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EXMO. SR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DO RIO DE JANEIRO

JOSÉ DE FREITAS, brasileiro, casado, motorista, portador do RG nº


48.151.623-2 e inscrito no CPF sob o nº 098.765.432-01, usuário do endereço eletrônico
jose.freitas@gmail.com, residente e domiciliado à Rua Joana Angélica, 166, Ipanema,
22420-030, Rio de Janeiro - RJ, por seus advogados, vem, respeitosamente, perante V. Exa.
interpor, em consonância com o disposto no artigo 1.015, V do CPC de 2015, o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO
C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

contra decisão interlocutória de fls. 109 que deferiu o pedido de penhora do


imóvel do ao ora Agravante, proferida pelo juízo da 35ª Vara Cível da Comarca da Capital-
RJ, nos autos da Ação de Execução de Título Extrajudicial, que lhe move ÔMEGA X
LTDA, sob o nº 0037149-38.2020.8.19.0001, a fim de que seja reformada a decisão.

Nesse sentido, ressalta o Agravante que apresenta, em anexo, suas razões,


indicando e promovendo a juntada das peças que formarão o instrumento deste recurso, a
fim de que, obedecidas as formalidades legais, venha a ser reformada a decisão recorrida.

Informa que deixa de juntar a cópia dos documentos do art. 1.017, I e III do
CPC/15, em razão de tratar-se de processo eletrônico, incidindo, portanto, o regramento
disposto no art. 1.017, §5º, do mesmo diploma legal.
1

Praça XV de Novembro, nº 20, 5º andar, sala 517, Centro,


Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20.010-010 – telefone: 21 2184-6562
Indica o nome e endereço dos advogados das partes:

Pelo Agravante: LUIZ COELHO MOREIRA, inscritos na OAB/RJ sob o


nº 150.990, endereço eletrônico luiz@coelholaw.com.br, e com endereço profissional em
Avenida Rio Branco, nº 1, 5º andar, sala 518, Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, CEP
20090-907.

Pelas Agravadas: GABRIEL BARBOSA, inscrito na OAB/RJ sob o nº


411.795 com endereço profissional na Rua Professor Brandão Filho, 60, apt. 201, Leblon,
Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, CEP 22450-180.

I. PREPARO

Informa, também, que deixa de realizar o devido preparo, pois o motivo do


presente recurso é discutir o deferimento da Penhora do bem de família do Agravante.

II. DO CABIMENTO DO PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO NO CASO


EM TELA

O presente Agravo de Instrumento tem por finalidade reformar a decisão de


fls. 109, proferida em primeiro grau, que deferiu de penhora de bem de família do Agravante.

Nesse sentido, imperioso destacar o disposto no parágrafo único do art. 1.015,


do CPC/2015:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

Pelas razões expostas, depreende-se que o cabimento do presente recurso é


categoricamente manifesto.

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III. TEMPESTIVIDADE

Considerando a intimação da parte em 15/06/2021, conforme Certidão de fls.


114, bem como o prazo de 15 (quinze) dias para interposição do presente recurso, em
consonância com o disposto no art. 1.003, §5º, do CPC/15, afigura-se tempestivo o presente
Agravo de Instrumento, na data de 18/06/2021, posto que interposto antes de seu termo final.

Pelo exposto, requer o conhecimento e provimento do Agravo de


Instrumento, nos termos das Razões anexas.

Nesses Termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2021.

LUIZ COELHO MOREIRA


OAB/RJ 150.990

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RAZÕES DO AGRAVANTE

AGRAVANTE: JOSÉ DE FREITAS


ADVOGADO: LUIZ COELHO MOREIRA - OAB/RJ nº 150.990
AGRAVADO: ÔMEGA X LTDA
ADVOGADO: GABRIEL BARBOSA - OAB/RJ nº 411.795
PROCESSO: 0037149-38.2020.8.19.0001
ORIGEM: 35ª Vara Cível da Comarca da Capital- RJ

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Doutos Julgadores,

I. BREVE RESUMO DOS FATOS

Trata-se de Ação de Execução de Título Extrajudicial ajuizada em face do


agravante em razão dos atrasos nos pagamentos da empresa Alfa LTDA e dívida no valor de
R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) contraída junto a agravada, ajuizando a presente
ação para requerer a José (agravante), fiador, os aluguéis atrasados e as penhoras de seus
bens e de seu imóvel.

A contextualização necessária é no sentido que o Agravante aceitou ser fiador


da empresa Alfa LTDA que é de seu melhor amigo Fernando Ruiz e sua amiga Ana Bicalho,
em sociedade.

Nesse contexto, a empresa firmou um contrato de locação em 09.09.2018 com


a Agravada (Ômega X LTDA) no valor de R$ 30.000,00 mensais, sendo uma exigência da
agravada proprietária do imóvel que seja previsto no contrato um fiador com imóvel próprio
quitado (caso do Agravante). Portanto foi firmado contrato de fiança em que era previsto em
cláusula expressa a renúncia do benefício de ordem.

Devido à difícil situação econômico-financeira, causada pela pandemia de


coronavirus que abalou o mundo a partir de março de 2020 a empresa Alfa LTDA como a

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maioria das companhias no período teve sérios problemas de caixa, não conseguindo arcar
com as despesas do aluguel.

Diante do acúmulo da dívida ao valor de R$150.000,00 a Agravada interpôs


ação de despejo contra a loja Alfa LTDA e a presente ação já citada contra o Agravante.

Após terem sido opostos embargos à execução e a realização de algumas


diligências que recuperaram já R$30.000 o juízo de primeiro grau proferiu a equivocada
decisão que deferiu a penhora do bem de família do agravante

Diante do exposto, alternativa não restou ao Agravante que não a interposição


do presente recurso, a fim de que seja apreciado o pleito quanto à necessidade de revogação
do deferimento da penhora.

II. DA DECISÃO ATACADA

O juízo de primeiro grau deferiu o pedido do Agravado no que diz respeito à


penhora de seu bem imóvel:

“De acordo com o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal, no


julgamento do RE nº 612.360, representativo de controvérsia, é legítima a penhora
do bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, sendo reconhecida
a constitucionalidade do art. 3º, Inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 (Tema 925, do STF).”

A decisão citada acima deve ser reformada uma vez que o Agravante
apresentou todos os documentos referentes à sua situação econômico-financeira, expondo
de forma cristalina e sem espaço para dúvidas o duro cenário econômico em que se encontra.

Em vista de todo o quanto exposto acima, não restam dúvidas quanto à


legitimidade do pedido reforma da decisão que deferiu a penhora do bem imóvel do
agravante.

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III. RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

III.1 – IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR EM CONTRATO DE


LOCAÇÃO COMERCIAL:

Resta salientar inicialmente que a decisão de primeira instância é claramente


equivocada e não deve prosperar! Trata-se de decisão que vai contrária com a realidade dos
fatos nos autos, a legislação e o entendimento jurisprudencial dos Tribunais Superiores sobre
o assunto.

Primeiramente, como cristalizado pelo Art. 3º, VII da Lei nº 8.009/90: "é
penhorável o imóvel residencial pertencente ao fiador, em virtude da fiança prestada”. No
entanto, por mais que o dispositivo esteja claro no sentido da penhora do bem do Agravante,
este não é o entendimento dos Tribunais Superiores como supostamente colocado na decisão
de fls 109.

Data vênia, considerando a realidade do presente caso, de que o Agravante é


fiador em contrato de locação comercial, esse dispositivo não é mais aplicável, uma vez que
o entendimento dos Tribunais Superiores é de impenhorabilidade do bem de família nesses
casos! Ora, veja-se o recente julgamento do STF que firmou tal entendimento:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


DIREITO À MORADIA. BEM DE FAMÍLIA. CONTRATO
DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. FIADOR.
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA.
PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PROVIDO.
(RE. 1.29.835/SP – Relatora: Min. Cármem Lúcia)
Publicado DJE: 01/02/2021

A mesma Corte possui entendimento consolidado ao considerar outro julgado


proferido, veja-se:

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO MANEJADO CONTRA
ACÓRDÃO PUBLICADO EM 31.8.2005. INSUBMISSÃO
À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL.
PREMISSAS DISTINTAS DAS VERIFICADAS EM
PRECEDENTES DESTA SUPREMA CORTE, QUE
ABORDARAM GARANTIA FIDEJUSSÓRIA EM
LOCAÇÃO RESIDENCIAL. CASO CONCRETO QUE
ENVOLVE DÍVIDA DECORRENTE DE CONTRATO DE
LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. PENHORA DE
BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR. INCOMPATIBILIDADE
COM O DIREITO À MORADIA E COM O PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. 1. A dignidade da pessoa humana e a proteção à
família exigem que se ponham ao abrigo da constrição e da
alienação forçada determinados bens. É o que ocorre com o
bem de família do fiador, destinado à sua moradia, cujo
sacrifício não pode ser exigido a pretexto de satisfazer o
crédito de locador de imóvel comercial ou de estimular a livre
iniciativa. Interpretação do art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990
não recepcionada pela EC nº 26/2000. 2. A restrição do direito
à moradia do fiador em contrato de locação comercial
tampouco se justifica à luz do princípio da isonomia. Eventual
bem de família de propriedade do locatário não se sujeitará à
constrição e alienação forçada, para o fim de satisfazer valores
devidos ao locador. Não se vislumbra justificativa para que o
devedor principal, afiançado, goze de situação mais benéfica
do que a conferida ao fiador, sobretudo porque tal disparidade
de tratamento, ao contrário do que se verifica na locação de
imóvel residencial, não se presta à promoção do próprio
direito à moradia. 3. Premissas fáticas distintivas impedem a
submissão do caso concreto, que envolve contrato de locação
comercial, às mesmas balizas que orientaram a decisão
proferida, por esta Suprema Corte, ao exame do tema nº 295
da repercussão geral, restrita aquela à análise da
constitucionalidade da penhora do bem de família do fiador

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em contrato de locação residencial. 4. Recurso extraordinário
conhecido e provido.

(RE 605709; Min. DIAS TOFFOLI; Julgamento: 12/06/2018)

Desse modo, os referidos julgados de evidenciam o reconhecimento da


impenhorabilidade do imóvel bem de família de fiador em contratos de locação imóvel
comercial, afirmando assim que é inconstitucional o dispositivo do art. 3º, VII da lei
8009/90, no caso de o contrato de locação tratar de imóvel comercial.

Portanto, ocorre que a decisão de fls 109 ao citar o Tema 925 do STF e o
entendimento do RE nº 612.360 para justificar a penhora mostra-se defasada e desatualizada.

Tal entendimento recém estabelecido pelo STF possui claro amparo legal e
constitucional ao se considerar o princípio da dignidade da pessoa humana efetivado pela
Constituição de 1988, e os artigos 1º, III, caput do art. 5º e 6º da Carta Magna, in termis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a


alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

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Veja-se, portanto, o entendimento doutrinário acerca o direito à moradia no
ordenamento jurídico brasileiro:

“(...) o direito à moradia não era só previsto neste citado


dispositivo constitucional. O inciso II do artigo quarto, da
vigente constituição determina que a Republica Federativa do
Brasil reja-se, nas suas relações internacionais, pelo principio
da prevalência dos direitos humanos. Dessa forma, perante os
organismos internacionais, o Estado é obrigado a atender e dar
proteção ao direito a moradia, sob pena de não só descumprir
o seu papel junto a sociedade brasileira, mas também junto aos
órgãos internacionais.Em verdade, o assunto referente ao
direito a moradia não só interessa a determinado Estado, mas
a toda humanidade, já que tal assunto é de interesse legitimo
internacional, reconhecimento tido nos tratados aos quais o
Brasil pertence”1.

Portanto, por mais que como a já citado a Lei 9.8009/90 prevê uma exceção
a impenhorabilidade do bem de família em relação a fiança, a decisão do STF foi correta no
sentido de assegurar ao fiador de locação comercial a proteção constitucional ao direito
social da moradia, em consonância com o princípio da dignidade humana

Assim sendo, o individuo é merecedor de uma vida digna, sendo assim, o


direito à moradia, assim com tantos outros, é requisito para que se alcance a vivencia plena.
E dada a sua importância, é fácil de subtrair que esse direito esteve, desde a promulgação da
Constituição, implícito devido a estar diretamente entrelaçado com o princípio da dignidade
humana2.

Logo, diante do exposto é evidente que como o imóvel é o único do


Agravante, trata-se de bem de família, resultando que a decisão agravada de fls. 109 é uma

1
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Direito à Moradia e de Habitação: Análise Comparativa e suas
Implicações Teóricas e Práticas com os Direitos da Personalidade. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2004, p.131
2
PINHEIRO, Marcelo Rebello. A Eficácia dos Direitos Sociais de Caráter Prestacional : em busca da
superação de obstáculos. 2008. 195 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília – UnB, Brasília,
2008.

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afronta ao judiciário por ir contra ao direito à moradia e dignidade da pessoa humana, assim
como a jurisprudência consolidada do STF.

Em face ao exposto, considerando a incompatibilidade da decisão com o


entendimento do tribunal superior, a reforma é a medida que se impõe a presente Câmara.

III.2 – DESCUMPRIMENTO PRINCÍPIO MENOR ONEROSIDADE:

Há de se ressaltar ainda que um dos princípios básicos do processo de


execução é a menor onerosidade, no sentido de garantir ao executado que não sofra mais
gravames que o necessário para satisfação do direito ao exequente.

Assim sempre que for possível alcançar essa satisfação do crédito por meio
de outros meios que sejam menos dolorosos ao executado estes devem ser adotados.

O art. 805 do Novo Código de Processo Civil prevê que “quando por vários
meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos
gravoso para o executado.”, positivando, assim, o princípio da menor onerosidade no código
processualista.

Veja-se o entendimento doutrinário sobre o tema:

“Esse princípio tem, contudo, que ser aplicado


harmonicamente com o princípio da efetividade da execução,
já que a finalidade do processo executivo é a satisfação do
credor, e não o contrário.

Em outras palavras, o princípio da menor onerosidade deve


atuar como uma espécie de freio ou limite à satisfação do
credor, de forma a impedir que direitos patrimoniais assolem
direitos de maior significância, como é o caso da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF). Há, porém, um limite

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também ao princípio da menor onerosidade, cuja incidência
não pode servir de amparo a calotes de maus pagadores3.”

Com isso, considerando o já citado contexto de pandemia e grave econômica


que o país passa é evidente pelas diligências já realizadas que conseguiram recuperar parte
da dívida que a equivocada decisão deferindo a penhora além de ser incongruente com o
entendimento dos tribunais superiores foi uma afronta ao princípio da menor onerosidade.

É evidente que não ocorreu os esgotamentos dos modos de satisfação de


crédito, deixando claro que a medita adotada foi muito mais gravosa para o agravante do que
as possíveis de serem adotadas no momento.

Nesse contexto, tal fato fica mais claro ao analisar o artigo 835 do CPC que
trata da penhora:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte


ordem:

I - Dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em


instituição financeira;

II - Títulos da dívida pública da União, dos Estados e do


Distrito Federal com cotação em mercado;

III - Títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - Veículos de via terrestre;

V - Bens imóveis;
(...)

3
DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil comentado (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015):
análise comparativa entre o novo CPC e o CPC/73. São Paulo: Atlas, 2015. p. 831.

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O referido artigo retrata exatamente a tese do princípio da menor onerosidade
ao estabelecer uma ordem para satisfação de crédito do devedor na penhora. Assim, é
evidente que a decisão de fls. 109 que deferiu a penhora não seguiu essa regra!

O presente processo encontra-se em sua fase inicial de execução tendo sido


realizadas poucas diligências para satisfazer o crédito, existindo diversas outras medidas
passíveis de deferimento como por exemplo penhora de bens e valores, entre outras que
podem ocorrer.

Logo, é inquestionável que a decisão é incongruente com os dispositivos do


Código de Processo Civil e o princípio da menor onerosidade. Mesmo que tenha sido exposta
a impenhorabilidade do bem de família em contrato de locação comercial, ora o mínimo que
se pode pedir caso essa tese não seja seguida é que os requisitos de realização da penhora
sejam feitos, no caso diligências, avaliações.

O mínimo que se espera da prestação jurisdicional é o enfrentamento das


razões trazidos ao conhecimento do juízo, estabelecendo o racional com base jurídica e
respaldada pela jurisprudência dos Tribunais Superiores, para concessão ou negativa da
pretensão

Resta claro, portanto, que a decisão é contrária ao entendimento dos Tribunais


Superiores e dos princípios processuais do procedimento de execução, sendo imperativa o
julgamento procedente do recurso para reformá-la.

IV DO EFEITO SUSPENSIVO

Desse modo, considerando tudo já exposto da da decisão equivocada de


deferimento da penhora, seja pela realidade dos fatos ou pelo entendimento dos tribunais
superiores, é fundamental a concessão de efeito suspensivo ao presente recurso.

Nos termos do artigo 588 do Código de Processo Civil, é de extrema


importância a concessão do efeito suspensivo pelo receio de dano de difícil ou incerta

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reparação, devendo ser suspensa, portanto, a penhora. Considerando o grave equívoco que
foi a decisão das fls. 109 que a deferiu em um primeiro momento.

É imperativo o deferimento do efeito suspensivo para assegurar a proteção


do bem de família que possui amparo constitucional pelo art. 5º e 6º e, jurisprudencial de
acordo com o referido entendimento do STF, pela impenhorabilidade no contexto de locação
empresarial.

Sendo assim, o efeito suspensivo no presente recurso representa a proteção


dos direitos mais básicos do agravante, sua moradia, diante da absurda decisão proferida!

No entanto, caso já tenha sido realizada a alienação do bem deve ocorrer a


desconstituição da penhora já realizada, com o intuito de assegurar ao Agravante seu bem
de família que possui amparo constitucional e foi indevidamente penhorado.

V. DO PEDIDO

Pelo exposto, verifica-se que foi incorreta a decisão agravada, razão pela qual
requer que seja conhecido o presente Agravo de Instrumento, dando provimento integral ao
mesmo, de modo a reformar a decisão recorrida para indeferimento da penhora de seu bem
de família, assim como a concessão de efeito suspensivo ou desconstituição da penhora (caso
já tenha sido realizada).

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2021.

LUIZ COELHO
OAB/RJ 150.990

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1

Praça XV de Novembro, nº 20, 5º andar, sala 517, Centro,


Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20.010-010 – telefone: 21 2184-6562

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