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AGRAVO DE INSTRUMENTO
C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO
Informa que deixa de juntar a cópia dos documentos do art. 1.017, I e III do
CPC/15, em razão de tratar-se de processo eletrônico, incidindo, portanto, o regramento
disposto no art. 1.017, §5º, do mesmo diploma legal.
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I. PREPARO
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III. TEMPESTIVIDADE
Nesses Termos,
Pede deferimento.
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RAZÕES DO AGRAVANTE
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Doutos Julgadores,
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maioria das companhias no período teve sérios problemas de caixa, não conseguindo arcar
com as despesas do aluguel.
A decisão citada acima deve ser reformada uma vez que o Agravante
apresentou todos os documentos referentes à sua situação econômico-financeira, expondo
de forma cristalina e sem espaço para dúvidas o duro cenário econômico em que se encontra.
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III. RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Primeiramente, como cristalizado pelo Art. 3º, VII da Lei nº 8.009/90: "é
penhorável o imóvel residencial pertencente ao fiador, em virtude da fiança prestada”. No
entanto, por mais que o dispositivo esteja claro no sentido da penhora do bem do Agravante,
este não é o entendimento dos Tribunais Superiores como supostamente colocado na decisão
de fls 109.
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO MANEJADO CONTRA
ACÓRDÃO PUBLICADO EM 31.8.2005. INSUBMISSÃO
À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL.
PREMISSAS DISTINTAS DAS VERIFICADAS EM
PRECEDENTES DESTA SUPREMA CORTE, QUE
ABORDARAM GARANTIA FIDEJUSSÓRIA EM
LOCAÇÃO RESIDENCIAL. CASO CONCRETO QUE
ENVOLVE DÍVIDA DECORRENTE DE CONTRATO DE
LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. PENHORA DE
BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR. INCOMPATIBILIDADE
COM O DIREITO À MORADIA E COM O PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. 1. A dignidade da pessoa humana e a proteção à
família exigem que se ponham ao abrigo da constrição e da
alienação forçada determinados bens. É o que ocorre com o
bem de família do fiador, destinado à sua moradia, cujo
sacrifício não pode ser exigido a pretexto de satisfazer o
crédito de locador de imóvel comercial ou de estimular a livre
iniciativa. Interpretação do art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990
não recepcionada pela EC nº 26/2000. 2. A restrição do direito
à moradia do fiador em contrato de locação comercial
tampouco se justifica à luz do princípio da isonomia. Eventual
bem de família de propriedade do locatário não se sujeitará à
constrição e alienação forçada, para o fim de satisfazer valores
devidos ao locador. Não se vislumbra justificativa para que o
devedor principal, afiançado, goze de situação mais benéfica
do que a conferida ao fiador, sobretudo porque tal disparidade
de tratamento, ao contrário do que se verifica na locação de
imóvel residencial, não se presta à promoção do próprio
direito à moradia. 3. Premissas fáticas distintivas impedem a
submissão do caso concreto, que envolve contrato de locação
comercial, às mesmas balizas que orientaram a decisão
proferida, por esta Suprema Corte, ao exame do tema nº 295
da repercussão geral, restrita aquela à análise da
constitucionalidade da penhora do bem de família do fiador
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em contrato de locação residencial. 4. Recurso extraordinário
conhecido e provido.
Portanto, ocorre que a decisão de fls 109 ao citar o Tema 925 do STF e o
entendimento do RE nº 612.360 para justificar a penhora mostra-se defasada e desatualizada.
Tal entendimento recém estabelecido pelo STF possui claro amparo legal e
constitucional ao se considerar o princípio da dignidade da pessoa humana efetivado pela
Constituição de 1988, e os artigos 1º, III, caput do art. 5º e 6º da Carta Magna, in termis:
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Veja-se, portanto, o entendimento doutrinário acerca o direito à moradia no
ordenamento jurídico brasileiro:
Portanto, por mais que como a já citado a Lei 9.8009/90 prevê uma exceção
a impenhorabilidade do bem de família em relação a fiança, a decisão do STF foi correta no
sentido de assegurar ao fiador de locação comercial a proteção constitucional ao direito
social da moradia, em consonância com o princípio da dignidade humana
1
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Direito à Moradia e de Habitação: Análise Comparativa e suas
Implicações Teóricas e Práticas com os Direitos da Personalidade. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2004, p.131
2
PINHEIRO, Marcelo Rebello. A Eficácia dos Direitos Sociais de Caráter Prestacional : em busca da
superação de obstáculos. 2008. 195 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília – UnB, Brasília,
2008.
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afronta ao judiciário por ir contra ao direito à moradia e dignidade da pessoa humana, assim
como a jurisprudência consolidada do STF.
Assim sempre que for possível alcançar essa satisfação do crédito por meio
de outros meios que sejam menos dolorosos ao executado estes devem ser adotados.
O art. 805 do Novo Código de Processo Civil prevê que “quando por vários
meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos
gravoso para o executado.”, positivando, assim, o princípio da menor onerosidade no código
processualista.
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também ao princípio da menor onerosidade, cuja incidência
não pode servir de amparo a calotes de maus pagadores3.”
Nesse contexto, tal fato fica mais claro ao analisar o artigo 835 do CPC que
trata da penhora:
V - Bens imóveis;
(...)
3
DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil comentado (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015):
análise comparativa entre o novo CPC e o CPC/73. São Paulo: Atlas, 2015. p. 831.
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O referido artigo retrata exatamente a tese do princípio da menor onerosidade
ao estabelecer uma ordem para satisfação de crédito do devedor na penhora. Assim, é
evidente que a decisão de fls. 109 que deferiu a penhora não seguiu essa regra!
IV DO EFEITO SUSPENSIVO
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reparação, devendo ser suspensa, portanto, a penhora. Considerando o grave equívoco que
foi a decisão das fls. 109 que a deferiu em um primeiro momento.
V. DO PEDIDO
Pelo exposto, verifica-se que foi incorreta a decisão agravada, razão pela qual
requer que seja conhecido o presente Agravo de Instrumento, dando provimento integral ao
mesmo, de modo a reformar a decisão recorrida para indeferimento da penhora de seu bem
de família, assim como a concessão de efeito suspensivo ou desconstituição da penhora (caso
já tenha sido realizada).
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
LUIZ COELHO
OAB/RJ 150.990
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