Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
5 % de todas as fraturas do esqueleto apendicular
Curva unimodal com aumento exponencial a partir dos 40 anos com o pico em mulheres
entre 65 e 75 anos
Normalmente trauma de baixa energia (idosos) em pacientes osteoporóticos
ANATOMIA
Articulação com maior amplitude
Ângulo cérvico diafisário = 130º (123 a 136º)
Retroversão de 20º em média (podendo ser de -10 a 60)
Osso subcondral á mais forte
Partes moles
o Tubérculo maior: m. supraespinal, m. infraespinal e m. redondo menor
o Tubérculo menor: m. subescapular
o Tendão do bíceps separa os dois tubérculos
Irrigação sanguínea
o Ramos anterior e posterior da artéria circunflexa umeral (ramo da axilar)
o A principal é o ramo anterior – ramo lateral
o Ramo posterior passa pelo espaço quadrangular junto com nervo axilar
Inervação
o Principal nervo lesado nas fraturas luxações do ombro é o nervo axilar (motor:
deltoide e redondo menor e sensitivo: parte lateral do braço)
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Anamnese + exame físico
o Atentar para fatores de risco para osteoporose
o Exame neurológico: Atentar para lesão específica do nervo axilar
Imagens
o Rx
AP verdadeiro da escapula
Perfil da escápula
Axilar – SERVE PARA VISUALIZAR O TROCANTER MENOR, DEFININDO ENTRE 3 E 4
PARTES
Axilar modificado (Velpeau): em pacientes que não conseguem fazer o axilar por
dor, pode-se utilizar essa incidência (AP com feixe entrando a 45º de crânio
caudal)
o Tomografia
Vem sendo cada vez mais usada para compreender melhor padrões de fraturas
complexos e pesquisar acometimento articular
CLASSIFICAÇÃO
Neer
111
o O úmero proximal pode fraturar em 4 fragmentos (cabeça-colo cirurgico,
diáfise, tuberosidade maior e menor)
o Para ser considerado como um fragmento não basta ter um traço de fratura,
deve haver um desvio de pelo menos 1cm ou uma angulação de 45º do
fragmento (alguns autores consideram 0,5cm para a tuberosidade maior)
112
o As vezes ocorre fratura do colo anatômico em conjunto com a fratura do
tubérculo maior devido ao mecanismo de lesão nas luxações glenoumerais (a
borda anterior da glenóide se choca com a face POSTEROLATERAL da cabeça
umeral na luxação anterior do ombro e causa uma fratura osteocondral -
também chamada de lesão de Hill-Sacks – que ao se propagar pode ocasionar
um traço através do colo anatômico que se estende para a tuberosidade maior.
Essa fratura pode ser de difícil diagnóstico e deve ser sempre pesquisada com
atenção para não ocorrer desvio iatrogênico ao realizar a manobra de redução.
Na dúvida pede-se um TC.
Duas partes - tubérculo menor
o Raro
o Normalmente acomete indivíduos com faixa etária menor
o Na maioria das vezes cirúrgico pois a inserção do subescapular tende a deslocar
esse fragmento
Duas partes - colo cirúrgico
o ¼ das fraturas do úmero proximal (25%)
o Neer descreveu três tipos de fraturas
Anguladas
Translação
Cominutivas
o Quando existe impacção da diáfise na metáfise, a fratura torna-se mais estável
o Desvios em valgo são mais estáveis do que desvios em varo, que tendem a
aumentar o desvio se optado pelo tratamento conservador. Esse desvio tb
apresenta menores incidências de osteonecrose
Duas partes - colo anatômico
o Mais raro
o Normalmente associada a luxação
o Maior risco de osteonecrose
Três e quatro partes sem luxação
o Diversos padrões
Valgo impactada: mais estável, normalmente cursa bem com
tratamento conservador, menor risco de osteonecrose e desvio
futuro
Varo: mesma idéia da fratura em duas partes do colo cirúrgico: varo
é mais instável e tende a desviar progressivamente
Em relação ao tubérculos, deve-se atentar para disfunção do
manguito rotador
Acometimento articular: essas fraturas podem envolver a face
articular do úmero. Esse tipo de lesão é mais bem visto na TC. ExistE,
porém um sinal patognomônico de acometimento articular no RX
que é o DUPLO CONTORNO DA CABEÇA UMERAL (PAG 1058).
Existe um padrão de fratura
que produz um fragmento
denominado de fragmento
em escudo, composto pelo
113
tubérculo menor, sulco bicpital, parte anterior do tubérculo
maior e uma parte marginal da superfície articular.
Fraturas complexas com luxação glenoumeral
o Raras
o As luxações anteriores são mais comuns
o Fraturas/luxações anteriores
Tipo I: homens mais jovens, traumas de alta energia, a cabeça
mantém inserção de partes moles (cápsulo-ligamentar,
principalmente através do tubérculo menor). Normalmente a
luxação ocorre primeiro e a fratura advém de uma propagação da
lesão de Hill-Sacks pelo colo anatômico e tuberosidade maior. Baixo
risco de osteonecrose
RAFI
Tipo II: mulheres idosas, trauma de baixa energia, lembra
radiograficamente uma fratura em 3 partes impactada em valgo,
porém a cabeça está totalmente incongruente com a cavidade
glenoidal. O calcar medial da fratura lesa a capsula inferomedial e a
diáfise desloca-se através dessa laceração deixando a cabeça umeral
totalmente desnuda. Alto risco de osteonecrose -> hemiartroplastia
HEMIARTROPLASTIA
o Fratura/luxações posteriores
Pacientes de meia idade, masculinos, análoga a fratura/luxação
anterior tipo I.
o Fratura/subluxação inferior
Geralmente transitórias (por fraqueza do MR)
Pos tto da fx (conservador / cirúrgico)
Repetir RX em 2 semanas
Classificação AO/OTA
114
ABORDAGENS CIRURGICAS
Abordagem deltopeitoral
o Através do sulco entre o deltoide e o peitoral maior
o Disecção através do plano entre esses dois músculos
o Deve-se rebater a veia cefálica para lateral junto com o deltóide (Aí estão a mair
parte das tributárias)
o Pode ser estendida para a diáfise como uma via anterolateral (ver cap diáfise)
o Boa exposição frontal, porém pobre exposição posterolateral
Abordagem transdeltóidea
o Plano entre a porção média e anterior do deltoide
o Deve-se atentar para lesão do nervo axilar que passa a 6 cm do acrômio, sob o
deltóide
o Autor prefere essa abordagem, a não ser nas fraturas em duas partes da
tuberosidade menor
TRATAMENTO
Maioria é conservador (85%)
Porém não existe um fluxograma objetivo, devendo-se levar em conta três aspectos:
o Características do paciente: quanto mais velho e menos funcionalmente ativo, mais
indicativo de tratamento não cirúrgico
o Tipo da fratura: quanto mais estável e menor desvitalização, menor risco de
complicações (pseudoartrose, osteonecrose e consolidação viciosa com disfunção
do manguito rotador – principais complicações)
o Experiência do cirurgião
Tratamento conservador
o Fraturas estáveis (contato cortical entre o fragmento proximal e distal)
o Pacientes idosos, com comorbidades e pouca exigência funcional
o Imobilização com tipóia de três pontos (Velpeau)
o Início imediato de fisioterapia para manter a ADM do cotovelo, punho e mão
o Após 1 semana inicia-se movimentos fisioterápicos pendulares do ombro com
cautela
o Exercício isométricos após 3 a 4 semanas
o Exercícios isotônicos em 6 a 12 semanas
o Deve-se manter a fisioterapia até um ano após a fraturas para melhores resultados
funcionais
o Acompanha-se a fratura com radiografias e exame clínico para avaliação de possíveis
desvios ou complicações como pseudoartrose, osteonecrose e disfunção do
manguito rotador
Tratamento cirúrgico
o Redução fechada e fixação percutânea com fios de Kirschner ou parafusos
Autor não gosta desse método
Foi descrita como possibilidade para fraturas em 2, 3 e 4 partes sem luxação
o Reparação artroscópica
Descritas para reparo do manguito em fraturas isoladas dos tubérculos
o Fixação externa
115
Pouco espaço no atual cenário
Ilizarov é uma opção remota, para fraturas expostas com alto grau de
desvitalização de partes moles
o Redução aberta e fixação interna com placa e parafuso
Principal tratamento atualmente
Utilizado placa em trevo
Quando há acometimento dos tubérculos, pode-se realizar uma sutura
transóssea, fixando-os à placa.
Não existe dados na literatura que comprovem a superioridade da placa
bloqueada x placa comum nas fraturas do úmero proximal, a não ser quando
existe uma osteoporose muito intensa dessa região
Pode-se aplicar enxerto em fraturas com grande cominuição
Calcar pósteromedial tem uma importância significativa na estabilidade da
fratura. Se existir cominuição nessa área, deve-se passar um PARAFUSO
INFEROMEDIAL para adicionar estabilidade ao sistema.
o Haste intramedular
Uma opção ao tratamento clássico com placa e parafuso
Desvitaliza menos os tecidos ao redor da fratura
Porém tem o inconveniente de lesar o manguito rotador, especificamente o
supraespinal no momento de sua inserção
Mais indicado em casos de fraturas em duas partes
Não é interessante usar esse método em casos em que haja fratura do
tubérculo maior, pois decorrente de seu ponto de entrada esses fragmento
pode ser desviado durante a inserção da haste.
o Artroplastia de substituição
Indicada quando há alto risco de osteonecrose ou pseudoartrose
Normalmente utiliza-se a hemiartroplastia, a não ser que o paciente tenha
uma doença degenerativa articular prévia
Resultado satisfatório no sentido de incidência de dor, porém cursa com
algum grau de perda de funcionalidade do manguito rotador.
BOA PARA DOR, RUIM PARA FUNÇÃO
COMPLICAÇÕES
CLASSIFICAÇÃO (BOILEAU)
o TIPO 1: ON -> ATO
o TIPO 2: FX/LX NEGLIGENCIADA -> ATO
o TIPO 3: PSA DIAFÍSE COM CABEÇA -> REVERSA OU OSTEOSSINTESE COM
ENXERTO
o TIPO 4: PSA TUBEROSIDADE MAIOR -> REVERSA
Osteonecrose da cabeça
o Pode ou não ser sintomática
o Normalmente aparece após um período de resultado satisfatório do
tratamento
o Enrijecimento e perda de função
o Resolve-se com uma artroplastia
116
o FATORES DE RISCO:
Metafise posteromedial < 8mm junto a cabeça
Ausencia de sangramento na cabeça após perfurar c broca
Fx-Lx
Fx em varo
Split da cabeça
Osteonecrose dos tubérculos
o “tubérculo desaparecido”
o Infrequente
o Ainda não existe tratamento definido para essa complicação
Pseudoatrose
o 1,1% de incidência
o Dor, rigidez e perda de função
o Ou se realiza uma nova redução aberta e fixação interna com enxerto ósseo
como estímulo biológico, ou pode-se optar por uma artroplastia
Consolidação viciosa
o Rigidez e dor no ombro
o Pode haver lesão do manguito por impacto do mesmo contra o acrômio em
consolidações viciosas do tubérculo maior
o Osteotomias corretivas não costumam cursar com bons resultados, sendo
que e pacientes idosos tenta-se primeiro o tratamento conservador
o Artroplastia é uma opção
117