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FARMACISTA

“Uma Introdução às Ciências


Farmacêuticas”

MÓDULO I Qualidade no Atendimento em


Farmácias e Drogarias

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FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”
Qualidade no Atendimento em Farmácias e
Drogarias

Prof. Fernando Andrade de Oliveira


Farmacêutico Industrial CRF: 21502
Pós Graduando em Marketing de Varejo

Introdução

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Introdução
Neste curso iremos fornecer ferramentas que irão ajudá-lo(a) definir o foco do
seu negócio estipulando metas, estruturando a equipe, entendendo o cliente e seus
diferentes tipos, definir diferenciais do mercado onde
atua, a comparar-se com a concorrência fidelizando
não apenas clientes, mas, também, parceiros e
fornecedores. Nosso foco neste curso será a
Qualidade do atendimento no estabelecimento
farmacêutico (farmácia ou drogaria). Preocupare-
mos em definir alguns conceitos sobre qualidade,
uma estrutura aceitável da farmácia/drogaria,
blevando em conta espaço físico, limpeza, postura
dos colaboradores e estrutura organizacional assim como a documentação
necessária ao
estabelecimento. Iremos conhecer as as etapas
de leitura da receita médica bem como o medicamento que estará sendo dispensado.
É importante nos preocuparmos com os detalhes principalmente na hora da leitura,
pois qualquer erro poderá prejudicar a saúde do paciente com consequências
imprevisíveis.

Atendimento
É toda relação entre a Empresa e o cliente e envolve aspecto referente ao alto da
prestação de serviço.

Qualidade do Atendimento
É a capacidade que um produto ou serviço tem para satisfazer plenamente as
expectativas do cliente. O perfeito conhecimento dos clientes, suas necessidades,
desejos (de reconhecimento, conforto, prestígio, exclusividade, personalização) e
expectativa é ponto indispensável para a qualidade do atendimento.

Direcionar o atendimento para estes aspectos implica para atender para:


• Credibilidade
• Competência
• Iniciativa
• Organização
• Presteza
• Confiança
• Predisposição para ajudar e servir
• Segurança
• Comunicação
• Cortesia
• Flexibilidade
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• Filosofia da empresa

Satisfação
Significa corresponder ao que é desejado, ao que o cliente tem
como expectativa isto deve ser o objeto do processo
administrativo. Estes aspectos possibilitam a satisfação do
cliente, o que significa juntamente encontrar o que é desejado.
Alguns fatores contribuem para a satisfação com o cliente, veja alguns exemplos.

• Ética: conjunto de princípios universais de respeito a regras, correção na conduta


e moralidade que se deve observar no exercício de uma atividade empresarial.

• Preço justo: preço considerado pelo cliente como adequado a sua capacidade de
pagamento e ao valor atribuído por ele ao produto ou serviço que está
consumindo.

• Conformidade dos produtos e serviços: fidelidade do produto ou serviço a tudo


aquilo que se prega ou se propõe no ato da venda. Compatibilidade com as
especificações técnicas definidas pela empresa ou por órgãos reguladores.

• Satisfação nas condições de pagamento: capacidade da empresa de flexibilizar e


adaptar a forma de pagamento à condição econômica do cliente ou de propor
alternativas que possibilitem ganhos financeiros para ele.

• Valor qualitativo: características de um produto ou serviço, percebidas pelo cliente


como atributos de qualidade (beleza, harmonia, sabor, cheiro, status, resistência
entre outros) ou que sejam reconhecidas tecnicamente como fatores que
determinam a qualidade de um material, substância, equipamento etc.

• Conveniência: conveniência do produto ou serviço de se adequar às


necessidades de uso do cliente (conforto, portabilidade, flexibilização etc.)

• Bom atendimento: conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e


ferramentas utilizadas em todas as interações com o cliente, de forma direta ou
indireta de qualquer meio de comunicação.

• Credibilidade empresarial: sentimento de segurança e confiança que a empresa


proporciona a seu cliente, por meio de práticas honestas, do discurso coerente
com a ação e do respeito às regras do negócio.

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Encantar
Encantar, como a própria palavra disse significa surpreender, oferecer surpresas
agradáveis. Exigir percepção e imaginação para gerar novas formas de surpreender
o seu cliente, pois o que surpreendeu hoje pode se tornar rotina quando muitos
passam a oferecer o diferencial oferecido ou seja sua “surpresa”.
Quando um cliente sai de casa para comprar algo, espera receber o melhor
pelo dinheiro que irá gastar. Isso significa que estará analisando o mercado com
bastante atenção, procurando identificar e escolher a empresa que oferecer as
melhores condições para a realização do negócio.
Compreender o cliente significa entender suas necessidades e a forma como
ele se relaciona. Para isso, as empresas devem obter informações preciosas de
diversos tipos, como vontades, hábitos, possibilidades e, principalmente,
expectativas do cliente em relação ao produto/serviço oferecido. Essas informações
podem ser conseguidas de diversas maneiras: através de pesquisas formais, do
contato diário, de literatura e também de informações disponíveis em entidades
relacionadas ao setor, e também pela internet, uma vez que é um fonte essencial de
informações nos dias atuais.
Conhecer o cliente é a base de tudo, pois é a partir desse conhecimento que a
percepção de oportunidade se consolida e estratégias do negócio podem ser
desenvolvidas. Daí a importância de ter, e manter atualizado um banco de dados dos
clientes.
Em media uma pessoa mal atendida fala mal de sua empresa para mais 10
pessoas. Nas vendas face-a-face, percebemos que muitas as mesmas deixam de
ocorrer por descuido e indiferença por parte do proprietário, farmacêutico, atendente
ou balconista.
Os principais motivos para um cliente falar mal de nossa farmácia/drogaria:
• Falta de Atenção Devida
• Falta de Conhecimento do Produto
• Insistência Excessiva
• Desperdiçar Tempo do Cliente
• Falar em Demasia
• Ser Afobado
• Desprezar a Concorrência ou Marcas Menos Conhecidas
• Gafes ou Enganos
• Falta de Cortesia

Para implantar na empresa uma cultura de atendimento qualificado ao cliente não


basta exigir que os funcionários decorem regras básicas. A memorização dos
principais mandamentos da qualidade máxima no atendimento é apenas a fase mais
fácil no processo de transformação de mentalidades e comportamentos.
Atualmente dá-se muito mais importância à mudança, cultura do atendimento, do
que à discussão de novas técnicas de atenção ao cliente.
Alguns conselhos para criar novos comportamentos em toda a empresa
seriam:
• A criatividade;
• Cultura de bom atendimento;
• Estabeleça metas e crie mecanismos fáceis para medir o seu cumprimento;

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• Procure entender, porque o atendimento de qualidade ao cliente é essencial
para o desenvolvimento profissional e pessoal dos funcionários da empresa. O
vendedor deve evitar as palavras: “estas são as regras, não posso fazer
nada”;
• Treinamento;

A Pós-Venda
O cliente veio, comprou, se diz satisfeito, foi embora, e acabou? Na verdade não... O
mercado ingressou na “era do mimo ao cliente”. Nela, manter um relacionamento
pós-venda entre vendedor e consumidor deixou de ser mero diferencial para se
tornar regra de gestão. Trata-se de um processo de aprendizado e melhoria contínuo
das relações da empresa com o cliente.
Ao verificar se o cliente está satisfeito, o empresário estabelece um diferencial
em relação à concorrência, gerando informações que permitirão correções no
processo de venda, além de identificar oportunidades de novas vendas.
Encante o cliente logo após a venda. Pequenos detalhes, como um cupom de
desconto para a próxima compra colocado dentro do pacote, um cartão de
agradecimento ou um brinde representa muito, fazendo-o perceber que não é
importante somente naquele momento em que vendemos, mas que desejamos que
ele volte e permaneça como cliente.
Uma boa dica é convidar os clientes para comemorações e eventos realizados
na empresa. Peça sugestões sobre os produtos, aparência da loja layout, uniforme
dos funcionários etc. Providencie caixas de sugestões e estimule sua participação.
Dê retorno às boas idéias e ponha-as em prática. A melhor maneira de manter um
cliente é fazer com que ele participe da empresa. Deixe que eles se sintam
importantes e felizes. É tudo que eles querem.
A empresa que se preocupa com o atendimento de seus clientes, incluindo o
pós-venda, tem boas chances de evitar reclamações na Justiça e em órgãos de
defesa do consumidor.
Pratique a pós-venda em sua empresa, quem realiza a pós-venda deve possuir
informações completas sobre o cliente e os produtos adquiridos (lembra quando
falamos do banco de dados). Assim poderá identificar carências e oportunidades de
novas vendas, oferecendo orientações complementares, solucionando possíveis
problemas.
Talvez sua empresa, o volume de clientes impeça que a pós-venda seja feita com
todos, procure realiza-la com amostra representativa.

Reclamações
Outro fator que deve ser levar em conta, é em relação à maneira correta de tratar as
reclamações. Abaixo algumas sugestões em como agir:
• Mantenha a mente aberta. Não faça suposições;
• Ouça com atenção. Mostre que está ouvindo, para conferir sua compreensão,
repita o que foi dito;
• Deixe o cliente falar. Quando alguém está zangado ou aborrecido, é
convincente deixa-lo desabafar. Essa atitude também indica ao cliente que
você esta disposto a ouvi-lo;
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• Examine os fatos sabendo fazer perguntas. Muitas vezes pode haver mais de
um problema – assegure-se de examinar todos. Lembre-se de que nem
sempre o cliente os relata por ordem de importância;
• Diga que sente muito pelo ocorrido. Isso não significa admitir que você ou a
empresa estão errados, mas que você sente que o cliente pensa ser esse a
razão de estar aborrecido;
• Não discuta, tão pouco fique na defensiva. Concentre-se na situação, não nas
personalidades;
• Concentre-se no que pode e explique o que não pode fazer. Por exemplo:
“Posso conseguir que o técnico vá a sua casa amanhã. Hoje não será
possível porque todo pessoal experiente já saiu”;
• Faça um resumo e verifique se o cliente entendeu e concorda. Muitas vezes é
convincente mandar uma carta com o que foi acordado;
• Tente descobrir que solução o cliente deseja. Ele quer seu dinheiro de volta,
que a mercadoria seja substituída ou concertada, mas com um desconto no
preço? Procure basear-se na idéia e sugestão do cliente;
• Não imponha uma solução. É preciso encontrar uma solução que seja
aceitável para o cliente.

Etapas para leitura de uma receita médica


No dia a dia de uma farmácia, dentre vários desafios, o de “traduzir”
as receitas e aviar corretamente os medicamentos prescritos pode não
acontecer, e dentre os muitos atendimentos alguns erros ocorrem.
No balcão de uma farmácia, errar não é humano, pois um erro pode levar uma
pessoa a morte. Esta preocupação faz as farmácias investirem no treinamento
técnico de seus funcionários. A receita ser legível é Lei, e ela deveria ser legível
também para o paciente. A obrigatoriedade de letra legível em receituários médicos
no Brasil é datada de 1932. O Decreto 20.931/32, que regulamentou a profissão de
médico, traz em seu artigo 15 a determinação de escrever as receitas por extenso e
de maneira legível. A Lei 5.991 que data de 1973, reforça em seu artigo 35 que
“somente será aviada a receita que estiver escrita à tinta, em vernáculo por extenso
e de modo legível” .
Além das receitas ilegíveis, os pacientes muitas vezes têm dificuldades de relatar o
que o médico falou sobre o medicamento e sua saúde, pois a linguagem utilizada
também dificulta a comunicação.

A comunicação deve ser completa para garantir o tratamento, e a fala deve ser
transcrita na forma de um receituário legível.
Para uma leitura de receita “complicada”, devemos ler a receita completa e observar
os itens abaixo:

1- Você deve ler atentamente o nome do medicamento e para confirmar deve ler
também os itens abaixo.

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2- O modo de usar. Dá para tirar muitas dúvidas no modo de usar, como por
exemplo: “tomar 10 gotas quando tiver dor”. Você sabe que o médico quer um
medicamento em gotas e que serve para dor.

3- A especialidade do médico. A especialidade do médico ajuda a decifrar


muitas receitas, como por exemplo:
Cardiologista – sua é doenças no coração.
Angiologista – sua especialidade são doenças de vasos e veias.
Endocrinologista – sua especialidade é em doenças de glândulas (diabetes e outros).
Pediatria – sua especialidade é em doenças de crianças.
Ginecologia – sua especialidade é em doenças nos órgãos ginecológicos feminino.
Urologista – sua especialidade é em doenças nos órgãos masculinos.
Você vai perceber que geralmente os médicos prescrevem medicamentos na
sua especialidade, o que pode desempatar alguma dúvida na receita.

4 – O nome do cliente, verificando o sexo (homem, mulher ou criança). Você


pode tirar dúvidas na receita quando sabe o sexo. Existem muitos medicamentos que
apenas mulheres tomam (por exemplo, os anticoncepcionais), como outros que
geralmente só homens tomam (medicamentos para próstata) e alguns com uso
infantil. Verifique nas prateleiras alguns exemplos. Verifique se a receita possui
telefone do médico e ligue para confirmar o medicamento. Se não for possível,
oriente o cliente a voltar no médico. É melhor o cliente confirmar com o médico.
Com o tempo, a experiência vai ajudar você a decifrar as receitas com facilidade. O
conhecimento dos medicamentos (classe terapêutica, modo de usar, forma
farmacêutica,...) ajudará você a entender melhor cada receita e evitar erros.
Identifique suas dificuldades antes que elas possam influenciar de forma negativa o
seu atendimento.
Para finalizar, não poderia deixar de mencionar a importância que os mais
experientes da farmácia possuem. Um “atendente sênior” já traduziram muitas
receitas e pessoalmente recorro a estes amigos quando me deparo com uma receita
de caligrafia duvidosa.

Medicamentos OTC
A sigla OTC (“Over the Counter) for criada nos Estados Unidos, é utilizada no mundo
todo, mas os produtos considerados OTC variam muito de país para país. Isso
porque cada país possui legislação específica para classificar estes produtos. Em
diversos países está havendo um crescimento na participação destes produtos no
mercado farmacêutico, com base em um conceito novo de automedicação
responsável. Isso porque com o passar do tempo medicamentos deste tipo vão se
tornando mais conhecidos e confiáveis e suas possíveis reações vão recebendo um
melhor acompanhamento, o que possibilita a isenção de prescrição médica em
alguns casos.
As embalagens destes medicamentos não possuem tarjas com os dizeres de
obrigatoriedade de prescrição. Geralmente são mais coloridas e que as embalagens
de outras categorias farmacêuticas ficando ao alcance do cliente nas farmácias e
drogarias facilitada pela sua visualização. Entretanto deve-se tomar cuidado especial
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ao distribuir os medicamentos de venda livre nas gôndolas e prateleiras, para que o
consumidor possa encontrá-los mais facilmente.
Os recursos de merchandising podem ser amplamente utilizados para divulgar a
presença do produto na farmácia, sendo permitido também o uso de peças
promocionais, como cartazes, faixas, displays, relógios de parede, entre outros.
Entretanto, apesar de garantir a liberdade de expressão, a Constituição Federal
também estabelece limites à propaganda de produtos sujeitos à vigilância sanitária,
pois esses podem ser nocivos à saúde, mesmo os medicamentos OTCs. A Lei nº.
6360/76 já tratava da prática da publicidade de medicamentos e estabelecia a
previsão de um regulamento específico para este tema, que surgiu apenas com a
publicação da Resolução -RDC nº. 102, em 30 de novembro de 2000.

Medicamentos RX
Os medicamentos vendidos com prescrição médica são também conhecidos como
medicamentos Rx. São medicamentos que apresentam em sua composição um
fármaco ou uma associação de dois ou mais fármacos. A embalagem deve conter
um tarja vermelha com os dizeres: “Venda sob prescrição médica”. Estes
medicamentos não podem ser veiculados nos meios normais de comunicação. Sua
publicidade deve ser restrita a médicos, odontólogos e veterinários.
Nas farmácias/drogarias devem ser dispostos em prateleiras onde somente os
funcionários do estabelecimento tenham acesso. Deve haver uma barreira para que
o consumidor tenha acesso a estes produtos. O balcão da farmácia serve como esta
barreira.

Medicamentos Controlados
São medicamentos que devem ser dispostos com apresentação e retenção da
receita médica. Deve ser elaborado em duas vias carbonadas
quando o medicamento apresentar tarja vermelha com os dizeres
“Venda sob prescrição médica”, “Só pode ser vendido com
retenção de receita” ou em receituário azul quando o medicamento
apresentar tarja preta com dizeres: “Venda sob prescrição médica”,
“O abuso deste medicamento pode causar dependência”, o
receituário azul aparece mais frequentemente que outros tipos de
receita.
É necessário nos atentarmos para o Estado em que a notificação de receita foi
emitida e para a data de emissão, pois este documento só tem validade no Estado
onde foi emitido e num período máximo de 30 dias para medicamentos de tarja preta.
As notificações de receita A e B, após registradas e livros específico, deverão ficar
arquivadas nas farmácias/drogarias pelo prazo de dois anos. Quando houver
prescrição de receita C, a mesma deve permanecer arquivada pelo prazo de cinco
anos.

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Fidelizar clientes o desafio das Farmácias/Drogarias
Em tópicos anteriores, falamos sobre a pós-venda, onde um de seus objetivos é o
que já falamos na pós-venda.
É interessante observar o comportamento dos funcionários em geral do ramo
farmacêutico e até de muitos proprietários. Eles se assemelham em alguns pontos.
Hoje em dia existem indagações idênticas em estados diferentes. Quais seriam estas
indagações? Preço, qualidade no atendimento e diferenças.
Logicamente que o primeiro que todos nós ouvimos é o do preço. Este
questionamento em especial vem logo depois que algo novo é apresentado. Mas
será que todos os clientes procuram apenas preço quando entra em qualquer
estabelecimento comercial seja ele farmacêutico ou automobilístico, etc? A resposta
é simples. Não pois se o cliente só olhasse o preço o único carro vendido seria o
popular, a caneta seria a Bic, os relógios seriam os “madem in Paraguai”, só
venderíamos cosméticos populares e só medicamentos com descontos seriam
vendidos. O “resto” acabaria em pó nas prateleiras e gôndolas.
Existem produtos certos para clientes certos. Nas lojas vamos observar clientes que
só querem medicamentos genéricos igual aquele que o Posto de
Saúde oferece. Há mercado para todos, onde quem define o
produto é geralmente o bolso ou a falta de informação.
Se fizermos um estudo chegaremos a uma conclusão importante:
nós deixamos muito de aumentar a rentabilidade da empresa por
muitas vezes quando esquecemos de trabalhar corretamente com
quem mais interessa; o cliente.
Uma rede com muitas farmácias na mesma cidade tem
perfis diferentes de consumidores em cada filial, e a venda é diferente de acordo com
o público alvo. A sua farmácia deve ser diferente também.
A palavra chave para este caso é “público alvo”. Quem é o seu? São idosos,
homens, mulheres, crônicos, residentes no bairro, de passagem, adolescentes, têm
filhos, levam a farmácia, sabem que você existe?
A novidade para o nosso mercado é o óbvio... olhe para ele (o mercado de
farmácias e drogarias)... o que você vê? O que estão fazendo de diferente? O que o
seu mercado regional necessita? Quem pode auxiliá-lo na implantação? E o mais
importante: faça acontecer a sua idéia.
Voltando ao tema inicial PREÇO, CRISE e DIFERENÇAS. O preço todos os
concorrentes procuram acompanhar. A crise é mundial. E as diferenças são
benéficas.
Os tempos são outros... imagine que você pode estar fazendo tudo certo, na
hora certa, no lugar apropriado, mas se a velocidade não for realmente acelerada, a
sua idéia pode ficar ultrapassada ou ser implantada pela concorrência.
Enfim, o cliente quer preço apenas? Bom este tipo de cliente não precisa ir na sua
farmácia/drogaria, ele com certeza irá procurar aquela com os maiores descontos.
Mas será que é isso que queremos? Com certeza não.
Precisamos inovar, atraindo o cliente com novidades, com atendimento
personalizados, e sempre implantando o pós-venda. Vamos dar mais um exemplo
simples para demonstrar esse caso. Um cliente hipertenso logicamente faz uso de
medicamentos de uso contínuo. No dia em que ele for comprar o captopril de 25mg
com 30 comprimidos, marque a data da compra, o nome do paciente, e a posologia
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em um arquivo ou mesmo no computador através de uma planilha, como você achar
necessário. Se ele fizer uso de 2 comprimidos, você saberá que em torno de quinze
dias o cliente precisará fazer o uso novamente deste medicamento.
O que nós podemos fazer neste instante? Seria interessante entrar em contato com
o cliente quando faltasse 3 a 4 dias para o fim do medicamento. O cliente com
certeza notaria uma preocupação por parte de seu estabelecimento, enfim, você
estaria realizando um verdadeiro pós-venda. Isto é mais uma ferramenta de pós-
venda, existem várias. A partir daí estaremos fidelizando nosso cliente e poderemos
até agregar vendas melhorando o resultado do seu estabelecimento. Veremos isso
em outros tópicos.

Conhecendo o cliente para poder fidelizá-lo


É fundamental a necessidade de classificar os clientes pelo nível de fidelidade. A
diversidade do cliente quanto as suas necessidades e comportamento. O pequeno
varejista tem uma grande vantagem para se relacionar melhor com seus clientes. Ele
tem a possibilidade de ter contato direto com o cliente, ouvi-lo e conhece-lo melhor,
mas infelizmente não aproveita esta ocasião. Além de diferencialo pelo
comportamento, é necessário identificá-lo pelo seu nível de fidelidade. Para isso será
necessário se ter muita informação sobre o cliente (mais
uma vez ressaltamos a importância de um bando de dados
de seus clientes). Por exemplo:
• Por que ele compra?
• Como ele paga?
• Quando ele compra?
• Quem compra?
• Quanto compra?

Com estas informações será possível agrupa-los conforme sua


potencialidade e lhe dar o tratamento adequado para fidelizá-lo.

Relacionamento
A maior tendência do marketing varejista é a construção de relacionamento com o
cliente. Além da comunicação que o marketing utiliza para aprofundar o
relacionamento em busca da fidelização, o farmacêutico também é instrumento
poderoso na busca de relacionamento com o cliente. Afinal de contas, quem tem o
privilégio de fazer o 1º contato de uma provável vida de compras de um cliente? Se
esta primeira experiência for negativa, além de não efetuar a compra, este cliente
nunca mais voltará à sua farmácia.
Para efetuar sua fidelização, primeiro mapeie os vários tipos de clientes em
potencial ou que compram em sua farmácia. Para isto vamos classificar seus clientes
e seus clientes em potencial em:
1. Passantes: clientes que podem vir a comprar na sua farmácia ou em
sua concorrência. Eles passam pela sua farmácia;

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2. Entrantes ou Visitantes; clientes que você deseja focar para comprar
em sua farmácia. São aqueles que param para olhar sua farmácia, às
vezes entram mas não compram;
3. Comprantes: clientes para os quais oferece seus produtos ou serviços
por meio de um atendimento competente. Compram de vez em quando
da sua farmácia, mas não é fidelizado;

4. Recomprantes ou Clientes: clientes que você quer fidelizar, ampliando


serviços e relacionamentos eficazes. Estes sempre compram de sua
farmácia;

5. Fãs ou clientes encantados: são os clientes que farão enorme


propaganda e indicação se seus serviços. Além de comprar, fazem a
propaganda boca-a-boca de seu negócio.

TAREFA: Identifique seus vários tipos de cliente, e planeje as estratégias


para trasformá-los de fase em fase, até tornarem-se fãs (clientes
encantados).

Costumer Relationship Management (CRM) e o


Balanced ScoreCard (BSC)
Para ajudar na gerência de clientes, poderiam-se utilizar
algumas ferramentas, que são conhecidas como alinhar o
objetivo da organização com o que os clientes buscam nela,
criando, assim, valor na forma como os serviços são
prestados.

Agregando vendas
Como agregar vendas em uma farmácia? Como fazer vender mais
produtos? Estas perguntas são feitas a todos “minutos” por
proprietários de farmácia e a resposta está na palavra
“necessidade”. Quem estuda as necessidades dos seus clientes é
capaz de agregar vendas, ou melhor, valores a compra do cliente. Quais as
necessidades reais de nossos clientes? Quem vem a uma farmácia quer comprar na
verdade saúde, beleza, alegria, bem estar, afeto, auto afirmação, auto estima,
realização sexual e muitas outras sensações que não são nem de perto simples
medicamentos e conveniências.
Entender as diferenças do que nós vendemos em farmácia e o que o cliente quer
comprar são fundamentais para seguir uma regra: produto certo para cliente certo.
Agregar informações aos medicamentos que vendemos faz despertar necessidades.
Como exemplo podemos citar uma venda de hormônios para reposição hormonal.
Um atendente capacitado deve saber que nesta fase a mulher está com seus

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hormônios baixos (estrógenos e progesterona) e por conseqüência seus cabelos e
sua pele precisam de cremes (que vendemos na farmácia).
Conhecer as necessidades do cliente, conhecer os medicamentos e conhecer
as patologias são itens fundamentais para agregar vendas.
Fazendo um exercício rápido, vamos relacionar os produtos abaixo com
outros:
Analgésicos →
Fraldas infantis →
Xampu →
Talco para pés →
Sabonete →
Esmalte →
Medicamentos Anti-hipertensivos →
Ansiolíticos →
Teste de Gravidez →
Preservativos →
Medicamentos para dificuldade de ereção →
Se observarmos na farmácia, a maioria dos produtos pode ser relacionados com
outros, mas cuidado, existem produtos que não convém oferecer nada (a não ser a
descrição).
É interessante percebermos que quem toma qualquer tipo de medicamento tem as
mesmas necessidades básicas: tomar banho, escovar os dentes, lavar os cabelos.
Estes são os produtos que podemos oferecer para todos os clientes.
A técnica é simples: você conhece seu cliente, conhece seus produtos e oferece.
Para oferecer, lembre-se que a necessidade é dele, então estimule suas
necessidades perguntando: O Sr.(a) tem termômetro em casa ? E não use frases
como “ O Sr.(a) tem termômetro em casa? E não use frases como “O Sr.(a) quer um
termômetro”, porque ele não quer, ele precisa.
A venda adicional começa quando o cliente chega a farmácia e a informação ( no
sentido total da palavra) é o que agrega o maior e melhor “valor” a venda.

Nas ultimas décadas, a busca por qualidade tem sido o objetivo de muitas
empresas. Mas o que realmente vem a ser qualidade ? Podemos resumir a resumir a
resposta da seguinte forma: “cumprimentos dos requisitos que atendem às
necessidades do consumidor”.
Em uma farmácia/drogaria, devemos ter produtos de qualidade, mas a maneira pela
qual tornamos este produto disponível influenciará no conceito que o consumidor terá
sobre o estabelecimento que o fornece. Não basta ter bons produtos, é necessário
agregar outros serviços, para que o consumidor se sinta satisfeito com o
estabelecimento.
O cliente, principalmente o brasileiro, tem se tornado um consumidor que não gosta
de esperar, é exigente, intolerante por muitas vezes, exige bom atendimento e cada
vez mais tem se aperfeiçoado a nova tecnologias (Internet, caixa eletrônico etc...),
sendo que eles esperam do estabelecimento as facilidades provindas destas
tecnologias. Muitos de nós concordamos em pagar mais para ter mais qualidade e
resultado, e é o que acontece muito no comércio, não sendo diferente na
farmácia/drogaria, pois este é o grande papel delas.

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A importância do Merchandising
A palavra Merchandising tem como tradução: a um conjunto de técnicas que visa
sempre a apresentação do produto de forma destacada no ponto de venda,
acelerando assim sua rotatividade e completando o investimento destinado à
propaganda. O merchandising é um instrumento do marketing e como tal, tem como
objetivo impulsionar vendas, proporcionando maior rotatividade dos produtos, e
consequentemente maior rentabilidade, é um conjunto de atividades realizado no
ponto-de-venda para comunicar a existência do produto e intensificar a venda por
impulso.
Vale a pena lembrar que não usaremos os métodos de merchandising para
medicemantos Rx, que dependem de prescrição médica. A farmácia/drogaria
começará bem se de imediato atender a três importantes requisitos: espaço de
venda adequado (layout da loja), preocupação com a exposição dos produtos (layout
dos produtos), equipe bem treinada para atender com qualidade.
Precisamos de tenham um sentido maior dentro da farmácia:
despertar o aumento das vendas.
Expor bem as mercadorias, mas em qual local da loja? Na frente, no
fundo, quais os locais mais valorizados no ponto de venda? (Técnica de mancha)
Os produtos colocados da altura dos joelhos para cima, tem uma valorização na
exposição, pois afinal de contas... abaixar para escolher produtos não é atrativo !!! É
observado que as gôndolas próximas ao balcão de medicamentos e as próximas ao
check out são mais favoráveis a venda, pois o cliente é “obrigado” a parar, e aí
“corremos o risco” de vender mais um produto.
Para expor o produto precisamos de ... Técnica, é isso mesmo... técnica de
exposição!!! Acabaram os tempos que “eu acho que...”, na verdade nós achamos
muito pouco. Nós precisamos mesmo é acompanhar a evolução do mercado!!!
Colocar os produtos em grupo similares facilita a compra para o cliente, como por
exemplo:

- Linha Infantil
- Linha Alimentícia
- Linha Feminina
- Linha Masculina
- Linha Diet e Light
- Medicamentos tarjados (dentro da área do balcão)

“ Os produtos de maior giro devem estar na altura dos olhos dos clientes”

O que não pode ser esquecido neste caso é que o agrupamento deve favorecer o
cliente e não a comodidade dos funcionários da loja pois, é comum encontrarmos
lojas que tudo está colocado por ordem rigorosa de ABC, mas ficaria muito mais
prático para o cliente colocar por marca dos produtos ou por tamanho, ou por classe
terapêutica.
É importante observar também a rotatividade das mercadorias, pois as mercadorias
de giro A necessitam de uma participação maior nas gôndola, ou seja, o que vende
mais tem um estoque maior.
A altura que os produtos devem ficar não deve ultrapassar a altura das
gôndola, a não ser que seja um Display apropriado para chão. As gôndolas devem
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ter 1,20m de altura, para facilitar a visualização da loja, pois gôndolas altas
prejudicam a visualização e a fiscalização da loja.
O conceito do auto-serviço das drogarias foi inspirado nos supermercados, mas não
devemos seguir a risca seus conceitos, principalmente no que trata das gôndolas.
A face do produto a ser exposta será decisiva na venda do mesmo, pois todos os
produtos apresentam um “lado” ou facing que define a marca e as características
principais do produto. Observar a face do produto na hora de expor para o
consumidor. Mas cuidado... nem tudo deve ficar tão certinho... !!! Muitos clientes se
sentem inibidos ao desarrumar uma prateleira perfeitamente organizada. Ao
organizar uma seção deixe alguns espaços ou coloque as mercadorias de uma forma
que pareça que o produto já foi comprado.
Um dos detalhes a ser lembrado é a validade dos produtos, pois vender produtos
com data de validade vencida é crime!!! Para evitar problemas, faça uma agenda
com as mercadorias que tem prazo de validade a vencer nos próximos 7 meses.
Retire as mercadorias um mês antes da validade.
Uma outra dica que ajuda muito nestes casos é o rodízio de mercadorias seguindo
uma ordem lógica: o que chegou primeiro deve ficar em primeiro (para ser vendido
primeiro). Coloque as mercadorias novas sempre atráz.

Técnicas de venda

Marketing

Abordagem e coleta das necessidades do cliente


A abordagem na venda varejista acontece de forma diferente da de outros
setores. Neste caso, o cliente procura o vendedor e ao entrar na loja já há algum
interesse, necessidade ou desejo de determinado produto. Neste sentido, trata-se de
uma venda receptiva. Isto não quer dizer que o consumidor sabe o que quer mas ao
menos ele já tem uma idéia: precisa ou deseja comprar algo para ele ou para outrem.
Por este motivo há diferenças nas formas de lidar com o cliente na
abodargem. Uma das abordagens possíveis é falar sobre o produto. Neste caso, o
vendedor aguarda enquanto o cliente examina a mercadoria exposta. No momento
em que demonstrar interesse em algum produto, aproxima-se do comprador fazendo
algum comentário sobre o produto ou coleção exposta. Pode ser uma colocação tão
simples como: “Esta linha de produtos é a que será com a maior aceitação nesta
estação”.
Por outro lado, há possibilidade de se fazer a abordagem pela prestação de
serviços de venda. “Posso ajudá-lo?” é uma pergunta clássica. O cliente, quando
necessita de ajuda, transmite alguns sinais, como, por exemplo, olhar para os lados,
caminhar de um lugar para o outro aparentemente sem rumo ou então quando se
aproxima dos vendedores. A abordagem, nestes casos, com este tipo de pergunta
mudada para “Em que posso ajudá-lo?”, pode trazer resultados positivos.
Os vendedores devem ser alertados para dar atendimento no momento certo.
É muito comum que os vendedores ambiciosos procurem pressionar o cliente o
cliente quando este deseja ficar só, olhando a seleção de mercadorias exibidas.
Neste caso, ao invés de ajudar, atrapalham, correndo o risco de fazer com que se
15
retirem. Por outro lado, há casos em que os vendedores percebem que o cliente
entra na loja, mas estão tão entretidos na conversa com colegas que o deixam
esperando. E quando o atendem parece até que estão fazendo o maior favor.
A aproximação, como vimos, é um momento crucial para a venda e se por acaso
não for bem-feita, muitos negócios poderão ser desperdiçados neste momento.

Apresentação
Depois da aproximação, o passo seguinte é a apresentação de vendas. Para
que esta parte seja bem desenvolvida, é necessário que o vendedor conheça as
necessidades dos clientes. É muito comum que o vendedor, na euforia de vender,
procure antecipar estas necessidades. Perguntar é o mais indicado, fazendo assim
que o próprio cliente as revele.
No decorrer das apresentações de vendas varejistas, alguns detalhes devem ser
observados. É importante que sejam usadas palavras fáceis de entender. Ao explicar
sobre o produto, vocabulários muito técnicos nada resolvem, a menos que o cliente
demonstre conhecimento maior. Devido ao tempo reduzido que existe para a venda
no varejo, a objetividade é fator essencial. Por isto é importante que o vendedor já
tenha um esboço daquilo que irá falar, ou então saiba onde fazer sua consulta
quando necessário. Nesta fase da apresentação, a venda varejista caracteriza-se
pela dramatização ou demonstração. Demonstrar um vestido graciosamente, ligar
um aparelho de som, fazer funcionar uma guitarra e ouvir um disco são exemplos
possíveis de dramatização. Isto torna a venda varejista dinâmica, pois geralmente na
loja são expostos os produtos pelos quais o consumidor tem interesse e estão
geralmente disponíveis para testes.
Robinson e outros recomendam que, para uma apresentação de vendas, os
seguintes aspectos devem ser observados:

a. apresente a mercadoria prontamente;


b. mostre a devida qualidade e quantidade;
c. demonstre a mercadoria;
d. manuseie a mercadoria de forma devida;
e. venda benefícios.

Para o trabalho de apresentação de vendas obedece-se aos princípios básicos


acima mencionados e, para tal, torna-se necessário que o vendedor saiba onde estão
localizadas as mercadorias, tenha conhecimento dos estoques disponíveis etc.

Quebra das Objeções (Funil)


Evidentemente, as apresentações raramente são tranqüilas e sem obstáculos.
Frequentemente surgem objeções no início, meio ou final das apresentações. Para
que se consiga o fechamento de uma venda, é necessário que as objeções sejam
devidamente respondidas.

16
É necessário verificar, com cuidado, se a objeção é verdadeira ou falsa.
Objeções verdadeiras são aquelas em que o indivíduo tem dúvidas reais a respeito
do produto, da empresa, do mercado e mesmo quanto ao tempo de comprar.
As objeções verdadeiras são desafios para os vendedores, uma vez que se
constituem em aspectos positivos para galgar as etapas de vendas. Elas
demonstram interesse dos consumidores no assunto. No entanto, a dificuldade surge
quando as objeções são falsas, ou seja, não condizem com a realidade e são feitas
apenas com objetivos de se livrar do vendedor ou perturbá-lo. Não existe fórmula
certa para lidar com estas situações. No entanto, o mais indicado é o método de
observação, em que se analisem as reações do cliente para determinar se está
mentindo ou não. Quando alguém mente, demonstra nervosismo, ou exagera em
suas maneiras, ou mesmo diz coisas contraditórias. Estes sinais podem indicar que a
objeção é falsa.
Para se responder as objeções, deve-se conhecer o produto. Na realidade, o
conhecimento necessário ultrapassa o produto, pois conhecer a concorrência
também é uma necessidade, principalmente para as objeções em que são colocados
em cheque preços e qualidades. Adicionalmente, é necessário preparar respostas às
objeções mais comuns, pois desta forma, quando ocorrem, já se sabe o que deve ser
dito para melhores resultados.

Fechamento
A etapa máxima no processo de venda é o fechamento. Para que se obtenha
um fechamento, o vendedor deve estar atento para os sinais de compra. Eles
demonstram se o cliente está interessado ou não. Expressam-se de diferentes
formas, mas geralmente materializam-se em expressões faciais, perguntas a respeito
de entregas, formas de pagamento ou outra qualquer que demonstre interesse na
compra. O recomendado é que, quando surgirem, o vendedor deve imediatamente
solicitar o pedido. Em caso negativo, deve continuar com a argumentação até nova
oportunidade para outra tentativa. Os sinais de compra aparecem em qualquer parte
da apresentação. Se não surgirem, deve-se conquistá-los com a aplicação das
técnicas recomendadas etapa por etapa no processo.
Uma das maiores causas pelas quais os vendedores não fecham pedidos é
não solicitarem-no para o cliente. Muitos aguardam que o próprio comprador tome a
iniciativa de compra. Algumas formas de fechamento e perguntas pertinentes e que
podem ser usadas com esses propósitos são apresentadas no quadro abaixo:

Formas e exemplos de fechamento de vendas.

Fechamento direto
Assume que o cliente está pronto para comprar. Perguntas diretas são formuladas,
conforme a seguir:
- Podemos entregar o sofá na próxima semana. Para qual endereço devemos enviar?
- O senhor deseja na cor verde, não é mesmo? - O senhor vai pagar a vista ou com o
cartão?

17
Venda assumida
O vendedor assume que o cliente está pronto para comprar, no entanto formula
perguntas menos diretas, como:
- Qual a cor que prefere: vermelho ou verde?
- Qual o modelo que prefere: standard ou luxo?
- Decidiu onde quer que a máquina seja instalada?
- Devo chamar um eletricista para fazer a instalação?

Venda aberta
Nesta forma de fechamento o vendedor formula questões abertas, que também
sugerem que o cliente está pronto para comprar.
- Em quanto tempo você necessitará do sofá?
- Quando devo providenciar as instalações?

Venda por ação


O vendedor toma a iniciativa de fechamento por meio das seguintes colocações:
- Eu vou preencher um pedido agora mesmo e logo que você assinar nós
providenciaremos a entrega.
- Eu vou ligar para nosso depósito e verificar se podem embarcar seu pedido
imediatamente.

Fechamento por urgência


O vendedor avisa o cliente de algumas razões para que faça o pedido
imediatamente:
- Este é, sem dúvida, um prazo muito apertado. Devo receber uma resposta sua o
mais breve possível, para ver se tenho tempo para entregar no dia certo.
- Este item tem vendido muito e nosso estoque está muito reduzido.
- Nosso preço especial termina no dia 15 deste mês.

Fonte: MASON, Barry Jr.; MAYER, Morris L.; EZELL, Hazel F. Retailing. 3. ed. Dallas: Business, 1988.
p.444-445.

Quando o vendedor perceber o momento para o fechamento, deve procurar


facilitar a assinatura do pedido. Ter sempre o talão de pedidos à mão é
recomendado.
Muitas vezes, quando a apresentação for mais longa, devido à indecisão do
consumidor, o vendedor deve auxiliá-lo formulando perguntas que o induzam a dizer
sim. Quando maior for o número de vezes em que o cliente concordar, melhor será
para se obter uma resposta afirmativa no fechamento. Concordando com o que está
sendo dito, não há razão aparente para uma final. Recomenda-se que antes do
fechamento seja feito um resumo do que foi dito durante a apresentação. A razão
disto é que muitas vezes o cliente pode não observado algum detalhe importante no
decorrer da apresentação; ou então o vendedor desejar reforçar este detalhe por
tratar-se de um importante benefício. O resumo final facilita o processo de decisão,
lembrando ao consumidor dos principais benefícios oferecidos.
Convém lembrar que a venda nunca é o final de um negócio. Pelo contrário,
todo processo mercadológico reveste-se de maior importância após a conclusão,
pois trata-se da materialização das promessas feitas na pré-venda. O respeito pelo
18
cliente é essencial na comercialização. O registro em ficha, data-base dos produtos
comprados ou de outras características e detalhes pessoais e de personalidade, é
importante para que um contato posterior seja mantido, principalmente para a
comunicação do recebimento de novas linhas, novos produtos ou qualquer outra
informação de interesse dos consumidores. O varejista deve estar atento e continuar
prestando bons serviços em situações de pós-venda. Os compradores atuais podem
multiplicar os negócios de uma empresa pela indicação de novos clientes, ou mesmo
pela repetição de compra.
Geralmente, para contatos posteriores, o varejista utiliza-se de mala direta ou
telemarketing.
Para o bom desempenho em vendas, há certas características da atividade
que devem ser utilizadas para não se incorrer em determinados erros. As
características e erros mais comuns estão relacionados no quadro abaixo.

Características necessárias e erros mais comuns na profissão e vendas varejistas.

Características necessárias
- Escutar bem para estabelecer necessidade e desenvolver as informações básicas.
- Demonstrar como um produto ou serviço pode igualar uma necessidade detectada.
- Manter uma boa relação com o cliente
- Manusear habilidosamente as objeções ou atitudes negativas.
- Resumir os benefícios e ações necessários para o fechamento de uma venda.

Erros mais comuns


- Falar em vez de ouvir.
- Não procurar informações do consumidor, falhando em perguntar questões críticas.
- Falhar na combinação de benefícios dos produtos com necessidades dos clientes.
- Falhar ao lidar com objeções.
- Faltar com o conhecimento sobre quando ou como fechar uma venda.
Fonte: MASON, Barry Jr.; MAYER, Morris L.; EZELL, Hazel F. Retailing. 3. ed. Dallas: Business, 1988.
p.444.

O processo descrito para vendas no varejo é ilustrado a seguir, sendo indicadas


suas várias etapas para uma melhor compreensão de sua aplicabilidade prática.

V – Vendedor
C – Cliente

V – Bom dia!
C – Eu estou procurando um chapéu marrom, tamanho médio,
Aproximação formato oval.
V – O senhor gostaria de marrom escuro ou claro?
C – Uma tonalidade média.

V – Aqui está um chapéu muito vendido, com forro de brim em


Apresentação tamanho médio. Gostaria de experimentar? O espelho é ali.

19
C – Este é do tipo oval longo?
V – Sim.

C – Ele não encaixa tão bem na cabeça como meu chapéu


velho.
Lidando com V – Deixe-me ver dentro. A etiqueta do fabricante diz que é oval
objeções longo, o mesmo que seu chapéu atual. Tenho certeza de
que servirá tão bem quanto o anterior.
C – Então está certo. Levarei este mesmo.

Fechamento V – O senhor gostaria de ter suas iniciais gravadas no forro? C


– É uma boa idéia. Certamente!

V – (Perfura as iniciais, enquanto escova o chapéu


cuidadosamente; aponta e caminha para o display de meias
masculinas.) – Nesta semana nós temos uma promoção de Venda por
meias. Aqui temos um par que serviria muito bem com Sugestão
casaco marrom.
C – Obrigado por ter mencionado meias. Eu estou mesmo
necessitando de alguns pares.

V – O Senhor vai pagar a vista ou vai usar o crediário?


Registro da C – A vista. Acabo de liberar alguns reais!
venda V – (Coloca o chapéu cuidadosamente na sacola apropriada e
as meias em uma pequena sacola. Providencia o troco.)

Complemento V – Muito obrigado. Tenho certeza de que apreciará seu novo da


venda chapéu. Volte sempre!
C – Certamente voltarei. Muito obrigado

- Pós Venda

Farmácia Drogaria, tendências e perspectivas.

20
FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”

MÓDULO II Farmacologia Geral

21
Farmacologia Básica

A Farmacologia básica estuda o que acontece quando o medicamento penetra no


corpo, envolvendo três áreas principais:
• farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e excreção da droga)
• farmacodinâmica (efeitos bioquímicos e físicos e mecanismos da ação das
drogas)
• farmacoterapia (uso de medicamentos para previnir e tratar doenças)

Os medicamentos possuem um tipo específico de nomenclatura – isto é, podem


ser identificados por três nomes diferentes:
• Nome químico – nome científico que descreve com precisão a sua estrutura
anatômica e molecular.
• Nome genérico – abreviatura do nome químico.
• Nome comercial – escolhido pela companhia farmacêutica que vende o
produto.

Os nomes comerciais são protegidos por direito de patente. O símbolo® que


aparece após o nome comercial indica que este foi registrado pelo fabricante,
dandolhe direito exclusivo.

22
Para evitar confusão, é melhor utilizar o nome genérico do medicamento, visto
que um só fármaco pode ter vários nomes comerciais.
Medicamentos com características semelhantes são reunidos numa classe
farmacológica (ou família).
Uma segunda forma de agrupamento é a classificação terepêutica, que divide as
drogas de acordo com seu uso terapêutica, que divide as drogas de acordo com seu
uso terapêutico.

Origem dos medicamentos


Tradicionalmente, os medicamentos originam-se de fontes naturais, como:
• plantas;
• animais
• minerais.

Hoje em dia, entretanto, os pesquisadores em laboratórios passaram a


utilizar os conhecimentos tradicionais, juntamente com a química, para
desenvolver fontes sintéticas. Uma vantagem dos fármacos quimicamente
desenvolvidos é serem desprovida de impurezas encontradas
nas substâncias naturais.
Além disso, tanto os pesquisadores
quanto os produtores de
medicamentos podem manipular a
estrutura molecular de
substâncias como os antibióticos, de tal modo que a
introdução de um ligeira modificação na estrutura
química torna a droga eficaz contra diferentes
microrganismos.

23
As primeiras misturas de substâncias medicamentosas obtidas de plantas
utilizavam todas as partes: folhas, raízes, bulbo, caules, sementes, brotos e
flores. Depois, substâncias nocivas passaram a contaminar frequentemente
as misturas. À medida que o conhecimento das plantas como fonte de
substâncias medicamentosas foi se aprimorando, os pesquisadores
procuraram isolar e potencializar os componentes ativos, evitando, ao mesmo
tempo, as substâncias nocivas.
Os líquidos corporais ou as glândulas dos animais também podem constituir
fontes de medicamentos. Os fármacos obtidos de fontes animais incluem:
• hormônios, como a insulina;
• óleos e gordura (habitualmente fixos), como o óleo de fígado de bacalhau;
• enzimas, que são produzidas por células vivas e atuam como
catalizadores, como pancreatina e a pepsina;
• vacinas, que são suspensões de microrganismos mortos, modificados ou
atenuados.
Hoje em dia, os medicamentos são, em sua maioria, produzidos em laboratórios e
podem ser:
• naturais (de fontes animais, vegetais ou minerais);
• sintéticos
• uma combinação dos dois.

Desenvolvimento de novas drogas


No passado, os medicamentos eram descobertos por
tentativa e erro. Hoje em dia, são desenvolvidos
primariamente através de pesquisa científica sistemática. A
Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidas
controla rigorosamente o desenvolvimento de novos
medicamentos, cuja conclusão pode levar muitos anos.
Somente após uma revisão de amplos estudos em
animais em animais e dos dados de segurança e eficácia do fármaco proposto é que
a FDA irá aprovar a solicitação de Investional New Drug (IND) (Investigacao da Nova
Droga).

24
Fases do desenvolvimento de uma nova droga
Quando a Food Administration (FDA) aprova o pedido de um medicamento em
investigação, este fármaco deve ser submetido a avaliação clinica no ser humano.
Essa avaliação clinica e dividida em quatro fases.
Fase I – teste em voluntários saudáveis.
Fase II – envolve estudos clínicos com pessoas que apresentam a doença para a
qual a droga e considerada eficaz.
Fase III – grandes números de pacientes em centros de pesquisa medica recebem o
medicamento. Essa maior amostragem fornece informações sobre efeitos adversos
incomuns ou raros. A FDA ira aprovar o pedido da nova droga se os resultados dos
estudos da fase III forem satisfatórios.
Fase IV – envolve a vigilância dos efeitos terapêuticos do
medicamento após sua comercialização, ao se concluir a fase
III. A companhia farmacêutica recebe relatórios de médicos e
outros profissionais de saúde sobre os resultados terapêuticos
e as reações adversas da droga. Alguns medicamentos, por
exemplo, demonstram ser tóxicos e foram retirados do mercado após aprovação
inicial.
Embora a maioria das IND submeta-se a todas as quatro fases de avaliação clinica
exigidas pela FDA, algumas podem receber aprovação rápida. Assim, por exemplo,
devido a ameaça da sidrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) `a saúde publica,
a FDA e os laboratórios farmacêuticos concordaram em abreviar o processo de
aprovação das IND para medicamentos que se destinam ao tratamento da doença.
Essa medida concede aos médicos a permissão de prescrever a pacientes com
AIDS “Tratamentos com IND”, que ainda não foi aprovado pela FDA. Os
patrocinadores de medicamentos que atingiram os estudos clínicos da fase II ou III
podem solicitar a FDA sua aprovação de condição de IND para tratamento. Uma vez
aprovada a IND, o patrocinador fornece o fármaco aos médicos cujos pacientes
satisfazem os critérios exigidos.

25
Farmacocinética
A cinética refere-se ao movimento, a farmacocinetica trata das ações de um
medicamento a medida que este se move através do corpo. Por conseguinte, a
farmacocinetica analisa como uma droga e:
• absorvida (assimilada no corpo);
• distribuída (move-se pelos vários tecidos);
• metabolizada (transformada numa forma passível de ser excretada);
• excretada (removida do corpo).
Esse ramo da farmacologia trata também do inicio de ação, da concentração
máxima e da duração de ação de um medicamento.

26
Farmacodinâmica
A farmacodinâmica é o estudo dos
mecanismos relacionados às drogas, que
produzem alterações bioquímicas ou
fisiológicas no organismo. A interação, a
nível celular, entre um medicamento e
certos componentes celulares – como as
proteínas complexas que compõem a
membrana celular, enzimas ou
receptores-alvo – representa a ação do
fármaco. A resposta decorrente dessa ação é p efeito do medicamento.
Um medicamento pode modificar a função das células ou a taxa de sua
função, mas não tem a capacidade de conferir uma nova função à célula ou ao
tecido-alvo. Por conseguinte, o efeito de um medicamento irá depender das funções
que uma célula e capaz de executar.
Um medicamento pode alterar a função da célula-alvo ao:
• Modificar o ambiente físico ou químico da célula;
• Interagir com um receptor (um local específico sobre a membrana celular ou
no interior da célula).

Efeito máximo

27
Na curva de dose-resposta, a administração de dose baixa corresponde
habitualmente à resposta baixa. Com dose pequena, um aumento da dose só irá
produzir ligeiro aumento na resposta. Com aumentos adicionais na dose, ocorre
acentuada elevação na resposta. Depois de certo ponto, qualquer aumento adicional
da dose produzirá pouco ou nenhum aumento na resposta. Neste ponto, diz-se que a
droga atingiu sua eficácia máxima.

Margem de segurança
A maioria dos medicamentos produz efeitos múltiplos. A relação entre os
efeitos terapêuticos desejados e os efeitos adversos de um fármaco é denominada
índice terapêutico do medicamento. É também conhecida como Marge de segurança.
Em geral, o índice terapêutico mede a diferença entre: •
Uma dose efetiva para 50% dos pacientes tratados;
• A dose mínima em que ocorrem reações adversas.

Baixo índice = perigo potencial

Os medicamentos com baixo índice terapêutico possuem estreita margem de


segurança. Isso significa que existe estreita faixa de segurança entre dose efetiva e
dose letal. Por outro lado, um medicamento com elevado índice terapêutico possui
grande margem de segurança e menos risco de efeitos tóxicos.

Farmacoterapia
A farmacoterapia refere-se ao uso de drogas para tratar as doenças. Ao
escolher um fármaco para tratar determinada afecção, o profissional deve considerar
não apenas a eficácia da droga, mas também outros fatores, como o tipo de terapia
que o paciente irá receber.
O tipo de terapia ministrada a um paciente depende da gravidade, da urgência e
do prognóstico da condição do paciente, podendo incluir:
• Terapia aguda, se o paciente estiver gravemente enfermo e houver
necessidade de terapia intensiva aguda;
• Terapia empírica, baseada mais na experiência prática do que exclusivamente
em dados científicos;

28
• Terapia de manutenção, para pacientes com condições crônicas que não se
resolvem;
• Terapia de reposição ou suplementar, para repor ou substituir as substâncias
que estão faltando no organismo;
• Terapia de suporte, que não trata a causa da doença, porém mantém outros
sistemas orgânicos ameaçados até que ocorra resolução da afecção do
paciente;
• Terapia paliativa utilizada em doenças terminais para que o paciente se sinta
o mais confortável possível.

O estado de saúde geral, bem como outros fatores individuais, pode alterar a
resposta do paciente a um fármaco. As afecções clínicas e concomitantes e as
características pessoais do estilo de vida também devem ser consideradas ao se
escolher uma terapia farmacológica. (ver fatores que afetam a resposta do paciente a
um medicamento).

Fatores que afetam a resposta do paciente a um medicamento:


• idade; função GI;
• função cardiovascular; função hepática;
• dieta; infecção;
• doença; função renal;
• interações sexo.

Além disso, é importante lembrar que certos medicamentos têm tendência a criar
tolerância e dependência nos pacientes. Ocorre tolerância a um medicamento
quando o paciente tem redução da resposta ao fármaco com o decorrer do tempo. O
paciente passa então a necessitar de doses maiores para produzir a mesma
resposta.
A tolerância refere-se à dependência de medicamentos, em que o paciente
demonstra uma necessidade física ou psicológica do fármaco. A dependência física
produz sintomas de abstinência quando se interrompe o medicamento, ao passo que
a dependência psicológica leva a um comportamento de busca do fármaco.

29
Interações medicamentosas
Podem ocorrer interações farmacológicas entre medicamentos ou entre
fármacos e alimentos. Essas interações podem interferir nos resultados de um
exame laboratorial ou produzir incompatibilidades físicas ou químicas. Quanto maior
o número de medicamentos tomado por um paciente, maior a probabilidade de
ocorrer uma interação entre eles.
As possíveis interações entre medicamentos incluem:
• Efeitos aditivos;
• Potencialização;
• Efeitos antagonistas;
• Diminuição ou aumento da absorção;
• Diminuição ou aumento do metabolismo e da excreção.

Obs: quando se diz que um medicamento é potencializado por outro, os resultados


obtidos são mais potentes – isto é, o medicamento ultrapassa seu potencial.

Pode ocorrer um efeito aditivo quando dois fármacos com ações semelhantes
são administrados a um paciente. Os efeitos obtidos equivalem à soma dos efeitos
produzidos pela administração isolada de cada fármaco em doses mais elevadas.
A administração conjunta de dois fármacos como dois analgésicos tem várias
vantagens potenciais: administração de doses menores de cada medicamento,
menor probabilidade de reações adversas e maior controle da dor do que aquele
obtido com um medicamento administrado isoladamente (provavelmente devido a
diferentes mecanismos de ação).
Ocorre um efeito sinérgico, também denominado potencialização, quando dois
medicamentos que produzem o mesmo efeito são administrados concomitantemente
e um deles potencializa (isto é, aumenta o efeito) do outro. O resultado é a produção
de efeitos mais pronunciados do que os observados quando cada um é administrado
isoladamente.
Ocorre uma interação antagonista quando a combinação de resposta de dois
medicamentos é menor do que a resposta produzida por cada um deles
administrados isoladamente.
Dois medicamentos administrados simultaneamente podem modificar a absorção
de um deles ou de ambos:
30
• Os fármacos que alteram a acidez do estômago podem afetar a capacidade
de outro medicamento dissolver-se no estômago.
• Alguns fármacos podem interagir e formar um composto insolúvel que não
pode ser absorvido.

Uma vez absorvido, o medicamento é transportado pelo sangue, que o distribui por
todo o corpo na forma livre ou ligado às proteínas plasmáticas.
Quando dois medicamentos são administrados concomitantemente, eles
podem competir pelos sítios de ligação das proteínas, resultando em aumento dos
efeitos do fármaco, à medida que separa-se da proteína, tornando-se livre.
Podem ocorrer níveis tóxicos de um medicamento quando seu metabolismo e
excreção são inibidos por outro fármaco. Algumas interações farmacológicas só
afetam a excreção.
As interações entre fármacos também podem alterar certos exames
laboratoriais e produzir alterações no eletrocardiograma de um paciente.
As interações entre medicamentos e alimentos podem alterar os seus efeitos
terapêuticos. O alimento também pode modificar a taxa e a quantidade do
medicamento absorvido pelo trato GI, afetando a sua biodisponibilidade – isto é, a
quantidade da dose do fármaco disponível na circulação sistêmica. Os
medicamentos também podem comprometer a absorção de vitaminas e minerais.
Alguns fármacos estimulam a produção de enzimas, aumentando o
metabolismo e a demanda de vitaminas, que são co-fatores enzimáticos (isto é, que
devem ligar-se à enzima para que esta possa funcionar). Além disso, podem ocorrer
interações perigosas. Assim, por exemplo, quando um alimento que contém tiramina
(como queijo cheddar envelhecido) é ingerido por uma pessoa em uso de inibidor da
monoamina oxidase, pode ocorrer crise hipertensiva.

Reações adversas a drogas


O efeito desejado de um medicamento é denominado resposta terapêutica
esperada. Por outro lado, uma reação adversa a determinado fármaco (também
denominado efeitos colateral ou efeito adverso) é uma resposta prejudicial e
indesejável. As reações adversas aos medicamentos podem incluir desde efeitos
31
adversos leves que desaparecem com a interrupção do fármaco, até doenças
debilitantes que se tornam crônicas.
As reações adversas aos medicamentos podem ser classificadas em efeitos
relacionados à dose ou efeitos relacionados à sensibilidade no indivíduo. As reações
adversas resultam, em sua maioria, dos efeitos farmacológicos conhecidos de um
medicamento e estão tipicamente relacionadas à dose.
As reações relacionadas à dose incluem:
• Efeitos secundários;
• Hipersuscetibilidade;
• Superdosagem;
• Efeitos iatrogênicos.

Por definição, um medicamento produz não apenas um efeito terapêutico


importante, como também efeitos complementares secundários, que podem ser
benéficos ou adversos. Assim, por exemplo, a morfina utilizada para o controle da
dor pode produzir dois efeitos secundários indesejáveis: constipação e depressão
respiratória. A difenidramina utilizada como anti-histamínico é acompanhada de
reação adversa de sedação, e algumas vezes é prescrita como sonífero.
Um paciente pode ser hipersensível às ações farmacológicas de determinado
medicamento. Mesmo quando este for administrado na dose terapêutica habitua, o
paciente hipersensível pode ter uma resposta terapêutica excessiva ou efeitos
secundários.
A hipersensibilidade resulta efetivamente de uma alteração da farmacocinética
(absorção, metabolismo e excreção), levado a níveis sangüíneos mais altos do que o
esperado. O aumento da sensibilidade dos receptores também pode aumentar a
resposta do paciente aos efeitos terapêuticos ou adversos.
Pode ocorrer reação tóxica ao medicamento quando se toma uma dose
excessiva, seja propositadamente ou por acidente. O resultado é uma resposta
exagerada, podendo produzir alterações transitórias ou reações mais graves, como
depressão respiratória, colapso cardiovascular e até mesmo morte. Para evitar
reações tóxicas, os pacientes com doença crônica ou idosos freqüentemente
recebem doses menores.

32
Obs: para que uma reação alérgica ocorra, o paciente deve ter tomado o
medicamento antes, todavia, pode ocorrer reação tóxica em qualquer pessoa se a
dose administrada for suficientemente elevada.

Algumas reações adversas aos medicamentos, conhecidas como efeitos


iatrogênicos, podem simular distúrbios patológicos. Assim, por exemplo, certos
fármacos, como agentes antineoplásicos, aspirinas, corticosteróides e indometacina,
causam comumente irritação e sangramento GI. Outros exemplos de efeitos
iatrogênicos incluem asma induzida com propranolol, nefrite induzida com meticilina
e surdez induzida com gentamicina.
As reações adversas relacionadas à sensibilidade do paciente não são tão
comuns quanto aquelas relacionadas à dose do fármaco. As reações relacionadas à
sensibilidade resultam de uma sensibilidade incomum e extrema do paciente ao
fármaco. Essas reações adversas decorrem mais de uma resposta singular dos
tecidos do que de uma ação farmacológica exagerada. A sensibilidade extrema de
um paciente pode ocorrer na forma de alergia ou resposta idiossincrásica ao
medicamento.
Ocorre alergia a fármacos quando o sistema imune do paciente identifica um
medicamento, o metabólito de um fármaco ou um contaminante do medicamento
como substância estranhamente perigosa que deve ser neutralizada ou destruída. A
exposição prévia ao fármaco ou a um medicamento com características químicas
semelhantes sensibiliza o sistema imune do paciente, de modo que uma exposição
subseqüente irá causar reação alérgica (hipersensibilidade).
A reação alérgica não apenas causa lesão direta das células e dos tecidos, como
também produz lesão sistêmica mais generalizada ao desencadear a liberação de
substâncias vasoativas e inflamatórias.
A reação alérgica pode variar quanto à sua intensidade, desde uma reação
discreta, como erupção cutânea e prurido, até uma reação anafilática imediata e
potencialmente fatal, com colapso circulatório e edema da laringe e dos bronquíolos.
Algumas reações adversas relacionadas à sensibilidade não resultam das
propriedades farmacológicas de uma droga nem de alergia, porém são específicas
do indivíduo. Essas reações denominam-se respostas idiossincrásicas. A resposta
idiossincrásica de um paciente tem algumas vezes causa genética.

33
FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”

MÓDULO III

Sistema Imunológico

34
Leucócitos
Os leucócitos são classificados em dois grupos:
• granulóciotos: representados por neutrófilos, eosinófilos e basófilos;
caracterizamse por possuírem núcleo de forma irregular e apresentarem grânulos
específicos no citoplasma;

• agranulóciotos: representados por linfócitos e monócitos; caracterizam-se


por apresentarem núcleo mais regular e não possuírem granulações específicas no
cito plasma.

35
A tabela a seguir apresenta um resumo sobre esses tipos de leucócitos.

Os linfócitos podem ser de dois tipos:


• linfócitos T: derivam de células indiferenciadas da medula óssea que migram pelo
sangue até o timo, onde se dividem e se diferenciam em linfócitos, que por isso são
chamadas de T. O timo é um órgão linfóide localizado no tórax, próximo ao coração;
• linfócitos B: emprega-se a letra B por esse tipo de linfócito ter sido inicialmente
descoberto nas aves, sendo maturado numa estrutura chamada Bursa de Fabricius;
já nos mamíferos, essas células parecem se diferenciar no fígado do feto e, após o
nascimento, na medula óssea vermelha.

Plaquetas
As plaquetas são fragmentos anucleados de células. Elas permanecem no sangue
por cerca de 9 dias e depois são degradadas, sendo repostas pela fragmentação de
megacariócitos da medula óssea. Como as plaquetas participam dos processos de
coagulação do sangue, valores abaixo do mínimo no intervalo de referência
considerado normal indicam que a pessoa tem maior dificuldade de coagulação do
sangue.

36
Linfa e Sistema Linfático
As células dos tecidos do corpo humano são banhadas pelo fluído intersticial,
formado a partir do plasma que sai da porção arterial dos capilares sanguíneos. O
excesso desse fluido precisa retornar ao sangue, o que acontece em grande parte na
porção venosa dos capilares sanguíneos. Entretanto, cerca de 10% do fluido
intersticial não retorna diretamente para o sangue, sendo coletado pelo sistema
vascular linfático. O líquido assim recolhido recebe o nome de linfa e é
transportado para o sangue por capilares, vasos e dutos linfáticos.
Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do corpo.
Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos maiores, que terminam em
dois grandes dutos principais: o duto torácico e o duto linfático direito. Esses
dutos desembocam em veias próximas ao coração.
O ducto torácico recebe toda a linfa procedente da parte inferior do corpo, do lado
esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de partes do tórax.
No trajeto dos vasos linfáticos encontram-se nódulos linfáticos ou linfonodos
(formados por tecido linfóide), que atuam basicamente como “filtros” da linfa. Esta,
antes de retornar ao sangue, sempre passa por pelo menos um linfonodo.

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A composição da linfa é semelhante à do fluido intersticial dos tecidos onde ela se
forma. Por exemplo, a linfa formada no fígado tem maior concentração de proteínas
que a formada na região do intestino, onde a linfa pode ser muito rica em gordura.
Isso ocorre porque o sistema linfático é uma das vias de absorção de nutrientes do
intestino, sendo principalmente responsável pela absorção de gorduras. Além disso,
na linfa estão presentes também linfócitos.
Nos linfonodos ocorrem linfócitos, macrófagos e plasmócitos. Quando a linfa passa
pelo linfonodo, os macrófagos fagocitam microrganismos patogênicos (que podem
causar doenças), como as bactérias, que tenham conseguido penetrar no corpo e
que estejam sendo transportadas pela linfa. Isso provoca uma resposta de defesa: os
linfócitos do linfonodo proliferam, muitos deles diferenciando-se em plasmócito, que
sintetizam anticorpos. Os linfonodos assim estimulados aumentam de tamanho,
sendo muitas vezes palpáveis na pele, principalmente na região do pescoço.
A seguir comentaremos com mais detalhes os mecanismos de defesa do corpo
humano.

Visão Geral dos Mecanismos de Defesa do Corpo Humano


Esses mecanismos de defesa podem ser agrupados em duas categorias:
• mecanismos de defesa inespecíficos: não distiguem um agente infeccioso
do outro. Incluem duas linhas de defesa que os invasores encontram ao tentarem
penetrar no corpo. A primeira linha é formada pela pele e pelas membranas
mucosas dos sistemas respiratórios, digestórios e urogenital. Se um microrganismo
conseguir vencer essas barreiras, enfrentará a segunda linha de defesa
inespecífica: substâncias químicas e células que matam indiscriminadamente
qualquer agente infeccioso que penetre no organismo, seja vírus, bactéria, fungo ou
protista. Elas agem imediatamente após a infecção;
• mecanismo de defesa específicos: constituem a terceira e última linha de
defesa, em que as respostas não são mais indiscriminadas, mas específicas. Destes
mecanismos participam os órgãos linfóides (timo, baço, tonsilas e linfonodos), os
linfócitos e os plasmócitos, que constituem o sistema linfático.

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Mecanismos inespecíficos

Primeira linha de defesa

A pele
A pele é o revestimento mais externo do corpo humano e está em contato direto com
todos os micróbios (organismos microscópicos) do meio ambiente, representados por
vírus, bactérias, fungos e protistas, além de alguns pequenos animais patogênicos.
A pele protege o corpo por ser uma barreira quase impenetrável, com suas várias
camadas de células epiteliais intimamente unidas entre si. Além disso, a oleosidade
e o suor tornam a superfície da pele ácida, o que impede o desenvolvimento de
alguns microrganismos. O suor também é rico em lisozima, uma enzima que ataca e
digere a parede celular de muitas bactérias, levando-as à morte. Apesar de a pele
ser uma barreira quase intransponível, pequenas lesões muitas vezes imperceptíveis
em sua superfície permitem a entrada de microrganismo. Outros agentes de doenças
também podem penetrar ativamente perfurando a pele, o que acontece com larvas
de alguns parasitas, como as dos vermes que causam a esquistossomose e o
amarelão.

As membranas mucosas
As membranas mucosas são formadas por epitélio associado ao tecido conjuntivo e
revestem os tratos respiratório, digestório e urogenital. Elas impedem a entrada de
microrganismos patogênicos, constituindo uma importante barreira física. A saliva,
as lágrimas e as secreções mucosas que envolvem a superfície dos epitélios
expostos eliminam muitos dos invasores em potencial. Nessas secreções,
especialmente nas das vias aéreas superiores e ao redor dos olhos, também existe a
enzima lisozima.
O muco produzido pelas células glandulares calciformes dos epitélios das vias
aéreas superiores é uma barreira física importante pois retém os microrganismos.
Envoltos por muco, os microrganismos são eliminados das vias aéreas superiores
pela ação dos cílios presentes no epitélio, sendo conduzidos até a cavidade nasal,
de onde são expelidos.
No alimento que ingerimos também podem existir microrganismos e muitos deles
são mortos as passarem pelo trato digestório. Isso ocorre pela ação dos sucos
digestivos e pela acidez do estômago decorrente da produção de ácido clorídrico por
células da mucosa estomacal.

Primeira linha de defesa

Fagócitos
A segunda linha de defesa inespecífica depende principalmente de células com
grande capacidade de fagocitose, genericamente chamadas fagócitos,
representados pelos neutrófilos e pelos macrófagos.
Células danificadas ou infectadas liberam alarmes químicos, que atraem os
neutrófilos do sangue. Estes saem dos capilares, dirigem-se para a área infectada e
fagocitam os micróbios invasores, destruindo-os. Os neutrófilos chegam em grande
número ao local infectado, mas além de destruírem os microrganismos patogênicos,
também se autodestroem.
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Os macrófagos não morrem em decorrência de sua atividade de defesa, como
ocorre com os neutrófilos. Os macrófagos chegam aos locais infectados logo depois
dos neutrófilos, também orientados pelas substâncias químicas liberadas. Eles
fagocitam microrganismos invasores, restos de células mortas por ação dos
neutrófilos e mesmo os próprios neutrófilos já destruídos, fazendo um serviço de
“limpeza”.
Além dessas células que realizam intensa atividade fagocitária, contribuem também
na defesa inespecífica do corpo os eosinófilos. Eles têm menor capacidade de
fagocitose e são mais importantes nos processos que envolvem a defesa contra
organismos patogênicos maiores que as bactérias. É o caso por exemplo do verme
Schistossoma mansoni, que causa a esquistossomose. Vários eosinófilos envolvem
externamente o verme e lançam sobre ele enzimas destrutivas que estavam
armazenadas nos grânulos do citoplasma.

Resposta inflamatória
Uma das respostas inespecíficas a uma infecção é a inflamação.
Esse processo inicia-se com a liberação, no local lesado, de histamina, produzida
pelos basófilos e mastócitos, e de prostaglandina, produzida por leucócitos e células
dos tecidos danificados. Essas substâncias promovem a dilatação de vasos no local,
determinando aumento do fluxo sanguíneo na região afetada e fazendo com que ela
fique avermelhada, e inchada. Além disso, essas substâncias promovem aumento da
permeabilidade dos vasos sanguíneos, propiciando a saída de células e plasma dos
capilares.
Em seguida, as células danificadas liberam substâncias químicas que atraem os
neutrófilos e os macrófagos, os quais se dirigem para o local fagocitando os agentes
invasores. Nos locais inflamados pode haver formação de pus, que corresponde
basicamente ao acúmulo de células fagocitárias mortas durante o combate aos
invasores.

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No processo inflamatório geralmente sai plasma dos capilares, o que acaba
causando inchaço ou edema. Assim, locais inflamados ficam inchados,
avermelhados e doloridos.
A inflamação, dentro de certos limites, é benéfica, pois é uma resposta de defesa do
corpo na tentativa de destruir agentes invasores, mas deve ser sempre
acompanhada por médico, que pode dar orientação adequada em cada caso.
O que acabamos de discutir se refere a uma resposta inflamatória local. No entanto,
quando a inflamação é maior essa resposta pode ser generalizada pelo corpo, sendo
chamada sistêmica. As substâncias químicas liberadas pelas células lesadas
estimulam a liberação de grande número de neutrófilos da medula óssea. Assim,
verifica-se aumento no número desses glóbulos no sangue, ampliando a ação
fagocitária contra os microrganismos patogênicos.

Febre
Uma das respostas sistêmicas do corpo a uma infecção é a febre, que é
desencadeada por toxinas produzidas pelo agente patogênico e também por
substâncias chamadas pirogênicas, liberadas principalmente pelos macrófagos
quando estão destruindo os agentes infecciosos. Essas substâncias chegam ao
cérebro pela corrente sanguínea, estimulando o aumento da temperatura do corpo, o
que caracteriza a febre.

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Essa elevação da temperatura intensifica a fagocitose, aumenta a velocidade
de reações químicas e acelera processos de regeneração das áreas lesadas do
corpo. Entretanto, temperaturas altas são prejudiciais ao organismo pois podem
provocar desnaturação protéica, processo em que proteínas perdem a forma e
consequentemente a função. Assim, sempre que há aumento da temperatura do
corpo é importante procurar assistência médica a fim de receber orientação e
tratamento adequado.

Mecanismo específicos de defesa: O Sistema Imunitário


A terceira linha de defesa do corpo humano é formada pelo sistema
imunitário.
Ele se diferencia dos mecanismos inespecíficos de defesa por dois fatores básicos:
especifidade e memória.

Especifidade
A especificidade refere-se à capacidade do sistema imunitário de reconhecer e
eliminar certos microrganismos ou substâncias estranhas ao corpo. O elemento
estranho capaz de estimular uma resposta imune é denominado antígeno e
geralmente é uma proteína ou polissacarídeo. O sistema imunitário responde ao
42
antígeno produzindo uma proteína chamada anticorpo, que é específica para aquele
antígeno.
Antígenos podem estar presentes nos envoltórios de vírus, bactérias, fungos,
protistas e vermes parasitas, e também na superfície de materiais estranhos ao
corpo humano, como pólen e tecidos transplantados.

Os anticorpos, proteínas denominadas genericamente imunoglobulinas (Ig), são


produzidos por leucócitos e plasmócitos. Um anticorpo reconhece apenas o antígeno
que induziu sua formação, sendo portanto altamente específico.
Anticorpos são moléculas protéicas esquematicamente representadas em forma de
Y. Cada molécula é formada por quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas cadeias
pequenas, chamadas leves, e duas grandes, chamadas pesadas, como mostra de
forma esquemática a figura a seguir.

Os sítios de reconhecimento e de ligação dos antígenos estão localizados nas


extremidades de cada braço do anticorpo. Assim, o que determina a especificidade
de um anticorpo são os sítios nos braços do Y.
O corpo humano é capaz de produzir grande número de anticorpos diferentes em
resposta à grande quantidade de antígenos com os quais entra em contato.

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Memória
A memória refere-se a capacidade que o sistema imunitário tem de reconhecer
novamente um mesmo antígeno e reagir contra ele, produzindo rapidamente mais
anticorpos específicos.
Existem dois tipos de resposta imune: a humoral e a celular.

Imunidade humoral
A imunidade humoral (humor = fluido corporal) está relacionada aos anticorpos
presentes no sangue e na linfa.
Ao nascer, uma criança já recebeu de sua mãe, através da placenta, anticorpos
prontos, obtendo ainda outros durante a amamentação.
Ao longo da vida, diversos anticorpos são formados, e desse processo participam os
linfócitos B.
Tais linfócitos são produzidos na medula óssea e passam para a corrente sanguínea
já amadurecidos, com anticorpos expostos em uma membrana plasmática. Cada
linfócito B produz apenas um tipo de anticorpo. Assim, no meio dos linfócitos B que
circulam normalmente no corpo existem vários anticorpos já prontos. Esses linfócitos
não se dividem espontaneamente no sangue. Entretanto, quando um antígeno
penetra no corpo, ele é reconhecido pelo linfócito B que já tem em sua membrana
plasmática o anticorpo específico; então, esse linfócito aumenta de tamanho e divide-
se por mitose. Formam-se duas células que também se dividem por mitose, sendo
esse processo repetido várias vezes até que se formem numerosas células
geneticamente idênticas entre si. Essas células compõem um clone daquele tipo de
linfócito B.
Muitos desses linfócitos transforma-se em plasmócitos, células que conseguem
sintetizar grande quantidades de anticorpo específico, liberando-o na corrente
sanguínea, no plasma e fluido intercelular. Esses anticorpos reagem com o antígeno,
inativando-o e tornando-o mais fácil de ser fagocitado por macrófagos, neutrófilos e
eosinófilos.

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Os anticorpos podem também facilitar a ação de proteínas especiais do sangue,
chamadas proteínas de complemento. Nesse caso, depois de unidos às moléculas
de antígenos presentes no envoltório de microrganismos patogênicos como as
bactérias, os anticorpos combinam-se a essas proteínas de complemento
desencadeando a formação de poros na célula bacteriana, que se rompe.

As demais células desse clone de linfócitos B diferenciam-se células B da


memória imunológica.

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Essas células têm vida longa e ficam prontas para entrar em atividade assim que o
mesmo antígeno penetrar novamente no corpo. Por isso, a produção de anticorpos
num segundo encontro com o mesmo antígeno (resposta secundária) é mais rápida
que no primeiro encontro (resposta primária).

Imunidade Celular
A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T.
Esses linfócitos são produzidos na medula óssea vermelha, mas amadurecem no
timo. Eles não produzem anticorpos, mas possuem na face externa da membrana
plasmática glicoproteínas denominadas receptores da células T.
Cada linfócito T possui um único tipo de receptor que reconhece um único tipo de
antígeno. Assim, há alta especificidade entre receptor e antígeno. Entretanto, o
receptor não reage com antígenos solúveis e nunca se dissocia da membrana do
linfócito. A resposta imune, neste caso, ocorre célula a célula.
Quando um microrganismo patogênico penetra no corpo humano, ele pode ser
fagocitado pelos macrófagos ou invadir células dos diferentes tecidos. Nos
macrófagos, a maior parte dos antígenos é digerida, mas podem sobrar fragmentos
que se ligam a proteínas especiais, chamadas MHC (do inglês, major
histocompatibility complex = complexo principal de histocompatibilidade), presente no
interior dos macrófagos. O complexo MHC-antígeno migra para a face externa da
membrana plasmática, constituindo uma forma de apresentação do antígeno aos
linfócitos T.

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Nas células dos diferentes tecidos também existem proteínas MHC que se ligam a
fragmentos de antígenos provenientes de micróbios invasores. Forma-se o complexo
MHC-antígeno, que se dispõe na membrana plasmática da célula infectada atuando
na apresentação do antígeno.
As proteínas MHC podem ser de duas classes: a classe I ocorre nas células dos
diferentes tecidos e a classe II, principalmente nos macrófagos. Isso determina qual
tipo de linfócito irá atuar.

Imunização ativa e passiva


A ciência que estuda as reações do sistema imunitário é a Imunologia. Ela nasceu
como um ramo da medicina experimental, associada a estudos de doenças
causadas por bactérias e vírus.
As primeiras noções sobre Imunologia surgiram por volta de 1796, com o médico
inglês Edward Jenner (1749 – 1823). Nesse período a varíola era um verdadeiro
flagelo para a humanidade. Havia dois tipos de varíola: o tipo brando, não-maligno,
que provoca poucas pústulas no corpo e era causado por um agente infeccioso que
normalmente atacava o gado bovino – era a varíola bovina; e o tipo maligno, que
provocava muitas pústulas no corpo e podia levar o indivíduo à morte.
Na época, acreditava-se que os indivíduos que adquiriam a varíola bovina ficavam
imunes à varíola maligna. A fim de testar essa observação, Jenner coletou material
de pústulas de uma pessoa infectada pela varíola bovina e injetou-o em uma pessoa
sadia. Esta adquiriu a varíola bovina, curou-se e após algum tempo Jenner inoculou-
a com material colhido de pústulas com varíola maligna. A observação popular
confirmou-se: essa pessoa não adquiriu a varíola maligna, tornando-se portanto
imune à doença. A partir dessa constatação, esse processo de imunização difundiu-
se, recebendo o nome de vacinação (do latim vaccina = de vaca).
Com o desenvolvimento da Imunologia, surgiram várias vacinas para a prevenção
de muitas doenças, como tétano, difteria, poliomielite, tuberculose, sarampo e
rubéola. Além das vacinas, surgiram também os soros, como os utilizados contra o
veneno nos casos de mordidas de animais peçonhentos.
O princípio de atuação das vacinas difere do princípio dos soros. As vacinas
desencadeiam um mecanismo de imunização ativa. Nesse processo, o antígeno que
causa a doença é introduzido no corpo de um indivíduo sadio, havendo então a
produção de anticorpos específicos para esse antígeno. Os antígenos empregados
nas vacinações correspondem a formas atenuadas de toxinas (como a toxina que
causa o tétano) ou aos próprios microrganismos causadores das doenças, mas
enfraquecidos ou mortos. Os anticorpos são produzidos como se a toxina ou os
microrganismos estivessem na forma ativa. Desse modo, pelas vacinações
adquirimos imunidade contra doenças sem que as tenhamos contraído.
Portanto, o princípio da imunização ativa é o seguinte: quando se inocula pela
primeira vez um indivíduo sadio com uma pequena quantidade de antígeno, ele
passa a produzir anticorpos que só estarão disponíveis no sangue para atuar contra
os antígenos após alguns dias. Se esse indivíduo receber uma segunda inoculação
do mesmo antígeno, a resposta imunológica será muito mais rápida e a produção de
anticorpos, muito maior.

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A resposta imunitária secundária está relacionada ao mecanismo de “memória”, que
é prontamente ativado quando o organismo volta a entrar em contato com o
antígeno.
Desse modo, as vacinas atuam como uma primeira inoculação de antígeno,
“programando” o organismo para produzir rapidamente mais anticorpos caso o
indivíduo entre em contato com as formas ativas dos antígenos causadores de
doenças.
Os soros desencadeiam um mecanismo de imunização passiva. Neste caso são
introduzidos no organismo os anticorpos já prontos para o combate a um antígeno. É
um tipo de imunização utilizada quando se deseja uma resposta rápida do
organismo.
Em caso de mordida de serpente peçonhenta, por exemplo, cujas toxinas podem
matar em pouco tempo, não é possível esperar que o próprio organismo reaja
produzindo anticorpos, pois esse processo é lento. Então injeta-se um soro
antiofídico, que já contém os anticorpos prontos para atuar.
Outro exemplo de utilização de soros é no caso de pessoas que se ferem e são
contaminadas pela bactéria causadora do tétano. O soro antitetânico deve ser
aplicado o mais rápido possível caso a pessoa não tenha recebido a vacina
antitetânica.
No entanto, a duração da imunização passiva é passageira, ao contrário da
imunização ativa. Isso porque a pessoa recebe os anticorpos prontos que
combaterão os antígenos antes mesmo de eles terem ativado o sistema imunitário.
Portanto, nesse caso a informação não fica registrada na “memória” do organismo.
A produção de soros para a imunização passiva é feita do seguinte modo:
determinado antígeno atenuado é inoculado em um mamífero, geralmente um
cavalo, que passa a produzir anticorpos contra esse antígeno. Após algum tempo, a
dose é reforçada, o que provoca aumento na quantidade de anticorpos no sangue.
Depois, coleta-se um pouco do sangue do cavalo inoculado e separa-se dele o soro,
que contém os anticorpos. Esse soro é preparado e utilizado nas pessoas.
Para cada tipo de antígeno há um tipo específico de soro. Por exemplo, se uma
pessoa for mordida por cascavel, deverá tomar o soro anticrotálico; se for mordida
por jararaca, deverá tomar o soro antibotrópico; se for mordida por cobracoral,
deverá tomar o soro antielapídico. Caso a pessoa não saiba por qual tipo de
serpente foi mordida, recomenda-se o uso do soro polivalente, que é uma mistura de
soro anticrotálico e antibotrópico.

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49
FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”

MÓDULO IV

Farmacologia dos Sistemas

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Analgésicos

Medicamentos e controle da Dor


Os medicamentos utilizados no controle da dor abrangem desde aqueles
adquiridos sem prescrição médica, como o acetaminofeno, até anestésicos gerais
potentes. Incluem:

• analgésicos não narcóticos, antipiréticos e drogas antiinflamatórias não


esteróides (DAINE);

• agonistas e antagonistas narcóticos;

• agentes anestésicos.

Analgésicos não Narcóticos, Antipiréticos e DAINEs


Os analgésicos não narcóticos, os antipiréticos e os DAINE formam um amplo
grupo de medicações analgésicas. Esses fármacos são discutidos em conjunto, visto
que, além de controlar a dor, eles também produzem efeitos antipiréticos (controle da
febre) e antiinflamatórios. São classes de medicamentos incluídos nesse grupo:

• os salicilatos (especialmente a aspirina), que sao amplamente utilizados;

• o derivado para-aminofenol, acetaminofeno;

• os DAINE;

• O analgésico do trato urinário, cloridrato de fenazopiridina.

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Drogas antiflamatórias não esteróides
Como o próprio nome sugere, as DAINE são frequentemente utilizados para
combater a inflamação, e sua ação antiinflamatória iguala-se à da aspirina.
Possuem também efeitos analgésicos e antipiréticos, porém são raramente
prescritos para a febre.
Nesta classe estão incluídos os seguintes farmacos: indometacina, ibuprofeno,
acido mefenâmico, fenilbutazona, celecoxib, piroxicam e sulindac.

Farmacodinâmica
Os pesquisadores acreditam que as DAINE produzem seus efeitos ao inibir a
síntese de prostaglandinas. Por exemplo, uma nova-classe de DAINE, denominados
inibidores da ciclooxigenase-2 (Cox2), inibem a Cox-2, uma enzima responsável pela
síntese de prostaglandinas. Outro tipo de DAINE, os fenamatos, podem competir com
as prostaglandinas nos sítios de ligação do receptor.

Farmacoterapia
As DAINE são utilizadas principalmente para diminuir a inflamação. São
secundariamente utilizadas para aliviar a dor, porém raramente prescritas como
antipiréticos.
As seguintes condições respondem favoravelmente ao tratamento com DAINE: •
espondilite anquilosante Doença articular inflamatória que afeta inicialmente a
coluna vertebral;

• artrite reumatóide moderada a grave (doença


inflamatória das articulações periféricas);

• osteoartrite Doença articular degenerativas no


quadril, no ombro ou em outras articulações
grandes;

• osteoartrite acompanhada de inflamação;

• artrite gotosa aguda Depósitos de urato nas articulações;


• dismenorréia cólicas menstruais.
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Interações medicamentosas
Uma grande variedade de medicamentos podem interagir com as DAINE,
especialmente com a indometacina, o ácido mefenâmico, a fenilbutazona, o
piroxicam e o sulindac. Em virtude de sua alta ligação às proteínas, as DAINE
tendem a interagir com outros fármacos ligados às proteínas, como os
anticoagulantes orais.

Agentes antiiflamatórios, antialérgicos e imunossopressores


As respostas imunes e inflamatórias protegem o organismo contra substâncias
estranhas invasoras. Essas respostas podem ser modificadas por certas classes de
fármacos:

• Os anti-histamínicos bloqueiam os efeitos da histamina nos tecidos-alvo.


• Os corticosteróides suprimem as respostas imunes e reduzem a inflamação.

• Os imunossupressores não corticosteróides impedem a rejeição de órgãos


transplantados e podem ser utilizados no tratamento da doença auto-imune.

• Os uricosúricos impedem ou controlam a frequência de ataques de artrite


gotosa.

Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos atuam principalmente bloqueando os efeitos da histamina
observados numa reação de hipersensibilidade imediata (tipo I), comumente
denominada reação alérgica. Esses fármacos são disponíveis isoladamente ou em
produtos de combinação, podendo ser adquiridos com ou sem prescrição médica.

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Os anti-histamínicos aliviam os sintomas de uma reação alérgica, como congestão
nasal e rinite. Não fornecem ao corpo imunidade à alergia em si.

Antagonistas dos receptores de histamina-1


O termo anti-histaminico refere-se a fármacos que atuam como antagonistas
do receptor de histamina-1 (H1), isto é, competem com a histamina pela ligação a
sítios receptores H1 encontrados em todo o corpo. Todavia, não deslocam a
histamina que já está ligada ao receptor.
Com base na sua estrutura química, os anti-histamínicos são divididos em seis
grandes classes:
• As etanolaminas incluem o fumarato de clemastina, o dimenidrinato, o
cloridrato de difenidramina e o citrato de feniltoloxamina.

• As etilenodiaminas incluem o maleato de pirilamina, o citrato de tripelenamina


e o cloridrato de tripelenamina.

• As alquilaminas incluem o maleato de bronfeniramina, o maleato de


clorfeniramina, o maleato de dexclorfeniramina e o cloridrato de triprolidina.

• As fenotiazinas incluem o cloridrato de metdilazina, o cloridrato de


prometazina e o tartarato trimeprazina.

• As piperidinas incluem o maleato de azatadina, o lactato de ciclizina, o


cloridrato de ciproheptadina, o cloridrato de fexofenadina, a loratadina, o
cloridrato de meclizina e o tartarato de fenindamina.
54
• Outros fármacos, como o cloridrato de hidroxizina e o pamoato de hidroxizina,
também como anti-histamínicos.

Obs: A fexofenadina e a loratadina, que são anti-histamínicos não sedativos,


caracterizam-se pela sua penetração mínima através da barreira hematoencefálica,
de modo que apenas uma pequena quantidade do fármaco distribui-se no SNC,
produzindo menos efeitos sedativos do que outros anti-histamínicos.

Farmacodinâmica
Os antagonistas dos receptores H1 competem com a histamina pelos
receptores H1 existentes sobre as células efetoras (células que causam sintomas
alérgicos), bloqueando os efeitos da histamina.
É preciso ressaltar que, embora a ligação da histamina seja bloqueada, a liberação
global dá histamina continua.
Os antagonistas dos receptores H1 produzem seus efeitos através dos seguintes
mecanismos:
• bloqueio da ação da histamina sobre os pequenos vasos sanguíneos;

• diminuição da dilatação das arteríolas e ingurgitação dos tecidos;

• redução do extravasamento de proteínas plasmáticas e líquidos através dos


capilares (permeabilidade capilar), diminuindo, assim, o edema;

• inibição da maioria das respostas do músculo liso à histamina (em particular,


bloqueio da constrição do músculo liso brônquico, GI e vascular);

• alívio dos sintomas ao atuar sobre as terminações nervosas na pele, que


produzem rubor e prurido quando estimuladas pela histamina;

• supressão da estimulação da medula supra-renal, da estimulação dos


gânglios autônomos e da secreção de glândulas exócrinas, como secreção
lacrimal e salitrar.

Corticosteróides
Os corticosteróides naturais são hormônios produzidos pelo córtex suprarenal. Os
corticosteróides são em sua maioria, formas sintéticas desses hormônios.

55
Os corticosteróides naturais e sintéticos são classificados de acordo com suas
atividades biológicas:
• Os glicocorticóides, como o acetato de cortisona e da dexametasona, afetam
o metabolismo dos carboidratos e das proteínas.

• Os mineralocorticóides, como a aldosterona e o acetato de fludrocortisona,


regulam o equilíbrio hidroeletrolítico.

Glicocorticóides
Os glicocorticóides são, em sua maioria, análogos sintéticos dos hormônios
secretados pelo córtex supra-renal. Exercem efeitos antiinflamatórios, metabólicos e
imunossupressores. Os fármacos nessa classe incluem:

• beclometasona;

• betametasona;

• cortisona;

• dexametasona;

• hidrocortisona;

• metilpredinisolona;

• prednisolona;

• prednisona;

• triancinolona.

Farmacodinâmica
Os glicocorticóides suprimem as respostas imune e de hipersensibilidade
através de um processo que ainda não está totalmente esclarecido. Os
pesquisadores acreditam que os glicocorticóides inibem as respostas imunes:
• ao suprimir ou impedir as reações imunes mediadas por células;

• ao reduzir o número de leucócitos, monócitos e eosinófilos;

• ao diminuir a ligação das imunoglobulinas a receptores de superfície celular;

• ao inibir a síntese de interleucinas.

Os glicocorticóides suprimem o eritema, o edema, o calor e a


hipersensibilidade associados à resposta inflamatória. Começam a atuar no nível

56
celular, estabilizando a membrana lisossomal (uma estrutura no interior da célula que
contém enzimas digestivas), de modo que não há liberação das reservas de enzimas
hidrolíticas presentes nas células.
Como os corticosteróides, os glicocorticóides impedem o extravasamento de
plasma através dos capilares, suprimem a migração dos leucócitos
polimorfonucleares (células que destroem e digerem os microrganismos) e inibem a
fagocitose (ingestão e destruição).
Para garantir um trabalho perfeitamente executado, os glicocorticóides
diminuem a formação de anticorpos nos tecidos lesados ou infectados e interrompem
a síntese de histamina, o desenvolvimento dos fibroblastos, a deposição de colágeno
e a dilatação e permeabilidade dos capilares.

Farmacoterapia
Além de seu uso na forma de terapia de reposição para pacientes com insuficiência
adrenocortical, os glicocorticóides são prescritos para imunossupressão e redução
da inflamação e pelos seus efeitos sobre o sistema hematológico e linfático.

Interações Medicamentosas
• Os efeitos de depleção de potássio dos corticosteróides podem ser
potencializados pela anfoteracina B, clortalidona, ácido etacrínico, furosemida
e diuréticos tiazídicos.

• Os corticosteróides reduzem a concentração sérica e os efeitos dos salicilatos.

• O risco de úlceras pépticas associadas a drogas antiinflamatórias não


esteróides (DAINE) e salicilatos aumenta quando esses agentes são
administrados com corticosteróides.
• Os efeitos dos agentes antidiabéticos podem ser reduzidos, com conseqüente
aumento dos níveis de glicemia.
57
Reações adversas aos corticosteróides
Os corticosteróides afetam quase todos os sistemas do corpo. Seus efeitos adversos
disseminados incluem:

• aumento de retenção de sódio e de água;

• aumento da excreção de potássio;

• supressão das respostas imunes e inflamatórias;

• osteoporose;

• úlceras pépticas;

• comprometimento da cicatrização de feridas.

As reações no sistema endócrino podem incluir:

• diabetes mellitus;

• hiperlipidemia;

• atrofia supra-renal;

• supressão do eixo hipotálamo-hipófise.

Agentes antiinfecciosos
A escolha de um agente antimicrobiano apropriado para o tratamento de uma
infecção específica envolve diversos fatores importantes:
• Em primeiro lugar, é preciso isolar e identificar o microrganismo – geralmente
através de seu crescimento em cultura.

• A seguir, deve-se determinar sua sensibilidade a vários fármacos. Como os


resultados da cultura e do antibiograma levam 48 horas, o tratamento é
habitualmente iniciado no momento da avaliação do paciente e,
posteriormente, reavaliado após a obtenção dos resultados.

• É preciso considerar a localização da infecção. Para que a terapia seja eficaz,


é necessário fornecer uma concentração adequada do agente antimicrobiano
no local da infecção.

• Por fim, é preciso considerar o custo do medicamento, bem como seus efeitos
adversos potenciais e a possibilidade de alergias no paciente.

58
*O uso indiscriminado dos agentes antimicrobianos possui sérias conseqüências.
A exposição desnecessária dos microrganismos a esses medicamentos estimula o
desenvolvimento de cepas resistentes. Essas cepas resistentes tendem a causar
muito mais dano do que seus predecessores.
Os agentes antimicrobianos devem ser reservados para pacientes com infecções
causadas por microrganismos sensíveis e ser prescritos em doses suficientemente
altas e por um período de tempo apropriado. Os novos agentes antimicrobianos
devem ser reservados para pacientes gravemente enfermos acometidos de infecções
graves que não respondem aos fármacos convencionais.

*A resistência refere-se à capacidade que tem um microrganismo de sobreviver e


crescer na presença de um agente antimicrobiano que habitualmente é
bacteriostático (isto é, que inibe o crescimento ou a multiplicação das bactérias) ou
bactericida (isto é, que mata as bactérias). Em geral, a resistência resulta de uma
mutação genética no microrganismo.

Os agentes antibacterianos são utilizados principalmente no tratamento das


infecções bacterianas sistêmicas (acometendo todo o corpo, e não apenas uma área
localizada). As classes de agentes antibacterianos incluem:

• aminoglicosídios;

• penicilinas;

• cefalosporinas;

• tetraciclinas;

• clindamicina e lincomicina;

• macrolídios;

• vancomicina;

• carbapenens;

• monobactâmicos;

• fluorquinolonas;

• sulfonamidas;

• nitrofurantoína.

59
Aminoglicosídeos
Os aminoglicosídios atualmente utilizados incluem:

• sulfato de amicacina;

• sulfato de gentamicina;

• sulfato de canamicina;

• sulfato de neomicina;

• sulfato de netilmicina;

• sulfato de paromomicina;

• sulfato de estreptomicina;

• sulfato de tobramicina.

Farmacocinética
Como os aminoglicosídios são poucos absorvidos pelo trato GI, costumam ser
administrados por via parenteral. Após administração IV ou IM, a absorção dos
aminoglicosídios é rápida e completa.

Farmacodinâmica
Os aminoglicosídios atuam como agentes bactericidas (isto é, têm a capacidade
de matar bactérias) contra microrganismos sensíveis através de sua ação sobre um
ribossoma específico no microrganismo, interrompendo a síntese de proteínas,
consequentemente inibindo as estruturas da bactéria que são essenciais para a vida
da mesma.

Penicilinas
As penicilinas continuam sendo um dos agentes antibacterianos de maior
importância e utilidade, a despeito da disponibilidade de vários outros fármacos. As
penicilinas podem ser divididas em quatro grupos:

• penicilinas naturais;

• penicilinas resistentes à penicilase;

• aminopenicilinas;

• penicilinas de amplo espectro.

Distribuição

60
As penicilinas distribuem-se amplamente pela maioria das regiões do corpo,
incluindo pulmões, fígado, rim, músculo, osso e placenta. Aparecem também altas
concentrações na urina, tornando as penicilinas úteis no tratamento ITU.

Farmacodinâmica
As penicilinas geralmente possuem ação bactericida. Ligam-se reversivelmente a
várias enzimas fora da membrana citoplasmática da bactéria.
Essas enzimas, como proteínas de ligação das penicilinas, estão envolvidas na
síntese da parede celular e na divisão da célula. A interferência nesse processo inibe
a síntese da parede celular, causando rápida destruição da célula.

Farmacoterapia
Nenhuma outra classe de agentes antibacterianos oferece um espectro de
atividade antimicrobiano tão amplo quanto as penicilinas.
A penicilina é administrada por injeção IM quando a administração oral é
inconveniente ou quando a aderência do paciente ao tratamento é duvidosa. Como
as preparações de penicilina G de ação longa (penicilina G benzatina e penicilina G
procaína) são relativamente insolúveis, devem ser administradas por via IM.

Interações medicamentosas
• As tetraciclinas e o cloranfenicol reduzem a ação bactericida das penicilinas.

• A eficácia dos anticoncepcionais orais é reduzida quando são tomados com


penicilina V e ampicilina.

Reações adversas
As reações de hipersensibilidade constituem as principais reações adversas às
penicilinas e incluem:

• Reações anafiláticas;

• As aminopenicilinas e as penicilinas de amplo espectro podem produzir colite


pseudomembranosa (diarréia causada por uma alteração da flora do cólon ou
pela proliferação excessiva de uma cepa de Clostridium difficile produtora de
toxina).

Cefalosporinas
Nesses últimos anos, foram introduzidos inúmeros agentes antibacterianos para o
uso clínico, denominados cefalosporinas.
As cefalosporinas são reunidas em gerações, de acordo com sua eficácia contra
diferentes microrganismos, suas características e desenvolvimento:

• as cefalosporinas de primeira geração incluem: cefadroxila, cefazolina sódica,


cefalexina monoidratada e cefradina.

61
• as cefalosporinas de segunda geração incluem: cefaclor, nafato de
cefamandol, cefmetazol sódico, cefprozil, ceftibuteno, cefuroxima axetil e
cefuroxima sódica.

• as cefalosporinas de terceira geração incluem: cefdinir, cefixima,


cefoperazona sódica, cefotaxima sódica, cefpodoxima proxetil, ceftizoxima
sódica e ceftriaxona sódica.

• as cefalosporinas de quarta geração incluem: cefalosporina e cloridrato de


cefepima.

* Como as penicilinas e as cefalosporinas são quimicamente semelhantes (isto é,


ambas possuem uma estrutura denominada estrutura molecular beta-lactâmica),
ocorre alguma sensibilidade cruzada. Isso significa que uma pessoa que já teve uma
reação à penicilina corre risco de sofrer também uma reação às cefalosporinas.

Farmacocinética
Muitas cefalosporinas são administradas por via parenteral, uma vez que não são
absorvidas pelo trato GI. Algumas cefalosporinas são absorvidas pelo trato GI e,
portanto, podem ser administradas por via oral; todavia, a presença de alimentos
geralmente retarda a absorção dessas cefalosporinas orais.

Excreção
Todas as cefalosporinas são excretadas principalmente em sua forma inalterada
pelos rins, à exceção da fefoperazona, que são excretadas nas fezes através da bile.

Farmacodinâmica
As cefalosporinas inibem a síntese da parede celular em conseqüência de sua
ligação a enzimas bacterianas conhecidas com PBP, que se localizam na membrana
celular. Após lesão da parede celular em decorrência de ligação do fármaco à PBP,
os mecanismos de defesa natural do organismo destroem as bactérias.

62
Tetraciclinas

Farmacodinâmica
Todas as tetraciclinas são principalmente bacteriostáticas, o que significa que elas
inibem o crescimento ou a multiplicação das bactérias. As tetraciclinas penetram na
célula bacteriana por um processo que depende de energia. No interior da célula,
ligam-se basicamente a uma subunidade do ribossoma, inibindo a síntese de
proteínas necessária para a manutenção da célula bacteriana.

Interações medicamentosas
• As tetraciclinas podem reduzir a eficácia dos anticoncepcionais orais e a ação
bactericida da penicilina.

• Os antiácidos contendo alumínio, cálcio e magnésio diminuem a absorção das


tetraciclinas orais.

63
• Essas substâncias, à exceção da doxiciclina e da minociclina, também podem
interagir com leite e seus derivados, que se ligam aos medicamentos e impedem
sua absorção.

Macrolídeos

Os macrolídeos são utilizados no tratamento de diversas infecções comuns. Incluem


os derivados da eritromicina, como:
• eritromicina;

• estolato de eritromicina;

• etilsuccinato de eritromicina;

• gliceptato de eritromicina;

• lactobionato de eritromicina;

• estearato de eritromicina.

Outros macrolídeos incluem:


• azitromicina;

• claritromicina.

Farmacodinâmica
Os macrolídeos inibem a síntese de proteínas dependentes do ácido ribonucléico
(RNA) ao atuar numa pequena porção do ribossoma, de forma muito semelhante à
clindamicina.

Reações adversas
• desconforto epigástrico;

• náusea;

• vômitos;

• diarréia (especialmente com grandes doses;)

Fluoroquinolonas
As fluoroquinolonas são antibióticos sintéticos estruturalmente semelhantes.
Esses fármacos são administrados principalmente a pacientes com ITU, bem
como para o tratamento de infecções respiratórias superiores, pneumonia e
gonorréia. As fluoroquinolonas incluem:

• mesilato de alatrofloxacina;

64
• ciprofloxacina;

• enoxacina;

• gatifloxacina;

• levofloxacina;

• lomefloxacina;

• moxifloxacina;

• norfloxacina;

• esparfloxacina;

• trovafloxacina.

Farmacodinâmica
As fluoroquinolonas atuam através da interrupção da síntese do ácido
desoxirribunucléico (DNA) durante a replicação bacteriana. Em conseqüência, as
bactérias não podem se multiplicar.

Sulfonamidas
As sulfonamidas foram os primeiros agentes antibacterianos sistêmicos eficazes.
Incluem:
• co-trimoxazol;

• sulfadiazina;

• sulfametoxazol;

• sulfisoxazol.

Farmacodinâmica
A sulfonamidas são agentes bacteriostáticos que impedem o crescimento dos
microrganismos ao inibir a produção de ácido fólico. A síntese reduzida da ácido
fólico diminui o número de nucleotídeos bacterianos, inibindo o crescimento das
bactérias.

65
FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”

MÓDULO V Atenção Farmacêutica

66
Atenção Farmacêutica ao Paciente Hipertenso

A hipertensão arterial é uma patologia que se caracteriza por uma desordem


crônica, geralmente assintomática, onde os pacientes por esse motivo interrompem o
tratamento por nada sentirem e somente retornar a fazer uso do medicamento
quando alguns sintomas reaparecem (Rabello).
Segundo Bisson (2007), a hipertensão é um dos principais problemas de saúde no
Brasil. Elevam o custo médico-social, principalmente pelas suas complicações, como
as doenças cerebrovascular, arterial coronariana e vascular de extremidades, além
da insuficiência cardíaca e da insuficiência renal crônica. Desde 1963, as doenças
cardiovasculares superaram as outras por causa de morte, sendo responsáveis,
atualmente, por 27% dos óbitos. As tendências de risco de morte por doenças
cardiovasculares são diferentes nas diversas regiões, com queda no Sudeste e no
Sul, aumento no Centro-Oeste e Nordeste e estabilidade no Norte.
Na hipertensão temos a elevação da pressão arterial, com pressões diastólicas
acima de 90mmHg e/ou sistólicas acima de 140mmHg. Calcula-se que 25% da
população adulta sejam hipertensas. (Camargo, 2007).
Conforme Castro e colaboradores (2004), avanços na terapêutica propiciados pela
medicina baseada em evidências e epidemiologia podem levar a uma melhor prática
profissional possibilitando, no caso da hipertensão, redução da incidência de
desfechos primordiais, tais como o infarto do miocárdio e o acidente vascular
encefálico. Independentemente da disponibilidade de tratamentos medicamentosos e
não- medicamentosos, apresentados em numerosos consensos e guias de
tratamento o controle populacional da hipertensão encontra-se longe do ideal.
Alguns fatores desse insucesso estão relacionados a eventos adversos de
medicamentos anti-hipertensivos, às atitudes e às crenças do paciente em relação
ao tratamento e à própria doença, à inércia dos prescritores frente à pressão não
controlada e à ausência de serviços de saúde estruturados e eficientes para
sobrepujar esse problema de saúde pública. Uma possibilidade de abordagem que
venha a contribuir para a solução desses problemas é o trabalho inter e
multidisciplinar dos membros da equipe de atenção à saúde.
Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (2004) sabe-se que a
hipertensão somente é diagnosticada em dois em cada três indivíduos hipertensos
(68,4%). Destes, 53,6% recebe o tratamento adequado, mas o controle adequado da
hipertensão somente se consegue em 27% dos casos diagnosticados.
Foi demonstrada que a falta de adesão ao tratamento que ocorre entre os pacientes
crônicos, implica uma maior probabilidade de agravamento da doença, aumento dos
gastos em saúde e diminuição da qualidade de vida dos pacientes. Entende-se como
adesão ao tratamento o processo colaborativo estabelecido para otimizar os
resultados clínicos.
O farmacêutico é o profissional que possui o conhecimento e a habilidade
necessários para colaborar na correta utilização do tratamento farmacológico e
otimizar a adesão do paciente. A farmácia é o local em que, freqüentemente, a
população busca conselhos para seus problemas de saúde. Incluir o farmacêutico no
cuidado do paciente hipertenso é, além disso, importante, em função do contato com
o paciente antes do início do tratamento e a manutenção de forma regular durante o
mesmo. Este compromisso do farmacêutico com a atenção ao paciente e a

67
preocupação por alcançar os objetivos terapêuticos, representa o processo de
Atenção Farmacêutica.
Um dos estudos que avaliaram o impacto da Atenção Farmacêutica é o projeto
TOMCOR (Therapeutic Outcomes Monitoring in Coronary patients), estudo
multicêntrico elaborado pela Universidade da Flórida e desenvolvido na Espanha que
possuiu como objetivo avaliar os efeitos da Atenção Farmacêutica sobre pacientes
com doenças coronárias. Os resultados evidenciaram uma diminuição na taxa anual
de reinfartos no grupo de intervenção e uma menor utilização de recursos de saúde.
A proposta de atenção farmacêutica ao paciente hipertenso surge como uma
maneira de amparar o prescritor e o paciente junto aos complexos fatores envolvidos
com a hipertensão arterial.
Considerando as variáveis que envolvem a hipertensão e a necessidade de vários
profissionais em conjunto para reatá-la, o farmacêutico pode atuar de diversas
maneiras para auxiliar o paciente:
- Facilitador da adesão ao tratamento – A adesão ao tratamento pode ser
definida como o grau de coincidência entre a prescrição e o comportamento do
paciente (Nobre et al, 2001). Segundo os mesmos autores, a falta de adesão ao
tratamento anti- hipertensivo é um fator inegável que os profissionais da área da
saúde evidenciam na prática clínica.
Cabe ao farmacêutico avaliar a prescrição médica e reforçar os conselhos do
prescritor ao paciente e aconselhar para a necessidade do cumprimento das
medidas farmacológicas e não-farmacológicas.
- Auxiliar o paciente junto aos fatores de risco – a prevenção dos fatores de
risco pode diminuir a mortalidade da população hipertensa associada ao uso de
medicamentos (Giorgi, 1998).
Entre os fatores mais importantes associados à hipertensão, pode-se citar:
a) Obesidade

b) Tabagismo

c) Colesterol Elevado

- Auxiliar o prescritor no controle do tratamento: estudo realizado por Camacho et al


(2001), demonstrou que 65% da população estudada estavam sem controle da
hipertensão. O acompanhamento do paciente é importante. Pacientes hipertensos
tendem a ignorar as indicações da prescrição quanto aos hábitos e controlam a
doença com periodicidade inadequada (Gagliardino, 1995).

- Agente elaborador de campanhas junto à comunidade: com o avanço da


hipertensão, a necessidade de campanhas é de extrema importância para conter a
doença (Barbosa et al, 1999), particularmente diante do quadro de sedentarismo,
consumo de frituras e tabagismo que atinge nossa população. No Brasil, pouco tem
sido feito, visando à prevenção de doenças e promoção da saúde, principalmente
através de atividades de caráter coletivo (Oliveira et al, 2000).

- Auxiliar para minimizar os fatores que dificultam o tratamento: trabalho realizado por
Resende (1998) mostrou que alguns fatores que dificultam o tratamento são:
dificuldades de acesso ao atendimento ambulatorial do SUS, desconhecimento de
68
fatores de risco da doença, insatisfação com o atendimento prestado pelos
profissionais da saúde e limitação da capacidade física.

- Articulação com outros profissionais de saúde: como enfermeiros, nutricionistas,


médicos, etc.

- Descrição de reações adversas

Segundo Bolognesi e colaboradores, a hipertensão arterial é uma doença de alta


prevalência que pode levar a sérias complicações se não controlada. Por ser uma
patologia crônica que requer, na maioria das vezes, associação medicamentosa de
uso contínuo, é alta também a prevalência de Problemas Relacionados a
Medicamentos – PRM, o que torna este grupo de pacientes importantes para o
acompanhamento farmacoterapêutico.

Tratamento Não-medicamentoso para Hipertensão

a) Medidas de Maior Eficácia


- Redução do peso corporal e manutenção do peso ideal: índice corporal (IMC)
entre 20 e 25, pois, conforme já sinalizado, existe relação direta entre peso corporal
e pressão arterial (PA).

- Redução da ingestão de sódio: é saudável ingerir até 6g/dia de sal, que


correspondem a 4 colheres de café rasas de sal (4g) e 2 g de sal presente nos
alimentos naturais, reduzindo o sal adicionado aos alimentos e evitando o saleiro à
mesa e alimentos industrializados.

- Maior ingestão de potássio: uma dieta rica em vegetais e frutas, contendo 2 a


4g de potássio/dia e pode ser útil na redução da pressão e prevenção da hipertensão
arterial. Os substitutos do sal com cloreto de potássio e menos cloreto de sódio (30 a
50%) são úteis para reduzir a ingestão de sódio e aumentar a de potássio.

- Redução do consumo de bebidas alcoólicas: para os consumidores de álcool,


a ingestão da bebida alcoólica deve ser limitada a 30g álcool/dia, contidas em 600ml
cerveja (5% de álcool), 250ml de vinho (12% de álcool), ou 60ml de destilados
(whisky, vodca, aguardente – 50% de álcool). Este limite deve ser reduzido à metade
por pessoas com baixo peso, mulheres e indivíduos com sobrepeso e/ou triglicérides
elevados.

- Exercícios físicos regulares: há relação inversa entre o grau de atividade física


e a incidência de hipertensão; exercício físico regular reduz a pressão.

b) Medidas sem avaliação científica definida

- Suplementação de cálcio, magnésio, dietas vegetarianas e medidas antiestresse.

c) Medidas Associadas

69
- Abandono do tabagismo

- Controle do diabetes e das dislipidemnias

- Evitar medicamentos que elevem a pressão arterial

Tratamento Medicamentoso

Princípios gerais:
- O medicamento deve ser eficaz por via oral, bem tolerado e permitir o menor
número possível de doses diárias;

- Em pacientes em estágio 1 iniciar o tratamento com as menores doses efetivas. Em


pacientes nos estágios 2 e 3, considerar o uso associado de anti- hipertensivos
para início de tratamento.

- Respeitar no mínimo 4 semanas para aumentar a dose, substituir monoterapia ou


mudar associação de fármacos.

- Instruir o paciente sobre a doença, planificação e objetivos terapêuticos,


necessidade do tratamento continuado e efeitos adversos dos fármacos.

Medicamentos Anti-Hipertensivos:

- Diuréticos
O mecanismo anti-hipertensivo dos diuréticos está relacionado, numa primeira
fase, à depleção de volume e, a seguir, à redução da resistência vascular periférica
de mecanismos diversos.
São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial, dandose
preferência aos diuréticos tiazídicos e similares. Diuréticos de alça são reservados
para situações de hipertensão associada à insuficiência renal e cardíaca.
Os diuréticos poupadores de potássio apresentam pequena potência diurética, mas
quando associados à tiazídicos e diuréticos de alça são úteis na prevenção e no
tratamento de hipopotassemia.
Entre os efeitos indesejados dos diuréticos, ressalta-se fundamentalmente a
hipopotassemia, por vezes acompanhada de hipomagnesemia, e a hiperuricemia. É
ainda relevante o fato de que os diuréticos podem provocar intolerância à glicose.
Podem, também, promover aumento dos níveis séricos de triglicérides, em geral
dependente da dose. Em muitos casos, provocam disfunção sexual.

- Inibidores Adrenérgicos
• Ação Central:
Atuam estimulando os receptores alfa-2-adrenérgicos pré-sinápticos (alfametildopa,
clonidina e guanambezo) e/ou os receptores imidazolidínicos (monoxidina) no
sistema nervoso central, reduzindo a descarga simpática.

70
Esses fármacos podem ser úteis em associação com medicamentos de outras
classes terapêuticas, particularmente quando existem evidências de hiperatividade
simpática.
Entre os efeitos indesejáveis, destacam-se, sonolência, sedação, boca seca, fadiga,
hipotensão postural e impotência.
• Alfa-1 bloqueadores
Apresentam baixa eficácia como monoterapia, devendo ser utilizados em
associação com outros anti-hipertensivos. Eles podem induzir o aparecimento de
tolerância farmacológica, que obriga o uso de doses crescentes, mas têm a
vantagem de propiciar melhora do metabolismo lipídico (discreta) e da urodinâmica
(sintomas) de pacientes com hipertrofia prostática.
Os efeitos indesejáveis mais comuns são: hipotensão postural, palpitação e,
eventualmente, astenia.

• Betabloqueadores
O mecanismo anti-hipertensivo, complexo, envolve diminuição do débito cardíaco,
redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição das
catecolaminas nas sinapses nervosas.
Estes medicamentos são eficazes como monoterapia. Aqueles com atividade
simpatomimética intrínseca são úteis em gestantes hipertensas e em pacientes com
feocromocitoma. Constituem a primeira opção na hipertensão arterial associada à
doença coronariana e arritmias cardíacas. Entre as reações adversas desse grupo,
destacam-se: broncoespasmo, bradicardia excessiva, distúrbios da condução
atrioventricular, depressão miocárdica, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos,
depressão psíquica, astenia e disfunção sexual.
Do ponto de vista metabólico, podem acarretar intolerância à glicose,
hipertrigliceridemia e redução do HDL-colesterol.

- Vasodilatadores Diretos
Os medicamentos desse grupo, como a hidralazina e o minoxidil, atuam
diretamente sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento
muscular com conseqüente vasodilatação e redução da resistência vascular
periférica. Em conseqüência da vasodilatação arterial direta, promove retenção
hídrica e taquicardia reflexa, o que contra-indica seu uso como monoterapia,
devendo ser utilizados em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores.

- Antagonistas dos Canais de Cálcio


A ação anti-hipertensiva decorre da redução da resistência vascular periférica por
diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. Não
obstante, o mecanismo final comum, este grupo é dividido em quatro subgrupos, com
características farmacológicas diferentes: fenilalquilaminas (verapamil),
benzodiazepinas (diltiazem), diidropiridinas (nifedipina, anlodipina, etc.) e
antagonistas do canal T (mibefradil).
São medicamentos eficazes como monoterapia.
Os efeitos adversos desse grupo incluem: cefaléia, tontura, rubor facial e edema
periférico, dentre outros.

- Inibidores da enzima conversora de Angiotensina


71
O mecanismo de ação dessas substâncias é fundamentalmente dependente
da inibição da enzima conversora, bloqueando, assim, a transformação da
angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. São eficazes como monoterapia.
Também reduzem a morbidade e a mortalidade de pacientes hipertensos com
insuficiência cardíaca e de pacientes com infarto agudo do miocárdio.
Entre os efeitos indesejáveis, destaca-se: tosse seca, alteração do paladar e
reações de hipersensibilidade (erupção cutânea, por exemplo).

Seu uso é contra-indicado na gravidez.

- Antagonistas do receptor da Angiotensina II


Essas drogas antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio
específico de seus receptores AT-1. São eficazes como monoterapia.
Eles apresentam bom perfil de tolerabilidade, sendo os efeitos colaterais relatados
tontura e, raramente, reação de hipersensibilidade cutânea (rash).

Promoção da Saúde ao Paciente Hipertenso:


- Associação Brasileira de Hipertensão

Atenção Farmacêutica ao Paciente Diabético

Segundo Bisson (2007), o diabetes melito (DM) é uma doença de elevada


prevalência no Brasil e estimativas epidemiológicas indicam uma elevação destes
índices na próxima década. Como conseqüências de suas complicações crônicas
vasculares e neurológicas, são observadas alterações em diferentes órgãos e
sistemas que se traduzem em uma piora acentuada da qualidade de vida do paciente
diabético e geram um número acentuado de consultas e procedimentos médicos.
Estima-se que, no Brasil, existam mais de 5 milhões de diabéticos, dos quais
metade conhece o diagnóstico. De acordo com o Censo de Diabetes, realizado pela
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a prevalência da doença na população
brasileira de 30 a 69+ anos era de 7,6%, magnitude semelhante verificada em países
desenvolvidos.
A doença acomete igualmente homens e mulheres e aumenta de modo
considerável com a idade. O DM implica em altos índices de morbidade e
mortalidade: é a quarta causa de morte no Brasil.
O DM é a segunda doença crônica mais comum na infância e adolescência.
Além disso, na gravidez, é uma causa importante de complicações
maternofetais.
O diabetes é uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal,
amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. Após 15 anos
da doença, 2% dos indivíduos desenvolverão cegueira; 10% deficiência visual grave;
30-45% algum grau de retinopatia; 10-20% de nefropatia, 20-35% de neuropatia e
10-25% de doença cardiovascular. Mundialmente, os custos diretos para o
atendimento ao diabetes variam de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde,
dependendo da prevalência local e da complexidade do tratamento disponível. Além
dos custos financeiros, acarreta dor, ansiedade, inconveniência e menor qualidade
de vida para o doente e suas famílias. Representa, também, carga adicional à
72
sociedade, pela perda produtiva no trabalho, aposentadoria precoce e mortalidade
prematura (OMS, 2002).
Embora o diabetes possa ocorrer em qualquer idade, há aumento dramático
de sua prevalência na população de pessoas idosas, sendo uma das doenças
crônicas mais comuns na população de indivíduos dessa faixa etária – 80% dos
diabéticos têm idade superior a 45 anos (Marcondes et al, 2005).
A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda o uso da classificação da
Organização Mundial da Saúde-OMS (1985/1994). Os DM insulinodependentes
(IDDM) incluem pacientes anteriormente conhecidos como portadores de diabetes
juvenil ou tipo 1. O termo tipo 1 refere-se a um processo patológico em particular,
caracterizado pela destruição imunológica das células beta de indivíduos
geneticamente suscetíveis.
Pacientes com IDDM geralmente são jovens (essa forma é mais comum em
crianças e adolescentes) e magros. O início do quadro é abrupto, com tendência à
cetoacidose, e há absoluta dependência de insulina exógena. Esse tipo de DM
corresponde à cerca de 5% do total de casos de DM.
O DM não-insulinodependente (NIDDM) refere-se a uma condição em que
indivíduos não dependem da administração de insulina exógena para a sua
sobrevivência. Nesses casos, a maioria dos pacientes pode ser tratada somente com
dieta e antidiabéticos orais. Porém, em condições de estresse e com o decorrer dos
anos, a administração de insulina pode ser necessária para se obter um bom controle
metabólico.
Esse tipo de DM, também denominado tipo 2, corresponde à cerca de 90%
dos casos.
Faz-se necessário ressaltar que a classificação que está sendo mais utilizada
é DM tipo 1 ou 2, pois conforme citado no texto, o diabético que não depende de
insulina pode passar a depender com o passar do tempo, o que inviabiliza a
classificação relacionada a dependência de insulina.
O DM gestacional é definido como uma intolerância a carboidratos de intensidade
variável, diagnosticado pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não
persistir após o parto.
O interesse de implantar um serviço de Atenção Farmacêutica que atenda
estes pacientes baseia-se no fato de que esta doença é um dos mais importantes
problemas de saúde pública, além de sujeitar as pessoas a Problemas Relacionados
a Medicamentos – PRM, pela carência de orientações quanto ao uso racional de
medicamentos, complicações, controle da doença e interações medicamentosas e
alimentares (Macedo et al, 2005).

Medicamentos Utilizados no Tratamento do Diabetes

- Antidiabéticos Orais
O controle glicêmico é fundamental para a prevenção de complicações micro e
macrovasculares e pode ser realizado pela administração de hipoglicemiantes orais
ou insulina.
Os antidiabéticos orais estão reservados para o tratamento da diabetes tipo 2,
sem complicações por cetoacidose. De um modo geral, nos diabéticos deste tipo
consegue-se um controle regular da glicemia com os antidiabéticos orais. Além do
73
controle da glicose são também importantes na prevenção das complicações
associadas a esta doença tais como: doença cardiovascular, cegueira, IR e gangrena
dos membros inferiores.
As sulfoniluréias exercem a sua ação hipoglicemiante por estimulação da
secreção da insulina residual endógena, e são eficazes em doentes com um mínimo
de função pancreática. Está também associada uma ação em longo prazo
aumentando a resposta metabólica à insulina circulante. A hipoglicemia é o acidente
mais grave nos pacientes idosos que seguem esta terapêutica e está associada ao
uso das sulfoniluréias de longa duração de ação, por isso, devem-se preferir, neste
grupo etário, fármacos de ação curta como a glicazida em vez da cloropropamida ou
da glibenclamida.
Os novos fármacos orais atuam por um efeito estimulante sobre as células
beta aumentando a produção de insulina endógena, caso da glimepirida, sulfoniluréia
com eficácia semelhante à da glibenclamida, gliclazida e glipizida.
A ação hipoglicemiante destes fármacos pode ser potencializada pelo esforço
físico, stress, álcool ou por medicamentos que promovam alteração na ligação às
proteínas plasmáticas.
Todas as sulfoniluréias são contra-indicadas na presença de cetoacidose.
As biguanidas, tais como metformina, não modificam a secreção de insulina;
inibe a absorção gastrintestinal de glicose, a neoglicogênese hepática e aumentam a
utilização periférica da glicose. Atuam na presença de insulina endógena, por isso,
semelhante às sulfoniluréias, só são eficazes em diabéticos com pâncreas endócrino
ainda funcionante. São fármacos úteis nos doentes obesos em que tenha ocorrido
falência terapêutica das sulfoniluréias ou em complemento destas, por possuírem um
mecanismo de ação diferente. A metformina reduz a insulina circulante sem causar
hipoglicemia e diminui as complicações macrovasculares do diabetes em 30%. É
geralmente bem tolerada, mas os pacientes podem apresentar desconforto
gastrintestinal e náuseas.
Existe ainda a classe das tiazolidinedionas, denominadas glitazonas, cujo
mecanismo de ação aumenta ou parcialmente minimiza, de forma seletiva, certos
efeitos da insulina, no metabolismo dos hidratos de carbono e dos lipídios; usa-se no
diabetes tipo 2 e em outras situações acompanhadas de resistência à insulina.
Dentro deste último grupo existem com interesse terapêutico a rosiglitazona e a
pioglitazona.
Os inibidores da alfa-glicosidase, tais como a acarbose, retardam a digestão
do amido e da sacarose de uma refeição que contenha hidratos de carbono,
reduzindo a sua absorção e condicionam, conseqüentemente, atraso e redução nos
níveis de glicemia pós-prandial. O seu efeito resulta da ação local no intestino, motivo
pelo qual a acarbose só é ativa se administrada por via oral e ingerida antes das
refeições. Apesar de permitir a redução das doses de outros antidiabéticos quando
se lhes associa, não os substitui. Nos efeitos adversos referem-se situações
gastrintestinais (flatulência, aerofagia, diarréia e distensão abdominal) e hepáticas
(aumento das transaminases). Há ainda referências ocasionais a sonolência,
tonturas, cefaléias e redução da triglicemia.
A nateglinida, um derivado da fenilalanina, química e farmacologicamente
diferente dos outros fármacos antidiabéticos, é um secretagogo da insulina, usado

74
por via oral, de ação rápida e cujo efeito depende do funcionamento das células beta
dos ilhéus pancreáticos. Está indicada para administração cerca de 15 a 20 minutos

antes das refeições e recomendada para a terapêutica em associação com a


metformina.
Os medicamentos hipoglicemiantes de qualquer tipo não devem ser
administrados durante a gravidez ou aleitamento. A insulina é o único medicamento
indicado nestas situações, sempre com cuidado e acompanhamento rigoroso.

- Insulina
A insulina é um hormônio polipeptídico de estrutura complexa, extraído,
principalmente, do pâncreas de porco e purificado por cristalização. Pode ser obtido,
também, biossinteticamente por tecnologia de DNA recombinante a partir da
Escherichia coli ou semi-sinteticamente por modificação enzimática.
As preparações disponíveis diferem quanto à sua duração de ação, podendo
esta ser prolongada através do recurso a artifícios de cristalização ou à fixação sobre
uma proteína, como a protamina. De acordo com as características farmacocinéticas,
ou seja, consoante o seu início de ação, a sua duração de ação e o tempo
necessário para atingir a sua concentração máxima, as insulinas são classificadas
em:
• Insulinas de ação ultra-rápida ou ultracurta
• Insulinas de ação rápida ou de curta duração de ação
• Insulinas de ação intermédia
• Insulinas de longa duração de ação ou de ação lenta
• Insulinas de ação ultralenta
As insulinas de ação rápida existem em solução cristalina, de absorção
subcutânea (SC) rápida e com um início de ação 30 a 45 minutos após a
administração.
As insulinas de ação mais prolongada existem sob a forma de suspensão,
adicionadas de protamina (por exemplo), com o objetivo de retardar sua absorção.
Os efeitos adversos da insulina podem ser metabólicos, imunológicos e locais.
Para obter um aumento na eficácia terapêutica da insulina e diminuir os riscos da sua
utilização, o paciente deve estar devidamente informado sobre os cuidados e
preocupações com a sua medicação.
Deve ocorrer uma preocupação especial com a administração de insulina em
pacientes predispostos à hipoglicemia, nos submetidos à terapêutica com
betabloqueadores e nos indivíduos com doença coronariana ou cérebro-vascular,
bem como nos alcoólicos.
Nas recomendações de utilização sobre o medicamento é importante informar
sobre as condições de conservação e sobre as exigências de controle da glicemia.
Como conseqüência de um mau seguimento da terapêutica pode surgir situações de
hiperinsulinemia, hipoglicemia ou hiperglicemia.

Educação do Paciente Diabético

A educação é parte essencial do tratamento. Constitui um direito e dever do


paciente e também num dever dos responsáveis pela promoção da saúde.
75
O processo educativo deve motivar o indivíduo diabético a adquirir
conhecimentos e desenvolver habilidades para a mudança de hábitos, com o

objetivo geral do bom controle metabólico e melhor qualidade de vida.


A educação em diabetes deve alcançar os pacientes, a família, os profissionais da
saúde, a sociedade em geral e os poderes públicos e as entidades privadas. A
educação, de maneira geral, dever ser prática, gradativa, contínua, interativa,
adequada com objetivos e critérios de avaliação bem definidos.
Devem-se levar conhecimentos sobre os sintomas do diabetes e sua
importância.

Atenção Farmacêutica ao Paciente Dislipidêmico

Dentro do contexto da ampla gama de condições patológicas na qual a


Atenção Farmacêutica se faz necessária, destaca-se as dislipidemias, em função da
alta prevalência deste distúrbio na população. Designam-se dislipidemias as
alterações metabólicas lipídicas decorrentes de distúrbios de qualquer fase do
metabolismo lipídico, que ocasionem principalmente um aumento da concentração
sérica das lipoproteínas.
Quando essas concentrações estão aumentadas, recebem a denominação de
Hiperlipidemias, que são classificadas em hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia.
Os objetivos do tratamento das dislipidemias incluem a prevenção da doença
arterial coronariana e da pancreatite aguda (nas hipertrigliceridemias graves). Dessa
forma, o tratamento encontra-se direcionado, através da utilização de medicamentos
para combater a dislipidemia, dieta alimentar e também o tratamento de doenças de
base, que também podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da doença.
Assim, a Atenção Farmacêutica nas dislipidemias torna-se extremamente
fundamental para uma terapêutica eficiente, não só através da orientação a respeito
dos medicamentos utilizados pelo paciente, como também em relação à dieta
alimentar atribuída e a repercussão que uma doença de base possa acarretar tanto
no tratamento como no agravamento da doença dislipidêmica.
O ideal é que a dislipidemia seja tratada por uma equipe multiprofissional,
porém a maioria dos serviços no Brasil, não oferece atendimento satisfatório. Diante
disso, o papel do farmacêutico se torna ainda mais importante e abrangente. Além
disso, a grande maioria dos indivíduos portadores de dislipidemias não apresenta
sinais ou sintomas decorrentes diretamente da alteração lipídica, sendo o diagnóstico
exclusivamente laboratorial.
O farmacêutico, dessa forma, torna-se muito importante, não somente em
relação à orientação medicamentosa, mas podendo orientar o paciente em relação à
dieta, na triagem de pacientes de risco, bem como na prevenção do agravamento da
doença.
Segundo o Consenso Brasileiro sobre Dislipidemia, o tratamento inicial
baseiase sempre nas modificações no estilo de vida como: adequação da dieta,
redução de peso e prática regular de exercícios físicos, além da interrupção do
tabagismo, que devem ser mantidos para toda a vida. Merece ser enfatizado o
estímulo a exercícios físicos aeróbicos, programados, como medida terapêutica
adicional.

76
Na hipercolesterolemia, uma dieta adequada deve incluir a redução de gorduras
saturadas e colesterol (carnes vermelhas, gema de ovo, leite integral, queijos,
manteiga de origem animal, frituras, vísceras, torresmo) e sua substituição por
gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas (encontradas principalmente nos óleos
vegetais e peixes). Na hipertrigliceridemia deve-se reduzir a ingestão de bebidas
alcoólicas e de carboidratos (sacarose, batata e massas em geral). Além disso, como
regra, deve-se consumir maior quantidade de frutas, verduras e legumes.

Medicamentos Utilizados no Tratamento das Dislipidemias

- Vastatinas ou estatinas ou inibidores da HMG-CoA redutase


São os medicamentos de escolha para reduzir o LDL-C em adultos. Sua ação
ocorre por inibição da HMG-CoA redutase, enzima-chave na síntese do colesterol,
fato que leva à menor síntese de colesterol hepática e ao aumento da expressão dos
receptores da LDL na superfície do fígado. As vastatinas também elevam o HDL-C e
reduzem as triglicérides em 7-30%, podendo assim ser utilizadas também nas
hipertrigliceridemias leves a moderadas.
Como exemplo de fármacos desse grupo, temos: lovastatina, sinvastatina,
pravastatina, fluvastatina e atorvastatina.
São administradas por via oral e seus efeitos podem ser observados após
duas semanas de uso. Devem ser administradas após o jantar e, no caso de doses
mais elevadas, podem ser divididas pela manhã e à noite.
Em geral são bem toleradas, mas pode ocorrer efeito colateral em alguns pacientes,
como, por exemplo: sintomas gastrintestinais e dores musculares. São contra-
indicadas em mulheres grávidas ou em fase de aleitamento e nos casos de doença
hepática.

- Resinas de troca
As resinas de troca (colestiramina e colestipol) são fármacos não absorvidos que
diminuem a absorção de sais biliares e, conseqüentemente, do colesterol.
Os efeitos colaterais relacionam-se ao aparelho digestivo, por interferir na
motilidade intestinal, como dores abdominais, náuseas e obstipação intestinal.
A colestiramina é apresentada em envelopes de 4g na forma de grânulos, podendo
ser ingerida diluída em água e sucos.
É o fármaco de escolha em crianças e mulheres no período reprodutivo, não deve
ser utilizada na hipertrigliceridemia.
Deve ser utilizada como adjuvante às vastatinas no tratamento das
hipercolesterolemias graves.

- Fibratos
São fármacos derivados do ácido fíbrico, indicados no tratamento da
hipertrigliceridemia endógena sempre que houver falha na intervenção dietética
específica. São absorvidos rapidamente pelo intestino e secretados pela urina, com
ação verificada após o quinto dia de tratamento.
Fazem parte desse grupo: clofibrato, bezafibrato, fenofibrato, genfibrosila, etofibrato
e ciprofibrato.

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Os fibratos, que geralmente devem ser administrados durante as refeições, são, em
geral, bem tolerados. Porém, podem causar efeitos colaterais como: náuseas,
vômitos, dores abdominais, diarréia, tontura, cefaléia, prurido, dores musculares, etc.
Não podem ser utilizados com pacientes com alteração renal ou hepática,

com litíase biliar ou em mulheres grávidas.

- Ácido Nicotínico
Diminui o LDL-C em 5-25%, aumenta o HDL-C em 15-35% e diminui as
triglicérides em 20-50%.
As limitações ao uso desse fármaco são freqüentes efeitos colaterais, como
rubor facial, hiperglicemia, hiperuricemia e alterações no trânsito intestinal.
Estratégia
Como um primeiro passo, cabe ao farmacêutico dispor de um conhecimento
mínimo sobre dislipidemia (etiopatogenia, diagnóstico, classificação e formas de
tratamento). Além destes conhecimentos, são apresentadas a seguir algumas
medidas úteis ao profissional que atua na farmácia comunitária:

- Sendo a dislipidemia uma “doença assintomática” cabe ao farmacêutico


estimular o paciente a persistir no tratamento;

- O farmacêutico será o profissional que estará em contato com o


paciente durante todo o período que separa o paciente entre cada consulta médica.
Portanto, pode-se concluir que qualquer estratégia de tratamento elaborada pelo
médico dependerá em parte da atuação do farmacêutico como educador.

- Não cabe ao farmacêutico diagnosticar a dislipidemia, mas, sim,


estimular o paciente a procurar o médico para confirmar a existência ou não desta
doença. Este papel, embora pareça secundário, é de fundamental importância,
porque grande parte da população ainda não foi diagnosticada. Assim, o diagnóstico
e o início imediato do tratamento são de grande relevância, considerando que as
maiores incidências de complicações ocorrem em pacientes diagnosticados
tardiamente.

- O papel do farmacêutico na detecção das dislipidemias poderá ser


reforçado, se for viabilizada em farmácias a avaliação da colesterolemia, a partir do
sangue capilar. Este exame, embora insuficiente para um diagnóstico definitivo, é de
grande relevância, no sentido de se realizar uma triagem de pacientes
potencialmente dislipidêmicos.

- O paciente deve ser educado com ênfase no fato de que o tratamento


restrito ao uso isolado de medicamentos hipolipemiantes pode não ser eficaz. Fazse
necessária a prática concomitante de dieta e exercícios físicos.

- O farmacêutico deve estar consciente que seu papel no tratamento do


paciente dislipidêmico é no sentido de complementar a orientação médica.

78
- O farmacêutico nunca deverá propor mudanças no curso do tratamento
da doença. Caso esteja definitivamente convencido que o paciente não está
recebendo um tratamento satisfatório é seu dever orientá-lo a procurar outro médico.

- Deverá existir, por parte do farmacêutico, uma “boa dose de bom


senso”, para lidar com as peculiaridades de cada situação. A começar pela
linguagem a ser adotada na entrevista que deverá adaptar-se às condições
socioeconômicas do

paciente.

- O farmacêutico deve estar consciente de que o tratamento é individual,


ou seja, para cada paciente dislipidêmico o tipo de hipolipemiante, dose, horário de
administração, pode ser diferente. Além disso, para um mesmo paciente, a forma de
tratamento não é fixa. Podendo existir modificações em função do agravamento ou
abrandamento da doença.

Atenção Farmacêutica ao Paciente Asmático


A asma é uma doença grave que afeta pessoas de todas as idades, culturas e
localizações geográficas. Embora cada pessoa possa apresentar sintomas
diferentes, a definição de asma é muito específica.
A asma é um distúrbio inflamatório crônico dos pulmões, caracterizada por chiado,
falta de ar, opressão torácica e tosse, a qual se estima afetar mais de 100 milhões de
pessoas em todo o mundo. É por vezes uma doença grave e potencialmente fatal.
Apesar dos esforços para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à asma, a
doença parece estar em ascensão, especialmente entre crianças. A asma é uma
afecção grave que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida de uma
pessoa, e pode resultar em falta às aulas ou ao trabalho, bem como visitas não
programadas ao médico ou ao hospital. Embora não haja cura para a asma, ela é
uma doença que pode ser controlada, permitindo que a maioria das pessoas leve
uma vida produtiva e ativa.
Inflamação crônica das vias aéreas é um componente básico da asma. Está
associada com hipersensibilidade das vias aéreas a uma variedade de estímulos,
que podem causar recorrência das crises.
A asma é, na maioria dos casos, uma doença relacionada à alergia que causa
inflamação das vias aéreas. O problema começa quando o sistema imunológico fica
sensibilizado com substâncias que induzem alergia (alérgicos) devido à exposição
intensa. Assim sempre que o organismo entra em contato com esses alérgenos, ele
reage respondendo com a inflamação.
Em um paciente normal, as vias aéreas maiores e menores, também conhecidos
como "brônquios" e "bronquíolos", respectivamente, formam uma ligação essencial
entre o meio-ambiente gasoso e as células, tecidos e órgãos de nosso corpo. Vias
aéreas sadias ajudam o transporte de oxigênio para as células do organismo e de
gás carbônico das células do organismo.
Em um paciente asmático, as vias aéreas estão cronicamente inflamadas. Isso
significa que o revestimento no interior das vias aéreas está freqüentemente
avermelhado, edemaciado e excessivamente sensível a certas substâncias inaladas,
tais como fumaça de cigarro, pólen e ácaros de pó doméstico.
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Durante uma crise de asma, os músculos que envolvem as vias aéreas se
enrijecem ou contraem, limitando o fluxo de ar para dentro e fora dos pulmões. As
vias aéreas podem também se tornar ainda mais inflamadas e obstruídas com muco.
Quando a pessoa com asma tenta respirar, podem ocorrer sintomas de opressão
torácica, falta de ar e chiado.
Há cada vez mais pessoas com asma, os números são altos: 15 milhões de
asmáticos no Brasil, 400.000 internações hospitalares e 2.500 óbitos anuais.

Medicamentos para Tratamento da Asma

Ainda que não exista a cura, existem, atualmente, tratamentos eficazes que
permitem controlar adequadamente os sintomas da asma.
Os medicamentos podem ser encontrados na forma de pílulas, comprimidos,
líquidos para nebulização ou inaladores. Alguns medicamentos contêm corticóides.
Algumas pessoas precisam utilizar mais que um tipo de medicamento para tratar de
sua asma.
Os medicamentos para a asma se dividem principalmente em duas categorias: de
resgate e de controle. Utiliza-se um medicamento de controle para o tratamento em
longo prazo da doença, porém é importante ter disponível o medicamento de resgate
para ser administrado no caso de uma crise.

- Medicamentos de resgate (ou medicamentos de alívio):


Os medicamentos chamados “de resgate” são utilizados para dilatar os
brônquios de forma rápida quando se apresenta uma exacerbação ou ataque de
asma. Eles são aplicados na forma de inalação (“bombinhas”) e os mais usados são
os denominados agonistas - ú de corta- efeito (como salbutamol e fenoterol). O uso
freqüente desse tipo de medicamento é um sinal de falta de controle da asma e
possível piora da doença, podendo, além disso, estar associado a efeitos colaterais
que podem afetar a qualidade de vida: taquicardia, tremores, excitação e
irritabilidade.
Ao contrário do que se pensam, as medicações liberadas em spray são
bastante seguras. Ao inalar uma dose, o medicamento é liberado diretamente nos
pulmões e seu efeito muito mais rápido. Por estarem rapidamente disponíveis nos
locais de ação (os pulmões), são necessárias doses menores de medicamentos
inalatórios em relação às doses que seriam necessárias caso o medicamento fosse
administrado em comprimidos ou xaropes.
O uso de medicação broncodilatadora é destinado somente para o alívio dos
sintomas da asma. Assim, toda vez em que houver necessidade de sua utilização em
intervalos menores do que 4 horas é sinal de que a crise de asma é intensa, sendo
então recomendado procurar assistência médica.

- Medicamentos de controle (ou medicamentos de prevenção):


São utilizados diariamente de forma prolongada e ajudam a reduzir os
sintomas da asma e o número de ataques ou agravamentos. Esses medicamentos
incluem os antagonistas aos receptores de leucotrienos como montelukast ou o
zafirlulkast, os corticosteróides inalatórios (como beclometasona, budesonida,
fluticasona) os corticosteróides orais (como metilprednisolona e prednisona) e os
agonistas ú de ação prolongada (como formoterol, salmeterol).
80
Os medicamentos de controle ajudam a controlar e reduzir os sintomas. Eles
se apresentam em diferentes formas de administração: oral, inalatória e parenteral.
Os corticosteróides podem ser utilizados quer seja por via oral
(metilprednisolona e prednisona) ou por via inalatória (beclometasona, budesonida,
fluticasona), e devem ser administrados duas ou mais vezes ao dia. Por via oral são
utilizados somente quando forem esgotadas as demais alternativas, uma vez que
podem surgir efeitos colaterais sérios, tais como: osteoporose, hipertensão
arterial,diabetes, e nas crianças atraso no crescimento. Por sua vez, a via inalatória
apresenta menor quantidade de efeitos adversos. Pode se tornar difícil de ser
administrado em alguns casos, o que poderia dificultar um cumprimento correto do
tratamento. Nas crianças, por exemplo, é necessária uma máscara nebulizadora
para administração dos medicamentos. Os corticosteróides inalatórios podem afetar
o crescimento, por isso é importante monitorar a taxa de crescimento de toda criança
que esteja sendo tratada com esse tipo de medicamento.
Os corticóides inalatórios são antiinflamatórios recomendados para a
prevenção e controle da asma. Seu uso diário traz os seguintes benefícios:
• Redução dos sintomas diurnos e noturnos;

• Redução das exacerbações;

• Redução do uso de medicação de resgate;

• Melhora da função pulmonar;

• Redução da inflamação;

• Redução das faltas à escola e ao trabalho por causa da asma;

• Redução das hospitalizações;

• Melhor qualidade de vida.

Dois fatores são muito importantes para que estes benefícios sejam alcançados:
uso correto do dispositivo e uso diário regular dos corticóides inalatórios. Os
tipos de inaladores presentes no mercado são:

• Nebulizadores

• Aerossol dosimetrado spray ou “bombinha”

• Inaladores de pó-seco.

Os agonistas ú de ação prolongada (como formoterol, salmeterol) pertencem ao


grupo de medicamentos denominado “broncodilatadores”, que abrem as vias aéreas
obstruídas. Possuem um efeito de pelo menos 12 horas de ação, e são utilizados
para tratar a asma moderada ou severa. São contra-indicados para crianças menores

81
que 4 anos. Em geral, são utilizados em conjunto com algum outro medicamento de
controle.
Os antagonistas dos receptores de leucotrienos bloqueiam a ação dos chamados
leucotrienos, que são substâncias que liberam as células dos pulmões durante um
ataque de asma. Os leucotrienos produzem inflamação da parede das vias aéreas, o
que desencadeia sintomas tais como chiados, falta de ar e mucosidade.
O montelukast é um medicamento aprovado para o controle da asma em adultos
e crianças a partir dos 6 meses de idade. O medicamento, a partir de uma única
ingestão diária, permite controlar os sintomas durante 24 horas. Ele é apresentado

em quatro formas: pílulas para crianças entre 6 meses e 5 anos; tabletes mastigáveis
com sabor de cereja para crianças entre 2 e 5 anos; tabletes mastigáveis com sabor
de cereja para crianças de 6 a 14 anos; e tabletes para adultos e adolescentes a
partir dos 15 anos.

O papel do farmacêutico

A asma é uma doença que pode ser grave e incapacitadora, e pode causar
desde sérios inconvenientes à qualidade de vida do paciente, como internações ou
dias de repouso em casa, com conseqüente ausência trabalhista, perdas de
escolaridade para as crianças e visitas não programadas ao médico. Todavia, hoje a
asma tem tratamento, seus sintomas são controláveis e o paciente pode levar uma
vida mais normal.
Os sintomas da asma podem ser reduzidos com o tratamento adequado e um
trabalho feito em conjunto entre médico, paciente e farmacêutico. Juntos irão
desenvolver um plano adequado para a prevenção e combate das crises,
melhorando assim a qualidade de vida do asmático. Como se trata de uma doença
alérgica respiratória é muito importante saber quais os fatores que desencadeiam a
asma. Os mais comuns são: alérgenos (poeira, mofo, pêlos de animais) e fatores
irritantes como infecções virais, infecções dos seios da face, determinados tipos de
exercício, doenças do refluxo gastresofágico, fatores emocionais como a ansiedade e
alguns tipos de medicamentos e alimentos.
Os medicamentos possuem a finalidade de reduzir o processo inflamatório.
Eles são usados para impedir a crise, e em muitos casos são consumidos
diariamente e, por isso, o acompanhamento do farmacêutico se torna imprescindível.
A Atenção Farmacêutica, aliada à conduta médica é muito importante nos casos de
asma, por ser uma doença crônica que precisa de cuidados constantes.
Cabe ao farmacêutico contribuir para a educação dos doentes, fornecendolhes
informações sobre a doença, as medicações e outras medidas para controlar a
asma, ensiná-los a utilizar corretamente os diversos dispositivos para administrar
medicação por via inalatória, monitorizar o uso dos medicamentos, identificarem os
asmáticos mal controlados, encorajando-os a procurar auxílio médico, ajudá-los a
compreender o plano de tratamento e promover a adesão à terapêutica.
Quanto aos inaladores, é muito importante que o paciente aprenda a forma correta
de utilizá-los, caso contrário o medicamento será pulverizado para o fundo da
garganta e não para os pulmões. A maior parte dos inaladores é feita de uma caixa

82
de metal, dentro de um estojo de plástico com um bocal. E deve ser utilizado como
segue:
- Primeiramente, deve-se agitar a caixa, expirar e colocar o bocal a
7,5cm da boca.
- Se o inalador não possuir uma câmara de retenção (ou espaçador), não
se deve fechar a boca em torno do bocal. Manter a boca aberta dá espaço ao
medicamento para se transformar em vapor ou pó fino antes da inalação.
- A seguir, segurando a caixa na vertical, deve-se pressionar a parte de
cima da caixa, inspirando profundamente ao mesmo tempo. - Não respire durante
alguns segundo e, depois, expire.
- É importante limpar regularmente o inalador e a câmara de retenção

(espaçador) de acordo com as instruções da embalagem.


A prevalência elevada e crescente da asma faz desta doença crônica um
importante problema de Saúde Pública. Atualmente, face às normas de orientação
internacionais para o diagnóstico, e tratamento desta afecção e dispondo-se de
medicamentos capazes de controlarem a grande maioria dos doentes, seria
previsível que a asma estivesse controlada, mas não está.
Subdiagnóstico, prescrições médicas inadequadas, falhas de comunicação médico-
doente, baixas expectativas dos doentes, aceitação da má qualidade de vida e a má
aderência à terapêutica, são os motivos pelos quais a asma continua mal controlada.
Por isso, para inverter o cenário, aponta-se como fundamental a existência de “uma
parceria estreita entre médico/farmacêutico e doente”, concretizando que, deste
modo, poder-se-á reduzir-se a falta de adesão ao tratamento, aumentar o grau de
satisfação do doente, fornecer-lhe mais certezas sobre as decisões tomadas e
reduzir a ansiedade.

Atenção Farmacêutica à Paciente Gestante


A gestação é uma situação especial na qual a administração de um fármaco
atinge dois organismos, a mãe e o feto, e pode causar malformações e anomalias
congênitas ao feto, bem como riscos à saúde da própria mulher (EFFTING, 2003).
A utilização de medicamentos por gestantes e seus efeitos sobre o feto
passou a ser objeto de grande preocupação após a tragédia da talidomida ocorrida
entre 1950 e 1960 (MELLIN & KATZENSTEIN, 1962). Acreditava-se até então, que a
placenta funcionava como uma barreira, protegendo o feto de qualquer agressão
farmacológica.
Para a maioria dos medicamentos o potencial teratogênico é desconhecido
(SHEHATA & NELSON-PERCY, 2001). Sabe-se que a maioria dos fármacos
contidos nos medicamentos utilizados por gestantes atravessa a placenta e atinge a
corrente sangüínea do feto (BERGLUND et al., 1984). Os efeitos sobre o feto
dependem do fármaco ou substância, da paciente, da época de exposição durante a
gestação, da freqüência e da dose total, resultando potencialmente em teratogenia
ou em conseqüências farmacológicas e toxicológicas diversas (OSORIO-
DECASTRO et al. 2004).
No Brasil, há uma carência de estudos no que se refere à quantificação e
avaliação do uso de medicamentos na gestação. Os estudos de utilização de
medicamentos são reduzidos e voltados apenas para a avaliação em caso de
83
introdução de uma nova tecnologia ou da utilização de fármaco específico para a
indicação também específica (OSORIO-DE-CASTRO et al. 2004).
A atenção farmacêutica se faz necessária no período gestacional, uma vez que a
placenta não exerce um efeito de barreira, o que não protege o feto das mais
variadas substâncias químicas ingeridas durante a gestação. O uso de
medicamentos em gestantes é um evento freqüente.
A atenção farmacêutica para o grupo em questão não envolve somente a terapia
medicamentosa, mas também se incluem nesta área a monitoração terapêutica,
informações e aconselhamento às pacientes que visem à otimização de resultados e
que garantam a saúde e o bem-estar da mãe e do feto.

Uso de medicamentos durante a gestação

O uso de medicamentos durante a gestação constitui um problema de grande


magnitude para a saúde pública. A despeito dos claros avanços, há ainda
importantes lacunas de conhecimento sobre as conseqüências ao feto e à gestante
do uso de substâncias teratogênicas (MENGUE et al., 2001).
Quase todos os fármacos entram pela circulação materna passando através da
placenta, com exceção dos fármacos com alto peso molecular, podendo produzir ao
feto efeitos farmacológicos não desejados.
Estes efeitos não desejados podem ser produzidos por quatro razões: efeito
diretamente ao embrião, letal tóxico ou teratogênico; efeito sobre a placenta
(constrição dos vasos) que afeta a troca gasosa e de nutrientes entre a mãe e o feto;
alteração da atividade miometrial, que pode causar uma hipertonia uterina
provocando uma lesão anóxica fetal; e efeitos diversos sobre a dinâmica bioquímica
da mãe que, indiretamente, afetam o feto (MANI & FERNANDEZ, 2006).
Os primeiros três meses são os mais críticos em termos de malformações (CENTRO
DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS, 2006). Nos outros períodos os
problemas mais freqüentes são relativos ao desenvolvimento e crescimento fetais
(McELHATTON, 2003), portanto, se houver a necessidade da administração de
medicamentos, a mais baixa dose efetiva deve ser prescrita, pelo mais curto tempo
de duração possível (CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS,
2006).
A gestação compreende situação única, na qual a exposição a determinado
medicamento envolve dois organismos. A resposta fetal, diante da medicação é
diferente da observada na mãe, podendo resultar em toxicidade fetal, com lesões
variadas, algumas irreversíveis (GOMES et al., 1999).
Segundo MEADOWS (2001), enquanto há certeza do uso e segurança ao feto para
alguns medicamentos, na maioria dos casos o conhecimento é limitado,
transformando a prescrição medicamentosa na gravidez num grande dilema que
deve ser avaliado entre o médico e o paciente.
As más-formações congênitas têm maiores riscos de acontecer quando o
medicamento com potencial teratogênico é utilizado no primeiro trimestre de gravidez
(período de diferenciação embriológica). Nos outros períodos podem ocorrer danos
fetais decorrentes de alterações na fisiologia materna, efeitos farmacológicos sobre o
feto e interferência no desenvolvimento fetal (NIEBYL, 1989).

84
De acordo com o Guía de Actuación Farmacêutica en la Gestante (MANI &
FERNANDEZ, 2006) se faz necessária uma avaliação de cinco aspectos para que
haja a administração de fármacos durante a gravidez, incluindo os riscos para o feto,
as alterações farmacocinéticas, propriedades físico-químicas do fármaco,
características da placenta e fase de desenvolvimento embrionário.

- Riscos para o feto


Existem algumas classificações de medicamentos conforme o risco associado
ao seu uso durante a gravidez. A classificação adotada pelo Food and Drug
Administration (FDA – Estados Unidos) enquadra os medicamentos em cinco
categorias, conforme quadro abaixo:

Classificação dos medicamentos quanto aos riscos à gestação.

Categoria Os estudos em seres humanos não demonstraram


A qualquer risco.
Categoria Os estudos em animais não demonstraram qualquer
B risco, mas não existem estudos em seres humanos, ou
os estudos em animais revelaram riscos, mas os estudos
em seres humanos, não.
Categoria Não foram realizados estudos em animais nem em seres
C humanos ou os estudos em animais revelaram risco, mas
não existem estudos disponíveis realizados em seres
humanos.
Categoria Os estudos em seres humanos revelaram riscos, mas o
D uso pode ser justificado em alguns casos (risco de vida
ou doença grave para a qual não existe uma droga mais
segura).
Categoria A droga jamais deve ser utilizada durante a gravidez; os
X riscos humanos conhecidos suplantam qualquer
benefício.
Fonte: MEADOWS, 2001; MENGUE et al., 2001

- Alterações farmacocinéticas
As alterações farmacocinéticas presentes na gravidez que podem alterar a
resposta da mãe aos fármacos são:
• Absorção: é aumentada nos fármacos de caráter básico e os de liberação
lenta;

• Distribuição: é diminuída a concentração por unidade de volume, exceto para


fármacos que apresentam uma elevada taxa de união às proteínas
plasmáticas, sua concentração ativa aumenta.

• Metabolismo: a gestação aumenta a velocidade de metabolismo de alguns


fármacos

85
• Excreção: a gestação aumenta a excreção.

- Propriedades físico-químicas dos fármacos


As propriedades físico-químicas dos fármacos relacionadas à capacidade dos
mesmos atravessarem ou não a placenta são:
• Peso Molecular:
> 500 Daltons, não atravessam a placenta.
< 500 Daltons, atravessam a placenta (maioria dos fármacos).

• Afinidade às Proteínas Plasmáticas:


- Fármacos unidos às proteínas não atravessam a placenta. - Fármacos unidos às
proteínas atravessam a placenta.

• Grau de Dissociação

- Fármacos ionizados não atravessam a placenta.


- Fármacos não-ionizados atravessam a placenta.
• Lipossolubilidade: os fármacos mais lipossolúveis possuem mais facilidade de
atravessar a placenta.

• Gradiente de Concentração: os fármacos atravessam por difusão passiva, da


ona de maior para a zona de menor concentração.

- Características da placenta
As características da placenta podem interferir na ação dos fármacos como
demonstrado abaixo:

Características da placenta
Espessura Quanto menos espessa, melhor a difusão de fármacos (é
mais espessa no início da gestação).
Superfície Quanto maior a superfície, melhor a difusão (a superfície
aumenta no decorrer da gravidez).
Fluxo pH 0,1 mais ácido que o materno, portanto maior
Sangüíneo penetração dos fármacos básicos.
Fonte: MANI & FERNANDEZ, 2006

- Fase de desenvolvimento embrionário em que se administra o fármaco


As alterações e riscos que o feto pode vir a sofrer quanto se dá a ação de
fármacos nas diferentes etapas de período de desenvolvimento embrionário são
pontuados abaixo:

• Etapa de Embrião (até o 20º dia após a concepção): O embrião ou morre ou


não sofre nada. Muito resistente à teratogênese.

86
• Etapa de organo-formação (da terceira a oitava semana): É uma etapa crítica
de teratogenicidade para o feto, podendo ocasionar aborto, defeito anatômico
teratogênico, defeito metabólito funcional permanente que poderá se
manifestar mais adiante, durante a vida, com efeitos sobre o metabolismo,
fisiologia ou comportamento do indivíduo.

• Segundo e Terceiro Trimestre: Comprometimento do crescimento ou das


funções dos órgãos e tecidos na formação do feto.

• Parto: Não é propriamente uma fase, mas deve-se dispensar atenção especial
uma hora antes, pois depois de cortar o cordão umbilical do recém-nascido,
este deverá eliminar o fármaco do seu organismo ainda que os órgãos para a
função sejam imaturos.

87
FARMACISTA
“Uma Introdução às Ciências
Farmacêuticas”

MÓDULO VI Técnica de Administração de


Medicamentos Injetáveis

88
1. O que é medicamento?

De acordo com a ANVISA medicamentos são produtos farmacêuticos


tecnicamente obtidos ou elaborados com a finalidade de:
• Curar doenças
• Prevenir doenças
• Diagnosticar doenças
• Aliviar os sintomas.

É necessário entender alguns conceitos relacionados aos medicamentos:


• Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios
ativos. Apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de
administração, posologia e indicações terapêuticas, preventivas ou
diagnósticas do medicamento de referência registrado no órgão federal
responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em
características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade,
embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser
identificado por nome comercial ou marca.

• Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de referência ou


inovador que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido
após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou
de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua
eficácia, segurança e qualidade (lei nº 9.787, de 10 de
fevereiro de 1999).

89
• Medicamento de Referência – produto inovador registrado no órgão federal
responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País cuja eficácia,
segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão
federal competente, por ocasião do registro (lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de
1999).

• Produto Farmacêutico Intercambiável – equivalente terapêutico de um


medicamento de referência; comprovados, essencialmente, os mesmos
efeitos de eficácia e segurança (lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999).

• Bioequivalência – consiste na demonstração de equivalência farmacêutica


entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo
idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que
tenham comparável biodisponibilidade quando estudados sob um mesmo
desenho experimental (lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999).

• Biodisponibilidade – indica a velocidade e a extensão de absorção de um


princípio ativo em uma forma de dosagem a partir de sua curva
concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina (lei nº
9.787, de 10 de fevereiro de 1999).

2. Regras para o preparo geral das medicações

Du Gas (1988) enfatiza que a primeira fase no preparo de qualquer medicação


é obter uma prescrição completa e assegurar-se de que a mesma é compreensível.
Depois prossegue para a lavagem das mãos e depois reúne o material que se
necessita. A medicação deve ser administrada na dose exata prescrita pelo médico.
De acordo com Motta (2006), medicamentos são substâncias que, ao serem
introduzidas no organismo, atendem a uma necessidade terapêutica, como
90
prevenir doenças (vacinas), aliviar sintomas (analgésicos) ou auxiliar nos
diagnósticos (contrastes).
Du Gas (1988) esclarece algumas regras gerais na administração de
fármacos:
1. Todo medicamento deve ser prescrito pelo médico.
3. Nunca administrar medicamento sem rótulo.
4. Verificar data de validade do medicamento.
5. Não administrar medicamentos preparados por outras pessoas.
6. Interar-se sobre as diversas drogas, para conhecer cuidados específicos e efeitos
colaterais: - melhor horário;
- diluição formas, tempo de validade;
- ingestão com água, leite, sucos;
- antes, durante ou após as refeições ou em jejum; - incompatibilidade ou não de
mistura de drogas.
7. Tendo dúvida sobre o medicamento, não administrá-lo.
8. Manter controle rigoroso sobre medicamentos disponíveis.
9. Alguns medicamentos como antibióticos, vitaminas e sulfas precisam ser
guardados corretamente, pois se alteram na presença da luz, do ar ou do calor.

3. Via parenteral

É a administração de drogas pelas vias:


Intradérmica (ID).
Subcutânea (SC).
Intramuscular (IM).
Endovenosa (EV).

Existe uma fundamental diferença entre a VIA ENTERAL, em que o


medicamento é introduzido no aparelho digestivo e a VIA PARENTERAL. Nesta, as
substâncias são aplicadas diretamente nos tecidos por injeção, com emprego de
seringas, agulhas, cateteres.
Du gás (1988) descreve a via parenteral como administração das medicações
por injeção. Injeções intramusculares, intradérmicas, subcutâneas e endovenosas.
Para que as drogas sejam administradas por essa via é necessário que:
• Elas estejam em forma líquida (pode ser em veículo aquoso ou oleoso, em
estado solúvel ou suspensão e ser cristalina ou coloidal).
• As soluções devem ser absolutamente estéreis, isentas de substâncias
pirogênicas.
• O material utilizado na aplicação deve ser estéril e descartável, de preferência.
• A introdução de líquidos deve ser lenta, a fim de evitar rutura de capilares,
dando origem a microembolias locais ou generalizadas.

Geralmente, as medicações são administradas visando a um efeito local ou


sistêmico. Efeito sistêmico refere-se às ações das medicações sobre todo
organismo, enquanto o efeito local é aquele que se faz sobre uma área específica,
como uma pomada sobre determinada área da pele.

91
Às vezes, as medicações administradas por seu efeito local apresentam ações
sistêmicas; por exemplo, uma reação colateral como febre pode resultar da aplicação
tópica de uma pomada em uma incisão.
Esta via, assim como as outras, possui as suas peculiaridades, vantagens e
desvantagens.

Vantagens
• Absorção mais rápida e completa.
• Maior precisão em determinar a dose desejada.
• Obtenção de resultados mais seguros.
• Possibilidade de administrar determinadas drogas que são destruídas pelos
sucos digestivos.
• Possibilidade de administração no paciente sem consciência (desacordado).

Desvantagens
• Dor, geralmente causada pela picada da agulha ou pela irritação da droga.
• Em casos de engano pode provocar lesão considerável.
• Em função do rompimento da pele, pode ocorrer o risco de adquirir infecção.
• Uma vez administrada a droga, impossível retirá-la.

4. Preparo do medicamento em ampola

1. Lavar as mãos.
2. Certificar-se do medicamento a ser aplicado, dose, via e paciente a que se
destina.
3. Antes de abrir a ampola, certificar-se de que toda a medicação está no corpo da
ampola e não no gargalo. Se não estiver, fazer a medicação descer, fazendo
movimentos rotatórios com a ampola.
4. Retirar a tampa metálica, e fazer desinfecção da tampa da rolha com algodão
embebido em álcool.
5. Abrir a ampola.
6. Preparar a seringa, escolhendo uma agulha de maior calibre (25 x 9, 10 ou 12).
7. Aspirar o líquido da ampola e introduzir no frasco (a agulha deve apenas
atravessar a tampa da rolha).

92
8. Retirar a seringa.
9. Homogenizar a solução, fazendo a rotação do frasco, evitando a formação de
espuma.
10. Colocar ar na seringa, em volume igual ao medicamento a ser aspirado.
11. Soerguer o frasco, aspirando.
12. Virar a seringa com a agulha para cima, em posição vertical e expelir o ar que
tenha penetrado.
13. Desprezar a agulha usada para aspirar.
14. Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apropriado à solubilidade da
droga e à espessura do tecido subcutâneo do paciente.
15. Manter a agulha protegida com protetor próprio.
16. Identificar a seringa e colocá-la na bandeja com o algodão e o recipiente com
álcool a 70%.

6. Antissepsia
A antissepsia é feita com substâncias que removem, destroem ou impedem o
crescimento de microorganismos da flora transitória e alguns residentes da pele e
mucosas, chamados antissépticos.
O antisséptico de escolha deve ser aquele que melhor se adeque aos
parâmetros de ação sobre a microbiota em questão, tolerância do profissional e
custo. Para o uso hospitalar são mais indicados: álcool glicerinado a 2% 70Gl (que
não resseca tanto a pele e é virucida e tuberculicida), iodóforos como PVPI e
gluconato de clorhexidina.
Também podem ser utilizados sabões que são sais sódicos (ácidos graxos +
radicais básicos). Têm ação tensoativa (detergente) permitindo a retirada pela água
de sujidades e microorganismos não residentes. Sua qualidade depende dos
materiais empregados na sua confecção.
Alguns trabalhos recomendam o uso de sabões mais antimicrobianos para
lavagem de mãos. Esse procedimento não é válido pelo CDC (Centers for Disease
Control).
Os antissépticos podem ser definidos como substâncias hipoalergênicas de
93
baixa causticidade que matam ou inibem crescimento de microorganismos quando
aplicados sobre a pele. Não devem ser usados sobre superfícies (com exceção do
iodo e do álcool que possuem ação desinfetante).
No âmbito hospitalar os mais utilizados são álcool etílico, gluconato de
Clorhexidina e os compostos de iodo. Perdem sua efetividade sobre influência de luz,
temperatura, pH e tempo. Os principais são:

Álcool etílico a 70%


• Age por desnaturação de proteínas.
• Sua atividade é reduzida em presença de matéria orgânica.
• Não deve ser usado em mãos úmidas e só completa sua ação germicida ao
secar.
• O ressecamento das mãos por ele causado pode ser minimizado pelo uso de
emolientes junto à solução como glicerina a 2%.
• Sua ação é imediata e até três horas após a exposição.
• Não possui efeito residual.

É indicado para:
• Desinfetar artigos semicríticos e superfícies fixas.
• Fazer antissepsia de mãos após lavação.
• Antissepsia de pele antes de venopunção. • Antissepsia de coto umbilical em
recém-nascido.

Clorhexidina (gluconato de Clorhexidina)


• Rompe a membrana celular de micróbios e precipita seu conteúdo.
• Não é esporicida, mas age contra vírus lipofílicos (HIV, CMV, herpes simples,
influenza). Sua ação inicia-se com 15 segundos de fricção e o efeito residual é
de 5 a 6 horas.
• Baixa toxidade ao contato causando ceratite e ototoxidade se aplicado
diretamente em olhos e ouvidos (respectivamente).
• Tem sua ação anulada por sabão, soro, sangue e detergentes aniônicos.
• Deixa mancha em roupas e não deve ser posto em frasco com tampa de
cortiça (inativado pelo tanino).

É indicado para:
• Antissepsia em pele e mucosas (solução aquosa a 4%).
• Antissepsia complementar e demarcação da pele no campo operatório
(solução alcoólica em álcool 70% de 0,5% de Clorhexidina).
• Degermação de campo cirúrgico e antissepsia de mãos e antebraços no pré-
operatório (detergente líquido + solução aquosa a 4%).
• Casos de alergia ao PVPI.
• Em epidemias ou surtos de Staphylococcus aureus para antissepsia de mãos
e banho em recém-nascidos.

Iodóforos

94
• PVPI (polivinilperrolidona 10% iodo 1%) age penetrando na parede celular e
substituindo seu conteúdo por iodo livre.

• É virucida, tuberculicida, fungicida, amebicida, nematocida, inseticida tendo


alguma ação esporicida. É bactericida para Gram + e -.
• O efeito residual é de seis a oito horas e necessita de dois minutos de contato
para começar a agir.
• Deve ser acondicionado em frascos âmbar, exceto solução alcoólica que deve
ser guardada em frascos transparentes.
• É inativo por substâncias orgânicas não devendo ser usado em recém-
nascidos.

Pode ser encontrado como:


• PVPI detergente (solução detergente): degermação pré-operatória (campo e
equipe), ao redor de feridas. Deve ser enxaguado e usado apenas em pele
íntegra.
• PVPI tópico (solução aquosa): antissepsia em mucosas e curativos, aplicação
em feridas superficiais e queimaduras, entre outras.
• PVPI tintura (solução alcoólica): luva química, antissepsia de campo
operatório após PVPI degermante, demarcação da área cirúrgica.

Álcool iodado 0,5 a 1%


• É bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida, mas não esporicida.
• É irritante para a pele, não tem ação residual e deve ser removido após
secagem.
• Deve ser acondicionado em frasco âmbar.
• É usado para o preparo da pele do campo operatório, e antissepsia da pele
em pequenos procedimentos invasivos.

1. Cinco certos

Quando se fala em administração de medicamentos, a equipe responsável por


esse procedimento tem que ser treinada e sempre observar o que se denomina de
cinco certos para que sejam evitados erros na administração.
Os cinco passos certos para administração medicamentosa são:
1. Medicamento certo.
2. Dose certa.
3. Via certa.
4. Horário certo.
5. Paciente certo.

Du gás (1988) afirma que para completar a administração de muitas


medicações é necessário proporcionar medidas de assistência de enfermagem
capazes de suplementar a ação da medicação.

95
O mesmo autor enfatiza que as reações das pessoas às diferentes
medicações variam. A reação do paciente a qualquer medicação é importante
e deve ser cuidada.
É importante atentar que, às vezes, os pacientes apresentam reações
colaterais, como consequência de uma medicação (náuseas, vômitos, diarreia, por
exemplo).

2. Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Equipamentos de Proteção Individual ou EPIs são quaisquer meios ou


dispositivos que podem ser utilizados por um profissional contra possíveis riscos
ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada
atividade.

Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por vários meios


ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários
riscos simultâneos. O uso deste tipo de equipamento só deverá ser contemplado
quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente
em que se desenvolve a atividade; ou seja, inicialmente, o mais importante é eliminar
ou tentar diminuir os riscos do ambiente de trabalho.

96
O uso desses equipamentos devem ser regulamentados e no Brasil
a NR 6 é a norma regulamentadora destes.
Alguns exemplos de EPI: capacetes, abafadores de ruído, máscaras, óculos,
viseiras, sapatos, botinas, botas e luvas.
Para os profissionais de saúde o uso desses equipamentos é indispensável
porque os protege de acidentes com pérfuro-cortantes, de secreções dos pacientes,
de levar micoorganismos seus para o paciente e vice-versa, etc.

97
Os materiais como laminas de barbear, agulhas ampolas de vidro, pontas
diamantadas, laminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares devem ser
desprezados em recipientes especiais como as caixas de perfurocortantes, pois
apresentam elevados riscos de acidentes e contaminação. A caixa deve ser
preenchida até 2/3 da sua capacidade.

Caixa de perfurocortantes

98
3. Problemas que podem ocorrer na via parenteral

A administração de medicamentos é uma das atividades mais sérias e de


maior responsabilidade da área da saúde e para sua execução é necessária a
aplicação de vários princípios científicos que fundamentam a ação do profissional, de
forma a prover a segurança necessária (CARVALHO et AL,1998).
Embora se pretenda que a administração de medicamentos resulte em
benefícios potenciais para os clientes, os medicamentos administrados erroneamente
podem ter efeitos deletérios, se não letais. Os erros podem acontecer ao se ministrar
medicamento para uma pessoa para a qual este não havia sido prescrito, em dose
ou horário incorreto, em via de administração não indicada ou utilizando-se de um
procedimento técnico incorreto (CARVALHO et al,1998).
Embora muito utilizada para a administração de medicamentos, a via
parenteral não é isenta de riscos. As aplicações devem ser feitas com o máximo zelo,
a fim de diminuir traumas e acidentes.
Além dos problemas específicos a cada via, temos alguns problemas gerais,
enumerados por HORTA & TEIXEIRA (1973).

• Infecções
Podem resultar da contaminação do material, da droga ou em consequência de
condições predisponentes do cliente, tais como: mau estado geral e presença de
focos infecciosos.
As infecções podem ser de dois tipos:
- infecção local na qual a área apresenta-se avermelhada,
inturnescida, mais quente ao toque e dolorida.

99
Pode haver acúmulo de pus, denominado abscesso.

Pode aparecer também fleimão ou flegmão, que é uma inflamação piogênica,


com infiltração e propagação para os tecidos, caracterizando-se pela ulceração ou
supuração.

- infecção generalizada onde aparece septicemia: infecção


generalizada, consequente da pronunciada invasão na corrente sanguínea por
microorganismos oriundos de um ou mais focos nos tecidos, e possivelmente,
com a multiplicação dos próprios microorganismos no sangue.

• Fenômenos alérgicos
Os fenômenos alérgicos aparecem em função da susceptibilidade do indivíduo ao
produto usado para antissepsia ou as drogas injetadas.

A reação pode ser local ou geral, podendo aparecer urticária, edema, o


Fenômeno de Arthus ou mesmo choque anafilático. O Fenômeno de Arthus é uma
reação provocada por injeções repetidas no mesmo local, caracterizada pela não

100
absorção do antígeno, ocasionando infiltração, edema, hemorragia e necrose no
ponto de inoculação.
No choque anafilático aparece a dilatação geral dos vasos, com congestionamento
da face, seguida de palidez, alucinações, agitação, ansiedade, tremores, hiperemia,
cianose, edema de glote, podendo levar à morte.

• Má absorção das drogas


Quando a droga é de difícil absorção, ou é injetada em local inadequado pode
provocar a formação de nódulos ou abscessos assépticos que, além de
incomodativos e dolorosos, fazem com que a droga não surta o efeito desejado.

• Embolias
Resultam da introdução na corrente sanguínea de ar, coágulos, óleos ou cristais
de drogas em suspensão. É um acidente grave consequente da falta de
conhecimento e habilidade do profissional.
Pode ser em função da falta de aspiração antes de injetar uma droga, introdução
inadvertida de ar, coágulo, substância oleosa ou suspensões por via intravenosa, ou
da aplicação de pressão muito forte na injeção de drogas em suspensão ou oleosas,
causando a rutura de capilares, com conseqüente microembolias locais ou gerais.

• Traumas
Podemos dividi-los em trauma psicológico e trauma tissular. No trauma
psicológico, o cliente demonstra medo, tensão, choro, recusa do tratamento,
podendo chegar à lipotimia. O medo pode levar à exagerada contração muscular,
impedindo a penetração da agulha, acarretando acidentes ou a contaminação
acidental do material.

101
É sempre de grande importância orientar o cliente, e acalmá-lo, antes da
aplicação. Nos casos extremos, esgotados os recursos psicológicos faz-se
necessária uma imobilização adequada do cliente a fim de evitar outros danos.
Os traumas tissulares são de etiologias diversas, podendo ser conseqüência
da agulha romba ou de calibre muito grande, que causa lesão na pele ou ferimentos,
hemorragias, hematomas, equimoses, dor, paresias, parestesias, paralisias, nódulo e
necroses, causando por técnica incorreta, desconhecimento dos locais adequados
para as diversas aplicações, falta de rodízio dos locais de aplicação ou variações
anatômicas individuais.

4. Armazenamento de agulhas e seringa

A consciência de que determinados resíduos hospitalares (sangue, secreções,


material ionizado, produtos químicos e tecidos humanos), enquanto focos de
contaminação constituem perigo para a saúde pública, tornou-se mais aguda a partir
do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis, como a SIDA e a Hepatite B.
Os acidentes são causados principalmente por:
• Equipamento de coleta de sangue (ao se ativar um dispositivo de segurança
com as duas mãos).
• Procedimento de coleta de sangue (uma brecha entre a política e os
procedimentos adotados, descarte de equipamento contaminado).
• Injeções intramusculares ou subcutâneas (procedimento de duas mãos,
equipamento não-seguro).
• Descarte impróprio de equipamento contaminado (equipamento não- seguro,
caixas excessivamente cheias).

Desse modo, a equipe de enfermagem deve atentar para o armazenamento


correto de seringas e agulhas utilizadas no paciente.
A maioria dos acidentes com perfurocortantes acontecem tanto com os
profissionais de saúde como com o pessoal da limpeza.
ESTE E UM PROCEDIMENTO DE ALTO RISCO!
Para descartar o material devem-se seguir procedimentos internos do local de
trabalho, atentando-se para algumas instruções básicas:
• Descartar seringas, agulhas e algodão em locais identificados para este fim
(coletores próprios).
• As agulhas não devem ser desconectadas da seringa.
• As agulhas não devem ser reencapadas, podendo ser utilizados
PROTETORES AUTOMÁTICOS DE AGULHAS que protegem os usuários e já
existem no mercado.

102
103
6. Lavagem das mãos

A antissepsia é feita com substâncias que removem, destroem ou impedem o


crescimento de microorganismos da flora transitória e alguns residentes da pele e
mucosas, chamados antissépticos.
A antissepsia direta das mãos pode ser feita em locais onde a lavagem das
mãos não é viável, não estando as últimas sujas com matéria orgânica. A técnica,
nesse caso, inclui fricção de 3 a 5 ml de antisséptico por no mínimo 15 segundos em
toda a superfície das mãos. A secagem deve ser natural no caso de ter sido usado
álcool.
Em procedimentos de risco que não precisem de efeito residual dos
antissépticos pode-se optar pela lavagem das mãos com água e sabão, seguida do
uso de antisséptico. Procede-se desse modo, por exemplo: no preparo de solução
parenteral e enteral; em punções, após tarefa em laboratório, antes e após curativos.
A escolha entre lavagem simples das mãos, uso de antissépticos e lavagem
seguida de antisséptico deve basear-se no grau de contaminação, no procedimento a
ser realizado e na importância de reduzir-se a flora transitória e/ou residente.

104
O antisséptico de escolha deve ser aquele que melhor se adeque aos
parâmetros de ação sobre a microbiota em questão, tolerância do profissional e
custo. Para o uso hospitalar são mais indicados: álcool glicerinado a 2% 70Gl (que
não resseca tanto a pele e é virucida e tuberculicida), iodóforos como PVPI e
gluconato de Clorhexidina.

A lavagem das mãos é feita da seguinte maneira:

1. Molhe as mãos e o antebraço, e coloque o antisséptico padronizado pela


instituição que trabalha. Mantenha a torneira aberta.
2. Faça movimentos de fricção de uma mão contra a outra. Movimentos FIRMES e
SEGUROS, e não agitados!
3. Faça o mesmo movimento com o antebraço.
4. Retire toda a espuma, iniciando pelo antebraço, descendo pelas mãos.
5. Friccione a mão direita contra o antebraço e mão esquerda; faça o inverso com a
mão esquerda, retirando qualquer excesso.
6. Pegue um papel toalha e segue parcialmente as mãos, com o mesmo papel feche
a torneira e despreze-o.
7. Pegue outro papel toalha e continue a secagem do antebraço e das mãos.
8. Aplique uma solução protetora nas mãos. Usualmente utiliza-se álcool a 70%.

4. HIV– Noções básicas

105
O Vírus da Imunodeficiência Humana, conhecido como HIV (sigla originada do
inglês: Human Immunodeficiency Virus), é um vírus pertencente à classe dos
retrovírus e causador da AIDS. Ao entrar no organismo humano, esse vírus pode
ficar silencioso e incubado por muitos anos. Esta fase denomina-se assintomática e
relaciona-se ao quadro em que uma pessoa infectada não apresenta nenhum
sintoma ou sinal da doença.
O período entre a infecção pelo HIV e a manifestação dos primeiros sintomas
da AIDS irá depender, principalmente, do estado de saúde da pessoa.
O HIV age no interior das células do sistema imunológico, responsável pela
defesa do corpo. Ao entrar na célula, o HIV passa a fazer parte de seu código
genético. As células do sistema imunológico que são mais atingidas pelo vírus são os
linfócitos CD4+, usados pelo HIV para fazer cópias de si mesmo
As células do sistema imunológico de uma pessoa infectada pelo vírus
começam a funcionar com menos eficiência e, com o tempo, a habilidade do
organismo em combater doenças comuns diminui, deixando a pessoa sujeita ao
aparecimento de vários tipos de doenças e infecções.
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Significa que, no sangue,
foram detectados anticorpos contra o vírus. Há muitas pessoas soropositivas que
vivem durante anos sem desenvolver a doença. No entanto, podem transmitir aos
outros o vírus que trazem consigo.

5. Hepatite B– Noções básicas

Mais de 50% da população mundial já foi contaminada pelo vírus da Hepatite


B. Estima-se algo em torno de 2 bilhões de pessoas que já entraram em contato com
o vírus, 350 milhões de portadores crônicos e 50 milhões de novos casos a cada
ano. Em áreas com maior incidência, 8 a 25% das pessoas carregam o vírus e de 60
a 85% já foram expostas. No Brasil, 15% da população já foi contaminada e 1% é
portadora crônica.
O vírus que causa a Hepatite B (VHB) é um vírus DNA, transmitido por sangue
(transfusões, agulhas contaminadas, relação sexual, após o parto, instrumentos
cirúrgicos ou odontológicos, entre outros). Não se adquire Hepatite B por intermédio
de talheres, pratos, beijo, abraço ou qualquer outro tipo de atividade social aonde
não ocorra contato com sangue. Após a infecção, o vírus concentra-se quase que
totalmente nas células do fígado, onde seu DNA fará o hepatócito construir novos
vírus.
O vírus da Hepatite B é resistente, chegando a sobreviver sete dias no
ambiente externo em condições normais e, se entrar em contato com sangue pela
picada de agulha, corte ou machucados (incluindo procedimentos de manicure com
instrumentos contaminados), pode levar à infecção em 5 a 40% das pessoas não
vacinadas. O risco é maior do que o observado para o vírus da Hepatite C - 3 a 10%
ou o da AIDS - 0,2-0,5%.

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6. Orientações após acidentes

Orientações gerais após acidentes com agulhas ou material perfurocortante.

No ambiente de saúde é necessário trabalhar com atenção para diminuir o


risco de acidente de trabalho com estes tipos de materiais. Mas caso haja
contaminação o profissional precisa estar orientado e buscar as soluções precisas,
tais como:
• Limpar a área picada imediatamente após a contaminação, comprimindo o
local.
• Providenciar curativo apenas de proteção local.
• Comunicar a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e descrever
o acidente.
• Proceder a uma coleta de sangue em tubo seco próprio, para realizar teste
para antígeno de superfície da Hepatite B (HbsAg) e anticorpo para o vírus da
imunodeficiência humana (HIV).
• Se a contaminação foi por meio de material que acabou de ser retirado do
paciente, ele deve se submeter, também, a uma amostra de exames.
• Se a fonte de infecção tiver sorologia positiva para o vírus da Hepatite B
(VHB) e o profissional não tenha sido vacinado contra a doença, será
necessário que a série de vacina contra VHB seja iniciada.
• Deve ser iniciada também uma dose única da imunoglobulina da Hepatite B
(IGHB) caso o profissional tenha sido exposto nos últimos sete dias.
• No caso de o profissional já ter sido vacinado contra o VHB e seu nível cediço
do HbsAg for baixo, uma dose da vacina contra Hepatite B e uma dose da
IGHB deverão ser administradas.
• Se for negativa para HbsAg e o profissional ainda não tiver sido vacinado,
será necessário receber a série de vacinas para Hepatite B.
• Se a fonte se recusar a fazer os testes ou se a fonte não for identificada,
também é viável que a série de vacinas da Hepatite B seja administrada.
• Se for positivo para Hepatite B ou suspeita de ser portadora dessa doença
será necessário usar a IGHB.

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• Se a fonte for HIV positivo, o profissional deverá receber aconselhamento
sobre a infecção e o risco de sua ocorrência e deverá iniciar a profilaxia para o
HIV de acordo com normas institucionais e da vigilância de saúde.
• Se o profissional que foi exposto ao HIV apresentar qualquer doença febril
dentro de um período de 12 semanas após a exposição, o médico deverá ser
comunicado e novas condutas deverão ser tomadas.
• Se o teste do profissional foi negativo para HIV, o exame deve ser repetido
dentro de seis semanas, depois com 12 semanas e seis meses após
exposição. O profissional está assegurado também a solicitar um novo exame
com 10 a 12 semanas de acordo com a necessidade observada.
• Caso os testes realizados para HIV e para HbsAg sejam negativos, o
acompanhamento deve ser feito dentro de 12 semanas.

8. Cuidados básicos antes da aplicação de injeções

A sala para preparo de medicações deve ser um ambiente arejado, com boa
iluminação e com tela para proteção contra insetos nas janelas. Deve conter
armários e bancadas com gavetas, pias e coletores de materiais perfuro cortantes.
Preferencialmente, não utilizar pias para preparo de medicamentos para evitar
respingos e contaminação das medicações em preparo.
A sala e a bancada utilizadas devem ser limpas sempre que necessário e ao
termino de cada plantão. As bolas de algodão devem ser guardadas secas e o álcool
em uma almotolia. Nunca manter as bolas de algodão embebidas em álcool, pois
isso favorece a contaminação. Além disso, as bolas de algodão devem ser mantidas
em recipiente com tampa. Deve-se observar na prescrição médica o nome do
paciente, data da prescrição, nome do medicamento, dosagem e horário a ser
administrado. Em relação ao medicamento, observar aspecto da substância (se não
existe alteração de coloração, presença de depósitos ou turvação) e validade das
drogas. Por fim, cita-se a importância da lavagem das mãos a fim de evitar infecções
cruzadas. Lavá-las sempre que for preparar medicação, após a administração e entre
a manipulação de pacientes.

9. Sugestões para diminuir a dor nas injeções

1. Transmitir confiança.
2. Aplicar compressas quentes ou cubos de gelo um pouco antes da aplicação.
3. Introduzir a agulha rapidamente.
4. Injetar a solução vagarosamente.
5. Deixar na seringa uma pequena bolha de ar que, injetada no final, evitará a dor,
especialmente no caso de soluções irritantes para os tecidos. 6. Fazer rodízio de
locais de aplicações, evitando áreas doloridas.
7. Escolher a agulha ideal ao tipo de paciente e da solução, evitando agulhas
calibrosas demais.
8. Manter o paciente em posição confortável e apropriada.
9. Não aplicar com agulhas de pontas rombas ou rombudas.

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10. Após a aplicação, fazer pressão leve e constante no local de penetração da
agulha. Massagear a área, a não ser que haja contraindicação.
11. Existem medicamentos doloridos que são acompanhados de diluentes com
anestésico.

1. Técnicas de aplicação

1.3 Intramuscular

É a aplicação de medicamentos diretamente em um músculo utilizando


injeções.

Vantagem

• Medicações irritantes para o tecido subcutâneo podem ser feitas por essa via.
• Maior quantidade de medicamento.
• Absorção mais rápida por causa da grande vascularização do tecido.

Desvantagem

• Risco maior de lesar nervos e vasos.

Local de aplicação

Depende de vários fatores:


• Tamanho do paciente.
• Quantidade de músculo.
• Proximidade de nervos e vasos.
• Condições da pele.
• Tipo de medicação.

ATENÇÃO! O local deve ser anatomicamente seguro e livre de equimoses ou


ferimentos, escoriações e cicatrizes.

São basicamente quatro os locais para injeções intramusculares, sendo que a


escolha deve obedecer à seguinte ordem de preferência:
1º - Região ventro-glútea (VG) ou Hochstetter – músculo glúteo médio.
2º - Região da face ântero-lateral da coxa (FALC) – músculo vasto-lateral (terço
médio).
3º - Região dorsoglútea (DG) – músculo grande glúteo (quadrante superior
externo).
4º - Região deltóidea (D) – músculo deltoide.

ATENÇÃO! As nádegas dividem-se em quatro quadrantes. A crista ilíaca e a


prega glútea inferior servem como ponto de marcação. A injeção é feita no quadrante

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superior externo, 5 a 7,5 cm abaixo da crista ilíaca. Nesta área, grandes vasos e
nervos são evitados.

Angulação da agulha

Na região do deltoide e dorsoglúteo, a posição é perpendicular à pele, em um


ângulo de 90º.
Na região FALC o ângulo deve ser de 45º, em direção ao pé.

Materiais
• Seringa (de 1 a 10 mL).
• Agulha 19 a 22.
• Medicação prescrita.
• Algodão e álcool a 70%.

O número da agulha depende da viscosidade da medicação. O comprimento


depende do tamanho do músculo do paciente e da quantidade de tecido adiposo
existente.

Volume

O volume máximo permitido é de 10 mL do medicamento, porém


recomendase que seja administrado até 5 mL.

Administração

• Medicação preparada.
• Músculo apalpado.
• Pele limpa.
• Introduz-se a agulha em um ângulo de 90° com delicadeza e firmeza.
• O êmbolo é puxado para assegurar que a agulha não penetrou nenhum vaso.
• Injeta-se medicação.
• Remove-se agulha rapidamente.
• Massagem com algodão a 70%.

Complicações

• Abscesso.
• Lesões nervosas.
• Cistos.
• Necrose tecidual.

Intramuscular na região dorsoglútea

Os três músculos da região glútea são:

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1. Glúteo máximo.
2. Glúteo médio.

3. Glúteo mínimo.

Um dos locais da região glútea que pode ser utilizado para injeção
intramuscular é o quadrante superior externo (dorsoglúteo), no qual a solução é
introduzida no músculo máximo.
A área de aplicação pode ser delimitada traçando uma linha imaginária
horizontal que parta do final da prega glútea à espinha ilíaca, e uma linha vertical no
meio dessa linha horizontal, de modo que o glúteo se divida em quatro quadrantes.
O angulo de aplicação em relação à pele é de 90°.
É contraindicada em crianças de 0 a 2 anos, adultos excessivamente magros
e adultos com mais de 60 anos.
Podem ocorrer acidentes, como lesão do nervo ciático, causando paralisia do
músculo dorsoflexor do pé, necrose das áreas glúteas, formação de nódulos e
infiltrados subcutâneos.

Técnica em Z

De acordo com PRADO (2002) esta técnica de aplicação para injeções IM é


indicada quando medicações irritantes, como o ferro, podem infiltrar-se para tecidos
subcutâneos e pele, inclusive manchando esta última.
Após aspirar o volume correto de medicação e uma bolha de ar de 0,3 a 0,5ml,
substituir a agulha utilizada para aspirar a medicação. Procede-se, assim, para
proteger a pele de qualquer medicamento existente na agulha.
Depois disso, coloca-se o paciente em decúbito ventral preferencialmente.
Neste método, escolhe-se o local e, a seguir, puxa-se firmemente a pele para
a face externa da nádega.
O local da injeção é reexaminado e limpo com solução desinfetante e, a
seguir, introduz-se uma agulha em um ângulo de 90° até a profundidade desejada.
Puxa-se, então, levemente, o êmbolo para determinar se agulha penetrou em
algum vaso sanguíneo. Caso não apareça sangue, a solução é lentamente injetada.
Após injetar a solução, aguarda-se 10 segundos, para permitir que a medicação se
disperse no interior do músculo e também para que haja relaxamento muscular.
Retire a agulha após esse tempo, e remova sua outra mão do local, liberando
o tecido. Fazer massagem após aplicação para evitar hematoma.
De acordo com PRADO (2002), esse método em Z faz com que a agulha, ao
ser tracionada, faça uma alteração no seu trajeto de saída, mantendo a medicação
no interior do músculo e prevenindo, assim, infiltração de drogas irritantes nos
tecidos adjacentes.

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1.5 Subcutânea

A via subcutânea, também chamada de hipodérmica, é indicada


principalmente para drogas que não necessitam ser tão rapidamente absorvidas.
Além de algumas vacinas, as insulinas, a adrenalina, a heparina e outros hormônios
têm indicação específica para esta via.

Vantagem

• Absorção quase que completa se a circulação do paciente for boa.


• É possível uma avaliação exata da quantidade de medicação absorvida.
• Os medicamentos administrados não são afetados pelos distúrbios gástricos.
• Sua administração independe do estado de consciência ou raciocínio do
paciente.

Desvantagem

• Ao se introduzir uma agulha através da pele, quebra-se uma das barreiras de


defesa do organismo. Então, é importante o uso de técnicas assépticas.

Local de aplicação

Área dos braços, faces anterior ou lateral das coxas e porção ventral e inferior
da parede abdominal.

O tecido subcutâneo está logo abaixo do tecido cutâneo, ou pele. Este possui
menor quantidade de receptores sensoriais que a própria pele; por conseguinte,
praticamente indolor.

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• A pele deve estar livre de irritações, coceiras ou quaisquer sinais de
inflamação:
- vermelhidão.
- calor.
- edema.
- parestesia.
- dor.

• Não devem ser usadas áreas onde exista tecido cicatricial.


• Na realidade, poderá ser utilizada qualquer área do tecido subcutâneo, desde
que não esteja sobre saliências ósseas e seja livre dos grandes vasos
sanguíneos.

ATENÇÃO! Deve haver alternância de local se o tratamento for prolongado.

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Materiais

• Seringa (1 a 50 mL).
• Agulha 20 x 6 ou 7 e 10 x 6 ou 7, para soluções aquosas e 20 x 8 ou 10 x 8
para soluções oleosas.
• Medicação prescrita.
• Algodão e álcool a 70%.

Volume

• Até 3 ml.

Atenção! Após o uso, devem ser descartados em recipientes apropriados.

Administração

• Escolha do local.
• Limpeza com solução antisséptica.
• Espera a pele secar.
• Retire o ar da seringa-agulha.
• Faça a medicação.

Em indivíduos obesos podem ser usadas agulhas mais longas, como as de 25


mm, e o calibre irá variar de acordo com a viscosidade da droga.
Se usarmos agulhas com dimensões 10 x 5 ou 10 x 6 em indivíduos normais ou
obesos o ângulo será de 90°.
Em indivíduos magros o ângulo é de 30°.
Em indivíduos normais o angulo é de 45º.

Atenção! Não fazer massagem no local quando da aplicação de insulina e


heparina, o que pode acelerar a absosrção da droga.

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