a igreja
contra os gnósticos, grupo que proibia a alimentação de qualquer tipo de carne e
2
prazeres . Esses ensinos estavam influenciando alguns cristãos a se tornarem vege-
tarianos e a recusarem o casamento por causa do prazer sexual.
b) Casamento e alimentação de carne são proibidos por Deus? (v.3). O gnosticis-
mo ensinava contra o casamento e a alimentação de carnes, que a Palavra de Deus já
havia determinado serem corretos (1 Co 7.2; Lv 11). Os fiéis que conhecem a verdade
sabem quais são as carnes que servem para a sua alimentação.
c) Somente pela palavra de Deus e oração é santificado (v.4,5). Tudo que Deus
criou é bom (Gn 1.31), assim como o casamento e os alimentos. Porém, quem define
e limita a utilização destes é a Palavra de Deus, conforme os textos bíblicos estuda-
dos. Portanto não é a oração que santifica os alimentos; ela serve para expressarmos
nossa gratidão a Deus.

? Reflexão: Qual a sua conclusão sobre a soberania de Deus na alimentação em


toda a Bíblia?

CONCLUSÃO
Deus estabeleceu através de Sua Palavra a alimentação correta. Podemos afirmar que a
Palavra de Deus continua sendo soberana na vida humana. O próprio Deus preocu-
pou-se em orientar-nos sobre qual deveria ser a nossa alimentação.
A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
114

“Falou o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo-lhes: Dizei aos filhos de Israel: São estes os
animais que comereis...” (Lv 11.1,2a)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: OBJEÇÕES E RESPOSTAS


Analisemos alguns textos que muitas pessoas usam para tentar explicar que se pode comer de
tudo. Porém, tais pessoas torcem e contradizem a própria Palavra de Deus, tentando justificar
algo que não é verdade.

1. Comer sem lavar as mãos (Mt 15.1-20). A “tradição dos anciãos” era a tradição oral judaica
passada de pai para filho (Mishnah), e que, nesse caso, foi rejeitada por Jesus. O problema de
lavar as mãos antes das refeições (Mc 7.3) era de interesse ritual, em vez de sanitário 3. Jesus,
porém, rejeitou essa distinção ritual entre o puro e o impuro. Quando Jesus diz que o que entra
pela boca não contamina o homem, não estava se referindo a alimentos impuros, mas afirman-
do que o mal não está na natureza das coisas, mas no coração do homem. Assim a discussão
aqui não é em torno de comer ou deixar de comer, mas sim, de comer sem lavar as mãos (v. 20).

2. Não fazer acepção de pessoas (At 10.1-17,28,34). A visão que Pedro teve foi compreendi-
da mais tarde. O lençol que trazia toda sorte de animais representava todos os povos da terra.
Cornélio, centurião da coorte italiana, era gentio, povo que era considerado pelos judeus como
imundos (v.28). A purificação, aqui mencionada, não se refere aos animais imundos, mas sim a
gentios (outros povos - Ef 2.11-19). No relato de Atos, pela primeira vez os gentios foram evan-
gelizados. Através desta visão, Deus mostrou a Pedro que deveria levar o evangelho a todos os
povos, sem fazer acepção de pessoas.

3. Tolerância aos fracos da fé (Rm 14.1-12). “Havia divisão entre os cristãos em Roma por
causa das dietas e de dias especiais. Alguns membros da comunidade acreditavam que era
pecado comer carne, de modo que adotaram uma dieta vegetariana. Outros acreditavam que
era pecado observar certos tipos de dietas e os dias santos dos judeus. Cada grupo acreditava
que o outro não era tão espiritual quanto deveria ser” 4. Esses versículos não afirmam que o cris-
tão pode comer de tudo; e os dias especiais (santos) assinalados acima eram as festas judaicas
(Lv 23). Paulo pensava que os crentes que insistiam sobre essas coisas, como parte de suas con-
vicções religiosas, eram “débeis na fé”. “Não há nada de errado em ser alguém vegetariano, se
trata de uma preferência por razões totalmente pessoais; mas ninguém deve transformar isso
numa regra de conduta cristã, uma norma de fé, como se isso fosse necessariamente um aspec-
to de sistema ético do cristianismo” 5.

4. Alimentos sacrificados a ídolos (1 Co 8.4-13). O assunto aqui se refere ao respeito à liberda-


de cristã: em relação ao comer carnes sacrificadas aos ídolos, e não se são limpas ou impuras. Na
igreja de Corinto havia dois tipos de irmãos: os que vieram do judaísmo e os que vieram do paga-
nismo. Embora os dois grupos fossem cristãos, suas raízes eram muito diferentes. Os irmãos
judeus compravam a carne sacrificada aos ídolos sem nenhum problema, pois para eles, o ídolo
não existia. Conheciam apenas Jeová como único Deus. Por outro lado, os irmãos que vieram do
paganismo, que viveram toda vida sacrificando alimentos aos seus deuses, não aceitavam de
A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
115

modo nenhum a idéia de um cristão comer algum alimento que tenha sido oferecido a qual-
quer deidade pagã. Para este cristão, comer desta carne era estar envolvido no culto ao deus
pagão.

5. Os limites da liberdade Cristã (1 Co 10.19-33). Alimentos sacrificados aos ídolos eram


comuns na sociedade de Corinto, sendo encontrados em açougues, mercados e nas casas dos
amigos. A discussão não era sobre carne limpa ou imunda, mas carnes que foram dedicadas aos
ídolos e então levadas para serem vendidas. Considerando que o ídolo não é nada, a carne pode-
ria ser consumida. Por isso, Paulo diz: “comei de tudo... sem nada perguntardes por motivo de cons-
ciência”. Mas, o conselho muda quando a origem do alimento é revelada, por causa da cons-
ciência do outro (v. 28). Para quem estava comendo não tinha nenhum problema, mas para o
outro tal dificuldade existia.

1. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 1. p. 366.
2. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 5. p. 319.
3. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo. Almeida Revista e Atualizada. 2. ed. Sistema de Biblioteca Digital Libronix. CD-rom.
4. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento 1. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. p. 729.
5. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 3. p. 837.
A SOBERANIA DE DEUS NA ALIMENTAÇÃO
116

Anotações
HOMEM:
29 SER INTEGRAL
“Então, formou o Senhor Deus Objetivo
ao homem do pó da terra e lhe Compreender a formação humana,
soprou nas narinas o fôlego de sua integralidade e mortalidade.
vida, e o homem passou a ser
alma vivente”. (Gn 2.7)

O ser humano é uma unidade e não podemos separá-lo em partes. “[...] o homem é
1
composto de um único elemento e seu corpo, alma e espírito é a própria pessoa” . Por-
tanto ele é um ser integral.

I - A FORMAÇÃO DO HOMEM (Gn 2.7)

1. Produto das mãos de Deus. Depois da criação do universo, da terra e de toda natu-
reza, Deus criou o homem como a parte mais importante da criação divina.

2. Formado do pó da terra. A palavra terra vem do hebraico adamah, e quer dizer “pe-
2
daço de terra, uma porção específica de terra” . O homem foi tirado dela e é destinado a
ela depois que morrer (Gn 3.19).

3. Alma vivente. Recebendo o fôlego de vida (do hebraico neshamah chay, que signifi-
ca: “respiração, espírito; vivo, ativo (referindo-se ao homem)” 3 em suas narinas, o
homem tornou-se “alma vivente”. Isto é, passou a ter vida própria, tornou-se uma pes-
soa.

II - COMO AS ESCRITURAS UTILIZAM OS TERMOS “ALMA” E “ESPÍRITO”?


Os termos alma e espírito são usados em muitos textos das Escrituras com significados
diferentes. Porém, em alguns casos, são usados com um mesmo significado. Por exem-
plo, tanto um como o outro pode significar: o ser vivente em sua totalidade; a vida; a
4
respiração; caráter; índole; ideologia; etc .

1. O significado de alma. O vocábulo alma do hebraico nephesh e do grego psyché


pode ser traduzido de várias maneiras, como, por exemplo:
· Significando vida: Lv 17.11,14; Mt 11.29.
· Significando pessoas: Gn 46.27; At 2.41.
· Significando sentimentos: 1 Rs 11.37; Mc 14.34.
HOMEM: SER INTEGRAL
118

2. O significado de espírito. O vocábulo espírito que em hebraico é ruach; e em grego,


pneuma, é empregado na Bíblia também em diversos sentidos, a saber:
· Significando faculdades morais:
a) Índole, caráter: Sl 51.10; Lc 1.17
b) Sentimento: 1 Co 4.21
c) Pensamento: Rm 1.9; Fl 1.27.
· Significando sabedoria, discernimento, raciocínio, conhecimento: Lc 1.80; Nm
14.24.
· Significando ânimo, energia: Gn 45.27; Jó 17.1
· Significando fôlego, respiração, sopro: Gn 7.15; Lc 8.55.
· Significando vida: Jó 12.10

3. Alma e Espírito com o mesmo significado (Jo 12.27; 13.21). O uso das palavras
bíblicas traduzidas como alma (heb. nephesh e gr. psychê) e espírito (heb. ruach e gr.
pneuma), algumas vezes são usadas com um mesmo significado. Por exemplo, em
João capítulo doze, disse Jesus: “Agora, está angustiada a minha alma” (psychê),
enquanto num contexto muito parecido, no capítulo seguinte, João diz que Jesus “an-
gustiou-se [...] em espírito” (pneuma) 5.

4. Saindo a Vida (alma ou espírito) o homem morre (Gn 35.18; Sl 146.4).


· Alma: Na “morte de Raquel, diz a Bíblia: 'Ao sair-lhe a alma' (porque morreu), [...] e
Isaías prediz que o Servo do Senhor derramaria a sua alma (nephesh) na morte (Is
53.12)” 6 . Estes exemplos evidenciam que ao sair nephesh, sai-lhes a vida (alma). “No
Novo Testamento, Deus diz ao rico insensato: 'Esta noite te pedirão a tua alma' [gr.
7
psychê] (Lc 12.20)” , ou seja a tua vida.
· Espírito: O Salmista declara que, na morte, o espírito (ruach) sai, cessando a vida.
Jesus, na hora da sua morte, “'inclinando a cabeça, rendeu o espírito' (Jo 19.30) e, do
mesmo modo, Estevão orou antes de morrer: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito!’
8
(At 7.59)” . Nesses dois exemplos, o termo grego para espírito é “pneuma”, e tam-
bém significa vida.

5. O espírito: fôlego de vida (Sl 104.29; Ec 12.7). Quando se usa espírito, em contraste
com carne, o objetivo não é diferenciar uma parte material duma imaterial do homem.
Algumas versões não utilizam a palavra espírito, mas a expressão sopro de vida.
· O que o texto quer dizer? Como se pode observar, o escritor de Eclesiastes não
quis afirmar que a personalidade do homem continua em existência após a morte.
Neste texto retratam-se os efeitos da velhice e da morte. Após a morte, o corpo
finalmente se decompõe e se torna novamente parte do pó da terra. O espírito, ou
seja, o fôlego de vida, o sopro divino, retorna a Deus. Assim, o que fica claro aqui é
que o homem morre porque lhe é tirado esse fôlego de vida (espírito).
· Mas, se espírito não significa uma entidade consciente, então o que retorna e
como? A palavra retorno não significa somente um movimento real dum lugar para
o outro. Quando Deus diz em Malaquias 3.7: “retornai a mim e eu vou retornar a vós”,
HOMEM: SER INTEGRAL
119

não está dizendo que os israelitas deveriam deixar sua terra e ir literalmente à pre-
sença de Deus, e nem Deus deixaria sua posição no céu para morar com eles. Retor-
nar aqui significa voltar sua atenção favorável para seu povo. Esse conceito envolve
também uma atitude, não um movimento literal dum lugar geográfico. Assim se dá
no caso do espírito. Na morte, não precisa haver nenhum movimento real da terra
para o domínio celeste para ele “retornar a Deus”. Mas o dom ou a concessão da
existência como criatura inteligente, antes usufruída pela pessoa falecida, reverte
então para Deus.
· Quem controla a vida? O que é preciso para animar a pessoa, a saber, o espírito ou
força de vida, está nas mãos de Deus, como expressa o salmista: “Nas tuas mãos
entrego o meu espírito (fôlego de vida, ruah) (Sl 31.5). Assim o espírito retorna a
Deus no sentido de que Ele controla as perspectivas de vida futura da pessoa. Cabe
a Deus decidir se vai ou não devolver o “espírito” ou força de vida ao falecido na sua
segunda vinda a esta terra.

III – HOMEM: SER INTEGRAL E MORTAL


“A ênfase bíblica está na unidade global do homem como criatura de Deus. Quando
Deus fez o homem, ‘lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma
vivente’ (Gn 2.7). Adão é aqui uma pessoa unificada, com corpo e alma vivendo e agin-
9
do juntos” . É um ser indivisível.

1. A alma é o homem integral (Gn 12.5; At 2.41; 1 Pe 3.20). A alma não tem existência
separada do corpo. Por isso, a melhor tradução em muitos casos é pessoa contida na
realidade corpórea. Assim: a alma se alimenta (Ex 12.16). Alguém pode raptar uma
alma (Dt 24.7). A alma morre (Ez 18.4). Ela pode jejuar (Sl 35.13). Pode desfalecer (Jn
2.7). A alma pode ser perseguida ou posta em correntes (Sl 7.5; 105.18). Estas coisas só
podem ser feitas por pessoas ou a pessoas.

2. A morte é o fim da existência humana (Ec 9.5-6;10). “A idéia de que, de alguma


forma, o homem pode existir à parte do corpo é impensável. Por conseguinte, não há
possibilidade de existência desencarnada após a morte. A imortalidade da alma é com-
pletamente inaceitável. Portanto, não só deixa de existir alguma possibilidade de uma
vida futura à parte da ressurreição do corpo, mas também exclui-se qualquer tipo de
10
estado intermediário entre a morte e a ressurreição” (Sl 146.4b).

? Reflexão: Como você entendeu que o homem é um ser integral e mortal?

CONCLUSÃO

A Bíblia mostra claramente que não há continuação da existência consciente por meio
duma alma ou dum espírito que abandone o corpo por ocasião da morte. A sentença
HOMEM: SER INTEGRAL
120

de Deus foi clara no Jardim do Éden: “Tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O ser humano
total (espírito, alma e corpo) deve estar preparado para a vinda do Senhor Jesus Cristo
(1Ts 5.23). A “ênfase de Paulo neste versículo é revelar que a santificação deve abranger
11
a totalidade da nossa personalidade” :

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. (1Ts 5.23)

1. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 389.
2. STRONG, J.; Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri: SBB, 2005. CD Rom
3. Idem.
4. COMISSÃO PERMANENTE DE DOUTRINA DA IGREJA ADVENTISTA DA PROMESSA.
5. Idem.
6. GRUDEN, Wane A.; Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 390.
7. Idem.
8. Idem.
9. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 389.
10. ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. p. 230.
11. LOPES, Hernandes Dias. Comentários Expositivos Hagnos – 1 e 2 Tessalonissenses. Rio de Janeiro: Hagnos, 2008. p. 151.
ACONTECIMENTOS
30 FINAIS
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, Objetivo
crede também em mim. Na casa de meu Pai Compreender os acontecimentos
há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo finais da história da humanidade
teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quan- através da vinda de Jesus, do
do eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos milênio e do juízo final.
receberei para mim mesmo, para que, onde eu
estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3).

A Bíblia nos informa sobre os eventos que acontecerão nos últimos dias. Uma das finali-
dades é promover esperança em nossos corações à medida que conhecemos a justiça
e o juízo de Deus através das verdades bíblicas. Aprenderemos que no fim de todas as
coisas Ele trará a condenação para os ímpios e a vida eterna para os justos.

I- A VINDA DE JESUS

1. Sinais que antecederão a vinda de Jesus (Mt 24). Ao responder à pergunta feita
pelos seus discípulos acerca da sua vinda (v.3), Jesus fala de um tempo precedente à
sua volta caracterizado por alguns sinais:
· Apostasia religiosa (v.5);
· Guerras e conflitos entre as nações (v.6,7a);
· Fomes e terremotos (v.7b);
· Perseguição da igreja (v.9);
· Escândalo, traição e ódio (v.10);
· Surgimento de falsos profetas (v.11,23-27);
· O amor de muitos se esfriará (v.12);
· A pregação do evangelho ao mundo (v.14);
· Haverá grande tribulação (v.21-22);
· O firmamento será abalado (v.29).

2. Não sabemos o dia nem a hora (Mt 24.42-44). Não devemos tentar prever a data
nem a hora da vinda de Jesus, mas sim estarmos preparados para esse momento em:
· Vigilância (Mt 25.13);
· Santidade (2 Pe 3.14);
· Trabalho (Mt 24.14).

3. A vinda do Senhor será de que forma?


· Literal (At 1.10,11);
· Pessoal (Jo 14.3; 1 Ts 4.16a);
ACONTECIMENTOS FINAIS
122

· Visível (Mt 24.30, Ap 1.7);


· Gloriosa (Mt 16.27; Cl 3.4);
· Repentina (Mt 24.44).
Jesus virá a terra para buscar a sua Igreja. Essa é a esperança de todos os crentes em
Cristo.

4. Para que Jesus virá?


· Para recompensar os salvos (Mt 25.34; 2 Tm 4.7,8);
· Para condenar os ímpios (Mt 25.41).

II – ACONTECIMENTOS QUE ANTECEDEM O MILÊNIO

1. Primeira Ressurreição - a dos justos (Jo 5.28,29; 1 Ts 4.13-17). Jesus nos ensinou
que haverá dois tipos de ressurreições: a dos justos e a dos ímpios. Não haverá uma
ressurreição geral das pessoas na vinda de Cristo, mas sim que os “mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro”. Já os corpos dos justos que estiverem vivos serão instantanea-
mente transformados (1 Co 15.51-53; Fp 3.20,21). Serão incorruptíveis, gloriosos e espi-
rituais (1 Co 15.42-44,49).

2. Os ímpios vivos morrerão (Jr 25.31-33; Ap 19.17,18). Isto acontecerá na vinda de


Jesus. Todos os ímpios que estiverem vivos naquele dia não suportarão a glória do
Senhor e morrerão, e a terra ficará vazia; “não serão pranteados, nem recolhidos, nem
sepultados”.

3. Satanás será aprisionado (Ap 20.1-3). O abismo, mencionado neste texto, se refe-
re à própria terra (Gn 1.2). O Diabo e seus demônios ficarão presos na terra no sentido
de que não terão ninguém para tentar durante mil anos, visto que os salvos estarão no
céu e os ímpios mortos por ocasião da vinda de Cristo.

III- ACONTECIMENTOS DURANTE O MILÊNIO

1. A terra ficará desolada (Jr 4.23-27). A vinda do Senhor Jesus desencadeará o fim
da ordem mundial da maneira como os homens a conhecem agora. E, assim, a terra
ficará parcialmente destruída e totalmente desabitada.

2. Os santos reinarão no céu (Ap 20.4-6). Todos os salvos reinarão com Cristo no Milê-
nio:
· Os mártires de todas as épocas (profetas, apóstolos, primeiros cristãos, etc.);
· Os que aceitaram a mensagem do evangelho e rejeitaram o sinal da besta nos últi-
mos dias.
ACONTECIMENTOS FINAIS
123

IV- ACONTECIMENTOS NO FINAL DO MILÊNIO

1. Segunda Ressurreição - a dos ímpios (Ap 20.5). A ressurreição dos ímpios só acon-
tecerá depois que se completar o milênio.

2. Satanás será solto por um pouco de tempo (Ap 20.7,8). A prisão de Satanás será
circunstancial, não tendo a quem enganar. Portanto, será temporariamente solto pelo
fato da segunda ressurreição.

3. Satanás e os ímpios cercarão a nova Jerusalém (Ap 20.8,9). Quando a Nova Jeru-
salém descer do céu (Ap 21.2), Satanás sairá para seduzir as nações a fim de tomar a
Cidade Santa.

4. Satanás e os pecadores serão destruídos (Ap 20.10-15). O Diabo, após a tentativa


fracassada de tomar a nova Jerusalém, será lançado no lago de fogo e enxofre, onde
estão a besta e o falso profeta. Este é o julgamento final de Satanás, os demônios e de
seus seguidores.

5. O aniquilamento eterno (Ap 20.10,15). As palavras eterno e todo o sempre não


significam necessariamente que nunca terão fim, do grego aíon, este vocábulo não traz
significado de um período que não tem fim. Quando aplicado a coisas terrenas tem
sentido restrito de duração enquanto durar a coisa a que se liga. Quando relacionadas
a Deus, exprime duração sem fim 1. Todos aqueles cujos nomes não forem encontrados
no livro da vida, serão lançados no lago de fogo. A besta, o Diabo, o falso profeta tam-
bém serão lançados nesse lugar. O castigo futuro será eterno? Em Mateus 25.41,46
lemos que os ímpios irão para o fogo eterno. Estas expressões não indicam uma eterni-
dade de sofrimento, mas, sim, denotam a ação do juízo de Deus. Sodoma e Gomorra
sofreram a pena do fogo eterno, porém a eternidade daquele fogo devorador durou
apenas um momento (Lm 4.6, Jd 7). Da mesma forma Edom (Is 34.9,10) não está quei-
mando até hoje.

6. Novos céus e nova terra (Ap 21.1-7). Após o aniquilamento de todo o mal, Deus
fará novos céus e nova terra para que seja o lar eterno dos salvos. Lá não haverá mais
sofrimentos nem pecado, nem morte, pois as primeiras coisas serão passadas.

CONCLUSÃO
“A nova vida será um interminável dia de núpcias para todo o povo de Deus – o tempo
mais feliz e alegre que se possa imaginar. E, não há nada que possa estragar isso:
nenhuma tristeza; nenhuma dor; nenhuma despedida de entes queridos; nenhuma
escuridão. Pois Deus está sempre presente. Ele está sempre próximo. Não há pecado
nem tentação para abalar o perfeito relacionamento com Deus” 2.
ACONTECIMENTOS FINAIS
124

“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém!
Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20)

1. BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 2452.
2. SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Manual Bíblico. tradução de Lailah de Noronha. Barueri: SBB, 2008. p. 776.
CHAMADOS
31 PARA DISCIPULAR
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as Objetivo
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Levar o estudante a entender que
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a foi chamado para discipular
guardar todas as coisas que vos tenho orde- pessoas para Cristo.
nado. E eis que estou convosco todos os dias
até à consumação do século”. (Mt 28.19,20)

Sempre que algo de bom acontece em nossas vidas, nosso desejo é o de compartilhar a
alegria com outras pessoas. Isso também deve acontecer quando entregamos nossa
vida para o Senhor Jesus e desfrutamos de suas bênçãos. Porém, além da satisfação,
vamos compreender que compartilhar o evangelho é uma responsabilidade que Cris-
to nos confia, sendo nós os seus discípulos.

I – O CHAMADO É PARA TODOS

1. Todos os salvos devem anunciar a salvação (1 Pe 2.9,10). Ao aceitarmos o com-


promisso da salvação recebemos conseqüentemente a responsabilidade de comparti-
lhar a mensagem do evangelho através da pregação e do testemunho pessoal. Esse é
nosso dever como cidadão do céu: apresentarmos a graça e a misericórdia de Deus aos
outros.

2. É um mandamento de Jesus (Mt 28.19,20; Mc 16.15). Jesus disse aos seus segui-
dores que eles deveriam “fazer discípulos de todas as nações”. Esse é um dos principais
ministérios da igreja com relação ao mundo 1. É importante compreendermos que a
ordem de Jesus não está no verbo ide, que expressa uma ação em desenvolvimento,
mas sim no verbo fazei. A idéia é: “indo, façam discípulos”. Seja onde estivermos – esco-
la, trabalho, lazer, família, entre amigos - devemos testemunhar sobre Jesus Cristo e
2
procurar ganhar outros para Ele .

3. A responsabilidade de frutificar (Jo 15.16). “Um tipo muito especial de fruto que
Deus quer de seus filhos é ganhar almas para Cristo. O salvo que compartilha as boas
novas do evangelho vai produzir outros salvos, quando a vida do Senhor passar por
ele” 3. Fomos chamados por Deus para produzir frutos. Não produzir significa ser repro-
vado por Ele. Pois, quem ama a Cristo frutifica. Ninguém produz dignamente sem tra-
balhar.

II – O CONTEÚDO DA MENSAGEM

1. As boas novas de Cristo (Lc 2.10,11; 2 Co 4.5,6). O anúncio do nascimento de Cris-


to informa que essa notícia seria “boas novas de grande alegria” para todo o povo, pois
CHAMADOS PARA DISCIPULAR
126

Ele é Jesus, o Salvador; Cristo, o Ungido de Deus; e Senhor, Deus em forma humana.
Portanto, Ele é o conteúdo da mensagem, o centro do discipulado. Quando discipula-
mos alguém, devemos levá-lo a seguir a Cristo e não a nós mesmos.

2. O Evangelho é poder de Deus (Rm 1.16). A mensagem do evangelho manifesta o


poder por meio do qual o próprio Deus opera, salvando o pecador mediante o desper-
tamento para o arrependimento, para a fé e para a obediência 4. Deus não pede que as
pessoas se comportem bem a fim de serem salvas, mas sim que creiam. É a fé em Cristo
que salva o pecador. A vida eterna em Cristo é a única dádiva perfeita para todas as
pessoas, quaisquer que sejam suas necessidades ou sua situação na vida 5.

III – OS RECURSOS QUE DEUS NOS DÁ

1. A Palavra de Deus (2 Tm 3.16; Hb 4.12). “As sagradas letras são capazes de fazer,
continuamente, o homem sábio para a salvação. Isso significa, antes de tudo, que os
homens aprenderam o caminho da salvação por meio da Bíblia, e que a segurança da
6
salvação vem mediante a Palavra de Deus” .

2. A ação do Espírito Santo (At 1.8; 1 Co 2.4,5). O batismo no Espírito Santo capacita
espiritualmente os discípulos de Cristo para a execução da obra e eficiente serviço a
7
Deus . Jesus está dizendo que os crentes seriam envolvidos, revestidos pelo poder de
Deus para serem testemunhas do evangelho. “O Espírito de Deus é o grande agente
divino da sabedoria e do poder de Deus na vida dos homens, o transformador dos remi-
dos segundo a imagem de Cristo, o agente santificador. Ele aparece como confirmador
da pregação que tem por centro a pessoa de Jesus Cristo” 8.

CONCLUSÃO
No trabalho do discipulado o Senhor nos deu a parte mais fácil: falar; todo o mais é com
Ele. Deus fará muito mais do que pedimos ou pensamos segundo o poder que em nós
opera (Ef 3.20). É possível que ao sairmos a campo nem todos aceitem a mensagem.
Mas, nem por isso devemos desanimar; pelo contrário, vamos continuar semeando a
palavra, sabendo que é o Senhor quem dá o crescimento e acrescenta aqueles que hão
de ser salvos.

“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?
Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8)

1. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 727.
2. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 140.
3. BÍBLIA. Português. Bíblia de Recursos para o ministério com Crianças. Almeida Rev. e Atual. São Paulo: Hagnos, 2003. p.
1274.
4. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, v. 3. p. 574.
5. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2006. v. 5. p. 672.
6. MCDONALD, Willian. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo N.T. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. p. 799.
7. BATISMO no Espírito Santo – Capacitação para Testemunhar. Sermões da IAP. São Paulo: A Voz do Cenáculo, 2008.
8. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo. Candeia. v. 4. p. 29
O NASCIMENTO
32 DE JESUS
“... hoje vos nasceu, Objetivo
na cidade de Davi, Compreender que Jesus
o Salvador, que é verdadeiramente nasceu como
Cristo, o Senhor.” homem, porém, não no dia 25 de
(Lc 2.11) dezembro.

Os profetas anunciaram o nascimento do Messias que viria com o propósito de resga-


tar e salvar a humanidade de seus pecados. Para isso Deus enviou seu próprio Filho,
Jesus Cristo, o Verbo encarnado, nascido de mulher, o Emanuel que significa Deus
conosco (Mt 1.23).

I- OS PROFETAS E O NASCIMENTO DE JESUS

1. Nasceria de uma virgem (Is 7.14; Mt 1.22,23). Isaías profetizou, cerca de 740 anos
antes, que uma virgem engravidaria, dando à luz um filho. Mateus narra o cumprimen-
to dessa profecia.

2. Nasceria em Belém (Mq 5.2; Lc 2.4,5,7). Aproximadamente 726 anos a.C. Miquéias
mencionou com precisão geográfica a cidade onde o Filho de Deus nasceria. Humana-
mente, seria impossível saber 726 anos antes que a mãe do Messias se dirigiria à cidade
de Belém e ali daria a luz. Somente Deus poderia saber disso. Foi Ele quem, através do
Espírito Santo, o revelou ao profeta Miquéias sete séculos antes.

3. Seria o Salvador (Is 9.6; 62.11; Mt 1.21). As profecias também falaram da vinda do
Messias como Salvador do mundo. Elas se cumpriram na palavra do anjo a José.

II - JESUS NÃO NASCEU EM 25 DE DEZEMBRO


O Nascimento de Jesus Cristo não se deu em 25 de dezembro. Biblicamente, dois fatos
importantes demonstram que o nascimento de Cristo não foi nesta data. O contexto de
1
Lucas revela que o nascimento do Messias ocorreu no período seco e quente do ano .
Sabemos disso por dois motivos: o recenseamento de Cesar Augusto e o fato dos pas-
tores estarem no campo à noite, o que seria improvável durante o período mais chuvo-
so do ano.

1. O Recenseamento (Lc 2.1-4). O recenseamento romano era realizado por dois moti-
vos importantes: atualização dos dados familiares e declaração de bens e valores. Essas
informações serviriam de base para a arrecadação de impostos. Esse recenseamento
era feito na cidade de origem. Por esse motivo, José e Maria precisaram viajar à Belém
da Judéia (Mq 5.2). O deslocamento de grandes grupos de pessoas de um local para o
O NASCIMENTO DE JESUS
128

outro não era algo apropriado em dezembro, pois era o período das chuvas na Palesti-
na.

2. Os pastores no campo (Lc 2.8,9). Não era típico dos pastores apascentarem suas
ovelhas no campo na época das chuvas. Estes recolhiam seus rebanhos das montanhas
da Palestina no final de Outubro, para protegê-los da fria temporada de chuvas que se
seguia (Ed 10.9,13; Jr 36.22). Entre os pastores era costume enviar ovelhas aos desertos
em meados da Páscoa (Abril) e trazê-los no começo das primeiras chuvas que começa-
vam no início do mês de Bul (Outubro/Novembro). O fato de que os pastores estavam
no campo, no nascimento de Jesus, comprova que Jesus não nasceu em 25 de Dezem-
bro.

3. Por que 25 de Dezembro? Não há registro bíblico do dia específico em que Jesus
nasceu. Com a cristianização do Império Romano, ficou determinado que 25 de
dezembro seria a data comemorativa do nascimento de Jesus. Essa escolha se deu
porque os romanos já comemoravam nesse dia o natal do Sol Invicto; festividade cele-
2
brada pelos adoradores do sol . “Alguns supõem que foi o Imperador Constantino que
estabeleceu o dia do natal, 25 de dezembro, para substituir a festa pagã em honra ao
sol. A festa pagã em foco tinha o propósito de celebrar o solstício de inverno, o renasci-
mento do sol, quando, no hemisfério norte do globo terrestre, os dias começam a tor-
narem-se mais longos” 3. Provavelmente foi o Império que tornou essa festividade pagã
numa celebração cristã.

III - OS SIMBOLOS NATALINOS


Papai Noel, árvores de Natal, guirlandas, bolinhas brilhantes e coloridas, bengalinhas
de açúcar e anjinhos pendurados nas árvores, nada disso faz parte do nascimento de
Cristo. São acréscimos culturais e pagãos feitos ao longo dos séculos e certamente não
pelos verdadeiros cristãos. Esses símbolos são idólatras e não possuem valor bíblico,
portanto não devem fazer parte do culto cristão.

CONCLUSÃO
Entendemos que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro e os símbolos envolvidos
nessa data não encontram amparo bíblico. Porém, não devemos nos esquecer que
verdadeiramente o Cristo nasceu, marcando a história como Senhor e Salvador da
humanidade. Portanto, celebre o nascimento de Jesus Cristo em sua vida todos os dias.

“... hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lc 2.11)

1. CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2008. v. 2. p 525.
2. Idem, v. 4, p 454.
3. Idem.
4. LOPES, Augusto Nicodemos. Não sou totalmente contra o Natal. Disponível em: http://www.ipb.org.br/portal/noticias/529-
nao-sou-totalmente-contra-o-natal . acesso em 23/05/2011.
Notas Bibliográficas

ARCHER JR., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? 3. ed. São Paulo: Vida Nova,
2007.
BATISMO no Espírito Santo – Capacitação para Testemunhar. Sermões da IAP. São Paulo: A Voz
do Cenáculo, 2008.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
BÍBLIA, Português. Bíblia de Jerusalém. Nova Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus,
2006.
BÍBLIA, Português. Ilumina Brasil Ltda. Primeira Bíblia e Enciclopédia Digitalmente Animada.
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2003. CD-Rom.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo. Almeida Revista e Atualizada. 2. ed. Sistema de Biblioteca
Digital Libronix. CD-rom.
BÍBLIA. Português. A Bíblia da Mulher. Almeida Revista e Atualizada. Mundo Cristão. São Paulo:
Mundo Cristão, 2003.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Corrigida. Almeida Revista e Corrigida.
ed. 1995. Barueri: SBB, 2002.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Devocional. Versão Almeida Revista e Corrigida. Organi-
zada por Max Lucado. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo e Aplicação Pessoal. Versão Revista e Corrigida. São Paulo:
CPAD, 2003.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. Versão Revista e Corrigida. São Paulo: SBB,
2001.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Recursos para o Ministério com Crianças. Almeida Rev. e Atuali-
zada. São Paulo: Hagnos, 2003.
BROWN Collin; COENEN, Lothar. Dicionário Internacional do Novo Testamento. 2. ed. São
Paulo: Vida Nova, 2000.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. 1. ed. São Pau-
lo: Candeia, 2000.
CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São
Paulo: Candeia, 2000.
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos,
2008. v. 2.
COMISSÃO PERMANENTE DE DOUTRINA DA IGREJA ADVENTISTA DA PROMESSA.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
130

DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo: Hagnos, 2005.
DOUGLAS, J. D; Bruce, F.F; Shedd, Russell P. O Novo Dicionário da Bíblia. 2. ed. São Paulo: Vida
Nova, 1995.
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
FERREIRA , Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. 3. ed.
São Paulo: Positivo, 2004.
FIGUEIREDO, Onésimo. Cristo e Mamom. Revista Educação Cristã - Dinheiro para a Igreja.
Santa Bárbara D`Oeste, v. 4.
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.HARRIS, R. Laird;
GLEASON l. Archer, Jr; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. São Paulo: Vida Nova, 2005.
KASCHEL, W; ZIMMER, R. Sociedade Bíblica do Brasil - Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed.
Barueri: SBB, 1999.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2004.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2004.
LAROUSSE, Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja. 1. ed. São Paulo: Abril. 2006.Lição bíbli-
ca.
O que cremos – Nossas crenças ponto a ponto. São Paulo, 4º trimestre. 2010. n. 293.
LOPES, Augusto Nicodemos. Não sou totalmente contra o Natal. Disponível em:
http://www.ipb.org.br/portal/noticias/529-nao-sou-totalmente-contra-o-natal . acesso
em 23/05/2011.
LOPES, Hernandes Dias. Comentários Expositivos Hagnos – 1 e 2 Tessalonissenses. Rio de
Janeiro: Hagnos, 2008.
MCDONALD, Willian. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo N.T. São Paulo:
Mundo Cristão, 2008.
MILLER, Stephen M; HUBERT, Robert V. A Bíblia e sua história. 3. ed. São Paulo: SBB, 2006.
O CAJADO do pastor. 2. ed. EUA: World Map, 2002. seção d1.
O que cremos – Nossas crenças ponto a ponto. Lições Bíblicas – Revistas para Estudos nas Esco-
las Bíblicas. São Paulo, n. 293, 4º. Trimestre de 2010.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006.
PFEIFFER, Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Batista Regu-
lar, 2001.
PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F; REA John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
REIFLER , Hans Ulrich . A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
131

Reunidos para falar com Deus. Vamos à Casa do Senhor. Lições Bíblicas - Revista para Estudos
nas Escolas Bíblicas. São Paulo, n. 295, 2º trimestre 2011.
RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. 1. ed. São
Paulo: Vida Nova, 1988.
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Manual Bíblico. tradução de Lailah de Noronha. Barueri:
SBB, 2008.
STOTT, John. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1992.STRONG, J. Sociedade Bíblica do Brasil:
Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong - Biblioteca Digital Libronix. Barueri:
SBB, 2005. CD-Rom.
TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991.
The Analytical Greek Lexicon. Londres: Samuel Bagster & Sons Ltda, 1971.
VINE, W. E. Dicionário Vine. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
WALTON, John; MATTHEWS, Victor; CHAVALAS, Mark. Comentário Bíblico Atos – Antigo Testa-
mento. Belo Horizonte: Atos, 2003.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Central Gospel. Rio
de Janeiro: Central Gospel, 2006.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Rio de Janeiro: Central
Gospel, 2006.

Você também pode gostar