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Centro de Humanidades – Unidade Acadêmica de Letras

Disciplina: Fundamentos da Prática Educativa

Carga horária: 60h Turma: Noite Período: 2021.2

ProfºMs: Fabrício Cordeiro Dantas

Prof. Dra: Lorena Gois de Lima Cavalcante

Aluna: Dayane de Oliveira Almeida Ferreira

Análise Discursiva: Entre os Muros da Escola

Campina Grande-PB
29-07-2022
Entre os Muros da Escola
Análise Discursiva
Entre os Muros da Escola é um filme francês que tem sido relacionado
à área educacional. A trama utiliza como cenário: sala de professores, sala
de conselhos, gabinete do diretor, pátio escolar e principalmente a sala de
aula de uma turma de sétima série frequentada por um grupo de africanos,
asiáticos, latino-americanos e franceses de treze a quinze anos, ou seja,
adolescentes com seus desejos, medos e incertezas próprias da idade. Nela
se passam várias situações características deste ambiente, que nos levam a
refletir sobre o papel do professor na sociedade atual, como condutor de
vidas através do aprendizado, e o poder que é dado a este profissional que
deve ter conscientização da sua prática educacional.
Vemos no filme o esforço de um professor em pôr em prática seu
poder de transformação, porém, seu empenho parece ser em vão, visto que
não há colaboração por parte dos alunos e nem o professor e a instituição
tem uma didática de ensino eficiente. Como afirma Pérez Gomez (1983),
fala que o ensino poderia ser um processo para facilitar a compreensão,
transformação e socialização, trazendo para as instituições maneiras de
ensino capazes de intervir e facilitar processos de reconstrução, igualdade
social e utilizando didáticas eficientes de ensino seguindo normas e
modelos e cursos de treinamento para os docentes.
Na trama podemos perceber que os conflitos são gerados também
por péssimas condições de trabalho que os professores precisam enfrentar
diariamente, e o preconceito que os alunos sofrem o que acaba
influenciando diretamente na saúde do profissional e dos alunos. Diante
disso Pérez Gomes (1983), nos mostra que a escola transmite algumas vezes
e consolida, uma ideologia cuja os valores são o individualismo, a
competitividade a falta de compreensão, e a desigualdade formal de
oportunidades de resultados em função da capacidade de esforços
individuais.
Os comentários relatados na trama, com algumas exceções,
giravam em torno de dizer que o estudante é o culpado pelos
problemas educacionais, pois não colabora com o trabalho do professor,

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levo em consideração que aspectos como interação, respeito e
comunicação formam a base para que os conflitos presenciados em
sala de aula sejam amenizados, conflitos estarão presentes durante todo
o decorrer do processo educacional, e devem ser compreendidos como
oportunidades de aprendizagem e não como problemas a serem
resolvidos. Dessa forma Marco Silva (1992), insiste na pedagogia a partir da
interação comunicativa desenvolvendo nas instituições processos
comunicacionais, interativos e democráticos, criando assim um ambiente
favorável a formação de uma cidadania fundada no aprendizado da fala
livre e plural.
Encontraremos instituições que trabalham com o conceito de
socialização de conhecimentos entre professores e estudantes o que
poderia ajudar nessa problemática dessa trama. Porém, não podemos
deixar de considerar que este processo ocorre dentro da Instituição
escolar, que tem como função disciplinar utilizar mecanismos de
socialização que se encontram no tipo de estruturas de tarefas acadêmicas
e na forma de quem adquire e transmite as relações sociais entre o alunado,
é muito importante o trabalho multidisciplinar e a participação e o domínio
dos próprios alunos sobre o processo de trabalho e modo de convivência,
de maneira que se possa compreender o grau de direito ou autonomia dos
estudantes quanto aos seus processos de socialização no âmbito escolar,
com o objetivo de impor uma relação de igualdade e utilidade (Pérez
Gómez, 1983).
Durante todo o filme o respeito não era um aspecto recíproco, os
estudantes tinham a obrigação de respeitar o professor, porém este não
possuía respeito pelos estudantes. Como na cena em que insulta as alunas
chamando-as de vagabundas, ou quando não considera os conhecimentos
que eles trazem consigo, por se tratar de uma turma formada por indivíduos
de diversas culturas, estas não eram valorizadas na sala de aula, eram
negadas em prol da valorização da cultura Francesa.
Podemos observar, em inúmeras cenas do filme, exemplos que nos
dão a possibilidade de melhor compreensão do que representam uma
prática frequentemente que resulta em lições ineficientes, pois o professor
pouco faz para ajustar a lição e unir a turma onde poderia ser um professor

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reflexivo ensinando sobre as diferenças de raça, religião, etnias e línguas
estrangeiras entre outros, por isso a importância de ser um professor
reflexivo que seja aberto para o aprendizado se mantendo atualizado
fazendo especializações e cursos para melhorar seu desempenho e assim
saber identificar problemas que estão tendo em sala de aula e no seu modo
de repassar o conteúdo e assim se libertar de seguir uma rotina de aula, e
assim resultando em salas de aula mais criativas e eficientes, tais recursos
são assertivos no espaço escolar, em especial na sala de aula (Sandra Lee
Mckay, 2003).
O professor François é um ser absoluto em sala de aula, sua
autoridade é indiscutível, visto que é preciso pedir para se levantar, tirar o
boné ou o capuz para assistir a aula e só falar após levantar a mão, a
presença do diretor é igualmente poderosa, todos devem ficar de pé em
sinal de respeito à autoridade. Nas primeiras cenas do filme, durante uma
aula de francês em que se trabalhava a língua coloquial, quando indagado
por alguns alunos a respeito do desuso de tal formação gramatical, o
professor exemplifica relatando um momento que teve com amigos, em um
bar, na noite anterior, quando utilizavam do imperfeito do subjuntivo para
conversar. Ao final da trama, podemos destacar a situação em que o
professor se exalta e acaba insultando duas alunas, Esmeralda e Louise, o
que desencadeia uma discussão com agressão não intencional.
No entanto, ao escrever a ocorrência, não cita que havia insultado as
estudantes, e quando questionado pelo diretor se isto havia acontecido, é
orientado a apenas mencionar o fato, sem detalhamento - evidenciando,
assim, a superioridade do professor em relação aos estudantes. Tal situação
também exemplifica a sanção normalizadora que tem função corretiva e
forma um sistema duplo de gratificação e punição. Neste caso o aluno
Soyleumanee, expulso da instituição devido a seu histórico
comportamental por não respeitar as normas institucionais impostas.
Assim, percebemos que a escola tem o controle sobre o estudante, não
considerando as seus interesses e vontades.
Na instituição é o professor que julga o estudante mediante a nota,
porém este julgamento é levado para os conselhos de classe onde será
definido, juntamente com a equipe pedagógica e diretoria, o destino do

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estudante. Ele, também define o programa da disciplina, mas dentro dos
limites prescritos. Em poucas palavras, os professores estão, a todo tempo,
sendo inspecionados, por seus “superiores”, que por sua vez, são
inspecionados pelo Estado, através de secretárias e núcleos educacionais.
Diante disto o que se pretendeu nesta discussão foi evidenciar que a escola
está permeada por relações de poder e que em qualquer circunstância que
venhamos a analisar, estamos diante de sinais de resistência a certo tipo de
poder, e é esta resistência, mais a heterogeneidade do ambiente, que
acabam por gerar os conflitos que temos presenciado na educação
contemporânea.
Para Mackay (2009), o papel do professor é desafiador, sendo capaz
de promover a educação como prática de liberdade, e tem como função
tentar resolver os problemas em sala de aula, ensinar valores pessoais e de
práticas educacionais, não ter maneiras de ensinos rotineiros. O professor
é aquele que possui uma prática progressista que tende a desenvolver junto
aos estudantes uma capacidade crítica, a curiosidade para perguntar,
conhecer, atuar, reconhecer e assim conhecer seus alunos e perceber as
dificuldades de cada aluno para que juntos com um psicólogo, assistente
social possa tentar resolver e melhorar as dificuldades impostas na vida dos
discentes.
Para concluir o filme nos faz refletir e perceber que as escolas
enfrentam problemas não apenas no Brasil e nos mostra também os muros
que criamos para afastar outras pessoas e nos fazem reviver esses
problemas que resistem no âmbito escolar. É de grande importância uma
pedagogia de socialização, comunicação e reflexões que elimine toda
relação autoritária e acrescentando uma pedagogia voltada ao amor ao
próximo e amizade, através de um diálogo posto a prova em cada pequeno
encontro, para que se crie um ambiente propício para que o processo de
ensino aprendizagem se torne prazeroso tanto para o professor quanto
para o aluno.

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Referências
Filme: Entre os Muros da EscolaTítulo Original: Entre lesMurs. Origem:
França, 2008. Direção: Laurent Cantet. Roteiro: Laurent Cantet, François
Bégaudeau e Robin Campillo, baseado em livro de François Bégaudeau.
Produção: Caroline Benjo, CaroleScotta, Barbara Letellier e Simon Arnal.
Fotografia: Pierre Milon, Catherine Pujol e GeorgiLazarevski. Edição: Robin
Campillo e StéphanieLéger Elenco: François Bégaudeau, NassimAmrabt,
Laura Baquela, CherifBounaïdjaRachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure,
Arthur Fogel e Damien Gomes. AQUINO, JulioGroppa.
MACKEY, S. L. O professor reflexivo:Guia para investigação do
comportamento em sala de aula. 2 ed. São Paulo: Special Books Services,
2009.
PÉREZ Gómez, A. I. As funções sociais da escola: Reprodução a
reconstrução crítica de conhecimento e da experiência, 1983.
SILVA, Marco. Educação, modernidade e pós-modernidade.in: Trabalho de
educação numa sociedade em mudança. Revista Perspectiva. V. 10, n.18,
p.61-76. Florianópolis, 1992.

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