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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da __ª Vara Cível da Cidade e

Comarca de Indaiatuba, Estado de São Paulo.

REF.: Processo n.º XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX


Ação de Modificação de Guarda

LUCIANA, brasileira, maior, divorciada, arquiteta,


portadora da Cédula de Identidade RG n.° XX.XXX.XXX-X SSP/SP, inscrita no CPF.MF sob
o n.° XXX.XXX.XXX-XX, titular do endereço eletrônico: luciana@gmail.com, residente e
domiciliada na Rua José Bueno n.° 520, Jardim Vista Alegre, na cidade e comarca de São
Paulo, Estado de São Paulo, CEP XX.XXX-XXX, por seus advogados e bastante
procuradores que esta subscrevem, nos autos da Ação de Modificação de Guarda,
promovida por EDUARDO, vem, respeitosamente, à presença de V. Exª., apresentar a
sua

CONTESTAÇÃO

o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:


SÍNTESE DA INICIAL

Aduz o Requerente que foi casado com a Requerida


durante 10 (dez) anos e que do enlace conjugal adveio o nascimento de 01 (uma) filha,
Gabriela, atualmente com 07 (sete) anos.

Em continuidade alega que, em Ação de Divórcio, as


partes compuseram acordo de guarda unilateral, alimentos e regime de convivência da
filha, em que a Requerida ficaria com a guarda unilateral da menor e ao Requerente
regulamentado seu direito.

Que mesmo tendo o juiz definido os horários de visita


do genitor, o relacionamento com sua filha está cada vez mais frio e distante, e atribuiu
a razão disso ao comportamento de sua ex-esposa. Apresentando, ainda, trechos de
supostas conversas com a Requerida, em aplicativo de mensagens.

Declara que a Requerida apresentou diversas denúncias


contra ele e sua atual esposa, tendo registrado boletins de ocorrência comunicando
maus-tratos, ameaça e violência doméstica, cujos inquéritos policiais foram arquivados.

Que a Requerida dificulta o convívio entre pai e filha,


por meio de viagens e descumprimento de ordens judiciais relativas aos dias em que a
criança deveria estar em companhia paterna. Havendo, inclusive, uma certidão de
busca e apreensão da menor intentada pelo autor, atestando que a avó materna estava
escondendo a criança dentro de um armário por acreditar que o juiz estava
favorecendo o pai.

Aduz ainda, que a Requerida desqualifica a sua figura


paterna, fazendo a menor acreditar que ele havia abandonado a família e não mais a
amava.

Pleiteia a fixação da guarda da menor unilateralmente


em favor do Requerente, bem como o direito das visitas em favor da Requerida, nos
termos mencionados na exordial. Não sendo esse o entendimento, pleiteia pela
modificação da guarda unilateral para compartilhada, com a alteração do plano de
regime de convivência.

É a síntese do necessário.
PRELIMINARMENTE

Inicialmente, vem, em sede de preliminar, alegar a


incompetência do foro para processar e julgar a ação proposta pelo Requerente, tendo
em vista que a jurisprudência consolidada no egrégio STJ é no sentido de que, havendo
interesse de crianças e adolescentes, a competência é do domicílio do seu guardião.

Súmula n.º 383. A competência para processar e julgar as ações


conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do
domicílio do detentor de sua guarda.

Compulsando-se os autos, verifica-se que o autor de


forma ardilosa indicou em sua peça vestibular, como sendo domicílio da Requerida, a
cidade de Indaiatuba, mesmo sabendo tratar-se de uma deslavada mentira, eis que, na
própria sentença de divórcio, o juiz decidiu pela guarda unilateral em favor da Ré, uma
vez que os genitores residem em municípios diferentes.

Assim sendo, há de ser reconhecida a incompetência do


juízo, a fim de remeter os autos a cidade e comarca de São Paulo - SP, onde deverá ser
procedida a tramitação destes, atribuindo-se ao autor os ônus consectários pela sua
má-fé e tentativa de indução do juízo a erro, com informação falsa acerca do verdadeiro
domicílio da Requerida e de sua filha, o que desde já se requer.

DA VERDADE DOS FATOS

Respeitado o entendimento diverso de V. Exª acerca do


tópico anterior, o que se admite somente a título de argumentação, há fatos graves a
serem considerados no caso em análise, eis que a realidade não se coaduna com a
argumentação colacionada pelo Requerente e a ação em si não merece prosperar,
senão vejamos:

De fato as partes contraíram matrimônio, mantendo o


relacionamento e a convivência pelo período de 10 (dez) anos. Deste relacionamento
adveio 01 (uma) filha, Gabriela, contando atualmente com 7 (sete) anos de idade.

Acontece que, diferente do que o autor pretende se


valer, narrando que as partes compuseram acordo de guarda unilateral, alimentos e
regime de convivência da menor, a verdade que merece prosperar é a de que o divórcio
entre eles foi litigioso e dentre as várias tentativas de acordo proposta pela Requerida,
para findar o conflito, todas restaram infrutíferas, sendo ao certo que quem decidiu
pela guarda unilateral em favor da genitora e todos os outros termos foi o juiz, na
sentença do divórcio.

O que se aparenta até então, é a vontade do autor em


ocultar como era seu relacionamento com a Requerida. Ocorre que, durante toda a
convivência das partes, o Requerente apresentava constantemente crises de ciúmes,
sendo certo que além de ofender moralmente a Requerida, também a ameaçava e a
agredia fisicamente.

Enquanto as partes ainda eram casadas, foram


apresentados boletins de ocorrência em face do Requerente, denunciando o mesmo
por ameaça e violência doméstica. Assim como o autor declara, os inquéritos policiais
foram definitivamente arquivados, mas ao contrário do que alega, o motivo pelo qual
eles foram arquivados não foram por serem inconsistentes e sim pela Requerida ter
apresentada renúncia à representação perante o juiz.

Em verdade, a Requerida sempre se culpava pelo que


estava sentindo e acontecendo, mesmo enxergando a situação tóxica, ela tentava
justificá-la, como um mecanismo de defesa do cérebro para não se decepcionar. Por
esse motivo, ainda que tenha registrado os boletins de ocorrência, todos foram
arquivados pela "reconciliação" das partes ocorrida à época.

Contudo, depois de outros inúmeros desentendimentos,


agressões e por finalmente ter procurado ajuda, a Requerida então decidiu por um fim
ao relacionamento, ocasião em que distribuiu Ação de Divórcio Litigioso. Em referida
Ação ficou fixado que a guarda da menor seria unilateralmente da Requerida, bem
como fixou o direito de visitas do Requerente.

Entretanto, a Requerida foi surpreendida com o


recebimento da citação do presente processo, promovido por seu ex-marido, no qual
requer a modificação da guarda de sua filha Gabriela.

O Requerente alega que é a Requerida quem dificulta a


convivência dele com a filha, trazendo aos autos, para confirmar tal assertiva, trechos
de supostas conversas com a genitora, em aplicativo de mensagens, da qual a mesma
desconhece e diz nunca terem sido realizadas entre eles.
Verifica-se que o Requerente utilizou de procedimento
deveras malicioso, antiético e mendaz, novamente na tentativa de indução do juízo a
erro, apresentando trechos de conversas simuladas por ele próprio.

Desta forma, assim que percebido pela Requerida a


simulação, conhecida também como "Fake Chat", com o intuito de causar prejuízos ou
lesão a esta, foi registrado um boletim de ocorrência, conforme cópia em anexo.

No intuito de auxiliar a verificação de tal matéria,


pedimos Vênia para colacionar nesta contestação, os trechos apresentados pelo
Requerente, em que ele mesmo se contradiz e acaba demonstrando que aquilo não
passa de informações falsas e simuladas.
É de conhecimento que Renata, mãe da Requerida, após
sua filha se divorciar, foi com ela residir para auxiliar na criação de sua neta. De que
maneira poderiam tais prints serem tidos como verdadeiro, se não condizem com os
fatos. Resta evidente que a intenção do autor é utilizar meios fraudulentos e ardil, para
o induzimento do juízo a erro.

Importante salientar, ainda, que a viabilização de uso de


prints de aplicativos de mensagens, como meio de prova, foi tema de discussão entre
os ministros da 6ª turma do STJ, sendo proferido entendimento pela ilicitude deste
meio de prova para as demandas criminas. De modo que, abre oportunidade de
questionar a veracidade de tal corpo probatório digital também em lides de outras
áreas do Direito.

Na realidade, acontece que começaram a ocorrer


diversas desavenças entre a Requerida e o Requerente, uma vez que o mesmo,
constantemente, descuidava da menor, já que sua filha sempre voltava chorando da
residência do pai, muitas vezes com suas roupas sujas, dizendo que não havia tomado
banho e que tinha passado fome.

Importante se faz mencionar que estas situações


trouxeram enormes abalos emocionais tanto para a Requerida, quanto para a menor,
sendo certo que nenhuma criança deveria ser obrigada a se envolver nessas situações,
principalmente quando perpetradas pelo próprio genitor.

Ressalta-se que desde a separação das partes, a menor


encontra-se sob os cuidados da Requerida e também da avó materna, que cuidam com
todo o carinho e amor, não deixando lhe faltar nada para sua subsistência.

Ainda que o Requerente tenha melhores condições


financeiras, ele não se atenta aos cuidados básicos de sua filha, demonstrando não
possuir capacidade psicológica alguma para cuidar da menor, não procurando prover
aquilo que a menor mais necessita, que é cuidado, carinho e atenção.

O Requerente busca a todo custo desqualificar a relação


da avó materna e da Requerida com a criança, alegando fatos infundados e sem
qualquer veracidade, deixando de apresentar provas de tais absurdas alegações, sendo
certo que os fatos alegados pelo autor buscam induzir o juízo a erro, como uma forma
ardilosa de trazer prejuízos a Requerida.
Assim sendo, considerando a situação mais benéfica a
menor Gabriela, que é a maior interessada na presente ação, a Requerida vem tutelar
pelos direitos e bem estar desta.

DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Com efeito, ficou demonstrado pelo Requerente a


grande animosidade entre as partes, que refletem negativamente sobre a menor.

Cediço é que, nos litígios em que estejam envolvidos


interesses relativos a crianças, o julgador deve ter em vista, sempre e primordialmente,
o interesse do menor. Conforme disposto no artigo 227, da Constituição Federal, a
criança tem o direito de viver em um local seguro, com alguém que tenha condições
para manter tal salubridade.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar


à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Desta forma, é possível perceber a preocupação do


constituinte na tutela dos interesses da criança, adolescente e do jovem, de modo a
assegurar-lhe convívio social digno e favorável ao seu desenvolvimento.

De acordo com o voto proferido pela Ministra Nancy


Andrighi, do julgamento do AgRg no Ag 1121907/SP, Terceira Turma, D.J. 05/05/2009:

“(...) No direito de família, notadamente quando se trata do


interesse de menores, a responsabilidade do julgador é
redobrada: é a vida da criança que está para ser decidida e para
uma criança, muitas vezes, um simples gesto implica causar-lhe
um trauma tão profundo, que se refletirá por toda a sua vida
adulta. Por esse motivo, toda a mudança brusca deve ser, na
medida do possível, evitada. Nos processos envolvendo a
guarda de menores, a verossimilhança deve ser analisada com
maior rigor (...)”.
Destarte, é importante observar que a alegação
apresentada pelo Requerente acerca da alienação parental, gera situação das mais
delicadas. Haja vista o receio de que, se a denúncia não for verdadeira, traumática será
a situação em que a menor estará envolvida.

A Requerida entende a necessidade da presença


paterna na vida da menor, mas ao que tudo indica o Requerente não conseguiu
elaborar adequadamente o luto da separação, provavelmente auferindo um sentimento
de rejeição, e surge assim esse desejo de vingança, de desmoralização de sua ex-
parceira. Pois, de todo modo ele pretende comprometer a imagem da genitora,
narrando maliciosamente fatos que não ocorreram.

Entrando no mérito da alienação parental, Renata, mãe


da Requerida, relatou que na convivência com a menor, notou que nos retornos das
visitas ao genitor, esta volta com o emocional muito abalado. Muitas vezes em estado
alterado, com crises de mau humor, comportamento agressivo, alegando que é forçada
a visitar o pai, e em outros momentos chora compulsivamente, dizendo que não é por
ele amada e que o pai já possui uma nova família, não mais se importando com ela.

Esses comportamentos da menor indicam a ocorrência


da prática de alienação parental, observando esses sinais de nervosismo, que a menor
apresenta um dia anterior as visitas, muitas vezes suplicando a avó que a ajudasse, que
a protegesse e impedisse sua visita. Sinais de agressividade quando retorna da casa do
pai, tendo crises de mau humor e em outras horas apresenta sinais de depressão, ao
dizer que não se sente mais amada pelo pai e que esse não se importa mais com ela.

Diversamente, em nenhum momento o Requerente


apontou de forma precisa, em quais atos da Requerida ficou caracterizado a pratica de
alienação, sendo imprescindível que além da alegação, apresentasse a prova para que
assim fosse possível a formação da convicção do julgador.

Vale mencionar, ainda, que há uma certidão de busca e


apreensão da menor intentada por Eduardo, atestando que a avó materna estava
escondendo a criança dentro de um armário. Sucede-se que, na realidade a Gabriela
quem se escondeu por conta própria, sabendo que no dia seguinte teria que ir visitar o
pai e não queria ir de maneira alguma.
De qualquer forma, a realização de tal medida sempre é
um episódio traumático. Como bem consignado pela doutrinadora Maria Berenice Dias:

(...) Em face das nefastas consequências que podem advir à


criança, subtraída a fórceps por ordem judicial do convívio
afetivo do genitor, em vez da expedição de mandado de busca
e apreensão, recomendável que seja aplicada multa por cada
dia em que não ocorrer a entrega do filho.

O Requerente postulou genericamente a constatação de


alienação parental. Ocorre que, não trouxe qualquer prova nesse sentido, não sendo
possível a consignação da mesma.

DA MODIFICAÇÃO DE GUARDA

De início, cumpre destacar que o direito deve buscar


resguardar os interesses do menor, devendo ser conduzida a presente ação a fim de
atendê-los. A legislação brasileira, em atenção às necessidades dos menores, previu no
Código Civil em seu artigo 1.583, as condições mínimas na definição da guarda, in
verbis:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 1° Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só


dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5°) e,
por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos
comuns.

Dessa forma, deve-se definir a guarda com atenção aos


interesses do menor, conforme assevera ampla jurisprudência:

A guarda deve atender, primordialmente, ao interesse da


menor. No caso, estando a menor sob os cuidados da família de
uma amiga de infância, situação sui generis, e não
demonstrando interesse em conviver com a mãe e nem com o
pai, não há justificativa para a concessão da guarda paterna."
(Apelação Cível N° 70075548941, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro,
Julgado em 22/11/2017).
Como preleciona a professora Ana Carolina Silveira Akel,
a guarda é "um dos atributos do poder familiar, referindo-se à custódia natural, vale
dizer, à proteção que é devida aos filhos, por um ou ambos os pais, constituindo um
conjunto de deveres e obrigações que se estabelece entre um menor e seu guardião,
visando seu desenvolvimento e sua integração social".

Não havendo consenso entre os genitores, Milton Paulo


de Carvalho Filho adverte que: "sempre se decidirá tendo-se em vista os interesses dos
menores, podendo, por esta razão, ser modificada a decisão a qualquer tempo, desde
que a ocorrência de fato relevante e grave a justifique".

Diante de estudo psicossocial ao final requerido, será


analisado o contexto da ocorrência de supostos maus tratos e também a fala da criança,
se sente ou não melhor acolhida e mais protegida junto a Requerida.

No caso em tela, não presentes os requisitos


necessários à boa convivência familiar e o interesse da menor para justificar a guarda
unilateralmente do Requerente, ser mantida a guarda unilateral para a Requerida é
medida que se impõe.

O instituto jurídico da guarda corresponde à relação


jurídica firmada entre aquele que exerce a posse sobre a menor, responsabilizando-se
pela sua proteção, educação, direção, sustento, a qual neste caso está na pessoa da
Requerida e deverá com ela ser mantida.

A negligência por parte do genitor da menor na


condução da saúde, proteção, atenção, amor, fica perfeitamente demonstrada diante
das atitudes que vem tomando, conforme se verifica pelo relato da avó sobre o convívio
entre o Requerente e a neta.

Em contrapartida, a menor recebe todo esse afeto e


cuidado em dobro na residência materna, considerando que sua vó, desde a separação
dos pais, veio a residir com ela, para auxiliar em sua criação.

Veja, Excelência, a menor possui constante


acompanhamento e amor da avó materna, como sabido, que é uma relação muito
forte.
Os avós têm papel importante no crescimento e na
formação das crianças. Com a experiência que eles acumulam, oferecem uma visão
mais ponderada sobre a vida e são capazes de transmitir segurança. A relação próxima
com os netos contribui para dar mais estabilidade emocional para os pequenos.

Os avós conseguem transmitir paciência, por isso os


netos gostam de conversar com a avó ou o avô. Nos primeiros anos, os assuntos podem
envolver dificuldades na escola ou problemas com colegas. Na adolescência, os temas
podem ser as amizades ou primeiras paixões.

Os avós podem passar tempo com os netos revivendo as


brincadeiras de infância do passado. Essa é uma forma de se entreter e conhecer um
pouco mais sobre cada um, além de criar um vínculo diferenciado.

Comparativamente, se por um absurdo seja alterada a


guarda definida, a qual Eduardo busca reformular, Gabriela passaria a conviver em
creches, escolas, cuidadores, pois Júlia possui sua atividade particular e Eduardo
trabalha em tempo integral, o que seria uma desproporcionalidade em relação aos
cuidados da avó, que se dedica em tempo integral, e de notado afeto entre avó e neta.

É necessário realçar que, tratando-se de litígio entre


genitores que se separaram, a lei incube ao magistrado de decidir quem ficará
responsável pela menor, buscando adotar uma solução que possa atender de forma
mais satisfatória as necessidades dela.

Entretanto, não há condições para que a guarda seja


compartilhada como também pretende requerer o autor, tendo em vista que somente
aumentaria o grau de litigiosidade que parece envolver as partes, o que é demonstrado
por todo o exposto.

Sendo que tal medida seria prejudicial aos interesses da


menor, tendo em consideração a desarmonia do ex-casal, de modo que cada decisão
sobre as atividades cotidianas poderia ensejar disputas a respeito de qual vontade deve
prevalecer, o que pode traumatizar aquela que é tutelada nos processos de guarda, a
criança.

DAS VISITAS ASSISTIDAS


Caso o MM. Juiz entenda, ao final da instrução
processual, pela fixação do direito de visita ao Requerente, requer que as mesmas
sejam fixadas de forma a garantir a segurança da criança, a saber:

O Requerente até que se esclareça acerca da ocorrência


dos maus-tratos em face da criança, deverá passar, a cada 15 (quinze) dias, um dia do
final de semana, sábado ou domingo, sem pernoite, com a filha, acompanhados de
algum familiar ou pessoa de confiança da Requerida, retirando-a da casa da Requerida
às 10h00, e devolvendo-a às 18h00, no mesmo local.

Assim sendo, com o intuito de preservar o direito de


todos os familiares da menor, em manter a convivência familiar e os laços afetivos, é
que se requer a regulamentação do direito de visitas nos termos acima apresentados.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

1) Juntada dos inclusos documentos.

2) A improcedência da pretensão deduzida pelo


Requerente em relação a modificação de guarda unilateral para guarda compartilhada
c. c. alteração de regime de convivência fundamentado na alienação parental.

3) Se for do entendimento do juízo, requer, ao final da


instrução processual,que sejam fixadas as visitas do Requerente a menor Gabriela, nos
termos ora apresentados pela Requerida, a fim de que seja preservado o convívio e a
participação do Requerente em seu desenvolvimento e crescimento.

4) Manifestação do Ministério Público, inclusive acerca


da farta documentação acostada e que corroboram as inverdades lançadas na peça
vestibular em visível tentativa de indução do juízo a erro.

5) Condenação do autor no pagamento das custas e


despesas processuais, além de honorários advocatícios, aplicando-lhe ainda as sanções
decorrentes da litigância de má-fé, uma vez que busca a indução do juízo a erro.
6) Requer, outrossim, seja determinada, com urgência, a
realização de estudo psicossocial da menor e de seus genitores, com entrevistas pelo
Setor Técnico (Assistente Social e Psicóloga) a fim de apurar fatos, em especial quanto a
ocorrência da Alienação Parental praticada pelo autor em face da Requerida.

7) Expedição de ofício a escola da criança, a fim de


esclarecer o desenvolvimento emocional e pedagógico da infante e eventuais distúrbios
havidos no seu aprendizado em decorrência das divergências havidas entre os
genitores.

8) Expedição de ofício a Delegacia de Policia Civil, a fim


de colacionar a esses autos a cópia integral do inquérito instaurado perante aquele
órgão, para instruir a presente ação.

Protesta e requer provar o alegado, por todos os meios


de prova em direito admitidos, em especial pelo depoimento pessoal do Requerente,
oitiva de testemunhas, realização de perícias, em especial pelo estudo social e avaliação
psicológica das partes e da menor, juntada de novos documentos e demais meios que
se fizerem necessários no decorrer da instrução para a solução da contenda e a
realização plena da Justiça.

Termos em que,
Pedem Deferimento.
Indaiatuba, 26 de outubro de 2.022.

Advogado
OAB/SP

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