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1.Introdução
O presente trabalho em estudo versa-se sobre o género no final do século XX. O feminino e o
masculino são apresentados como categorias opostas, excludentes e hierarquizadas, nas quais a
mulher, os valores e os significados femininos ocupam lugar inferior. E a dicotomia daí decorrente
cristaliza concepções do que devem ser as atribuições femininas e masculinas e dificulta a
percepção de outras maneiras de estabelecermos as relações sociais. No que tange O género pode
também ser designado como o verdadeiro aparato de produção através do qual os sexos são
estabelecidos. Assim, o género não está para a cultura como o sexo para a natureza; o género é
também o significado discursivo/cultural pelo qual a ‘natureza sexuada’ ou o ‘sexo natural’ é
produzido e estabelecido como uma forma ‘pré-discursiva’ anterior à cultura, uma superfície
politicamente neutra sobre a qual a cultura age.
Por “género”, refere ao discurso sobre a diferença dos sexos. Ele não remete apenas a ideias, mas
também a instituições, a estruturas, a práticas quotidianas e a rituais, ou seja, a tudo aquilo que
constitui as relações sociais. O discurso é um instrumento de organização do mundo, mesmo se
ele não é anterior à organização social da diferença sexual. Ele não reflecte a realidade biológica
primária, mas ele constrói o sentido desta realidade. A diferença sexual não é a causa originária a
partir da qual a organização social poderia ter derivado; ela é mais uma estrutura social movediça
que deve ser ela mesma analisada em seus diferentes contextos históricos (SCOTT, 1998: 15).
Como diz (SILVA, 1993), as relações de género são relações sociais fundadas sobre as diferenças
percebidas entre os sexos, mas também estão presentes nos símbolos culturalmente disponíveis
sobre homens e mulheres, assim como sobre masculinidades e feminilidades. Assim, o género está
presente em qualquer tipo de relação social: nas distintas atribuições relativas às masculinidades e
às feminilidades; nos conceitos normativos que estabelecem as regras e normas no campo da
educação ou em qualquer outro campo; nas políticas públicas em geral, nas políticas educacionais
implantadas nas escolas e nas identidades subjectivas que muitas vezes sustentam e em outras
procuram reverter o modelo dominante de masculinidade, como um modo de dar significado às
relações de poder estabelecidas e difundidas pelas políticas educacionais nas suas mais variadas
esferas, níveis e modalidades de ensino.
a inserção das mais variadas dimensões da diversidade na agenda das políticas educacionais, em
especial com relação às questões de raça e género. (Aquino, 1997).
Para (THAMIRIS, 2012), entende-se que a luta pela igualdade de género avançou em nossa
sociedade, considerando a luta do movimento feminista e de mulheres ao longo do século XX, em
especial aquele movimento de mulheres que emerge na década de 1960 e que teve o mérito de
introduzir na agenda política questões que estavam antes restritas à esfera, supostamente
despolitizada e neutra, da vida privada, trazendo para o debate público temas como sexualidade e
corpo feminino. Necessário evidenciar que esse movimento já lutava por liberdades democráticas
em vários países em que os direitos libertários foram usurpados pela imposição da ditadura militar
de 1964, quando o movimento de mulheres teve papel central na luta pela liberdade. A luta pela
igualdade de género passa a ser colocada como central na luta das mulheres pelo reconhecimento
de sua condição de cidadãs e sujeitos de direitos, capazes de decidir sobre as próprias vidas.
Embora em pleno século XXI, a mulher tenha conquistado uma Secretaria de Políticas para
Mulheres, uma presidenta da República, várias ministras, uma lei que previne e pune a violência
contra a mulher, o resultado positivo dos índices da inserção das mulheres nas universidades,
inclusive em cursos que antes era do domínio masculino, ainda convivemos com desigualdades,
seja no campo económico, do trabalho, na cultura, no parlamento, entre outros. Mas ainda temos
muito a caminhar para alcançar a igualdade de género. A luta pela igualdade de género está
entrelaçada com a luta pela emancipação da mulher. (Aquino, 1997).
Avalia-se que é na luta concreta, no quotidiano, na luta contra a alienação imposta pelo modo de
produção capitalista, que conquistou a emancipação da mulher. Quanto mais liberdade de
expressão, de organização e de manifestação, mais consciência de seu papel na sociedade, mais as
mulheres conquistarão a liberdade. A verdadeira emancipação da mulher só ocorrerá em uma nova
sociedade, erguida e regida pelas mulheres e pelo conjunto dos trabalhadores. Porém, mesmo em
uma nova sociedade, será necessário romper com as amarras culturais machistas e patriarcais que
impedem a verdadeira emancipação social.
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Importante registar que o Código Civil anterior mantinha elementos profundos de subordinação e
da visão da mulher como propriedade masculina. É necessário evidenciar que essa mudança veio
acompanhada de um processo de luta histórica do movimento de mulheres, ou seja, foram mais de
80 anos de luta.
Agora a mulher, ao casar, não apenas “assume a condição de companheira do marido nos encargos
de família, cumprindo-lhe velar pela direcção material e moral desta” (art. 240 do Código de 1916),
mas passa a exercer direitos e deveres baseados na comunhão plena de vida e na igualdade entre
os cônjuges. A mudança na linguagem é fundamental, pois deixamos de ser uma “sombra” do
homem. a utilização do género humano para compreensão do papel de homens e mulheres no
processo histórico e o Código avança ao colocar o termo “pessoa.
Nos anos 1960 e mesmo 1970 do século XX, bem recentemente, se uma mulher com idade inferior
a 21 anos “fugia para casar”, mesmo que não tivesse consumado a relação carnal, tinha que casar
para não ficar isolada ou negligenciada à solidão e estigmatizada como “prostituta”. Na
actualidade, nenhuma mulher tem mais que provar “honestidade” para ter direito à herança paterna.
Agora, o marido também poderá acrescer ao seu nome o nome da esposa. Ou ainda continuarem
com os nomes de solteiros. As mulheres e homens são iguais e ambos podem opinar sobre todas
as questões da família, acabando com a “chefia da sociedade conjugal” que era exercida apenas
pelo homem. Com relação à direcção da sociedade conjugal, a mulher deixou de ser apenas uma
colaboradora do marido, que tinha a chefia da família. Agora, a direcção da sociedade conjugal
passa a ser exercida por ambos, marido e mulher. (Aquino, 1997).
4.1. Os principais avanços adquiridos pelas mulheres no que compete às mudanças no direito
do trabalho
Seria difícil imaginar que quando as feministas há mais de 100 anos lutavam pelo direito à
educação e ao voto, estaríamos hoje com os índices de ocupação dos postos de trabalho chegando
quase a metade da força de trabalho e em ocupações até então não permitidas às mulheres como
motoristas, engenheiras, operárias da construção civil, trabalhadoras rurais, comandante de avião,
etc.
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Bibliografia