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Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri

Sobre Giovani Lavieri 2

Giovani é farmacêutico, formado pela Universidade Federal do


Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Toxicologia Clínica e
Forense pela Faculdade Unyleya e em Ciências Forenses e Perícia
Criminal pela Universidade Potiguar (UnP).

Possui experiência nas análises clínicas, já atuou como


farmacêutico bioquímico em laboratórios de grande rotina e é
professor universitário desde 2016. Também atua como assessor
científico.

Criou o Farmaceuticando com objetivo de ajudar estudantes da


área da saúde, bem como profissionais formados, a se aprofundarem
nas análises clínicas e toxicológicas.

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Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri

Olá, tudo bem? Obrigado por adquirir o e-book Hematologia Básica.


Tenho certeza de que vai te ajudar bastante na sua jornada. Tentei unir
conceitos básicos de hematologia e esclarecer algumas dúvidas comuns que
meus alunos sempre me perguntam.

Depois dá uma olhada no meu site, lá tem bastante conteúdo gratuito


e outros e-books bem legais que eu preparei com muito carinho. Fiz alguns
deles em parceria com colegas, ótimos profissionais. Para acessar o site, basta
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de ler o e-book, você ficar com alguma dúvida ou se quiser saber mais sobre
o conteúdo que eu preparo, fique à vontade para me chamar no WhatsApp.

Quero te avisar que é proibido compartilhar o conteúdo desse e-book


sem minha autorização. Sei que posso contar com você!

Bom, espero que aproveite bastante o material que preparei e,


qualquer coisa, estou por aqui.

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Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri

Sumário

1. O que é Hematologia?.................................................................................1
2. Hemácias..............................................................................................................2
3. Leucócitos............................................................................................................4
3.1 Neutrófilo segmentado....................................................................4
3.2 Eosinófilo...................................................................................................6
3.3 Basófilo.......................................................................................................7
3.4 Linfócito.....................................................................................................8
3.5 Monócito...................................................................................................9
4. Plaquetas..............................................................................................................11
5. Hematopoese...................................................................................................15
6. Hemograma......................................................................................................19
6.1 Eritrograma...........................................................................................20
6.2 Leucograma..........................................................................................26
6.3 Plaquetograma...................................................................................32
7. Para fixar na memória...............................................................................33
8. Referências.......................................................................................................38

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Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri

1. O que é Hematologia? 1

Antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é


hematologia. Bom, podemos dizer que é o estudo do sangue e seus
componentes, certo?
O sangue é dividido em duas porções:

 Parte líquida: plasma (água, sais minerais, vitaminas,


proteínas), corresponde a aproximadamente 55% do
sangue;
 Parte sólida: células (hemácias, leucócitos e plaquetas),
correspondem a aproximadamente 45% do sangue.

Figura 1. Representação das porções do sangue.

Na hematologia, o foco são as células e suas respectivas


morfologias e funções no nosso organismo. Vamos entender um pouco
melhor os tipos celulares presentes na corrente sanguínea.

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2. Hemácias 2

As hemácias, também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos


vermelhos (GV), são responsáveis pelas trocas gasosas no organismo,
ou seja, transportar oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos e gás
carbônico (CO2) dos tecidos para os pulmões. Essas células conseguem
realizar essa função por conta da hemoglobina, uma proteína

composta por quatro cadeias globínicas (duas α e duas β) e uma porção

não proteica, chamada de heme. Cada cadeia globínica contém um


grupamento heme, onde existe um átomo de ferro, capaz de se ligar ao
oxigênio e transportá-lo por todo o corpo.

Figura 2. Estrutura da Hemoglobina.

A morfologia das hemácias é bem característica. É uma célula


circular, anucleada, com formato de disco bicôncavo e tamanho
aproximado de 8µm. A vida útil dessas células gira em torno de 120 dias.

Na lâmina, podemos observar as hemácias com uma borda mais


avermelhada e o centro com uma colocação mais clara,

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correspondendo às regiões bicôncavas. Isso ocorre porque a


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hemoglobina, responsável pela coloração avermelhada da célula, e se
concentra nas bordas dos eritrócitos e não no centro.

Figura 3. Hemácias.

Figura 4. Hemácias visualizadas no microscópio.

No hemograma, os valores normais de hemácias costumam variar


entre homem e mulher, como mostra a Tabela 1.

Parâmetro Homem Mulher

Contagem de Hemácias (× 106/μL) 4,5 – 6,5 4,0 – 5,6

Tabela 1. Valores normais de hemácias no hemograma.

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3. Leucócitos 4

Os leucócitos, ou glóbulos brancos (GB), são as células


responsáveis pela defesa do nosso organismo. São eles que combatem
os invasores (antígenos), como os vírus e as bactérias.

Cada leucócito tem uma característica morfológica diferente e


uma função específica dentro do sistema imunológico. De um modo
geral, podemos classifica-los em dois grandes grupos: os granulócitos
(polimorfonucleares) e os agranulócitos (mononucleares). Como o
nome sugere, os granulócitos possuem grânulos no citoplasma e o
núcleo multiforme e segmentado. Enquanto que os agranulócitos
apresentam um núcleo único e uniforme e não possuem granulação.

 Os granulócitos são divididos em três: neutrófilo


segmentado, eosinófilo e basófilo;
 Os agranulócitos, são dois: linfócito e monócito.

Agora, vamos falar mais detalhadamente sobre cada um deles:

3.1 Neutrófilo segmentado:

 Apresentam granulação fina e discreta no citoplasma,


dando a impressão de que a célula está “suja” ou coberta
de poeira;
 Existem quatro tipos de granulações no neutrófilo:
o Primária (azurófila);
o Secundária (específica);
o Terciária (de gelatinase);
o Vesículas secretoras.
 Seu núcleo é dividido em lóbulos ou segmentos (por isso
são chamados de segmentados);

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 Normalmente apresenta de 2 a 4 lóbulos, de cromatina


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densa e escura;
 Os lóbulos são interligados por uma fina camada de
cromatina, que nem sempre conseguimos observar no
microscópio;
 São leucócitos fundamentais na defesa do organismo,
agindo, principalmente, contra bactérias;
 O tempo de vida útil dos neutrófilos é bem curto, em torno
de 6 a 8 horas.

Mas, como os neutrófilos agem?

São células fagocíticas, ou seja, envolvem o micro-


organismo com seu citoplasma e o digerem. Além disso, podem
liberar para o meio extracelular o conteúdo dos seus grânulos,
que são ricos em enzimas antimicrobianas e superóxidos de
oxigênio.

Figura 5. Neutrófilo segmentado.

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Figura 6. Neutrófilo segmentado visto no microscópio.

3.2 Eosinófilo:

 Apresentam uma granulação bem grossa e de cor


laranja;
 Núcleo normalmente bilobulado (mas pode ter de 2
a 3 lóbulos) com cromatina densa;
 O eosinófilo tem função importante na defesa contra
parasitas helmintos e processos inflamatórios
relacionados à alergia.

Figura 7. Eosinófilo.

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Figura 8. Eosinófilo visto no microscópio.

3.3 Basófilo:

 Os grânulos dos basófilos são grosseiros e corados em azul


escuro;
 Núcleo normalmente bilobulado e com cromatina densa;
 São capazes de produzir diversos mediadores inflamatórios,
entre eles a histamina.

Figura 9. Basófilo.

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Figura 10. Basófilo visto no microscópio.

3.4 Linfócito:

 São células pequenas, arredondadas e regulares, alta


relação núcleo-citoplasmática, onde o núcleo ocupa
grande parte do citoplasma;
 Citoplasma escasso e basófilo (de cor azul), núcleo regular
e esférico com cromatina densa e sem nucléolo evidente;
 É dividido basicamente em três tipos:
o Linfócitos B, que são capazes de produzir anticorpos
para combater antígenos específicos;
o Linfócitos T, subdivididos em TCD8 (citotóxico) e
TCD4 (helper);
o Células NK (Natural Killer), que atuam em células
tumorais ou infectadas por vírus.
 No hemograma, as alterações dos linfócitos normalmente
estão associadas a infecções virais;
 Na lâmina, é impossível distinguir um linfócito B de um
linfócito T, eles são idênticos a olho nu. Essa diferenciação
deve ocorrer através da imunofenotipagem.

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Figura 11. Linfócito.

Figura 12. Linfócito visto no microscópio.

3.5 Monócitos:

 Citoplasma abundante e de cor azul-claro acinzentado,


com um aspecto de vidro fosco;
 Baixa relação núcleo-citoplasmática, núcleo centralizado
com formato oval ou indentado, com cromatina frouxa e
delicada;
 Por ser uma célula fagocítica, pode apresentar vacúolos
citoplasmáticos;

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 Atua no combate a bactérias, destruição de células


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tumorais ou mortas, regulação de processos inflamatórios
e apresentação de antígenos.

Figura 13. Monócito.

Figura 14. Monócito visto no microscópio.

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4. Plaquetas 11

As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, são


pequenos fragmentos celulares originados a partir do citoplasma de
uma célula gigante, o megacariócito, que, em condições normais, se
encontra apenas na medula óssea.

Apresentam formato oval ou arredondado, podendo variar de


tamanho de indivíduo para indivíduo, mas, de uma maneira geral,
medem em torno de 2,9 a 4,2 µm. Célula anucleada, com citoplasma
azul-claro e presença de granulações avermelhadas, distribuídas
homogeneamente.

As plaquetas estão envolvidas nos processos de hemostasia,


trombose e coagulação do sangue. O objetivo da hemostasia é evitar a
hemorragia através da formação da rede de fibrina (coágulo), quando
há alguma lesão tecidual que possa causar sangramento. É um
processo complexo que envolve células, fatores de coagulação, fatores
anticoagulantes naturais, entre outros.

Quando o subendotélio é exposto ao sangue por conta de uma


lesão vascular, ocorre vasoconstricção no local para diminuir o fluxo
sanguíneo e reduzir a hemorragia, então o processo de coagulação se
inicia e as plaquetas se aderem ao local da lesão (adesão plaquetária)
por diferentes interações.

Normalmente, o Fator de von Willebrand (FvW) circula no plasma


e pode se ligar ao colágeno exposto e à Glicoproteína (Gp) Ib, que se
encontra na superfície dos trombócitos. As plaquetas se ligam ao
colágeno pela GpVI, promovendo uma sinalização em cascata e
ativação das integrinas plaquetárias, que mediam a adesão plaquetária
ao subendotélio.

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Enquanto esse processo ocorre, o Fator Tecidual (FT), uma


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glicoproteína presente em diversos tecidos do organismo, inclusive no
subendotélio, se liga ao FVII circulante. O FT atua como receptor e
cofator para o FVII. Quando essa ligação ocorre, o FVII é ativado em
FVIIa e essa ligação entre FT e FVIIa ativa os fatores IX e X, que, quando
ativados, desempenham diferentes funções na coagulação.

O fator Xa se liga ao fator Va, convertendo pequenas quantidades


de protrombina em trombina, mas ainda insuficientes para formar o
coágulo. Contudo, conseguem retroalimentar a coagulação pela
ativação dos fatores V, VIII e XI.

Por conta dos efeitos dessas pequenas quantidades de trombina


sobre os fatores de coagulação, inicia-se a amplificação. A trombina se
liga à Gp Ib, sofrendo uma alteração em sua conformação, que permite
a clivagem de receptores Ativadores de Protease Plaquetária (PAR) pela
trombina. Esses Ativadores são proteínas presentes nas plaquetas. A
interação da trombina com o PAR-1 acarreta uma série de sinalizações
que ativam as plaquetas e causam diversas alterações, como o
aumento da expressão de Fosfatidilserina (FS) na superfície plaquetária.

A FS é um fosfolipídeo presente na parte interna da membrana


plaquetária. Após a ativação plaquetária, ela migra para a parte externa
da membrana e, com isso, possibilitando a formação de complexos de
amplificação da coagulação, chamados tenase e protrombinase. São
formados pela conciliação de fatores, íons e cofatores na superfície dos
trombócitos, pela desgranulação das plaquetas, causando liberação

dos conteúdos internos dos grânulos denso e α. A Adenosina Difosfato


(ADP) presente nos grânulos densos promove uma ativação
plaquetária adicional, através da retroalimentação de plaquetas. Nos

grânulos α, existe FV parcialmente ativado. Este é convertido em forma

ativa (FVa) pela ação do FXa ou da trombina.

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Na amplificação, a trombina age através da ativação dos fatores


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V e VIII. A trombina age sobre o FVIII, ativando-o e causando sua
dissociação com o FvW. Essa etapa resulta na ativação de plaquetas
que possuem os cofatores Va e VIIIa em suas superfícies.

Essas plaquetas ativadas servem para formar os complexos


tenase e protrombinase em suas superfícies. O fator IXa pode se ligar às
plaquetas ativadas de forma dependente ou independente do FVIIIa.
Na formação dependente de FVIIIa, há formação do completo tenase
(FIXa + FVIIIa), o qual ativa o fator X na superfície da plaqueta. Esse fator
Xa forma um complexo na superfície plaquetária com o fator Va,
chamado de protrombinase, que pode converter protrombina em
trombina.

A trombina quebra o fibrinogênio e o converte em fibrina e ativa


o fator XIII, que torna o coágulo estável.

Figura 15. Plaquetas. Figura 16. Plaquetas vistas na lâmina.

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Figura 17. Esquema do processo de coagulação. Setas vermelhas representam


ativação dos fatores. Setas azuis representam retroativação dos fatores. (Adaptado
de Tratado de Hematologia, 2014).

Por fim, ocorre a fibrinólise, um processo de destruição do


coágulo pelo sistema fibrinolítico, que envolve algumas proteínas. A
plasmina é o principal mediador da fibrinólise, quebrando a fibrina e
formando produtos de degradação da mesma.

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5. Hematopoese 15

O processo de produção e maturação das células sanguíneas é


chamado de hematopoese e ocorre nos órgãos hematopoiéticos.
Durante a gestação, as células do feto são produzidas no saco vitelínico,
até o segundo mês. Do segundo ao sétimo mês, esse processo acontece
no baço e no fígado. Depois disso, a medula óssea (MO) passa a assumir
gradativamente essa função.

A medula óssea vermelha é um tecido funcional que tem


capacidade de produzir as células sanguíneas a partir de determinados
estímulos. Nas crianças, praticamente todos os ossos possuem medula
óssea vermelha, mas nos adultos, essa quantidade se limita a alguns
locais específicos, conforme destacados na Figura 18.

Figura 18. Ossos que apresentam medula óssea vermelha no adulto.

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Todas as células sanguíneas são originadas a partir de uma célula


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tronco pluripotente (Stem Cell). Essas células tronco hematopoiéticas
possuem grande capacidade de autorrenovação (produção de células-
filha idênticas a célula-mãe) e também de proliferação.

A medula óssea recebe estímulos específicos para produzir e


diferenciar determinado tipo celular, dependendo da necessidade do
organismo. Bilhões de células sanguíneas são produzidas diariamente
e esse processo precisa ser regulado pelos chamados fatores de
crescimento, glicoproteínas secretadas pelas células do estroma
medular. São citocinas responsáveis pela regulação da proliferação dos
diferentes tipos celulares, atuando em receptores específicos das
células tronco e nas células progenitoras, como as CFUs (Colony-
Forming Units – Unidades Formadoras de Colônias) e suas precursoras
BFUs (Burst-Forming Units – Unidades Formadoras de Crescimento
Rápido). As tabelas 2 e 3 mostram detalhadamente esse processo.

STEM CELL

Stem Cell Mielóide - CFU-GEMM Stem Cell Linfóide

CFU-GM CFU-Eos CFU-Mast-Bas BFU-E BFU-Meg Progenitor T Progenitor B

CFU-G CFU-M CFU-E CFU-Meg

Neutrófilo Monócito Eosinófilo Basófilo Eritrócito Plaqueta Linfócito T Linfócito B

Tabela 2. Processo de diferenciação na hematopoese. (Adaptado de Tratado de


Análises Clínicas, 2018).

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Progenitor Nomenclatura Citocinas

Unidade Formadora de Colônia-Granulócito, Eritrócitos,


CFU-GEMM IL-3, GM-CSF e EPO
Megacariócitos, Monócitos

EPO, IL-3, IL-9, GM-


BFU-E Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Eritrócitos
CSF e IL-4

BFU-Meg Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Megacariócitos IL-3 e GM-CSF

CFU-GM Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos e Monócitos GM-CSF e G-CSF

CFU-M Unidade Formadora de Colônia-Monócitos GM-CSF e IL-3


G-CSF, GM-CSF e IL-
CFU-G Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos
3
CFU-Eo Unidade Formadora de Colônia-Eosinófilos IL-5, GM-CSF e IL-3

CFU-E Unidade Formadora de Colônia-Eritrócitos EPO e IL-9


IL-3, GM-CSF, IL-6,
CFU-Meg Unidade Formadora de Colônia-Megacariócitos
IL-4 e EPO
CFU-Mast Unidade Formadora de Colônia-Basófilos e Mastócitos IL-3 e GM-CSF

Tabela 3. Esquema de progenitoras, citocinas e linhagens. EPO = Eritropoetina; IL =


Interleucina; CSF = Colony Stimulating Factor. (Adaptado de Tratado de Análises
Clínicas, 2018).

A produção de cada linhagem recebe um nome específico.


Hematopoese é o termo usado para o processo como um todo, mas a
produção de linfócitos, por exemplo, é chamada de linfopoiese e é
mediada por interleucinas como IL-2, IL-3, IL-6 e IL-7. A diferenciação de
eritrócitos é chamada de eritropoiese e é mediada, principalmente, pela
Eritropoetina, hormônio produzido nos rins. Trombopoiese é o nome
dado à produção de trombócitos ou plaquetas, sendo mediada, por
exemplo, pela IL-3. A formação de granulócitos e monócitos são
chamadas, respectivamente, de granulopoiese e monopoiese, ambas
mediadas por CSF-GM (Fator Estimulante de Colônia-Granulócitos e
Monócitos).

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Na imagem 19, podemos entender um pouco mais o processo da


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hematopoese. Cada célula tem a sua jornada específica, até atingir a
maturidade e ser liberada para a corrente sanguínea e/ou tecido.

Figura 19. Representação da hematopoese. (Adaptado de “Diagnósticos do Brasil”).

Um detalhe interessante: o linfócito T é a única célula que não sofre


a maturação completa na medula óssea. Ele precisa passar pelo timo
para se maturar por completo.

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6. Hemograma 19

O hemograma é um dos exames mais comuns e mais


importantes de uma rotina laboratorial. A partir dele, conseguimos
entender a condição clínica do paciente e encontrar a melhor solução.
Porém, devemos sempre levar em consideração outros exames
complementares e os sintomas do paciente. Por exemplo, se um
indivíduo está com suspeita de anemia ferropriva, a dosagem de ferro
e ferritina são fundamentais para auxiliar o diagnóstico.

Mas o que significam todos aqueles resultados que observamos


no hemograma? Primeiro, precisamos entender a estrutura desse
exame, que é dividido em três porções:

 Eritrograma: avalia a série vermelha, quantitativa e


qualitativamente. É a partir do eritrograma que sabemos se
o paciente apresenta um quadro anêmico, por exemplo.
Com a ajuda dos índices hematimétricos, podemos chegar
ao diagnóstico com mais facilidade. Mas, não se preocupe,
falaremos desses índices daqui a pouco.
 Leucograma: avalia a série branca e o sistema imunológico,
composto por leucócitos. Essa é a porção do hemograma
que nos mostra, por exemplo, se o paciente apresenta um
quadro de infecção e a provável causa dessa infecção (vírus,
bactérias...).
 Plaquetograma: é a porção que avalia a morfologia e a
quantidade das plaquetas circulantes. Muito importante
em casos de distúrbios da coagulação e algumas outras
situações específicas. Lembrando que outros exames do
coagulograma (TP, TTPa) são de extrema importância
também.

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6.1 Eritrograma 20

O eritrograma é composto por alguns parâmetros de extrema


importância para o hemograma. Essa porção nos mostra a quantidade
de hemácias, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio
(VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM) e índice de anisocitose
eritrocitária (RDW). Vamos descomplicar cada um deles?

Contagem de Hemácias

Nos mostra a quantidade de hemácias circulantes em um


determinado volume de sangue. A contagem de hemácias pode ser
feita de maneira manual, na câmara de Neubauer ou de maneira
automatizada, com algum equipamento de hematologia. Hoje em dia,
a maioria dos laboratórios possui equipamentos capazes de realizar a
contagem automática de células. O valor de referência gira em torno
de 3,5 – 5,0 x106/µL.

Hemoglobina

A dosagem de hemoglobina (Hb) nos mostra se o paciente é


anêmico ou não. A definição de anemia é: diminuição de hemoglobina
circulante. Logo, se o valor de hemoglobina estiver abaixo do normal,
aquele paciente está anêmico.

Podemos definir a severidade da anemia de acordo com o


resultado da hemoglobina. Por exemplo, o valor normal de
hemoglobina em uma mulher adulta é de 12 – 15 g/dL. Esses valores
variam um pouco dependendo do sexo e da idade do paciente. Para os

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homens, o valor de referência é um pouco mais alto, em torno de 13,5 –


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16,5 g/dL.

No caso das mulheres, se esse valor estiver abaixo do normal,


podemos definir da seguinte maneira:

 Hb entre 10 – 11,9 g/dL: anemia discreta;


 Hb entre 7 – 9,9 g/dL: anemia moderada;
 Hb < 7 g/dL: anemia severa ou grave.

Hematócrito

Hematócrito (Ht) é a porcentagem de hemácias no sangue total.


Mas o que é sangue total? Como o nome sugere, é o sangue completo,
ou seja, plasma e células. No organismo, eles circulam em forma de
sangue total, mas na rotina laboratorial, podemos separá-los para
avaliar individualmente algum elemento sanguíneo.

Na hematologia, utilizamos o sangue total, que equivale a 100%.


Dessa totalidade, existe uma porcentagem de plasma
(aproximadamente 55%), uma porcentagem de leucócitos e plaquetas,
e uma porcentagem de hemácias. Essa porcentagem de hemácias é
chamada de hematócrito. Ou seja, se o hematócrito de um indivíduo é
40%, significa que 40% do sangue é composto por hemácias e os outros
60% são compostos por plasma, leucócitos e plaquetas.

Figura 20. Representação do hematócrito.

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Volume Corpuscular Médio (VCM) 22

É o índice hematimétrico que indica a média dos tamanhos das


hemácias e podemos expressá-lo em fentolitros (fL). O valor normal de
VCM gira em torno de 80 – 100 fL. É um índice usado para classificar as
anemias morfologicamente.

 VCM entre 80 – 100 fL = normocitose (as hemácias


apresentam tamanhos normais);
 VCM < 80 fL = microcitose (hemácias menores do que o
normal);
 VCM > 100 fL = macrocitose (hemácias maiores do que o
normal).

Quando o paciente anêmico apresenta microcitose, dizemos que


a anemia é microcítica. Quando o VCM é normal, anemia normocítica,
e quando o VCM está alto, anemia macrocítica.

Figura 21. Representação do VCM. Basicamente a média dos tamanhos das


hemácias.

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Hemoglobina Corpuscular Média (HCM e CHCM) 23

Basicamente indicam a média da quantidade de hemoglobina


dentro de cada hemácia. Esses índices nos mostram a coloração das
hemácias (a hemoglobina é responsável pela pigmentação
avermelhada da célula, lembra?). O valor de referência gira em torno de
27 – 33 pg (picograma) para o HCM e 31 – 36 g/dL para o CHCM.

 HCM entre 27 – 33 pg = normocromia (coloração das


hemácias está normal, indicando uma quantidade
satisfatória de hemoglobina no interior das células);
 HCM < 27 pg = hipocromia (coloração fraca, pouca
hemoglobina nas células).

Quando o paciente anêmico apresenta HCM baixo, chamamos de


anemia hipocrômica e conseguimos visualizar células pálidas (com o
halo central maior do que de costume e a borda avermelhada bem fina)
no esfregaço sanguíneo. Cor, em grego, é “chróma”, por isso os termos
usam o sufixo “cromia”.

Figura 22. Hemácias microcíticas e hipocrômicas.Setas pretas: Fina camada de


hemoglobina na borda das hemácias e halo central aumentado, indicando
hipocromia. Seta vermelha: hemácia microcítica, menor do que as demais. (Fonte:
Tratado de Hematologia, 2014).

O CHCM também pode indicar quando a qualidade da amostra


não é boa, por conta, por exemplo, de algum erro pré-analítico (coleta
inadequada, hemólise, armazenamento inadequado).

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Índice de Anisocitose Eritrocitária (RDW) 24


Anisocitose é o termo utilizado quando uma população celular
apresenta tamanhos muito diferentes entre si. É comum termos uma
pequena diferença entre uma célula e outra, mas elas costumam
manter um tamanho padronizado e parecido. Quando as hemácias
oscilam muito em tamanho, chamamos de anisocitose. Ou seja,
existem células muito grandes, médias e muito pequenas em uma
mesma população.

O RDW é expresso em porcentagem e o valor normal varia de 11 –


16%. Quando o valor está alto, indica anisocitose. Valor abaixo, é
clinicamente irrelevante.

Figura 23. Presença de anisocitose eritrocitária. Setas pretas indicam hemácias


macrocítica e setas vermelhas indicam hemácias microcíticas.

Todos esses índices auxiliam na avaliação e no diagnóstico de


anemias e são fundamentais partes do hemograma.

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6.2 Leucograma 25

Essa porção do hemograma nos mostra como está o sistema


imunológico do paciente. É aqui que vamos avaliar quantitativa e
qualitativamente os leucócitos, observando e relatando alguma
alteração morfológica relevante.

O Leucograma é dividido em duas contagens: a global e a


diferencial de leucócitos. A global, é a contagem de todos os leucócitos,
sem diferenciá-los, avaliando, assim, o sistema imunológico como um
todo. E a contagem diferencial, separa todos os tipos de leucócitos que
já vimos anteriormente. Então, sabemos a quantidade exata de cada
um. Isso faz com que possamos identificar uma possível causa de
infecções, dependendo do leucócito predominante. Ambas se
completam e nunca devem ser avaliadas separadamente. Mas, por
que? Vamos aos exemplos:

 Contagem Global: normalmente, o valor gira em torno de


4.000 – 10.000/µL;
 Quando temos uma contagem global < 4.000/µL,
chamamos de leucopenia (lembre-se, tudo que terminar
com “penia”, significa diminuição), isso significa que o
sistema imunológico está deficiente por algum motivo.
Existem poucos leucócitos circulando;
 Quando há um aumento de leucócitos (> 10.000/µL),
chamamos de leucocitose.

A leucopenia pode ser causada por diversos motivos, como uso


de medicamentos, quimioterapia (destrói células malignas e normais),
infecções virais ou bacterianas (alguns tipos de bactérias Gram
negativas podem causar leucopenia).

A leucocitose normalmente está associada a infecções


(principalmente bacterianas), processos inflamatórios e leucemias.

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*Vamos supor que estamos lidando com um quadro de infecção.


26
Certo! Agora já sabemos que o paciente tem leucopenia ou
leucocitose. Mas... qual o provável tipo de infecção? É aí que entra a
contagem diferencial! Dependendo do leucócito predominante,
podemos sugerir um tipo específico de infecção.

A contagem diferencial nos mostra a quantidade relativa


(porcentagem) e absoluta (valor real) de cada tipo de leucócito. No
esfregaço sanguíneo, podemos fazer a contagem manual dessas
células. No caso, vamos analisar a lâmina até encontrarmos 100
leucócitos. Cada leucócito equivale a 1%, logo, 100 leucócitos equivalem
a 100%.

Precisamos entender que não podemos contar todas as células


do corpo, mas utilizamos essa maneira de representar todos os
leucócitos. Esses 100% correspondem à contagem global. O valor
relativo de cada um vai nos mostrar qual leucócito está predominando.
Por exemplo, digamos que o paciente chegou no hospital com
sintomas de infecção. No hemograma, esse foi o resultado relativo da
contagem diferencial.

 Neutrófilo segmentado: 74%


 Eosinófilo: 4%
 Basófilo: 1%
 Linfócito: 15%
 Monócito: 6%

Qual leucócito está predominando? O neutrófilo, certo? Ele


costuma estar mais presente em infecções bacterianas, então a
provável causa dessa infecção, é uma bactéria. Normalmente infecções
bacterianas elevam os leucócitos totais (leucocitose).

Agora, precisamos aprender a calcular o valor absoluto de cada


leucócito. Hoje, quase ninguém calcula porque os equipamentos

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automatizados já contam as células e liberam o resultado pronto. Mas,


27
de qualquer maneira, precisamos saber esse cálculo.

Através de uma simples regra de três, podemos encontrar os


valores absolutos de cada leucócito. Vamos usar o mesmo exemplo aí
de cima, adicionando um valor para a contagem global.

 Contagem Global: 10.000/µL


 Neutrófilos: 74%
 Eosinófilo: 4%
 Basófilo: 1%
 Linfócito: 15%
 Monócito: 6%

Levando em consideração que a contagem global equivale a


100%, usamos a seguinte fórmula:

Agora, vamos preencher com os valores encontrados:

O resultado absoluto da contagem de neutrófilos é 7.400/µL.


Usando a mesma regra de três para cada um dos outros leucócitos,
encontraremos:

 Linfócitos 1.500/µL;
 Monócitos 600/µL;
 Eosinófilos 400/µL;
 Basófilos 100/µL.

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OBS: O valor da contagem global varia para cada paciente! Usei o


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valor de 10.000/µL apenas para demonstração.

Além disso, na rotina, costumamos utilizar termos específicos


para indicar aumento ou diminuição de determinada célula, conforme
a Tabela 4.

Termos

Leucócito Aumento Diminuição

Neutrófilo Segmentado Neutrofilia Neutropenia

Eosinófilo Eosinofilia Eosinopenia

Basófilo Basofilia

Linfócito Linfocitose Linfocitopenia

Monócito Monocitose Monocitopenia

Tabela 4. Termos utilizados na rotina para indicar aumento ou diminuição de


determinado leucócito.

Os valores de referência podem variar um pouco, pois cada


laboratório usa o valor que achar correto, mas, de uma maneira geral,
giram em torno dos valores demonstrados na Tabela 5.

É importante ressaltar que os valores para recém-nascidos e


crianças também podem variar. Nos primeiros meses de vida, é comum
encontrar uma quantidade maior de linfócitos do que de neutrófilos, já
que o sistema imunológico do bebê ainda está sendo formado e os
linfócitos são fundamentais nesse processo.

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Valores de Referência 29

Leucócito Valor Relativo Valor Absoluto

Neutrófilo Segmentado 50 - 65% 2.000 - 7.150/µL

Eosinófilo 1 - 6% 40 - 550/µL

Basófilo 0 - 1% 0 - 100/µL

Linfócito 15 - 25% 800 - 4.000/µL

Monócito 2 - 8% 80 - 1.000/µL

Tabela 5. Valores de referência dos leucócitos em adultos.

Para finalizar o Leucograma, não posso deixar de citar um dos


fenômenos que mais gera dúvida: o desvio à esquerda.

Mas, afinal, o que é desvio à esquerda? Para responder isso, vamos


precisar utilizar a imagem abaixo. A maturação dos leucócitos ocorre na
medula óssea e segue uma ordem específica, como vimos na Figura 19,
quando estudamos hematopoese. Desvio à esquerda nada mais é do
que um aumento de células jovens na corrente sanguínea. Isso não é
normal, porque são as células maduras que devem circular.

Figura 24. Representação do desvio à esquerda.

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Em termos de quantidade e em condições normais, os neutrófilos


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segmentados são os leucócitos que mais encontramos na corrente
sanguínea, seguidos dos linfócitos. Os neutrófilos bastonetes, que ainda
não sofreram a maturação completa para se tornarem segmentados,
podem aparecer em pequena quantidade na circulação, em torno de 1
– 3%. Mas os demais componentes dessa linhagem, não devem
aparecer. Quando encontramos uma quantidade maior de bastonetes
ou presença de metamielócitos e mielócitos, por exemplo,
caracterizamos desvio à esquerda, porque a linhagem foi “desviada”
para o sentido oposto, como mostra a Figura 24.

Mas, por que isso acontece? Bom, podemos perceber esse


fenômeno em casos de infecções bacterianas agudas. O organismo
detecta a presença de um corpo estranho e faz de tudo para combate-
lo o mais rápido possível. Sendo assim, ele libera os leucócitos jovens
para tentar se proteger, ocasionando um aumento dessas células na
corrente sanguínea.

Por outro lado, a presença de blastos é mau prognóstico e não


está associada a infecção. Nesse caso, podemos estar lidando com uma
leucemia. No esfregaço sanguíneo, não conseguimos diferenciar um
mieloblasto de um linfoblasto. Eles são praticamente idênticos a olho
nu. Para isso, precisamos de imunofenotipagem.

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6.3 Plaquetograma 31

A última porção do hemograma avalia as plaquetas. Ele é


composto, basicamente, por contagem de plaquetas, VPM e PDW.

A contagem de plaquetas, em condições normais, gira em torno


de 150.000 – 450.000/µL. É um parâmetro importante para
entendermos a capacidade de coagulação daquele paciente.

OBS: Lembrando que os testes de TP e TTPa também são


fundamentais para avaliar a cascata da coagulação dos pacientes
(fatores de coagulação).

Quando o valor está baixo, chamamos de plaquetopenia ou


trombocitopenia e isso indica que o paciente corre risco de hemorragia
(dependendo do resultado). Quando está acima do normal,
plaquetocitose ou trombocitose, indicando um risco de trombose
(podendo estar associado a algum distúrbio dos fatores de coagulação).

O VPM é o Volume Plaquetário Médio e segue o mesmo princípio


do VCM do eritrograma, mas adaptado às plaquetas. Ou seja, é o
tamanho médio desses fragmentos celulares. É comum encontrarmos
plaquetas de diferentes tamanhos entre as pessoas, alguns pacientes
apresentam plaquetas um pouco maiores do que outros e vice-versa,
mas nem sempre significa algo ruim. Porém, devemos estar atentos à
presença de macroplaquetas e plaquetas gigantes.

Figura 25. Macroplaqueta vista na lâmina. (Fonte: Tratado de Análises Clínicas, 2018).

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O PDW é o Índice de Anisocitose Plaquetário e funciona como o


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RDW das hemácias, indicando a oscilação de tamanho da população
plaquetária.

Os valores de referência para os recém-nascidos é ligeiramente


mais alto do que para os adultos.

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7. Para fixar bem na memória! 33

Aqui vão mais algumas imagens para te ajudar a identificar os


leucócitos na prática:

Figura 26. Neutrófilo bastonete. Núcleo em formato de “C”, granulação fina e


discreta no citoplasma.

Figuras 27 e 28. Monócitos. Citoplasma azul-acinzentado, presença de vacúolos


citoplasmáticos, cromatina nuclear frouxa e delicada.

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Figura 29. Eosinófilo (1), neutrófilo segmentado (2) e algumas hemácias


hipocrômicas. Eosinófilo bilobulado, com granulação grosseira e bem corada.
Neutrófilo com granulação fina.

Figura 30. No mesmo campo, um eosinófilo, um neutrófilo segmentado e um


basófilo.

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Figura 31. Basófilo. Granulação bem grosseira e azul escura.

Figura 32. Eosinófilo.

Figura 33. Neutrófilo segmentado. Figura 34. Linfócito. Núcleo grande,


ocupando praticamente todo o citoplasma,
cromatina condensada.

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Aqui vai uma pequena dica que eu costumo passar aos meus
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alunos, para ajudar na hora de diferenciar os granulócitos:

A nomenclatura dos granulócitos está relacionada à sua


coloração e afinidade por determinado corante. No panótico rápido,
utilizamos os corantes eosina e azul de metileno.

A eosina é um corante laranja e de caráter ácido, portanto, tem


afinidade por estruturas básicas, como os grânulos dos eosinófilos. Por
isso o nome eosinófilo: “eosino” = eosina; “filo” = filia (afinidade). Ou
seja, afinidade pela eosina. Esse é o motivo pelo qual a granulação é
bem alaranjada.

Por outro lado, o azul de metileno é um corante básico e tem


afinidade por estruturas ácidas, como os núcleos das células (composto
por DNA, ácidos nucléicos). A granulação dos basófilos também é ácida,
por isso os grânulos são corados em azul escuro. A nomenclatura segue
o mesmo princípio: “baso” = básico; “filo” = filia, ou seja, afinidade pelo
corante básico.

E os neutrófilos? Bom, são neutros! Eles têm afinidade pelos dois


corantes, por isso apresentam granulação de ambas as cores. Só que
são grânulos tão pequenos, que nem sempre conseguimos distinguir
essas colorações.

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E aí, curtiu a dica? Espero que sim. Se você precisar de alguma


37
coisa, pode entrar em contato comigo:

 e-mail: contato@farmaceuticando.com
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Ah, só para lembrar que o conteúdo desse e-book não pode ser
compartilhado sem a minha autorização, tá? Se gostou do material, dá
uma olhada no meu site, lá tem artigos gratuitos e outros e-books para
você se especializar! Obrigado pela confiança e até a próxima.

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8. Referências 38

BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. Tratado de Análises Clínicas. São Paulo,


Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2018.

ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. São


Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2014.

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