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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA – SOCIESC

INSTITUTO SUPERIOR TUPY – IST


BACHARELADO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

JOÃO BRUNO BERNARDO DE DEUS

UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO DNP3 NA COMUNICAÇÃO ENTRE IED E


SISTEMA SCADA.

Joinville

2013/1
JOÃO BRUNO BERNARDO DE DEUS

UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO DNP3 NA COMUNICAÇÃO ENTRE IED E


SISTEMA SCADA.

Este trabalho será apresentado ao Instituto


Superior Tupy como requisito parcial para a
obtenção de grau de Bacharel de Controle e
Automação.

ORIENTADOR: PROF. MSC ENG. LIDOMAR BECKER

Joinville

2013/1
JOÃO BRUNO BERNARDO DE DEUS

UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO DNP3 NA COMUNICAÇÃO ENTRE IED E


SISTEMA SCADA.

Este trabalho foi julgado e aprovado em sua forma


final sendo assinados pelos professores da banca
examinadora.

Joinville, 20 de Junho de 2013

Prof. Msc. Eng. Lidomar Becker - SOCIESC

Prof. Msc. Eng. Carlos Roberto da Silva Filho - SOCIESC

Prof.
Dedico a conclusão desta etapa da minha vida
representada neste trabalho à minha família e
principalmente a Deus que me deu forças o
suficiente para alcançar mais um objetivo e com a
certeza que sua bondade não pára por aqui, pois Ela
não tem fim.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, pelos “puxões de orelha” e pelas suas boas mãos
que sempre me ajudaram a levantar, erguer a cabeça e continuar nas batalhas
sempre com mais força e determinação, à minha FAMÍLIA, pilar fundamental e
estrutura do meu ser, que nunca me deixou desanimar deste objetivo que não era e
nem nunca foi apenas meu, pois somos uma família unida e o sonho de um é o
sonho de todos e aos companheiros da vida, aos bons, verdadeiros e sempre
presentes AMIGOS, apoiando sempre com palavras de incentivo e momentos de
descontração.
“Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da
técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo”.

Fernando Pessoa
RESUMO

Desde o advento das usinas e subestações de energia houve a necessidade do


monitoramento do sistema, que inicialmente era dado através dos painéis sinóticos
que mostravam alguns poucos sinais de status que auxiliavam a operação e
manutenção das plantas. Com a necessidade da evolução dos sistemas de proteção
em subestações de energia foi que surgiu os IEDs e os protocolos de comunicação
destinados aos sistemas de energia. Estes novos elementos transformaram os
sistemas convencionais em SAS dotados de tecnologias digitais capazes de
transmitir informações de modo mais rápido e eficiente, sendo capazes de garantir a
segurança de sistemas, aumento da velocidade na transmissão de dados e
principalmente diminuição de custos de implantação e manutenção. Neste contexto,
este trabalho tem o intuito de apresentar a aplicação do protocolo aberto chamado
DNP3 que veio suprir essa necessidade do mercado energético, assim como o
protocolo Modbus e as normas IEC 60870-5-101 e IEC 61850 que possuem
propósito semelhante e também serão abordados neste trabalho de forma teórica.

Palavras-Chave: Subestação, SAS, Relé de Proteção, IED, DNP3, Modbus, IEC


60870-101, IEC 61850.
ABSTRACT

Since the advent of power plants and substations was necessary monitoring system,
which was initially given by the synoptic panels that showed few signs of status that
aided the operation and maintenance of plants. With the need for the development of
protection systems in power substations was discovered IEDs and communication
protocols for the power system. These new elements turned conventional systems in
SAS equipped with digital technologies capable of transmitting information quickly
and efficiently, able to guarantee the security of systems, increased speed in data
transmission and cost reduction mainly deployment and maintenance. This paper
aims to present the application of open protocol called DNP3 who came to fulfill this
need of the energy market, as well as Modbus and IEC 60870-5-101 and IEC 61850
that have similar purpose and will also be in this paper in a theoretical way

Keywords: Substation, SAS, IEC 61850, Protection Relays, IED, DNP3, Modbus,
IEC 60870-101, IEC 61850.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Subestação de Energia Elétrica. ..............................................................21


Figura 2 – Sala de Controle de uma Subestação de Energia Convencional............22
Figura 3 – Sala de Controle de uma Subestação de Energia Automatizada............23
Figura 4 – Exemplo de um SAS. ..............................................................................24
Figura 5 – IED (Inteligent Eletronic Devices)............................................................25
Figura 6 – Exemplo de Interface gráfica de uma Subestação de Energia – Tela
Arquitetura de Rede. .................................................................................................27
Figura 7 – Exemplo de Interface gráfica de uma Subestação de Energia – Tela
Unifilar Geral. ............................................................................................................28
Figura 8 – Topologias de rede..................................................................................30
Figura 9 – Modelo OSI. ............................................................................................33
Figura 10 – Comparativo das camadas OSI utilizadas pelos de protocolos.............33
Figura 11 – Exemplificação de serviços Modbus. ....................................................34
Figura 12 – Modo de transmissão Modbus - Unicast Mode .....................................36
Figura 13 – Estrutura da mensagem da IEC 60870-5-101.......................................37
Figura 14 – Documentos referentes à norma IEC 61850. ........................................42
Figura 15 – Relação entre elementos da IEC 61850................................................43
Figura 16 – Estrutura em árvore de dados de um dispositivo. .................................44
Figura 17 – Relação entre arquivos SLC. ................................................................45
Figura 18 – Relação de tempo de retransmissão de mensagem GOOSE. ..............49
Figura 19 – Arquitetura da rede DNP3 .....................................................................50
Figura 20 – Diagrama Unifilar do sistema proposto .................................................51
Figura 21 – Relé SEL 751-A.....................................................................................52
Figura 22 – Tela de Abertura do Software AcSELerator Quickset ...........................53
Figura 23 – Seleção do Modelo do Relé Desejado ..................................................53
Figura 24 – Definição do PartNumber ......................................................................54
Figura 25 – Tela inicial de Configuração do Relé.....................................................54
Figura 26 – Árvore de Navegação............................................................................55
Figura 27 – Árvore de Navegação.............................................................................57
Figura 28 – SELogic Enables ....................................................................................57
Figura 29 – SELogic Variables and Timers ...............................................................58
Figura 30 – SELogic Latch Bits .................................................................................59
Figura 31 – Trip and Close Logic ..............................................................................60
Figura 32 – Undervoltage Elements ..........................................................................61
Figura 33 – Overervoltage Elements.........................................................................62
Figura 34 – Configuração da porta serial – Port 3.....................................................63
Figura 35 – Configuração do Protocolo DNP ............................................................64
Figura 36 – Árvore de Navegação – DNP Maps .......................................................65
Figura 37 – Configuração do Mapa – Binary Inputs ..................................................65
Figura 38 – Configuração do Mapa – Binary Outputs ...............................................66
Figura 39 – Configuração do Mapa – Analog Input ...................................................67
Figura 40 – Front Panel – General ...........................................................................68
Figura 41 – Configuração das mensagens apresentadas no Display .......................68
Figura 42 – Configuração para apresentar valores analógicos no display ................69
Figura 43 – Configuração para apresentar valores digitais no display ......................69
Figura 44 – Configuração dos LEDs das descrições.................................................70
Figura 45 – Configuração dos LEDs dos comandos .................................................71
Figura 46 – Caminho para entrar nas configurações de comunicação .....................71
Figura 47 – Configuração dos Parâmetros de Comunicação ....................................72
Figura 48 – Configuração Port F ...............................................................................73
Figura 49 – Caminho para conexão com o IED.........................................................73
Figura 50 – Estabelecendo conexão com o IED .......................................................74
Figura 51 – Falha na tentativa em estabelecer conexão com o IED .........................74
Figura 52 – Caminho para envio do programa ..........................................................74
Figura 53 – Sinótico desenvolvido no Elipse E3........................................................76
Figura 54 – Método para inserir o Drive de comunicação .........................................77
Figura 55 – Adicionando o Driver de Comunicação ..................................................77
Figura 56 – Configuração do Driver de Comunicação DNP ......................................78
Figura 57 – Configuração do meio físico DNP ..........................................................79
Figura 58 – Configuração do meio físico DNP ..........................................................79
Figura 59 – Criação das tags no driver DNP .............................................................80
Figura 60 – Driver DNP – Tags Analog Input ............................................................81
Figura 61 – Driver DNP – Tags Binary Inputs ...........................................................82
Figura 62 – Driver DNP – Tags Remote Bits.............................................................83
Figura 63 – Diagrama Unifilar do sinótico .................................................................84
Figura 64 – Associação de tag para animação do disjuntor......................................86
Figura 65 – Associação de tag para os LEDs ...........................................................86
Figura 66 – Imagens do display ................................................................................86
Figura 67 – Tag Demo para animação do Display ....................................................87
Figura 68 – Botões de habilita animação do Display.................................................87
Figura 69 – Script para habilitar ou não a Tag Demo................................................87
Figura 70 – Script de comando dos Push Buttons ....................................................88
Figura 71 – Script de comando dos Push Buttons ....................................................88
Figura 72 – Script de comando Local/Remoto ..........................................................88
Figura 73 – Associação de tag para a animação da chave seletora .........................88
Figura 74 – Modo de Operação.................................................................................89
Figura 75 – Associação para a troca de cor de texto ................................................89
Figura 76 – Leitura Analógica....................................................................................89
Figura 77 – Associação da tag no display.................................................................89
Figura 78 – Display apresentando os estado das tags..............................................90
Figura 79 – Botão Emergência..................................................................................90
Figura 80 – Script do comando Emergência .............................................................91
Figura 81 – Pop-up de confirmação de Emergência .................................................91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo de aplicabilidade dos protocolos, ........................................31


Tabela 2 - Exemplos de Funções do Protocolo Modbus ...........................................35
Tabela 3 - Estrutura da Aplication Service Data Unit (ASDU) ...................................38
Tabela 4 - Estrutura do modelo OSI do protocolo DNP3...........................................39
Tabela 5 - Combinação de Serviços dos protocolos, padrão IEC 61850 parte 8.1 ...47
Tabela 6 – Configuração do Driver DNP3 – Analog Input .........................................81
Tabela 7 – Configuração do Driver DNP3 – Analog Input .........................................81
Tabela 8 – Configuração do Driver DNP3 – Binary Input ..........................................82
Tabela 9 – Configuração do Driver DNP3 – Binary Output .......................................83
Tabela 10 – Descrição dos estados dos dispositivos ................................................85
Tabela 11 – Cronograma do Trabalho ......................................................................93
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACSI – Abstract Communication Service Interface


ASDU – Aplication Service Data Unit
CID – Configured IED Description
COS – Centro de Operações do Sistema
CRC – Cicle Redundancy Code
DNP – Distributed Network Protocol
EIA – Electronic Industries Association
EPA – Enhanced Performance Aschitecture
GOOSE – Generic Object Oriented Substation Event
GSE – Generic Substation Event
GSSE – Generic Substation Status Event
ICD – IED Capability Description
ID – Device Identification
IEC – International Electrotechnical Commission
IED – Inteligent Eletronic Device
IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers
IP – Internet Protocol
ISO – International Organization for Standardization
Kbps – kilo bits por segundos
LAN – Local Area Network
LD – Logic Devices
LN – Logic Nodes
MAC – Media Access Control
MAN – Metropolitan Area Network
Mbps – Mega bits por segundos
MMS – Manufacturing Message Specification
OSI – Open Systems Interconnection
RTU – Remote Terminal Unit
SAS – Sistema de Automação para Subestações (Substation Automation System)
SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition
SCD – Substation Configuration Description
SCL – Substation Configuration Language
SCSM – Specific Communication Service Protocol
SEL – Schweitzer Engineering Laboratories, Inc.
SLAN – Substation Local Area Network
SNTP – Simple Network Time Protocol
SSD – Specific Description of System
SV – Sample Value
TC – Transformador de Corrente
TCP – Transmission Control Protocol
TIA – Telecommunications Industry Association
TP – Transformador de Potencial
UML – Unified Modeling Language
VLAN – Virtual Local Area Network
WAN – Wide Area Network
XML – eXtensible Markup Language
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 17
1.1 TEMA..............................................................................................................19
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ..............................................................................19
1.3 PROBLEMATIZAÇÃO ....................................................................................19
1.4 OBJETIVO GERAL.........................................................................................19
1.5 OBJETIVO ESPECÍFICO ...............................................................................19
1.6 HIPÓTESES ...................................................................................................20
1.7 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO...................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 21
2.1 SUBESTAÇÕES DE ENERGIA......................................................................21
2.2 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO PARA SUBESTAÇÕES (SAS) ......................22
2.3 RELÉS DE PROTEÇÃO.................................................................................24
2.3.1 IED (Inteligent Eletronic Device).....................................................................25
2.4 SISTEMAS SCADA ........................................................................................26
2.4.1 Funcionalidades de um Sistema de SCADA ..................................................28
2.5 SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ...................................................................29
2.6 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO.................................................................... 30
2.7 MODELO OSI/ ISO.................................................................................................... 32
2.8 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO EM SUBESTAÇÕES DE ENERGIA.... 34
2.8.1 Modbus...........................................................................................................34
2.8.2 IEC 60870-5-101 ............................................................................................36
2.8.3 DNP3 ..............................................................................................................39
2.8.4 IEC 61850.......................................................................................................41
2.8.4.1 Dados Estruturados................................................................................................ 42
2.8.4.2 Linguagem SCL ...................................................................................................... 44
2.8.4.3 Mapeamento de Serviços Abstratos.................................................................... 46
3 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................ 50
3.1 SISTEMA PROPOSTO...................................................................................50
3.2 RELÉ INTELIGENTE – SEL 751A..................................................................51
3.2.1 Software AcSELerator Quickset .....................................................................52
3.2.1.1 Desenvolvimento de uma nova aplicação .......................................................... 52
3.2.1.2 Desenvolvimento da Lógica do Sistema............................................................. 56
3.2.1.3 Falhas e Trips do Sistema..................................................................................... 60
3.2.1.4 Configuração da Comunicação DNP3 ................................................................ 62
3.2.1.5 Comunicação Visual do Sistema.......................................................................... 67
3.2.1.6 Transmissão do Programa .................................................................................... 71
3.3.1 Configuração do Driver DNP3 ........................................................................76
3.3.2 Desenvolvimento da Etapa Gráfica ................................................................84
3.4 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA .................................................................91
4 CRONOGRAMA .................................................................................................. 93
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 96
ANEXOS ................................................................................................................... 99
17

1. INTRODUÇÃO

Sabendo da importância do setor energético para a economia e segurança de


uma nação é possível compreender a necessidade de modernização através da
automação de sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia, de modo
a fornecer serviços de alta confiabilidade e qualidade.
As primeiras subestações de energia elétrica eram basicamente monitoradas
localmente, necessitando, durante todo o tempo, de profissionais assistindo o
sistema, realizando inspeções e manobras. Buscando suprir as exigências que este
sistema de grande relevância exige, é visível o crescente desenvolvimento dos SAS,
onde foram inseridos novos elementos dotados de tecnologias digitais com
habilidades de proteger o sistema e transmitir informações de modo mais rápido e
eficiente, garantindo a segurança dos dados e principalmente diminuição de custos
de implantação e manutenção.
Para que esses dispositivos digitais chamados IEDs pudessem atuar de forma
integrada e eficiente foram desenvolvidos protocolos para o sistema elétrico, porém
muitos destes protocolos eram proprietários o que dificultava a interoperabilidade de
equipamentos de diferentes fabricantes.
Diante disso, foram criados os protocolos abertos, sendo o primeiro deles o
Modbus (1979) aplicado em inúmeras áreas da engenharia, porém devido a
necessidades específicas das subestações de energia foi desenvolvido um protocolo
dedicado chamado IEC 60870-5-101 ou T101 (1995), com o mesmo propósito e
trazendo vários atributos do T101 foi criado o protocolo DNP3 (1997) que além de
suprir as necessidades das subestações trouxe consigo algumas melhorias e uma
proposta de poder ser empregado no sistema elétrico como um todo, incluindo a
geração, transmissão e distribuição de energia, além de áreas como petróleo e gás,
e estações de tratamento de água e esgoto.
Seguindo uma filosofia semelhante foi apresentada mais recentemente a
norma IEC 61850 (2004), que além das funcionalidades já existentes nos seus
antecessores, vem com uma proposta de maior interoperabilidade entre
equipamentos de diferentes fabricantes, sem a necessidade de conversores, bem
18

como proporcionar a comunicação entre relés através de redes de comunicação de


alta velocidade, as chamadas mensagens GOOSE.
Neste trabalho estão relatadas todas as etapas necessárias para a
concretização do projeto, onde inicialmente é estudada a evolução dos protocolos de
comunicação supracitados, apresentando suas diferenças e possíveis aplicações. É
também apresentado de forma didática como se deve realizar a comunicação entre
um relé inteligente de proteção (IED) e uma estação SCADA utilizando o protocolo
DNP3 que é um dos mais utilizados na atualidade.
19

1.1 TEMA

Redes de comunicação utilizadas em Subestações de Energia Automatizadas


(SAS).

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Utilização do protocolo DNP3 na comunicação entre relés e sistema SCADA e


comparativo com os protocolos aplicados em subestações de energia como o
protocolo Modbus e as normas IEC 60870-5-101 e IEC 61850.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO

A troca de informação entre relés e estações de monitoramento e controle de


uma subestação de energia é cada vez mais necessária para um sistema eficiente e
confiável, por este motivo surgiram os IEDs e os protocolos de comunicação. Ao
longo do desenvolvimento dos SAS diversos protocolos foram desenvolvidos, cada
um com sua especificidade e por esse motivo para cada aplicação pode ser definido
um protocolo em específico dependendo de quais serão as exigências do sistema.

1.4 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e apresentar como é realizada a comunicação entre um relé


inteligente de proteção (IED) e um sistema SCADA.

1.5 OBJETIVO ESPECÍFICO

Apresentar o protocolo DNP3, realizar a comunicação um relé SEL modelo 751A


com o sistema SCADA - Elipse E3, apresentando seu comportamento em simulação
de situações reais de proteção da rede, comandos e monitoramento do sistema.
Além de compará-lo, de forma teórica, em relação ao protocolo Modbus e as normas
IEC 60870-5-101 e IEC 61850.
20

1.6 HIPÓTESES

Ao realizar a comunicação entre um IED e um sistema SCADA de modo a


simular o monitoramento e controle de um sistema, será possível apresentar os
protocolos mais utilizados em sistemas de subestações de energia e como aplicar o
protocolo DNP3 em uma simulação de situação real de um sistema. Bem como
mostrar, de forma teórica, que os protocolos de comunicação em um SAS gera uma
redução de custos de engenharia e manutenção, aumentando a segurança nos
investimentos, já que facilita os processos de expansão do sistema e também o
aumento da velocidade do transporte de dados indispensáveis para a segurança de
um sistema.

1.7 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

O DNP (Distributed Network Protocol) é um protocolo de comunicação aberto


e não proprietário, sendo um dos mais utilizados no mundo, principalmente na
América do Norte, América do Sul, Ásia e Austrália, devido sua elevada segurança,
interoperabilidade e possibilidade de adaptação em diferentes aplicações como em
subestações de energia automatizadas, sistemas de óleo e gás e estações de
tratamento de água e esgoto (CLARK e REYNDERS, 2009).
Baseado na abrangência de aplicações desse protocolo este trabalho propõe-
se a apresentar uma implantação do protocolo DNP3 com o sistema SCADA em
uma aplicação de subestação de energia.
21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta o conceito de subestações de energia, sistemas


SCADA, drivers de comunicação, relés de proteção inteligentes (IED) e os
protocolos Modbus, IEC 60870-5-101, DNP3 e IEC 61850 quanto às suas
definições, características técnicas e demais informações necessárias para melhor
entendimento de sua filosofia.
Estes conceitos podem ser considerados fundamentais para a implantação do
sistema a ser desenvolvido. Parametrizados corretamente, farão o controle e a
interface com o usuário através da rede implementada.

2.1 SUBESTAÇÕES DE ENERGIA

Podem-se conceituar subestações de energia como sendo basicamente um


conjunto de dispositivos de manobra, proteção e/ou transformação de energia.
Também são utilizadas para compensação de reativos utilizados para dirigir o fluxo
de energia em sistemas de potência possibilitando a sua diversificação por meio de
rotas alternativas (DUAILIBE, 1999). A Figura 1 apresenta uma subestação de
energia elétrica típica.

Figura 1 – Subestação de Energia Elétrica.


Fonte: LINHA DE TRANSMISSÃO (2012)

Segundo DUAILIBE (1999), uma subestação de energia possui como


principais equipamentos para seu funcionamento:
22

Equipamentos de transformação – Transformador de força, Transformador de


Corrente (TC) e Transformador de Potencial (TP);
Equipamentos de Manobra – Disjuntores e chaves seccionadoras;
Equipamentos de Compensação de Reativos – Reator, capacitor,
compensador;
Equipamentos de Medição – Instrumentos destinados a medir grandezas
elétricas (tensão, corrente, potência, frequência);
Equipamentos de Proteção – Relés, fusíveis, pára-raios.

A construção de subestações de energia teve seu início em meados do


século XIX, onde inicialmente adotaram-se equipamentos eletromecânicos por sua
elevada durabilidade e confiabilidade. Com a evolução da tecnologia eletrônica
esses equipamentos vêm sendo substituídos por sistemas digitais que possuem uma
maior flexibilidade e melhor se configuram para as atuais necessidades do sistema
(ALMEIDA, 2011).

2.2 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO PARA SUBESTAÇÕES (SAS)

Nas primeiras subestações convencionais, conforme a Figura 2, podem-se notar


tentativas de automatização dos sistemas através de comando de disjuntores e
chaves na sala de controle. Projetavam-se intertravamentos para operação dos
equipamentos através das lógicas de contatos e relés eletromecânicos e estáticos
(NETTO, 2008).

Figura 2 – Sala de Controle de uma Subestação de Energia Convencional.


Fonte: SEL (2012)
23

Com o advento dos sistemas digitais estas funções e outras funções são
realizadas de modo diferente, utilizando equipamentos microprocessados e lógicas
estabelecidas através de softwares. Não significando que os sistemas digitais
trouxeram apenas novas funções, mas principalmente que modificaram a forma de
serem executadas (MIRANDA, 2009).
Conforme se observa na Figura 3, nota-se claramente a diminuição da
quantidade de equipamentos necessários para executar as mesmas funções de
forma mais eficiente e segura.

Figura 3 – Sala de Controle de uma Subestação de Energia Automatizada.


Fonte: SEL (2012)

Com essa nova realidade tecnológica nas subestações de energia, surgiu um


novo conceito, os atualmente chamados SAS (Sistemas de Automatização de
Subestação em inglês Substation Automation System).
Os SAS podem ser definidos como um sistema dotado de IEDs
interconectados em redes de comunicação seguras e eficientes, fazendo uso de
sistemas SCADA que tem como principal objetivo gerenciar e controlar a distribuição
de energia elétrica. Aumentando a confiabilidade do sistema, facilitando a operação
e diminuindo o índice de manutenção da rede e o tempo de interrupção de
fornecimento em caso de falhas (NOGUEIRA, 2007).
Na Figura 4 é apresentado um exemplo da constituição física de um SAS
constituído por:

Nível de Estação – Supervisão e controle do sistema;


24

Nível de Bay ou vão – Equipamentos de proteção e controle (IEDs);


Nível de Processo – Sensores e atuadores, gerando sinais analógicos,
status e controle binário (MIRANDA, 2009).

BP –Barramento de Processo U COM – Unidade de Comunicação


BS – Barramento de Subestação UC – Unidade de Controle
SG – Disj. e Chaves Seccionadoras UCP – Unidade de Controle e Proteção
TC – Transformador de Corrente UCS – Unid. de Controle da Subestação
TP – Transformador de Potencial UP – Unidade de Proteção
Figura 4 – Exemplo de um SAS.
Fonte: MIRANDA (2009)

2.3 RELÉS DE PROTEÇÃO

A norma IEEE C37.90 define relés como equipamentos eletrônicos


desenvolvidos para responder às variações das condições de entrada, de maneira
prescrita e depois que as condições especificadas são conhecidas, gera operação
de contatos ou uma mudança abrupta similar em circuitos de controle elétrico
associados.
A proteção de uma subestação de energia é conduzida basicamente pela
utilização de relés de proteção, pois estes dispositivos têm como propósito detectar,
localizar e atuar em caso de situações anormais de funcionamento do sistema,
alertando por meio de alarmes e sinalizações os operadores em caso de perigo
25

imediato da integridade dos equipamentos, e/ou retirando componentes do sistema


de operação, garantindo assim a continuidade das características de um sistema de
potência quanto à prestação de serviço às estações consumidoras (CAMINHA,
1977).
NETTO (2008) afirma que existe uma série de tipos de relés de proteção
específicos para cada situação de risco que se deseja controlar e monitorar, além
disso, atualmente os relés podem ser classificados em:

Eletromecânicos – Constituídos predominantemente de elementos


mecânicos acionados por acoplamentos eletromagnéticos;
Estáticos – São dispositivos eletrônicos sem qualquer elemento mecânico
móvel;
Digitais – Relés eletrônicos dotados de microprocessadores, Figura 6,
podendo ser programados e controlados por sistemas e softwares
específicos, além de poderem se comunicar entre si e com outros
elementos do sistema.

2.3.1 IED (Inteligent Eletronic Device)

Os IEDs, também chamados de Equipamentos Eletrônicos Inteligentes,


podem ser definidos como dispositivos microprocessados (digitais) capazes de
enviar e receber dados para/de uma fonte externa, armazenando uma considerável
quantidade de dados quanto ao seu status interno e o sistema como um todo ao
qual monitora, controla e/ou protege (MENDES, 2011). Na Figura 5 podem ser
verificados alguns modelos utilizados atualmente nas subestações.

Figura 5 – IED (Inteligent Eletronic Devices).


Fonte: Fonte: SEL (2012)
26

Os relés inteligentes vêm gradativamente substituindo os relés


eletromecânicos e estáticos existentes nas antigas subestações devido,
principalmente, ao seu baixo custo, maior confiabilidade de atuação e do tráfego de
informação, assim como sua elevada flexibilidade, funcionalidade e facilidade de
manutenção, pois além da proteção desempenham funções antes executadas pelas
RTUs (MOREIRA, 2009)
Entretanto, a característica que faz os IEDs serem de extrema importância
nas subestações é, de fato, sua capacidade de coletar, processar e realizar uma
ação rápida e eficaz baseado nesses dados. (OZANSOY, 2006)

2.4 SISTEMAS SCADA

Segundo SILVA e SALVADOR (2005) um sistema SCADA (Supervisory


Control and Data Aquisition), conhecido também como sistemas supervisórios,
consiste em softwares que permitem que sejam monitoradas e rastreadas
informações de um processo produtivo ou instalação física. Essas informações são
coletadas do sistema através de equipamentos de aquisição de dados e, em
seguida, manipuladas, analisadas, armazenadas e posteriormente, apresentadas ao
usuário através de interfaces gráficas, como pode ser verificado no exemplo
apresentado na Figura 6.
27

Figura 6 – Exemplo de Interface gráfica de uma Subestação de Energia – Tela Arquitetura de Rede.

O sistema SCADA permite ainda intercambiar informações coletadas com


inúmeros outros equipamentos de aquisição de dados, que estejam ligados a uma
mesma rede, e também com outros sistemas SCADA, além da possibilidade de
executar a troca de dados com bancos de dados relacionais (SANTOS, 2007).
Segundo MENDES (2011) em aplicações em subestações de energia o
sistema supervisório tem como função realizar a supervisão e controle centralizados
dos equipamentos primários e supervisão de sistemas secundários. Geralmente
estes sistemas se encontram fisicamente distante da planta nos chamados Centro
de Operações do Sistema (COS).
Pode-se verificar na Figura 7 um exemplo de uma tela do sistema SCADA
que representa o diagrama unifilar geral de uma subestação de energia, onde
podem ser apresentadas informações dos equipamentos no nível de processo
(tensão da barra e de linha, correntes de alimentadores e transformadores, de
potências e frequência da rede). Sendo, também, capaz de permitir o automatismo e
manobras dos equipamentos em campo como: abertura/fechamento de
seccionadoras, disjuntores e chaves.
28

Figura 7 – Exemplo de Interface gráfica de uma Subestação de Energia – Tela Unifilar Geral.

2.4.1 Funcionalidades de um Sistema de SCADA

SILVA e SALVADOR (2005) da desenvolvedora de software Elipse, assim


como DANNELS e SALTER (1999), afirmam que os principais componentes lógicos
e funcionalidades de um sistema SCADA são:

a) Telas - As telas permitem através de sinóticos a reprodução da arquitetura


real do sistema, sendo a ferramenta que faz a interface com o usuário final,
desde uma animação mostrando status de um motor até o controle do
processo por meio de botões de ação.
b) Controle de Acesso – Pode ser criados níveis de acesso para determinar o
que cada usuário está permitido visualizar e operar.
c) Gráficos – Apresenta graficamente os valores de campo coletados, dando a
possibilidade de visualização de um ou mais sinais simultaneamente,
possibilitando comparação online ou através do histórico.
d) Alarmes – São mensagens de sistema definidas pelo desenvolvedor para
alertar ao usuário sobre alguma situação específica que deve receber a
atenção necessária, podendo ser online e também armazenada num banco
de dados para histórico.
29

e) Históricos – É uma ferramenta essencial na gestão de um sistema, pois,


através do armazenamento das informações do processo em um banco de
dados pode ser realizadas análises mais detalhadas possibilitando uma
tomada de ação mais rápida, confiável e eficiente.
f) Relatórios - Os relatórios servem para gerar documentos com as informações
armazenadas em tempo real de forma gráfica ou textual.
g) Receitas – Pouco utilizadas em sistemas de energia, as receitas são os
valores pré-definidos pelo usuário associados a um determinado conjunto de
variáveis para configurar um determinado processo.
h) Scripts – Através de programações, utilizando linguagens específicas e
associações de eventos, os scripts permitem definir o comportamento da
aplicação conforme desejado para dada aplicação.
i) Tag - Existem vários tipos de tags, cujas quais identificam as variáveis
utilizadas num processo, cada uma possuindo sua funcionalidade específica.
De modo geral as mais utilizadas são as tags de comunicação.
j) Driver – De modo genérico é um programa que tem como função fazer a
interface entre estruturas de códigos de alto nível com os de baixo nível de
um processo. Exemplificando, os drivers podem ser utilizados na
comunicação entre um aplicativo desenvolvido com um ou mais IED em uma
subestação de energia, para que essa comunicação seja realizada é
necessária a utilização de drives específicos para cada protocolo de
comunicação que é definido de acordo com a topologia de rede utilizada.

2.5 SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO

Define-se rede de comunicação como sendo os meios capazes de


estabelecer um modo padrão de interligação de computadores ou dispositivos de
forma a compartilhar dados, recursos físicos ou lógicos (TORRES, 2001).
Neste contexto, segundo KUROSE e ROSS (2000) cada tipo de rede é
delimitada ao espaço territorial (Figura 8), ou seja, quando é necessário realizar a
comunicação entre IEDs ou subestações em uma distância maior, por exemplo
dentro do perímetro de uma cidade, esse tipo de rede é chamada de rede de área
30

metropolitana ou simplesmentente MAN (Metropolitan Area Network), quando esta


área é ultrapassada tem-se a chamada rede geograficamente distribuida – WAN
(Wide Area Network).
Em geral as subestações de energia atuam principalmente com sua rede de
comunicação baseada na topologia de rede local - LAN (Local Area Network) com o
intuito de otimizar e aumentar a segurança nos seus sistemas de controle, proteção
e supervisão, podendo também utilizar redes locais de subestação - SLAN (
Substation Local Area Network) e até mesmo redes locais virtuais - VLAN (Virtual
Local Area Network) (KUROSE e ROSS, 2000).

Figura 8 – Topologias de rede.


Fonte: INDIAMART (2012)
2.6 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO

Para que sejam possíveis as trocas de informações entre equipamentos


distintos é necessário que ambos entendam os dados que cada um está
enviando/recebendo, por este motivo foram desenvolvidos os protocolos de
comunicação (FOROUZAN, 2004).
Para TANENBAUM (1996) e FABRIARD (2002) os protocolos podem ser
definidos como conjuntos de regras que regem as trocas de informações entre duas
ou mais entidades comunicantes, assegurando a condução dos dados e
estabelecendo formatos e métodos que serão utilizados na fragmentação e
remontagem das mensagens, endereçamento, garantia de entrega ordenada dos
pacotes de dados, além do controle de erro e fluxo das mensagens.
31

São diversos os tipos de protocolos utilizados nos sistemas de comunicação,


pois cada um possui uma característica específica de acordo com as tarefas que
necessitam desempenhar.
De acordo com a equipe de engenharia da SEL (2010) em relés inteligentes
de proteção utilizados em subestações de energia se faz necessária a troca de
vários blocos de bytes em dezenas ou centenas de milissegundos. Para que isso
ocorra é utilizado protocolos do tipo DeviceBuses, como por exemplo: Modbus, IEC
60870, DNP3 e IEC 61850.
Além disso, para a definição de qual protocolo utilizar é necessário saber em
qual nível da subestação se deseja aplicar. Na Tabela 1 é possível verificar onde
cada um dos protocolos de subestação pode ser aplicado.

Tabela 1 - Comparativo de aplicabilidade dos protocolos,


MODBUS IEC 60870-5-101 DNP3 IEC 61850
Nível de
NÃO NÃO SIM SIM
Controle
Nível de
SIM SIM SIM SIM
Estação
Nível de Bay
NÃO NÃO NÃO SIM
ou Vão
Nível de
NÃO NÃO NÃO SIM
Processo
Fonte: NOGUEIRA (2007)

Entre os DeviceBuses existem algumas diferenças, dentre as principais está a


agilidade na comunicação ou troughput, que é o tempo decorrido entre a detecção
de um evento e a atuação de uma saída baseada em uma decisão lógica (SEL,
2010). O troughput é determinado por:

Taxa de Transmissão (Velocidade que os dados são transmitidos):


o 1,2 a 19,2 kbps - Modbus, IEC 60870-5-103 e DNP3;
o 100 Mbps – IEC 61850.

Eficiência do Protocolo (Overhead ou Payload – Número total de bytes da


mensagem em relação à mensagem útil, ou seja, os próprios dados):
32

o Modbus, IEC 60870-5-101 e DNP3 – Otimizados para o mínimo


Overhead.
o IEC 61850 – Pouco otimizado em função das larguras de banda
disponíveis.

Modelo da rede:
o Origem / Destino.
o Publisher / Subscriber (Publicador/Assinante).

2.7 MODELO OSI/ ISO

Segundo MENDES (2011) o modelo OSI/ISO foi criado com o intuito de


desenvolver padrões capazes de interconectar sistemas abertos de dispositivos
locais e remotos, de modo a se obter uma maior gerenciabilidade e desempenho de
uma rede.
Seguindo uma filosofia de multicamada, conforme apresentado na Figura 9,
este modelo é composto por sete camadas independentes, onde cada uma delas
possuem funções distintas e especificas a serem executadas no processo de
comunicação entre dois sistemas aberto, executando somente a que lhe foi
designado (MIRANDA, 2009).
Todavia, estas camadas possuem uma interface entre si, o que permite que
exista a troca de informação entre dois níveis subsequentes, bem como é capaz de
definir quais primitivas, operações e serviços o nível inferior da camada deve
oferecer ao imediatamente superior.
Este modelo serve como base para diversos tipos de protocolos de rede, ou
seja, não é estritamente necessária a utilização de todas as camadas, pois depende
da complexidade (ou a falta de) do protocolo (SEL, 2010).
33

Figura 9 – Modelo OSI.


Fonte: MIRANDA, (2009)

Quando se deseja utilizar uma quantidade menor de camadas pode existir


uma sobrecarga de função a algumas delas, assim como a utilização de um grande
número podem ocorrer dificuldades em administrar essa elevada quantidade de
camadas (SEL, 2010).
Na Figura 10 é apresentado um comparativo entre os protocolos quanto à
utilização das camadas do modelo OSI, pode-se observar a diferença de
complexibilidade entre os protocolos e consequentemente nas suas funcionalidades.

Figura 10 – Comparativo das camadas OSI utilizadas pelos de protocolos.


34

Os protocolos de comunicação Modbus, IEC 60870-5-101 e DNP3 que estão


sendo abordados neste trabalho estão utilizando a camada física serial (EIA232 /
EIA485), apesar de poderem também utilizar o transporte de dados sobre TCP/IP
como ocorre na IEC 61850. Definido isto, pode-se iniciar um breve comparativo
desses protocolos quando aplicados em subestações de energia automatizadas.

2.8 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO EM SUBESTAÇÕES DE ENERGIA

2.8.1 Modbus

O protocolo Modbus, segundo REYNDERS (2005), foi criado em 1979, sendo


o mais antigo dentre os protocolos de subestações de energia e também o mais
simples entre eles. O Modbus é um protocolo que utiliza a arquitetura do tipo master
/ slave (mestre / escravo) entre dispositivos de uma rede, e opera utilizando o
método request / response (pedido / resposta) oferecendo serviços baseados em
function codes (códigos de função) pré-determinados e bem definidos.
De um modo geral haverá somente um IED que controla a comunicação e
estabelece o início de qualquer comunicação, este dispositivo é conhecido como o
master (mestre) da rede, a quem todos os outros dispositivos estão ligados,
chamados de slaves (escravos). Os slaves somente respondem ao master quando
solicitados e não possuem comunicação entre si (SILVA e FELGUEIRAS, 2008). Na
Figura 11 é possível observar como funciona o serviço Modbus.

Figura 11 – Exemplificação de serviços Modbus.


Fonte: Adptação de REYNDERS (2005)
35

Neste caso sua mensagem só carrega o endereço de destino, não existindo


nenhuma estruturação dos “objetos de dados”, sem diferenciação entre medições
analógicas, digitais, pontos simples, duplos, etc. Tão pouco pré-formatação dos
dados, sendo de responsabilidade do usuário organizar corretamente o que é escrita
ou leitura, de acordo com os códigos de função que são identificadas por um número
indexado, conforme apresentado na Tabela 2 (SEL, 2010).

Tabela 2 - Exemplos de Funções do Protocolo Modbus


Codigo do
Função Descrição
Comando
Lê um número variável de saídas digitais
01 Read Coils
(bobinas)
Lê um número variável de entradas
02 Read Discret Input
digitais
Lê um número variável de registros
03 Read Holding Registers retentivos (saidas analógicas ou
memórias)
Lê um número variável de registros de
04 Read Input Registers
entrada (entradas analógicas)
Força uma única bobina (altera o estado
05 Force Single Coil
de uma saida digital)
Preset de um único registro (altera o
06 Preset Single Register
estado de uma saída analógica)
Fonte: Adaptação de MAKHIJA, 2003

Segundo CLARKE e REYNDERS (2009) quando o master deseja alguma


informação do slave ele encaminha uma mensagem contendo o endereço do
dispositivo (de 1 a 247), qual dado que deseja e o pedido de detecção de erro.
No Broadcast Mode todos os equipamentos ligados a essa rede conseguem
enxergar essa mensagem do master, que neste caso possui o endereço 0, porém
somente o dispositivo requisitado responde a mensagem.
Já no Unicast Mode, apresentado na Figura 12, o master envia uma
mensagem para um determinado slave e após receber e tratar a mensagem o slave
envia uma resposta para o master.
36

Figura 12 – Modo de transmissão Modbus - Unicast Mode


Fonte: Adptação de MAKHIJA (2003)

Quanto ao meio físico o protocolo Modbus pode ser implementado em linha


série RS232 (EIA/TIA-232) ou RS485 (EIA/TIA-485). Quando se faz uso do RS232 é
permitido a interligação de apenas um equipamento master e um slave, e imposto
um limite de comprimento em torno de 20 metros, já em RS485 é possível ter um
master e mais de um slave, neste caso o barramento pode ter mais de 1000 metros
de comprimento, dependendo do cabeamento utilizado (SILVA e FELGUEIRAS,
2008).
Uma das limitações do Modbus é só possuir envio de informações por
integridade, ou seja, uma vez interrogado pelo mestre, todas as informações do
mapa de memória são enviados de uma só vez. Por este motivo é utilizado para
quantidades pequenas de informações (MAKHIJA, 2003).

2.8.2 IEC 60870-5-101

CLARKE e REYNDERS (2009) afirmam que o protocolo IEC 60870-5-101, ou


T101, que foi apresentado em novembro de 1995 em sua primeira versão, foi
desenvolvido exclusivamente para o sistema elétrico, e possui uma estrutura
hierárquica de modo a suportar ao nível de enlace uma comunicação do tipo
balanceada, somente ponto a ponto para evitar ocorrências de colisões, podendo
ser utilizada na configuração de mensagem não solicitada; e não balanceada
(multidrop), onde somente o mestre pode iniciar a comunicação; já quanto ao nível
de transporte os dados são transmitidos no modo bit-serial em redes com baixa
largura de banda.
37

Neste protocolo o processo de aquisição dos dados é dado por meio de


varreduras efetuadas pelo mestre nos dispositivos escravos, e estas varreduras
ocorrem em períodos característicos de um segundo. No início existe uma
verificação de integridade e, posteriormente, somente são enviadas as informações
que mudaram seu valor, chamadas de exceção, como por exemplo, em medições
que excederam a banda morta ou mudanças de estado de um dispositivo (SEL,
2010).
A estruturação dos frames (pacotes de dados), como se pode verificar na
Figura 13, é mais complexa que a utilizada no Modbus. Nestes telegramas existem
caracteres de início e fim de mensagem, o tamanho total do pacote, controle e
endereço da informação, além de marcadores que indicam se os dados da Classe 1
e 2, informações digitais e analógicas respectivamente, estão disponíveis.
(REYNDERS, 2005).

Figura 13 – Estrutura da mensagem da IEC 60870-5-101.


Fonte: Adaptação de CLARKE e REYNDERS (2009)
38

Cada frame pode carregar no máximo um Aplication Service Data Unit


(ASDU), alojada na camada de aplicação, onde as informações digitais e analógicas
são formatadas de acordo com as necessidades do processo elétrico, conforme
apresentado na Tabela 3 (CLARKE e REYNDERS, 2009).

Tabela 3 - Estrutura da Aplication Service Data Unit (ASDU)


Define o tipo de dado que contém o
formato específico dos objetos de
Tipos de ID
dados (ponto simples, duplo,
Unidade de medições).
Identificação Variável de Qualificação Indica se o tipo de informação contém
de Estrutura ou não objetos múltiplos.
de Dados Apresenta a causa das transmissões
Causa da Transmissão
em espontneas ou cíclicas.
Endereço Comum da Denota segmentos separados e seu
ASDU endereço dentro de um dispositivo.
Endereço do Objeto de Fornece endereço do elemento do
Dados objeto de dados.
Objeto de
Contém detalhes do elemento de
Elementos de Dados
Dados 1 informação, dependendo do tipo.
Utilizada para acompanhamento em
Estampa de tempo
tempo real da sequência de eventos.
Endereço do Objeto de
-
Objeto de Dados
Dados n Elementos de Dados -
Estampa de tempo -
Fonte: Adaptação de REYNDERS (2005)

Por se tratar de aplicações em tempo real suas mensagens, em geral,


possuem tamanhos de 250 bytes, o que é considerado pequeno (SEL, 2010).
Outro ponto importante da norma é a questão da “interoperabilidade”, que
consiste na facilidade de comunicação entre equipamentos de fabricantes distintos,
possibilitando que os IEDs interligados compreendam a sintaxe e a semântica
recebida de outro equipamento de mesma tecnologia, eliminando a necessidade do
uso de conversores (WONG, 2004). Logo, se dois dispositivos possuem mesmo
protocolo, porém diferente interoperabilidade podem gerar inúmeros erros de
comunicação ou até mesmo não completar a conexão.
39

2.8.3 DNP3

O protocolo DNP3 (Distributed Network Protocol versão 3.0) foi apresentado


nesta configuração em 1997, como um protocolo aberto e público com o intuito de
alcançar a interoperabilidade entre os sistemas elétricos, petróleo e gás, bem como
estações de tratamento de água e esgoto. Desenvolvido exclusivamente para o
sistema SCADA, o frame do DNP3 segue as mesmas especificações da norma
européia IEC 60870-5-101, com octeto de controle conforme já descrito, estruturado
para a transmissão de dados entre estação mestre e IEDs, com exceção para
comunicação entre estações mestres (CLARKE e REYNDERS, 2009).
Este protocolo faz uso simplificado do modelo OSI/ISO denominada EPA
(Enhanced Performance Aschitecture), utilizando apenas três camadas: Aplicação,
Enlace e Física; entretanto, o DNP3 possui a necessidade de utilização de algumas
funções da camada de transporte e rede, neste caso, tem-se a chamada Pseudo-
Camada de Transporte (REYNDERS, 2005). Na Tabela 4 é apresentada uma breve
explanação das camadas que o DNP3 faz uso.

Tabela 4 - Estrutura do modelo OSI do protocolo DNP3


Camada Descrição
É o nível em que os dados são gerados para o envio, ou
solicitada para ser enviada, fornece o endereço do elemento
Aplicação
do objeto de dados. Descrevendo os formatos das
mensagens, serviços e procedimentos.
Pseudo-Camada Esta camada permite que grandes blocos de mensagens
de Transporte sejam segmentados e transportados.
Camada onde é realizada o controle de fluxo e de erro dos
pacotes de dados (CRC- Cicle Redundancy Code), além de
Enlace
fornecer a indicação de outros eventos como o estado de
enlace.
É a camada onde é definido qual meio físico o protocolo é
Física transmitido, tratando das especificações elétricas,
estabelecimento da conexão e controle de fluxo de dados.
Fonte: Adaptação de REYNDERS (2005)

A Pseudo-Camada de Transporte algumas vezes corresponde de forma


limitada à camada de transporte, atuando de modo a garantir a entrega dos dados
de forma transparente, ponto-a-ponto, de mensagens inteiras incluindo a
40

segmentação e remontagem dos dados e correção de erros; e à camada de rede


com o intuito de controlar o fluxo dos pacotes de dados e o roteamento das
mensagens (DNP, 1997).
Juntamente com a camada de aplicação a pseudo-camada faz a quebra de
mensagens superiores a 249 octetos. Para cada pacote de dados é inserido um
único byte de Function Code que indica se o pacote da camada de enlace é o
primeiro da mensagem, o último, ou ambos (no caso em que não há fragmentação
da mensagem) (CURTIS, 2000).
Quanto ao tipo de mensagem o DNP3 utiliza dois tipos de mensagens, sendo
com ou sem confirmação. Quando se trabalha mensagens com confirmação a
prioridade é dada à confiabilidade dos dados e quando as mensagens são sem
confirmação é quando a prioridade do sistema é o desempenho (MORAES, 2008).
Neste protocolo foi incluído o endereço de origem da mensagem, além do
endereço de destino, que já estavam presentes no Modbus e IEC 60870-5-101,
permitindo a primeira concepção de rede como conhecemos hoje, consagrada no
TCP/IP (SEL, 2010). Segundo Siqueira (2006) os modos de endereçamento
utilizados no DNP3 são:

Tipo mestre-escravo, também serve para o modo por exceção;


Tipo mestre-grupo, permitindo seleção de lista de pontos;
Endereçamento via broadcast do tipo mestre-todos, permitindo difusão
dos dados.

Assim como no IEC 60870-5-101, na arquitetura mestre-escravo o DNP3


apresenta um relacionamento síncrono através de operação por varredura e
relacionamento assíncrono através de respostas não solicitadas, por iniciativa das
estações escravas (MORAES, 2008).
Essa importante implementação realizada no DNP3 foi denominada de “envio
espontâneo de informação”, que de um modo geral é dito que foi dado ao dispositivo
escravo um primeiro ítem de liberdade. Com esta nova função o escravo pode
formatar uma mensagem, sem antes requisitar ao mestre uma autorização de envio.
Com a evolução exponencial dos recursos de hardware a possibilidade de
41

congestionamento de dados em uma rede diminuiu consideravelmente, desde que o


sistema como um todo seja projetado e especificado adequadamente (SEL, 2010).
Além disso, com o objetivo de sincronizar os relógios dos dispositivos
interconectados de um sistema o protocolo estabelece um método de cálculos do
tempo de propagação das mensagens (MORAES, 2008).
O DNP3 atua em três níveis nos dispositivos e cada nível possui diferentes
quantidades de objetos de dados disponibilizados, essa característica deve ser
observada durante o processo de aquisição de dados nos equipamentos que
utilizam o protocolo DNP3, cada equipamento possui um documento de perfil do
dispositivo, chamado Device Profile, este contém informações que permitem a
integração entre diferentes dispositivos mestres e escravos (SIQUEIRA, 2006).
Assim como na “interoperabilidade” no IEC 60870-5-101 se equipamentos com
DNP3, mas com um perfil diferente, podem não se comunicar. Um modelo deste
documento se encontra no Anexo 1.
Apesar destas atualizações, rede e fragmentação, o DNP3 se consolidou no
mesmo campo do IEC 61870-101, como Protocolo de Tempo Real, em linhas
seriais, com mensagens curtas, de 250 bytes, mestre/escravo com varreduras a
períodos típicos de um segundo, envio por exceção, etc (SEL, 2010).

2.8.4 IEC 61850

IEC 61850 publicada oficialmente em 2004 tornou-se em pouco tempo o


estado da arte no que tange sistemas de comunicação em SAS (MENDES, 2011).
Segundo WONG (2004) a característica mais “marcante” da norma IEC 61850
é, sem dúvidas, a interoperabilidade entre equipamentos de fabricantes distintos,
possibilitando que os IEDs interligados compreendam a sintaxe e a semântica
recebida de outro equipamento de mesma tecnologia. Como característica
secundária está a intercambialidade entre equipamentos de diferentes fabricantes,
ou seja, a troca de IEDs de um fornecedor por outro, sem maiores problemas, não
necessitando qualquer tipo de alteração dos demais componentes integrantes do
sistema.
42

A norma foi dividida em 10 partes, onde cada uma delas define cada uma de
suas terminologias, definições, características e funcionalidades sob as diretrizes do
padrão internacional, conforme apresentada na Figura 14 (SANTOS, 2005).

Figura 14 – Documentos referentes à norma IEC 61850.


Fonte: SANTOS (2005)

Com o estudo sobre a norma é possível admitir que a IEC 61850 é muito mais
do que um protocolo de comunicação entre dispositivos, é uma solução completa e
detalhada para a automação de subestações de energia. Os principais conceitos
trabalhados pela IEC 61850 são: Dados Estruturados, Linguagem SCL e
Mapeamento de Serviços Abstratos para Protocolos.

2.8.4.1 Dados Estruturados

Ao contrário da maioria dos protocolos de comunicação, o padrão IEC 61850


toma como base o princípio de orientação a objetos, de forma a trabalhar com
modelamento orientado a informação e não ao dispositivo nem ao protocolo. Esses
modelos definem os formatos dos dados, identificadores, comportamento e controles
(MENDES, 2011).
43

Segundo MIRANDA (2009) a norma adotou os Nós Lógicos - LNs, do inglês


Logic Nodes, que vem a ser a menor parte de uma função de troca de informação,
usado como núcleo dos modelos, são agrupamentos funcionais de informações
tendo por objetivo a troca de dados entre si e carregam consigo as informações que
necessitam ser transmitidas. A localização dos nós não fica atrelada a um único IED,
quando se considera que uma função esta composta em vários nós, ou seja, existe
uma livre alocação de funções, que admitem sua centralização ou descentralização.
Inseridos nos LNs que seguem o modelo de dados estruturados, estão os
conjuntos de dados pertinentes a sua função e referencia um elemento físico da
rede, que por sua vez possui um conjunto de atributos, cujo qual expressa as
informações que se deseja obter/enviar para o modelo de objeto trabalhado. Sendo
eles agrupados nos chamados dispositivos lógicos – LD (Logic Devices) que estão
inseridos em IEDs. A Figura 15 apresenta a relação entre esses elementos.

Figura 15 – Relação entre elementos da IEC 61850.


Fonte: MIRANDA, (2009)

Na IEC 61850 foi estabelecida a padronização da nomenclatura para todos os


elementos, utilizando uma sequência de caracteres mnemônicos não ambíguos, ou
seja, é possível identificar através dos nomes quais as tarefas que esses elementos
desempenham. No caso do LNs essa identificação é dada por quatro caracteres
(MOREIRA, 2009).
44

Pode-se verificar na Figura 16 um exemplo mais detalhado da estrutura de


dados da norma IEC61850 em um dispositivo da empresa SEL (Schweitzer
Engineering Laboratories Inc.), onde seguindo uma estrutura em árvore, pode-se
notar que no primeiro nível onde está apresentado o dispositivo físico com um nome
genérico de SE10LT72, na sequência um Dispositivo Lógico – MET (Medição), um
Nó Lógico – MMXU (Medições de tensão, corrente e potência), a Classe de Dados –
PhV (Tensão), o Atributo – phs A (Tensão da Fase A) e por último o dado que se
deseja cVal (Valor Complexo – possui banda morta que é um degrau de variação do
dado).

Figura 16 – Estrutura em árvore de dados de um dispositivo.

Depois de realizada a modelagem do dispositivo se obtém uma sintaxe que é


utilizada para referenciar a função que se deseja monitorar/controlar, representado
da seguinte forma: “SE10LT75.SE10L72MET.MMXU.MX.PhV.phsA.cVal.mag”.

2.8.4.2 Linguagem SCL

Segundo PAULINO (2006) a Linguagem de Descrição de Subestação – SCL


(Substation Configuration Language) é uma linguagem que possui a capacidade de
descrever a modelagem de objetos, incorporando conceitos de herança e
referências abstratas (polimorfismo), sendo baseada nas linguagens XML e UML.
45

Existem quatro tipos diferentes de extensões dos arquivos SCL, cujas quais
foram desenvolvidas com o intuito de diferenciar os tipos de dados transmitidos entre
os dispositivos de rede. Na Figura 17 se pode verificar de modo didático como cada
parte da linguagem atua no sistema.

Figura 17 – Relação entre arquivos SLC.


Fonte: MIRANDA (2009)

Conforme NOGUEIRA (2007) a seguir é apresentada uma breve definição de


cada uma das extensões e como elas podem ser aplicadas:

*.ICD (IED Capability Description) – Arquivos que contém as


características e funcionalidades dos IEDs, responsável pela troca de
dados da ferramenta de configuração dos IEDs com a ferramenta de
configuração do sistema. Contém os modelos de tipos de dados
necessários e tipos de definições de Nós Lógicos.

*.CID (Configured IED Description) – Arquivo gerado após a configuração


dos ICDs, descreve um IED configurado em um projeto. Contém o
endereço atual do IED e as informações que o mesmo necessita. Troca
dados da ferramenta de configuração do IED com o IED.
46

*.SSD (Specific Description of System) – Corresponde às especificações


de um subestação, ou seja, contém os diagramas unifilar esquemáticos e
lógicos de uma subestação. Realiza a troca de dados entre a ferramenta
de especificação do sistema com a ferramenta de configuração do
sistema.

*.SCD (Substation Configuration Descripiton) – É a junção dos arquivos


ICD devidamente configurados, ou somente os arquivos CID juntamente
com arquivo SSD da rede. Descrevendo por completo a configuração do
processo. Troca de dados da ferramenta de configuração do sistema com
a ferramenta de configuração dos IEDs.

2.8.4.3 Mapeamento de Serviços Abstratos

Segundo NOGUEIRA (2007), no padrão IEC 61850 são especificados


modelos de comunicação para troca de dados com ou sem prioridade, denominados
Interface dos Serviços Abstratos de Comunicação – ACSI (Abstract Communication
Service Interface) que auxiliam na definição dos serviços disponibilizados, sendo
agrupados em dois grupos distintos:

Modelos do tipo Cliente-Servidor – Neste modelo é realizado o agrupamento


de um conjunto de serviços orientados, tendo como principais ações: acesso
às informações, notificação automática de informações, sincronismo,
comando, transferência de arquivos, sequência de eventos. Neste tipo não
existe restrição de tempo, utilizando todas as camadas até chegar à camada
de enlace.

Modelos de comunicação de evento – Inicialmente orientados a


implementação das aplicações como transmissão de valores amostrados,
envio de dados entre diversos IEDs e proteção, onde o tempo é considerado
crítico, sendo mapeados diretamente até a camada de enlace, utilizando uma
47

comunicação peer-to-peer multicast entre IEDs, ou seja, a troca de


informações num mesmo nível hierárquico.

Em MIRANDA (2009) após definidos os serviços de comunicação abstratos é


possível realizar o mapeamento dos serviços de comunicação, Tabela 5, sendo
possíveis quatro tipos diferentes:

Cliente/Servidor – Núcleo de serviços ACSI, utilizando o conjunto de


protocolos MMS;
Time Sync – Para realizar sincronismo de tempo com o protocolo Simple
Network Time Protocol (SNTP);
Sample Values (SV) – Valores amostrados, como corrente e tensão de
transformadores;
GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event) / GSSE (Generic
Substation Status Event) – Mensagens pertencentes à classe GSE (Generic
Substation Event).

Tabela 5 - Combinação de Serviços dos protocolos, padrão IEC 61850 parte 8.1
A ou T Serviço Serviço
Camada do Time
Cliente/Serv. Cliente/Serv. SV GOOSE GSEE
Profile Modelo OSI Sync
(OSI) (TCP/IP)
Aplicação X X X X X X
A
Apresentação X X X X X
Sessão X X X
Transporte X X X X
Rede X X X X
T
Enlace X X X X X X
Fisica X X X X X X
Fonte: Adaptação de MIRANDA (2009)

2.8.4.3.1 Protocolo MMS

A parte 8.1 do padrão IEC-61850 especifica um método de troca de dados


com, ou sem restrições críticas de tempo, através de uma rede. Faz com que os
serviços e os protocolos MMS (Manufacturing Message Specification) sejam
48

especificados para operar sobre as camadas do modelo OSI e compatíveis com os


perfis de comunicação do TCP/IP. A utilização do MMS permite o uso de
arquiteturas centralizadas e distribuídas, e inclui a troca de dados seja de estado
operações de controle ou notificações em tempo real.
Existem vários serviços especificados na parte 7.2 do padrão IEC-61850 que
são intencionalmente mapeados para protocolos e perfis de comunicação que não
fazem uso da norma ISO 9506 (MMS, como o protocolo da camada de aplicação,
especifico para mensagens do tipo cliente-servidor), devido a informações com
restrições críticas de tempo.

2.8.4.3.2 Mensagens GOOSE

Um Objeto Genérico Orientado pelo Evento de Subestação - GOOSE


(Generic Object Oriented Substation Event,) possui a capacidade de configurar as
informações além de fazer uso de grupos de dados chamados Data Sets, sendo
possível a criação de relatórios assíncronos de eventos, ou seja, o receptor é capaz
de identificar que algum status foi alterado e o momento que ocorreu essa mudança
(MIRANDA, 2009).
Somente aqueles IEDs registrados para receber uma mensagem GOOSE
agirão no status que ela contém, essa filtragem geralmente é feita pelo endereço
MAC (PAULINO, 2006).
As mensagens GOOSE fazem uso do sistema SCSM (Specific
Communication Service Protocol) que atua num sistema de retransmissão de
mensagens garantindo a confiabilidade na entrega dos pacotes de dados. Cada
reenvio de mensagem possui um tempo definido que é dobrado a cada tentativa, até
o limite chamado de timeAllWedToLive, que ao ser atingido encerra a conexão
(ALMEIDA, 2011).
49

Figura 18 – Relação de tempo de retransmissão de mensagem GOOSE.


Fonte: ALMEIDA (2011)

Segundo BASTOS e CASTRO (2005), a vantagem das mensagens GOOSE é


permitir que a informação seja trocada diretamente entre os IEDs e os dispositivos
conectados na rede, mesmo não se tenha um mestre e nível de controle de
superposição dos dados da mensagem, intercambiando as mensagens em uma
elevada taxa de transmissão, além de não necessitar de cabeamento rígido, pelo
fato das informações transitarem pela rede.
50

3 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

Bancada de ensaios é uma maneira utilizada para se aplicar os


conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, e este projeto tem o objetivo
de apresentar de forma prática os conhecimentos teóricos aqui apresentados.
Para que fosse possível o desenvolvimento deste projeto o IST / SOCIESC
disponibilizou os equipamentos necessários para a simulação de uma situação real
de uma subestação de energia simulando a troca de informação entre um IED e um
sistema SCADA.
A Figura 19 mostra a arquitetura do sistema proposto, onde um relé
inteligente SEL 751A conectado através de um cabo serial RS232 a um
microcomputador que contém o software supervisório capaz de monitorar e
comandar funções do IED através do protocolo de comunicação DNP3.

Figura 19 – Arquitetura da rede DNP3

3.1 SISTEMA PROPOSTO

Inicialmente foi necessário elaborar o diagrama unifilar para que, dessa forma,
o sistema fosse desenvolvido e simulado conforme uma situação real de uma
subestação de energia automatizada.
51

O sistema é composto por uma chave seccionadora, um disjuntor de entrada


de linha, TC (Transformador de Corrente), TP (Transformador de Potencial), sistema
de proteção do circuito (pára-raios), e o IED SEL 751A.
O diagrama unifilar, apresentado na Figura 20, mostra o sistema proposto. Na
prática esta etapa geralmente é desenvolvida após a realização dos estudos
elétricos, considerando as linhas de transmissão e carga da rede.

Figura 20 – Diagrama Unifilar do sistema proposto

3.2 RELÉ INTELIGENTE – SEL 751A

O relé inteligente de proteção SEL 751A, apresentado na Figura 21, é um relé


de proteção de alimentador e segundo seu fabricante, a Schweitzer Engineering
Laboratories Inc. (SEL), este relé pode ser compreendido como uma combinação de
proteção, descrição de falhas localizadas, monitoramento, controle e comunicação
industrial.
Este equipamento é capaz de monitorar corrente, tensão, frequência e
elementos de proteção de um sistema de potência, além disso, possui pacotes
52

opcionais para realizar controle direcional, detecção de arco voltaico, temperatura e


falhas de alta impedância.

Figura 21 – Relé SEL 751-A


Fonte: SEL (2012)

Para que fosse possível a simulação da lógica de trips e comandos de


abertura/fechamento da chave seccionadora e do disjuntor se fez necessário a
programação do relé através do software AcSELerator Quickset da empresa SEL.

3.2.1 Software AcSELerator Quickset

3.2.1.1 Desenvolvimento de uma nova aplicação

Assim que o programa é inicializado é apresentada a tela inicial, conforme a


Figura 22. Nesta tela é possível verificar todas as opções iniciais disponíveis, onde
os principais são:

New – Inicia uma nova definição das configurações de um relé;


Read – ler (upload) um programa que esteja em algum relé SEL;
Open – Abrir um documento (*.rbd) já existente;
Communication – Define qual será o meio de comunicação entre a estação de
trabalho e o IED;
Manage – Define qual caminho o arquivo será salvo.
53

Figura 22 – Tela de Abertura do Software AcSELerator Quickset

Para este projeto foi desenvolvido um programa desde o início (a partir do


zero). Selecionando a opção New é apresentado a tela de seleção de qual relé será
utilizada, Figura 23.

Figura 23 – Seleção do Modelo do Relé Desejado

Após definido o modelo do relé SEL é necessário especificar quais são as


particularidades que o modelo selecionado possui, ou seja, é preciso informar quais
são suas características de hardware. Para isso é preciso inserir o Part Number do
equipamento, conforme Figura 24, que nada mais é que um código pré-definido pelo
fabricante que habilita ou não as funções de programação necessárias.
54

Figura 24 – Definição do PartNumber

Fazendo isso, irá surgir a tela inicial de configuração do relé, apresentada na


Figura 25.

Figura 25 – Tela inicial de Configuração do Relé


55

A partir deste ponto toda a configuração do relé pode ser executada


trabalhando com a árvore de navegação localizada no lado esquerdo da tela, Figura
26, onde são apresentadas quais as configurações possíveis de ser executadas no
relé selecionado inicialmente.

Figura 26 – Árvore de Navegação


56

3.2.1.2 Desenvolvimento da Lógica do Sistema

Após definido qual relé será utilizado e sabendo-se como navegar entre as
telas de configuração é possível dar início efetivamente à programação do que se
deseja que o IED execute no sistema proposto. Neste documento será apresentado
e comentado somente os valores e informações que foram alterados ou que
influenciam diretamente ao funcionamento do sistema, caso não seja informado os
valores apresentados são Default do equipamento ou não influenciam no seu
desempenho nesta situação.
Inicialmente na aba Set e sub-aba Main foram alteradas as características
básicas do relé, como apresentado na Figura 27:

RID – Relay Identifier: Identificação do relé – “SEL 751A – SOCIESC”


TID – Terminal Identifier: Descrição do equipamento, dando a nomenclatura
desejada, neste caso “TCC – JOAO BRUNO”.
PTR – PT Ratio: Campo responsável para se configurar como será
apresentada a medição e a escala correta de tensão, foi definido o valor de
62,73, pois de acordo com o projetado o valor de entrada seria no valor de
13,8 kV.
PTRS – Synch: É a verificação de sincronismo da tensão de entrada e
segundo o manual, neste caso, deve ser colocado mesmo valor do campo
PTR.
VNOM – Line Voltage: Tensão nominal de entrada, devido a utilização do
Varivolt de limite igual a 250V foi definida a tensão nominal de 220V.
DELTA_Y – Transformer Connection: Foi definido WYE, pois segundo o
manual essa opção deve ser utilizado quando se tem potenciais entre fase-
neutro.
57

Figura 27 – Árvore de Navegação

É necessário habilitar as lógicas que estarão sendo utilizadas, como pode ser
verificado na Figura 28 somente foram utilizadas as funções ELAT – SELogic Latch,
para as tags retentivas, e ESV – SELogic Variables/Timers, lógicas booleanas.

Figura 28 – SELogic Enables


58

Na aba SELogic Variables and Timers, Figura 29, é onde são realizadas as
combinações de operadores e valores booleanos, resultando em um valor digital
desejado. Sabendo-se disso foi desenvolvida a lógica de operação do sistema que
são os comandos de abre e fecha seccionadora e disjuntor.

Figura 29 – SELogic Variables and Timers

Para compreender melhor o que foi executado, tem-se no SV01 a seguinte


lógica: ( PB01 AND LT01 ) OR ( NOT LT01 AND RB06 ) # ABRE SECCIONADORA.
Analisando tem-se que é realizada a operação lógica “AND” (E) entre PB01 – Push
Button 01, primeiro botão existente fisicamente no relé, e o LT01 – Latch Bit – é uma
tag retentiva e representa que o equipamento está em modo de operação Local,
esta parte da lógica significa que o comando de abrir seccionadora será executado
em modo Local com o comando no botão do relé físico. Na segunda parte da lógica,
que está relacionada com a primeira através do operador lógico “OR” (OU), verifica-
se “NOT LT01” que é a negação da função LT01, posição do modo de operação em
59

Remoto, ligada pela operação “AND” ao RB06 – Remote Bit 06 que está relacionado
internamente ao comando de abrir seccionadora.
Para que os valores permaneçam no estado desejado é preciso que sejam
retentivos, neste caso é necessário utilizar a função SELogic Latch Bits. Como pode
ser observado na Figura 30 é possível notar que o comando de trip representado por
R_TRIG RB05, que é a rampa de subida do sinal de RB05, além disso, as
informações dos SVs utilizados foram transformadas em retentivas.

Figura 30 – SELogic Latch Bits

Neste caso, as lógicas desenvolvidas como pulso (SV) na aba SELogic


Variables and Timers poderiam ter sido criadas diretamente como retentivas (LT) no
SELogic Latch Bits, porém para fins didáticos, foi definido que seria utilizada o
máximo de ferramentas que o relé SEL 751A oferece.
60

3.2.1.3 Falhas e Trips do Sistema

Na aba Trip and Close Logic, apresentada na Figura 31, é definido quais são
os motivos que farão com que o sistema entre em falha (Trip).

Figura 31 – Trip and Close Logic

Os campos que foram necessários parametrizar são:

TDURD – Minimum Trip Time: Foi determinado que para que ocorra o Trip no
sistema é necessário que se complete ao menos 0,5 segundos em situação
crítica;
CFD – Close Failure Time Delay: Neste campo segundo o manual deve ser
preenchido de acordo com o maior tempo de falha definido mais uma margem
de segurança, seguindo essa recomendação do manual foi estabelecido um
tempo de 1 segundo para atuação do Trip;
TR – Trip: As informações deste campo são as que efetivamente irão gerar a
falha para proteger o sistema. São elas: 27P1T (Subtensão) ou 59P1T
(Sobretensão) ou R_TRIG RB10 (Rampa de subida do Remote Bit 10). As
funções 27 e 59, seguem a tabela ANSI que se encontra no Anexo 2.
ULTRIP – Unlatch Trip: É a função que faz com que o sistema saia da
situação de Trip. Foi estabelecida a negação do que foi definido no campo TR
– Trip, ou seja, quando estiver normalizado o Trip é desativado.
61

Após a definição de quais seriam os fatores que causariam o Trip no sistema


é preciso inserir na aba Under/Over Voltage quais os ranges que estarão sendo
considerados Subtensão e Sobretensão.
Para a função 27P1T será configurado na sub-aba Undervoltage Elements,
Figura 32, o valor em porcentagem que é necessário estar abaixo da tensão nominal
definida anteriormente, bem como em quanto tempo abaixo desse valor estipulado
que o relé deve atuar como Trip por Subtensão.

Figura 32 – Undervoltage Elements

Para a função 59P1T será configurado na sub-aba Overvoltage Elements,


Figura 33, assim como na situação anterior o campo a ser preenchido é o valor em
porcentagem acima da tensão nominal que se deseja o relé deve atuar como Trip
por Sobretensão, e quanto tempo acima desse valor estipulado é necessário
aguardar para a atuação da falha.
62

Figura 33 – Overervoltage Elements

3.2.1.4 Configuração da Comunicação DNP3

A partir deste momento é necessário definir e iniciar a configuração do meio


que irá realizar a comunicação entre o IED e a estação SCADA.
Foi definido que o protocolo de comunicação a ser utilizado é o DNP3 via
serial RS-232, para tanto é necessário que se configure na aba Port 3 que é a saída
serial do equipamento, definindo o Baudrate, Parity, Stop Bit e o Time Out da
comunicação, como demonstrado na Figura 34.
63

Figura 34 – Configuração da porta serial – Port 3

Sendo definido o protocolo como DNP3 é preciso configurar as características


de comunicação específicas ao protocolo na sub-aba DNP Protocol, apresentado na
Figura 35. Os valores default foram mantidos, porém é necessário observar com
maior atenção os seguintes campos:

DNPADR – DNP Address: Endereço do IED na rede;


REPADR1 – DNP Address to Report to: Endereço do mestre da rede DNP a
quem os IED irão enviar os dados solicitados;
DNPMAP1 – DNP Map: Define qual mapa DNP vai ser transportado por esta
porta.
64

Figura 35 – Configuração do Protocolo DNP

Tendo conhecimento de todas as informações que se deseja ler e/ou escrever


no IED a configuração do mapa DNP pode ser elaborada de modo que todos os
endereços das informações desejadas estejam de acordo tanto no sistema SCADA
quanto no relé.
Expandindo na árvore de navegação a aba DNP Maps pode-se notar que
surgem 3 mapas que também podem ser utilizados, Figura 36.
65

Figura 36 – Árvore de Navegação – DNP Maps

Selecionando o DNP Map 1 abre as opções dos tipos de dados que o relé irá
trocar com o supervisório, o primeiro deles é campo Binary Inputs, Figura 37, que
podem ser interpretadas como entradas digitais, ou os valores que serão apenas
lidos no SCADA.

Figura 37 – Configuração do Mapa – Binary Inputs


66

Na sub-aba Binary Output, Figura 38, é necessário declarar todas as


informações que vão ser recebidas pelo relé, neste caso somente será utilizado os
RB – Remote Bits, que são os dados de comando e retorno provenientes do sistema
supervisório.

Figura 38 – Configuração do Mapa – Binary Outputs

Pelo fato de ser realizada a leitura de Tensão e Frequência é necessário


também que se faça o mapa DNP para as Entradas Analógicas na aba Analog Input,
apresentada na Figura 39.
67

Figura 39 – Configuração do Mapa – Analog Input

3.2.1.5 Comunicação Visual do Sistema

Após de criado o mapa DNP é possível se atentar à comunicação visual do


que está ocorrendo no sistema, apresentando informações através do display ou dos
LEDs frontais do relé SEL 751A. Porém antes de qualquer coisa, na sub-aba
General, Figura 40, é necessário definir:

EDP – Display Point Enable: Define quantas mensagens no display serão


utilizadas, para que dessa forma seja liberada para a configuração da
quantidade desejada.
FP_AUTO – Front Panel Automessages: Define como são apresentadas as
mensagens, neste caso foi selecionado Override de modo a ficar alternando
as informações apresentadas no display, porém se houver qualquer trip as
mensagens que simbolizam falha possuem prioridade. Caso não haja
necessidade dessa prioridade pode-se utilizar o Rotating.
RSTLED – Reset Trip-Latched LEDs on Close: Selecionado Y (sim) para caso
haja a necessidade de um comando Reset em uma situação de trip os LEDs
retornam ao estado normal automaticamente.
68

Figura 40 – Front Panel – General

Para que sejam visualizadas no display as informações desejadas é preciso


definir quais as mensagens que serão apresentadas, sendo definido na aba Display
Point, Figura 41.

Figura 41 – Configuração das mensagens apresentadas no Display


69

Para o DP03 – Display Point 03 – definiu-se que seria apresentado o valor de


tensão lido pelo IED, para configurar este campo é necessário pressionar o botão ao
lado “...” fazendo surgir um pop-up conforme mostrado na Figura 42, nele pode-se
verificar:
Foi selecionada a opção Analog, representando que será mostrado algum
valor analógico;
Name: coloca-se a tag interna, neste caso VAB_MAG que é a magnitude da
tensão lida;
User Text Prefix: é inserido o texto da grandeza elétrica que será mostrado
antes do valor;
Format: determina quantos caracteres serão utilizados;
User Text Sulfix: coloca-se a unidade de medida da grandeza elétrica.

Figura 42 – Configuração para apresentar valores analógicos no display

No caso do DP07 – Display Point 07 – é realizada a leitura booleana, ou seja,


leitura de algum valor digital que se deseje visualizar. A Figura 43 apresenta como o
display deve ser configurado:
A opção Boolean é selecionada;
Name: coloca-se a tag interna, neste caso LT02– Latch Bit 01;
Set String: Apresenta qual é o texto ou valor que se deseja visualizar, que
nesta situação representa “SECCIONADORA ABERTA”.

Figura 43 – Configuração para apresentar valores digitais no display


70

Para configurar LEDs no frontal do relé SEL751-A é preciso, na sub-aba


Target LED, definir quais serão os dados que irão ser informados pelos LEDs. Na
Figura 44 são apresentados os LEDs localizados na parte esquerda do frontal do
relé onde estão somente as mensagens.

Figura 44 – Configuração dos LEDs das descrições

Próximo a cada um dos PBs – Push Buttons localizados no frontal do IED


existe dois LEDs, menores que os demais já configurados, que tem como função o
estado de cada botão / comando realizado. Para configurar o que cada um desses
LEDs irá simbolizar é necessário ainda na sub-aba Target LED informar quais serão
os dados que serão relacionados a eles.
71

Figura 45 – Configuração dos LEDs dos comandos

3.2.1.6 Transmissão do Programa

Após todas as configurações realizadas é necessário enviar o programa


desenvolvido para o IED, e para isso é preciso definir como será realizada essa
transmissão. Para entrar nas configurações de comunicação é preciso ir em
Communication Parameters. Na Figura 46 é possível visualizar o caminho para
chegar até esta tela.

Figura 46 – Caminho para entrar nas configurações de comunicação


72

Abrindo a tela Communication Parameters, Figura 47, é possível configurar de


acordo com a forma de comunicação desejada, os principais que devem ser
alterados são:

Active Connection Type: Define qual será o meio de comunicação com o relé,
neste caso foi selecionada a porta Serial.
Device: Selecionar qual é a porta serial a ser utilizada, neste exemplo foi
escolhida a COM4, onde se encontra o cabo de comunicação SEL.
Data Speed: Definição do Baudrate (velocidade de comunicação) entre os
equipamentos.
Level One Password: Senha de nível um de acesso às configurações do relé,
segundo manual a senha default é “OTTER”.
Level Two Password: Senha de nível dois de acesso às configurações do
relé, segundo manual a senha default é “TAIL”.

Figura 47 – Configuração dos Parâmetros de Comunicação


73

Como esta comunicação será realizada através da porta serial é necessário


parametrizar a porta de comunicação frontal do IED, o Port F, com exatamente as
mesmas configurações de comunicação realizadas no Communication Parameters,
conforme pode ser visto na Figura 48. Além disso, deve-se definir em Protocol
Selection o protocolo SEL de comunicação.

Figura 48 – Configuração Port F

Com tudo parametrizado de acordo com o demonstrado é possível efetuar a


comunicação com o relé, conforme apresentado na Figura 49.

Figura 49 – Caminho para conexão com o IED


74

Após selecionar irá surgir um pop-up informando que o software está tentando
estabelecer uma conexão com o relé, Figura 50.

Figura 50 – Estabelecendo conexão com o IED

Após alguns instantes essa informação sairá da tela, significando que a


conexão foi estabelecida com sucesso, caso contrário outro pop-up irá surgir com a
informação de que não foi possível a comunicação com o relé, Figura 51, fazendo
com que o operador verifique as possibilidades que possam estar causando esta
falha, que pode ser desde uma má conexão dos cabos até uma incompatibilidade de
configuração do software e do hardware.

Figura 51 – Falha na tentativa em estabelecer conexão com o IED

Considerando que foi estabelecida a conexão basta enviar o programa


utilizando a função Send, conforme pode ser visualizado na Figura 52.

Figura 52 – Caminho para envio do programa


75

3.3 SISTEMA SUPERVISÓRIO

Foi desenvolvida uma aplicação no software supervisório Elipse E3 com a


representação do diagrama unifilar proposto. Na Figura 53 é apresentado o sinótico
que contém as seguintes informações:

Comandos, leds indicativo de estado e animações de abertura, fechamento e


trip da chave seccionadora e do disjuntor;
Leds que mostram se as proteções de Subtensão e Sobretensão estão ou
não atuadas;
No display do relé são apresentados quais são os estados do sistema;
Os valores analógicos de Tensão e Frequência,
Seleção do modo de operação do sistema através de uma chave seletora de
Local e Remoto.
Botão de Emergência que simula uma situação de Trip do sistema, podendo
ser reinicializado local ou remotamente.
Displays que apresentam os valores internos ao relé que estão sendo
enviados/lidos diretamente do SEL-751A.
76

Figura 53 – Sinótico desenvolvido no Elipse E3.

3.3.1 Configuração do Driver DNP3

A primeira etapa para se chegar a esta situação final apresentada na Figura


53, é inserir o driver de comunicação para que seja possível a comunicação entre o
IED com o sistema SCADA. Na Figura 54 é possível verificar o procedimento para
inserir o driver.
77

Figura 54 – Método para inserir o Drive de comunicação

Ao selecionar a opção “Driver de Comunicação” irá surgir uma tela para


localizar onde o driver está arquivado, conforme Figura 55, geralmente este arquivo
é criado em alguma pasta junto ao projeto “*.dom” e “*.prj”. Este arquivo “*.dll” é
fornecido pela empresa desenvolvedora do software, neste caso a Elipse Software.

Figura 55 – Adicionando o Driver de Comunicação


78

Depois de inserido o driver irá surgir um pop-up que deve ser configurado
como ele deve se comportar. A Figura 56 apresenta como deve ser a configuração
DNP para este sistema, sendo as informações principais o Default Slave Address
que é o endereço do dispositivo que se deseja comunicar na rede, e o Master
Address que é o endereço do mestre da rede no caso o SCADA, ou como é dito no
relé é o equipamento a quem o relé deve se reportar. Esses endereços devem
coincidir com os endereços configurados no IED nos campos DNPADR e REPADR1
respectivamente, conforme a Figura 35.

Figura 56 – Configuração do Driver de Comunicação DNP

Na sequência deve ser definido qual o meio físico que será realizada a
comunicação entre a estação SCADA e o relé SEL 751-A. A opção selecionada do
Physical Layer foi a Serial conforme o projetado e apresentado na Figura 57.
79

Figura 57 – Configuração do meio físico DNP

Na aba Serial, Figura 58, é necessário definir quais serão os parâmetros de


comunicação, lembrando que deve ser o mesmos que o definido no Port 3 do IED,
apresentado na Figura 34.

Figura 58 – Configuração do meio físico DNP

Dessa forma é possível criar as tags de comunicação de acordo com o que foi
desenvolvido e utilizado no relé, Figura 59, sendo que a nomenclatura é dada de
80

acordo com o desenvolvedor, porém, seguindo boas práticas de execução de


projeto, devem seguir uma lógica e mostrar com clareza qual é sua função.

Figura 59 – Criação das tags no driver DNP

No manual fornecido pela Elipse Software é descrito detalhadamente como


deve ser realizada a configuração das tags no driver, para um melhor entendimento
da configuração do driver DNP será apresentada separadamente cada tipo de dado
utilizado (Binary Input, Binary Output e Analog Input).
De modo genérico o driver apresenta uma estrutura onde é necessário
preencher alguns campos, dentre eles estão:

N1 – Endereço do escravo ou 0 para usar o Default Slave Adress;


N2 – Código da função a realizar, apresentado na Tabela 6;
N3 – Código do objeto e variação. Deve ser informado como um parâmetro,
com a seguinte fórmula: Objeto * 100 + Variação. Object Code é o tipo de
objeto (por exemplo, Binary Inputs) e Variation é um subtipo. É necessário
consultar a tabela fornecida no manual para saber dos objetos e variações
suportados, esta tabela se encontra no Anexo 1;
N4 – É o endereço da variável ou número, não importando se é um ponto
físico ou lógico.
81

Tabela 6 – Configuração do Driver DNP3 – Analog Input


Código de
Função Descrição
Função
1 Read – Leitura Requisita dados do dispositivo remoto
2 Write – Escrita Envia dados para o dispositivo remoto
Primeira parte da operação “seleção-
3 Select – Selecionar
antes-da-operação”
Segunda parte da operação “seleção-
4 Operate – Operação
antes-da-operação”
Direct Operate – Operação
5 Operação em um passo com resposta
Direta
Direct Operate , no repply–
6 Operação Direta sem Operação em um passo sem resposta
resposta
Fonte: SEL– Manual SEL 751-A

Na Figura 60 é possível observar como foi realizada a parametrização do


mapa DNP Analog Inputs é correspondente à pasta “Analógicas”.

Figura 60 – Driver DNP – Tags Analog Input

Sabendo que os dados que se deseja ler são valores de entradas analógicas
com ponto flutuante, pode-se então definir quais serão as informações a serem
colocados na configuração do driver.
Para um melhor compreendimento da estruturação do driver foi retirado do
Anexo 1 uma parte onde é encontrada a função desejada, conforme mostrado na
Tabela 7, nela é possível retirar os dados necessários para o parâmetro N2 e N3 do
driver DNP.

Tabela 7 – Configuração do Driver DNP3 – Analog Input


Objeto Variação Nome do objeto Código de função no pedido
32-bit Analog Input Floating
30 5 1
Point
Fonte: Elipse Software – Manual Driver DNP3

Observando a Figura 60 o campo N1 possui o valor “1” referente ao endereço


do IED, dispositivo escravo na rede, para N2 deve-se observar a Tabela 6 de modo
82

a determinar o valor “1” de acordo com a função suportada no pedido que é de


leitura, já em N3 foi preenchido com a informação “3005” que representa
respectivamente ao “Objeto” e a sua “Variação” que representa “32-bit Analog Input
Floating Point”.
No campo N4 a numeração que foi inserida depende do mapa DNP criado no
relé, conforme foi apresentado na Figura 39 quando apresentada a configuração do
dispositivo SEL 751-A.
Nos checkbox de leitura e escrita é selecionado somente o de leitura pelo fato
de só ler as informações analógicas diretamente do IED.
Na coluna UE são inseridas as unidades de medidas do valor que está sendo
lido por cada tag. Em Min UE, Max UE, Min I/O e Max I/O é alterado de acordo com
os ajustes de escalas que se deseja na leitura dos valores.
O processo de configuração para os outros dois tipos de dados é semelhante,
como no caso dos Binary Inputs que estão alocados na pasta “Retornos” do driver
DNP, apresentado na Figura 61.

Figura 61 – Driver DNP – Tags Binary Inputs

Assim como foi feito para as entradas analógicas é necessário utilizar a


mesma análise para a tabela de comunicação do driver DNP, para facilitar o
entendimento na Tabela 8 está destacada a função utilizada.

Tabela 8 – Configuração do Driver DNP3 – Binary Input


Objeto Variação Nome do objeto Código de função no pedido
1 1 Binay Input w/o Status 1
Fonte: Elipse Software – Manual Driver DNP3
83

A análise da tabela é a seguinte: novamente o campo N1 possui o valor “1”


referente ao endereço do mesmo dispositivo utilizado, em N2 tem-se o valor “1” de
acordo com a função suportada no pedido, em N3 foi preenchido com a informação
“101”, assim como dito anteriormente, representa respectivamente ao “Objeto” e a
sua “Variação” que representa “Binay Input w/o Status”, ou seja, é o estado das
entradas digitais.
Por serem valores binários não existe a necessidade de se trabalhar com
qualquer situação de escala, somente selecionar se é um tag do tipo escrita ou
leitura.
Para se trabalhar com o mapa DNP Binary Output provenientes do relé o
processo de configuração é análogo ao apresentado, na Figura 62 é possível
verificar as pastas “Retornos” e “Comandos”, onde essas tags estão alocadas dentro
do drive.

Figura 62 – Driver DNP – Tags Remote Bits

Sabendo que está sendo trabalhado com saídas digitais e fazendo uso
novamente da tabela de comunicação do driver DNP, apresentada completa no
Anexo 1, tem-se que a configuração necessária deve ser executada conforme está
sendo indicado na Tabela 9.

Tabela 9 – Configuração do Driver DNP3 – Binary Output


Objeto Variação Nome do objeto Código de função no pedido
12 1 Control Relay Output Block 3,4,5,6
Fonte: Elipse Software – Manual Driver DNP3

Interpretando a tabela nota-se que o campo N1 recebe o valor “1” referente ao


endereço do relé SEL 751-A, em N2 observando na Tabela 6 tem-se o valor “5” de
acordo com a função suportada no pedido, em N3 foi preenchido com a informação
84

“1201” representando respectivamente ao “Objeto” e a sua “Variação” permitindo a


utilização da função “Control Relay Output Block”, que é o controle do bloco de
saídas digitais do mapa DNP, em N4 basta colocar a numeração de acordo com a
ordem que foram criados no mapa DNP no relé.
Nos comandos somente é necessário selecionar a opção escrita, pois será
somente o envio do sinal para o IED que efetuará a lógica de acordo com o
programado.

3.3.2 Desenvolvimento da Etapa Gráfica

Anteriormente à criação da “Tela_Principal” foi elaborada as imagens em


bitmap para serem utilizadas no sinótico, essas imagens foram dispostas de modo a
ser apresentada ao operador de forma clara e visual, representando o que ocorre
fisicamente, porém, não deixando de ser fiel ao diagrama unifilar desenvolvido, a
Figura 63 mostra o diagrama unifilar na tela do supervisório.

Figura 63 – Diagrama Unifilar do sinótico

Após de definido como seria a apresentação do unifilar foi necessário


criar as animações que representam o que ocorre na lógica e também fisicamente
85

como, por exemplo, no frontal do relé. As animações que podem ser visualizadas no
diagrama unifilar são na chave seccionadora, disjuntor, LEDs e display. A Tabela 10
mostra como foi representada as imagens, possuindo diferentes cores conforme seu
estado ou função de acordo com os valores das tags associadas.

Tabela 10 – Descrição dos estados dos dispositivos


Dispositivo Descrição

Vermelho - Equipamento energizado e funcionando.

Verde - Equipamento habilitado, porém desligado.

Vermelho – Disjuntor energizado e funcionando.

Verde – Disjuntor habilitado, porém desligado.

Amarelo – Disjuntor com defeito (falha ou trip).

Cinza – Estado desabilitado.

Vermelho – Estado habilitado.

Verde – Estado habilitado para o LED Enable, pois está conforme


o frontal do relé que apresenta habilitado em verde.

As animações para a chave seccionadora e disjuntor foram desenvolvidas


utilizando a técnica de sobreposição de imagens apresentando as informações de
aberto, fechado e trip. Utilizando a propriedade visible e conexão do tipo simples a
figura fica visivel quando a tag associada à imagem estiver em nivel lógico 1 ou 0
conforme a associação utilizada, exemplificado na Figura 64.
86

Figura 64 – Associação de tag para animação do disjuntor

Nos LEDs foi utilizada outra técnica de animação, pois como é necessário
somente a troca de cor de acordo com o valor de um tag foi escolhida a propriedade
ForegroudColor, necessitando de uma conexão do tipo digital, na qual é selecionada
qual cor e nível lógico deve haver essa troca, Figura 65.

Figura 65 – Associação de tag para os LEDs

Para animação do display foram elaboradas as imagens com as mensagens


conforme foi programado no relé, Figura 66, neste caso também foi utilizada a
propriedade visible associando as tags de acordo com cada uma das informações.

Figura 66 – Imagens do display

Para dar maior semelhança ao ocorrido no real foi desenvolvida animação da


alternância das informações do display conforme ocorre no físico, para isso foi criada
87

uma tag demo do tipo onda quadrada e ajustado o tempo de oscilação para que
ficasse coerente com o real, a Figura 67 mostra como ficou a configuração desta tag.

Figura 67 – Tag Demo para animação do Display

Além disso, é possível também fazer com que essa alternância de telas pare
caso se deseje analisar melhor alguma das telas. Os botões para realizar esta
função, Figura 68, estão associados conforme apresentado na Figura 69.

Figura 68 – Botões de habilita animação do Display

Figura 69 – Script para habilitar ou não a Tag Demo

Nos botões que representam os PB – Push Buttons criados em tela foram


utilizados scripts para realizar os comandos desejados, conforme Figura 70.
88

Figura 70 – Script de comando dos Push Buttons

Para apresentar outra ferramenta que o software Elipse E3 oferece, no botão


“Reset” foi utilizada a função “Carrega Valor” que atua de modo semelhante ao script
desenvolvido para os PBs. Na Figura 71 é mostrada a imagem de como foi
executada a associação da tag.

Figura 71 – Script de comando dos Push Buttons

A mesma função “Carrega Valor” foi utilizada para o comando de


Local/Remoto, Figura 72, além disso, para a animação da posição da chave seletora
foi utilizada a função visible, Figura 73.

Figura 72 – Script de comando Local/Remoto

Figura 73 – Associação de tag para a animação da chave seletora

Pode se notar na Figura 74 que além de mostrar através da chave seletora


em que modo de operação o sistema se encontra existe também a animação do
texto, deixando claro qual modo está selecionado.
89

Figura 74 – Modo de Operação

A propriedade utilizada é TextColor e fazendo uso da conexão do tipo digital é


possível realizar a troca de cor do texto quando alterado o valor da tag.

Figura 75 – Associação para a troca de cor de texto

Para as leituras analógicas foram utilizados objetos do tipo display, Figura 76,
nos quais foram associadas à propriedade value as tags correspondentes à tensão e
frequência, como apresentado na Figura 77.

Figura 76 – Leitura Analógica

Figura 77 – Associação da tag no display

Nos outros displays apresentados em tela o intuito é mostrar os valores que


estão sendo alterados internamente no relé, como no caso dos comandos,
exemplificado na Figura 78.
90

Figura 78 – Display apresentando os estado das tags

Por fim foi desenvolvido um botão “Emergência”, Figura 79, com o intuito de
gerar um trip simulando uma situação de risco que necessite proteção dos
equipamentos.

Figura 79 – Botão Emergência

Para a execução da lógica de emergência foi desenvolvido um script, Figura


80, que faz com que antes de executar efetivamente a lógica de trip pergunte ao
usuário através de um pop-up, Figura 81, se realmente é esse o seu desejo, de
modo a proteger o sistema de um eventual descuido do operador e cause
desnecessariamente um trip, o que em situações reais pode causar prejuízos
materiais, diminuindo a vida útil do equipamento por paradas bruscas ou até mesmo
danificá-los de forma irreparável; e financeiros, pois paradas em plantas industriais
podem diminuir drasticamente sua produtividade e consequentemente sua
lucratividade.
91

Figura 80 – Script do comando Emergência

Figura 81 – Pop-up de confirmação de Emergência

3.4 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA

Para um melhor compreendimento do projeto será explanado como o sistema


funciona e o como o operador pode intervir tanto local quanto remotamente.
Na “Tela_Principal” do supervisório, Figura 53, é possível verificar a chave de
Local/Remoto, Figura 74, que vai definir se a operação será via supervisório
(Remoto) ou no relé físico (Local), todas as funções podem ser realizadas da mesma
forma localmente ou remotamente.
Definida uma posição do modo de operação é possível operar tanto a chave
seccionadora quanto o disjuntor através do PB – Push Buttons (virtuais ou reais) o
estado dos dispositivos podem ser verificados através dos LEDs, como também no
display.
Com o auxilio do varivolt que insere tensão no sistema pode-se variar o valor
da tensão e observar sua alteração tanto no display físico do SEL 751-A como no
sinótico. Com essa variação de tensão são realizados os ensaios de proteção de
Subtensão (27) quando se chega a 10% do valor da tensão nominal de entrada
durante um instante de 3 segundos, conforme foi programado no IED, Figura 32, e
Sobretensão (59) quando a tensão ultrapassa em 5% durante um tempo de 3
92

segundos, também parametrizado no relé, apresentado na Figura 33. Essas falhas


podem ser visualizadas no display, LEDs localmente e remotamente, além da
animação do disjuntor que mostra com clareza que há uma falha no sistema. Para
retornar a condição normal é necessário que a tensão esteja dentro do limite
estabelecido pelas proteções e na sequência seja reconhecido pelo botão “Reset”.
Caso se deseje simular uma situação crítica que seja necessária a
desenergização do circuito é possível realizar pressionando o botão Emergência,
Figura 79, e confirmando no pop-up de confirmação do comando, Figura 81, fazendo
com que um sinal de trip seja gerado. Podendo ser visualizado da mesma forma que
nas proteções. Neste caso para voltar à condição normal é preciso apenas
pressionar o botão “Reset”.
Nos demais displays que são apresentados em tela servem apenas para
monitoramento dos valores das tags utilizadas no projeto.
93

4 CRONOGRAMA

No inicio da disciplina foi elaborado um cronograma que pôde ser cumprido


com desvios irrelevantes ao bom andamento do projeto. Na Tabela 11 é possível
verificar a distribuição: Planejado (hachurado) x Executado (X).

Tabela 11 – Cronograma do Trabalho

Ago/Set Out/Nov Dez Jan/Fev Mar/Abr Mai/Jun


2012 2012 2012 2013 2013 2013

Definição do tema abordado X

Pesquisa base para a


X X
Fundamentação Teórica

Desenvolvimento da
X X
Fundamentação Teórica

Definição do sistema proposto


X
para realização dos testes

Definição do procedimento dos


X
ensaios práticos

Correções e Atualizações X

Elaboração da apresentação X

Apresentação TCC1 X

Elaboração da aplicação no
X X X
Supervisório Elipse E3

Desenvolvimento da Lógica do
X X
relé SEL 751A

Implementação do mapa DNP3 X

Montagem do sistema X
94

Ago/Set Out/Nov Dez Jan/Fev Mar/Abr Mai/Jun


2012 2012 2012 2013 2013 2013

Realização dos Ensaios X

Atualização dos procedimentos


X
dos Ensaios

Finalização dos ensaios X

Correção da Documentação dos


X
Ensaios

Avaliação dos ensaios X

Finalização do Trabalho X

Correções e Atualizações X

Apresentação do TCC2 X
95

5 CONCLUSÃO

Mediante a um semestre de pesquisas teóricas e elaboração do planejamento


de execução do projeto, foi verificado que o protocolo DNP3, proposto para os testes
práticos de comunicação entre IED e estação SCADA, é mundialmente um dos mais
aplicados em subestações de energia. Além disto, foi constatado que também
existem inúmeras aplicações utilizando os outros protocolos apresentados.
Diante dos fatos observados, este trabalho não tem o intuito de apresentar
qual dos protocolos estudados é o melhor, já que depende muito do que se deseja
do mesmo, ou seja, em sistemas distintos características diferentes podem ser
exigidas cabendo mais à um ou outro protocolo. Neste contexto, além do
desempenho é considerado também o custo de implantação e de manutenção da
rede, sendo preciso analisar se realmente o protocolo escolhido é o ideal para
determinada aplicação, por isso é importante conhecer as particularidades de cada
um deles.
Após a execução da prática do projeto pôde-se se constatar que a
comunicação entre o relé SEL 751-A e o sistema supervisório ocorre sem maiores
problemas, entretanto foi verificado a diferença de resposta ao se utilizar o meio
serial e TCP/IP, sendo que a utilização do cabo serial torna a aplicação muito mais
lento na sua resposta quando comparada a Ethernet.
De modo geral, os resultados obtidos foram satisfatórios, pois foi cumprido
todo o programa planejado, cumprido o cronograma e o mais importante que foi
agregar conhecimentos antes não compreendidos ou até mesmo não conhecidos.
Este trabalho pode ser tomado como base para projetos futuros que queiram
focar na utilização dos protocolos de comunicação. Tomando como base o relé
fornecido pela SOCIESC é possível realizar um comparativo de velocidades entre os
protocolos Modbus e DNP3 monitorando a troca dos pacotes de dados através de
softwares como o Wireshark e comparando-os, dando assim um parecer conclusivo
sobre qual protocolo é mais eficiente para uma mesma aplicação.
96

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99

ANEXOS

Anexo 1 – Device Profile DNP3


Anexo 2 – Tabela ANSI
100

Anexo 1 – Device Profile DNP3


101
102
103

Anexo 2 – Tabela ANSI

Nr Denominação

1 Elemento Principal
2 Relé de partida/ fechamento temporizado
3 Relé de verificação ou intertravamento
4 Contator principal
5 Dispositivo de desligamento
6 Disjuntor de partida
7 Relé de taxa de variação
8 Dispositivo de desconexão de controle de energia
9 Dispositivo de reversão
10 Chave de sequência unitária
11 Dispositivo multifunção
12 Dispositivo de sobrevelocidade
13 Dispositivo de rotação síncrona
14 Dispositivo de subvelocidade
15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou frequência
16 Reservado para futura aplicação
17 Chave de derivação ou descarga
18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 Contator de transição partida-marcha
20 Válvula operada elétricamente
21 Relé de distância
22 Disjuntor equalizador
23 Dispositivo de controle de temperatura
24 Relé de sobreexcitação ou Volts por Hertz
25 Relé de verificação de Sincronismo ou Sincronização
26 Dispositivo térmico do equipamento
27 Relé de subtensão
28 Detetor de chama
29 Contator de isolamento
30 Relé anunciador
31 Dispositivo de excitação
32 Relé direcional de potência
33 Chave de posicionamento
34 Dispositivo master de sequência
35 Dispositivo para operação das escovas ou curto-circuitar anéis coletores
104

36 Dispositivo de polaridade de tensão


37 Relé de subcorrente ou subpotência
38 Dispositivo de proteção de mancal
39 Monitor de condições mecânicas
40 Relé de perda de excitação ou relé de perda de campo
41 Disjuntor ou chave de campo
42 Disjuntor/ chave de operação normal
43 Dispositivo de transferência ou seleção manual
44 Relé de sequência de partida
45 Monitor de condições atmosféricas
46 Relé de reversão ou desbalanceamento de corrente
47 Relé de reversão ou desbalanceamento de tensão
48 Relé de sequência incompleta/ partida longa
49 Relé térmico
50 Relé de sobrecorrente instantâneo
51 Relé de sobrecorrente temporizado
52 Disjuntor de corrente alternada
53 Relé para excitatriz ou gerador CC
54 Dispositivo de acoplamento
55 Relé de fator de potência
56 Relé de aplicação de campo
57 Dispositivo de aterramento ou curto-circuito
58 Relé de falha de retificação
59 Relé de sobretensão
60 Relé de balanço de corrente ou tensão
61 Sensor de densidade
62 Relé temporizador
63 Relé de pressão de gás (Buchholz)
64 Relé detetor de terra
65 Regulador
66 Relé de supervisão do número de partidas
67 Relé direcional de sobrecorrente
68 Relé de bloqueio por oscilação de potência
69 Dispositivo de controle permissivo
70 Reostato
71 Dispositivo de detecção de nível
72 Disjuntor de corrente contínua
73 Contator de resistência de carga
74 Relé de alarme
105

75 Mecanismo de mudança de posição


76 Relé de sobrecorrente CC
77 Dispositivo de telemedição
78 Relé de medição de ângulo de fase/ proteção contra falta de sincronismo
79 Relé de religamento
80 Chave de fluxo
81 Relé de frequência (sub ou sobre)
82 Relé de religamento de carga de CC
83 Relé de seleção/ transferência automática
84 Mecanismo de operação
85 Relé receptor de sinal de telecomunicação (teleproteção)
86 Relé auxiliar de bloqueio
87 Relé de proteção diferencial
88 Motor auxiliar ou motor gerador
89 Chave seccionadora
90 Dispositivo de regulação (regulador de tensão)
91 Relé direcional de tensão
92 Relé direcional de tensão e potência
93 Contator de variação de campo
94 Relé de desligamento
95 à 99 Usado para aplicações específicas

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