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Linhas de ação

ꞏ 1ª linha de ação – “Um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra”
ꞏ 2ª linha de ação – “Um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes”
ꞏ 3º linha de ação – “A gente que contruiu esse convento”
ꞏ 4ª linha de ação – “Um padre que queria voar e morreu doido”
Planos da Narrativa
Plano da história:
ꞏ Portugal, século XVIII, reinado de D. João V
ꞏ Fiel recriação de situações e ambientes da época, como por exemplo: o Auto de Fé, a procissão dos Penitentes,
a tourada, etc.
Plano da ficção da história:
ꞏ Personagens como D. João V e a rainha Ana de Áustria são apresentados como caricaturas;
ꞏ Permite destacar, na construção do Convento de Mafra; um herói coletivo e anónimo (os milhares de homens
que nela foram obrigados a trabalhar, de quem não fala a história).

Plano do fantástico
ꞏ Centra-se na construção da Passarola – sonho partilhado e concretizado por Blimunda, Baltasar, personagens
de ficção, e Bartolomeu Lourenço, figura história do reinado de D. João V.

1ª Linha de Ação
A apresentação de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria, sua esposa, é feita em tom joco-sério, o que cria, desde o
primeiro momento, o ambiente propício do desenvolvimento da ironia, figura típica da sátira

Conclusão desta apresentação:


ꞏ A murmuração da corte
ꞏ O raciocínio do narrador em prol da abundância de “bastardos da real
Apontam para uma atitude de semente”
certa caricatura e zombaria ꞏ A linguagem um tanto displicente e irónica (“ainda não emprenhou”, “e
ainda agora a procissão vai na praça”, “nem isto nem aquilo fizeram
inchar até hoje a barriga de D. Maria Ana”)
Sistematização da 1ª linha de ação:
Um rei construtor
Encontro entre os reais esposos:
ꞏ A Quaresma, sonho de uns, vigília de outros
Sátira político-religiosa:
ꞏ Tiro ao alvo e o alvo dos tiros
Sátira anticlerical

2º Linha de Ação
Baltasar:
ꞏ A Pátria foi sempre ou quase sempre ingrata. Não só não reconhece o seu heroísmo como o expulsa do exército
por motivo de mutilação da mão esquerda, contraída nessa guerra. Recebe miséria e caminho livre para a
mendicidade, o roubo e o crime.
Blimunda
ꞏ A alusão aos olhos de Blimunda adquire desde logo, um ar. Os poderes desta personagem fazem dela um ser mítico,
mais do que humano.
ꞏ A Baltasar, os olhos de Blimunda não são indiferentes devido à penetração profunda, hiperbólica singular.
ꞏ Original rito de casamento.

A brevidade da Vida:
A brevidade da vida mostra os seus sinais quer no envelhecimento de Baltasar, quer no anúncio proférico da morte do
cunhado. A comparação do desaparecimento da andorinha e o reflexo do espelho, desmitificou a aparente estabilidade do
tempo. Mas, aos olhos do amor, não existe velhice. E o casal eternamente enamorado, escandaliza a Vila de Mafra.

“Desprendeu-se a vontade de Baltasar”


O último capítulo é constituído pela dramática procura de Blimunda por Baltasar, durante 9 anos.
O encontro final, no último auto de fé, momento mais cruel do que o primeiro, expressa a mais dura sátira ao Tribunal do
Santo Ofício, na cena de comovente desenlace trágico.
Na aventura romanesca de Sete Sóis e Sete Luas, heróis do pé descalço, vence o milagre do amor.
Entre o primeiro e último encontro, um auto de fé
A procissão do auto de fé une os dois fios da intriga amorosa de Sete Sóis e Sete Luas. No primeiro auto de fé,
desfilam, a caminho do degredo para Angola, Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda, enquanto este, no meio da
assistência, conhece Baltasar com quem parte da primeira comunhão de corpos e vidas.
No último auto de fé, a encerrar o romance, Blimunda, após 9 anos de intensa via-sacra, reencontrará no mesmo lugar,
entre os condenados à fogueira, o marido.

3º Linha de Ação
Construção da passarola
Esta linha de ação vai ganhando relevo e une a primeira à segunda: se o convento é obra e promessa do rei, é ao
sacrifício dos homens, aqui representados por Baltasar e Blimunda, que ela se deve. Glorificam-se aqui os homens que se
sacrificam, passam por dificuldades, mas que também as vencem.

4º Linha de Ação
Entre a alquimia e a tecnologia – o sonho de voar
Interseção de elementos entre os três núcleos diagéticos: a aventura da Passarola, a história do rei e da rainha e a
história de Sete-Sóis e Sete-Luas:
ꞏ A aventura da Passarola recebe o apoio mecenático do monarca
ꞏ A heterodoxia do Padre Bartolomeu Lourenço e a sua ligação com Baltasar e Blimunda fazem da sua
experiência, apesar do sucesso final, num fenómeno politicamente marginalizado pelo Santo Ofício, acabando o
protagonista por morrer louco em Toledo

As funções de Baltasar e Blimunda


A ajuda preciosa de Blimunda tem o efeito de um supervisor mais sensível do que um detetor eletrónico.
Se Sete-Sóis é a mão direita do voador porque lhe fabrica o engenho, Sete-Luas é a Central que lhe deteta e conquista
a energia capaz de mover e fazer voar a máquina.
Descoberta a vontade interior do organismo, foi fácil a Blimunda entender o essencial da sua função na construção da
máquina. É uma solução que concilia a física com a metafísica, já que as vontades não são detetáveis para nenhum
instrumento, nem atraídas por nenhuma substância. Entre a alquimia, ou melhor, a metafísica e a tecnologia, concretiza-
se o sonho de voar.
Tempo
Tempo histórico
ꞏ Casamento de D. João V com D. Maria Ana Josefa – 1708
ꞏ Início da construção do convento de Mafra – 1717
ꞏ Último auto de fé, onde é sentenciado António José da Silva – 1739
Tempo da narrativa
ꞏ A narrativa inicia-se por volta de 1717
ꞏ Baltasar é queimado conjuntamente com António José da Silva
Tempo do discurso
ꞏ O narrador faz ressurgir o passado, analisando-o conscientemente com a sua visão do presente. Ou seja, o
passado serve para criticar o presente.

Visão crítica
ꞏ Tom irónico relativamente à hipotética esterilidade da rainha e às infidelidades do rei
ꞏ Comportamento leviano do rei, a sua vaidade desmedida e as promessas megalómanas de um regime opressivo
ꞏ Autos de fé – pessoas que dançam em volta das fogueiras onde se queimaram os condenados
ꞏ Injustiças sociais
ꞏ Exploração do povo
ꞏ Empatia face aos mais desfavorecidos, cujo esforço é elogiado e enaltecido

Simbologia
ꞏ Sol – Vida, renovação de energias
ꞏ Lua – Força vital, ritmo biológico da Terra
ꞏ Passarola – harmonia entre o sonho e a realização. Representa o progresso, liberdade; a alternativa a um
espaço de repressão, intolerância e violência
ꞏ Sonho/vontade – Força motora que conduz à evolução e ao progresso.
ꞏ Passarola / Convento – Metáfora da liberdade e do poder do Homem vs. opressão e poder de Deus.
ꞏ Sete-Sóis/Sete-Luas – Símbolo da união e da plenitude. O primeiro representa o dia, a força física e o trabalho.
A segunda representa a noite, a magia, o sonho. A união de ambos simboliza a perfeição
ꞏ Três – Representa a ordem espiritual e intelectual.
ꞏ Quatro – Símbolo da Terra com os seus pontos cardeais. Representa a totalidade do espaço e do tempo.
ꞏ Nove – Número da procura, da gestação, simboliza o coroar do esforço.

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