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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

BRUNO SCHAFER

LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS

Florianópolis
2021
BRUNO SCHAFER

LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Direito, da
Universidade do Sul de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp.

Florianópolis
2021
BRUNO SCHAFER

LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TÉCNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel em Direito e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Graduação em Direito, da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 22 de novembro de 2021.

______________________________________________________
Professora e orientadora Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Denis de Souza Luiz, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Solange Büchele de S. Thiago, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de
plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 22 de novembro de 2021.

____________________________________
BRUNO SCHAFER
Dedico este trabalho à minha família querida e
a todos que permaneceram comigo ao longo
desta caminhada.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, por ter me concedido forças,


determinação e saúde durante minha jornada acadêmica e ao longo de minha vida, o que
permitiu o alcance da maioria dos meus objetivos.
Aos meus queridos pais Rafael Schäfer e Thaina Valéria Madeira Leonetti e ao meu
irmão Felipe Schäfer, que ao longo dessa história sempre estiveram presentes ao meu lado,
prestando o apoio necessário para que obtivesse sucesso em minhas realizações.
Aos meus avós, Vera Rosane Gonçalves Madeira e Moacir Fernando Manica, que me
incentivaram e auxiliaram da maneira que conseguiram para que eu estivesse aqui hoje,
concluindo meus estudos.
A todos meus colegas de graduação e amigos que, direta ou indiretamente, participaram
da minha formação, me dando conselhos, me auxiliando em dúvidas ou até mesmo se divertindo
nas horas vagas, fazendo com que minha saúde mental sempre permanecesse em sua melhor
forma.
A advogada Stephany Sagaz Pereira junto dos demais advogados do escritório
Bornhausen & Palma, o qual realizei meu primeiro estágio na área jurídica, por terem me aceito
em sua equipe, mesmo sendo jovem e inexperiente. Saibam que essa decisão foi essencial para
eu chegar onde estou hoje.
Ao Procurador de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, Dr. João Fernando
Quagliarelli Berrelli, junto de sua assessoria composta por Michelli de Jesus Silva e Mariana
Santos Veras, por terem feito eu me sentir muito confortável dentro Ministério Público de Santa
Catarina (MPSC), compartilhando conhecimentos que levo até hoje – inclusive, foi nessa
oportunidade que iniciei meus estudos sobre Legal Design.
Ao escritório de advocacia Bornhausen & Zimmer que contribuiu demais no meu
aprendizado dentro da advocacia, além de compreender perfeitamente meu momento de
“turbulência” no último semestre, onde juntei o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), os
estudos para a Prova da Ordem dos Advogados do Brasil e minhas últimas disciplinas
curriculares.
Ao Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Álvaro Luiz Pereira de
Andrade que me ensinou sobre a filosofia da simplicidade e sofisticação adotada em seus
acórdãos, mostrando que um entendimento pode ser esclarecido com pouquíssimas palavras.
Aos professores da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) que sempre foram
abertos aos estudantes para retirar dúvidas, ensinar corretamente, bem como prestar o apoio
necessário para o desenvolvimento dos graduandos.
A professora Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, por ter sido minha orientadora e
ter me acompanhado durante esse percurso essencial, sempre dando os melhores conselhos.
À universidade, que me proporcionou um ótimo ambiente físico e virtual para que esse
trabalho fosse realizado.
Aos integrantes do Centro Acadêmico de Direito da Unisul Trajano – 30 de Novembro
(CADIT) que sempre estiveram presentes para possíveis dúvidas e reclamações durante o curso
bem como por suas inúmeras organizações de palestras e seminários ricos em conhecimento.
E a todos que de alguma forma acreditaram em mim e fizeram parte desta caminhada.
Meus mais sinceros agradecimentos.
“Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem
mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente
através das experiências. ” (Carl Jung).
RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo verificar a eficácia do Legal Design aplicado nos
documentos jurídicos, através de sua metodologia e utilização de seus recursos visuais e
tecnológicos. Para chegar à resposta do questionamento, primeiramente são apresentados o
contexto histórico e a definição da linguagem, bem como o conceito de linguagem forense, ou
também conhecida como “juridiquês”. Também se fez necessária uma explanação da (in)
compreensibilidade desse tipo de linguagem no meio jurídico e social para, desta forma,
adentrar-se na definição do Legal Design e suas principais características. Por fim, é
apresentado algumas formas de aplicação desse conceito, mostrando alguns aspectos positivos
e negativos de sua utilização, bem como a opinião dos profissionais do Direito sobre esse
assunto. A conclusão alcançada com a presente pesquisa revela que, apesar do Legal Design
ser uma técnica recente no meio jurídico, possui potencialidade para ser mais implementada,
além dos profissionais da área mostrarem certa aceitação em seus documentos, seja na
elaboração ou no recebimento das peças.

Palavras-chave: Eficácia. Legal Design. Recursos Visuais e Tecnológicos. Documentos


Jurídicos. Linguagem Forense. Juridiquês.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Divisões da Linguística ........................................................................................... 14


Figura 2 – Linguística Forense ................................................................................................. 16
Figura 3 – Etapas do Design Thinking ..................................................................................... 31
Figura 4 – Documentos Conectados por Hiperlinks ................................................................. 37
Figura 5 – QR Code de Acesso aos Modelos de Documentos ................................................. 41
Figura 6 – Padrão de Leitura do Grupo Controle ..................................................................... 52
Figura 7 – Padrão de Leitura do Grupo dos Advogados .......................................................... 53
Figura 8 – Padrão de Leitura do Grupo dos Leigos .................................................................. 53
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 9
2 LINGUAGEM ................................................................................................................... 11
2.1 ORIGEM DA LINGUAGEM .......................................................................................... 11
2.2 LÍNGUA, LINGUAGEM E LINGUÍSTICA .................................................................. 13
2.3 LINGUAGEM FORENSE............................................................................................... 15
2.3.1 A (In) compreensão da Linguagem Forense ............................................................. 17
2.4 O “JURIDIQUÊS” COMO VÍCIO DE LINGUAGEM .................................................. 19
2.5 MOVIMENTO PLAIN LANGUAGE ............................................................................... 21
3 LEGAL DESIGN ............................................................................................................... 24
3.1 SURGIMENTO, DEFINIÇÃO E TÉCNICAS ................................................................ 24
3.1.1 Storyngtelling................................................................................................................ 26
3.1.2 User Experience (UX) .................................................................................................. 28
3.1.3 Design Thinking ........................................................................................................... 30
3.1.4 Visual Law .................................................................................................................... 32
3.2 RECURSOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS MAIS UTILIZADOS PELO LEGAL
DESIGN .................................................................................................................................... 33
3.2.1 Utilização de Infográficos, Fluxogramas e Ícones .................................................... 33
3.2.2 Utilização de QR Codes .............................................................................................. 35
3.2.3 Utilização de Hiperlinks.............................................................................................. 37
3.3 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO ........................................................................... 38
4 A EFICÁCIA DO LEGAL DESIGN NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS ................. 40
4.1 APLICABILIDADE DOS ELEMENTOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS NO ÂMBITO
JURÍDICO ................................................................................................................................ 40
4.2 ASPECTOS POSITIVOS X NEGATIVOS .................................................................... 43
4.2.1 A Tecnologia e os Recursos Visuais como Meios de Facilitação da Garantia ao
Acesso à Justiça ....................................................................................................................... 44
4.2.2 Utilização de Visual Law de forma Exagerada ou Inadequada .............................. 47
4.3 OPINIÕES E POSICIONAMENTOS NO MEIO JURÍDICO ........................................ 48
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57
ANEXOS ................................................................................................................................. 69
ANEXO I – RESUMO DE ACÓRDÃO – TRT 6ª REGIÃO .............................................. 70
ANEXO II – MANDADO DE CITAÇÃO – JFRN.............................................................. 71
ANEXO III – EXEMPLO DE INFOGRAMA JURÍDICO ................................................ 73
ANEXO IV – RESUMO DE SENTENÇA CRIMINAL – TJPR ....................................... 74
ANEXO V – ATO ORDINATÓRIO – AUDIÊNCIAS VIRTUAIS – TJMA ................... 78
ANEXO VI – MODELO DE CONTRATO UTILIZANDO VISUAL LAW .................... 79
ANEXO VII – RELATÓRIO GRUPO VISULAW ............................................................. 95
ANEXO VIII – PESQUISA BITS ACADEMY ................................................................. 103
9

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objeto a verificação da eficácia dos recursos visuais e
tecnológicos dentro dos documentos jurídicos, através da utilização das técnicas de Legal
Design.
A importância desta pesquisa se encontra presente diante da dificuldade da maioria dos
cidadãos em compreender os termos jurídicos utilizados pelos profissionais da área do Direito,
assim como na otimização de tempo dos órgãos judiciais, que, habitualmente, recebem centenas
de processos para julgar em um curto espaço de tempo.
A escolha do tema foi de interesse pessoal do pesquisador, por meio de uma motivação
própria sobre essa temática. Em especial, conversando com a assessoria do gabinete do
Procurador João Fernando Quagliarelli Berrelli, da 02ª PGJ do MPSC, foi possível ter o
primeiro contato sobre o que era o Legal Design e, a partir disso, a curiosidade do pesquisador
falou mais alto, aprofundando cada vez mais seus estudos acerca do assunto.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa buscou-se o aprofundamento nas mais
diversas doutrinas encontradas sobre o assunto, bem como dispositivos legais que
mencionassem ou autorizassem a utilização de recursos visuais e tecnológicos nos documentos
jurídicos.
Como objetivos específicos, pretende-se levantar aspectos característicos sobre a
linguagem forense, assim como identificar quais são as principais técnicas utilizadas pelo Legal
Design; por fim, discutir a eficácia do Legal Design, analisando sua aplicabilidade, seus
aspectos positivos e negativos, bem como as diferentes opiniões no meio jurídico.
Para alcançar os objetivos delineados, a pesquisa caracteriza-se, quanto ao objetivo,
como de natureza qualitativa, pois pretende analisar o conteúdo de forma simples, buscando
ideias mais abrangentes e significativas sobre o assunto.
Além disso, o presente estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica, explicando a
temática a partir dos livros e artigos já publicados, possuindo uma diversidade de fontes físicas
e digitais.
Quanto ao método de abordagem, a pesquisa caracteriza-se pelo método dedutivo já que
se parte da premissa geral, que é a definição de Legal Design, para que se possa entender seus
fundamentos e utilidades, afunilando até a questão principal – a eficácia do Legal Design dentro
dos documentos jurídicos.
O presente trabalho foi estruturado em cinco seções: introdução, três capítulos de
desenvolvimento e conclusão. O segundo capítulo aborda as questões ligadas à linguagem,
10

mostrando como ela surgiu, as diferenças de língua, linguagem e linguística, a definição de


linguagem forense até os vícios que ela traz junto ao uso do “jurídiquês”, trazendo até mesmo
o movimento que luta contra a prática de utilização desse tipo de linguagem.
O terceiro capítulo enfatiza o conceito de Legal Design, mostrando quais as técnicas
estão inseridas nele, seus recursos de uso mais comuns até suas formas de implementação nos
documentos jurídicos.
No quarto capítulo apresenta-se a aplicabilidade desse conceito no âmbito jurídico, seus
aspectos positivos e negativos, bem como as opiniões encontradas por profissionais da área do
Direito.
Por fim, se encerra com a conclusão, nas quais são apresentados pontos reflexivos sobre
a eficácia do Legal Design dentro dos documentos jurídicos.
11

2 LINGUAGEM

Neste capítulo serão apresentados a origem da linguagem bem como breves definições
sobre língua, linguagem e linguística, levando a introdução da linguagem forense até sua (in)
compreensão no meio social através de seus vícios de linguagem.
Não se trata apenas de trazer história e definir conceitos, mas contextualizar o
surgimento da linguagem até a compreensão da linguagem forense, para que se chegue ao ponto
fundamental deste capítulo, qual seja, os vícios de linguagem dentro da dialética jurídica.

2.1 ORIGEM DA LINGUAGEM

De acordo com (LLORENTE, 2021), sabe-se que há muitas teorias referentes à origem
da linguagem, no entanto nenhuma é conclusiva. Conforme a jornalista:
Uma hipótese é que a linguagem se desenvolveu gradualmente como uma
especialização inata para codificar informações cada vez mais complexas (por
exemplo, quem fez o quê a quem, quando, onde e por quê), observa o estudo publicado
na revista Trends in Cognitive Science.
Outra perspectiva sugere que a gramática evoluiu mais rápido com o evento da
especiação, ou seja, a formação de linhagens que produzem duas ou mais espécies
diferentes, o que deu origem aos humanos modernos há cerca de 120 mil anos.
A maioria dessas propostas tem em comum a ideia de que a sintaxe da linguagem tem
um desenho complexo, semelhante, por exemplo, ao nosso sistema visual, e que a
adaptação biológica é a única forma de explicar a aparência desse esquema.

Por outro lado, Jean-Jacques Rousseau supôs que a linguagem humana foi uma
evolução gradual a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas mais complexas
e abstratas. De acordo com o filósofo, a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”,
o qual foi utilizado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo ou como alívio de
dores violentas, mas não era de uso comum. (SILVA, 2007 apud VARGAS JÚNIOR, 2013)
O linguista neozelandês, Steven Roger Fisher (2009), em vertente similar, entende que:
Os primeiros organismos terrestres desenvolveram mecanismos primitivos de troca
capazes de transmitir informações sobre espécie, gênero e intenção. Essa transmissão
ocorria através do que então consistia o meio mais sofisticado da natureza: a
comunicação química. Os milhões de anos da necessidade contínua de se entrar em
contato com outra criatura da mesma espécie para fins reprodutivos exigiram métodos
de comunicação ainda mais complexos. Desse processo evolutivo nasceu a
'linguagem' em seu sentido mais amplo.

Deste modo, o marco inicial da linguagem propriamente dita, de acordo com


Rousseau, considera-se:
(…) quando as ideias dos homens começaram a estender-se e a multiplicar-se, e se
estabeleceu entre eles uma comunicação mais íntima, procuraram sinais mais
numerosos e uma língua mais extensa; multiplicaram as inflexões de voz e juntaram-
lhes gestos que, por sua natureza, são mais expressivos e cujo sentido depende menos
12

de uma determinação anterior. (ROUSSEAU, 1989, p. 35 apud VARGAS JÚNIOR,


2013).

Outrossim, a linguagem foi sofrendo pré-adaptações, as quais se somam a questões


físicas, como por exemplo a capacidade de seguir a direção do olhar ou dirigir a atenção de
outra pessoa para um objeto específico para conseguir uma comunicação bem-sucedida ou até
mesmo as pré-adaptações cognitivas, que podem ter pavimentado o caminho para a linguagem,
incluindo a capacidade para o aprendizado hierárquico de informação apresentada
sequencialmente e o aumento da memória para sequências de sons. (LLORENTE, 2021)
Em matéria recente, a BBC News (2019) trouxe uma teoria interessante acerca de
quando e por que os humanos começaram a falar, argumentando que as refeições poderiam
estar por trás desse desenvolvimento. De acordo com a manchete:
Os primeiros seres humanos "podem ter começado a cooperar - e a falar mais - para
explorar o ambiente e comer diferentes alimentos", segundo Tallerman.
Nossos ancestrais começaram a vasculhar e a guardar carcaças de animais deixados
por grandes predadores.
"Mas se você quiser se deliciar com os restos de uma carcaça que um bando de hienas
atacou, então é melhor ter um monte de companheiros com você, porque será muito
perigoso", diz Tallerman.
A comunicação também é útil caso você encontre uma boa carcaça e precise informar
os outros membros do grupo que há comida por perto.
Esta é outra característica da comunicação humana: usar a linguagem para falar aos
outros sobre coisas que não estão presentes naquele momento, porque pode ter
acontecido em um local diferente - ou em outro período de tempo.
A necessidade de comer e sobreviver pode ter estimulado os seres humanos a
desenvolver a capacidade de dizer uns aos outros sobre "algo que eles não podem ver,
mas que está lá", como a presença de comida, explica Tallerman.

Nessa linha, o filósofo Josué Cândido da Silva (2007) comenta acerca da comunicação,
onde a mesma:
(…) se torna possível pelo fato dos indivíduos adotarem o mesmo significado para um
gesto evocando uma vivência anterior do próprio indivíduo. Segundo Mead
(1967), quando o gesto chega a essa situação, converte-se no que chamamos de
“linguagem”, ou seja, um símbolo significante que representa certo significado. Com
o passar do tempo, esse conjunto de gestos significantes dá lugar a formas mais
elaboradas de linguagem, compondo um universo de discurso. Nesse estágio, o
sentido já não é articulado apenas tendo por base a interiorização das expectativas
de ação do outro. Há uma sofisticação da comunicação, que se torna possível pelo
fato dos indivíduos adotarem o mesmo significado para o objeto dentro deste universo
de discurso. (MEAD, 1967, p. 13-16 apud SILVA, 2007)

Verifica-se, portanto, que há variadas teses acerca da origem da linguagem. À vista


disso, entende-se que seu surgimento foi um fato fundamental na história do ser humano, pois
não seria possível a organização humana em sociedade sem a linguagem. (SILVA, 2007)
13

2.2 LÍNGUA, LINGUAGEM E LINGUÍSTICA

De maneira geral, pode-se dizer que a linguagem é o uso da língua para se comunicar
com as pessoas, entretanto, não se pode confundir as duas coisas, tratam-se de definições
semelhantes, mas distintas. Terra (1997, p.13) acaba por definir a língua como uma “(...)
linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação.” (TERRA, 1997 apud
UNIASSELVI, 2018). Ou seja, a língua compreende-se como um aspecto de linguagem e
pertence a um grupo de indivíduos; estes, por sua vez, concretizam a língua através da fala e da
escrita. (WEISS, 2018)
A linguagem, por outro lado, é uma capacidade humana de utilizar sinais linguísticos
com o objetivo de se comunicar, ou seja, utilizar-se de diversas formas de comunicação, como
por exemplo: a expressão de sentimentos, a manifestação de desejos e opiniões, a troca de
informações entre diferentes culturas, dentre outros procedimentos (DUARTE, s.d).
Neste ponto, é importante ressaltar que existem duas formas de linguagem, a verbal e
a não verbal, onde a primeira utiliza as palavras para estabelecer a comunicação, enquanto na
segunda – não verbal, utilizam-se gestos, sinais, símbolos, cores, luzes, entre outros. (NEVES,
2018)
Katyucha de Oliveira (s.d) traz um exemplo interessante sobre o tema:
(...) podemos considerar que existem vários tipos de linguagens gestuais. Quando
fechamos a mão colocando o polegar para cima, por exemplo, pode significar que está
tudo bem. Vale dizer, no entanto, que algumas pessoas que se comunicam por gestos
acrescentam significados diferentes a esse tipo de linguagem corporal. É o caso dos
indivíduos que se comunicam em Libras: Língua Brasileira de Sinais. Libras é
considerada a língua natural das comunidades surdas e nela um gesto como esse do
polegar, acrescido de contexto, complementa o ato comunicativo com mais detalhes.

Nessa linha, o termo científico que se utiliza no meio comum para o estudo da
linguagem chama-se de linguística, o qual surgiu em 1920 por Saussure, um filósofo suíço que
criou o curso de linguística geral em 1916. (SOUZA; SOUZA, 2012)
De acordo com Irenilde Pereira dos Santos (1994):
A Lingüística é o estudo científico da linguagem e das línguas naturais e seus
discursos. Enquanto ciência, cuida da constante elaboração e reelaboração de modelos
teóricos. Como “estudo das línguas naturais, a lingüística se interessa pelo conjunto
estruturado dos recursos lingüísticos que expressam as relações, funções e categorias
relevantes para a interpretação dos enunciados (dimensão sintática); pelos modos de
representação da realidade, tomados como sistema de referência para essa
interpretação (dimensão semântica); pelos mecanismos que relacionam essa
interpretação a determinados estados de fato, nas coordenadas espaço-temporal e
interpessoal (dimensão dêitico-referencial), e a determinadas situações de uso,
inclusive para avaliar os enunciado, do ponto de vista de sua adequação a
determinadas ações e propósitos (dimensão pragmático-discursiva) ou do ponto de
vista de sua verdade ou falsidade (dimensão lógica)” (Franchi, 1990 apud Santos,
1994).
14

Ademais, Fabiana Dias (2020) complementa que:


Trata-se de uma ciência que se relaciona com outras áreas do conhecimento como
sociologia, psicologia, etnografia e neurologia. Desse modo a linguística expande os
seus estudos, abordando conhecimentos da etnolinguística, sociolinguística,
psicolinguística e neurolinguística. Entre os campos que se apoia estão a
psicolinguística, que aborda as relações entre linguagem e pensamentos humanos; e a
sociolinguística, que compreende relações existentes entre fatos linguísticos e fatos
sociais.

Desta forma, pode-se destacar, a partir da compreensão de complexidade do estudo da


linguística, as divisões existentes dentro dela, quais sejam:

Figura 1 – Divisões da Linguística

Fonte: CESAD UFS

Assim, partindo para uma breve classificação de cada uma das categorias, é possível
compreender a linguística geral como a área que engloba todas as ferramentas de análise, além
dos conceitos que são trabalhados por essa ciência. Como o próprio nome diz, ela oferece um
panorama mais geral da disciplina. (DIANA, 2019)
Por outro lado, linguística descritiva já se preocupa em descrever e/ou explicar as
línguas como elas são faladas, independente do que a Gramática Normativa considera como
correto ou não. (ARAÚJO, 2016)
Na linguística histórica, também chamada de linguística diacrônica, cinge-se no estudo
das manifestações linguísticas observadas ao longo do tempo (DIANA, 2019). Já a linguística
comparada, “identifica diferenças, semelhanças, e inter-relações entre duas ou mais línguas,
além de verificar se as línguas em questão possuem ancestral em comum.”. (DUCHOWNY et
al., 2015)
15

Quanto a linguística aplicada Rodrigues e Cerutti-Rizzatti (2011, p. 13) trazem a


informação de que:
Após essa fase inicial de consolidação da Linguística como ciência, em meados do
século XX, começaram a surgir estudos que partiam da abstração do conhecimento
linguístico para a aplicação desse conhecimento em situações reais de uso de
linguagem. Desse movimento emergiu a Linguística Aplicada como recorte dos
estudos linguísticos. Entendemos, hoje, a Linguística Aplicada como campo e não
mais como disciplina.

Assim, a referida linguística possui como foco de estudo a solução de problemas que
surgem em relação ao ensino das diferentes línguas e da tradução de textos. Ademais, propõe
também a resolução de certos distúrbios relacionados com a linguagem. (DIANA, 2019)
Diante disso, pode-se concluir que a linguística é uma ciência complexa onde até
mesmo habitam outras áreas do conhecimento como Sociologia, Psicologia, Etnografia e
Neurologia. Além disso possui diversas divisões, onde em cada uma se estuda uma
peculiaridade. (DIAS, 2018)
Por conseguinte, entendendo que língua e linguagem são coisas relacionadas, mas
distintas e que a linguística é o estudo da linguagem, pode-se, neste momento, adentrar mais a
fundo no estudo da linguagem forense, a qual é notoriamente utilizada no meio jurídico.

2.3 LINGUAGEM FORENSE

De acordo com Godoy (2015), moradores da área sul e nordeste do Brasil falam a
mesma língua, mas acabam utilizando expressões e sotaques diferentes que, às vezes, tornam-
se complicados para ambos se compreenderem. De igual forma existem os falares específicos
de grupos profissionais, como por exemplo: advogados, analistas de sistemas, engenheiros,
policiais e médicos, que desenvolveram vocabulários próprios de sua profissão para expressar
ideias específicas de seu ofício, mas que, quando aparecem em contextos diferentes, acabam
dificultando o entendimento de quem não pertence a esse grupo.
Sendo assim, entendendo que cada profissão possui uma linguagem própria, com
características únicas e peculiares, e que qualquer membro pertencente a ela pode adotá-la
naturalmente no seu exercício, Moreno Martins (2006, p.10 apud Reolon, 2010, p.10) salienta
que “a linguagem para o advogado [...] tem um significado muito mais contundente, uma vez
que a linguagem é o instrumento de trabalho para o advogado. Saber fazer uso desse
instrumento na medida adequada é bastante difícil para o profissional do Direito”.
Nesse liame, destaca-se o termo: Linguagem Forense, língua notoriamente utilizada
por juristas e advogados, podendo ser considerada como uma linguagem de segundo grau, pois
16

embora se desenvolva por meio de determinada língua natural (português, inglês, francês, etc.),
possuí termos específicos do Direito, considerado por muitos uma ciência autônoma. (MAGRI,
2014)
Segundo Dantas (2012): “a necessidade de popularização desse linguajar surge no
Brasil com a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, que estabeleceu muitos direitos e
garantias que o povo ainda desconhece.”.
Ademais, Fröhlich (2014) aduz que a Linguística Forense (LF) pode ser considerada
um ramo da Linguística Aplicada (LA), parte essa que está inserida na Linguística, conforme
se observa no diagrama:

Figura 2 – Linguística Forense

Fonte: Frohlich (2014, p. 49)

Desta forma, pode-se compreender que o estudo da Linguagem Forense é complexo e


vai muito mais além do que estudar termos técnicos ou vocabulários vastos de palavras arcaicas
e rebuscadas.
De acordo com os professores Rui Sousa-Silva e Malcolm Coulthard (2010, apud
Souza-Silva & Coulthard, 2016):
A Linguística Forense pode definir-se no sentido lato ou no sentido mais restrito
(Coulthard & Johnson, 2010). No sentido lato, inclui três subáreas: a) linguagem
17

escrita da lei; b) interação verbal em contextos legais; e c) linguagem como prova. Em


sentido restrito, a definição de Linguística Forense limita a disciplina à linguagem
como prova.

Além disso, conforme os ensinamentos de Celestina Vitória Moraes Sitya, o uso dessa
linguagem exige algumas orientações importantes:
A linguagem jurídica exige que os termos estejam sempre em seus devidos lugares,
ou seja, empregados especificamente para a situação determinada. Há de se destacar
que um repertório verbal preciso e tecnicamente adequado somente se adquire ao
longo de muitas pesquisas e leituras jurídicas, vivência nas lides forenses. Os termos
jurídicos adquirem conteúdo semântico próprio e o emprego de sinônimos pode alterar
o sentido e desvirtuar a expressão legal. (SYTIA & FABRIS, 2002. p. 23 Ibid p. 24)

Nesse sentido, cabe destacar que os termos técnicos no Direito são indispensáveis, no
entanto, não podem desvirtuar a função social da língua, ou seja, precisa-se imaginar que o
leitor do documento consiga compreendê-lo. (MATTOS, 2020)
Todavia, na maior parte das vezes, os leitores acabam ficando confusos ao ler as peças
processuais. Isto acontece pela tentativa dos profissionais do Direito utilizarem termos
antiquados e em desuso, além de figuras de linguagem extravagantes, e, principalmente, a
utilização de palavras fora de seu contexto médio de compreensão não entendidas pela maioria
das pessoas, com o objetivo de criar um discurso ou texto muito empolado, pomposo.
(REOLON, 2010, p. 189)

2.3.1 A (In) compreensão da Linguagem Forense

A utilização de termos em latim bem como palavras rebuscadas como praxe para
demonstrar conhecimento é algo comum e perceptível dentro da comunidade jurídica.
Entretanto, Marcio Maturana (2012) aduz que essas palavras, dentro do nosso idioma, estranhas
e desconhecidas, acabam muitas vezes tornando sentenças judiciais e textos do direito
completamente incompreensíveis.
Nos ensinamentos de Andréa Medeiros Dantas (2012) percebe-se que:
A linguagem jurídica sempre foi, para a maioria das pessoas, uma grande porta
fechada. A linguagem é a ferramenta mais utilizada para efetivar a comunicação entre
as pessoas e é o componente essencial de qualquer ciência, principalmente a ciência
jurídica. Através da comunicação a justiça é realizada, os conflitos são solucionados
e a paz social é alcançada. (grifou-se)

Alvim (2013) complementa, ironicamente, que: “O falar difícil, cheio de


rebuscamentos, só é bonito para dois tipos de pessoas: as que conseguem compreendê-las e
preferem a forma ao conteúdo, e aquelas que não entendem uma só palavra e acreditam que isto
é sinal de erudição. ”
18

Ademais, Slabi (2017) sugere uma certa importância com os leigos:


(...) quando se fala em educar os leigos talvez esteja se ignorando a fonte do problema,
a própria linguagem utilizada. Em que pese ser importante informar os cidadãos, é
também essencial a educação dos juristas, em busca de motivar não só a coerência
textual, mas de tornar a linguagem acessível, limitando o uso dos termos técnicos, e
adaptando o texto aos seus reais destinatários, o que permitiria maior identificação
destes com o próprio poder judiciário. Essa identificação é importante, pois a
manutenção do judiciário enquanto uma entidade estranha à sociedade, do ponto de
vista cultural, dificulta o estabelecimento de uma relação de confiança entre este e o
cidadão, o que acaba desvirtuando sua finalidade aparente de obtenção de justiça, de
fato, o direito é mais comumente considerado como uma forma de obter vantagens e
impor prejuízos.

Sendo assim, ressalta-se a existência do Manual de Redação e Padronização de Atos


Oficiais do Ministério Público Federal que traz em seu texto aspectos da problemática da
linguagem técnica:
A falta de precisão na linguagem acarreta problemas para o desempenho de tarefas e,
às vezes, prejudica as relações humanas, gerando desentendimentos, discussões e até
redução da produtividade. (...) É preciso ser econômico na utilização das palavras,
conciso em sua exposição, utilizando somente aquelas necessárias à compreensão da
mensagem transmitida. Devem-se evitar as explicações supérfluas e inúteis, tratar de
um assunto por vez, ser coerente e buscar alcançar o objetivo previamente traçado. E
isso ainda não é suficiente. A estética, a visualização do texto impresso no papel, tudo
deve ser feito tendo em vista o leitor (BRASIL, 2014, p. 11) (grifou-se)

Nesse intuito, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em 2005, no Rio de


Janeiro, lançou uma campanha para simplificar a linguagem jurídica, chamada de Campanha
Nacional pela Simplificação da Linguagem Jurídica e realizada pela Escola de Direito do Rio
de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (Direito Rio/ FGV). O próprio Diretor da Escola,
Joaquim Falcão, disse que “O Poder Judiciário é inacessível porque fala outra língua e isso
afasta a Justiça de todos”. (AMB, 2005)
Além do mais, de acordo com a reportagem de capa da edição de junho de 2003 do
Jornal do Advogado, a qual abordava a comunicação dos operadores do Direito entre si e com
a sociedade, foi apontado que: “as dificuldades de entendimento estão aumentando por conta
de rebuscamentos, erros de português e excesso de citações feitas dos operadores”.
(REVISTA CONSULTOR JURÍDICO, 2003)
De acordo com Campos (2005) “[...] isso ocorre porque o Direito é uma ciência que
ainda mantém, por causa de suas tradições, muitas formalidades. Uma delas está relacionada
com a linguagem. Alguns juristas ainda acreditam que falar e escrever difícil demonstra
cultura.”.
Teresa Arruda Alvim (2017) complementa que:
Esta busca desenfreada por sinônimos extravagantes e de gosto duvidoso vem da
época em que Direito não era ciência e, então, se usava a regra da literatura: não se
podem repetir palavras.... Esta espécie de linguagem esconde também o desejo de se
19

demonstrar erudição e poder, já que são poucos os que dominam tal vocabulário
erudito.
Outra das funções da linguagem empolada é a de esconder a falta de cultura jurídica.
A única função da linguagem deve ser a de comunicar. Não a de mostrar poder ou a
de confundir o interlocutor. Muito menos a de manipulá-lo.
Usar este estilo demonstra um desprezo inadmissível pela principal função da
linguagem que é a de transmitir ideias. Cultivar o gosto por este estilo de discurso é,
no mínimo, ser “elitista”, no pior sentido da expressão, e ignorar que o direito tem,
sobretudo – senão única e exclusivamente – uma função social. Porque privar parte
da sociedade da compreensão do Direito? Ou seja: de entender as regras a que todos
estão submetidos? Não parece totalmente sem sentido?

Ocorre que, conforme o art. 46 do Código de Ética da OAB: “O advogado, na condição


de defensor nomeado, conveniado ou dativo, deve comportar-se com zelo, empenhando-se para
que o cliente se sinta amparado e tenha a expectativa de regular desenvolvimento da demanda.”
(BRASIL, 2017)
Nesse diapasão, segundo Maia, Alves da Silva e Queiroga da Silva (2018, p. 131): “o
uso dos termos jurídicos extremamente pomposos e herméticos encontra um obstáculo em sua
pragmática, pois, segundo o próprio código de conduta das pessoas que fazem uso desse jargão,
impede que seu cliente sinta-se “amparado” e “encontre suas expectativas.”
Posto isso, sabendo que a linguagem forense deve ser acessível a qualquer pessoa, por
mais clara e objetiva que possa ser, sempre será subjetiva conforme a avaliação ótica do
representante social. (CARRASCO, 2013)

2.4 O “JURIDIQUÊS” COMO VÍCIO DE LINGUAGEM

O “juridiquês” pode ser considerado uma linguagem evasiva, cheia de adjetivos e


advérbios desnecessários, bem como a utilização expressões ambíguas, termos rebuscados,
excesso de latinismo, frases redundantes e parágrafos longos. (JESUS; EMIDIO, 2021)
Maia, Alves da Silva e Queiroga da Silva (2018, p.136), na mesma linha, trazem a
seguinte definição:
Entende-se por “juridiquês” as expressões e termos utilizados entre os operadores do
Direito, caracterizado pelo uso de gírias e jargões que tornam robusto, do ponto de
vista jurídico, o texto apresentado. Pode-se defini-lo ainda como um desvio no
linguajar jurídico, na forma de preciosismo e no uso em excesso e desnecessário dos
termos formais na construção textual jurídica, observados atualmente nos pronomes
de tratamento dirigido aos magistrados e até mesmo entre os advogados, no curso
processual.

Ademais, Fröhlich (2015, p. 185) reforça que o termo é caracterizado pelo:

(…) uso extremo e complexo da linguagem jurídica, “que se propõe, mesmo que
inconscientemente, a persuadir e desorientar o leitor, com o uso de recursos
linguísticos altamente terminológicos (como o uso de jargão profissional), muitas
vezes arcaicos (como o uso extremo de latinismos), e de construções impessoais
20

(como o uso de passivas), que despersonalizam o autor da fala, mas que, não raras as
vezes, são vistos como necessários para validar o gênero do documento (como leis e
códigos).

Nesse viés, a advogada Raquel Karine Matos (2020) relembra que: “No Brasil, o termo
“juridiquês" ficou conhecido publicamente depois que a Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB) lançou a “Campanha pela Simplificação do Juridiquês” em 11 de agosto de
2005.”
Portanto, segundo aduz Sabbag (2016, p. 18 apud MATTOS, 2020):
O Direito é a profissão da palavra, e o operador do Direito, mais do que qualquer outro
profissional, precisa saber usá-la com conhecimento, tática e habilidade. Deve se
prestar muita atenção à principal ferramenta de trabalho, que é a palavra escrita e
falada, procurando transmitir melhor o pensamento com elegância, brevidade e
clareza.

A própria Ministra Ellen Gracie, no discurso de posse da presidência do Supremo


Tribunal Federal, demonstrou uma clara preocupação com uso do “juridiquês”, arguindo que:
“A decisão deve ter caráter esclarecedor e didático. Destinatário de nosso trabalho é o cidadão
jurisdicionado, não as academias jurídicas, as publicações especializadas ou as instâncias
superiores. Nada deve ser mais claro e acessível do que uma decisão judicial bem
fundamentada.” (NORTHFLEET, 2006 apud SLAIBI, 2017)
O Manual de Redação da Presidência da República, portanto, esclarece que:
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de
que evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o
vocabulário próprio à determinada área, são de difícil entendimento por quem não
esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em
comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes
dirigidos aos cidadãos.

Ademais, o Manual de Redação Oficial do Tribunal de Contas do Distrito Federal


complementa:
A eficácia da comunicação jurídica depende basicamente do uso de linguagem
simples e direta, chegando ao assunto que se deseja expor sem passar, por exemplo,
pelos atalhos das fórmulas de refinada cortesia usuais no século passado. Ontem o
estilo tendia ao rebuscamento, aos rodeios ou aos circunlóquios; hoje, a vida moderna
obriga a uma redação mais objetiva e concisa.

Por conseguinte, o Art. 192 do Código de Processo Civil de 2015 tem em sua redação
a obrigatoriedade de todos os atos e termos do processo utilizarem a língua portuguesa e,
quando redigido em língua estrangeira, somente poderá ser juntado aos autos quando
acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela
autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
Desta forma, conforme os ensinamentos da Doutora em Letras, Valdeciliana da Silva
Ramos Andrade:
21

(…) expressões como: “Alvazir de piso” para “juiz de primeira instância”, “Aresto
doméstico” para “alguma jurisprudência do tribunal local”, “Autarquia ancilar” para
“Instituto Nacional de Previdência Social”, “Caderno indiciário” para “inquérito
policial”, “Cártula chéquica” para “folha de cheque”, “Consorte virago” para
“esposa”, “Digesto obreiro” para “Consolidação das Leis do Trabalho”, “Ergástulo
público” para “cadeia”, “Exordial increpatória”, para “denúncia (peça inicial do
processo criminal)”, “Repositório adjetivo” para “Código de Processo, seja Civil ou
Penal”. Essas expressões, além de serem estranhas, são difíceis de serem
compreendidas, ferem a norma culta e, em consequência, o previsto no art. 192 do
Código de Processo Civil de 2015 (…) (ANDRADE, 2009 apud LEÃO ET AL, 2018)

Portanto, sabendo que grande parte dos profissionais do Direito tem noção sobre o
quão importante é se expressar de maneira clara, deve-se atentar ao uso de um vocabulário mais
acessível, mesmo quando se deve fazer uso de termos mais técnicos. (JESUS; EMIDIO, 2021)
Leão et al (2018), nesse viés, ressaltam sobre a utilização frequente da linguagem
técnica:
(…) o emprego excessivo da linguagem técnica, proveniente da formalidade típica
dos profissionais do ramo, pode interferir no processo de conhecimento, interpretação
e comunicação por parte do cidadão comum, alheio ao meio jurídico. Uma linguagem
jurídica mais simplificada certamente conferirá maior legibilidade e compreensão dos
textos por parte de todos os cidadãos. Ademais, as leituras realizadas permitem a
consideração de que o direito é alcançado de maneira efetiva por meio da linguagem,
nesse sentido, o ideal é que os legisladores considerem sempre a relação de
interdependência dele com a linguagem, como forma de garantir a clareza, a precisão
em seus textos, o que garantirá, consequente, acesso a todas as pessoas, sejam elas de
alto ou baixo grau de escolarização e de letramento. É uma forma constitucional de
garantir direitos.

Em razão disso, Carrasco (2013) recomenda a simplificação da língua escrita e falada,


como evitar, por exemplo, o emprego de termos anacrônicos ou peculiares bem como o uso do
latim. Por fim, a autora conclui que o “juridiquês” é um vício e não uma necessidade.

2.5 MOVIMENTO PLAIN LANGUAGE

Segundo Gouvea (2021), muitos clientes sofrem com o “juridiquês”, com


formalidades dos advogados e com a solenidade requerida no rito judicial, precisando, muitas
vezes, perguntar a amigos advogados para compreender o que seu próprio advogado está
fazendo e como está sua situação perante o processo.
À vista disso, Jorgewich (s.d) questiona ao público, quantas vezes já se leu um
enunciado e não entendeu o que estava escrito. Na mesma pergunta, ela responde que isso corre
pois não é algo simples pôr no papel, com clareza, aquilo que está cristalizado em nossa mente.
Nesse contexto, levando em conta a dificuldade de compreensão da linguagem forense,
Fröhlich (2015, p. 224) explica que:
22

Documentos jurídicos mais claros e sucintos é um desejo não só do público leigo, mas
sim de um grande número de usuários e operadores do Direito, que há anos se
movimentam em prol de uma linguagem jurídica simplificada. Esse movimento é
conhecido internacionalmente por Plain Language (linguagem objetiva), que procura
incentivar o poder público, bem como todos os juristas, ao uso mais consciente e
sucinto da linguagem do Direito, a fim de democratizar os textos de documentos
jurídicos por meio da descomplicação linguística.

Acredita-se que o movimento Plain Language surgiu entre 1940 e 1970 em países de
língua inglesa e, com o passar do tempo, expandiu-se. Desta forma, outros movimentos se
iniciaram, como por exemplo o Plain Swedish, que teve como foco a simplificação da
linguagem forense na Suécia. (TIERSMA, 1999, p. 222 apud FRÖHLICH, 2015, p. 225)
Além disso, o movimento luta pelo direito à linguagem simples e acessível nos textos
importantes aos cidadãos, como leis, decisões judiciais, bulas de remédios, apólices de seguros,
etc. (REVISTA CIENTÍFICA DO STJ, 2020)
A jornalista, fundadora da Comunica Simples e autora do livro “Clareza em textos de
e-gov, uma questão de cidadania”, Heloísa Fischer diz que: “Há muitas formas de exclusão e
uma delas é a social, causada pela linguagem. Se há uma informação que garantiria um direito
e ela está escrita de forma difícil, o cidadão não a entenderá e isso causará prejuízos”. (VALLE,
2020)
Nesse viés, Fischer (2019) reforça que: “usar linguagem simples em documentos e
comunicados traz benefícios muito concretos para o cidadão e para a máquina pública.
Economiza tempo e dinheiro, agiliza processos, aumenta produtividade e, principalmente,
fortalece a confiança no setor público. ”
Um fato interessante sobre o movimento é que, no ano de 2010, o próprio ex presidente
americano, Barack Obama, assinou o Plain Writing Act, ou, melhor dizendo, a lei da escrita
simples: “ (…) clara, concisa, bem organizada, seguindo as melhores práticas para o assunto,
para a área e para o público-alvo”, a qual menciona o público-alvo por entender que uma
linguagem pode ser clara para um conjunto de leitores, mas não para outro. (JORGEWICH, s.d)
Brigo (2020), desta forma, explica sobre o objetivo do movimento até o momento da
assinatura do Plain Writing Act:
O objetivo era melhorar a eficácia e a prestação de contas das agências federais,
promovendo uma comunicação que o público pudesse entender e usar. Todos os
órgãos federais tinham o prazo de um ano para: Designar um oficial sênior para
"escrita simples"; Explicar os requisitos da lei para os funcionários; Usar linguagem
simples em qualquer documento com informações sobre benefícios e serviços e
exigências do governo; Publicar um relatório de conformidade que atendesse aos
requisitos da lei em sua página web de linguagem simples.
A data de assinatura do Plain Writing Act (13 de outubro) se tornou tão simbólica que
passou a ser considerada o Dia Internacional da Linguagem Simples.
23

Vale reforçar que as mais recentes legislações já exigem a substituição da liturgia pela
clareza e objetividade, exemplo disso são: o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Marco
Civil da Internet, a Lei da Liberdade Econômica e a Lei de Proteção de Dados e Privacidade
entre inúmeras outras leis e sistemas legislativos. (HACKEROTT, 2021)
Portanto, neste capítulo, apresentou-se a origem da linguagem, os conceitos de língua,
linguagem e linguística e a definição de linguagem forense, assim como sua (in) compreensão,
seus vícios de linguagem e o movimento que luta por sua simplificação, possibilitando chegar
ao entendimento de como a linguagem surgiu, como ela é utilizada no meio jurídico e como é
vista de forma complicada para o público em geral assim como para a própria comunidade
jurídica, movimento até mesmo grupos que solicitam uma linguagem mais simplificada.
24

3 LEGAL DESIGN

Feitas as considerações anteriores a respeito da linguagem forense e seus vícios, este


capítulo abordará um novo conceito que está nascendo na comunidade jurídica internacional,
chamado de Legal Design. Pretende-se, a partir desta abordagem, demonstrar no que consiste
referido item bem como quais são suas principais características.
A fim de aprofundar o exposto, na próxima seção serão apresentadas algumas
definições e técnicas para que se compreenda quais fatores classificam o Legal Design.

3.1 SURGIMENTO, DEFINIÇÃO E TÉCNICAS

Sabe-se que os profissionais da área do Direito, neste século XXI, acabam tendo que
trabalhar com algumas condições diversas a qualquer outra época, como por exemplo o grande
avanço da tecnologia, que é um fator diferenciador nos contextos das outras épocas.
(FALEIROS JÚNIOR, 2021)
Com a invenção dos computadores, principalmente dos computadores pessoais, o
armazenamento, o processamento e a comunicação de informações tomaram proporções
gigantescas. Esses processos ficaram mais rápidos e a distância cada vez menor, de forma a
dinamizar o cotidiano das pessoas. (TAKASE, 2007 apud CASTELLS, 1999, p. 302).
O sociólogo espanhol, Manuel Castells (2010 p. 44 apud FONSECA E SÁ, 2016),
destaca que:
Sem dúvida, a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e,
em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período
histórico, traça seu destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a
evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a
capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as sociedades,
sempre em um processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.

Seguindo esse contexto, conforme os ensinamentos de Nybø (2021, p. 3 e 4):


A sociedade passou a ser impactada e orientada cada vez mais pelas interfaces digitais
nos últimos anos. São smartphones, computadores pessoais, tablets e smart-tvs que
dividem a atenção das pessoas no dia a dia. Segundo um estudo elaborado pela We
Are Social em 2020, as pessoas passam em média 6 horas e 43 minutos por dia na
internet. Esse tempo de uso da internet é distribuído entre o uso de computador,
televisão e smartphone.
Essas telas possuem em comum o fato de que os criadores dos aplicativos que usamos
em cada um desses dispositivos tem uma alta preocupação com design e com o que
chamamos de experiência do usuário.
Acontece que no Direito, em âmbito mundial, é comum não existir esse tipo de
preocupação. Os advogados, responsáveis pela elaboração da maioria dos documentos
jurídicos, não costumam levar em consideração o fato de muitos não entenderem os
termos utilizados, sequer saberem ler. Ao mesmo tempo, há essa constante influência
de outras áreas que acabam considerando aspectos do usuário e parecem agradecer
mais seu público.
25

Portanto, pensando na tecnologia como um marco de revolução, nasce o Legal Design


dentro do Direito. Ademais, ressalta-se que não há uma data exata da criação desse conceito,
no entanto, o termo foi difundido após a fundação do The Legal Design Lab, da Universidade
de Stanford, por volta de 2013, pela diretora Margaret Hagan1. (MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020,
p. 12)
Nessa linha, Hagan acaba por definir o Legal Design como:

(…) uma proposta inovadora: olhar o sistema legal a partir de seres humanos e
entender as questões cruciais e buscar soluções criativas para melhorá-los. Significa
priorizar aqueles que são os usuários do sistema legal – tanto os que estão excluídos e
precisam resolver seus problemas quanto os “profissionais” que trabalham dentro
dele. A perspectiva do legal design faz com que possamos falar com essas pessoas,
cocriar e testar elas – e assim gerar algo que efetivamente resolva problemas de forma
mais útil, usável e capaz de gerar engajamento. Legal design nos ajuda a fazer
pequenas mudanças em grandes processos. Você pode usá-lo para aprimorar
documentos legais, produtos, serviços, políticas ou organizações. Trata-se de utilizar
estratégias criativas centradas no ser humano para encontrar maneiras de servir melhor
as pessoas. (HAGAN, s.d apud OIOLI, 2020)

Ademais, cumpre esclarecer que o Legal Design, tem o objetivo de aprimorar diversas
questões em relação a experiência dos operadores do direito e seus clientes, bem como a relação
dos próprios advogados com os Tribunais e servidores públicos. (NUNES; RODRIGUES,
2020, p. 238)
Robert Half (2020), em uma detalhada explicação, diz que:
De maneira sintética, o termo Legal Design tem sua inspiração nos conceitos de
Design Thinking e de User Experience (UX), que são metodologias de comprovada
eficiência e utilizadas para propor soluções com colaboração e também empatia.
Essas metodologias fazem uso de premissas que procuram tornar os processos mais
empáticos, além de entender, investigar e avaliar os cenários. Partindo desse princípio,
passam a fazer uso de novas tecnologias, que podem oferecer inovação em forma de
respostas para os problemas apresentados.
Para tanto, fazem uso da combinação de departamentos do design, da tecnologia e do
direito. Assim, o design atua em uma composição que considera a mentalidade
inovadora e criativa, direcionada para a resolução de conflitos, o que pode ser útil para
a gestão das corporações.
Dessa forma, a mentalidade do Legal Design tem aplicabilidade nos serviços
jurídicos, fazendo o rompimento com o pensamento tradicional da área, que é bastante
comum, inclusive fomentada pelos próprios profissionais do segmento.

Desta forma, apesar de cada autor ter sua própria visão sobre os elementos que
compõem o Legal Design, encontra-se um ponto de convergência entre eles, qual seja, a

1
Margaret Hagan é advogada, designer, diretora do Legal Design Lab e palestrante da Stanford Institute of Design.
Foi bolsista da Universidade de Stanford entre os anos de 2013 e 2014, onde lançou o Program for Legal Tech &
Design (Programa de Tecnologia Jurídica e Design) experimentando como o design pode tornar serviços jurídicos
mais utilizáveis. Ministrou diversas aulas com grupos de alunos interdisciplinares, enfrentando inúmeros desafios
jurídicos por meio de pesquisas focadas em User Experience - UX (Experiência do Usuário), além disso, conduziu
diversos workshops para profissionais da área do direito no processo de design. (STANFORD LAW SCHOOL,
[2015]).
26

aplicação de elementos de design e a experiência do usuário em documentos e produtos


jurídicos. (MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020, p. 13)
Ademais, o movimento ligado ao Legal Design busca trazer novos formatos de
contextualizar e pensar a advocacia, fazendo com que os processos sejam voltados para as
soluções focadas nas pessoas. Não bastasse, esse conceito representa uma forma de os
profissionais do direito se diferenciarem, apostando no uso de tecnologias como ponte
facilitadora na formação de sociedades mais robustas e inovadoras. (HALF, 2020)
Portanto, feitas as considerações sobre o que é Legal Design e como ele surgiu, passa-
se para os critérios que o definem.

3.1.1 Storyngtelling

Storyngtelling, ou narrativa, é um método de compartilhamento de insights e ideias-


chave. Através desse recurso, pode-se criar histórias envolventes a partir de uma variedade de
perspectivas. (STICKDORN; SCHNEIDER, 2014, p. 204)
Rafael Rez (2017), em complemento, explica que:
(...) é a capacidade de contar histórias de maneira relevante, onde os recursos
audiovisuais são utilizados juntamente com as palavras. (...) em outras palavras, o
storytelling tem um caráter muito mais persuasivo do que invasivo.
(...)
O objetivo de contar uma história é encantar e cativar uma audiência. Logo, é
importante ter a noção exata do seu público-alvo para que a mensagem seja a mais
personalizada e assertiva possível.
Uma história interessante é a soma de alguns fatores muito bem alinhados:
vocabulário adequado, enredo inteligente e provocativo, personagens que representem
anseios, dores e a realidade daqueles que receberão a mensagem em questão, além de
elementos e suporte visual, tais como: imagens, ilustrações, vídeos e similares –
compondo uma colcha de retalhos capaz de emocionar, entreter e persuadir o seu
receptor. (grifou-se)

Desta forma, entende-se que uma boa história consegue atiçar boas lembranças, além
de um sentimento de empatia com o sujeito ou com a situação da ação, que pode surgir em
diversos contextos de nossa vida. (PARENTE, 2017)
Além disso, Rodrigo de Bem (s.d) diz que a arte de contar histórias na busca de
conexão entre o comunicador e o seu público pode ser também utilizada na advocacia,
especialmente na busca de se reconhecer um direito na peça processual. Nesse sentido, o autor
menciona que:
Todo processo judicial pressupõe a apresentação de uma petição inicial, na qual a
parte autora expõe os fatos que servem de embasamento para uma pretensão resistida
pela parte contrária. Porém, muito se diz que as petições judiciais se tornam chatas
pelo excessivo uso de argumentação jurídica e pela ausência de um enredo que prenda
o julgador à história que está sendo contada.
27

(...) ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma narrativa em storytelling busca
expor os fatos de forma objetiva. A apresentação dos fatos relevantes em um processo
judicial não precisa (nem deve) ser de forma prolixa ou repetitiva. Muitas vezes a
repetição de fatos e argumentos é usada sob o pretexto de destacá-los, aparecendo
várias vezes ao longo da narrativa, tornando-a cansativa e, possivelmente, provocando
um efeito indesejado no julgador.
Importante referir também que a narrativa em storytelling pode também ser utilizada
em audiências (apresentação de razões finais, depoimentos, etc) e sustentações orais,
possibilitando imprimir de forma ainda mais nítida os efeitos desejados diante do juiz
da causa. Com esta técnica, é possível contar os mesmos fatos de forma mais clara,
objetiva e ainda conduzir a leitura (ou escuta) para um efeito desejado, como um
sentimento de ofensa à honra, de injustiça, entre outros tantos.
(...) Desta forma, o uso da ferramenta do storytelling em demandas judiciais colabora
no sentido de tornar a narrativa dos fatos mais atraente ao julgador, trazendo-o para
dentro da história e dos fatos contados no processo, além de auxiliar no seu
convencimento.

Ademais, vasculhando-se as diversas doutrinas sobre o assunto, é possível encontrar


frequentemente o exemplo: “O Monomito” ou, popularmente chamado, “A Jornada do Herói”
do autor Joseph Campbell, fórmula narrativa que conseguiu reunir todos os elementos que
capturam a atenção do leitor em um único roteiro. (PATEL, s.d)
Segundo Amorim (2019): “A Jornada do Herói, é o tipo mais comum de storytelling.
Nesta categoria de narrativa, o “herói” é chamado para sair de sua zona de conforto e solucionar
um problema. Essa jornada pelo desconhecido não é nada linear, além de ser recheada de
obstáculos, metamorfoses e desafios.”
O modelo de “A Jornada do Herói” é resumido em 3 (três) etapas principais, quais
sejam: a partida – onde o herói deixa o mundo familiar para trás; a iniciação – onde o herói
aprende a navegar pelo mundo não familiar; e o retorno – onde o herói volta para o mundo
familiar. (CALTABIANO, 2021). Entretanto, a história é completamente dividida em 12
estágios que, conforme Amorim (2019), se caracterizam da seguinte forma:
Mundo Comum: O primeiro estágio forma o ambiente normal, onde o herói vive junto
a outras pessoas, antes de iniciar sua grande aventura; A Chamada: Aqui um desafio
surge e acaba influenciando o herói a sair de sua zona de conforto para solucionar um
problema; Recusa ou Reticência: O personagem tende a recusar ou demorar a aceitar
o chamado, resistindo a entrar naquela saga. Quase sempre é porque tem medo sente-
se inseguro ou incapaz; Mentoria: No quarto estágio ele se encontra com um mentor,
sábio, oráculo; recebe uma ajuda divina ou sobrenatural que o motiva a aceitar a
chamada, concedendo-lhe o conhecimento e a sabedoria para encarar a aventura;
Cruzamento do Primeiro Portal: Onde o herói imerge do mundo comum e ultrapassa
um portal que leva a um mundo especial, mágico, uma outra dimensão; Provações,
aliados e inimigos: No sexto estágio, o personagem passa por testes, enfrenta
problemas, incógnitas surgem. Nesta etapa ele também encontra aliados e enfrenta
inimigos e acaba aprendendo as regras do novo mundo; Aproximação: O herói vence
as provações; Provação difícil ou traumática: A maior dificuldade da aventura
aparece, como um caso de vida ou morte. Esta é a parte mais dolorida do enredo;
Recompensa: O personagem escapa do fim trágico, supera o medo e adquire a fórmula
mágica, a recompensa por ter aceitado o desafio; O Retorno: Retorna para o mundo
comum, volta ao ponto de partida; Ressurreição: Outro momento decisivo na vida do
personagem, mais um teste ao qual ele enfrenta o perigo, a morte e deve usar com
veemência tudo que foi aprendido, inclusive a fórmula mágica; Regresso com a
28

fórmula: É quando ele volta para casa com a fórmula a fim de ajudar a todos de seu
mundo comum.

Deste jeito, para usar a técnica de storytelling com um cliente ou um usuário, deve-se
encará-lo como o herói da história (PATEL, s.d), como no exemplo utilizado pelo autor, Neil
Patel:
O mundo comum é o universo atual do cliente ou público-alvo, em que há um
problema que precisa ser solucionado; O chamado à aventura é o chamado ao
reconhecimento do problema e busca das soluções; Recusa do chamado, obviamente,
há uma resistência inicial do cliente, e cabe a você superar as objeções; Encontro com
o mentor: o mentor, no caso, é você mesmo e a sua marca, que transmitem a confiança
necessária na jornada de compra; A travessia do primeiro limiar: é o momento em que
o cliente atravessa seus limites para assumir um novo ponto de vista sobre a solução;
Provas, aliados e inimigos: os pequenos desafios, no caso, são a superação de crenças
limitantes e receios do cliente; Aproximação da caverna secreta: é o momento antes
da decisão, em que você deve revisar as dores do cliente e apresentar seus benefícios;
A provação: é a batalha final pelo “sim” do cliente; A recompensa: é a merecida
conversão; O caminho de volta: a volta pode ser o pós-venda, em que o cliente retorna
com uma solução valiosa para transformar sua vida.

Ainda, Vieira (2019) salienta que os tópicos abordados são apenas recomendações que
podem ajudar a contar boas histórias, mas não se pode transformá-los em uma receita de bolo
ou uma fórmula. Não existe mandamentos ou escritas, podendo reinventar cada texto.

3.1.2 User Experience (UX)

User Experience, ou traduzindo para o português: experiência do usuário, pode ser


definida como todas as vivências de uma pessoa com uma marca, um produto ou um serviço,
seja no momento da compra ou durante seu uso. (TELLES, 2021, p. 198)
Dessa forma, Oioli (2020) introduz a temática comentando acerca da experiência dos
usuários nos serviços jurídicos:
(…) o design propõe que a abordagem envolva a perspectiva dos usuários, as pessoas
a quem as soluções jurídicas se destinam. Ou seja, ouvir e dar voz aos destinatários
dos produtos e serviços jurídicos ao invés de conceber soluções apenas sob o ponto
de vista dos profissionais do direito. É o que chamamos de experiência do usuário,
user experience em inglês, ou simplesmente UX.

Garrett (2011 apud SOARES FILHO, 2015, p. 45), no mesmo viés, entende que:
“quando pensarmos na experiência do usuário, deveremos dividi-la em vários elementos; ao
observar esses elementos de várias perspectivas, será possível afirmar que conhecemos as
implicações de nossas decisões.”.
Seguindo essa lógica, entende-se que a Experiência do Usuário trata do sentimento das
pessoas em relação a produtos e serviços, envolvendo infinitos aspectos como por exemplo:
usabilidade, funcionalidade, conteúdo, entre outros. (SOARES FILHO, 2015, p. 46)
29

Ademais, Moraes e Schermach (2013, p. 244) salientam que:


(...) nenhuma experiência é igual a outra. Portanto, para manter o interesse do usuário,
ou consumidor, a experiência deve se renovar a todo o instante (SCHMITT, 2000).
Estas experiências podem ser definidas como atos que ocorrem em resposta a algum
estímulo por meio de sentidos, pensamento ou qualquer outra forma de atributos
intangíveis do produto. A experiência direcionada ao usuário consiste no conjunto de
sensações, valores e conclusões que este obtém a partir da utilização de um
equipamento (...) (ROYO, 2008) (grifou-se)

Deste modo, visando a experiência dos usuários nos documentos jurídicos, o sistema
judiciário se modernizou, permitindo que os operadores do direito aprimorem tais documentos
a fim de torná-los mais eficientes, como por exemplo a Lei nº 14.129/2021 que, em seu Art. 3º,
traz alguns princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência pública. Dentre eles,
destacam-se os incisos VII, VIII e XXVI (BRASIL, 2021):
Art. 3º São princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência pública:
[…]
VII - o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer cidadão;
VIII - o uso da tecnologia para otimizar processos de trabalho da administração
pública;
[…]
XXVI - a promoção do desenvolvimento tecnológico e da inovação no setor público.

Não menos importante, a Resolução nº 185/2013, a qual instituiu a política pública


para a governança e a gestão de processo judicial eletrônico e integrou os tribunais do país com
a criação da Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro – PDPJ-Br, em seu Art. 2º, inciso
III, traz que um dos objetivos da PDPJ-Br é estabelecer o User Experience na plataforma.
Art. 2º A PDPJ-Br tem por objetivo:
[…]
III – estabelecer padrões de desenvolvimento, arquitetura, experiência do usuário
(User Experience - UX) e operação de software, obedecendo as melhores práticas de
mercado e disciplinado em Portaria da Presidência do CNJ;

Além disso, no Art. 9º, inciso VI, tem-se que: “o Ato da Presidência que disciplinar a
política de governança e gestão PDPJ-Br deverá estabelecer também a definição dos padrões
mínimos de interface, com aplicação dos conceitos de usabilidade, de acessibilidade e de
experiência do usuário (user experience).”.
Portanto, a experiência do usuário já está inserida em algumas partes do judiciário, no
entanto, para que se possa saber se as técnicas utilizadas estão tendo resultados positivos, o
feedback dos usuários e dos clientes é de extrema importância. (MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020,
p. 107)
30

3.1.3 Design Thinking

Tim Brown (2010, p. 39 e 40), uma das referências mundiais sobre o tema, conta que
a evolução do design ao design thinkng foi uma história de ascensão da criação de produtos até
a análise da relação entre as pessoas e esses produtos e, posteriormente, a relação entre as
pessoas com outras pessoas.
Seguindo o entendimento, Bukowitz (2013 apud Macedo; Miguel; Casarotto Filho,
2015, p. 169) diz que o design thinking é em uma abordagem de solução de problemas, que se
utiliza das ferramentas de criatividade e conceitos de diversas disciplinas para encontrar uma
solução.
Nesse viés, Blum, Vainzof e Moraes (2020) detalham que:
Quando se pensa na palavra “design”, a primeira coisa que vem em mente é o aspecto
“estético”, um “projeto” ou um “desenho” de um objeto. Porém, o design não se limita
às formas, seu propósito é unir a forma de determinado objeto à sua funcionalidade.
Portanto, parte-se de uma visão em que esse objeto se relaciona com o seu destinatário,
a sua concepção leva em consideração essa interação entre o objeto de criação e seu
usuário final.
Diante desta definição de design, é possível concluir que o designer cria projetos
centrados nas pessoas. Isso pode parecer óbvio e simples, especialmente para os dias
de hoje em que se falar de “user experience”. Essa forma peculiar de pensar dos
designers, o que em inglês pode ser traduzido como “design thinking” (pensamento
de design), vem ganhando espaço e sendo tratado como um novo modelo mental. É
uma nova forma de pensar, abordar problemas e inovar, trazendo as pessoas para o
centro do projeto. (SERAFINO & JACINTO, 2020) (grifou-se)

Ademais, Nybø (2021, p. 12) argumenta que referido conceito trata-se de uma
metodologia aplicável em qualquer área do conhecimento, seguindo alguns passos bem
definidos para ser executada. Além disso, o autor destaca que, por conta do design thinking não
se restringir somente ao Direito, a expressão “legal design thinking” acaba sendo incorreta.
Nunes e Rodrigues (2020, p. 234), na mesma linha, comentam que se trata de “uma
abordagem, que altera a ótica e permite apresentar ideias mais criativas para a solução da
questão e que atendam o usuário (...)”. Portanto, sabendo que o Legal Design foca na criação
de um produto ou serviço jurídico, ele permite a utilização do processo de design thinking.
(MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020, p. 23)
Dessa forma, no que se refere a estrutura do design thinking, pode-se dizer que sua base
é dividida em 3 (três) pilares: empatia, experimentação e prototipação. Na empatia é possível
traduzir observações em insights que podem melhorar a vida das pessoas, na experimentação
há os testes, onde é possível aprender com o erro, permitindo descobrir caminhos inusitados e
na prototipação é onde se cria modelos para avaliar se é viável, desejável e praticável.
(SEBRAE, 2019)
31

Por outro lado, a metodologia, adotada na D.School – instituto de Design Thinking de


Stanford – envolve 5 (cinco) etapas, quais sejam: Empatia; Definição; Ideação; Prototipação e
Teste. (D.SCHOOL, 2011)

Figura 3 – Etapas do Design Thinking

Fonte: Adaptado de TRT 6ª Região – PE (2020)

De acordo com Colaço (2021), na etapa de empatia é necessário ter uma compreensão
empática sobre quais são as necessidades das pessoas que estão envolvidas no problema, ou
seja, de uma forma geral, a empatia permite deixar que o indivíduo dispense suas próprias
suposições e obtenha uma visão divergente da sua.
Brown (2010, p. 46) define a empatia como:
(...) hábito mental que nos leva a pensar nas pessoas como pessoas, e não como ratos
de laboratório ou desvios-padrão. Se formos "tomar emprestada" a vida dos outros
para inspirar novas ideias, precisamos começar reconhecendo que seus
comportamentos aparentemente inexplicáveis representam diferentes estratégias para
lidar com o mundo confuso, complexo e contraditório no qual as pessoas vivem.

No que diz respeito a etapa definição, Xavier (2017) entende que: “é o “ponto de
visão”, claro e objetivo para toda a equipe, do problema delimitado”. Aduz o autor que neste
ponto delimita-se o problema, utilizando-se registros das necessidades e conhecimentos que
forma descobertos na etapa anterior (Empatia).
Ademias, Maya; Nybø; Cunha (2020, p. 28 e 29) descrevem que a etapa de idealização
surge a partir da realização de um brainstorming, onde se pode coletar o máximo de ideias
possíveis. Quanto a prototipação, mencionam que se constrói uma versão simplificada para,
posteriormente, ser testada. Nesta etapa vale reforçar que não se faz aperfeiçoamentos no
produto ou serviço pois ainda haverá a etapa de testes, onde poderá ser necessário alterar
algumas coisas.
32

Na etapa de testagem é preciso experimentar os protótipos. Normalmente, as equipes


costumam usar os resultados para redefinir um ou mais problemas que encontram. Portanto,
caso seja necessário, ainda é possível retornar alguma etapa anterior para alterar, refinar ou
descartar algo. (COLAÇO, 2021)
Desta forma, entende-se que o design thinking permite uma visão de fora para dentro
do problema, permitindo a compreensão dos usuários, descobrindo suas expectativas e
necessidades para poder solucioná-las. (SEBRAE, 2014)

3.1.4 Visual Law

O Visual Law ou melhor dizendo, direito visual, segundo Nunes e Rodrigues (2020, p.
240) é “a utilização de técnicas que conectam a linguagem escrita com a linguagem visual ou
audiovisual.”
De acordo com Oioli (2020), certas pessoas enxergam o Visual Law como “a produção
de conteúdo jurídico claro, esteticamente agradável (com o auxílio do design gráfico e design
da informação) e formatado para o contexto de uso da pessoa a quem a informação se destina
(aplicando princípios da usabilidade).”
Poliane Almeida (2020), em outro sentido, explica que:
O Visual Law é na verdade um braço do Legal Design. É uma mudança de
pensamento, uma mudança do Minset, mudança na forma de apresentar documentos
jurídicos. É tornar a experiencia do usuário a melhor possível, seja através de
linguagem simplificada, recursos visuais, audio-visuais e outros.
Na verdade, o Visual Law não é o recurso que retira o texto de circulação e nem tão
pouco colocar figura/desenho em tudo ou deixa o documento bonitinho. Essa técnica
vai muito mais além. Pelo Visual Law podemos nos aproximar do usuário/cliente e
fazer com que ele entenda cada linha do documento.
Simplificar a linguagem, tirar termos jurídicos que somente advogados conhecem.
Deixar os documentos ou petições com fácil entendimento para qualquer pessoa, em
qualquer nível de conhecimento. (grifou-se)

Assim, visto como uma das utilidades inseridas dentro do Legal Design, o Visual Law
é classificado como “uma nova forma de argumentação jurídica que combina elementos visuais
e textuais para contextualizar o caso em petições e simplificar contratos, tornando os
documentos simples, interativos e fáceis de ler.” (THOMSON REUTERS, 2020)
Além disso, Leonardo Sathler de Souza (2021, p. 107 e 108) acredita que os advogados
capazes de navegar as novas correntes visuais, tendem a ter melhores chances na expressão de
fundamentos e no compartilhamento retórico de seus discursos.
33

Nesse viés, ressalta-se a vigência da Resolução nº 347/2020, assinada pelo Ministro


Luis Fux, onde, em seu Art. 32, parágrafo único, recomenda-se a utilização de recursos visuais
(Visual Law) sempre que possível, conforme se observa:
Art. 32. Compete aos órgãos do Poder Judiciário elaborar o Plano Estratégico de
Comunicação para implementação dos ditames desta Resolução, que assegure, além
do disposto na Resolução CNJ nº 85/2009, os seguintes objetivos:
(...)
Parágrafo único. Sempre que possível, dever-se-á utilizar recursos de visual law que
tornem a linguagem de todos os documentos, dados estatísticos em ambiente digital,
análise de dados e dos fluxos de trabalho mais claros, usuais e acessíveis.

A fim de exemplificação, pode-se mencionar dois documentos judiciais elaborados por


magistrados que utilizaram Visual Law. O primeiro (ANEXO I), cuida-se de um Resumo de
Acórdão da Justiça do Trabalho, realizada pelo Desembargador Sérgio Torres Teixeira da
Primeira Turma do TRT da 6ª Região. O segundo (ANEXO II), trata-se de um simples modelo
de Mandado de Citação e Intimação da Penhora em um processo de Execução Fiscal, elaborado
pelo Juiz Federal Titular da 6ª Vara da Justiça Federal do Rio Grande do Norte, Marco Bruno
Miranda Clementino.
Sendo assim, Sabrina Creder (2020) acredita que falta apenas uma conscientização das
universidades acerca da inclusão de disciplinas alinhadas a evolução da sociedade e do Direito
em seus currículos, para que, desta forma, o Visual Law conquiste um espaço no mercado
jurídico. Ademais, a autora afirma que é necessário perder o medo de errar e testar inovação
dentro da prática jurídica, principalmente no que diz respeito aos clientes, magistrado e outros
envolvidos na relação.

3.2 RECURSOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS MAIS UTILIZADOS PELO LEGAL


DESIGN

Pretende-se, neste tópico, abordar os recursos visuais e tecnológicos mais utilizados


dentro do Legal Design, explicando brevemente o que são, suas funcionalidades e como podem
ser utilizados dentro dos documentos jurídicos.

3.2.1 Utilização de Infográficos, Fluxogramas e Ícones

Conforme aduz Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 40), “alguns recursos são comumente
utilizados na criação dos documentos que se pautam pelas técnicas de Legal Design. Esses
recursos podem auxiliar a compreensão do destinatário final sobre o documento jurídico
apresentado.”
34

Nessa esteira, surge mencionar a utilização dos ícones, que nada mais são do que
funções simbólicas de um objeto ou pessoa, mantendo uma relação de similitude com a
referencial real. (CEIA, 2009)
Sua utilidade nos modelos jurídicos serve para identificar, de forma mais fácil e visual,
as informações no documento. Além disso, podem servir para identificar ações a serem
tomadas, como no caso de uma assinatura ao final de um contrato. (MAIA; NYBØ; CUNHA,
2020, p. 40 e 41)
No tocante aos Infográficos, Nediger (2021) os define como: “uma coleção de
imagens, visualizações de dados, como gráficos de barras e setores, e texto mínimo capaz de
fornecer uma visão geral e fácil de entender a respeito de um assunto. O autor diz que se trata
de uma ferramenta valiosa para a comunicação visual, pois chamam a nossa atenção e não
permitem que ela se disperse.
Em complemento, Stopanoviski (2015) menciona que:
O volume de informação presente na sociedade da informação inviabiliza que
decisões abarrotadas de informações, especialmente textuais, prestem atenção em algo
que não esteja resumido e que vá direto ao ponto. É essa a razão de existir dos
memoriais, por exemplo. Imagine seu poder de convencimento se os memorais
contiverem gráficos, tabelas e desenhos elucidativos!

À vista disso, algumas ideias de utilidade dos infográficos nas petições são: ilustrações
estatísticas em casos criminais, narração de acontecimentos em ordem cronológica e
apresentações comparativas, onde o advogado pode realçar semelhas e diferenças. (AZEVEDO,
2019)
Quanto aos fluxogramas, pode-se dizer que é uma espécie de diagrama (um desenho)
que “representa graficamente uma sequência de eventos, os passos de processamento e as
decisões tomadas durante um processo.” (OLIVEIRA, 2018)
Azevedo (2019), além de utilizar-se de exemplo próprio (ANEXO III), cita a utilidade
dos fluxogramas para ilustrar variedade de recursos em um mesmo processo:
Há casos complexos em que os advogados interpõem dezenas de recursos. Embargos
de declaração, embargos dos embargos de declaração, embargos dos embargos dos
embargos de declaração. E por aí vai. Chega um momento que nem o próprio julgador
consegue entender o “emaranhado processual”. Caberá o advogado então explicar, em
texto, toda a complexidade recursal, nem sempre com êxito.
Em tais situações, o profissional da advocacia pode utilizar fluxogramas detalhados.
Com eles, o advogado terá mais sucesso em esclarecer ao magistrado todos os recursos
que foram apresentados e por que aquele em questão merece ser provido. O
fluxograma traduz, de forma visual, a variedade de recursos em um mesmo processo,
tornando a informação mais clara.
35

Deste modo, o auxílio de infográficos e fluxogramas dentro das peças processuais


mostram-se atraentes para os leitores, pois de alguma uma forma, podem ajudar a tomar
decisões ou até mesmo solucionar enigmas. (OLIVEIRA, 2018)

3.2.2 Utilização de QR Codes

O QR Code é a abreviação de Quick Response Code, ou seja, um código de resposta


rápida. Sua estrutura é um código de barras bidimensional que pode ser escaneado por alguns
aparelhos celulares que possuem câmera. Através disso é possível codificar atalhos para
endereços eletrônicos, como por exemplo: URL e e-mails, textos, PDF, arquivos de imagens e
vídeos em geral etc. (MAZZOLA, 2021)
Como exemplos de utilizações, Carvalho Filho, Carvalho e Presgrave (2018, p.101)
lembram que:
Além da indústria publicitária, o QR Code vem sendo cada vez mais difundido no
ensino e no lazer. Bibliotecas já realizam a gestão de seus livros através da ferramenta;
livros, cada vez mais, incluem esses códigos para aprofundamento do conteúdo
abordado; museus utilizam QR codes para acesso a visitas guiadas por gravações ou
mesmo para experiências de realidade virtual ou aumentada. Enfim, as possibilidades
de uso são inúmeras e variadas.

Neste passo, quando se remete a possibilidade de utilização do QR Code dentro do


judiciário, lembra-se da redação do Art. 188 do CPC/2015, onde aduz que: “Os atos e os termos
processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir,
considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade
essencial.”. Ou seja, caso o QR Code preencha a finalidade essencial dos atos ou termos
processuais, seu cabimento pode ser válido, nos termos que preconiza referido artigo.
Ressalta-se também que o Projeto de Lei (PL 1.643/2021), apresentado no início de
2021 pelo deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), na Câmara dos Deputados, que visava
acrescentar dispositivo ao Código de Processo Civil para permitir a utilização de QR Code nos
processos judiciais eletrônicos, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, facilitando e acelerando o acesso aos documentos
jurídicos. (AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS, 2021)
Diante disso, de acordo com Mazzola (2020) as hipóteses de uso de QR Code dentro
dos documentos jurídicos são:
QR Code como elemento de persuasão. Basta pensar, por exemplo, na possibilidade
de o juiz, no momento de apreciação de uma tutela provisória, examinar um vídeo
ilustrativo ou slides — diretamente no celular — com explicações técnicas sobre o
bem em discussão, inclusive em realidade aumentada (isso é muito interessante em
ações envolvendo direitos de propriedade industrial, cujos temas são complexos.
36

Muitas vezes a mera inserção de hiperlinks não assegura o mesmo resultado);


Desnecessidade de acautelamento de mídias em cartório. Como o sistema do processo
eletrônico não permite o upload de arquivos com material audiovisual, as partes, na
prática, são obrigadas a acautelar o material em cartório. E isso quase sempre dificulta
ou burocratiza a análise da prova pelo juiz; possibilidade de despachos virtuais. O
advogado pode, por exemplo, inserir um QR Code nos memoriais distribuídos em
segundo grau, permitindo que o relator ou os vogais, diante da indisponibilidade ou
ausência ocasional, possam “escutar”, ainda que virtualmente, as ponderações do
causídico. Uma espécie de “sustentação virtual”. A mesma sistemática vale para
audiências pessoais em primeiro grau (artigo 7º, VIII, da Lei 8.906/94), sobretudo
quando se postula tutela provisória na petição inicial. Neste último caso, pode haver
até um reforço do contraditório, pois a parte contrária terá, na prática, acesso ao
“conteúdo destacado no áudio/vídeo”, o que não é possível nos atendimentos
individuais em gabinete; Otimização do tempo do juiz. Em vez de realizar uma
inspeção pessoal, comparecendo ao local (artigo 381 do CPC), o magistrado pode
eventualmente designar um oficial de Justiça para registrar determinada situação.
Com a inserção do material objeto da inspeção em um QR Code, poder-se-ia atingir a
“finalidade essencial” do ato (artigo 188 do CPC), evitando o deslocamento do juiz;
e praticidade e redução de custos. Com o QR Code, é possível, por exemplo, que uma
pessoa grave o próprio depoimento, sem a necessidade de redigir um documento ou
se dirigir a algum cartório local para fazer eventual declaração.

Nesse sentido, o advogado Euro Júnior acredita que a ideia vai se espelhar por diversos
escritórios do país, evitando gastos com idas até tribunais para realização de despachos. Além
disso, aduz que não se necessita de grandes investimentos para o uso de referida tecnologia,
uma vez que existem aplicativos gratuitos que geram os códigos. (ROVER, 2019)
Todavia, Torrano (2017) traz pontos importantes quanto as desvantagens do uso de
QR Code em peças processuais, tais como:
Força o juiz a pegar o celular e fazer o download de um aplicativo, tirando o foco dele
para com o computador; Gera um desgaste desnecessário de tempo, porque o conteúdo
poderia ser disponibilizado por "hiperlink" -- o que é acessível com 1 clique; Por ser
um aplicativo do celular, num primeiro momento, ficar-se-ia limitado ao dispositivo,
dificultando o manuseio do vídeo ou imagem; Lembre-se: não queremos tirar o foco
do juiz/técnico/analista. Queremos mantê-los no mesmo dispositivo com que
trabalham (= computador); Outro ponto: visualizar conteúdo no celular gera mais
cansaço do que no monitor do computador, prejudicando a postura do juiz, p. ex;
Efeito prático se chegar 30 petições no dia com QR Code? Ninguém acessará. Pois
sobrecarrega o tempo dos servidores e do juiz.

Azevedo (2021) entende que: “Embora o QR Code auxilie o julgador a acessar


conteúdos extra-autos nos processos físicos, nos processos eletrônicos o uso de tal recurso é
questionável. Os hiperlinks cumprem aqui a mesma finalidade, e o juiz pode acessá-los com
um simples clique, sem precisar sacar o smartphone e direcionar a câmera para o código
bidimensional.”.
Portanto, a utilização de QR Code, inseridos nos documentos jurídicos, possui pontos
positivos bem como negativos, deixando com que o autor da peça fique responsável em fazer
melhor proveito dessa ferramenta.
37

3.2.3 Utilização de Hiperlinks

Hiperlink é exatamente o mesmo que um link, ligação ou hiperligação inserida em um


hipertexto. De maneira simplificada, pode-se dizer que é uma forma de referenciar algo com a
finalidade de ligar um determinado documento a outro bem como uma página a outra.
(LOURENÇO, 2020)
Gualberto (2008, p. 57) complementa que os hiperlinks “funcionam como ligações
entre os nós, pois o hipertexto é constituído por nós (ou conceitos) e ligações ou hiperlinks
(relações). Os nós são constituídos por blocos textuais que podem ser organizados em
segmentos separados, embora inter-relacionados.”

Figura 4 – Documentos Conectados por Hiperlinks

Fonte: Proddigital (2020)

Rollemberg (2020) diz que a utilização de hiperlinks na petição eletrônica é uma


excelente forma de mostrar ao julgador do processo os meios de provas que precisariam ser
juntados em um arquivo físico em cartório. Aduz, ainda, que a maioria dos juízes aceitam essa
utilização.
Nesse diapasão, levando em conta que a justiça foi automatizada ao longo dos últimos
anos, fazendo com que as petições e documentos sejam anexadas de forma eletrônica, bem
como a relevante pandemia do Covid-19, que trouxe consigo grandes mudanças, entre elas, a
atividade remota (MAZZOLLA, 2021), exalta-se o regulamento regido pela Portaria CR n.
4/2020, onde, em seu artigo 1º, indica que as imagens, sons e vídeos necessários para a instrução
de processos eletrônicos em tramitação no Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-
SC) deveriam ser juntados, exclusivamente, por meio do compartilhamento de arquivos na
nuvem, com a indicação do link de acesso ao material. (BRASIL, 2020)
38

Em contrapartida, o advogado criminalista, Luiz Henrique Merlin, comenta que os


leitores ainda não confiam em links externos, que remetem a outros lugares na internet. Além
disso, caso o recurso não seja bem utilizado, pode ser apenas uma forte desatenção ao leitor,
pois muda bruscamente a tela – local onde deposita-se a atenção durante o trabalho. (MERLIN,
2021)
Desta forma, entende-se que, diversas vezes, a utilização de hiperlinks se faz útil em
documentos jurídicos eletrônicos, no entanto, bem como o QR Code, possui seus prós e contras,
deixando a questão nas mãos do agente jurídico em optar ou não por sua utilização.

3.3 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO

O processo de implementação do Legal Design exige certa criatividade e esforço, de


acordo com Laura Klein (2013 apud Oioli, 2020) “Os produtos não saem totalmente prontos da
sua mente. Antes de ter seu produto, você tem uma ideia. Às vezes é uma grande ideia. Com
frequência é uma ideia horrível. O importante é que você valide a sua ideia – todas as suas
ideias – antes de começar a construir o seu produto. ”
Oioli (2020) complementa que “ (…) não é possível testar uma ideia sem lançar um
protótipo, ainda que de baixa fidelidade. Esse conceito inovador e estranho para o direito é um
dos segredos do sucesso de muitas empresas. Testar em pequena escala, com alguns usuários,
ver como funciona e corrigir o que for necessário.”.
Nesse contexto, Athena Bastos (2020) traz que:
(…) existem diversos cursos sobre o tema de Legal Design e de Visual Law. Enquanto
o primeiro, como já mencionado, caminha em direção à aplicação do Design Thinking
ao meio jurídico para além do seu aspecto visual, o segundo foca mais especificamente
no caráter estético das produções jurídicas: peças, contratos, marca e outros.
Aplicar o Legal Design ao escritório é mais uma mudança de mindset do que
necessariamente a mudança estética do empreendimento. Por isso, esses cursos já
podem oferecer uma noção de como aplicar novas estratégias de administração, gestão
de projetos e formas de comunicação e oferta de serviço, dentro das quais poderão ser
modificados aspectos do Visual Law.

Posto isso, para implementação do Legal Design nos documentos jurídicos, deve-se
levar em consideração alguns pontos essenciais de experiência do usuário (MAIA; NYBØ;
CUNHA, 2020, p. 103), quais sejam:
Definir quem será o usuário do documento; identifique a situação atual, para poder
definir os objetivos com o processo e medir as mudanças alcançadas com o processo.
No início, pode ser utilizando o design thinking para o processo; reduza o texto para
que ele seja objetivo; evite o uso de palavras de difícil entendimento; defina o layout
e crie o protótipo; pense na experiência do usuário de acordo com os recursos que
você vai utilizar; procure utilizar recursos gráficos para ressaltar o sentido do texto ou
substituí-lo. Nenhum recurso deve ser utilizado apenas por ser esteticamente atraente.
39

O recurso gráfico deve servir a um propósito; utilize iconografia, cores, fontes e


tamanho de fontes, pensa na hierarquia das informações e separe-as conforme
necessário; verifique a ração de alguns usuários em relação ao documento para obter
feedback sobre o design; faça os ajustes necessários de acordo com os feedbacks;
entregue o documento.

O art. 14 do Decreto n. 9.191, de 1º de novembro de 2017, portanto, auxilia nas táticas


para obter-se clareza, precisão e ordem lógica nos documentos jurídicos:
Art. 14. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem
lógica, e observarão o seguinte:
I - para obtenção da clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, exceto quando a norma
versar sobre assunto técnico, hipótese em que se pode empregar a nomenclatura
própria da área sobre a qual se está legislando;
b) usar frases curtas e concisas;
c) construir as orações na ordem direta;
d) evitar preciosismo, neologismo e adjetivação; e
e) buscar a uniformidade do tempo verbal no texto da norma legal e usar,
preferencialmente, o presente ou o futuro simples do presente do modo indicativo;
II - para obtenção da precisão:
a) articular a linguagem, comum ou técnica, mais adequada à compreensão do
objetivo, do conteúdo e do alcance do ato normativo;
b) expressar a ideia, quando repetida ao longo do texto, por meio das mesmas palavras,
e evitar o emprego de sinonímia;
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;
d) escolher termos que tenham o mesmo significado na maior parte do território
nacional, de modo a evitar o uso de expressões locais ou regionais;
(...)
III - para a obtenção da ordem lógica:
a) reunir sob as categorias de agregação – livro, título, capítulo, seção e subseção –
apenas as disposições relacionadas com a matéria nelas especificada;
b) restringir o conteúdo de cada artigo a um único assunto ou princípio;
c) expressar, por meio dos parágrafos, os aspectos complementares à norma enunciada
no caput do artigo e as exceções à regra por esse estabelecida; e
d) promover as discriminações e as enumerações por meio dos incisos, das alíneas e
dos itens.

Cabe dizer, neste ponto, que ninguém gosta de ficar seguindo passo-a-passo, na
maioria das vezes, as pessoas querem ir direto ao ponto e aplicar um determinado conhecimento
à sua realidade (MEDEIROS, 2021, p. 123). No entanto, torna-se aconselhável observar as
instruções e legislações que comentam sobre o assunto.
Portanto, diante de todas características que compõem o Legal Design bem como seus
aspectos de implementação, no próximo capítulo será demonstrado sua possível eficácia dentro
dos documentos jurídicos.
40

4 A EFICÁCIA DO LEGAL DESIGN NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS

Neste capítulo busca-se responder à problematização da presente pesquisa e consolidado


o objetivo geral deste trabalho monográfico. Pretende-se demonstrar a aplicabilidade dos
elementos visuais e tecnológicos no âmbito jurídico, seus aspectos positivos e negativos, assim
como as opiniões e posicionamentos sobre o tema no meio jurídico.

4.1 APLICABILIDADE DOS ELEMENTOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS NO


ÂMBITO JURÍDICO

Compreendidos os conceitos que caracterizam o Legal Design, é importante saber


como é aplicado, onde está sendo aplicado e por quem está sendo aplicado, para que se possa
ter uma noção dimensional de sua utilidade e, consequentemente, sua eficácia.
Deste modo, pensando na elaboração de documentos utilizando as técnicas de Legal
Design, conforme aduz Nybø (2021), deve-se pensar, primeiramente, no usuário, analisando
seus comportamentos, os fins do documento que será utilizado e quais são suas situações. Além
disso, para realizar-se referida análise, é recomendado, pelo autor, utilizar-se da metodologia
de design thinking.
Gonçalves (2021) complementa que pode ser aplicado em todos os tipos de
documentos jurídicos e que sua metodologia deve ser pensada e desenvolvida de acordo com
as necessidades específicas que se mostram eficientes para os objetivos pretendidos. Desta
forma, para que o cidadão – usuário principal – esteja pleno de todas as informações no
documento é necessário, segundo Serra (1999 apud TAKASE, 2007, p. 33): a) transparência;
b) participação; e c) seleção e interpretação da informação relevante.
Ademais, Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 49) salientam que:
As técnicas de Legal Design podem ser utilizadas de formas diferentes, de acordo com
os documentos jurídicos a serem elaborados.
Tipicamente, cada espécie de documento tem objetivos específicos e, por isso, alguns
recursos podem ser utilizados especificamente para determinados documentos.

Tomando como exemplo do exposto acima, o Escritório Social2 do Estado do Paraná


utilizou-se das técnicas de Legal Design para elaborar sentenças resumidas (ANEXO IV) para

2
O Escritório Social é um dos serviços do programa Cidadania nos Presídios, do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Esse tipo de unidade permite a integração de diversas entidades que prestam auxílio aos egressos do sistema
prisional e a seus familiares, durante os primeiros meses de liberdade. Eles podem ter acesso a encaminhamento
profissional, capacitação, atendimento médico e psicológico, além de assistência jurídica. (TJPR, 2017)
41

cada um dos réus, nos autos nº . 0020770-38.2020.8.16.0019, da 1ª Vara Criminal de Ponta


Grossa (PR), para que os mesmos entendessem o que aconteceu no seu caso em específico.
Não muito distante, a 1ª Vara da Comarca de Presidente Dutra, Estado do Maranhão,
desenvolveu um documento referente às audiências virtuais (ANEXO V), no formato one page,
que passou a ser utilizado durante a pandemia do Covid-19.
A propósito, há outros modelos de peças judiciais, com utilização das técnicas de Legal
Design, disponibilizados ao público. É possível acessá-las através do seguinte QR Code:

Figura 5 – QR Code de Acesso aos Modelos de Documentos

Fonte: Elaboração do Autor (2021)

À vista disso, segundo Redisch (1999, p. 10 apud Caloche, Jaques e Costa, p. 10) “o
design de um documento compreende todo o processo de planejamento, seleção de conteúdo,
redação, formatação, revisão e teste do documento para ter certeza de que ele atende aos
objetivos dos autores que o desenvolveram e aos propósitos dos usuários(...)”
Nesse viés, Oioli (2020) explica que:
Levar o design para o direito significa abraçar práticas que os designers adotam na
busca de soluções: observação, empatia, entendimento de cenários, busca de padrões,
trabalho em equipes multidisciplinares, escuta ativa, cocriação e, principalmente,
prototipação e experimentação. Porque é preciso testar as ideias em pequena escala e
iterar continuamente. Significa também olhar “para fora do direito” em busca de
modelos praticados por outras áreas do conhecimento e outros setores, como a
tecnologia, o mercado financeiro e a biotecnologia.

Posto isso, Wilson Furtado Roberto (2021) lembra que, nos últimos anos, o mercado
jurídico nacional vem experimentando variados recursos que oferecem mais agilidade e
prometem melhorar a qualidade dos serviços jurídicos. Junto a isso, leis, instruções e resoluções
vêm sendo criadas recentemente, possibilitando que os órgãos públicos bem como a advocacia
apliquem Legal Design em seus documentos.
42

A propósito, a Instrução Normativa DREI nº 55 de 2 de junho de 2021, em seu art. 9º-


A3, passou a autorizar a aplicabilidade dos recursos de Visual Law nos atos submetidos a
registro em cartório.
Referente à aplicabilidade autorizado por dispositivo legal, não há somente referida
Instrução Normativo, há também o art. 4º, II do Provimento nº 59, de 17 de novembro de 2020
da Corregedoria Geral do Maranhão4 e o art. 23-D, parágrafo 5º do Provimento nº 45, de 9 de
abril de 2021 da Corregedoria Geral do Espírito Santo5, que passaram a disciplinar a aplicação
de Visual Law, em alguns casos, para seus servidores.
Nesse viés, também vale destacar que, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ)
e o Governo do Ceará, já estão aplicando Legal Design em alguns de seus documentos. Amélia
Gomes (2021) relata que:
Tornar a linguagem escrita e visual mais simples e acessível para melhorar o acesso
da população aos serviços da Procuradoria Geral do Estado do Ceará (PGE-CE) é a
proposta do trabalho, implementado pelo órgão, em parceria com o Íris | Laboratório
de Inovação e Dados do Governo do Ceará. Camily Cruz, Procuradora-geral
Executiva de Consultoria e Contencioso Tributário, diz que, desde 2019, a PGE tem
adotado medidas para simplificar a regularização de dívidas. “A parceria entre o Íris
e a PGE veio para fortalecer e potencializar as ferramentas utilizadas pela
Procuradoria, ao garantir uma linguagem mais simples e acessível aos contribuintes”.
A cooperação resultou na simplificação das páginas de consulta à legislação e de
esclarecimento dos requerimentos no Portal do Contribuinte, site da PGE. Conforme
destaca Isabel Ferreira Lima, coordenadora do Programa Linguagem Simples Ceará,
“por meio da aplicação dessas técnicas estamos construindo novas formas de
relacionamento com a população. A Linguagem Simples coloca o cidadão no centro,
ao considerar suas reais necessidades”.

No Rio de Janeiro, o projeto é capitaneado pelo laboratório de inovação vinculado ao


MPRJ, chamado de Inova_MPRJ. Desta forma, Fernando Boldrin (2020) comenta que:
(...) o laboratório lançou um formulário interno e, dos 166 respondentes, 98,8%
afirmaram ser preciso tornar os documentos judiciais mais claros e objetivos. Foi com
base nas respostas, que também indicaram a petição inicial em Ação Civil Pública
(ACP) como o documento prioritário na fila de mudanças, que o laboratório deu início
ao projeto de simplificação do documento.
A iniciativa também se inspirou na atuação do promotor de Justiça Daniel Lima
Ribeiro, atual coordenador do laboratório. Em 2017, quando estava à frente de uma

3
Art. 9º-A. Nos atos submetidos a registro poderão ser usados elementos gráficos, como imagens, fluxogramas e
animações, dentre outros (técnicas de visual law), bem como timbres e marcas d'água.
4
Art. 4º A Política de Gestão de Riscos deverá contar com os seguintes elementos existentes ou a serem definidos
ou executados em cada gestão: I – capacitação e treinamento periódico sobre ética, integridade e governança,
prioritariamente desenvolvido por meio on-line e mediante emprego das técnicas de visual law;
5
Art. 23-D – O tratamento de dados pessoais destinados à prática dos atos inerentes ao exercício dos ofícios
notariais e registrais, no cumprimento de obrigação legal ou normativa, independe de autorização específica da
pessoa natural que deles for titular, em razão das bases legais constantes no art. 7º, incisos II; V e VI da Lei
13.709/2018.
§ 5º – As serventias deverão se atentar para produzir avisos de privacidade com redação em linguagem
compreensível e direcionada ao público e com a utilização de técnicas de Visual Law e Legal Design (linguagem
clara e elementos ilustrativos), observando o atendimento do art. 6º, inciso VI; do art. 9º, caput e §1º e do art. 14,
§6º, do diploma de Proteção de Dados.
43

promotoria de Saúde no Rio, ele elaborou um protótipo simplificado de petição inicial


da Ação Civil Pública. "A gente lançou o desafio de limitar a 10 páginas a petição
inicial, e eu brincava que era proibido falar estranho", relata ele, que defende o fim do
que chama de "rococó jurídico".

Salienta-se que os Tribunais de Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Distrito
Federal, Paraná, assim como a Justiça Federal de São Paulo e o Supremo Tribunal Federal estão
investindo em laboratórios de inovações para conduzir pesquisas, estudos e desenvolvimento
de novas soluções. (AGUIAR, 2021)
Quanto à aplicabilidade prática do Legal Design para os advogados e juristas, de
acordo com Larissa Bastos (2021), o uso da plataforma Canva auxilia de forma gratuita na
elaboração desses documentos, além de concentrar diversos recursos visuais com baixa
complexidade de aplicação. A autora menciona que a plataforma permite que os operadores do
direito, mesmo sem entender nada de design, consigam tornar os instrumentos jurídicos mais
claros, acessíveis e atrativos.
Nesse liame, Hernandez (2020) reforça que:
A melhor forma de aprender sobre legal design é fazendo, testando, colhendo
feedbacks e repetindo o processo. Com o desenrolar dessa execução, provavelmente
você irá inserir no seu documento o visual law, que num resumo simplório nada mais
é do que a inserção de elementos visuais para tornar o texto jurídico mais
compreensível.
Unir o legal design com o visual law fará com que a interpretação dos documentos
seja ainda mais facilitada, afinal, como você já deve ter ouvido por aí, o cérebro
humano processa imagens muito mais rápido do que lê.

Portanto, sabendo que a aplicação de Legal Design está em andamento nos mais
diversos órgãos públicos do país, e que sua utilização por advogados também pode ser feita de
maneira prática, cabe apontar, no próximo item, as características positivas e negativas desse
conceito.

4.2 ASPECTOS POSITIVOS X NEGATIVOS

Nesta seção faz-se necessário uma breve introdução dos pontos positivos e negativos
referentes a utilização de Legal Design nos documentos jurídicos, mostrando os impactos que
acarretam aos seus leitores/usuários, dentre eles, focou-se, como ponto positivo, a tecnologia e
os recursos visuais como meio facilitador ao acesso à justiça e, ponto negativo, as
consequências do uso exagerado ou inapropriado das técnicas de Visual Law.
44

4.2.1 A Tecnologia e os Recursos Visuais como Meios de Facilitação da Garantia ao


Acesso à Justiça

É notório no meio jurídico a informação de que o direito ao acesso à justiça trata-se de


uma cláusula pétrea, amparada em nossa legislação no inciso XXXV do art. 5º da Constituição
Federal da República Federativa do Brasil de 1988 e, sem dúvida, assegura a inafastabilidade
da jurisdição.
Nesse viés, conforme os ensinamentos de Wilson Alves de Souza (2011, p. 84):
(...) toda vez que houvesse violação a direito ou garantia substancial, não fosse o
acesso à justiça, esses direitos e garantias não teriam como ser exercidos. Por outras
palavras, o acesso à justiça é, ao mesmo tempo, uma garantia e em si mesmo um
direito fundamental; mais do que isso, é o mais importante dos direitos fundamentais
e uma garantia máxima, pelo menos quando houver violação a algum direito, porque
havendo essa violação, todos os demais direitos fundamentais e os direitos em geral,
ficam na dependência do acesso à justiça.

Ademais, Watanabe (1988, p. 128 apud Pinto; Cardoso; Rover, 2021, p. 254) esclarece
que “a problemática do acesso à justiça não pode ser estudada nos acanhados limites do acesso
aos órgãos judiciais já existentes. Não se trata apenas de possibilitar o acesso à justiça enquanto
instituição estatal, e sim de viabilizar o acesso à ordem jurídica justa.”. Mancuso (2015) reforça
a importância da discussão, arguindo que “o problema do acesso à justiça não pode mais ser
visto ou tratado como questão fechada, dogma incontornável.”
Flávio Galdino (2007, p. 81 apud Mancuso, 2015) complementa, de forma categórica
que:
(...) o direito de acesso à justiça: I – tem como base as ideias de isonomia material e
efetividade do processo; II – contempla a relação processual propriamente dita e não
as relações entre o Poder Judiciário e os demais poderes; III – está dirigido à
efetividade da tutela jurisdicional, que passa ocupar lugar de centralidade na teoria
jurídica processual; IV – ainda assim, permanece dirigido fundamentalmente ao
legislador; V – promove a implementação de meios alternativos de solução de
controvérsias.

À vista disso, segundo Azevedo e Oliveira (2021), “a linguagem própria do mundo


jurídico, conhecida por “juridiquês”, a forma apenas escrita e textual dos documentos jurídicos,
nesse contexto, não permite que todos os cidadãos tenham acesso à justiça, no sentido de
compreensão das regras e, assim, privando-os do seu real poder de escolha.”
Sendo assim, Renata Martins de Souza (2020), lembra que:
(...) a linguagem e o Direito, como práticas sociais, estão interligadas, não se
questionando o fato de que o discurso jurídico no país, geralmente estabelecido por
meio de linguagem formal (expressões técnicas), torna-se inacessível à maioria das
pessoas, o que leva alguns a denunciar que a matriz liberal do Direito se ocupa, assim,
de ocultar a realização de propósitos autoritários.
A própria análise das obras da literatura brasileira, que se ocupam das razões que
operam a marginalização e a exclusão social no país, facilita no processo de
45

compreensão do uso erudição da linguagem jurídica no Brasil. Nessa lógica, cumpre


destacar, que ao tratar da formação do patronato político-jurídico no país, o sociólogo
Raymundo Faoro (2001, p. 885), além de advogar que as especificidades brasileiras
decorreriam de sua herança lusitana, também apresenta-nos uma concepção de que o
estamento patrimonial continua a controlar o Estado brasileiro segundo interesses
particularistas, fazendo perpetuar um sistema de privilégios no âmbito do aparelho
estatal, inclusive por meio do emprego do formalismo jurídico, traduzido, em grande
medida, por leis, retóricas e elegantes, criadas dentro de uma estrutura tendenciosa a
concentrar o poder político nas mãos de poucos. (grifou-se)

Diante das informações trazidas, levando em conta o acesso à justiça em todos os seus
conceitos, ressalta-se um julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde o Ministro Marco
Aurélio Bellizze critíca a linguagem rebuscada com termos estáticos presentes nos meios de
prova, impossibilitando uma análise fácil e prejudicando a sobremaneira de tomada da decisão
mais adequada:
O direito à prova, derivado dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla
defesa e do acesso à justiça, é considerado direito fundamental e engloba a adequada
oportunidade de vindicar a sua...bastante rebuscada, inclusive com diversos termos
estáticos, não se podendo fazer incursão fácil nas análises apresentadas, o que
prejudica sobremaneira a tomada de decisão em prol da resolução adequada...DIÁRIO
DA JUSTIÇA. ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. ART. 128, I,
DO RISTJ. (STJ - AgInt no AgInt no AREsp: 1397248 DF 2018/0293776-9, Relator:
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 29/06/2020, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/08/2020)

Portanto, não é à toa que referido órgão possui um Manual de Padronização de Textos
disponível não só para os seus servidores, mas também para quem possui a escrita como
ferramenta de trabalho. (BRASIL, 2016, p. 9)
A propósito, Slaibi (2017) infere que:
O ponto nevrálgico entre o hermetismo da linguagem jurídica e o conceito de acesso
à justiça é a aptidão para reconhecer um direito e propor uma ação ou sua defesa
(CAPPELLETTI, 1988). Muito embora essa seja uma barreira mais determinante no
que se refere a classes econômicas mais baixas, com um menor acesso a informação
e a educação formal, é um problema generalizado.

O acesso ao direito, nesse intuito, pode-se encarar, conforme Branco (2008, p. 4),
como uma “garantia de efetividade dos direitos individuais e coletivos” onde os direitos da
população só poderão ser efetivados se tiverem noção deles ou caso considerem-se lesados
diante de uma situação, podendo recorrer a uma instância ou entidade, à qual se reconheça
legitimidade para dirimir o conflito que acreditam ter lesado.
Outrossim, referida garantia constitucional sofreu diversas alterações, principalmente
com as inserções tecnológicas, como bem explicam Machado e Abreu (2021, p. 346-347):
Na atualidade, leia-se, em pleno século XXI, compreende-se que o Acesso à Justiça
tem sofrido diversas alterações, principalmente considerando-se a questão da inserção
de novas tecnologias, novos casos apresentados ao Poder Judiciário – decorrentes
dessa evidente pós-modernidade, e sobretudo, a percepção da necessária atualização
que deve-se haver no que se refere a concepção de um efetivo Acesso à Justiça.
46

Com o surgimento de novas tecnologias, bem como considerando aqui o advento da


implementação dessas no Poder Judiciário, pode-se dizer que torna-se fundamental a
atualização da visão e conceituação de Acesso à Justiça (...)
Propõe-se então, abordar o Acesso à Justiça de forma a notar os novos mecanismos
disponíveis de solução de conflito, a cultura de paz disseminada no Poder Judiciário
Nacional (...)

Dessa forma, tendo em mente que o Direito ainda não conseguiu ser acessível a toda a
população por conta de diversos motivos, como por exemplo a lentidão dos trâmites das ações
judiciais bem como o vocabulário totalmente alheio à realidade dos indivíduos, surge a
necessidade de melhorar a comunicação jurídica para que a linguagem seja mais compreensível
a todos. Assim, o Legal Design aparece de forma positiva como uma alternativa viável para
novas formas de prestação do serviço jurisdicional, entregando informações que os leitores
entendam. (AZEVEDO; OLIVEIRA, 2021)
Segundo os mesmos autores: “o uso das ferramentas de Design Thinking, Legal
Design, tendo como resultado documentos com utilização de Visual Law, possibilitam o melhor
entendimento do Direito, tornando-o mais acessível.”
Ainda, Bordin (2020) adiciona que:
Para os que defendem a simplificação do "juridiquês", a medida tem nítidas
vantagens: garante um maior acesso dos cidadãos a informações jurídicas, diminui o
tempo gasto na análise de cada processo e, por meio da padronização de documentos,
possibilita a aplicação de inteligência artificial na Justiça. (grifou-se)

Na mesma linha, referente à questão das pessoas com deficiência, Tomé (2020)
argumenta que “há diversos exemplos de como a tecnologia associada à internet é importante
para integrar as pessoas com deficiência na sociedade, permitindo a comunicação, bem como o
acesso às informações e serviços.”. Além disso, a autora acredita que a comunicação está
intrinsecamente ligada à internet e às tecnologias e, caso não se veja assim, pode-se dizer que,
pelo menos, são partes essenciais a ela.
A princípio, destaca-se as colocações de Azevedo e Oliveira (2021):
Embora o Visual Law, como se verá, não seja meramente a utilização de imagens,
símbolos etc., nesse contexto de acesso à justiça é importante compreendermos por
que a forma de comunicar o Direito é também uma forma de implementar o Direito
ao acesso à justiça.
E, para compreender isso, basta partirmos de uma simples premissa de que, por
exemplo, no Brasil, temos ainda um grande número de analfabetos e, assim, o simples
fato de utilizar-se exclusivamente palavras, na forma escrita, já seria uma forma de
exclusão, e não de inclusão e acesso.
Muito pertinente essa reflexão, eis que, se a realidade é construída de acordo com o
que se interpreta e se há uma possibilidade mais efetiva (aqui propomos que seja com
Visual Law) de entender aquilo que é o objeto da interpretação, então temos real poder
de escolha. Do contrário, é como se assinássemos um contrato de olhos fechados.

Diante do exposto, cabe destacar um modelo de contrato em quadrinhos (ANEXO VI),


realizado pela empresa Africana, Creative Contracts, para regular a relação de um empregador
47

com seus funcionários, onde o modelo foi pensado para que os coletores de frutas
compreendessem facilmente as cláusulas contratuais. Ressalta-se que a maioria dos
trabalhadores era analfabeta e incapaz de interpretar corretamente as disposições de um
contrato. (AZEVEDO, 2021)

4.2.2 Utilização de Visual Law de forma Exagerada ou Inadequada

Segundo Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 15) não adianta criar um documento apenas
visualmente atrativo, os recursos visuais também precisam ser úteis, precisam ter uma
funcionalidade clara, qual seja, facilitar o entendimento dos documentos.
Além do mais, Iwakura (2021) destaca que qualquer generalização da utilização de
Visual Law é indevida e, para o seu uso, é preciso ter certo cuidado, pois nem sempre os recursos
visuais serão necessários e adequados, devendo em certas situações manter a forma tradicional.
Nesse liame, levando em conta o uso moderado dos recursos visuais e tecnológicos
nas peças processuais, colhe-se um trecho da sentença proferida pelo Juízo da 70º Vara do
Trabalho de São Paulo/SP, nos autos n. 0001584-90.2012.5.02.0070, em que se recomenda a
utilização moderada dos referidos elementos:
(...) Embora este Juízo não ignore as ferramentas denominadas visual law, em que
elementos visuais são utilizados na construção de documentos, tais como contratos e
até mesmo manifestações judiciais, recomenda-se a utilização parcimoniosa de tais
elementos. (SÃO PAULO, 2012)

Ademais, sabe-se que no design existe um caso emblemático que cuida justamente
sobre a utilidade em relação à sua forma e que serve de analogia para o que está sendo tratado
neste item. (MAIA, NYBØ E CUNHA, 2020, p. 15-16). De acordo com a história trazida pelos
autores:
Em 1986, Philippe Starck criou um espremedor de limão chamado Juicy Salif para a
empresa italiana Alessi. A ideia veio de um momento em que ele comia duas lulas e
solicitou um limão ao garçom. Em seguida, desenhou um protótipo que lembra o
corpo de uma lula e que, depois, se tornaria o espremedor de limões.
O ponto é que o produto se tornou uma obra de arte por conta de sua forma e um
objeto desejado para decoração das casas. Isto é, o objeto não é utilizado para a
finalidade que foi criado, mas para decorar, por conta de sua beleza estética.
Em certo momento, Philippe criou versões banhadas a ouro – que, claramente, não
seriam utilizadas para espremer limões. Segundo alegações, o criador teria dito “são
para iniciar conversas, não para espremer limões”.
Por conta dessas características, o Juicy Salif tem acumulado grande polêmica desde
1990, quando começou a ser vendido. A própria comunidade de design critica o objeto
até hoje, alegando a sua falta de funcionalidade e utilidade – sendo considerado por
muitos apenas uma obra artística.
Essa história serve para combater o questionamento que alguns fazem em relação ao
legal design e explicar sobre o que realmente se trata a matéria (...)
Assim como o Juicy Salif é considerado obra de arte, por não ser funcional o suficiente
para desempenhar a atividade para o qual foi criado, um documento apenas
48

esteticamente bonito não é um documento criado usando as técnicas de legal design.


Trata-se apenas de um documento esteticamente bonito. (grifou-se)

Norman (2006, p.26), na mesma linha, complementa que objetos mal concebidos ou
mal projetados podem ser difíceis e frustrantes de usar. O autor infere que o resultado do design
de má qualidade é um mundo cheio de frustrações, com objetos que não podem ser
compreendidos, com mecanismos que induzem ao erro.
À vista disso, vale trazer um caso que ocorreu na 9ª Vara Cível de Goiânia, onde o juiz
realizou um despacho judicial, valendo-se do dispositivo no art. 321 do CPC6, para que a parte
emendasse a inicial, fazendo constar de forma clara, os fatos de sua pretensão, utilizando,
preferencialmente a formatação exigida pelas normas da ABNT, uma vez que a exordial teria
ficado muito carregada e de difícil leitura e compreensão. (IWAKURA, 2021)
Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 18), nestes moldes, destacam:
Como mencionado, o termo design significa a concepção de um produto no que se
refere à sua estética, sendo a funcionalidade do produto o aspecto principal da sua
concepção. Ou seja, a forma deve seguir a função. O design deve resolver uma
necessidade (ZHU, 2005, p. 4) com uma solução agradável que leve em consideração
a interação do usuário para estar correto. De nada adianta uma bela composição, se
ela é inútil (NORMAN, 2013, p. 5). (grifou-se)

Desta forma, Iwakura (2021) supõe que “muitas peças neste exato momento, não serão
ideais, ou seja, não conseguirão captar em sua integralidade uma aplicação precisa de todas as
técnicas do Visual Law. ”. Portanto, caso os recursos de Legal Design não sejam utilizados de
forma correta, respeitando seus princípios norteadores, provavelmente irão surgir efeitos
negativos nos documentos jurídicos em que forem aplicados.

4.3 OPINIÕES E POSICIONAMENTOS NO MEIO JURÍDICO

Para compreender melhor a eficácia do Legal Design aplicado nos documentos


jurídicos torna-se necessário saber o que os profissionais da área pensam e se posicionam sobre
isso. Dessa forma, neste item serão apresentadas algumas opiniões e posicionamentos de
magistrados, advogados e juristas acerca do tema, a fim de corroborar com a reflexão sobre a
eficácia de sua aplicação.
Sobre o assunto, Hackerott (2021) entende que:
Deveríamos estar preocupados com técnicas de redação que realmente atendessem a
lei e principalmente tornassem os contratos mais atrativos e de fácil compreensão e
leitura. A utilização de técnicas do legal design, com elementos gráficos (quando

6
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
49

necessário), acessibilidade, audiovisual e até mesmo quadrinhos utilizados em um


contrato mais direto, conciso e, ao mesmo tempo, completo, trará a inevitável
segurança jurídica às relações. Obviamente que, cada técnica deve ser utilizada nas
situações que permitam a sua utilização, devendo ser apurado o trade off de cada
situação.

Nesse sentido, entende-se que a linguagem jurídica é complexa, no entanto, segundo


Alves (2021) há várias maneiras de compreendê-la. O formato de Visual Law, por exemplo,
encaixa no conceito de ajudar a quem se propõe a conhecer o Direito, pois tem como objetivo
a melhora na comunicação jurídica por meio da preocupação com o design das informações.
O autor acredita que o Visual Law tem serventia para diversificar e democratizar os
meios para a sua compreensão, dando a oportunidade ao público para um contato prévio e
visualmente estimulante, possibilitando uma reflexão mais detida ou até mesmo um contato
mais fácil dos jurisdicionados e dos profissionais de outras áreas com a informação jurídica.
(ALVES, 2021)
Nunes (2021 p. 14), neste ponto, infere que o sistema jurídico brasileiro sofreu uma
série de rupturas paradigmáticas nas últimas décadas, as quais induziram modificações nos
fundamentos e propósitos. Diante disso, Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 108) acreditam que os
recursos tecnológicos servem como acessórios e facilitadores dos documentos jurídicos e, em
breve, também poderão ser parte central deles, como no caso dos smart contracts7.
Ademais, Mazzola e Galvêas (2018) relembram que alguns juízes já proferiram
decisões com elogios aos recursos tecnológicos inseridos nas petições, conforme se observa:
Colacionou, ainda, interessante ferramenta para demonstrar sua alegação, consistente
em um vídeo que pode ser acessado pelo link https://goo.gl/9iGZoT ou com QR Code,
no qual tenta fazer ligação para o número (84 XXXXX 4170) e se ouve a gravação
com a informação de que ‘este número que você ligou não recebe chamada ou não
existe. (Processo 0818389-98.2017.8.20.5004, 13º Juizado Especial Cível da
Comarca de Natal (RN), decisão proferida em 2/10/2017)

O Defensor Público do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), Alfredo Homsi,


explica que a utilização desses novos recursos tecnológicos agrega um conteúdo complementar
com relação direta a causa dos assistidos. Em seu entendimento, declara que:
A ideia é oferecer dados complementares que possam ser úteis na formação da
convicção do julgador quanto ao deferimento dos respectivos pleitos e, por sua
dimensão ou formato, não caberiam na petição ou não poderiam ser a ela anexadas.
(…)
A tecnologia também permite a disponibilização de acesso às gravações de contatos
telefônicos, por meio dos quais são realizadas cobranças abusivas ao consumidor ou
a vídeos onde são registrados acidentes de consumo ou má prestação de serviços.
(ASCOM/DPE-CE, 2018)

7
Smart Contracts são contratos que operam por meio de algoritmos (SZABO, 1996 apud MAIA; NYBØ;
CUNHA, 2020, p. 108) e conseguem se resolver sem a necessidade de interferência de um terceiro
(autoexecutáveis).
50

Outrossim, levando em conta a simplificação da linguagem jurídica, aumentando o


acesso da população ao judiciário, o Promotor de Justiça e coordenador do Núcleo de Inovação
do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Guilherme Zattar, ressalta que é preciso
tomar certo cuidado para não cair em um outro extremo, qual seja, o uso de vocabulários muito
próprios ao mundo da inovação. (BOLDRIN, 2020)
Por outro lado, quanto a não aplicabilidade do Legal Design pelos advogados, Azevedo
(2020) insinua que a maioria deles não adota recursos visuais em suas petições, como por
exemplo: vídeos, infográficos, fluxogramas e storyboards, pois não possuem conhecimentos
mínimos de design, desconhecem, tecnicamente, como elaborar os recursos visuais, não sabem
organizar as informações textuais nos recursos visuais e acreditarem, algumas vezes, que tais
recursos possam mais confundir os magistrados do que convencê-los ou até mesmo que as
petições possam ficar “infantilizadas” com as representações visuais. Além disso, menciona
que muitos pensam que a elaboração desses recursos representa um trabalho desgastante e
ineficaz.
Nesse viés, tendo em vista que quase todo assunto tem opiniões e posicionamentos
divergentes, o jurista e professor em Direito Constitucional, Lenio Streck, critica bastante a
utilização desses recursos nos documentos jurídicos. O mesmo faz as seguintes insinuações:
Quer dizer que uma decisão deve ser explicada tipo “Direito para burros” aos réus ou
às partes diretamente, sem intermediários? Assim, direto?
Mas pergunto: isso não é tarefa do advogado que defende o cidadão? Isso não é
descaso com a figura do advogado? Poxa, chegamos a esse ponto? Sei que isso não é
feito com má intenção. Ao contrário. É feito com boníssima intenção. Porém…
A desmoralização da advocacia chegou a esse ponto em que juízes fazem legal
designer ou visual law para “comunicar” o que decidiram? É como se na Medicina o
exame médico fosse “desenhado” para o paciente, dispensando-se a palavra do
médico.
Sim, porque, ao que parece, o advogado é uma figura dispensável. Além de
incompetente, porque não consegue explicar ao réu que foi condenado. O que diz a
OAB sobre isso? Outra pergunta: por que isso pega tão fácil no Direito? Resposta
simples (ups): porque é o locus privilegiado do senso comum. Talvez por isso se diga
por aí que, para chumbar na faculdade de Direito, o sujeito precisa ter pistolão…
(STRECK, 2021)

No entanto, conforme uma pesquisa desenvolvida pelo grupo Visulaw (ANEXO VII),
coordenada pelo advogado Bernardo de Azevedo, com a participação de 147 juízes federais de
17 estados diferentes, foi possível ter uma relevante recepção do Poder Judiciário acerca dos
elementos visuais e tecnológicos nas petições.
Dessa maneira, quando os pesquisadores questionaram acerca do que torna uma
petição mais agradável para leitura e análise, 96% dos Magistrados apontaram acerca da
redação objetiva, 66% apontaram a boa formatação da peça, 59% a redução no número de
51

páginas, 38% a combinação de elementos textuais e visuais e 24,2% apontaram o uso de


destaques no texto (RELATÓRIO VISULAW, 2020, p. 7)
Acerca do recebimento de petições ou documentos em seus gabinetes com
características de Legal Design, a pesquisa apresenta que:
Fluxogramas (46,4%), links para acesso externo (37,9%) e gráficos (35,9%) foram
assinalados pelos respondentes como os principais recursos visuais identificados nas
peças processuais. A pesquisa aponta que croquis (18,9%) e pictogramas (4,6%)
foram os elementos visuais menos verificados pelos(as) magistrados(as) federais.
(RELATÓRIO VISULAW, 2020, p. 8)

Ainda, quando se perguntou sobre quais elementos visuais não devem ser utilizados
nas petições, 43,8% dos Magistrados se posicionaram a favor de todas as opções apresentadas,
enquanto que 3,3% se mostrou contrária ao uso de elementos visuais em petições. Acerca da
indicação de quais elementos não deveriam ser aplicados nas petições, o uso de QR Codes
representou 39,2% dos votos dos respondentes e a utilização de vídeos 34,6%. (RELATÓRIO
VISULAW, 2020, p. 9)
Por conseguinte, no que condiz a possibilidade do uso de elementos visuais facilitar a
compreensão do conteúdo, 77% dos Magistrados responderam que facilita, desde que usados
com moderação, 9,8% disseram que facilita em todos os casos, 6,54% apontaram que dificulta
e 6,54% não opinou (RELATÓRIO VISULAW, 2020, p. 10)
A pesquisa, portanto, concluiu que os magistrados, em sua imensa maioria, estão
abertos ao uso de elementos visuais nas petições e entendem que essas ferramentas facilitam a
análise das peças processuais. Ademais, há uma divisão quanto aos modelos de peças expostos
no survey realizado, onde 49% dos juízes optaram pelo modelo tradicional realizado no word e
40% o modelo com elementos visuais aplicados de forma moderada. (RELATÓRIO
VISULAW, 2020, p. 13)
Noutro norte, a Bits Academy realizou uma pesquisa mais ampla sobre o
comportamento dos usuários e suas respectivas opiniões acerca da utilização de Legal Design
nos documentos jurídicos (ANEXO VIII). A pesquisa foi realizada com 463 voluntários
anônimos, divididos em 20 estados diferentes, sendo divididos em 3 grupos, quais sejam: Grupo
Controle, Advogados e Leigos. (MAIA; NYBØ; HENRIQUES E CABRAL, 2020)
O Grupo Controle representava o comportamento comum dos usuários de documentos
jurídicos, o Grupo dos Advogados representava quem criava os documentos jurídicos e o Grupo
de Leigos era composto por pessoas de diferentes profissões exceto profissionais jurídicos.
(MAIA; NYBØ; HENRIQUES E CABRAL, 2020)
52

Nessa esteira, a pesquisa concluiu que 92% das pessoas do Grupo de Controle optaram
por modelos que continham recursos de Legal Design, além disso, o padrão de leitura desse
grupo foca no centro do documento, indicando que o usuário retoma a atenção inicial ao final
da página quando sabe que o documento tem continuidade. (MAIA; NYBØ; HENRIQUES E
CABRAL, 2020)
Figura 6 – Padrão de Leitura do Grupo Controle

Fonte: Maia; Nybø; Henriques e Cabral (2020)

Ademais, quanto aos grupos de Advogados e Leigos, conclui-se que 87% optaram pelo
modelo de documento contendo recursos de Legal Design. Os dados também indicaram que os
advogados tendem a dar mais atenção para o início das cláusulas, inclusive quando comparados
a leigos, no entanto, quando comparado o grau de interação que advogados e leigos tiveram
com o documento em relação ao grupo de controle, notou-se que o uso de elementos de Legal
Design faz com que os entrevistados interagissem mais com o documento. (MAIA; NYBØ;
HENRIQUES E CABRAL, 2020)
53

Figura 7 – Padrão de Leitura do Grupo dos Advogados

Fonte: Maia; Nybø; Henriques e Cabral (2020)

Figura 8 – Padrão de Leitura do Grupo dos Leigos

Fonte: Maia; Nybø; Henriques e Cabral (2020)

Sendo assim, Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 51) explicam acerca da aceitação de
contratos elaborados com as técnicas de legal design:
A prática dos princípios de legal design em contratos ainda é muito recente no Brasil,
motivo pelo qual não existe ainda um julgado que demonstre a resposta do judiciário
quanto aos documentos contendo estes recursos e tampouco uma jurisprudência
consolidada sobre o tema.
No entanto, essa preocupação surge geralmente pela falta de compreensão sobre o
assunto. Um contrato utilizando princípios de design e experiência do usuário
54

continua sendo um contrato normal, como outro qualquer. A única diferença é que ele
possui uma qualidade superior quando comparado aos tradicionais documentos
jurídicos, que repetem os padrões instituídos há mais de cem anos. Ele apenas adiciona
elementos de design para facilitar a compreensão do documento e melhorar a
experiência que uma pessoa tem com esse documento.
O importante é que, casos esses contratos sejam questionados, existe respaldo
jurídico. O Código Civil prevê que a validade do negócio jurídico requer forma
prescrita ou não defesa em lei, e ao mesmo tempo que a declaração de vontade das
partes não depende de forma especial, senão quando houver tal exigência pela Lei
(arts. 104 e 107). Por essa razão um contrato que possui elementos de design não
poderia ser invalidade, anulado, ou, ainda, questionado apenas por conter tais
elementos.

Diante disso, Coelho e Batista (2021, p. 61) insurgem acerca da colaboração de


diversas áreas do conhecimento para entrega de serviços jurídicos melhores:
Os advogados precisam, cada vez mais, integrar seu conhecimento técnico com as
habilidades e insights dessas outras áreas. Daí a importância da criação de equipes
multidisciplinares para troca de pontos de vistas, ideias e experiências, para alavancar
o processo criativo e o desenvolvimento de um novo modelo de entrega de serviços
jurídicos.

Pode-se dizer, portanto, que a importância do Visual Law no Direito “está no


desenvolvimento da capacidade de problematização e da visualização de situações que muitas
vezes torna enfadonho (...), porém sem perder vista a importância dos textos para a construção
do saber jurídico.” (COLOCHE e COSTA, 2021, p. 12)
Hackerott (2021), nesse intuito, acredita que "o mundo pugna por mais objetividade,
clareza e técnicas que efetivamente tornem as soluções claras e entendíveis. Entre a liturgia
jurídica e o design, ficamos com o Legal Design!”
Desta forma, através dos argumentos trazidos a respeito da aplicabilidade dos
elementos visuais e tecnológicos nos documentos jurídicos, bem como os aspectos positivos e
negativos de sua aplicação e a opinião dos profissionais do Direito, pode-se ter uma breve noção
da eficácia que a aplicação de Legal Design pode trazer ao meio jurídico.
55

5 CONCLUSÃO

Este trabalhou buscou identificar a possível eficácia da aplicação do Legal Design


dentro dos documentos jurídicos através de suas técnicas metodológicas bem como o uso de
seus recursos característicos.
Para que fosse possível chegar a essa conclusão, foi necessário, primeiramente,
compreender todo o processo da origem da linguagem até chegar na definição do “juridiquês”
e sua notória taxa de incompreensibilidade na sociedade. Também foi preciso explanar acerca
do Plain Language - movimento mundial que luta por uma linguagem simples na sociedade -
pois, sem a sua existência, provavelmente o Legal Design poderia não ter tanta relevância.
Diante disso, no que cerne a questão da criação do termo Legal Design, foi possível
identificar que o mesmo, aparentemente, surgiu por volta de 2013, na Universidade de Stanford,
através de Margareth Hagan.
Posto isso, acerca das técnicas utilizadas no processo de desenvolvimento do Legal
Design, encontrou-se práticas ligadas a outras áreas do conhecimento, como por exemplo: a
utilização de Storytelling, User Experience, Design Thinking e Visual Law, que juntas com as
estruturas já requisitadas nos documentos jurídicos transformam esse conceito.
Nesse liame, também foi possível identificar os recursos mais utilizados dentro dessa
temática, que quando inseridos nos documentos acabam por transformá-los. Percebeu-se, além
disso, que referidos recursos necessitam passar pela metodologia de aplicação do Legal Design
e devem ter uma finalidade construtiva, fazendo com que o embelezamento da minuta seja uma
consequência desse processo.
No que se refere a devida aplicação do Legal Design, levando em conta as permissões
legais para sua utilização, descobriu-se que há diversas regulamentações e instruções que
incentivam aplicação de Visual Law e linguagem simples em seus documentos, permitindo com
que, não só a população sentisse um conforto maior, mas até mesmo seus próprios funcionários
da administração pública.
Neste passo, quando apresentado os aspectos positivos e negativos sobre o tema, pode-
se notar que o acesso à justiça foi um dos principais pontos positivos trazidos nas doutrinas,
enquanto utilização exagerada ou inadequada dos recursos de Legal Design foi um dos pontos
mais negativos encontrados.
Partindo para a opinião dos profissionais ligados ao Direito, percebe-se que a aceitação
do tema é razoável, mostrando que, apesar de haver uma aceitação no judiciário bem como uma
56

disposição dos advogados em utilizar-se dos recursos em suas petições, não é algo recorrente
nem predominante, havendo até mesmo críticas negativas referentes ao tema.
Portanto, pode-se concluir que a modernização dos documentos jurídicos a fim de
aprimorar o acesso à justiça bem como oportunizar uma experiência melhor aos leitores já saiu
do mundo imaginário e tornou-se algo real em nosso sistema jurídico. À vista disso, foi
identificado diversos órgãos públicos no Brasil, inclusive, parte deles ligados ao sistema
judiciário, com laboratórios de inovação visando a implementação do Legal Design bem como
outros recursos de inovação em seus ambientes de trabalho.
Por fim, compreende-se que, apesar da existência das recentes legislações autorizando
a utilização de elementos visuais e tecnológicos nos documentos jurídicos, não há como saber
o impacto imediato que tais transformações podem causar no sistema judiciário, no entanto,
acredita-se na hipótese de que haja uma relevante modernização na escrita jurídica.
57

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69

ANEXOS
70

ANEXO I – RESUMO DE ACÓRDÃO – TRT 6ª REGIÃO

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (PE)


71

ANEXO II – MANDADO DE CITAÇÃO – JFRN


72

Fonte: Azevedo (2020)


73

ANEXO III – EXEMPLO DE INFOGRAMA JURÍDICO

Fonte: Azevedo (2019)


74

ANEXO IV – RESUMO DE SENTENÇA CRIMINAL – TJPR


75
76
77

Fonte: Azevedo (2021)


78

ANEXO V – ATO ORDINATÓRIO – AUDIÊNCIAS VIRTUAIS – TJMA

Fonte: TJMA (2021)


79

ANEXO VI – MODELO DE CONTRATO UTILIZANDO VISUAL LAW


80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94

Fonte: Azevedo (2021)


95

ANEXO VII – RELATÓRIO GRUPO VISULAW


96
97
98
99
100
101
102

Fonte: Visulaw (2020)


103

ANEXO VIII – PESQUISA BITS ACADEMY


104
105
106
107
108
109
110
111
112

Fonte: Maia; Nybø; Henriques e Cabral (2020)

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