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BRUNO SCHAFER
LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS
Florianópolis
2021
BRUNO SCHAFER
LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS
Florianópolis
2021
BRUNO SCHAFER
LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TÉCNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS
______________________________________________________
Professora e orientadora Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Denis de Souza Luiz, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Solange Büchele de S. Thiago, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
LEGAL DESIGN:
A EFICÁCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E DOS RECURSOS VISUAIS
NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de
Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de
plágio comprovado do trabalho monográfico.
____________________________________
BRUNO SCHAFER
Dedico este trabalho à minha família querida e
a todos que permaneceram comigo ao longo
desta caminhada.
AGRADECIMENTOS
A presente pesquisa tem como objetivo verificar a eficácia do Legal Design aplicado nos
documentos jurídicos, através de sua metodologia e utilização de seus recursos visuais e
tecnológicos. Para chegar à resposta do questionamento, primeiramente são apresentados o
contexto histórico e a definição da linguagem, bem como o conceito de linguagem forense, ou
também conhecida como “juridiquês”. Também se fez necessária uma explanação da (in)
compreensibilidade desse tipo de linguagem no meio jurídico e social para, desta forma,
adentrar-se na definição do Legal Design e suas principais características. Por fim, é
apresentado algumas formas de aplicação desse conceito, mostrando alguns aspectos positivos
e negativos de sua utilização, bem como a opinião dos profissionais do Direito sobre esse
assunto. A conclusão alcançada com a presente pesquisa revela que, apesar do Legal Design
ser uma técnica recente no meio jurídico, possui potencialidade para ser mais implementada,
além dos profissionais da área mostrarem certa aceitação em seus documentos, seja na
elaboração ou no recebimento das peças.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 9
2 LINGUAGEM ................................................................................................................... 11
2.1 ORIGEM DA LINGUAGEM .......................................................................................... 11
2.2 LÍNGUA, LINGUAGEM E LINGUÍSTICA .................................................................. 13
2.3 LINGUAGEM FORENSE............................................................................................... 15
2.3.1 A (In) compreensão da Linguagem Forense ............................................................. 17
2.4 O “JURIDIQUÊS” COMO VÍCIO DE LINGUAGEM .................................................. 19
2.5 MOVIMENTO PLAIN LANGUAGE ............................................................................... 21
3 LEGAL DESIGN ............................................................................................................... 24
3.1 SURGIMENTO, DEFINIÇÃO E TÉCNICAS ................................................................ 24
3.1.1 Storyngtelling................................................................................................................ 26
3.1.2 User Experience (UX) .................................................................................................. 28
3.1.3 Design Thinking ........................................................................................................... 30
3.1.4 Visual Law .................................................................................................................... 32
3.2 RECURSOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS MAIS UTILIZADOS PELO LEGAL
DESIGN .................................................................................................................................... 33
3.2.1 Utilização de Infográficos, Fluxogramas e Ícones .................................................... 33
3.2.2 Utilização de QR Codes .............................................................................................. 35
3.2.3 Utilização de Hiperlinks.............................................................................................. 37
3.3 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO ........................................................................... 38
4 A EFICÁCIA DO LEGAL DESIGN NOS DOCUMENTOS JURÍDICOS ................. 40
4.1 APLICABILIDADE DOS ELEMENTOS VISUAIS E TECNOLÓGICOS NO ÂMBITO
JURÍDICO ................................................................................................................................ 40
4.2 ASPECTOS POSITIVOS X NEGATIVOS .................................................................... 43
4.2.1 A Tecnologia e os Recursos Visuais como Meios de Facilitação da Garantia ao
Acesso à Justiça ....................................................................................................................... 44
4.2.2 Utilização de Visual Law de forma Exagerada ou Inadequada .............................. 47
4.3 OPINIÕES E POSICIONAMENTOS NO MEIO JURÍDICO ........................................ 48
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57
ANEXOS ................................................................................................................................. 69
ANEXO I – RESUMO DE ACÓRDÃO – TRT 6ª REGIÃO .............................................. 70
ANEXO II – MANDADO DE CITAÇÃO – JFRN.............................................................. 71
ANEXO III – EXEMPLO DE INFOGRAMA JURÍDICO ................................................ 73
ANEXO IV – RESUMO DE SENTENÇA CRIMINAL – TJPR ....................................... 74
ANEXO V – ATO ORDINATÓRIO – AUDIÊNCIAS VIRTUAIS – TJMA ................... 78
ANEXO VI – MODELO DE CONTRATO UTILIZANDO VISUAL LAW .................... 79
ANEXO VII – RELATÓRIO GRUPO VISULAW ............................................................. 95
ANEXO VIII – PESQUISA BITS ACADEMY ................................................................. 103
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objeto a verificação da eficácia dos recursos visuais e
tecnológicos dentro dos documentos jurídicos, através da utilização das técnicas de Legal
Design.
A importância desta pesquisa se encontra presente diante da dificuldade da maioria dos
cidadãos em compreender os termos jurídicos utilizados pelos profissionais da área do Direito,
assim como na otimização de tempo dos órgãos judiciais, que, habitualmente, recebem centenas
de processos para julgar em um curto espaço de tempo.
A escolha do tema foi de interesse pessoal do pesquisador, por meio de uma motivação
própria sobre essa temática. Em especial, conversando com a assessoria do gabinete do
Procurador João Fernando Quagliarelli Berrelli, da 02ª PGJ do MPSC, foi possível ter o
primeiro contato sobre o que era o Legal Design e, a partir disso, a curiosidade do pesquisador
falou mais alto, aprofundando cada vez mais seus estudos acerca do assunto.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa buscou-se o aprofundamento nas mais
diversas doutrinas encontradas sobre o assunto, bem como dispositivos legais que
mencionassem ou autorizassem a utilização de recursos visuais e tecnológicos nos documentos
jurídicos.
Como objetivos específicos, pretende-se levantar aspectos característicos sobre a
linguagem forense, assim como identificar quais são as principais técnicas utilizadas pelo Legal
Design; por fim, discutir a eficácia do Legal Design, analisando sua aplicabilidade, seus
aspectos positivos e negativos, bem como as diferentes opiniões no meio jurídico.
Para alcançar os objetivos delineados, a pesquisa caracteriza-se, quanto ao objetivo,
como de natureza qualitativa, pois pretende analisar o conteúdo de forma simples, buscando
ideias mais abrangentes e significativas sobre o assunto.
Além disso, o presente estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica, explicando a
temática a partir dos livros e artigos já publicados, possuindo uma diversidade de fontes físicas
e digitais.
Quanto ao método de abordagem, a pesquisa caracteriza-se pelo método dedutivo já que
se parte da premissa geral, que é a definição de Legal Design, para que se possa entender seus
fundamentos e utilidades, afunilando até a questão principal – a eficácia do Legal Design dentro
dos documentos jurídicos.
O presente trabalho foi estruturado em cinco seções: introdução, três capítulos de
desenvolvimento e conclusão. O segundo capítulo aborda as questões ligadas à linguagem,
10
2 LINGUAGEM
Neste capítulo serão apresentados a origem da linguagem bem como breves definições
sobre língua, linguagem e linguística, levando a introdução da linguagem forense até sua (in)
compreensão no meio social através de seus vícios de linguagem.
Não se trata apenas de trazer história e definir conceitos, mas contextualizar o
surgimento da linguagem até a compreensão da linguagem forense, para que se chegue ao ponto
fundamental deste capítulo, qual seja, os vícios de linguagem dentro da dialética jurídica.
De acordo com (LLORENTE, 2021), sabe-se que há muitas teorias referentes à origem
da linguagem, no entanto nenhuma é conclusiva. Conforme a jornalista:
Uma hipótese é que a linguagem se desenvolveu gradualmente como uma
especialização inata para codificar informações cada vez mais complexas (por
exemplo, quem fez o quê a quem, quando, onde e por quê), observa o estudo publicado
na revista Trends in Cognitive Science.
Outra perspectiva sugere que a gramática evoluiu mais rápido com o evento da
especiação, ou seja, a formação de linhagens que produzem duas ou mais espécies
diferentes, o que deu origem aos humanos modernos há cerca de 120 mil anos.
A maioria dessas propostas tem em comum a ideia de que a sintaxe da linguagem tem
um desenho complexo, semelhante, por exemplo, ao nosso sistema visual, e que a
adaptação biológica é a única forma de explicar a aparência desse esquema.
Por outro lado, Jean-Jacques Rousseau supôs que a linguagem humana foi uma
evolução gradual a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas mais complexas
e abstratas. De acordo com o filósofo, a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”,
o qual foi utilizado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo ou como alívio de
dores violentas, mas não era de uso comum. (SILVA, 2007 apud VARGAS JÚNIOR, 2013)
O linguista neozelandês, Steven Roger Fisher (2009), em vertente similar, entende que:
Os primeiros organismos terrestres desenvolveram mecanismos primitivos de troca
capazes de transmitir informações sobre espécie, gênero e intenção. Essa transmissão
ocorria através do que então consistia o meio mais sofisticado da natureza: a
comunicação química. Os milhões de anos da necessidade contínua de se entrar em
contato com outra criatura da mesma espécie para fins reprodutivos exigiram métodos
de comunicação ainda mais complexos. Desse processo evolutivo nasceu a
'linguagem' em seu sentido mais amplo.
Nessa linha, o filósofo Josué Cândido da Silva (2007) comenta acerca da comunicação,
onde a mesma:
(…) se torna possível pelo fato dos indivíduos adotarem o mesmo significado para um
gesto evocando uma vivência anterior do próprio indivíduo. Segundo Mead
(1967), quando o gesto chega a essa situação, converte-se no que chamamos de
“linguagem”, ou seja, um símbolo significante que representa certo significado. Com
o passar do tempo, esse conjunto de gestos significantes dá lugar a formas mais
elaboradas de linguagem, compondo um universo de discurso. Nesse estágio, o
sentido já não é articulado apenas tendo por base a interiorização das expectativas
de ação do outro. Há uma sofisticação da comunicação, que se torna possível pelo
fato dos indivíduos adotarem o mesmo significado para o objeto dentro deste universo
de discurso. (MEAD, 1967, p. 13-16 apud SILVA, 2007)
De maneira geral, pode-se dizer que a linguagem é o uso da língua para se comunicar
com as pessoas, entretanto, não se pode confundir as duas coisas, tratam-se de definições
semelhantes, mas distintas. Terra (1997, p.13) acaba por definir a língua como uma “(...)
linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação.” (TERRA, 1997 apud
UNIASSELVI, 2018). Ou seja, a língua compreende-se como um aspecto de linguagem e
pertence a um grupo de indivíduos; estes, por sua vez, concretizam a língua através da fala e da
escrita. (WEISS, 2018)
A linguagem, por outro lado, é uma capacidade humana de utilizar sinais linguísticos
com o objetivo de se comunicar, ou seja, utilizar-se de diversas formas de comunicação, como
por exemplo: a expressão de sentimentos, a manifestação de desejos e opiniões, a troca de
informações entre diferentes culturas, dentre outros procedimentos (DUARTE, s.d).
Neste ponto, é importante ressaltar que existem duas formas de linguagem, a verbal e
a não verbal, onde a primeira utiliza as palavras para estabelecer a comunicação, enquanto na
segunda – não verbal, utilizam-se gestos, sinais, símbolos, cores, luzes, entre outros. (NEVES,
2018)
Katyucha de Oliveira (s.d) traz um exemplo interessante sobre o tema:
(...) podemos considerar que existem vários tipos de linguagens gestuais. Quando
fechamos a mão colocando o polegar para cima, por exemplo, pode significar que está
tudo bem. Vale dizer, no entanto, que algumas pessoas que se comunicam por gestos
acrescentam significados diferentes a esse tipo de linguagem corporal. É o caso dos
indivíduos que se comunicam em Libras: Língua Brasileira de Sinais. Libras é
considerada a língua natural das comunidades surdas e nela um gesto como esse do
polegar, acrescido de contexto, complementa o ato comunicativo com mais detalhes.
Nessa linha, o termo científico que se utiliza no meio comum para o estudo da
linguagem chama-se de linguística, o qual surgiu em 1920 por Saussure, um filósofo suíço que
criou o curso de linguística geral em 1916. (SOUZA; SOUZA, 2012)
De acordo com Irenilde Pereira dos Santos (1994):
A Lingüística é o estudo científico da linguagem e das línguas naturais e seus
discursos. Enquanto ciência, cuida da constante elaboração e reelaboração de modelos
teóricos. Como “estudo das línguas naturais, a lingüística se interessa pelo conjunto
estruturado dos recursos lingüísticos que expressam as relações, funções e categorias
relevantes para a interpretação dos enunciados (dimensão sintática); pelos modos de
representação da realidade, tomados como sistema de referência para essa
interpretação (dimensão semântica); pelos mecanismos que relacionam essa
interpretação a determinados estados de fato, nas coordenadas espaço-temporal e
interpessoal (dimensão dêitico-referencial), e a determinadas situações de uso,
inclusive para avaliar os enunciado, do ponto de vista de sua adequação a
determinadas ações e propósitos (dimensão pragmático-discursiva) ou do ponto de
vista de sua verdade ou falsidade (dimensão lógica)” (Franchi, 1990 apud Santos,
1994).
14
Assim, partindo para uma breve classificação de cada uma das categorias, é possível
compreender a linguística geral como a área que engloba todas as ferramentas de análise, além
dos conceitos que são trabalhados por essa ciência. Como o próprio nome diz, ela oferece um
panorama mais geral da disciplina. (DIANA, 2019)
Por outro lado, linguística descritiva já se preocupa em descrever e/ou explicar as
línguas como elas são faladas, independente do que a Gramática Normativa considera como
correto ou não. (ARAÚJO, 2016)
Na linguística histórica, também chamada de linguística diacrônica, cinge-se no estudo
das manifestações linguísticas observadas ao longo do tempo (DIANA, 2019). Já a linguística
comparada, “identifica diferenças, semelhanças, e inter-relações entre duas ou mais línguas,
além de verificar se as línguas em questão possuem ancestral em comum.”. (DUCHOWNY et
al., 2015)
15
Assim, a referida linguística possui como foco de estudo a solução de problemas que
surgem em relação ao ensino das diferentes línguas e da tradução de textos. Ademais, propõe
também a resolução de certos distúrbios relacionados com a linguagem. (DIANA, 2019)
Diante disso, pode-se concluir que a linguística é uma ciência complexa onde até
mesmo habitam outras áreas do conhecimento como Sociologia, Psicologia, Etnografia e
Neurologia. Além disso possui diversas divisões, onde em cada uma se estuda uma
peculiaridade. (DIAS, 2018)
Por conseguinte, entendendo que língua e linguagem são coisas relacionadas, mas
distintas e que a linguística é o estudo da linguagem, pode-se, neste momento, adentrar mais a
fundo no estudo da linguagem forense, a qual é notoriamente utilizada no meio jurídico.
De acordo com Godoy (2015), moradores da área sul e nordeste do Brasil falam a
mesma língua, mas acabam utilizando expressões e sotaques diferentes que, às vezes, tornam-
se complicados para ambos se compreenderem. De igual forma existem os falares específicos
de grupos profissionais, como por exemplo: advogados, analistas de sistemas, engenheiros,
policiais e médicos, que desenvolveram vocabulários próprios de sua profissão para expressar
ideias específicas de seu ofício, mas que, quando aparecem em contextos diferentes, acabam
dificultando o entendimento de quem não pertence a esse grupo.
Sendo assim, entendendo que cada profissão possui uma linguagem própria, com
características únicas e peculiares, e que qualquer membro pertencente a ela pode adotá-la
naturalmente no seu exercício, Moreno Martins (2006, p.10 apud Reolon, 2010, p.10) salienta
que “a linguagem para o advogado [...] tem um significado muito mais contundente, uma vez
que a linguagem é o instrumento de trabalho para o advogado. Saber fazer uso desse
instrumento na medida adequada é bastante difícil para o profissional do Direito”.
Nesse liame, destaca-se o termo: Linguagem Forense, língua notoriamente utilizada
por juristas e advogados, podendo ser considerada como uma linguagem de segundo grau, pois
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embora se desenvolva por meio de determinada língua natural (português, inglês, francês, etc.),
possuí termos específicos do Direito, considerado por muitos uma ciência autônoma. (MAGRI,
2014)
Segundo Dantas (2012): “a necessidade de popularização desse linguajar surge no
Brasil com a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, que estabeleceu muitos direitos e
garantias que o povo ainda desconhece.”.
Ademais, Fröhlich (2014) aduz que a Linguística Forense (LF) pode ser considerada
um ramo da Linguística Aplicada (LA), parte essa que está inserida na Linguística, conforme
se observa no diagrama:
Além disso, conforme os ensinamentos de Celestina Vitória Moraes Sitya, o uso dessa
linguagem exige algumas orientações importantes:
A linguagem jurídica exige que os termos estejam sempre em seus devidos lugares,
ou seja, empregados especificamente para a situação determinada. Há de se destacar
que um repertório verbal preciso e tecnicamente adequado somente se adquire ao
longo de muitas pesquisas e leituras jurídicas, vivência nas lides forenses. Os termos
jurídicos adquirem conteúdo semântico próprio e o emprego de sinônimos pode alterar
o sentido e desvirtuar a expressão legal. (SYTIA & FABRIS, 2002. p. 23 Ibid p. 24)
Nesse sentido, cabe destacar que os termos técnicos no Direito são indispensáveis, no
entanto, não podem desvirtuar a função social da língua, ou seja, precisa-se imaginar que o
leitor do documento consiga compreendê-lo. (MATTOS, 2020)
Todavia, na maior parte das vezes, os leitores acabam ficando confusos ao ler as peças
processuais. Isto acontece pela tentativa dos profissionais do Direito utilizarem termos
antiquados e em desuso, além de figuras de linguagem extravagantes, e, principalmente, a
utilização de palavras fora de seu contexto médio de compreensão não entendidas pela maioria
das pessoas, com o objetivo de criar um discurso ou texto muito empolado, pomposo.
(REOLON, 2010, p. 189)
A utilização de termos em latim bem como palavras rebuscadas como praxe para
demonstrar conhecimento é algo comum e perceptível dentro da comunidade jurídica.
Entretanto, Marcio Maturana (2012) aduz que essas palavras, dentro do nosso idioma, estranhas
e desconhecidas, acabam muitas vezes tornando sentenças judiciais e textos do direito
completamente incompreensíveis.
Nos ensinamentos de Andréa Medeiros Dantas (2012) percebe-se que:
A linguagem jurídica sempre foi, para a maioria das pessoas, uma grande porta
fechada. A linguagem é a ferramenta mais utilizada para efetivar a comunicação entre
as pessoas e é o componente essencial de qualquer ciência, principalmente a ciência
jurídica. Através da comunicação a justiça é realizada, os conflitos são solucionados
e a paz social é alcançada. (grifou-se)
demonstrar erudição e poder, já que são poucos os que dominam tal vocabulário
erudito.
Outra das funções da linguagem empolada é a de esconder a falta de cultura jurídica.
A única função da linguagem deve ser a de comunicar. Não a de mostrar poder ou a
de confundir o interlocutor. Muito menos a de manipulá-lo.
Usar este estilo demonstra um desprezo inadmissível pela principal função da
linguagem que é a de transmitir ideias. Cultivar o gosto por este estilo de discurso é,
no mínimo, ser “elitista”, no pior sentido da expressão, e ignorar que o direito tem,
sobretudo – senão única e exclusivamente – uma função social. Porque privar parte
da sociedade da compreensão do Direito? Ou seja: de entender as regras a que todos
estão submetidos? Não parece totalmente sem sentido?
(…) uso extremo e complexo da linguagem jurídica, “que se propõe, mesmo que
inconscientemente, a persuadir e desorientar o leitor, com o uso de recursos
linguísticos altamente terminológicos (como o uso de jargão profissional), muitas
vezes arcaicos (como o uso extremo de latinismos), e de construções impessoais
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(como o uso de passivas), que despersonalizam o autor da fala, mas que, não raras as
vezes, são vistos como necessários para validar o gênero do documento (como leis e
códigos).
Nesse viés, a advogada Raquel Karine Matos (2020) relembra que: “No Brasil, o termo
“juridiquês" ficou conhecido publicamente depois que a Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB) lançou a “Campanha pela Simplificação do Juridiquês” em 11 de agosto de
2005.”
Portanto, segundo aduz Sabbag (2016, p. 18 apud MATTOS, 2020):
O Direito é a profissão da palavra, e o operador do Direito, mais do que qualquer outro
profissional, precisa saber usá-la com conhecimento, tática e habilidade. Deve se
prestar muita atenção à principal ferramenta de trabalho, que é a palavra escrita e
falada, procurando transmitir melhor o pensamento com elegância, brevidade e
clareza.
Por conseguinte, o Art. 192 do Código de Processo Civil de 2015 tem em sua redação
a obrigatoriedade de todos os atos e termos do processo utilizarem a língua portuguesa e,
quando redigido em língua estrangeira, somente poderá ser juntado aos autos quando
acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela
autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
Desta forma, conforme os ensinamentos da Doutora em Letras, Valdeciliana da Silva
Ramos Andrade:
21
(…) expressões como: “Alvazir de piso” para “juiz de primeira instância”, “Aresto
doméstico” para “alguma jurisprudência do tribunal local”, “Autarquia ancilar” para
“Instituto Nacional de Previdência Social”, “Caderno indiciário” para “inquérito
policial”, “Cártula chéquica” para “folha de cheque”, “Consorte virago” para
“esposa”, “Digesto obreiro” para “Consolidação das Leis do Trabalho”, “Ergástulo
público” para “cadeia”, “Exordial increpatória”, para “denúncia (peça inicial do
processo criminal)”, “Repositório adjetivo” para “Código de Processo, seja Civil ou
Penal”. Essas expressões, além de serem estranhas, são difíceis de serem
compreendidas, ferem a norma culta e, em consequência, o previsto no art. 192 do
Código de Processo Civil de 2015 (…) (ANDRADE, 2009 apud LEÃO ET AL, 2018)
Portanto, sabendo que grande parte dos profissionais do Direito tem noção sobre o
quão importante é se expressar de maneira clara, deve-se atentar ao uso de um vocabulário mais
acessível, mesmo quando se deve fazer uso de termos mais técnicos. (JESUS; EMIDIO, 2021)
Leão et al (2018), nesse viés, ressaltam sobre a utilização frequente da linguagem
técnica:
(…) o emprego excessivo da linguagem técnica, proveniente da formalidade típica
dos profissionais do ramo, pode interferir no processo de conhecimento, interpretação
e comunicação por parte do cidadão comum, alheio ao meio jurídico. Uma linguagem
jurídica mais simplificada certamente conferirá maior legibilidade e compreensão dos
textos por parte de todos os cidadãos. Ademais, as leituras realizadas permitem a
consideração de que o direito é alcançado de maneira efetiva por meio da linguagem,
nesse sentido, o ideal é que os legisladores considerem sempre a relação de
interdependência dele com a linguagem, como forma de garantir a clareza, a precisão
em seus textos, o que garantirá, consequente, acesso a todas as pessoas, sejam elas de
alto ou baixo grau de escolarização e de letramento. É uma forma constitucional de
garantir direitos.
Documentos jurídicos mais claros e sucintos é um desejo não só do público leigo, mas
sim de um grande número de usuários e operadores do Direito, que há anos se
movimentam em prol de uma linguagem jurídica simplificada. Esse movimento é
conhecido internacionalmente por Plain Language (linguagem objetiva), que procura
incentivar o poder público, bem como todos os juristas, ao uso mais consciente e
sucinto da linguagem do Direito, a fim de democratizar os textos de documentos
jurídicos por meio da descomplicação linguística.
Acredita-se que o movimento Plain Language surgiu entre 1940 e 1970 em países de
língua inglesa e, com o passar do tempo, expandiu-se. Desta forma, outros movimentos se
iniciaram, como por exemplo o Plain Swedish, que teve como foco a simplificação da
linguagem forense na Suécia. (TIERSMA, 1999, p. 222 apud FRÖHLICH, 2015, p. 225)
Além disso, o movimento luta pelo direito à linguagem simples e acessível nos textos
importantes aos cidadãos, como leis, decisões judiciais, bulas de remédios, apólices de seguros,
etc. (REVISTA CIENTÍFICA DO STJ, 2020)
A jornalista, fundadora da Comunica Simples e autora do livro “Clareza em textos de
e-gov, uma questão de cidadania”, Heloísa Fischer diz que: “Há muitas formas de exclusão e
uma delas é a social, causada pela linguagem. Se há uma informação que garantiria um direito
e ela está escrita de forma difícil, o cidadão não a entenderá e isso causará prejuízos”. (VALLE,
2020)
Nesse viés, Fischer (2019) reforça que: “usar linguagem simples em documentos e
comunicados traz benefícios muito concretos para o cidadão e para a máquina pública.
Economiza tempo e dinheiro, agiliza processos, aumenta produtividade e, principalmente,
fortalece a confiança no setor público. ”
Um fato interessante sobre o movimento é que, no ano de 2010, o próprio ex presidente
americano, Barack Obama, assinou o Plain Writing Act, ou, melhor dizendo, a lei da escrita
simples: “ (…) clara, concisa, bem organizada, seguindo as melhores práticas para o assunto,
para a área e para o público-alvo”, a qual menciona o público-alvo por entender que uma
linguagem pode ser clara para um conjunto de leitores, mas não para outro. (JORGEWICH, s.d)
Brigo (2020), desta forma, explica sobre o objetivo do movimento até o momento da
assinatura do Plain Writing Act:
O objetivo era melhorar a eficácia e a prestação de contas das agências federais,
promovendo uma comunicação que o público pudesse entender e usar. Todos os
órgãos federais tinham o prazo de um ano para: Designar um oficial sênior para
"escrita simples"; Explicar os requisitos da lei para os funcionários; Usar linguagem
simples em qualquer documento com informações sobre benefícios e serviços e
exigências do governo; Publicar um relatório de conformidade que atendesse aos
requisitos da lei em sua página web de linguagem simples.
A data de assinatura do Plain Writing Act (13 de outubro) se tornou tão simbólica que
passou a ser considerada o Dia Internacional da Linguagem Simples.
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Vale reforçar que as mais recentes legislações já exigem a substituição da liturgia pela
clareza e objetividade, exemplo disso são: o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Marco
Civil da Internet, a Lei da Liberdade Econômica e a Lei de Proteção de Dados e Privacidade
entre inúmeras outras leis e sistemas legislativos. (HACKEROTT, 2021)
Portanto, neste capítulo, apresentou-se a origem da linguagem, os conceitos de língua,
linguagem e linguística e a definição de linguagem forense, assim como sua (in) compreensão,
seus vícios de linguagem e o movimento que luta por sua simplificação, possibilitando chegar
ao entendimento de como a linguagem surgiu, como ela é utilizada no meio jurídico e como é
vista de forma complicada para o público em geral assim como para a própria comunidade
jurídica, movimento até mesmo grupos que solicitam uma linguagem mais simplificada.
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3 LEGAL DESIGN
Sabe-se que os profissionais da área do Direito, neste século XXI, acabam tendo que
trabalhar com algumas condições diversas a qualquer outra época, como por exemplo o grande
avanço da tecnologia, que é um fator diferenciador nos contextos das outras épocas.
(FALEIROS JÚNIOR, 2021)
Com a invenção dos computadores, principalmente dos computadores pessoais, o
armazenamento, o processamento e a comunicação de informações tomaram proporções
gigantescas. Esses processos ficaram mais rápidos e a distância cada vez menor, de forma a
dinamizar o cotidiano das pessoas. (TAKASE, 2007 apud CASTELLS, 1999, p. 302).
O sociólogo espanhol, Manuel Castells (2010 p. 44 apud FONSECA E SÁ, 2016),
destaca que:
Sem dúvida, a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e,
em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período
histórico, traça seu destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a
evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a
capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as sociedades,
sempre em um processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.
(…) uma proposta inovadora: olhar o sistema legal a partir de seres humanos e
entender as questões cruciais e buscar soluções criativas para melhorá-los. Significa
priorizar aqueles que são os usuários do sistema legal – tanto os que estão excluídos e
precisam resolver seus problemas quanto os “profissionais” que trabalham dentro
dele. A perspectiva do legal design faz com que possamos falar com essas pessoas,
cocriar e testar elas – e assim gerar algo que efetivamente resolva problemas de forma
mais útil, usável e capaz de gerar engajamento. Legal design nos ajuda a fazer
pequenas mudanças em grandes processos. Você pode usá-lo para aprimorar
documentos legais, produtos, serviços, políticas ou organizações. Trata-se de utilizar
estratégias criativas centradas no ser humano para encontrar maneiras de servir melhor
as pessoas. (HAGAN, s.d apud OIOLI, 2020)
Ademais, cumpre esclarecer que o Legal Design, tem o objetivo de aprimorar diversas
questões em relação a experiência dos operadores do direito e seus clientes, bem como a relação
dos próprios advogados com os Tribunais e servidores públicos. (NUNES; RODRIGUES,
2020, p. 238)
Robert Half (2020), em uma detalhada explicação, diz que:
De maneira sintética, o termo Legal Design tem sua inspiração nos conceitos de
Design Thinking e de User Experience (UX), que são metodologias de comprovada
eficiência e utilizadas para propor soluções com colaboração e também empatia.
Essas metodologias fazem uso de premissas que procuram tornar os processos mais
empáticos, além de entender, investigar e avaliar os cenários. Partindo desse princípio,
passam a fazer uso de novas tecnologias, que podem oferecer inovação em forma de
respostas para os problemas apresentados.
Para tanto, fazem uso da combinação de departamentos do design, da tecnologia e do
direito. Assim, o design atua em uma composição que considera a mentalidade
inovadora e criativa, direcionada para a resolução de conflitos, o que pode ser útil para
a gestão das corporações.
Dessa forma, a mentalidade do Legal Design tem aplicabilidade nos serviços
jurídicos, fazendo o rompimento com o pensamento tradicional da área, que é bastante
comum, inclusive fomentada pelos próprios profissionais do segmento.
Desta forma, apesar de cada autor ter sua própria visão sobre os elementos que
compõem o Legal Design, encontra-se um ponto de convergência entre eles, qual seja, a
1
Margaret Hagan é advogada, designer, diretora do Legal Design Lab e palestrante da Stanford Institute of Design.
Foi bolsista da Universidade de Stanford entre os anos de 2013 e 2014, onde lançou o Program for Legal Tech &
Design (Programa de Tecnologia Jurídica e Design) experimentando como o design pode tornar serviços jurídicos
mais utilizáveis. Ministrou diversas aulas com grupos de alunos interdisciplinares, enfrentando inúmeros desafios
jurídicos por meio de pesquisas focadas em User Experience - UX (Experiência do Usuário), além disso, conduziu
diversos workshops para profissionais da área do direito no processo de design. (STANFORD LAW SCHOOL,
[2015]).
26
3.1.1 Storyngtelling
Desta forma, entende-se que uma boa história consegue atiçar boas lembranças, além
de um sentimento de empatia com o sujeito ou com a situação da ação, que pode surgir em
diversos contextos de nossa vida. (PARENTE, 2017)
Além disso, Rodrigo de Bem (s.d) diz que a arte de contar histórias na busca de
conexão entre o comunicador e o seu público pode ser também utilizada na advocacia,
especialmente na busca de se reconhecer um direito na peça processual. Nesse sentido, o autor
menciona que:
Todo processo judicial pressupõe a apresentação de uma petição inicial, na qual a
parte autora expõe os fatos que servem de embasamento para uma pretensão resistida
pela parte contrária. Porém, muito se diz que as petições judiciais se tornam chatas
pelo excessivo uso de argumentação jurídica e pela ausência de um enredo que prenda
o julgador à história que está sendo contada.
27
(...) ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma narrativa em storytelling busca
expor os fatos de forma objetiva. A apresentação dos fatos relevantes em um processo
judicial não precisa (nem deve) ser de forma prolixa ou repetitiva. Muitas vezes a
repetição de fatos e argumentos é usada sob o pretexto de destacá-los, aparecendo
várias vezes ao longo da narrativa, tornando-a cansativa e, possivelmente, provocando
um efeito indesejado no julgador.
Importante referir também que a narrativa em storytelling pode também ser utilizada
em audiências (apresentação de razões finais, depoimentos, etc) e sustentações orais,
possibilitando imprimir de forma ainda mais nítida os efeitos desejados diante do juiz
da causa. Com esta técnica, é possível contar os mesmos fatos de forma mais clara,
objetiva e ainda conduzir a leitura (ou escuta) para um efeito desejado, como um
sentimento de ofensa à honra, de injustiça, entre outros tantos.
(...) Desta forma, o uso da ferramenta do storytelling em demandas judiciais colabora
no sentido de tornar a narrativa dos fatos mais atraente ao julgador, trazendo-o para
dentro da história e dos fatos contados no processo, além de auxiliar no seu
convencimento.
fórmula: É quando ele volta para casa com a fórmula a fim de ajudar a todos de seu
mundo comum.
Deste jeito, para usar a técnica de storytelling com um cliente ou um usuário, deve-se
encará-lo como o herói da história (PATEL, s.d), como no exemplo utilizado pelo autor, Neil
Patel:
O mundo comum é o universo atual do cliente ou público-alvo, em que há um
problema que precisa ser solucionado; O chamado à aventura é o chamado ao
reconhecimento do problema e busca das soluções; Recusa do chamado, obviamente,
há uma resistência inicial do cliente, e cabe a você superar as objeções; Encontro com
o mentor: o mentor, no caso, é você mesmo e a sua marca, que transmitem a confiança
necessária na jornada de compra; A travessia do primeiro limiar: é o momento em que
o cliente atravessa seus limites para assumir um novo ponto de vista sobre a solução;
Provas, aliados e inimigos: os pequenos desafios, no caso, são a superação de crenças
limitantes e receios do cliente; Aproximação da caverna secreta: é o momento antes
da decisão, em que você deve revisar as dores do cliente e apresentar seus benefícios;
A provação: é a batalha final pelo “sim” do cliente; A recompensa: é a merecida
conversão; O caminho de volta: a volta pode ser o pós-venda, em que o cliente retorna
com uma solução valiosa para transformar sua vida.
Ainda, Vieira (2019) salienta que os tópicos abordados são apenas recomendações que
podem ajudar a contar boas histórias, mas não se pode transformá-los em uma receita de bolo
ou uma fórmula. Não existe mandamentos ou escritas, podendo reinventar cada texto.
Garrett (2011 apud SOARES FILHO, 2015, p. 45), no mesmo viés, entende que:
“quando pensarmos na experiência do usuário, deveremos dividi-la em vários elementos; ao
observar esses elementos de várias perspectivas, será possível afirmar que conhecemos as
implicações de nossas decisões.”.
Seguindo essa lógica, entende-se que a Experiência do Usuário trata do sentimento das
pessoas em relação a produtos e serviços, envolvendo infinitos aspectos como por exemplo:
usabilidade, funcionalidade, conteúdo, entre outros. (SOARES FILHO, 2015, p. 46)
29
Deste modo, visando a experiência dos usuários nos documentos jurídicos, o sistema
judiciário se modernizou, permitindo que os operadores do direito aprimorem tais documentos
a fim de torná-los mais eficientes, como por exemplo a Lei nº 14.129/2021 que, em seu Art. 3º,
traz alguns princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência pública. Dentre eles,
destacam-se os incisos VII, VIII e XXVI (BRASIL, 2021):
Art. 3º São princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência pública:
[…]
VII - o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer cidadão;
VIII - o uso da tecnologia para otimizar processos de trabalho da administração
pública;
[…]
XXVI - a promoção do desenvolvimento tecnológico e da inovação no setor público.
Além disso, no Art. 9º, inciso VI, tem-se que: “o Ato da Presidência que disciplinar a
política de governança e gestão PDPJ-Br deverá estabelecer também a definição dos padrões
mínimos de interface, com aplicação dos conceitos de usabilidade, de acessibilidade e de
experiência do usuário (user experience).”.
Portanto, a experiência do usuário já está inserida em algumas partes do judiciário, no
entanto, para que se possa saber se as técnicas utilizadas estão tendo resultados positivos, o
feedback dos usuários e dos clientes é de extrema importância. (MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020,
p. 107)
30
Tim Brown (2010, p. 39 e 40), uma das referências mundiais sobre o tema, conta que
a evolução do design ao design thinkng foi uma história de ascensão da criação de produtos até
a análise da relação entre as pessoas e esses produtos e, posteriormente, a relação entre as
pessoas com outras pessoas.
Seguindo o entendimento, Bukowitz (2013 apud Macedo; Miguel; Casarotto Filho,
2015, p. 169) diz que o design thinking é em uma abordagem de solução de problemas, que se
utiliza das ferramentas de criatividade e conceitos de diversas disciplinas para encontrar uma
solução.
Nesse viés, Blum, Vainzof e Moraes (2020) detalham que:
Quando se pensa na palavra “design”, a primeira coisa que vem em mente é o aspecto
“estético”, um “projeto” ou um “desenho” de um objeto. Porém, o design não se limita
às formas, seu propósito é unir a forma de determinado objeto à sua funcionalidade.
Portanto, parte-se de uma visão em que esse objeto se relaciona com o seu destinatário,
a sua concepção leva em consideração essa interação entre o objeto de criação e seu
usuário final.
Diante desta definição de design, é possível concluir que o designer cria projetos
centrados nas pessoas. Isso pode parecer óbvio e simples, especialmente para os dias
de hoje em que se falar de “user experience”. Essa forma peculiar de pensar dos
designers, o que em inglês pode ser traduzido como “design thinking” (pensamento
de design), vem ganhando espaço e sendo tratado como um novo modelo mental. É
uma nova forma de pensar, abordar problemas e inovar, trazendo as pessoas para o
centro do projeto. (SERAFINO & JACINTO, 2020) (grifou-se)
Ademais, Nybø (2021, p. 12) argumenta que referido conceito trata-se de uma
metodologia aplicável em qualquer área do conhecimento, seguindo alguns passos bem
definidos para ser executada. Além disso, o autor destaca que, por conta do design thinking não
se restringir somente ao Direito, a expressão “legal design thinking” acaba sendo incorreta.
Nunes e Rodrigues (2020, p. 234), na mesma linha, comentam que se trata de “uma
abordagem, que altera a ótica e permite apresentar ideias mais criativas para a solução da
questão e que atendam o usuário (...)”. Portanto, sabendo que o Legal Design foca na criação
de um produto ou serviço jurídico, ele permite a utilização do processo de design thinking.
(MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020, p. 23)
Dessa forma, no que se refere a estrutura do design thinking, pode-se dizer que sua base
é dividida em 3 (três) pilares: empatia, experimentação e prototipação. Na empatia é possível
traduzir observações em insights que podem melhorar a vida das pessoas, na experimentação
há os testes, onde é possível aprender com o erro, permitindo descobrir caminhos inusitados e
na prototipação é onde se cria modelos para avaliar se é viável, desejável e praticável.
(SEBRAE, 2019)
31
De acordo com Colaço (2021), na etapa de empatia é necessário ter uma compreensão
empática sobre quais são as necessidades das pessoas que estão envolvidas no problema, ou
seja, de uma forma geral, a empatia permite deixar que o indivíduo dispense suas próprias
suposições e obtenha uma visão divergente da sua.
Brown (2010, p. 46) define a empatia como:
(...) hábito mental que nos leva a pensar nas pessoas como pessoas, e não como ratos
de laboratório ou desvios-padrão. Se formos "tomar emprestada" a vida dos outros
para inspirar novas ideias, precisamos começar reconhecendo que seus
comportamentos aparentemente inexplicáveis representam diferentes estratégias para
lidar com o mundo confuso, complexo e contraditório no qual as pessoas vivem.
No que diz respeito a etapa definição, Xavier (2017) entende que: “é o “ponto de
visão”, claro e objetivo para toda a equipe, do problema delimitado”. Aduz o autor que neste
ponto delimita-se o problema, utilizando-se registros das necessidades e conhecimentos que
forma descobertos na etapa anterior (Empatia).
Ademias, Maya; Nybø; Cunha (2020, p. 28 e 29) descrevem que a etapa de idealização
surge a partir da realização de um brainstorming, onde se pode coletar o máximo de ideias
possíveis. Quanto a prototipação, mencionam que se constrói uma versão simplificada para,
posteriormente, ser testada. Nesta etapa vale reforçar que não se faz aperfeiçoamentos no
produto ou serviço pois ainda haverá a etapa de testes, onde poderá ser necessário alterar
algumas coisas.
32
O Visual Law ou melhor dizendo, direito visual, segundo Nunes e Rodrigues (2020, p.
240) é “a utilização de técnicas que conectam a linguagem escrita com a linguagem visual ou
audiovisual.”
De acordo com Oioli (2020), certas pessoas enxergam o Visual Law como “a produção
de conteúdo jurídico claro, esteticamente agradável (com o auxílio do design gráfico e design
da informação) e formatado para o contexto de uso da pessoa a quem a informação se destina
(aplicando princípios da usabilidade).”
Poliane Almeida (2020), em outro sentido, explica que:
O Visual Law é na verdade um braço do Legal Design. É uma mudança de
pensamento, uma mudança do Minset, mudança na forma de apresentar documentos
jurídicos. É tornar a experiencia do usuário a melhor possível, seja através de
linguagem simplificada, recursos visuais, audio-visuais e outros.
Na verdade, o Visual Law não é o recurso que retira o texto de circulação e nem tão
pouco colocar figura/desenho em tudo ou deixa o documento bonitinho. Essa técnica
vai muito mais além. Pelo Visual Law podemos nos aproximar do usuário/cliente e
fazer com que ele entenda cada linha do documento.
Simplificar a linguagem, tirar termos jurídicos que somente advogados conhecem.
Deixar os documentos ou petições com fácil entendimento para qualquer pessoa, em
qualquer nível de conhecimento. (grifou-se)
Assim, visto como uma das utilidades inseridas dentro do Legal Design, o Visual Law
é classificado como “uma nova forma de argumentação jurídica que combina elementos visuais
e textuais para contextualizar o caso em petições e simplificar contratos, tornando os
documentos simples, interativos e fáceis de ler.” (THOMSON REUTERS, 2020)
Além disso, Leonardo Sathler de Souza (2021, p. 107 e 108) acredita que os advogados
capazes de navegar as novas correntes visuais, tendem a ter melhores chances na expressão de
fundamentos e no compartilhamento retórico de seus discursos.
33
Conforme aduz Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 40), “alguns recursos são comumente
utilizados na criação dos documentos que se pautam pelas técnicas de Legal Design. Esses
recursos podem auxiliar a compreensão do destinatário final sobre o documento jurídico
apresentado.”
34
Nessa esteira, surge mencionar a utilização dos ícones, que nada mais são do que
funções simbólicas de um objeto ou pessoa, mantendo uma relação de similitude com a
referencial real. (CEIA, 2009)
Sua utilidade nos modelos jurídicos serve para identificar, de forma mais fácil e visual,
as informações no documento. Além disso, podem servir para identificar ações a serem
tomadas, como no caso de uma assinatura ao final de um contrato. (MAIA; NYBØ; CUNHA,
2020, p. 40 e 41)
No tocante aos Infográficos, Nediger (2021) os define como: “uma coleção de
imagens, visualizações de dados, como gráficos de barras e setores, e texto mínimo capaz de
fornecer uma visão geral e fácil de entender a respeito de um assunto. O autor diz que se trata
de uma ferramenta valiosa para a comunicação visual, pois chamam a nossa atenção e não
permitem que ela se disperse.
Em complemento, Stopanoviski (2015) menciona que:
O volume de informação presente na sociedade da informação inviabiliza que
decisões abarrotadas de informações, especialmente textuais, prestem atenção em algo
que não esteja resumido e que vá direto ao ponto. É essa a razão de existir dos
memoriais, por exemplo. Imagine seu poder de convencimento se os memorais
contiverem gráficos, tabelas e desenhos elucidativos!
À vista disso, algumas ideias de utilidade dos infográficos nas petições são: ilustrações
estatísticas em casos criminais, narração de acontecimentos em ordem cronológica e
apresentações comparativas, onde o advogado pode realçar semelhas e diferenças. (AZEVEDO,
2019)
Quanto aos fluxogramas, pode-se dizer que é uma espécie de diagrama (um desenho)
que “representa graficamente uma sequência de eventos, os passos de processamento e as
decisões tomadas durante um processo.” (OLIVEIRA, 2018)
Azevedo (2019), além de utilizar-se de exemplo próprio (ANEXO III), cita a utilidade
dos fluxogramas para ilustrar variedade de recursos em um mesmo processo:
Há casos complexos em que os advogados interpõem dezenas de recursos. Embargos
de declaração, embargos dos embargos de declaração, embargos dos embargos dos
embargos de declaração. E por aí vai. Chega um momento que nem o próprio julgador
consegue entender o “emaranhado processual”. Caberá o advogado então explicar, em
texto, toda a complexidade recursal, nem sempre com êxito.
Em tais situações, o profissional da advocacia pode utilizar fluxogramas detalhados.
Com eles, o advogado terá mais sucesso em esclarecer ao magistrado todos os recursos
que foram apresentados e por que aquele em questão merece ser provido. O
fluxograma traduz, de forma visual, a variedade de recursos em um mesmo processo,
tornando a informação mais clara.
35
Nesse sentido, o advogado Euro Júnior acredita que a ideia vai se espelhar por diversos
escritórios do país, evitando gastos com idas até tribunais para realização de despachos. Além
disso, aduz que não se necessita de grandes investimentos para o uso de referida tecnologia,
uma vez que existem aplicativos gratuitos que geram os códigos. (ROVER, 2019)
Todavia, Torrano (2017) traz pontos importantes quanto as desvantagens do uso de
QR Code em peças processuais, tais como:
Força o juiz a pegar o celular e fazer o download de um aplicativo, tirando o foco dele
para com o computador; Gera um desgaste desnecessário de tempo, porque o conteúdo
poderia ser disponibilizado por "hiperlink" -- o que é acessível com 1 clique; Por ser
um aplicativo do celular, num primeiro momento, ficar-se-ia limitado ao dispositivo,
dificultando o manuseio do vídeo ou imagem; Lembre-se: não queremos tirar o foco
do juiz/técnico/analista. Queremos mantê-los no mesmo dispositivo com que
trabalham (= computador); Outro ponto: visualizar conteúdo no celular gera mais
cansaço do que no monitor do computador, prejudicando a postura do juiz, p. ex;
Efeito prático se chegar 30 petições no dia com QR Code? Ninguém acessará. Pois
sobrecarrega o tempo dos servidores e do juiz.
Posto isso, para implementação do Legal Design nos documentos jurídicos, deve-se
levar em consideração alguns pontos essenciais de experiência do usuário (MAIA; NYBØ;
CUNHA, 2020, p. 103), quais sejam:
Definir quem será o usuário do documento; identifique a situação atual, para poder
definir os objetivos com o processo e medir as mudanças alcançadas com o processo.
No início, pode ser utilizando o design thinking para o processo; reduza o texto para
que ele seja objetivo; evite o uso de palavras de difícil entendimento; defina o layout
e crie o protótipo; pense na experiência do usuário de acordo com os recursos que
você vai utilizar; procure utilizar recursos gráficos para ressaltar o sentido do texto ou
substituí-lo. Nenhum recurso deve ser utilizado apenas por ser esteticamente atraente.
39
Cabe dizer, neste ponto, que ninguém gosta de ficar seguindo passo-a-passo, na
maioria das vezes, as pessoas querem ir direto ao ponto e aplicar um determinado conhecimento
à sua realidade (MEDEIROS, 2021, p. 123). No entanto, torna-se aconselhável observar as
instruções e legislações que comentam sobre o assunto.
Portanto, diante de todas características que compõem o Legal Design bem como seus
aspectos de implementação, no próximo capítulo será demonstrado sua possível eficácia dentro
dos documentos jurídicos.
40
2
O Escritório Social é um dos serviços do programa Cidadania nos Presídios, do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Esse tipo de unidade permite a integração de diversas entidades que prestam auxílio aos egressos do sistema
prisional e a seus familiares, durante os primeiros meses de liberdade. Eles podem ter acesso a encaminhamento
profissional, capacitação, atendimento médico e psicológico, além de assistência jurídica. (TJPR, 2017)
41
À vista disso, segundo Redisch (1999, p. 10 apud Caloche, Jaques e Costa, p. 10) “o
design de um documento compreende todo o processo de planejamento, seleção de conteúdo,
redação, formatação, revisão e teste do documento para ter certeza de que ele atende aos
objetivos dos autores que o desenvolveram e aos propósitos dos usuários(...)”
Nesse viés, Oioli (2020) explica que:
Levar o design para o direito significa abraçar práticas que os designers adotam na
busca de soluções: observação, empatia, entendimento de cenários, busca de padrões,
trabalho em equipes multidisciplinares, escuta ativa, cocriação e, principalmente,
prototipação e experimentação. Porque é preciso testar as ideias em pequena escala e
iterar continuamente. Significa também olhar “para fora do direito” em busca de
modelos praticados por outras áreas do conhecimento e outros setores, como a
tecnologia, o mercado financeiro e a biotecnologia.
Posto isso, Wilson Furtado Roberto (2021) lembra que, nos últimos anos, o mercado
jurídico nacional vem experimentando variados recursos que oferecem mais agilidade e
prometem melhorar a qualidade dos serviços jurídicos. Junto a isso, leis, instruções e resoluções
vêm sendo criadas recentemente, possibilitando que os órgãos públicos bem como a advocacia
apliquem Legal Design em seus documentos.
42
3
Art. 9º-A. Nos atos submetidos a registro poderão ser usados elementos gráficos, como imagens, fluxogramas e
animações, dentre outros (técnicas de visual law), bem como timbres e marcas d'água.
4
Art. 4º A Política de Gestão de Riscos deverá contar com os seguintes elementos existentes ou a serem definidos
ou executados em cada gestão: I – capacitação e treinamento periódico sobre ética, integridade e governança,
prioritariamente desenvolvido por meio on-line e mediante emprego das técnicas de visual law;
5
Art. 23-D – O tratamento de dados pessoais destinados à prática dos atos inerentes ao exercício dos ofícios
notariais e registrais, no cumprimento de obrigação legal ou normativa, independe de autorização específica da
pessoa natural que deles for titular, em razão das bases legais constantes no art. 7º, incisos II; V e VI da Lei
13.709/2018.
§ 5º – As serventias deverão se atentar para produzir avisos de privacidade com redação em linguagem
compreensível e direcionada ao público e com a utilização de técnicas de Visual Law e Legal Design (linguagem
clara e elementos ilustrativos), observando o atendimento do art. 6º, inciso VI; do art. 9º, caput e §1º e do art. 14,
§6º, do diploma de Proteção de Dados.
43
Salienta-se que os Tribunais de Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Distrito
Federal, Paraná, assim como a Justiça Federal de São Paulo e o Supremo Tribunal Federal estão
investindo em laboratórios de inovações para conduzir pesquisas, estudos e desenvolvimento
de novas soluções. (AGUIAR, 2021)
Quanto à aplicabilidade prática do Legal Design para os advogados e juristas, de
acordo com Larissa Bastos (2021), o uso da plataforma Canva auxilia de forma gratuita na
elaboração desses documentos, além de concentrar diversos recursos visuais com baixa
complexidade de aplicação. A autora menciona que a plataforma permite que os operadores do
direito, mesmo sem entender nada de design, consigam tornar os instrumentos jurídicos mais
claros, acessíveis e atrativos.
Nesse liame, Hernandez (2020) reforça que:
A melhor forma de aprender sobre legal design é fazendo, testando, colhendo
feedbacks e repetindo o processo. Com o desenrolar dessa execução, provavelmente
você irá inserir no seu documento o visual law, que num resumo simplório nada mais
é do que a inserção de elementos visuais para tornar o texto jurídico mais
compreensível.
Unir o legal design com o visual law fará com que a interpretação dos documentos
seja ainda mais facilitada, afinal, como você já deve ter ouvido por aí, o cérebro
humano processa imagens muito mais rápido do que lê.
Portanto, sabendo que a aplicação de Legal Design está em andamento nos mais
diversos órgãos públicos do país, e que sua utilização por advogados também pode ser feita de
maneira prática, cabe apontar, no próximo item, as características positivas e negativas desse
conceito.
Nesta seção faz-se necessário uma breve introdução dos pontos positivos e negativos
referentes a utilização de Legal Design nos documentos jurídicos, mostrando os impactos que
acarretam aos seus leitores/usuários, dentre eles, focou-se, como ponto positivo, a tecnologia e
os recursos visuais como meio facilitador ao acesso à justiça e, ponto negativo, as
consequências do uso exagerado ou inapropriado das técnicas de Visual Law.
44
Ademais, Watanabe (1988, p. 128 apud Pinto; Cardoso; Rover, 2021, p. 254) esclarece
que “a problemática do acesso à justiça não pode ser estudada nos acanhados limites do acesso
aos órgãos judiciais já existentes. Não se trata apenas de possibilitar o acesso à justiça enquanto
instituição estatal, e sim de viabilizar o acesso à ordem jurídica justa.”. Mancuso (2015) reforça
a importância da discussão, arguindo que “o problema do acesso à justiça não pode mais ser
visto ou tratado como questão fechada, dogma incontornável.”
Flávio Galdino (2007, p. 81 apud Mancuso, 2015) complementa, de forma categórica
que:
(...) o direito de acesso à justiça: I – tem como base as ideias de isonomia material e
efetividade do processo; II – contempla a relação processual propriamente dita e não
as relações entre o Poder Judiciário e os demais poderes; III – está dirigido à
efetividade da tutela jurisdicional, que passa ocupar lugar de centralidade na teoria
jurídica processual; IV – ainda assim, permanece dirigido fundamentalmente ao
legislador; V – promove a implementação de meios alternativos de solução de
controvérsias.
Diante das informações trazidas, levando em conta o acesso à justiça em todos os seus
conceitos, ressalta-se um julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde o Ministro Marco
Aurélio Bellizze critíca a linguagem rebuscada com termos estáticos presentes nos meios de
prova, impossibilitando uma análise fácil e prejudicando a sobremaneira de tomada da decisão
mais adequada:
O direito à prova, derivado dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla
defesa e do acesso à justiça, é considerado direito fundamental e engloba a adequada
oportunidade de vindicar a sua...bastante rebuscada, inclusive com diversos termos
estáticos, não se podendo fazer incursão fácil nas análises apresentadas, o que
prejudica sobremaneira a tomada de decisão em prol da resolução adequada...DIÁRIO
DA JUSTIÇA. ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. ART. 128, I,
DO RISTJ. (STJ - AgInt no AgInt no AREsp: 1397248 DF 2018/0293776-9, Relator:
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 29/06/2020, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/08/2020)
Portanto, não é à toa que referido órgão possui um Manual de Padronização de Textos
disponível não só para os seus servidores, mas também para quem possui a escrita como
ferramenta de trabalho. (BRASIL, 2016, p. 9)
A propósito, Slaibi (2017) infere que:
O ponto nevrálgico entre o hermetismo da linguagem jurídica e o conceito de acesso
à justiça é a aptidão para reconhecer um direito e propor uma ação ou sua defesa
(CAPPELLETTI, 1988). Muito embora essa seja uma barreira mais determinante no
que se refere a classes econômicas mais baixas, com um menor acesso a informação
e a educação formal, é um problema generalizado.
O acesso ao direito, nesse intuito, pode-se encarar, conforme Branco (2008, p. 4),
como uma “garantia de efetividade dos direitos individuais e coletivos” onde os direitos da
população só poderão ser efetivados se tiverem noção deles ou caso considerem-se lesados
diante de uma situação, podendo recorrer a uma instância ou entidade, à qual se reconheça
legitimidade para dirimir o conflito que acreditam ter lesado.
Outrossim, referida garantia constitucional sofreu diversas alterações, principalmente
com as inserções tecnológicas, como bem explicam Machado e Abreu (2021, p. 346-347):
Na atualidade, leia-se, em pleno século XXI, compreende-se que o Acesso à Justiça
tem sofrido diversas alterações, principalmente considerando-se a questão da inserção
de novas tecnologias, novos casos apresentados ao Poder Judiciário – decorrentes
dessa evidente pós-modernidade, e sobretudo, a percepção da necessária atualização
que deve-se haver no que se refere a concepção de um efetivo Acesso à Justiça.
46
Dessa forma, tendo em mente que o Direito ainda não conseguiu ser acessível a toda a
população por conta de diversos motivos, como por exemplo a lentidão dos trâmites das ações
judiciais bem como o vocabulário totalmente alheio à realidade dos indivíduos, surge a
necessidade de melhorar a comunicação jurídica para que a linguagem seja mais compreensível
a todos. Assim, o Legal Design aparece de forma positiva como uma alternativa viável para
novas formas de prestação do serviço jurisdicional, entregando informações que os leitores
entendam. (AZEVEDO; OLIVEIRA, 2021)
Segundo os mesmos autores: “o uso das ferramentas de Design Thinking, Legal
Design, tendo como resultado documentos com utilização de Visual Law, possibilitam o melhor
entendimento do Direito, tornando-o mais acessível.”
Ainda, Bordin (2020) adiciona que:
Para os que defendem a simplificação do "juridiquês", a medida tem nítidas
vantagens: garante um maior acesso dos cidadãos a informações jurídicas, diminui o
tempo gasto na análise de cada processo e, por meio da padronização de documentos,
possibilita a aplicação de inteligência artificial na Justiça. (grifou-se)
Na mesma linha, referente à questão das pessoas com deficiência, Tomé (2020)
argumenta que “há diversos exemplos de como a tecnologia associada à internet é importante
para integrar as pessoas com deficiência na sociedade, permitindo a comunicação, bem como o
acesso às informações e serviços.”. Além disso, a autora acredita que a comunicação está
intrinsecamente ligada à internet e às tecnologias e, caso não se veja assim, pode-se dizer que,
pelo menos, são partes essenciais a ela.
A princípio, destaca-se as colocações de Azevedo e Oliveira (2021):
Embora o Visual Law, como se verá, não seja meramente a utilização de imagens,
símbolos etc., nesse contexto de acesso à justiça é importante compreendermos por
que a forma de comunicar o Direito é também uma forma de implementar o Direito
ao acesso à justiça.
E, para compreender isso, basta partirmos de uma simples premissa de que, por
exemplo, no Brasil, temos ainda um grande número de analfabetos e, assim, o simples
fato de utilizar-se exclusivamente palavras, na forma escrita, já seria uma forma de
exclusão, e não de inclusão e acesso.
Muito pertinente essa reflexão, eis que, se a realidade é construída de acordo com o
que se interpreta e se há uma possibilidade mais efetiva (aqui propomos que seja com
Visual Law) de entender aquilo que é o objeto da interpretação, então temos real poder
de escolha. Do contrário, é como se assinássemos um contrato de olhos fechados.
com seus funcionários, onde o modelo foi pensado para que os coletores de frutas
compreendessem facilmente as cláusulas contratuais. Ressalta-se que a maioria dos
trabalhadores era analfabeta e incapaz de interpretar corretamente as disposições de um
contrato. (AZEVEDO, 2021)
Segundo Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 15) não adianta criar um documento apenas
visualmente atrativo, os recursos visuais também precisam ser úteis, precisam ter uma
funcionalidade clara, qual seja, facilitar o entendimento dos documentos.
Além do mais, Iwakura (2021) destaca que qualquer generalização da utilização de
Visual Law é indevida e, para o seu uso, é preciso ter certo cuidado, pois nem sempre os recursos
visuais serão necessários e adequados, devendo em certas situações manter a forma tradicional.
Nesse liame, levando em conta o uso moderado dos recursos visuais e tecnológicos
nas peças processuais, colhe-se um trecho da sentença proferida pelo Juízo da 70º Vara do
Trabalho de São Paulo/SP, nos autos n. 0001584-90.2012.5.02.0070, em que se recomenda a
utilização moderada dos referidos elementos:
(...) Embora este Juízo não ignore as ferramentas denominadas visual law, em que
elementos visuais são utilizados na construção de documentos, tais como contratos e
até mesmo manifestações judiciais, recomenda-se a utilização parcimoniosa de tais
elementos. (SÃO PAULO, 2012)
Ademais, sabe-se que no design existe um caso emblemático que cuida justamente
sobre a utilidade em relação à sua forma e que serve de analogia para o que está sendo tratado
neste item. (MAIA, NYBØ E CUNHA, 2020, p. 15-16). De acordo com a história trazida pelos
autores:
Em 1986, Philippe Starck criou um espremedor de limão chamado Juicy Salif para a
empresa italiana Alessi. A ideia veio de um momento em que ele comia duas lulas e
solicitou um limão ao garçom. Em seguida, desenhou um protótipo que lembra o
corpo de uma lula e que, depois, se tornaria o espremedor de limões.
O ponto é que o produto se tornou uma obra de arte por conta de sua forma e um
objeto desejado para decoração das casas. Isto é, o objeto não é utilizado para a
finalidade que foi criado, mas para decorar, por conta de sua beleza estética.
Em certo momento, Philippe criou versões banhadas a ouro – que, claramente, não
seriam utilizadas para espremer limões. Segundo alegações, o criador teria dito “são
para iniciar conversas, não para espremer limões”.
Por conta dessas características, o Juicy Salif tem acumulado grande polêmica desde
1990, quando começou a ser vendido. A própria comunidade de design critica o objeto
até hoje, alegando a sua falta de funcionalidade e utilidade – sendo considerado por
muitos apenas uma obra artística.
Essa história serve para combater o questionamento que alguns fazem em relação ao
legal design e explicar sobre o que realmente se trata a matéria (...)
Assim como o Juicy Salif é considerado obra de arte, por não ser funcional o suficiente
para desempenhar a atividade para o qual foi criado, um documento apenas
48
Norman (2006, p.26), na mesma linha, complementa que objetos mal concebidos ou
mal projetados podem ser difíceis e frustrantes de usar. O autor infere que o resultado do design
de má qualidade é um mundo cheio de frustrações, com objetos que não podem ser
compreendidos, com mecanismos que induzem ao erro.
À vista disso, vale trazer um caso que ocorreu na 9ª Vara Cível de Goiânia, onde o juiz
realizou um despacho judicial, valendo-se do dispositivo no art. 321 do CPC6, para que a parte
emendasse a inicial, fazendo constar de forma clara, os fatos de sua pretensão, utilizando,
preferencialmente a formatação exigida pelas normas da ABNT, uma vez que a exordial teria
ficado muito carregada e de difícil leitura e compreensão. (IWAKURA, 2021)
Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 18), nestes moldes, destacam:
Como mencionado, o termo design significa a concepção de um produto no que se
refere à sua estética, sendo a funcionalidade do produto o aspecto principal da sua
concepção. Ou seja, a forma deve seguir a função. O design deve resolver uma
necessidade (ZHU, 2005, p. 4) com uma solução agradável que leve em consideração
a interação do usuário para estar correto. De nada adianta uma bela composição, se
ela é inútil (NORMAN, 2013, p. 5). (grifou-se)
Desta forma, Iwakura (2021) supõe que “muitas peças neste exato momento, não serão
ideais, ou seja, não conseguirão captar em sua integralidade uma aplicação precisa de todas as
técnicas do Visual Law. ”. Portanto, caso os recursos de Legal Design não sejam utilizados de
forma correta, respeitando seus princípios norteadores, provavelmente irão surgir efeitos
negativos nos documentos jurídicos em que forem aplicados.
6
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
49
7
Smart Contracts são contratos que operam por meio de algoritmos (SZABO, 1996 apud MAIA; NYBØ;
CUNHA, 2020, p. 108) e conseguem se resolver sem a necessidade de interferência de um terceiro
(autoexecutáveis).
50
No entanto, conforme uma pesquisa desenvolvida pelo grupo Visulaw (ANEXO VII),
coordenada pelo advogado Bernardo de Azevedo, com a participação de 147 juízes federais de
17 estados diferentes, foi possível ter uma relevante recepção do Poder Judiciário acerca dos
elementos visuais e tecnológicos nas petições.
Dessa maneira, quando os pesquisadores questionaram acerca do que torna uma
petição mais agradável para leitura e análise, 96% dos Magistrados apontaram acerca da
redação objetiva, 66% apontaram a boa formatação da peça, 59% a redução no número de
51
Ainda, quando se perguntou sobre quais elementos visuais não devem ser utilizados
nas petições, 43,8% dos Magistrados se posicionaram a favor de todas as opções apresentadas,
enquanto que 3,3% se mostrou contrária ao uso de elementos visuais em petições. Acerca da
indicação de quais elementos não deveriam ser aplicados nas petições, o uso de QR Codes
representou 39,2% dos votos dos respondentes e a utilização de vídeos 34,6%. (RELATÓRIO
VISULAW, 2020, p. 9)
Por conseguinte, no que condiz a possibilidade do uso de elementos visuais facilitar a
compreensão do conteúdo, 77% dos Magistrados responderam que facilita, desde que usados
com moderação, 9,8% disseram que facilita em todos os casos, 6,54% apontaram que dificulta
e 6,54% não opinou (RELATÓRIO VISULAW, 2020, p. 10)
A pesquisa, portanto, concluiu que os magistrados, em sua imensa maioria, estão
abertos ao uso de elementos visuais nas petições e entendem que essas ferramentas facilitam a
análise das peças processuais. Ademais, há uma divisão quanto aos modelos de peças expostos
no survey realizado, onde 49% dos juízes optaram pelo modelo tradicional realizado no word e
40% o modelo com elementos visuais aplicados de forma moderada. (RELATÓRIO
VISULAW, 2020, p. 13)
Noutro norte, a Bits Academy realizou uma pesquisa mais ampla sobre o
comportamento dos usuários e suas respectivas opiniões acerca da utilização de Legal Design
nos documentos jurídicos (ANEXO VIII). A pesquisa foi realizada com 463 voluntários
anônimos, divididos em 20 estados diferentes, sendo divididos em 3 grupos, quais sejam: Grupo
Controle, Advogados e Leigos. (MAIA; NYBØ; HENRIQUES E CABRAL, 2020)
O Grupo Controle representava o comportamento comum dos usuários de documentos
jurídicos, o Grupo dos Advogados representava quem criava os documentos jurídicos e o Grupo
de Leigos era composto por pessoas de diferentes profissões exceto profissionais jurídicos.
(MAIA; NYBØ; HENRIQUES E CABRAL, 2020)
52
Nessa esteira, a pesquisa concluiu que 92% das pessoas do Grupo de Controle optaram
por modelos que continham recursos de Legal Design, além disso, o padrão de leitura desse
grupo foca no centro do documento, indicando que o usuário retoma a atenção inicial ao final
da página quando sabe que o documento tem continuidade. (MAIA; NYBØ; HENRIQUES E
CABRAL, 2020)
Figura 6 – Padrão de Leitura do Grupo Controle
Ademais, quanto aos grupos de Advogados e Leigos, conclui-se que 87% optaram pelo
modelo de documento contendo recursos de Legal Design. Os dados também indicaram que os
advogados tendem a dar mais atenção para o início das cláusulas, inclusive quando comparados
a leigos, no entanto, quando comparado o grau de interação que advogados e leigos tiveram
com o documento em relação ao grupo de controle, notou-se que o uso de elementos de Legal
Design faz com que os entrevistados interagissem mais com o documento. (MAIA; NYBØ;
HENRIQUES E CABRAL, 2020)
53
Sendo assim, Maia, Nybø e Cunha (2020, p. 51) explicam acerca da aceitação de
contratos elaborados com as técnicas de legal design:
A prática dos princípios de legal design em contratos ainda é muito recente no Brasil,
motivo pelo qual não existe ainda um julgado que demonstre a resposta do judiciário
quanto aos documentos contendo estes recursos e tampouco uma jurisprudência
consolidada sobre o tema.
No entanto, essa preocupação surge geralmente pela falta de compreensão sobre o
assunto. Um contrato utilizando princípios de design e experiência do usuário
54
continua sendo um contrato normal, como outro qualquer. A única diferença é que ele
possui uma qualidade superior quando comparado aos tradicionais documentos
jurídicos, que repetem os padrões instituídos há mais de cem anos. Ele apenas adiciona
elementos de design para facilitar a compreensão do documento e melhorar a
experiência que uma pessoa tem com esse documento.
O importante é que, casos esses contratos sejam questionados, existe respaldo
jurídico. O Código Civil prevê que a validade do negócio jurídico requer forma
prescrita ou não defesa em lei, e ao mesmo tempo que a declaração de vontade das
partes não depende de forma especial, senão quando houver tal exigência pela Lei
(arts. 104 e 107). Por essa razão um contrato que possui elementos de design não
poderia ser invalidade, anulado, ou, ainda, questionado apenas por conter tais
elementos.
5 CONCLUSÃO
disposição dos advogados em utilizar-se dos recursos em suas petições, não é algo recorrente
nem predominante, havendo até mesmo críticas negativas referentes ao tema.
Portanto, pode-se concluir que a modernização dos documentos jurídicos a fim de
aprimorar o acesso à justiça bem como oportunizar uma experiência melhor aos leitores já saiu
do mundo imaginário e tornou-se algo real em nosso sistema jurídico. À vista disso, foi
identificado diversos órgãos públicos no Brasil, inclusive, parte deles ligados ao sistema
judiciário, com laboratórios de inovação visando a implementação do Legal Design bem como
outros recursos de inovação em seus ambientes de trabalho.
Por fim, compreende-se que, apesar da existência das recentes legislações autorizando
a utilização de elementos visuais e tecnológicos nos documentos jurídicos, não há como saber
o impacto imediato que tais transformações podem causar no sistema judiciário, no entanto,
acredita-se na hipótese de que haja uma relevante modernização na escrita jurídica.
57
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ANEXOS
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