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O que é democracia?
A palavra democracia tem origem na Grécia antiga e significa “governo do povo”. Portanto, todo aquele
regime que se reivindica como democrático, pressupõe a participação dos cidadãos e cidadãs no destino
do país. É a partir daqui, na maneira como se dá a tal participação, que ao longo da história a democracia
foi ganhando vários formatos, onde as pessoas participam de forma direta ou indireta.
Democracia representativa:
Um dos modelos mais tradicionais é o de democracia representativa – formato aplicado no Brasil, que
funciona a partir das eleições que, em basicamente todo o mundo ocidental, são sustentadas pelo
Sufrágio Universal, ou seja, todas e todos podem votar e escolher o seu representante, daí a ideia de
representatividade democrática.
No modelo representativo, os políticos e ou cidadãos que desejem exercer cargos eletivos necessitam
estar filiados em partidos políticos, estes lançam os candidatos, que por sua vez e sempre nos períodos
eleitorais, podem ir às ruas ou utilizar outros métodos para pedir votos às pessoas.
No Ocidente, a democracia representativa é maioria, com algumas diferenças de um país para outro. E
quais são essas diferenças? A começar pela duração dos cargos eletivos (varia entre 4 e 5 anos),
financiamento de campanhas: em alguns países apenas cidadãos podem doar, em outros, o
financiamento é misto, ou seja, pessoas e empresas privadas podem ajudar com dinheiro e, em alguns
países, além dos dois meios de financiamento, o Estado também possui um fundo eleitoral, caso do
Brasil. E como os partidos políticos acessam esse fundo? De acordo com a sua bancada na Câmara dos
Deputados Federais: quanto maior o partido, mais dinheiro recebem.
O modelo de democracia participativa é considerado por especialistas como o mais ideal, pois a ideia é
conceder poder deliberativo aos cidadãos e cidadão. E o que seria o poder de deliberativo? Os eleitores
podem barrar diretamente decisões que considerem ruins por parte dos governantes. Por exemplo: o
governador de um estado decide construir uma ponte, porém essa construção vai afetar diretamente a
vida de moradores de um determinado bairro. Esses moradores, organizados, na democracia
participativa podem barrar tal medida. Em uma democracia representativa, os afetados pela construção
dependem dos deputados e vereadores para barrarem ações que considerem negativas.
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É importante destacar que o modelo de democracia participativa também não é homogêneo. A
participação dos cidadãos pode ser através de conselhos populares organizados em nível nacional,
estadual e municipal; participação direta no destino da verba pública a partir de audiências deliberativas,
ou seja, são os grupos organizados que decidem onde o dinheiro público vai ser investido e, por ser
deliberativa, o governo nacional e o local não podem desobedecer.
No Brasil nós tivemos uma pequena experiência de democracia participativa durante a gestão da então
prefeita da cidade de São Paulo, Marta Suplicy (PT), com a instituição do Orçamento Participativo (OP),
onde grupos organizados participavam de uma audiência pública e decidiam o destino de 15% do
orçamento da cidade.
Para especialistas, o modelo participativo de democracia é ideal demais e por isso tão pouco aplicado.
Alguns avaliam que ele pode funcionar em países pequenos, mas não em nações como o Brasil ou EUA,
que são grandes demais.
Parlamentarismo e presidencialismo são dois sistemas de governo que existem na maioria dos
governos democráticos da atualidade.
O objetivo é o mesmo: garantir a governabilidade e a segurança do Estado e dos cidadãos.
A principal diferença entre os dois sistemas de governo é o modo como é escolhido o chefe do
Poder Executivo. Também se as funções como chefe de Estado e de Governo são concentradas em uma
só pessoa ou divididas em duas.
No presidencialismo, o chefe do Poder Executivo é o presidente, que é eleito pelo povo por meio
do voto direto ou indireto.
Parlamentarismo
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Alguns países que são parlamentaristas: Alemanha, Reino Unido, Japão, Irlanda, Itália, Espanha
e outros.
Presidencialismo Parlamentarismo
O presidencialismo é um sistema de Parlamentarismo é um sistema de governo
governo em que o presidente é o Chefe de em que o Poder Legislativo (parlamento)
Estado e Chefe de Governo. Este define o representante do Poder Executivo.
presidente é o responsável pela escolha Todos os projetos, leis e outras decisões do
dos ministros e deve submeter seus governo são submetidos a votação do
Definição projetos de lei ao parlamento. parlamento.
Primeiro-Ministro (em alguns países é
chamado de Chanceler, Presidente do
Poder Conselho de Ministro, Presidente do
executivo Exercido pelo Presidente da República. Governo).
O primeiro-ministro é escolhido pelo
parlamento, por meio da maioria de votos
internos. Ele também pode ser escolhido
pelo Chefe de Estado através de uma lista
Por meio de voto direto do povo. Nos fornecida pelo parlamento.
Escolha do Estados Unidos, o presidente é eleito por Por sua parte, o parlamento é escolhido
representante um colegiado. pelos cidadãos.
Depende do país. No Brasil, o mandato é
de 4 anos, já na França é de cinco anos. Indefinido.
Tempo de A possibilidade de reeleição também Em certos países há eleições a cada quatro
mandato depende das leis de cada país. ou cinco anos.
Onde surgiu Estados Unidos Inglaterra Medieval
Fiscalizar, debater leis que sejam Todas as decisões do governo passam pelo
Função do sugeridas pelo Executivo e ser um parlamento. Ele também é responsável pela
parlamento contrapeso aos atos do mesmo. escolha do Chefe de Governo.
O chefe de Estado (rei ou presidente) é
Chefia de Está concentrado na mesma pessoa que exercido por outra pessoa e esta não
Estado exerce a chefia de governo. possui responsabilidades políticas.
Em caso de falecimento ou por meio
do Impeachment. Este só acontece apenas O parlamento tem o poder de substituir o
em casos de crimes de responsabilidade, Chefe de Governo. Em caso de suspeita de
Interrupção do cassação por crime eleitoral ou crime corrupção, pode ser aprovado o voto de
governo comum durante o mandato. censura.
Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália,
Exemplos Brasil, Estados Unidos, Argentina, Uruguai Alemanha, Portugal.
No presidencialismo, o presidente exerce o O Poder Executivo necessita da aprovação
Poder Executivo, enquanto os outros dois do parlamento para ser formado.
Divisão de poderes (Legislativo e Judiciário) possuem No entanto, há independência entre os
Poderes autonomia. poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
Em qual regime
de governo
pode ser
aplicado? República Monarquia e república
A divisão de poderes
Até este momento nós acompanhamos os modelos de democracia existentes no mundo.
Percurso importante para que vocês tenham em mente que não existe apenas um e que todos estes
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modelos apresentados possuem características diferentes, a depender do país. Porém, todos eles têm
uma marca em comum: a participação da população no destino político do país.
Além disso, a democracia possui outras marcas: a liberdade de expressão, onde, de acordo com
as regras de cada país, os cidadãos e cidadãs podem expressar suas respectivas opiniões, estas
características nos levam a outra, que também acompanha um regime democrático: a liberdade de
imprensa, ou seja, jornais, revistas, rádio, portais de internet, etc., podem fazer críticas ou elogios aos
governos sem que sofram sanções.
Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui
outra marca: a divisão de poderes; são eles: executivo, legislativo e judiciário. Vejamos a competência de
cada um deles:
Executivo
O poder executivo é aquele designado ao representante eleito (presidente, governador e prefeito)
– direta ou indiretamente, como vimos anteriormente – e que tem por obrigação aplicar o seu plano de
governo. E como isso se dá? Tanto no regime presidencialista (representativo ou participativo), quanto no
Parlamentarista, esse poder executivo é distribuído em ministérios que são responsáveis por assuntos
específicos. Por exemplo: economia, educação, saúde, segurança, direitos humanos, arte e cultura, lazer
etc.
Legislativo
O poder legislativo varia muito conforme o país. Por exemplo, no Brasil nós temos três tipos de
poder legislativo: o municipal (Câmara dos Vereadores), o estadual (Assembleia Legislativa) e o nacional
(Câmara dos Deputados Federais e o Senado, estes dois compõem aquilo que é chamado de Congresso
Nacional).
Judiciário
O poder judiciário, além de garantir os direitos da população, ele também serve como fiscalizador
do Poder Executivo e ele está dividido em algumas esferas: O Supremo Tribunal Federal (STF), O
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais Regionais Federais
e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e
Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal.
Cabe destacar que dentro de cada estrutura dessa funcionam uma série de outras subestruturas
do Poder Judiciário, como os tribunais estaduais.
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Além dos recursos financeiros, a estrutura pública também é formada de recursos “legais”, isto é,
de um determinado código de leis que rege a sociedade como um todo, e que cabe também aos
representantes eleitos pelo voto a estabelecerem.
É importante notar que o direito ao voto se refere sempre a uma comunidade específica. Por
exemplo, nas eleições municipais de uma cidade “x”, só podem votar para escolher como prefeito ou
vereador, as pessoas que são naturais desta cidade.
Da mesma forma, um brasileiro que não tenha dupla nacionalidade, ou seja, não tenha direitos
políticos em dois países diferentes, não pode participar dos processos eleitorais que ocorrem, por
exemplo, na Itália. Desta forma, a universalidade do direito ao voto sempre está regulada pela
participação de determinado indivíduo em determinada comunidade.
Na Grécia antiga, onde surgiu a democracia, temos um exemplo interessante a respeito das
restrições da democracia quanto a quem tinha direito ao voto. Se tomarmos, por exemplo, a cidade de
Atenas entre os séculos VI e V a.C, poderemos verificar que as condições para que se tivesse direito ao
voto eram não ser:
escravo,
estrangeiro ou
do sexo feminino.
Essas condições faziam com que o percentual efetivo de pessoas que tinham direito ao voto não
ultrapassasse os 15%. Obviamente, se compararmos a sociedade democrática de hoje com a
democracia ateniense de 2.600 anos atrás, iremos constatar que hoje existe uma abrangência muito
maior do direito ao voto.
As mulheres conquistaram igualdade política na sociedade ocidental e a escravidão é uma prática
completamente extinta das estruturas políticas dos Estados ocidentais, desde o século XIX.
É preciso compreender que o verdadeiro centro da democracia é a ideia de que todos os
membros de determinada comunidade têm igual direito e dever de intervir nas decisões que se referem
aos recursos públicos. O voto é o meio através do qual este processo pode ser realizado e deve ser visto
sempre como uma consequência de um processo maior, e não como um ato isolado em si mesmo.
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O valor do voto reside no comprometimento da pessoa que votou com determinada proposta, pois
o que realmente transforma uma sociedade é o
cuidado contínuo com a mesma, expresso através das manifestações públicas que exigem direitos
públicos, tais como:
justiça,
igualdade de direitos,
dignidade,
condições de trabalho,
educação,
saúde.
Cabe ainda ressaltar que a democracia, embora seja cada vez mais afirmada como valor universal, é
um valor de origem claramente ocidental.
Na verdade, o próprio ocidente passou muito mais tempo afastado da democracia, do que próximo a
ela. O continente europeu foi por mais de 1.600 anos governado por imperadores, reis e pela igreja
católica. Essas formas de governo se caracterizavam pelo poder de oligarquias, que são pequenos
grupos de pessoas consideradas nobres e que por isso teriam o direito de governar.
A democracia, tal como podemos observar no ocidente, é, portanto, fruto de um longo processo
histórico que pode parecer estranho às culturas que vieram de outras influências filosóficas e religiosas.
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Por isso, a discussão de até que ponto e em que velocidade a democracia pode (ou não) se
estender como um valor realmente universal, configura-se como tarefa muito delicada e necessária do
ponto de vista de uma ética global.
O panorama da extensão da democracia no mundo de hoje aponta que esta se mostra presente
em toda a Europa, predominante na América, e pouco expressiva na Ásia e África.
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sempre pensar em “democracias”, dada a variedade de estágios de desenvolvimento dos Estados
democráticos no mundo.
igualdade,
justiça,
causas ambientais,
bem-estar público,
liberdade,
dignidade,
educação etc.
Vamos deixar isso mais claro: ninguém elege um político desejando que ele desvie dinheiro público
para multiplicar o seu salário. Elegemos políticos de acordo com a confiança que temos na sua suposta
capacidade moral de seguir os ideais defendidos no período de campanha.
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Quando determinado político aceita dinheiro ou favores para não seguir os valores e ideais afirmados
em público, ou quando simplesmente se nega a trabalhar por estes valores, ele se corrompe. Isto é, ele
ocupa um cargo e recebe por ocupar este cargo, fingindo estar a favor de causas que para ele, na
verdade, não existem mais, foram corrompidas.
Nesse caso, com a corrupção dos valores, ocorre a quebra de confiança no sistema democrático, pois a
população percebe que foi traída na defesa de seus interesses.
Nesse sentido, a corrupção é algo que existe no mundo todo, mas que, no entanto, é especificamente
um problema mais recorrente em democracias mais jovens, como é o caso do Brasil. Isso porque, nesses
casos, a impunidade se mostra mais acentuada.
Sem valores, a democracia não é muito melhor que qualquer sistema tirânico disfarçado. Isso porque,
enquanto os sistemas tirânicos são baseados em imposições de governo por via da ameaça e da violência,
os sistemas democráticos tendem a ser regulados por valores tais como liberdade, igualdade e justiça.
Ou seja, são justamente os valores agregados à democracia que fazem dela um sistema de governo
melhor que o de um tirano, como o do ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein.
É interessante notar que a liberdade está sempre presente em todo sistema democrático. Pode até ser
que a maioria dos políticos de um país democrático qualquer seja corrupta. Mas a liberdade, ou a
sensação de liberdade, sempre é mantida dentro dos Estados democráticos.
O que, de qualquer forma, não deixa de ser, mesmo diante do problema da corrupção, uma grande
vantagem em relação aos sistemas e governo tirânicos.
A democracia e as minorias
Resumo
O voto, dentro da democracia bem desenvolvida, não pode ser nunca um fim em si mesmo. Ele é a
consequência de um conjunto de ideias anteriores, sobretudo a de igualdade de direitos, e mostra-se
como um meio para que uma decisão seja tomada.
A democracia parte do pressuposto de que todos têm os mesmos direitos dentro do Estado do qual
participam.
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Para a democracia, é fundamental a divisão clara entre aquilo que é público e aquilo que é privado. O
sistema democrático opera, sobretudo, com as questões de cunho, social, político e econômico onde
todos têm direitos iguais.
A estrutura pública é formada por recursos materiais e pelo corpo de leis que regulam o
desenvolvimento da sociedade.
A universalidade do voto está sempre limitada pela participação de determinado indivíduo em
determinada estrutura social onde ele tem poder de voto. É preciso fazer parte de um meio para poder
ter direitos políticos de intervenção sobre ele.
A democracia nasce na Grécia antiga e suas primeiras formas datam de mais de 2.600 anos.
O processo de desenvolvimento da democracia é lento e obedece às variações culturais de cada país
ou região.
A verdadeira democracia exige que os cidadãos tenham real sentimento e consciência de pertença e
responsabilidade para com o meio onde vivem.
A formação do Brasil partiu de um processo de colonização exploradora, enquanto que países como
os Estados Unidos passaram por processos de colonização de povoamento.
Cerca de 76% da história de nosso país é marcada pelo regime escravocrata.
Muito de nossa passividade quanto aos crimes absurdos contra o dinheiro público deriva da nossa
pouca experiência histórica com a democracia.
A carga tributária do Brasil é uma das maiores do mundo – 40% – e, mesmo assim, muitas vezes
sentimos “vergonha” quanto à cobrança de nossos direitos: mais um sintoma da fragilidade de nossa
consciência democrática.
A corrupção se mostra como a grande inimiga da democracia na medida em que acaba com os
vínculos de confiança necessários entre eleitores e eleitos.
A liberdade é talvez o traço mais fundamental da democracia.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. O que é democracia?
2. Defina presidencialismo e parlamentarismo.
3. Além dos pilares da participação dos cidadãos e cidadãs por meio do voto ou pela participação de
Conselhos Populares (deliberativos ou consultivos,) e da liberdade de expressão, a democracia possui
outra marca: a divisão de poderes, quais são eles?
4. Uma democracia sem exercício de voto não é possível. Por outro lado, o voto
sem os fundamentos da democracia não faz sentido democrático. Por quê?
5. Leia o fragmento de texto a seguir:
Só de Sacanagem!
Elisa Lucinda
[...]
Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não
importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus
amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a
gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não
admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo,
mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!
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CIDADANIA
O que é a cidadania?
A cidadania representa o conjunto de direitos e
deveres que um cidadão tem em um
determinado território. Esse conceito, que
perpassa diversas áreas das Ciências Humanas,
é bastante amplo e remete ao convívio pacífico
da sociedade, mediante um conjunto de diversos
direitos e deveres que devem ser assegurados e
respeitados, com vistas à construção de uma
sociedade plenamente democrática. Os direitos e
deveres de um cidadão envolvem as esferas
civil, política e social, assim como diversos
campos da sociedade, como a saúde, a
educação e a segurança.
→ Exemplos de cidadania
A cidadania é o termo que designa o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo. São
exemplos de cidadania o direito ao voto livre e a liberdade de expressão. A função da cidadania é
contribuir para a participação ativa dos indivíduos na sociedade, e o exercício pleno da cidadania
promove a participação das pessoas em diversos setores da comunidade, havendo assim a construção
de uma sociedade democrática. Logo, a importância da cidadania remete à transformação social, por
meio da participação cidadã.
Conceito bastante amplo, a cidadania envolve diversas esferas da sociedade. São exemplos de
cidadania desde práticas individuais, como destinar o lixo doméstico para locais adequados de
coleta e reciclagem, até ações que impactam a sociedade como um todo, como o direito e o dever
de participar de uma eleição democrática por meio do voto.
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importância a participação das escolas e da educação em geral no processo de conscientização dos
indivíduos.
Cidadania no Brasil
A cidadania no Brasil foi resultado de uma longa trajetória de construção da identidade
brasileira e do processo de independência do país, que marcou a construção dos primeiros
documentos legais que demarcam os direitos e deveres dos cidadãos do país. Nesse contexto,
a Constituição da República Federativa do Brasil é um elemento-chave, uma vez que ela é a principal lei
do país, ou seja, onde estão reunidos todos os principais direitos e deveres dos cidadãos brasileiros.
Mesmo com o aporte legal, o exercício da cidadania no Brasil ainda é bastante complexo,
visto que não são todas as prerrogativas legais que são cumpridas pelo poder público, como, por
exemplo, em áreas como saúde, educação, segurança e alimentação. No mesmo sentido, a acentuada
desigualdade social brasileira, assim como a falta de efetivação de políticas públicas diversas, dificulta o
exercício da cidadania no país.
Direitos do cidadão
Os direitos de um cidadão são descritos nos documentos constitucionais que legislam
determinado território. No caso específico do Brasil, esse documento é a Constituição da República
Federativa do Brasil, promulgada em 1988. De acordo com o referido documento, são exemplos de
direitos dos cidadãos brasileiros|1|:
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados;
a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer.
Deveres do cidadão
Assim como ocorre em relação aos direitos, os deveres de um cidadão também
são descritos no documento constitucional de um determinado território. São exemplos de direitos
indicados pela Constituição da República Federativa do Brasil (1988)|1|:
o sufrágio universal por meio do voto direto e secreto nos termos da lei;
o respeito e o cumprimento da legislação do Brasil;
o cumprimento do serviço militar obrigatório nos termos da lei;
a proteção ao patrimônio histórico, cultural e ambiental do Brasil.
História da cidadania
A história da aplicação do termo “cidadania” tem origem na Grécia Antiga, onde havia uma clara
descentralização do poder, por meio da constituição de cidades semiautônomas. Logo, esse
termo referia-se aos direitos e deveres daqueles que moravam nas cidades da Grécia Antiga.
No mesmo sentido, o termo cidadania aplicava-se ao conjunto de direitos e deveres da
população local na Roma Antiga. Em ambos os casos, vislumbra-se uma relação muito próxima entre
cidadania e democracia, com destaque para a Grécia, considerada o berço das práticas democráticas no
mundo.
Portanto, a história da cidadania está justamente atrelada à participação dos indivíduos nos
diferentes âmbitos de uma comunidade. Com o tempo, essa concepção foi ampliada, incluindo
diversas esferas da sociedade, assim como inúmeras localidades, que passaram a adotar a democracia
como regime de governo. Atualmente, a maior parte das nações ditas ocidentais e outras localidades no
planeta têm no exercício da democracia uma das suas premissas básicas.
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Por que a cidadania é importante?
A cidadania é importante porque, por meio dela, os cidadãos podem contribuir de forma direta para
a construção de uma sociedade mais justa. Nesse sentido, destaca-se que é fundamental que os
cidadãos tenham plena consciência dos seus direitos e deveres e que os coloquem em prática, com
vistas à mudança da mentalidade individual e coletiva para que seja promovida a cidadania plena dos
indivíduos. Essas ações promovem a transformação social, auxiliando assim na construção de uma
sociedade mais democrática.
E é a partir desse princípio que, para atingir resultados satisfatórios em diferentes áreas, os
governos (federal, estaduais ou municipais) se utilizam das políticas públicas.
Um programa da Prefeitura que esteja beneficiando seu bairro, por exemplo, é uma política pública. A
educação, a saúde, o meio ambiente e a água são direitos universais, assim, para assegurá-los e
promovê-los.
O conceito de políticas públicas pode possuir dois sentidos diferentes. No sentido político, encara-
se a política pública como um processo de decisão, em que há naturalmente conflitos de interesses. Por
meio das políticas públicas, o governo decide o que fazer ou não fazer. O segundo sentido se dá do
ponto de vista administrativo: as políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades
realizadas pelo governo.
Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado ou uma política de
governo. Vale a pena entender essa diferença: uma política de Estado é toda política que independente
do governo e do governante deve ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de
governo pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se
transformam em políticas públicas.
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Políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de diretrizes e intervenções emanadas do
estado, feitas por pessoas físicas e jurídicas, públicas e/ou privadas, com o objetivo de tratar problemas
públicos e que requerem, utilizam ou afetam recursos públicos.
Toda vez que alguém fala em política pública surge um grande ponto de interrogação em sua
cabeça? Tudo bem, o termo “política pública” é um desses conceitos com os quais todos nós já nos
deparamos por aí, mas nem sempre compreendemos de primeira. Ele está sempre em jornais, sites e
revistas, mas, quando somos questionados, temos dificuldade em definir o que ele significa. Isso não é
nenhuma surpresa, afinal o termo tem muitas formas e usos. Longe de esgotar o significado dessa
expressão, vamos tentar dar a ela um sentido prático.
Imagine que você e seus vizinhos decidam adotar conjuntamente um cachorro que está
passeando nas redondezas. Para evitar aquele velho ditado “cachorro com mais de um dono morre de
fome” todos vocês teriam de fazer alguns combinados: delegar responsabilidades (que envolvem dinheiro
e regras), como quem dá alimento em quais dias, quem tem disponibilidade para vacinar o animal e castrá-
lo, quem pode ofertar abrigo esporádico etc. Assim, toda essa organização e processo contribui para que
um objetivo comum seja atingido: o bem do cãozinho. Esse processo funciona de maneira semelhante a
uma política pública.
De maneira simples, a política pública é um processo (com uma série de etapas e regras) que
tem por objetivo resolver um problema público. Todos nós lidamos com isso diariamente em nossas
relações pessoais: traçar soluções para chegar a uma finalidade que agrade a um grupo de pessoas.
Pois é mesmo! Agora vamos dar uma olhada nos quatro tipos e exemplos de políticas públicas que
impactam nossas vidas diariamente:
1. Políticas públicas distributivas: sua a principal função é distribuir certos serviços, bens ou quantias a
apenas uma parcela da população. Um exemplo seria o direcionamento de dinheiro público para áreas que
sofrem com enchentes; na Educação, seriam as cotas.
2. Políticas públicas redistributivas: sua principal função é redistribuir bens, serviços ou recursos para
uma parcela da população, retirando o dinheiro do orçamento de todos. Um exemplo disso seria o sistema
previdenciário; na Educação seria a política de financiamento educacional, onde há um fundo em que
todos os municípios e estados colocam dinheiro, mas que depois é repartido conforme as matrículas e não
de acordo com a contribuição de cada um.
3. Políticas públicas regulatórias: Essas medidas estabelecem regras para padrões de comportamento.
São bastante conhecidas, pois tomam a forma de leis. Um exemplo muito comum são as regulações do
trânsito; na Educação, podemos citar a lei que organiza a área, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação).
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4. Políticas públicas constitutivas: O nome difícil quer dizer que elas estabelecem as “regras do jogo”.
Isto é, são elas que dizem como, por quem e quando as políticas públicas podem ser criadas. O conceito
pode parecer obscuro, mas quer saber uma que atinge a vida de todos nós? A distribuição de
responsabilidade entre municípios, estados e Governo Federal. Na Educação, por exemplo, municípios
são responsáveis pela Educação Infantil e Ensino Fundamental 1; estados pela Ensino Fundamental 2 e
Ensino Médio; e o Governo Federal pela Educação Superior.
ESFERA PÚBLICA
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Esfera pública política
O conceito de esfera pública política tem sido retomado devido a dois movimentos conceituais. O
primeiro deles é a noção de democracia deliberativa, que determina que o reconhecimento social de
pretensões e vontades acontece apenas quando toma forma de palavra, através do discurso. Assim,
a esfera pública política argumentativa ganha força. Outro é a relação entre política e mídia, uma vez
que, atualmente, não há espaço de exposição, visibilidade e debate maior que a mídia.
Habermas nega a existência de uma esfera pública política autêntica em uma cena política dominada
pelos medias. O debate foi reacendido porque muitos acreditam que a política midiática é feita de forma
espetacular, seguindo princípios de sedução, escassamente argumentativa, teatral.
Muitos autores consideram que a esfera pública perdeu sua participação no processo de construção de
diálogo na política, uma vez que a produção de decisões ocorre fora de seu alcance, na negociação
protegida do público pelos gabinetes. Essas decisões emergem publicamente de modo a fazer com que os
cidadãos possam assentir, aderir ou tolerar as posições. Logo, a esfera pública apresenta apenas o papel
de legitimação das informações.
Ainda segundo Habermas, as problemáticas que são debatidas na esfera pública política refletem as
experiências de sofrimento advindas de condições sociais estressantes. Essas experiências afetam
primeiro o âmbito pessoal, as histórias de vida; depois, elas afetam os círculos familiares, os grupos de
amigos, a vida cotidiana; e só então elas ecoam na esfera pública, numa discussão pública acerca de uma
problemática em comum.
De modo geral, como o Estado não tem sempre condições, seja financeira ou operacional (ou
ambas), de proporcionar todos os serviços que são inerentes aos direitos universais do cidadão, as OSs
surgem para suprir essa demanda.
OS são disciplinadas por uma lei específica: a Lei Nº 9.637, de 15 de Maio De 1998 que em seu
primeiro artigo traz a seguinte informação:
“O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.”
No caso, uma “pessoa jurídica de direito privado” é, grosso modo, sinônimo de “empresa”.
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Assim, toda organização sem fim lucrativo criada com o intuito de exercer alguma das atividades
descritas no Artigo citado e atendendo aos extensos requisitos dispostos na Lei, podem ser qualificadas
como uma OS pelo Poder Executivo.
É importante frisar também que o surgimento da regulamentação para OSs veio de um
movimento de administração pública que se baseia em criar relacionamento estratégico entre Estado e
Sociedade a fim de incentivar a produção de bens e serviços, pela Sociedade, que não são exclusivos do
Estado e, assim, ajudando a minimizar as limitações operacionais do governo.
Quando uma instituição é qualificada como OS, ela está habilitada para administrar bens e
equipamentos do Estado, além de receber financiamento público, com a contrapartida obrigatória de
celebrar um contrato de gestão (parte das condições de consolidar sua qualificação).
Mais uma vez, vamos entender inicialmente a sua regulamentação, que é feita a partir da Lei Nº
9.790, de 23 de Março De 1999 em seu Art. 1º:
“Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento
regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias
atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.”
No caso, a Lei totaliza treze “objetivos sociais”, como citado no Artigo, que vão desde assistência
social, promoção da cultura, educação e saúde, dentre outros.
Para complementar seu conhecimento, você pode acessar a lei e conhecer os treze objetivos
sociais que qualificam OSCIPs, pois são todos de grande importância.
Outro critério importante é que, na condição de proporcionarem tais objetivos sociais, a OSCIP
deve os proporcionar segundo os Princípios da Universalidade dos Serviços Públicos.
Muita gente pensa que uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) é um
tipo de entidade ou organização. Mas não é nada disso. Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa
pergunta é frequente e a resposta para ela é: não.
Então, o que é?
Uma OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas
atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado
ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A OSCIP
está prevista no ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com todos
os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas
por empresas possam ser descontadas no imposto de renda.
Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa pergunta é frequente e a resposta para ela é: não. E o
motivo é simples: a figura da ONG não existe no ordenamento jurídico brasileiro. A sigla é usada de
maneira genérica para identificar organizações do terceiro setor, ou seja, que atuam sem fins comerciais
e cumprindo um papel de interesse público, como associações, cooperativas, fundações, institutos, entre
outras.
Já a qualificação de OSCIP é o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que se entende
por ONG, especialmente porque é marcada por exigências legais de prestação de contas referentes a
todo o dinheiro público recebido do Estado.
19
OSs e OSCIPs são a mesma coisa?
Iniciativa popular
O que é Iniciativa popular?
A iniciativa popular é uma das formas de garantir a participação do indivíduo na vida do Estado. Por meio
dela os cidadãos poderão inovar o ordenamento jurídico em âmbito federal, estadual e municipal, desde
que atendidos os requisitos exigidos pela Constituição.
Conceito
O conceito de iniciativa popular corresponde ao direito constitucionalmente previsto que permite aos
cidadãos apresentarem projeto de lei e, a partir de então, iniciarem o processo legislativo. Este
instrumento poderá ser aplicado para aprovar normas nas esferas municipal, estadual ou federal.
20
Em Leis Federais
Segundo dispõe o artigo 61, parágrafo segundo da constituição federal, no âmbito federal é exigida a
subscrição mínima de 1% do eleitorado nacional distribuídos em 5 Estados e com participação de 0,3%
em cada um desses Estados. Observe:
Em Leis Estaduais
Quanto à iniciativa de lei em âmbito estadual, não é previsto pela carta magna o numerário necessário,
como ocorre no âmbito federal, de modo que caberá à lei dispor acerca dos requisitos. Nesse sentido, o
artigo 27, parágrafo quarto:
Vale destacar, portanto, que o artigo colacionado representa norma constitucional de eficácia limitada,
dependente de lei superveniente para ser aplicada.
Em Leis Municipais
Segundo o artigo 29, inciso XII da constituição, exige-se, em âmbito municipal, que o percentual de 5%
do eleitorado do Município pretenda a apresentação do projeto de lei.
21
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
O exemplo mais famoso que temos no Brasil de lei de iniciativa popular é a chamada Lei da
Ficha Limpa, fruto de todo um movimento de combate à corrupção eleitoral.
A ação popular, por sua vez, é uma ação judicial, prevista no artigo 5º, inciso LXXIII,
da Constituição. Trata-se, agora, de um processo judicial, que pode ser usado pelo cidadão
brasileiro que queira proteger o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico
cultural ou a probidade administrativa.
Vejamos o que diz a Constituição a respeito:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Uma vez proposta uma ação popular terá início um processo judicial, cuja tramitação encontra-
se regrada pela Lei nº 4.717/65. Ao final do andamento do processo, espera-se que ocorra um
julgamento pelo Magistrado competente, o que pode levar à condenação dos responsáveis pelo ato
lesivo.
Em síntese, portanto: ambas são demonstrações de cidadania, sendo a iniciativa
popular uma reunião de assinaturas para apresentação de um projeto de lei perante a Câmara dos
Deputados, enquanto a ação popular representa, por sua vez, um processo judicial, promovido pelo
cidadão, que deseja resguardar o meio ambiente, o patrimônio público, o patrimônio histórico e cultural
ou a probidade administrativa.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. O que é a cidadania?
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IDENTIDADE E CULTURA
1. Introdução
2. Conceito de Cultura
Em 1952 os antropólogos A.L. Kroeber e Clyde Kluckhohn analisaram 162 diferentes definições de
cultura e concluíram que não seria possível uma definição de cultura que contentaria a maioria dos
antropólogos. Com esse balde-de-água-fria, seguem algumas definições já “clássicas” de cultura na
antropologia que devem ser consideradas criticamente.
23
3. Conceito de Identidade
Identidade e alteridade
Identidade é o conceito que atravessa as áreas da sociologia e da
antropologia e está ligado às características do grupo social no qual o indivíduo
está inserido. Alguns fatores tal como a cultura, a história, o local e o idioma são
importantes para que um grupo compartilhe elementos identitários.
Um problema antigo para a história do pensamento ocidental é o da
identidade. A identidade foi enunciada em um princípio elucidado pelo filósofo
grego clássico Aristóteles, chamado princípio da identidade. Aristóteles o propôs
em uma fórmula que diz: “algo é algo”, ou seja, qualquer coisa possui uma
identidade definida.
Os seres humanos prezam por suas identidades, que são o que de mais imediato e preciso temos
em nossas particularidades. Essa identidade, que garante a nossa individualidade, pode ser o gatilho
para um comportamento individualista. Nesse sentido, a princípio, a identidade parece ser o início do não
reconhecimento da alteridade. É por isso que a psicologia e a filosofia podem ajudar-nos a compreender
a importância da alteridade em nosso mundo.
O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual do sujeito social, mas que ainda
assim é totalmente dependente do âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se
por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si
mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de
determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, nacionalidade ou
classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua
identidade.
Dentro desse conceito de identidade, há duas distinções importantes que devemos entender
antes de prosseguirmos. A teoria sociológica distingue duas apreensões: a identidade social e a
autoidentidade.
A identidade social refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, o que
serve como uma espécie de categorização realizada pelos demais indivíduos para identificar o que uma
pessoa em particular é. Portanto, o título profissional de médico, por exemplo, quando atribuído a um
sujeito, possui uma série de qualidades predefinidas no contexto social que são atribuídas aos indivíduos
que exercem essa profissão. A partir disso, o sujeito posiciona-se e é posicionado em seu âmbito social
em relação a outros indivíduos que partilham dos mesmos atributos.
Já a autoidentidade (ou a identidade pessoal) refere-se à formulação de um sentido único que
atribuímos a nós mesmos e à nossa relação individual que desenvolvemos com o restante do mundo. A
escola teórica do “interacionismo simbólico” é o principal ponto de apoio para essa ideia, já que parte da
noção de que é diante da interação entre o indivíduo e o mundo exterior que surge a formação de um
sentido de “si mesmo”. Esse diálogo entre mundo interior do indivíduo e mundo exterior da sociedade
molda a identidade do sujeito que se forma a partir de suas escolhas no decorrer de sua vida.
24
que seria composta daqueles que têm a pele negra, cabelos crespos, entre outras características
fenotípicas.
A diferença entre raça e etnia é portanto que raça determinava um grupo por características
biológicas, enquanto a etnia fala sobre aspectos culturais. Contudo, estudos da sociologia, antropologia e
da biologia no último século contribuíram para desconstruir a ideia discriminatória do conceito de raça e
aposentar o termo quanto classificação humana.
A língua é utilizada como fator primário de classificação dos grupos étnicos. Existe um grande
número de línguas multi-étnicas e determinadas etnias são multilíngues.
Os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma continuidade no tempo,
apresentam uma noção de história em comum e projetam um futuro como povo.
Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem comum, de valores,
tradições e, em vários casos, instituições.
5. Conceito de Miscigenação
Miscigenação no Brasil
A miscigenação do povo brasileiro é bastante evidente e intensa, principalmente devido à
presença de diferentes etnias que colonizaram e residiram no país, como europeus, asiáticos, africanos e
indígenas, que já habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses.
Aliás, o processo de miscigenação no Brasil começou a partir do século XVI, com a chegada dos
portugueses em terras brasileiras. É graças ao fenômeno da miscigenação que o Brasil é conhecido por
sua diversidade cultural, pois o povo, formado por tantas misturas, preserva a herança de vários grupos
étnicos diferentes.
De acordo com a classificação de "raças" no Brasil, criada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e aplicada a partir do censo de 1971, existem cinco categorias: branca, preta,
amarela, parda e indígena.
25
"A miscigenação entre brancos e negros originou os povos chamados de mulatos. Já da mistura entre
índios e brancos surgiram os mamelucos, considerados como os primeiros brasileiros no período após
o descobrimento. Já a miscigenação entre índios e negros deu origem aos cafuzos."
Pardo é o mesmo que mulato, cafuzo ou caboclo, ou seja, uma pessoa com diferentes ascendências
étnicas e que são baseadas numa mistura de cores de peles entre brancos, negros e indígenas.
6. Identidade Cultural
Por fim, podemos estabelecer, diante do que já foi esclarecido, que o conceito de identidade
cultural faz alusão à construção identitária de cada indivíduo em seu contexto cultural. Em outras
palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos
posicionamos em relação a ele. Esse processo é continuo e perpétuo, o que significa que a identidade de
um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse sentido, a identidade cultural preenche os espaços de
mediação entre o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público.
Nesse processo, ao mesmo tempo que projetamos nossas particularidades sobre o mundo exterior
(ações individuais de vontade ou desejo particular), também internalizamos o mundo exterior (normas,
valores, língua...). É nessa relação que construímos nossas identidades.
Atualmente, o maior desafio para se manter a identidade cultural dos grupos sociais é a globalização,
que determina padrões culturais baseados na cultura estadunidense, que tem se tornado hegemônica
no mundo.
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7. A Identidade Cultural Brasileira
A identidade cultural brasileira é o conjunto de traços culturais que definem o que é ser
brasileiro. Em tese, os brasileiros compartilham determinadas características culturais que fazem com
que cada um deles se sinta parte da nação. Esse conjunto de traços distintivos é chamado de
brasilidade.
É comum nos identificarmos (ou sermos identificados por estrangeiros) como um povo alegre,
comunicativo, caloroso e criativo. Certas manifestações culturais, como o Carnaval, ou hábitos
alimentares, como comer arroz com feijão, parecem fazer parte desse "rótulo" do ser brasileiro.
Estudiosos da cultura nacional chamam a atenção para um fenômeno característico da formação
do povo brasileiro: a miscigenação. Historicamente, somos fruto da mistura das culturas negra, indígena
e europeia, e essa mistura seria, em grande medida, definidora da nossa identidade.
Um dos problemas de se tentar definir a identidade cultural brasileira diz respeito à enorme
diversidade do nosso povo, que põe em xeque a ideia de uma única identidade nacional. Em vez de uma,
talvez seja mais correto dizer que existem inúmeras identidades culturais. Isso nos leva a crer que um
elemento central da identidade cultural brasileira é justamente a diversidade.
O Brasil é caracterizado por grande miscigenação e grandes diversidades regionais. Essas
diversidades são sociais, econômicas e culturais. Uma pessoa que viaja o Brasil de norte a sul
certamente notará ao longo desse longo trajeto a variedade de ritmos, crenças, costumes, sotaques etc.
Além disso, mesmo dentro de uma cidade existem diferenças culturais bastante demarcadas,
muitas delas determinadas por desigualdades socioeconômicas. Essas identidades locais, que muitas
vezes se limitam a determinadas zonas ou bairros de uma cidade, são bastante evidentes em metrópoles
como São Paulo e Rio de Janeiro.
Samba: ritmo original do Brasil, possui uma forte raiz nos ritmos entoados por povos de origem
africana, sendo uma variante sonora originalmente brasileira que surgiu nas favelas do Rio de
Janeiro.
Feijoada: prato típico brasileiro, reúne o feijão preto, cortes de carne bovina seca, como o charque, e
carnes suínas embutidas e defumadas, como o paio e o bacon. A feijoada é um prato tipicamente
brasileiro que representa a nossa identidade cultural fora do país.
Caipirinha: um drink originalmente brasileiro que representa, de maneira geral, a nossa cultura no
exterior. Composta por cachaça, gelo, açúcar e limão, a bebida teve origem no Rio de Janeiro.
Religiões de matriz africana: apesar de uma maioria cristã no Brasil (tanto católica quanto
protestante), uma marca cultural de nosso país está nas crenças religiosas de matriz africana, como
o candomblé e a umbanda, que nasceram aqui a partir da miscigenação entre as religiões africanas
e o cristianismo.
Cultura sertaneja: o sertão do Brasil, em especial o sertão nordestino, é rico em elementos
culturais, sejam culinários, religiosos, linguísticos, literários, musicais, sejam das artes plásticas.
Essa cultura sertaneja compõe a nossa identidade cultural.
É difícil delinear exemplos claros de identidade cultural, visto que a cultura é um termo muito
amplo e maleável. No entanto, alguns aspectos culturais podem ser separados e postos como exemplos
de elementos identitários de determinadas culturas. Listamos a seguir alguns exemplos de identidade
cultural que são associados a algumas culturas:
Religiosidade: as diversas religiões são elementos identitários de certos grupos culturais. Cristãos
(católicos, protestantes ou espíritas), judeus, muçulmanos, candomblecistas, budistas, hinduístas ou
qualquer outra denominação religiosa compreendem grupos identitários que se relacionam a
determinadas culturas.
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Artes plásticas: os artefatos produzidos por artistas plásticos e artesãos também são fortes
elementos de identidade cultural de um povo. Os adereços corporais, a pintura e a escultura podem
representar de maneira efetiva uma cultura.
Música: é um elemento de identidade cultural muito eficaz. De acordo com o ritmo ou com os
instrumentos utilizados, é possível estabelecer de onde a música se originou, havendo uma noção de
identidade cultural implícita nessa relação.
Culinária: forte elemento de identidade cultural. É comum associarmos as massas à culinária
italiana, o bacalhau à culinária portuguesa, o sushi à culinária japonesa, a paella à culinária
espanhola, a feijoada à culinária brasileira e a cerveja à culinária alemã. Os hábitos culinários dizem
muito a respeito da cultura em questão.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. Conceitue identidade cultural.
2. Entre as possíveis formas de entendimento da ideia de identidade cultural, existem duas concepções
distintas que devemos destacar dentro dos estudos sociológicos mais recentes. Quais são essas
concepções?
3. Diferencie com suas palavras o que identidade social de Autoidentidade.
4. De acordo com o texto, qual a ideia geral de cultura?
5. Qual o conceito de identidade?
6. Cite exemplos da identidade cultural manifestados em sua cidade.
7. Descubra os tipos de turismo cultural desa cruzadinha abaixo, de acordo com as dicas dadas.
8. Qual o conceito de miscigenação?
9. Quais os tipos de raças têm no Brasil? Defina cada uma delas.
10. Cite exemplos da Identidade Cultural brasileira.
CULTURA E DIVERSIDADE
O que é Cultura?
Cultura é um conceito amplo que representa o conjunto de tradições, crenças e costumes de
determinado grupo social. Ela é repassada através da comunicação ou imitação às gerações seguintes.
Dessa forma, a cultura representa o patrimônio social de um grupo sendo a soma de padrões dos
comportamentos humanos e que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças,
religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de universo.
A cultura também pode ser definida como o comportamento por meio da aprendizagem social.
Essa dinâmica faz dela uma poderosa ferramenta para a sobrevivência humana e tornou-se o foco
central da antropologia desde os estudos do britânico Edward Tylor (1832-1917). Segundo ele:
"A cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade".
Cultura na Sociologia
A cultura na sociologia representa o conjunto de saberes e tradições de um povo. Estes são
produzidos pela interação social entre os indivíduos de uma comunidade ou sociedade.
A partir das necessidades humanas vão sendo moldados e criados padrões e comportamentos
que geram uma determinada estrutura e organização social.
Vale lembrar que nenhuma cultura deve ser considerada superior à outra. O que existe são
diferenças culturais entre os diversos grupos. Ao fazer juízo de valor sobre algum aspecto externo à sua
cultura, podemos estar sendo etnocêntricos.
O etnocentrismo ocorre quando consideramos nossos hábitos ou condutas superiores aos de
outrem e isso pode gerar preconceitos não fundamentados.
28
7 Tipos de Cultura
1. Cultura de Massa
A cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo como ponto de
partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. Ela é transmitida sem considerar as especificidades
locais ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos, sendo um
comportamento típico do capitalismo, que foi expandido de maneira drástica a partir dos séculos XIX e
XX.
2. Cultura Erudita
Diferente da cultura de massa, a cultura erudita é resultado do conhecimento adquirido por meio
da pesquisa e do estudo nos mais diferentes campos.
Não é ofertado massivamente, está disponível a poucos e representa uma forma de diferenciação
social permitida pelo acesso ao conhecimento. Como exemplos, temos: exposições artísticas,
apresentações teatrais e concertos.
3. Cultura Popular
A cultura popular está intimamente relacionada com as tradições e os saberes, os quais são
determinados pelo povo, por exemplo: as festas, o folclore, o artesanato, as músicas e a dança.
Em oposição à cultura erudita, ela ocorre de forma espontânea e orgânica. Portanto, não está
associada aos equipamentos culturais, como os museus, cinemas, bibliotecas, etc.
4. Cultura Material
A cultura material representa o conjunto de patrimônio cultural e histórico formado por elementos
concretos que ao longo de tempo foram construídos pelo ser- humano.
Como exemplos de cultura material temos os elementos arquitetônicos (igrejas, museus,
bibliotecas) e os objetos de uso pessoal e coletivo (obras de arte, utensílios, vestimenta).
5. Cultura Imaterial
Diferente da cultura material, a cultura imaterial é formada pelos elementos intangíveis. Ela
representa o conjunto de saberes, tradições, técnicas, hábitos, comportamentos, costumes e modos de
fazer de um determinado grupo.
Considerada um patrimônio cultural transmitido entre gerações, temos como exemplos as lendas
folclóricas, as feiras populares, os rituais, as danças, a culinária, etc.
6. Cultura Organizacional
A cultura organizacional, também chamada de "cultura corporativa", reúne um conjunto de
elementos associados aos valores, missões e comportamentos de determinada organização.
Dentro do contexto da globalização e dos estudos mercadológicos, esse tipo de cultura foi criando
padrões de funcionamento e operações, por exemplo, dentro de uma empresa.
7. Cultura Corporal
A cultura corporal analisa o comportamento dos seres humanos em seus mais diferentes grupos.
Ela reúne as práticas relacionadas ao movimento, como danças, jogos, atividades, comportamento
sexual e festividades.
Elementos da Cultura
Associada aos valores materiais e espirituais, os elementos culturais são:
29
Características da Cultura
determinada pelo conjunto de saberes, comportamentos e modos de fazer;
possui um caráter simbólico;
é adquirida por meio das relações sociais de um grupo;
é transmitida para gerações posteriores;
não é estática, sendo influenciada por novos hábitos.
Cultura Brasileira
A cultura brasileira resulta da mistura de raças e etnias que constituem o País desde o descobrimento.
Colonos portugueses;
Os índios que já viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral (1467-1520);
Os negros africanos que foram escravizados;
Os europeus que chegaram principalmente ao fim do período de exploração da mão de obra não
remunerada.
Diferente da maioria dos países que passaram pelo processo de colonização, o Brasil é marcado
pela miscigenação, condição que influencia diretamente na cultura.
Há comportamentos que resultam da mistura de múltiplos grupos. Podemos ver essa realidade
em festas, regras de etiqueta e crenças.
A língua portuguesa, que é um importante elemento da unidade nacional, também está entre os
pontos de destaque da cultura brasileira.
Em consequência das dimensões geográficas, os diferentes grupos que se estabeleceram no
País influenciaram a língua de maneira particular. Assim, há entonações e expressões que apontam as
mais variadas regiões.
Embora seja a mesma, a língua é pronunciada de maneira diferente no Sul, no Sudeste, no Norte,
no Nordeste e no Centro-Oeste. Todas diferem do português falado em Portugal.
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Diversidade Cultural no Brasil
Veja a seguir, um pouco da cultura, das tradições e da culinária em cada região do Brasil:
Norte
Na região norte acontecem dois importantes eventos culturais: o Festival de Parintins no
Amazonas e o Círio de Nazaré em Belém do Pará.
O Festival de Parintins conta com apresentações semelhantes ao carnaval, com fantasias,
alegorias e enredo e acontece uma competição entre o boi caprichoso e o boi garantido.
O Círio de Nazaré é uma manifestação religiosa cristã de devoção à Nossa Senhora de Nazaré e
reúne cerca de 2 milhões de pessoas.
Nessa região, a culinária apresenta forte influência indígena, sobretudo na utilização do peixe e
da mandioca. Também são pratos típicos dessa região a carne de sol, o jambu e o tucupi (caldo de
mandioca cozido).
Nordeste
No nordeste, uma das manifestações artísticas mais tradicionais é a literatura de cordel, que é
um gênero literário produzido em versos. Os textos são escritos em folhetos e pendurados em cordas nas
apresentações, por isso o nome "cordel".
Outras tradições famosas dessa região são o maracatu, o bumba meu boi, o carnaval, a capoeira,
o frevo, o coco, a ciranda, a festa de Iemanjá, a marujada e a lavagem das escadarias do Bonfim.
Os pratos típicos da região são: acarajé, vatapá, caruru, sarapatel, carne de sol, bolo de fubá,
arroz doce, canjica, buchada de bode, tapioca, pamonha, feijão verde e cocada.
Centro oeste
O centro-oeste é uma região de grande diversidade devido às influências de outros estados, de
povos indígenas e até mesmo de outros países como a Bolívia e o Paraguai.
Nessa região, algumas das manifestações culturais famosas são a cavalhada, o fogaréu e o
cururu. E dentre os pratos típicos estão o arroz com pequi, o angu, o arroz boliviano o cural e os peixes
do pantanal.
Sudeste
No sudeste, algumas das tradições são as festas do divino, o carnaval, o bumba meu boi, o peão
boiadeiro, o samba de lenço, o caiapó, a dança de velhos, a folia de reis e o jongo.
Os pratos típicos dessa região são o cuscuz paulista, aipim frito, moqueca capixaba, pão de
queijo, feijoada, tutu de feijão, feijão tropeiro, queijo minas, farofa e bolinho de bacalhau.
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Sul
O sul tem diversas manifestações culturais relacionadas aos imigrantes europeus,
principalmente alemães, italianos e japoneses.
Os grupos descendentes desses imigrantes preservam práticas culturais de dança, culinária e
também na arquitetura. É comum encontrar cidades inteiras construídas em estilo alemão, por exemplo.
No que se refere a culinária, destacam-se o chimarrão, especialmente no Rio Grande do Sul, o
pirão de peixe, o barreado (carne cozida em panela de barro) e a produção de vinho.
Significado de Tradição
Tradição é uma palavra com origem no termo em latim traditio, que significa "entregar" ou "passar
adiante". A tradição é transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas,
para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos transmitidos passam a fazer parte da
cultura.
Para que algo se estabeleça como tradição, é necessário bastante tempo, para que o hábito seja
criado. Diferentes culturas e mesmo diferentes famílias possuem tradições distintas. Algumas
celebrações e festas (religiosas ou não) fazem parte da tradição de uma sociedade. Muitas vezes certos
indivíduos seguem uma determinada tradição sem sequer pensarem no verdadeiro significado da
tradição em questão.
No âmbito da etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, crenças, práticas,
doutrinas, leis, que são transmitidos de geração em geração e que permitem a continuidade de uma
cultura ou de um sistema social.
No contexto do Direito, tradição consiste na entrega real de uma coisa para efeitos da
transmissão contratual da sua propriedade ou da sua posse entre pessoas vivas. A situação jurídica
resulta de uma situação de fato: a entrega. Entretanto, a tradição poderá não ser material, mas apenas
simbólica.
Tradição religiosa
Para muitas religiões, a tradição é o fundamento, conservado de forma oral ou escrita, dos seus
conhecimentos acerca de Deus e do Mundo, dos seus preceitos culturais ou éticos.
No caso do catolicismo, por exemplo, existe a diferenciação entre a tradição oral e a escritura, sendo que
as duas são consideradas fontes comuns da revelação divina. Essa doutrina foi definida como dogma da
fé nos Concílios de Trento em 1546, do Vaticano I em 1870 e do Vaticano II em 1965. Uma tradição pode
ser interpretada de várias formas diferentes e ainda nos dias de hoje há contradições entre teólogos
protestantes e católicos.
Regionalismo
Regionalismo é um grupo de particularidades de uma determinada região que se manifesta na
linguística, política ou na literatura.
Regionalismo é entendido como particularidades de uma determinada região que dissemina uma
mesma cultura, seja através da linguística, da política ou da literatura.
Nesse sentido, o Brasil é hoje um país marcado por diversos regionalismos, que ajudaram a
compor a pluralidade de culturas da nação. Portanto, essa pluralidade é notada no dialeto,
nas manifestações ideológicas e nos livros de romance.
Regionalismo linguístico
Europeus, africanos e índios. Ou seja, esse foi o choque de culturas que os livros de história
relatam, após a chegada dos navios negreiros no Brasil.
Contudo, essa mistura deu início a uma miscigenação do povo brasileiro, que resultou em
diversos regionalismos distintos.
Neste viés, a maior forma de expressão do regionalismo é através do dialeto. Por exemplo,
a região Sul do Brasil foi mais colonizada pelos europeus. Desta forma, é notável que, tanto os costumes,
quanto a fala, sejam semelhantes aos dos colonizadores.
Sendo assim, dentre os dialetos do português, os mais comuns são:
32
Mapa de dialetos no Brasil – Fonte: The Fools
Nesse sentido, o dialeto traz uma gama de opções de expressões para um mesmo sentido, sendo
manifestadas nas palavras.
Exemplo de diferenças na variação linguística por conta dos regionalismos individuais – Fonte: Docplayer
Por exemplo, a planta de nome científico Manihot esculenta é chamada de aipim ou macaxeira
na região Norte e no Nordeste, por influências indígenas. Por outro lado, na maior parte do país, a planta
é chamada de mandioca. Dessa mesma forma, ocorre com outras palavras, onde as variáveis linguísticas
são as principais características de identificação em cada estado.
Regionalismo na literatura
Em síntese, a literatura brasileira do século XIX foi marcada pela retomada do Romantismo. Neste
contexto, diversos escritores introduziram as particularidades regionais em suas obras.
Como resultado, os escritores utilizavam a literatura para expressar o meio em que viviam e momentos
históricos de uma determinada região. Assim, foi através da literatura regionalista que o sertão encontrou
uma forma de mostrar sua cultura e jeito de viver.
Regionalismo e política
33
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. O que é Cultura?
3. Qual o significado da palavra alteridade? Existe algum sinônimo para ela? Explique.
8. A diversidade cultural brasileira foi influenciada por quatro grandes grupos: Quais são eles?
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Manifestação cultural é toda forma de expressão
humana na qual o ser humano expressa a sua cultura,
seja por meio de celebrações ou rituais, ou nas danças
e festas.
Portanto, fazem parte da cultura de um povo as
seguintes atividades e manifestações: música, teatro,
rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos
alimentares, danças, arquitetura, invenções,
pensamentos, formas de organização social, folclore,
festas populares, tradições, etc.
A diversidade e a riqueza da cultura popular
brasileira são notórias nos quatro cantos do país.
Manifestações ligadas à música, à dança e à religião
são símbolo de resistência, da identidade e da história
de diversos territórios e povos.
34
Para que serve a manifestação cultural?
Manifestação é um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião
pública. O objeto das manifestações são, em geral, tópicos de natureza política, econômica e social.
Exemplos de festas populares brasileiras: Festas Juninas, Folia de Reis, Festival Folclórico de
Parintins, Festa do Divino, Círio de Nazaré e Festa do Peão de Barretos.
35
No nordeste, uma das manifestações artísticas mais tradicionais é a literatura de cordel, que é
um gênero literário produzido em versos. Os textos são escritos em folhetos e pendurados em cordas nas
apresentações, por isso o nome "cordel".
Outras tradições famosas dessa região são o maracatu, o bumba meu boi, o carnaval, a capoeira,
o frevo, o coco, a ciranda, a festa de Iemanjá, a marujada e a lavagem das escadarias do Bonfim.
No sudeste, algumas das tradições são as festas do divino, o carnaval, o bumba meu boi, o peão
boiadeiro, o samba de lenço, o caiapó, a dança de velhos, a folia de reis e o jongo.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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PESQUISA DE CAMPO
Todo o conteúdo encontrado ao longo desse levantamento teórico vai servir para
contextualizar o problema de pesquisa e apontar lacunas que precisam ser preenchidas para
se chegar aos objetivos do estudo.
Isso quer dizer que muitos dados que podem ser importantes para se atingir os objetivos
do seu trabalho não são encontrados no levantamento teórico, onde entra a pesquisa de
campo.
37
Técnicas de coleta de dados
A pesquisa de campo não prevê técnicas específicas para a coleta de dados, sendo que
elas podem variar bastante de acordo com as necessidades do trabalho.
Ou seja, as técnicas utilizadas devem ser selecionadas e aplicadas conforme a natureza
dos dados que precisam ser colhidos, sendo que essas técnicas podem se basear em
métodos quantitativos ou qualitativos e algumas das mais utilizadas são observação,
entrevista e questionário.
2. Determinação da metodologia
Em parceria com seu grupo de pesquisa ou a pessoa que está te orientando, deve-se
definir a metodologia para coleta e análise de dados.
4. Comunicação/publicização
Ainda, tão importante quanto realizar uma boa análise de qualidade, é fundamental que
todos os resultados sejam publicizados. Seja por meio da apresentação do seu trabalho, ou a
publicação em anais de eventos ou artigos em periódicos.
Conforme Gil (2007), a pesquisa experimental objetiva selecionar as variáveis que seriam
capazes de influenciar o objeto.
Além disso deve-se definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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Referências bibliográficas
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