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FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA 2022/2023

GUIÃO PARA AS AULAS PRÁTICAS DIREITO ROMANO


Docente: Madalena Marques dos Santos

FICHA DE TRABALHO N.º 1


Introdução ao Estudo do Direito Romano

BIBLIOGRAFIA

OBRIGATÓRIA:

EDUARDO VERA CRUZ PINTO, Introdução ao Direito Romano – As questões fundamentais,


Iuris, Instituto de Investigação Interdisciplinar, 2021, AAFDL; pp 29 a 66;

SEBASTIÃO CRUZ, Direito Romano - I Introdução e Fontes, (Ius Romanum)- pp. 1 a 38.

EDUARDO VERA CRUZ PINTO, Curso de Direito Romano, Volume I, Principia, pp.11 a 169;

FACULTATIVA:

RAÚL VENTURA, Manual de Direito Romano I, Lisboa, Coimbra Editora, 1963;


SANTO JUSTO, A crise da Romanística, separata do vol. LXXII, do BDDUC, Coimbra 1996,
pp 75 e segts;
MICHEL VILLEY, Direito Romano, Resjuridica, p. 6 a 27 (Introdução Paulo Ferreira da
Cunha) pp. 29 a 33;
MÁRIO BRETONE, História do Direito Romano, Imprensa Universitário Editorial Estampa,
pp. 20 a 33;
FERNANDO BETANCOURT, Derecho Romano Clásico, Universidade de Sevilha, 1995, p. 35
e 36;
MARNOCO E SOUSA, Direito Romano Peninsular e Português, Coimbra, 1910, p.5 a 32;
PEDRO BARBAS HOMEM, O que é o Direito, Principia

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Tópicos para reflexão:


1. Que método de estudo adoptar na minha preparação de estudante romanista;
2. Apreciar e compreender o painel da entrada principal da Faculdade de Direito de Lisboa;
3. Direito Romano e sociedade legalístico/positivista;
4. Criação de ius e sua ligação directa à ars inveniendi;
5. Didáctica assente na auctoritas e no exemplum: confronto e conciliação;
6. O Direito Romano base essencial de toda a cultura jurídica;
7. Justiça e Direito: relação – simbiose ou oposição;
8. Valores fundamentais do Direito Romano. Diferenciação com os valores actuais do
Direito;
9. Direito Romano: ensino formalista versus ensino criativo;
10. O método jurisprudencial pleno.

Exercícios / Questões
1. Como podemos definir Direito Romano?
R: A partir do manual de Introdução ao estudo do direito romano, as questões fundamentais
de Eduardo Vera-cruz o direito romano não têm uma definição. A sua definição vai depender de
época para época e dentro de cada época dos autores. É marcada pela intenção do autor e pelo
uso que ele lhe dá. Para os autores positivistas-legalistas o Direito Romano são sobretudo as
leis feitas pelos órgãos políticos, nomeadamente o imperador, com legitimidade para tal, já
para os autores que separam a fonte jurídica da fonte política o Direito romano, resulta, no
plano substantivo, da interpretação do ius civille pelos jurisprudente. Apesar de não ter uma
definição o direito romano tem sido definido pelos autores de manuais como o conjunto de
normas, opiniões, ações e decisões que vigoram e foram expressas e aplicadas em Roma e aos
romanos desde a sua fundação no séc. 754 a.C até à morte de Justiniano 565.
Conceito atual: Um conjunto de regras criadas pelos romanos com o fim de garantir a liberdade
da pessoa e a sua vida em paz na sociedade através de decisões justas para os conflitos e que
devem ser cumpridas pelo convencimento das partes ,mas, se necessário, com recurso à força.

2. Que acepções existem de Direito Romano? Enuncie-as e explicite-as.

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R: A) em sentido rigoroso: conjunto de normas jurídicas que vigoram em Roma e nos seus
territórios, desde o ínicio até à morte de Justiniano. É o direito romano propriamente dito.
B) em sentido amplo: é a tradição romancista: abrange o período de 14 séculos. É o mesmo
direito romano enquanto vigente noutros povos e territórios, ainda com algumas alterações.
C) Em sentido muito amplo: Compreende tanto o direito romano, como a tradição romanística.
A+B

3. Investigue algumas noções básicas e instrumentais de compreensão desta parte da


matéria, nomeadamente distinga e defina: Justiça, Direito, Moral, Religião, Fonte de
Direito, História do Direito, Direito Natural, Direito Comum, Direito Positivo, Método,
Ciência, Filosofia;
Justiça: É um conceito abstrato que se refere a um estado ideal de interação social em que há
um equilíbrio que, por si só, deve ser razoável e imparcialidade entre os interesses, riquezas e
oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social.
Direito: O direito, em seu sentido objetivo, é o sistema de normas que regula as condutas
humanas por meio de direitos e deveres.
Moral: Trata-se de um conjunto de valores, normas e noções sobre o que é certo ou errado,
proibido ou permitido, dentro de uma determinada sociedade.
Religião: É um conjunto de símbolos e rituais que possuem significados amparados pela crença
de um grupo de fieis que se identificam com a organização religiosa-
Fonte de Direito: Os textos a analisar, como fontes de Direito Romano, são os que revelam
quer um processo criador, quer as formas de manifestação do direito vigente, em cada
época considerada.
História do Direito: História do direito é o ramo da história social que se ocupa da análise, da
crítica e desmistificação dos institutos, normas pensamentos e saberes jurídicos do
passado.
Direito Natural: Direito Natural ou jusnaturalismo é uma teoria que procura fundamentar o
direito no bom senso, na racionalidade, na equidade, na igualdade, na justiça e no
pragmatismo.
Direito Comum: Direito comum indica, na história do direito, o sistema jurídico que se
desenvolveu na Europa Continental a partir do séc. XI até às codificações do séc. XIX,
influenciada pelo direito romano.

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Direito positivo: O conceito de direito positivo, também referido como direito positivado,
designa o conjunto de princípios e normas jurídicas aplicáveis a um determinado povo
em determinada época.
Método: é uma palavra que provém do termo grego métodos ("caminho" ou "via") e que se
refere ao meio utilizado para chegar a um fim. O seu significado original aponta para o
caminho que conduz a algures.
Ciência: Ciência representa todo o conhecimento adquirido através do estudo, pesquisa ou da
prática, baseado em princípios certos. Esta palavra deriva do latim scientia, cujo
significado é "conhecimento" ou "saber".
Filosofia: é o estudo de questões gerais e fundamentais sobre a existência, conhecimento,
valores, razão, mente e linguagem, frequentemente colocadas como problemas por
resolver. Termo provavelmente cunhado por Pitágoras

4. Que importância tem hoje em dia o estudo do Direito Romano? Para que serve?
R: O direito romano ainda tem bastante importância hoje em dia, visto que é, sem dúvida, a
mais importante fonte do direito moderno, pois durante sécs foi o direito comum da Europa
Ocidental e influiu consideravelmente sobre as legislações de todos os povos modernos. Então,
o conhecimento deste direito é bastante útil para o estudo dessas legislações e no exercíciob de
diversas profissões jurídicas, permitindo um melhor conhecimento das leis modernas. E, como
o Direito Romano é o ponto de partida de todo o estudo cientifico do direito, logo a
jurisprudência romana é o modelo de todas as jurisprudências.

5. Enuncie as principais linhas essenciais do pensamento dos principais filósofos gregos:


Sócrates; Protágoras; Platão; Aristóteles;
Sócrates-> Sócrates se insurge contra a perspectiva religiosa na medida em que sua pergunta
não se orienta sobe o revelado, mas sobre o conhecido.
- O justo e o jurídico não são objetivos das velhas tradições.
- Sócrates também não se resvala no caráter meramente convencional da lei e da justiça.
- A Apologia de Sócrates é um dos momentos mais importantes da reflexão jurídica desse
pensador.
- O respeito às normas jurídicas qualifica Sócrates como precursor do juspositivismo?

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- Sócrates não se submete às leis por reconhecer o seu acerto. Muito menos considera a sua
sentença justa. Sua proposta, ao não fugir da execução, não se encaminha pela justeza do
direito positivo. Sua visão é muito mais moral e filosófica: acima do direito positivo, há um
direito justo, que pode ser compreendido pela razão, e a aceitar o justo é sim um dever.
Protágoras -> afirmou "o homem é a medida de todas as coisas", exaltando assim a capacidade
humana de criar os seus valores, as suas regras e as suas verdades, de acordo com as suas
vivências e necessidades, abandonando de vez toda e qualquer influência divina,
Platão -> concebia a existência de dois mundos, aquele que é apreendido pelos nossos sentidos
(por assim dizer, o mundo concreto), que está em constante mutação, e um outro mundo
(abstrato), o mundo das ideias, imutável, independente do tempo e do espaço, que nos é
acessível somente pelo intelecto.
Aristóteles-> foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia
passado, tendo escrito um livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que
afirmava a necessidade da busca de uma moderação das ações humanas baseada na prudência,
para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.

6. Indique as linhas essenciais do pensamento dos principais filósofos romanos: Cícero;


Séneca;
Cícero-> Foi um advogado, um escritor, um orador eloquente, um defensor da república e um
político que exerceu sempre os cargos com a idade mínima exigida. Foi um divulgador da
cultura grega em Roma, cuja intervenção é profunda e controversa. Preocupou-se bastante em
salvaguardar as instituições republicanas, sendo portanto defensor de ideais republicanos. O
seu maior contributo foi no âmbito da magna questio sobre a possibilidade de num contrato de
sociedade, um dos sócios, com maior lucro, não ser responsável pelas perdas societárias ou sê-
lo em menor grau.
Séneca -> filosofo, advogado, escritor e intelectual do Império Romano. Defensor
dopensamento estoicista e parte epicurista, defendendo a fraternidade universal e sendo
contra a escravidão e distinção social.
7. Procure saber qual a importância de alguns dos principais iurisprudentes romanos:
Labeo, Proculos, Sabino, Gaio, Paulo, Papiniano, Modestino, Ulpiano;
R:Labeo e Proculos foramaram a escola proculeiana. Eram inovadores e progressistas. Sabino e
Gaio formaram a escola sabiniana. Eram conservadores e avessos a soluções radicais. Paulo,
Papiniano, Modestino e Upiano são juntamente com Gaio os últimos grandes jurisconsultos de

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Roma e cujas perspetivas serviram de fontes primárias para o Codex Theodosinus e o corpos
júris civilis

8. Explicite o termo iurisprudentia.


R: A iurisprudentia é o conhecimento das coisas divinas e humanas e a ciência do justo. É, por
vezes, designada como “direito justo” ou “direito de juristas” diminuindo o seu papel criador de
ius e colocando-a ao nível de uma das modalidades de direito ou um “grupo de pressão” que
influencia os conteúdos normativos dos textos legais e as sentenças dos juízes.

Há vida para além do Direito!


Livro: Sir Arthur Conan Doyle, Um Estudo em Escarlate, Livros de Bolso Europa América,
tradução Maria Teresa Pinto;

Poema: Redondilhas com Varanda - Maria Almira Medina (1928)


Visto-me de lume
na varanda nua
e caio de bruços
na concha da rua.

Sangue derramado
neste chão imundo
mata a sede à pedras
e às raivas do mundo.

Náufrago imperfeito
agarrado à lua
com olhos de prata
nas trevas da rua.

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Pombas ou gaivotas
na varanda a poente
O mar é a terra
e o céu está na gente.

Maria Almira Medina in 800 Anos de Poesia Portuguesa, Antologia organizada por Orlando
Neves e Serafim Ferreira, Círculo de Leitores, Outubro, 1973;

Desporto: Inscreva-se numa actividade desportiva regular. Consulte a oferta do Estádio


Universitário, da Câmara Municipal de Lisboa (Piscinas municipais on line), aconselhe-se junto
da secção de desporto da AAFDL;

Disco: U2 Rattle and Hum;

Legere enin et non intellegere neglegere est


Ler e não entender é como não ler.

(Esta expressão fonicamente baseada numa paronomásia fácil, é posta como conclusão de uma
premissa tardia dos chamados Dísticos de Catão (3, 214 Baeherens); a contraposição entre ler e
compreender também se encontra em numerosos outros textos, principalmente em autores tardios
e bizantinos, como Orígenes, Sozomeno e Eustátios.)

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