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Introdução á Metodologia das Ciências Sociais

Plano
1º capitulo:
Pressupostos básicos da abordagem cientifica
• Objectivos das ciências sociais
• Funções da metodologia
• Processo de pesquisa e as suas características

2º capitulo:
Fundamentos e projecto de pesquisa
• Conceitos, teorias e pesquisa empírica
• Problemas e hipóteses de pesquisa
• Utilização de dados disponíveis
• Apresentação de uma proposta de estudo

3º capitulo:
Questões de acesso á informação
• Negociação de acesso restrito e pesquisa de acesso livre

4º capitulo:
Ética e investigação social
• Dimensões da privacidade
• Anonimato e confidencialidade
• Responsabilidades do investigador nas questões de Ética

5º capitulo:
Planos de pesquisa
• Elementos e tipos de planos
• Plano experimental clássico
• Planos pré experimentais e quase experimentais

6º capitulo:
Amostragem
• População, unidade e base de amostragem
• Tipos de amostras
• Dimensão do erro da amostra

7º capitulo:
Técnicas de observação
• Observação directa simples e controlada
• Observação participante

8º capitulo:
Observação indirecta / técnicas de inquérito
• Entrevistas pessoais
• Questionários, casos especiais de questionários

9º capitulo:
Organização e análise de dados
• Processo de codificação
• Gestão e análise dos dados / análise de conteúdo

10º capitulo:
Redacção do resultado
ÎQueremos ser cientistas, fazer ciência
Scientia = Conhecer ( adquirir e acumular conhecimentos )

ÆEstá subjacente á noção de ciência o poder de resolução de problemas ( Resolver problemas


através da ciência ).
9 Trabalho de pesquisa mediante uma metodologia própria, de modo a encontrar regularidades (
leis gerais, cientificas, que necessitamos verificar empiricamente. )

Mundo Ideológico Ù Mundo Prático

y “Quando se avança no pensamento cientifico, aumenta o papel das teorias. A maior parte do
conhecimento cientifico permanece em estados de evolução filosoficamente primitivos. Devem preparar-
se para serem vitimas de uma polémica esmagadora. Tudo está contra eles : a vida comum, o senso
comum, o conhecimento imediato, a técnica industrial.” (Bachelard)

ÆPressupostos básicos das ciências :


1. A Natureza tem uma ordem
2. A Natureza pode ser conhecida ( há vários modos de conhecimento )
3. Todos os fenómenos naturais têm causas naturais
4. Nada em si é evidente ( pode conhecer-se a realidade, mas limitadamente : “nem tudo o
que parece é” )
5. O conhecimento deriva da aquisição de experiência ( temos necessidade de contactar
com a prática )
6. O conhecimento é superior á ignorancia ( não é um conhecimento estanque )

Ciência Î Conjunto de conhecimentos sobre a realidade observável, obtidos através de um


método cientifico.

Î Há 3 elementos essenciais de definição de ciência:


1. Há um conteúdo ( conhecimentos que compõem a ciência )
2. Há um campo de actuação ( realidade observável )
3. Há uma forma de actuar ( método cientifico )

1. A ciência enquanto conteúdo transforma-o numa linguagem própria ( termos próprios ).


Estes termos, relacionados entre si constróem as teorias. A ciência está relacionada com
a realidade mas não é a realidade — é a sua ideia ( de realidade )


A ciência não é formada por factos mas por ideias, concepções da realidade. O Homem só
consegue captar a realidade pelos conceitos

2. O campo de actuação próprio da ciência é a realidade observável — o que não se


consegue observar na prática não o conseguimos alcançar ( somos limitados ).

3. o que também tipifica a ciência é o procedimento especifico — a ciência tem


tipicamente uma forma de actuação : a ciência é uma forma de conhecer ( é o método
cientifico que a caracteriza )

A ciência não se distingue dos outros tipos de conhecimento pelo próprio objecto que observa,
mas pelo modo como o observa.

A ciência não é um conjunto de elementos a partir da aplicação do método, mas o resultado


desse método.
Um cientista não é uma pessoa com muitos conhecimentos de determinada matéria, mas aquele
que domina totalmente o método cientifico ( que sabe usar capazmente o método no seu campo ).

Æ A aquisição do método cientifico não basta; também é necessário recorrer á imaginação ( para
ultrapassar obstáculos ) e á intuição ( que capta fenómenos sociais e os ajuda a compreender e explicar )
— necessidade de nos confrontarmos com a realidade.

Î Objectivos fundamentais
1. Analisar ( para sabermos como é a realidade ) — dividir
2. Explicar ( como se relacionam as partes )
3. Prever ( prever o que aconteceu para não se repetir
4. Actuar ( por em pratica o conhecimento para melhorar a sociedade )

Responsabilidade do cientista ÆAs suas conclusões podem mexer com a realidade social.
A descoberta pressupõe um conhecimento acumulado e, o acumular de conhecimento dá-nos
poder :
“Quem sabe tem poder, que não sabe é possuido”
Devido á aquisição de poder na ciência, deve haver uma preparação para lidar com o
conhecimento e exercer bem o poder — A ciência não ensina ética.

Æ
Método cientifico Como qualquer método, é um procedimento de actuar, de atingir o
conhecimento cientifico. Mas, para ele ser cientifico, tem de seguir trâmites.
Deste modo, consiste em formular questões sobre a realidade do mundo e humana, baseando-se
nas observações da realidade e nas teorias já existentes, antecipando-se Soluções para os problemas, e em
contrastar essas Soluções com a própria realidade, mediante a observação dos factos, sua classificação e
sua análise.

Ysaac Azimov, em 1972, fala numa versão ideal do método cientifico :

1. Deve detectar-se um problema


2. Separar aspectos essenciais dos não essenciais
3. Reunir todos os dados possíveis que incidam sobre o problema, através das varias técnicas de
observação á disposição dos cientistas e ciências

Æ
4. Elaborar uma “generalização provisional” (hipotese) que descreva os dados de forma mais
simples possível solução possível ao problema
5. Com a hipótese poder-se-á provar se os resultados da observação são validos ou não
6. Ver se as observações e contraste com os dados obtidos confirmam a hipótese. Se sim, a hipótese
converte-se em teoria (=Lei geral); se não, a hipótese foi refutada.

O cientista faz e quer avançar na teoria.

O método cientifico é todo ele teórico, na origem e no fim.

Teoria ( Pensar sobre a realidade )

Pratica ( Fenómenos reais )

9 A ciência é um processo circular

Æ Não se pode fazer teoria sem conhecer o mundo real ( seria filosofia )
Æ Não se pode fazer prática com a teoria ( para chegar à teoria )

É o elo do conhecimento intimo da pratica com a teoria que conduz à ciência.


Teoria Î conjunto racional e sistemático de ideias sobre a realidade ( área especifica ). É, não
só, a fonte dos problemas científicos, mas também a finalidade desse método cientifico.

Os factos não explicam, apensas existem (são passivos), não podendo recorrer a eles para
explicar — não se pode partir deles — têm de haver ideias previas.

Características do método cientifico:

1. os factos sociais são mudos — a realidade não diz nada — eles não se explicam sozinhos

2. É por excelência um método problemático sintético — hipotético — encontra problemas para lhe
dar soluções; Vai sintetizar a realidade; É uma hipótese porque vai tentar levantar hipóteses de
solução aos problemas — o trabalho de pesquisa vai tentar confirmar as hipóteses

3. É um método empírico : a fonte da informação dos dados é própria da realidade empírica —


através da nossa observação sistemática e objectiva, vamos tentar encontrar essa realidade.

Î
4. É um método cientifico indutivo e dedutivo : quando fazemos uma classificação sistemática,

Î
tentamos encontrar as uniformidades da realidade ( indutivo do particular para o geral;
Dedutivo do geral para o particular ). A dedução faz-se através dos conceitos : toda a
linguagem humana é uma dedução.

5. O método cientifico é critico, ou seja, devemos submeter o nosso trabalho a uma constante
critica — “apalpar o terreno para não nos precipitarmos”
A metodologia é um aspecto fundamental para aferirmos do trabalho de pesquisa — é
fidedigna e válida.
Os resultados nunca são definitivos : vão ser lidos, consultados, trabalhados e
observados, futuramente. — evolução do próprio conhecimento cientifico
A lei geral é muitas vezes questionada, criando-se uma nova lei que a substitui.
Se aplicarmos uma metodologia correcta, é provável que se repita a mesma metodologia
e se chegue aos mesmos resultados.
O conhecimento cientifico nunca é autoritário, porque o conhecimento absoluto não
existe (nas ciências sociais, a margem de erro é muito superior à das ciências exactas).

6. O método cientifico é circular : os princípios comprovam-se mediante os dados empíricos,


devendo haver uma repetição dos estudos — teoria e pratica em constante interacção.

7. o método cientifico é analítico e sintético : procura classificar, reunir as partes de forma a obter
uma nova visão global da realidade. Vai debruçar-se sobre a realidade, separando todos os
elementos que a compõem em elementos mais simples ( desmembrar a realidade )

8. o método cientifico é selectivo ( duplamente ) : os cientistas tentam debruçar-se sobre os


aspectos mais relevantes da realidade, e tentam olhar para a multiplicidade de factores que
englobam essa realidade, e quando olhamos para os dados recolhidos da própria realidade — um
ser humano é multidimensional.

9. o método cientifico deve sujeitar-se a um conjunto de regras formalmente instituídas — deve


recorrer e percorrer um processo coerente, no descurando a intuição e imaginação ( atende a
regras ).

O Método Cientifico Aplicado Ás Ciências Sociais

ÎTem alguns aspectos importantes : debruça-se sobre a realidade social.


As relações sociais dos seres humanos materializam-se de vários modos ( não são materiais, têm
uma existência independente em relação ás ciências sociais).
A realidade social não é estanque, não está parada — não dá para tirar retratos porque os seres
humanos têm a característica da evolução, assim como o meio ambiente.
As diferentes e complexas manifestações sociais são compostas por elementos sociais (regras

Î
morais, normas, valores, ideal) traduzindo-se numa grande dificuldade em medir os fenómenos sociais,
em estabelecer regras na sociedade é difícil chegar a uma lei geral

Î Os nossos 5/6 sentidos não nos permitem ver mais. A maior parte das vezes, os nossos
sentidos não estão completos ( handicap dos sentidos ).

Î A margem de erro nas ciências exactas é muito menor que nas ciências sociais. Estas ultimas
têm método, por isso conseguem chegar a leis gerais, mas não ha instrumentos para medir — há técnicas.

Î O paradigma consegue-se atingir nas ciências sociais embora seja muito mais difícil
(dificuldades de medição). A dificuldade prende-se com o facto de sermos humanos a observar humanos.

ÎBachelard : “A observação da realidade social funciona como um teatro em 3 actos:


1. acto — Ruptura com o senso comum (libertamo-nos das
ideias do senso comum : maior inimigo do cientista)
2. acto — construção ( uma teoria, um corpo de conhecimento,
através da análise ( trabalho metódico )
3. acto — Verificação das conclusões a que chegámos ( a
critica está sempre presente)”.

ÎCaracter qualitativo de muitos fenómenos da realidade social


9 O objecto de estudo das ciências sociais são os acontecimentos, e eles nunca são, à
partida, aquilo que parecem ser, pois, atras deles, há muitas ideologias, interesses
etc; Por outro lado, como seres humanos temos pré-juizos acerca da realidade que
nos rodeia.

Î Quando abordamos a realidade social é muito fácil medirem-nos; a dificuldade está em medir
os fenómenos sociais, levando a quocientes de erros mais elevados.
9 Todas as conclusões dos nossos trabalhos têm sempre uma margem de especulação
maior em relação ás ciências exactas — há por isso um grau de acordo entre a
população, menor.

É Com base na analise da metodologia que ha certezas.

Î A multiplicidade de factores ( as ciências sociais podem investigar imensas coisas ) — a


realidade social é multi-dimensional

Î variabilidade dos fenómenos, tanto no espaço como no tempo — tudo é um pouco relativo no
espaço e no tempo; segundo as áreas cientificas, as analises mudam com os estudos diacrónicos.

Î dificuldade de encontrar instrumentos de medida — não dispomos de instrumentos como as


outras ciências ( logo, os aparelhos audiovisuais, de registo dos fenómenos ), dai a dificuldade de
utilização do método experimental nas ciências sociais.

Î A enorme influência dos próprios fenómenos sociais no investigador ( e vice versa ) — somos
seres humanos a olhar para seres humanos, e são seres humanos a olhar para cientistas.
Æ
9 O impacto dos resultados a que o investigador chega depois do estudo feito, o
investigador vai ver o impacto da própria população alvo de estudo, e consequentemente, irá ter
de saber lidar com esse facto — por vezes isso influencia o investigador porque, ao estudar a
população, ele pode tentar elaborar uma hipótese de estudo ( se ele antevê os resultados, sabe
qual é o impacto ).

Î O investigador faz parte da sociedade humana que esta a observar, logo, a objectividade é
difícil de obter.

Î A estruturação da sociedade, da realidade social é difícil mas não impossível, apelando-se ás


capacidades do investigador, tais como o bom senso ( instinto do cientista social ).
ÎUm cientista social necessita essencialmente de muita maturidade porque, um cientista novato
mais facilmente será apanhado por estas dificuldades (às vezes tem de recorrer à psicanálise para se
identificar como cientista na sociedade.) Deve evitar-se qualquer forma de enviesamente,
conscientemente.

ÎHá vários estudos sobre a sociedade. Finalidade :


ƒ Investigação social básica ou aplicada
• Básica Æ conhecer e compreender a realidade.
• Aplicada Æ melhorar a realidade social

ÎAlcance temporal que implica : podemos fazer investigações a nível social para analisar a
realidade social de agora, próximos, ou ao nível diacrónico, com alcances temporais diferentes.

ÎProfundidade – ajuda-nos a fazer pesquisa mais ou menos aprofundada; distinguem-se 3 tipos:


1. investigações descritivas (menos aprofundadas) Æ pretendem medir uma
ou mais variáveis dependentes; é um estudo muito básico — descrever

2. investigações explicativas Æ relacionam duas ou mais variáveis, sendo


mais aprofundadas — descrevem e explicam a realidade

3. investigações exploratórias Æsão os mais básicos, são só uma


aproximaçao da realidade.

ÎAmplitude – distingue os estudos macrossociais de microssociais


Micro Æ estudos de pequenas populações — realidade restrita
Macro Æ estudos de grandes populações — grandes inquéritos

Îfontes – distinguem-se investigações primárias e secundárias ( tem a ver com o tipo de estudo,
com a observação documental )

Î caracter da investigação – está relacionado com a metodologia usada, podendo ser


quantitativo ou qualitativo ( menos objectivo )

Investigações de varias naturezas :


• Empírica Æ Estudos sobre os factos sociais da experiência directa

• Experimental Æ Quando os factos sociais são da realidade manipulada

• Documental Æ Mais usada, é a fonte das ciências históricas

• Inquéritos Æ Os dados que se investigam vêm de manifestações verbais ou escritas,


dos sujeitos observados.

O objecto social a que se referem as diferentes ciências difere de uma ciência para a outra.
Há objectos sociais que são próprios mas nunca exclusivos de determinada investigação.

Marco em que as investigações têm lugar:


• Terreno Æ Envolve muito trabalho de campo, pesquisas de terreno
• Laboratório Æ Em ambiente artificial

ÎTodas estas opções de investigação levam a determinados tipos de estudos ( exploratórios,


descritivos, multivariaveis, de caso, de histórias de vida, monográficos etc. )
2º Capitulo

Etapas de investigação social

Grande distinção entre o nível operativo e o nível teórico.

Æ
Nível teórico Prende-se com a abstracção e a selecção de um método. Os métodos estão ao
nível abstracto ( quantitativos ou qualitativos )

Nível operativo ÆOnde se apresentam as técnicas, os instrumentos de observação e medida


Î A investigação social não é estanque, é um processo que envolve uma serie de etapas; devemos olhar
para este processo como dinâmico, com a possibilidade de alterações.

Processo de pesquisa
Processo que não se realiza de forma estanque, fechada.

Æ conceber a ideia
Etapas :
1. Planeamento

2. Definição de objectivos Æ planeamento de actividades

3. Recolha de Dados

4. Tratamento de dados Æ trabalho de campo, analise da informação


5. Relatório Æ redacção dos resultados
ÎHá aqui uma sucessão de etapas que não são estanques. Ao investigador nada impede de
retroceder na investigação ou reformular a problemática levantada, a sua investigação. (Repensar nos
objectivos).

Î
O investigador pode considerar determinada metodologia de pesquisa para abordar fenómenos
e, quando vai aplicar a técnica, esta não esta adequada — logo tem de reformular nova técnica.

O investigador tem de, constantemente, tomar decisões — optar! (“contornar obstáculos”)


Inicio da investigação social

Î escolha do tema
Não é feita de forma aleatória — há critérios
Critérios básicos de selecção:

• Considerar vantagens de ordem pratica


• Actualidade do tema
• Gosto pessoal
• Experiência do investigador na área do tema
Critérios • Envolvimento do investigador com o tema
Internos o Facilidade de acesso : se conhece bem o tema, mais
facilmente recolhe os dados
o Desvantagens : conhecendo bem o tema, diminui a
imparcialidade, a objectividade
• Análise ou revisão da literatura especifica

• Pedir ajuda a cientistas mais experientes


• Critério profissional – “encomenda de pesquisa”
• Apoio financeiro
o Não tem recursos, dai recorrer a um suporte financeiro,
través de apoio (bolsas, patrocínios etc)
Critérios • Prestigio a alcançar com o estudo de determinada temática
Externos o Ha temas mais prestigiantes que outros
• Recursos financeiros e Humanos
o Se há muito dinheiro faz-se um grande estudo (geralmente,
trabalho de equipa — pesquisas macro sociais.)
o Se há pouco dinheiro, tem de se saber aproveitar (geralmente
trabalho individual — pesquisas micro sociais)

Regras para escolher o tema:


• Avaliação — o tema, normalmente, é capa de livro
• Tema
o Genérico Não há possibilidade de o estudar na sua
o Abrangente totalidade, é sempre restringido
o Relevante
o Pertinente
o Inteligível
o Exequível

Selecção de tema: Quando fazemos a investigação social temos de aplicar o método e as técnicas
especificas (processo de colocação do método) a um problema especifico da realidade social que interessa
ao cientista para obter novos conhecimentos — avança no conhecimento cientifico!

O processo de investigação social passa por uma serie de etapas; segundo Diogo Moreira são 4/5

1. Æ
Etapa Elaborar o projecto (definição do tema), o planeamento de todas as tarefas, ajudar
enquadrar um projecto

2. Æ
Etapa Comparar a investigação, fazer com que o trabalho preparatório seja feito em 1º lugar,
de modo a anexar ao planeamento e definir objectivos, seleccionar metodologias etc.

3. Æ
Etapa Recolha de dados – ir à procura de informação que descreva o fenómeno enunciado do
problema da temática

4. Etapa Æ análise dos dados – trabalho de campo


5. Etapa Æ Conclusão — apresentação do relatório final
Outro processo de pesquisa do prof. Serra Bravo diz que não são 5 mas 8 etapas (mais
desenvolvidas). Há um encadeamento lógico destas etapas.

1. Descoberta do problema a investigar

2. Descoberta e definição precisa, concreta do problema (vai precisar o problema da pesquisa)

3. Imaginar uma resposta provável ao problema

4. Imaginar as consequências dessas mesmas respostas ao problema (implicação problemática)

5. Verificação dessas respostas ou hipóteses de estudo ou do processamento concreto, isto é,


selecção das técnicas, metodologias para abordar a problemática.

6. Contrastar as hipóteses com a própria realidade empírica (trabalho de campo)

7. Estabelecer conclusões e apresentar resultados

8. “Estender” as conclusões e “generalizar” os resultados

Investigação socialÎ procura escolher o tema (selecção de temas) e saber quais os critérios para
escolher bem o tema a investigar, de modo a não ter de voltar atrás.

A grande dificuldade está em saber quais são as prioridades para escolher um tema; e mesmo um
investigador experiente, tem tendência de procurar respostas (tendência natural e espontânea do
investigador que não deve ser levada a cabo).
Em primeiro lugar deve definir-se muito bem o tema que queremos escolher, para o investigar
melhor.

Os temas estão enquadrados numa área temática cientifica, devendo escolher-se sempre um
assunto que seja do nosso interesse, porem deve ter-se cuidado com esse tipo de interesse pessoal para
que não interfira na investigação.
Quais são as motivações que nos levam a escolher determinada área ? Temos de ser cuidadosos.

Critérios de qualidade e de avaliação para ser uma boa pesquisa:


• actualidade
• originalidade
o escolher um tema que ainda não tenha sido estudado
o a definição do tema tem que ser genérica; para que este se transforme num
projecto de pesquisa temos de o converter num problema especifico de
investigação

Associado à problemática, estão os objectivos para desenvolver determinada pesquisa.

Quais os objectivos que queremos atingir ? É algo que colocaremos logo no planeamento da
pesquisa que :
Vão orientar todo o trabalho que será levado a cabo;
Vão justificar todo o trabalho seguinte.

Todos os problemas que se traduzem nos objectivos, antes de serem apresentadas as Soluções
(respostas) dos problemas, têm de se conhecer melhor primeiro, sendo mais difícil encontrar uma boa
pergunta do que uma boa resposta (certa ou errada).
Objectivos da problemática:
• identificar o tema ( familiar ou não )
• definir o que se quer saber — objectivos

Problema concreto e preciso — definir o que se quer saber da realidade social / empírica, ou seja,
é necessário enunciar os objectivos e desenvolver a problemática

Definição dos principais conceitos:


• Tema
• Objectivos
• Definir a problemática
• Levantar hipóteses de estudo

Robert Merton
Autor britânico que evidenciou 3 elementos importantes na detecção do problema de pesquisa:

1. criar questões, levantar perguntas à realidade social, criar ideias dentro do tema ( investigar)

2. seleccionar o que é relevante ou não; é a fundamentação da pesquisa — importa saber por que é
importante escolher o tema do trabalho de pesquisa.

3. especificação das questões para aplicar ao problema a investigar, e descobrir o fio condutor de
uma investigação / preocupação / questão central.

Pode ser uma Î


Mas atenção Seleccionar
pergunta, uma o tema não significa
indagação ou uma encontrar a questão central
afirmação.

Fase InicialÎ é preciso encontrar/ descobrir o fio condutor de toda a nossa investigação.

Ù
Encontrar ideias abstractas, sem perder tempo
Aproximação realidade social problemática

Tema:
• genérico
• abrangente
• actual
• original

Temos de aprofundar as nossas intenções e especializar o nosso trabalho de pesquisa; porem é


apenas provisório, é um ponto operativo, é algo que nos vai ajudar a arrancar com a investigação

A problemática tem de traduzir a tal preocupação / questão central, sobretudo de modo a afirmar
ou interrogar (afirmação / interrogação)

Æ
Problema de pesquisa
Concretização do problema e o que se quer saber afinal

ÆEsse problema vai-se transformar num projecto, não tendo de ser correctamente
formulado, de forma a permitir trabalhos eficazmente, no campo de pesquisa
Æ Através da problemática, vão-se encontrar respostas / soluções ao problema colocado
pelo investigador — o problema deve ser passível de solução

Æ O problema de pesquisa tem de ser claro, conciso, preciso, exequível, deve ser fazível
e pertinente.

O propósito da investigação é analisar e não julgar — rotura com o senso comum

Æ
Definição de conceitos:

Æ
Aferir com clareza o que se pretende saber.
O problema tem de ser cientificamente consequente e tende a trazer mais valias para o
conhecimento

A problemática é exequível, ou seja, é um bom fio condutor. É a fase mais complicada de uma
boa investigação — são os objectivos concretos e fundamentais para chegar à conclusão.

O difícil é encontrar uma boa pergunta, e não uma boa resposta


O difícil é encontrar um bom problema e não uma boa solução.

Universo Hipotético ou Teórico

AMOSTRA

A B

Universo Real

Î Abstracção
Î Realidade Observada
A
B

A amostra é representativa do universo real

Æ O investigador levanta conclusões que vão para alem do que a própria realidade (social)
mostra, de modo a atingir um universo teórico ou hipotético.

Æ A partir de estudos já feitos, já sabemos quais são as questões que se levantam, ou seja, é
muito útil ler os artigos de outros autores para saber o que esta em aberto (levantar questões sobre
investigações já feitas) para os outros poderem resolver.

Æ
Quanto mais nos aproximamos da realidade, mais problemáticas se levantam, mas não nos
podemos despegar da nossa realidade empírica.
ÆA investigação cientifica esta constantemente neste jogo entre a teoria e a pratica — a solução
são as hipóteses empíricas.

Condições para a selecção de um bom problema:


• estar integrado na realidade, estar enquadrado na área cientifica ( nas ciências sociais )
• ser concreto e preciso (não pode ser vago) e não genérico
• estar enquadrado no problema positivo (o que interessa é a realidade tal como ela é)
não como deve ser (objectividade)
• deve ser passível de verificação com a própria realidade empírica (tem de permitir a
observação, experimentação, e algum contraste com a realidade
• a problemática deve permitir generalizar observações (generalidades observadas), para
atingir as leis gerais — natureza; realidade social
• os fenómenos observados têm de ser representativos — não interessa o estudo de casos
sentativos — não interessa o estudo de casos únicos / isolados (susceptiveis de
generalizações)

Os estudos de vários casos existem porque são mais complicados, mas o estudo de um caso
isolado pode ate ser muito útil (técnica da observação) para generalizar.

Os problemas devem trazer alguma novidade (originalidade), algo de novo que possa contribuir
para o avanço cientifico ou da ciência aplicada, que ajude a resolver um problema concreto da realidade
social.

Tipos de problemas:
• Descritivos Î Vão à analise de trabalho encontrar os primeiros elementos /
características dos fenómenos, ou seja, vão limitar-se a descrever os fenómenos.

• Comparativos Î Tentam comparar variáveis entre os fenómenos, espaços e tempos.


(Ex. História)

• Problemática das relações Î Estudam os tipos de relações possíveis entre as variáveis


ou entre os fenómenos.

• Problemas de opinião e atitudes Î De indivíduos ou grupos sociais mais diversos


• Explicativos Î tentam explicar os fenómenos; procuram relações de causa – efeito e as
suas motivações (ocorrem de fenómenos que relacionam variáveis)

• Verificação / comprovação de teorias Î que surgem num determinado contexto, tudo o


que seja obsoleto; a desactualizarão da realidade carece de comprovação investigação e
de uma nova pesquisa — psicologia e ciências sociais da educação (têm fundamento,

Æ
sendo dirigidas a situações concretas, tais como discriminação social, exclusão social,
alcoolismo, prostituição são modos diferentes de colocarmos uma problemática com
as questões sobre a realidade, ou de avançar com uma problemática.

Tornar o problema concreto e explicito para o pôr num


papel após a reflexão

Dicas :
1. selecção do tema
2. concentração sistemática do assunto
3. pesquisa biográfica – bibliografia existente
4. espirito critico e intuição do investigador — competência, criatividade, curiosidade
cientifica ( que muitas vezes se ganham com a experiência — postura do investigador)
Selecção e formação de um problema de pesquisa — livre, o tema é algo geral, abrangente,
genérico — temos de restringir a pesquisa : para alem de delinear um problema, é fundamental definir
bem os objectivos da pesquisa.

Os objectivos da pesquisa abarcam vários aspectos, o que implica uma observação global — é
um instrumento que a comunicação social tem para capara captar a realidade social, o mundo das
intenções ( seleccionar o tema e definir objectivos que envolvam essa observação global)

Aspectos fundamentais ligados com os objectivos que ajudam a definir a problemática:

• Æ
Aspecto descritivo Quais são os elementos com significado relevante para o
estudo; objecto de estudo; o que vai ser estudado — alvo do estudo; fazer uma
observação e reflexão sobre os elementos que têm significado social —
aspectos gerais ligados aos objectivos

• Aspecto estrutural Æ Observação feita à priori, relacionada com a


problemática

• Aspecto demográfico Æ Delimitar o universo de estudo; o “quem” da


problemática

• Æ
Aspecto ecológico É muito tradicional na antropologia clássica, sendo
fundamental em todas as ciências sociais fazer a apreciação do ambiente em
que decorre um determinado fenómeno, de modo a haver um enquadramento
geográfico do fenómeno ( pano de fundo onde decorrem os fenómenos ).

• Æ
Aspecto do conflito Quais as forças que possam estar em conflito ou entrar
em conflito e porquê.

• Æ
Aspecto evolutivo Observação das transformações sociais que ocorrem no
passado, para o presente, e que poderão ocorrer no futuro; fenómeno
relacionado com a mudança — análise do tempo (qual o tempo?), delimitando
cronologicamente o estudo

• Æ
Aspecto histórico Está relacionado com a delimitação cronológica : faz-se
pesquisa bibliográfica (antecedentes) do fenómeno e os aspectos que o
influenciam — retrospectiva do fenómeno.

• Æ
Aspecto critico / dialéctico Ponderar as forças ou interesses sociais em
causa — forças que possam actuar no fenómeno (políticas, sociais, culturais,
económicas)

• Aspecto genético Æ Prende-se com as origens dos fenómenos, causas, a raiz


do fenómeno.

• Æ
Aspecto cultural Observação de normas, leis, valores, arte, religião, crenças,
técnicas, manifestações, atitudes, traços, padrões de cultura etc. Que estejam
relacionados com o fenómeno

• Æ
Aspecto projectivo Tentativa de antever e antecipar os efeitos do fenómeno
que estamos a observar; ajuda-nos a considerar a hipótese de estudo. O
processo de pesquisa prende-se com muitas opções — não se pode estudar tudo
tendo que se optar, estabelecer limites.
Situações praticas

Î Dever das empresas de realizarem uma política de relações humanas com os seus empregados
e trabalhadores.
Está a colocar um juízo de valor (acarreta juízos morais e políticos)
Pesquisa-se o que é e não o que devia ser
Não pode ser estudado cientificamente, pois não ha relação na realidade empírica

Î O problema se é melhor para o homem — o chamada estado na natureza ou a vida em


sociedade
Está a omitir um juízo de valor — o estado da natureza é provavelmente o Homem pré-
histórico (não é possível de estudar no estado natural)
É difícil encontrar o equivalente na realidade empírica

ÎO estudo de relações sociais de pais e filhos numa família portuguesa residente na Lapónia
Não traz possibilidade de generalização, é muito especifico, não sendo cientificamente
consequente
Não é um estudo representativo de uma realidade mais ampla

ÎO estudo do diferente nível de rendimento intelectual das crianças com pais e dos órfãos
É Valido!
São realidades que existem e que se podem observar e comparar com a realidade
É um fenómeno especifico consequente
Já foi estudado não trazendo nada de novo

Aspectos que se aplicam mais a determinados casos

Abandono familiar
• O que se considera família
• Estudo das relações de conflito (conflito de gerações)
• Causas de abandono
• Consequências físicas / psicológicas
• Idades; classe social
• Estudo estatístico qualitativo / quantitativo
• Estado civil; onde vivem; profissões
• Nível educacional
• Perfil socio-demográfico da população
• Estudo do ambiente físico e psicológico
• Estudo comparativo da cultura
• Estudo comparativo do tempo
• Local geográfico onde ocorre o fenómeno

Coexistência numa mesma comunidade local de dois grupos étnicos : relação da população local
com os espanhóis
• Aspectos culturais e genéticos diferentes
• Aspectos históricos ou dialécticos diferentes
• Relações de convívio, interacção social, distancia social
• Relação maioria / minoria
• Atitudes e relações entre os membros dos grupos
• Local geográfico onde ocorre o fenómeno
• Coexistência de pessoas no mesmo espaço físico
• Identidade étnica (conceito)
• Estudo demográfico; conflitos sociais
• Endogamia, exogamia
• Motivações
O facto de ter havido um rápido desenvolvimento económico em Espanha a partir de 1959
• Mudanças políticas
• Processo de planificação do desenvolvimento
• Estudos económicos, políticos e históricos
• Mudanças no nível de vida da população

Relação entre conflitos e tolerância religiosa entre cada povo


• Razões para a violência
• Origem do conflito
• Motivação para a violência

Hipótese de estudo Æ Proposta de solução para problema, pode ser comprovada ou refutada

Tanto no tema como na problemática e nas hipóteses existem vários conceitos

Î Um conceito é uma abstracção da realidade , são suposições que nos sugerem a forma de
abordarmos determinado fenómeno da realidade
Î É o resultado mais imediato e a forma mais simples de conhecermos a realidade

Elementos simples dos conceitos :


• Referente – realidade a que o conceito corresponde
• Ideia – concebemos ideias a partir da realidade (organizar a realidade em termos
conceptuais)
• Termo – é expresso por um termo (expressão linguistica)

Os conceitos são aplicáveis de acordo com uma intenção que tem a ver com o conteúdo do
próprio termo linguistico ou em relação com o conjunto de proposições e relações contidas no termo.

Os conceitos são aplicáveis segundo a sua extensão (conjunto de sujeitos a que se aplica o termo;
ha conceitos mais genéricos que outros).

Devido à extensão temos necessidade de operacionalizar conceitos, tonar os conceitos proximos


da realidade que queremos estudar.

Há vários níveis de abstracção, por ex. O conceito de “classe social” é mais abstracto que “classe
alta”

Goldthorp Æ Diz que os conceitos têm essencialmente de ser úteis, porque são eles que nos vão
permitir medir a realidade. Os conceitos são os instrumentos de medição da realidade empírica. Os
conceitos são uma forma de conceber a realidade. Cada área cientifica tem um corpo conceptual próprio,
especifico, sendo a partir dele que se torna possível compreender os restantes termos – acaba por se tornar
num código especifico da área, fundamental para o avanço cientifico.

Características dos conceitos:


• Significativos Æ para alem de úteis; entender o significado, explicar o conteúdo.
• Claros Æ nunca devem suscitar duplicação de sentido, ambiguidades

Como definir um conceito?


1. examinar o numero maior possível de definições que existam sobre o conceito,
através da leitura de trabalho na mesma área (escolhendo a mais adequada ao
trabalho)
2. atribuir a definição que mais se aplica ao estudo
3. encontrar o referente empírico
4. fazer historial do conceito
ƒ encontrar núcleo de significação comum (o que há de comum em
todas as definições)
ƒ ensaiar uma definição nova com base nesse núcleo de significação
comum.
ƒ Falar com outros autores e investigadores

Trabalho de desdobragem do conceito

Realidade empírica
(operacionalização de conceitos)

Violência

Maus tratos na Maus tratos Infantis


velhice

Físicos
Dimensões
Psicológicos

É Necessário especificar o nosso trabalho, assim como os indicadores.


Exemplos de indicadores de maus tratos infantis psicológicos:
• Insónias
• Pesadelos
• Timidez
• Ansiedade / nervosismo
• Isolamento

Exemplos de indicadores de maus tratos infantis físicos:


• Hematomas
• Queimaduras
• Fracturas
• Abuso sexual

Conceito é diferente de variável (caracteristica observável de algo susceptível de mutação)

Conceito de Portugal Æ No contexto da Europa, Portugal passa a ser uma variável

Podem haver variáveis intermediárias – estão a um nível de abstracção médio

Os conceitos são multidimensionais Æ através da operacionalização vai descobrir-se índices :


atribuição de um código a cada variável, vendo quanto pode pesar um indicador em relação aos outros,
podendo assim medir a realidade.
Características sócio-demográficas

Profissão Zonas geográficas


• Cat. Profissional • Litoral
• Situação activo / inactivo • Interior
• Sector (1º, 2º ou 3º) o Norte
• Situação perante o trabalho o Centro
o Conta própria Migrações o Sul
o Conta de outrém • Tempos • Área de residência
o Cooperativa migratórios o Freguesia
o reformado • Trânsitos o Tipo de bairro
• Percurso
migratório
o Origem
o Destino

Construção de índices de conceitos ÆEstudo que pretende medir —“exposição aos mass media”
(estudo quantitativo)

Dimensões Æ Televisão, radio, imprensa e cinema


Indicadores
• Frequência mensal (cinema)
• Média de horas / semana (rádio)
• Numero de jornais lidos / semana (jornais)
• Numero de horas / semana (TV)

Transformar os indicadores numa escala (permite correlacionar as variáveis)

Escala

Æ Æ
Cinema

Æ Æ
o <1 vez / mês exposição baixa código 0

Æ Æ
o 1 – 3 vezes /mês exposição media código 1
o 3 ou mais vezes / mês exposição alta código 2

Æ
rádio

Æ
o <1 hora / semana código 0

Æ
o 1 – 3 horas / semana código 1
o 3 ou mais horas / semana código 2

Æ Æ
Jornais

Æ Æ
o <1 jornal / semana muito baixa código 0

Æ Æ
o 1 – 3 jornais / semana exposição baixa código 1

Æ Æ
o 4 – 7 jornais / semana exposição média código 2
o 7 ou mais jornais / semana exposição alta código 3

Æ Æ
Televisão

Æ Æ
o <1h / semana muito baixa código 0

Æ Æ
o 1 – 3h / semana baixa código 1

Æ Æ
o 4 – 7h / semana média código 2
o 7 ou mais h / semana alta código 3
Igualar as escalas : 0 – 100

Cinema / Rádio
o exposição baixa Æ 0 Æ 0
o exposição media Æ 1 Æ 50
o exposição alta Æ 2 Æ 100

Jornais / TV
o exposição muito baixa Æ 0 Æ 0
o exposição baixa Æ 1 Æ 33
o exposição média Æ 2 Æ 67
o exposição alta Æ 3 Æ 100

Ponderação
TV = 10p
Jornais = 7p
Rádio = 4p
Cinema = 2p

Matriz

Meio Escala original Valor Proporcional Coef. Ponderação Índice


Cinema 1 50 2 100
Rádio 2 100 4 400
Televisão 3 100 10 1000
Jornais 2 67 7 469
Total - - 23 1969

Plano de um projecto
o Tema (fundamentar o tema – pesquisa)
o Problemática (objectivos da pesquisa)
o Hipótese empírica
o Conceitos chave

Tipos de variáveis

• Natureza
o Quantitativa
o Qualitativa
ƒ Categorizadas
ƒ Não categorizadas
• Discretas
• Continuas

Amplitude de unidades a que se referem :


• Colectivas
o Analíticas
o Estruturais
o Globais
• Individuais
o Absolutas
o Relativas

Níveis de abstracção
• Gerais
• Intermédios
• Indicadores
Segundo a escala que formam
• Numerais
• Ordinais
• Intervalo
• De razão

Segundo a posição que ocupam na investigação:


• Externos
• Internos
o Independente
o Dependente

As variáveis ajudam a explicitar o que queremos estudar na nossa investigação

Tipos de variáveis
• Existem muitos tipos de variáveis com várias categorias de variáveis
• Variável – característica observável de algo, susceptível de variar

Variáveis qualitativasÆ traduzem-se de forma não numérica


Variáveis quantitativas Æ traduzem-se em números
• Categorizadas Æ agrupam os elementos em intervalos ou series
• Não categorizadas Æ não agrupadas; relacionadas com um só elemento
o Discretas Æ são variáveis que se restringem a determinados valores numa serie
o Continuas Æ podem tomar qualquer valor numa serie

Amplitude
• Variáveis individuais Æ caracterização das unidades de observação, quando estas são indivíduos
• Variáveis colectivas Æ caracteriza as unidades de observação quando estas são colectivas

Unidades de observação Î o que vamos observar na realidade; o que constitui o objecto de estudo
• Individuais Ætratam de indivíduos caso a caso
• Colectivas
o Categorias Æ conjunto de unidades sem estrutura nenhuma entre si
o Sistemas Æ quando há unidades que se relacionam umas com as outras, mas

o Grupos Æ inter-relacionamento estreito; interligação das unidades


não todas entre si

Variáveis Colectivas
• Analíticas Æ são aquelas em que um sistema se funde com os indivíduos
• Estruturais Æ são aquelas que derivam de operações com dados dos membros de um
colectivo referentes à interacção das relações sociais

• Æ
Globais são aquelas em que se caracterizam as unidades de observação, através de
um sistema colectivo

Variáveis individuais
Æ
• Absolutas não se aplica nenhuma referencia a outra característica do indivíduo

Æ
(variáveis físicas, idade peso etc.)
o De base situam os indivíduos na estrutura social e vão ajudar a dar o seu
perfil social. Tem um caracter publico e relativamente permanente nos

Æ
indivíduos
o De personalidade definem o temperamento e o caracter dos indivíduos; não
são tão publicas (mais camufladas). Tudo o que caracteriza os aspectos
psicológicos dos indivíduos; são mais ou menos permanentes.
• Relativas Æ implicam uma relação, uma comparação, dependência etc.
Comparativas Æ reportam algum tipo de comparação
Relacionais Æ caracterizam os indivíduos pela sua participação numa relação
o
o

Contextuais Æ caracterizam o indivíduo a partir do meio ambiente que o


social
o
rodeia

Diferentes níveis de abstracção


Æ
• Variáveis gerais conceitos chave com o mais alto grau de abstracção

• Variáveis intermédias Æ dimensões (aspectos das variáveis gerais a um nível de abstracção mais
perto da realidade

• Æ
Indicadores ( Indícios de ocorrência Vs. Indícios de não ocorrência ) variáveis empíricas com
um nível de abstracção baixíssimo

Æ
Variáveis Nominais Distinguem várias categorias de elementos de indivíduos ou
grupos sem impor ordem entre eles

Escalas
Variáveis ordinais Æ apresentam uma ordem
Variáveis de intervalos Æ ordem de valores em intervalos, grau de distancia igual entre
cada elemento

Variáveis de razões Æ compreendem os outros tipos anteriores

Variáveis segundo a posição que ocupam na investigação


• Internas
Æ
Æ
o Dependentes variáveis que se querem explicar
o Independentes fazem variar a dependente
Æ
• Externas relevantes / irrelevantes conforme o grau com que afectam o problema

Hipóteses (Soluções prováveis)

• Servem para orientar e organizar toda a pesquisa para sistematizar o que se vai estudar, através
da escolha que operam entre as variáveis que se vão utilizar.
• É através do desenvolvimento da hipótese que se sabe o que se vai estudar
• Também servem para se conseguir formular resultados finais generalizáveis, devem estar
enquadrados numa teoria (desenvolvimento do modelo de relacionamento de variáveis)
• A Hipótese deve partir da teoria e procurar chegar à teoria (modelo teórico)
Teoria

Modelo enunciados

Teorização
Verificação de
hipóteses

Dados

factos

A hipótese é uma solução provável ao problema; é uma posição que ainda precisa ser provada.

Æ
Há vários tipos de hipóteses:

Æ
1. Metafísicas Para alem do que pode ser fisicamente testado

Æ
2. Senso comum já estão comprovadas, verificadas, que se enquadram no senso comum
3. Cientifica susceptível de verificação nas praticas; exigem uma investigação ( as que nos

Æ
interessam)
4. e 5. – Interrogativas e preposicionais as fontes das hipóteses (a sua origem)

1. pesquisa biográfica, leituras de referencia (dão-nos segurança)


2. conhecimento experimental da realidade relacionada com o tema ( espirito critico )
3. conversas com colegas da área de estudo
4. estudo exploratório (envolve leituras, entrevistas etc.)

As hipóteses vão determinar as variáveis que vamos estudar


Há hipóteses de uma só variável (univariável)
• estudos descritivos
• estudos explicativos

Æ
Æ
Estudos descritivos como funcionam, como se caracterizam
podem ser hipóteses de duas ou mais variáveis — com duas variáveis podem associar uma

Æ
variável a outra (o peso do indivíduo relacionado com a alimentação).
pode haver uma variável dependente das outras; ha um conjunto de possibilidades de
relacionar variáveis (hipótese descritiva — uma variável)

Estudos explicativos Æ duas ou mais variáveis


Tipos de hipóteses de acordo com a maneira como são formuladas:
1. De oposição (quanto mais uma coisa menos outra)
2. Hipóteses de paralelismo (põem em paralelo a relação de duas ou mais
variáveis)
o Quanto mais uma coisa, melhor outra
o Quanto mais uma coisa, maior outra

Æ
o Quanto menos uma coisa, menos outra
3. Hipóteses de causalidade Y em função de X, o tipo de formação

Æ
universitária condiciona a sua participação na vida cívica
4. Hipóteses recapitulativas Põem uma variável a ser explicada a partir de
outras
As hipóteses podem desempenhar funções na pesquisa :

Æ
(testar validez ou encontrar generalidades)
1. centrais o tronco que se deve seguir, é uma hipótese que envolve conceitos

Æ
abstractos. As que respondem à questão central da investigação
2. especificas ou privadas resultam das primeiras e referem-se a variáveis mais

Æ
empíricas para medirmos relacionamentos, taxas, índices etc.
3. auxiliares só têm uma função : fazem uma ligação lógica entre as hipóteses

Æ
especificas
4. de ensaio têm um aspecto conjuntural, outra forma de encontrar a solução ao
problema

Tema Æ problema
Hipótese de ensaio
Hipótese de estudo

Recolha de Dados

Quando estamos aqui damos conta que a hipótese de estudo não esta relacionada com o
problema. Fizemos um trabalho, escolhemos as técnicas, então vamos levantar as hipóteses de ensaio.
Vamos por outro caminho. Levamos sempre um questionário porque os paradigmas científicos
são muito difíceis de definir.

Quando são hipóteses de mais do que uma variável, colocamos a frase com palavras que indicam
o relacionamento: se mais, logo. Dá-nos a relação lógica entre as variáveis; pode ser traduzido sob a
forma de símbolos lógicos, um esquema formal lógico. Devemos traduzir em formulas matemáticas,
existem convenções que se utilizam para traduzir: ( * )

Æ Juízos de valor, não se podem por nas hipóteses.


Os maus professores devem ser expulsos porque são o motivo de a universidade ser deplorável

As pessoas de prestigio associam-se, procuram a interacção e tendem a obter posições centrais


no grupo.

Hipótese recapitulativa
A tipologia idiossincrática (pouco clara) do campesinato é um produto irracional da acção
combinada de amalgamas sociais e culturais

Quanto maior for o índice de urbanização de uma região, menor será a sua taxa de fertilidade. É
válida, simples (hipótese de oposição)

O estudo dos drogados e delinquência juvenil — estudo bivariável, conceitos muito abstractos.

Hipótese 1 Æ A delinquência dos toxicodependentes de terem cabelos compridos — Ridículo !


Hipótese 2 Æ A delinquência juvenil aumenta nos grupos de emigrantes — não tem nada a ver com a
hipótese

1. toda a cultura cigana é nómada

Î unidade de observação)
ou
2. todas as culturas tourinas são nómadas (tourinas
A variável é o nomadismo (estudo descritivo)

Æ
Hipótese cientifica consegue-se verificar
Em Inglaterra (unidade de observação), só 5% dos estudantes universitários são
provenientes da classe trabalhadora. (variável)
Os esquemas de comportamento inatos são mais estáveis que os adquiridos

Variáveis (inatas, estáveis) Æ estabilidade dos comportamentos adquiridos e comportamentos


inatos.

A pesquisa bibliográfica enquadra-se também nos estudos exploratórios, as técnicas são as


entrevistas e as leituras — dão-nos o enquadramento conceptual, a bagagem teórica. É o estudo da
fundamentação da pesquisa.

Critérios para escolher leituras:


1. Ter uma boa problemática; saber bem o que queremos pesquisar, seleccionar as leituras que
tenham mais a ver com a problemática
2. Ler pela qualidade e não pela quantidade
3. Ler autores que critiquem, comentem o tema, não só os dados estatísticos
4. Escolher abordagens diversificadas, varias vertentes
5. fazer intervalos de leituras para reflexão, tirar notas
6. fazer as referencias bibliográficas, frases que se “apanham”
7. pedir conselhos

Devem distinguir-se fontes primárias, secundárias e terciárias:


ÆPrimárias — obras, livros produzidos pelas pessoas que estão a ser estudadas na pesquisa. Ex.
Documentos parlamentares, cartas, diários, relatos de testemunhas directas, panfletos, jornais do dia.

ÆSecundárias — Documentos escritos, feitos por pessoas que não presenciaram os fenómenos.
Ex. Relatórios anuais de pesquisa, estatísticas oficiais, testemunhos indirectos dos fenómenos

ÆTerciárias — índices, resumos e bibliografias. Outro tipo de fontes.

Fontes especiais Î Memórias, história oral / informal; escritas pelos próprios ou pessoas
próximas. Ex. Entrevistas gravadas na integra (há parcialidade)

Devemos criticar os documentos:


1. ver a autenticidade (é o que se precisa ?)
2. relação autor–factos (qualidade do autor como testemunha)
3. o que o documento pretende mostrar (ponto de vista)
4. quão representativo é o documento (censura)
5. ver se estão completos
6. o que significa o documento
7. qual a relação do investigador com o assunto (o que esperamos que o documento traga)

• Pesquisa teórica
• Análise documental
o Ter o cuidado de fazer referências bibliográficas
• Acesso à informação
o Procurar fontes de informação
ƒ Realidade
ƒ Bibliotecas
o Cuidado no acesso
ƒ Nas ciências que aplicam trabalho de campo, o acesso é bastante pertinente e
melindroso
ƒ O que é estudado? Como acedemos à informação?
o O acesso não está garantido à partida: nada é fácil!
o Metodologia adequada de acesso à informação
ƒ Técnicas, modelos intrepertativos
o Descriminar:
ƒ Acesso físico Æcontacto físico do investigador com a própria fonte de
investigação
ƒ Acesso social Æ forma como o investigador vai aceder a essa investigação (directa
ou indirecta)
o Situação de acesso livre : espectáculo, manifestação de rua
o Situação de acesso restrito : se não nos portarmos como deve ser ou se o objecto de estudo
vê que ha um risco de por em perigo algum aspecto dessa mesma investigação, a situação de
acesso livre, à partida, pode fechar-se — acesso restrito
ƒ Arquivos de segredo de estado
ƒ Falar com pessoas

Primeiro deve pensar-se qual é a situação e dirigir uma carta à entidade responsável (presidente,
comunidade, chefe de família, líder religioso ou político etc.) a solicitar as nossas intenções de estudo
para que haja comunicação.
A seguir, deve negociar-se o acesso conforme ele se vai revelando: se há acesso restrito, deve
negociar-se a situação de acesso: como?
Com a carta de apresentação a explicar intenções.
Capacidades de comunicação, persuasão, saber resistir à rejeição, desenvolver a
sociabilidade e distanciamento isenção)

As questões de acesso são muitas vezes políticas (e não normativas) não havendo regras – cada
situação deve ser estudada caso a caso
Depende dos valores da experiência e da situação em causa do investigador

Género
Feminino / masculino
Idade (experiência)
Caracter étnico (preconceito)
Formação (académica / teórica)
Perfil Psicológico

Quando não conseguem aceder a determinadas fontes de informação, recorrem a “informadores


privilegiados”: pessoas dentro da população estudada com as quais desenvolvem relações mais estreitas,
que nos ajudam a aceder mais facilmente ao corredor de acesso; funciona muitas vezes como tradutor ou
como “cunha” — é questionável, não é ético

ÆDeve revelar-se profissionalismo


ÆDeve haver apoio financeiro para melhorar a investigação
Se a intenção e o caracter do investigador forem bons, ele tem acesso livre.
Nas situações de acesso restrito não conseguimos chegar à investigação

ÆEm ultimo recurso há métodos indirectos de pesquisa — pesquisa encoberta

ÆQuando há barreira intransponível de acesso, temos de adoptar uma metodologia encoberta —


infiltramo-nos no seio do fenómeno (também eticamente questionável).

Métodos encobertos são usados em ultimo recurso quando não se consegue aceder de outro
modo.

Os métodos prendem-se com a consciência do investigador

A investigação jornalística é especial, tendo critérios, regras.

A equipe de filmagem não podia difundir as imagens em Portugal Æ “Deus nos livre do fogo”

Há que saber “levar com a porta na cara”


Æ
Controlo à investigação:
Formal “Nãos” : não se pode, não entra, não vê, não assiste
Vigilância constante sobre o investigador e seus comportamentos

Informal Æ omite informação por nossa ética; deturpação – inventam


O modo como é gerido o acesso à informação vai influenciar a quantidade e qualidade dos dados
obtidos, assim como o êxito de toda a pesquisa.

Questões de acesso ligadas com a ética (especialmente, no que diz respeito ao acesso restrito)

4º Capitulo

Ética (questão subjectiva, depende dos casos)


• Casos, situações, que se podem identificar (mais delicados) e que levam o investigador ao seu
próprio critério — a personalidade do investigador é determinante

• Casos de comunidade fechadas (religião) em que, muitas vezes, os interlocutores que nos
fornecem informação nos dizem que dão a informação mas não a “cara” (nome da pessoa,
localidade, cargo) — off

• Resultados negativos de experiências psicológicas: o investigador pode passar por situações


menos simpáticas em que se sujeita ao que tiver de ser (observação participante), levando a um
grande envolvimento com o que é observado.

o Os resultados científicos perdem alguma objectividade


o As experiências no terreno devem ser partilhadas, para que assim se possa evitar
futuramente, que outros investigadores tenham de passar por elas (experiências
psicológicas negativas)
• Casos de investigadores que inventam respostas

• Casos de patrocínios ou de apoio à pesquisa : deve explicitar-se que apoia — o leitor tem o
direito de saber (revela imparcialidade por parte do investigador)

• Investigação encoberta (anonimato do investigador) é diferente da ideia de dados confidenciais

o Uma coisa é a confidencialidade dos dados, a outra é a do anonimato (=investigação


encoberta)

O anonimato leva a que a pesquisa seja mais verdadeira — o investigado não sabe que o investigador o é
• Só deve ser feito em ultimo caso (pode ser perigoso)
• Deve mencionar-se o percurso no terreno : como chegámos à conclusão

As questões de Ética ocorrem ao longo de todo o processo de pesquisa, assim como nos mais
variados temas
• Tem a ver com o que consideramos certo ou errado moralmente
• “a verdade sai cara” e temos muitas vezes de arriscar ou não

• O investigador deve ou não ser franco em todas as partes da investigação?


• Se há questões que se devem evitar aos interlocutores (?)
o Haverá métodos a evitar ?
o Devemos atender a questões meramente cientificas ou publicas ? (os resultados
devem ser expostos baseados na comunidade cientifica ou não ?)
o Haverão contratempos de ordem moral, física ou legal que devemos evitar ao
interlocutor ? (casamento para obter informação)

Devemos atender ao nosso comportamento se queremos evidenciar trabalhos futuros ou não,


abrindo ou não caminho a futuros investigadores ( o investigador deve manter o caminho aberto para
investigações futuras)

Desvantagens Î invasão de privacidade; ferir a nossa própria sensibilidade (polemica interior)


As questões de ética mal contornadas são observáveis pelo senso comum, podendo este diferir de
opinião acerca do investigador em causa e da sua pesquisa (eticamente incorrecta)

Organização do trabalho de investigação

Para contornar a desmotivação ou obstáculos o investigador deve coordenar as suas actividades e


estabelecer rotinas; deve estar preparado para falar da investigação (apresentação oral)

Deve calendarizar-se de forma eficiente a investigação (dar prazos à pesquisa; arranjar rotinas
necessárias ao desenvolvimento da investigação; timings )
Rotinas :
• Semanais
• Mensais
• Diárias (são as mais flexíveis)

Para contornar a flexibilidade das rotinas, devemos encontrar Soluções : escolher parte do dia
para trabalhar (horário de maior produção)

Quando estamos na fase final (fase da escrita) deve construir-se um índice (mesmo que
provisório) da investigação, esquematizando a investigação — etapas da pesquisa :
• Titulo
• Introdução
o Objectivos
o Metodologia
o Fundamentação
• Conclusão

Na escrita há fases de desmotivação


• As maneiras de escrita variam de pessoa para pessoa (estilo)
• Para as quebrar deve deixar-se para o dia seguinte a melhor parte

O planeamento é um esqueleto de todo o trabalho, ajudando-nos no desenvolvimento de toda a


investigação.

Deve adaptar-se o trabalho de pesquisa à nossa maneira d ser

Muitas vezes é-se chamado a falar sobre o tema de pesquisa, para a expor (termos orais). Em
termos de apresentação oral não há formula magica. A confiança provém da experiência.
Deve planear-se a apresentação oral com principio, meio e fim. Pode-se recorrer a suportes
audiovisuais. Sem esquecer o uso de uma linguagem adequada à audiência (puxar pela conceptualização
ou não) tendo cuidado com o equipamento e ambiente. (familiarização)
Amostragem

Delimitação : geográfica; cronológica

Delimitar o universo que vai ser alvo de estudo.


• Quando não pudermos estudar o todo, temos de estudar uma parte — a amostra
• Qual o campo de investigação sobre o qual vamos recolher dados ? Quem é essa
população?
o Depois de seleccionada em termos geográficos, vemos ter de a caracterizar

Se se quiser estudar a população toda, tem de se recorrer ao censo.


O censo é feito para estudos macro-sociais, envolvendo grandes custos e esforços humanos.

Quando é só uma parte da população aplicamos a amostragem


• Há uma forma especial para escolher essa parte:
o Técnica da amostragem não é exclusiva das ciências sociais
ƒ Conjunto restrito de unidades de análise que vão representar o todo
ƒ Usada pela primeira vez em 1940, nos EUA, Gabinete de
recenseamento (todos os governos precisam dela para contar a
população por questões sociais)
• Adoptou-se a amostragem devido aos custos mais baixos e maior rapidez, acabando por
ser mais utilizada ( as vezes é até mais rigorosa)
• Tem-se vindo a generalizar a todas as ciências sociais, sendo ainda adoptada em estudos
de mercado, opinião, sondagens etc.
• A palavra representativa é essencial “ A amostra é representativa do todo”.

Amostra:
• Parte representativa do todo
• Devidamente seleccionada
• Vai-se submeter a observação e análise
• Vai ter de permitir resultados fiáveis

Vantagens:
• Mais barata
• Mais rapida
• Eficiente (tempo, custo e complexidade)

Condições para estudar a amostragem:


• Estudar a parte
• Amostra representativa e proporcional, em relação ao universo
• Não haja distorção propositada na selecção dos elementos (não se deve viciar a amostra)

Noções :
População / Universo (N) Î Conjunto finito ou infinito de elementos ou unidades de
observação, e que estão conformes a determinadas características previamente definidas. Quanto melhor
definirmos a população mais fácil se torna a amostra.

Unidade Amostral Î elementos disponíveis para efectuar a amostra numa etapa do processo

Elementos Î são as unidades sobre as quais se processa a informação; as partes que compõem a
população, onde se procura a informação; geralmente são indivíduos.
Quando se selecciona uma etapa, elementos e unidades são a mesma coisa.
Quando se selecciona duas etapas, já têm de se distinguir.

Ex: População Total —— Lisboa —— Ajuda

1ª etapa: recolher unidades de análise : famílias, lares


2ª etapa: seleccionar elementos amostrais dentro de cada casa — pai, mãe, crianças etc.

Base de amostragem (sampling frame)

1. De onde se vão seleccionar as amostras


2. Confunde-se com a população (é própria dela)
3. Pode ou não estar registada (posso conhecer em termos numéricos essa população)
o Se não ha lista, ou se constrói uma ou não vale a pena
4. Ter a certeza que está completa e actualizada
5. Ha uma relação qualitativa e quantitativa entre a amostra e o universo:
o Relação quantitativa
ƒ Igual à fracção de amostragem (percentagem de amostra em relação ao
universo : Amostra / Universo Ù 600 (A) / 3000 (N) = 20%
ƒ Quociente de elevação (numero de vezes que a amostra multiplica ao universo)
: Universo / Amostra Ù 3000 / 600 = 5

Processo de amostragem

1. Definir qual a população que queremos analisar

2. Definir as unidades e elementos amostrais

3. Saber o âmbito de estudo que se faz (tipo de problemática)

4. Tempo e local onde se vai recolher a amostra

5. Identificar a lista de amostragem (se não existir, tentar compor uma base de amostragem —
registo de todos os elementos que compõem o universo)

6. Identificar o tamanho da amostra e o erro com que queremos trabalhar

7. Optar pelo tipo de amostra que queremos usar

8. Extrair a amostra

Relação Qualitativa Î implica haver características iguais na amostra e no Universo.

Dimensões da amostra:
Considerar-se se se trabalha com uma população finita ou infinita

Universo infinito Æ + de 100 000 unidades


• N1 Erro

• N2

Î Amostra Se se estudar 300 em


Î População Total
N1
N2 vez de 3 é-se muito mais
rigoroso (mas mais caro)
Se queremos um estudo rigoroso a nossa amostra vai ter que ser um espelho fiel da população

Existe uma formula com o calculo de probabilidades que nos dá uma dimensão ideal, óptima da
amostra

Os estudos de mercado optam por uma forma mais barata, uma amostra menor e também mais
rápida.
As próprias empresas também podem viciar os resultados.
Quando necessitamos de maior rigor, de maior credibilidade, escolhemos uma amostra maior
(mais cara e mais morosa).

Há uma formula para descobrir a amostra (e está relacionada com o erro: diferença entre as
idades que recolhemos a partir da amostra e as que recolheríamos no Universo). Tem a ver com o
tamanho da amostra: quanto mais pequena for a amostra, maior é a margem de erro, pois existe uma
relação inversa e proporcional entre amostra e Universo. Se aumentar a amostra diminui o erro.

Devemos ter cuidado nas opções em relação ao rigor que queremos, ao tempo e dinheiro que
dispomos. Por vezes o rigor é posto de lado em função da falta de tempo e dinheiro.

Erro total = erro amostral + erro não amostral

Erro não amostral Î


erro que decorre de um estudo que nada tem a ver com a amostra. Ex: eros
induzidos pelo investigador.

Formula da dimensão da amostra e do erro

Para Universos Infinitos :

K 2 × P×Q
n=
E2
K = coeficiente / grau de confiança com que nós queremos trabalhar

Para universos finitos :

K 2 × P×Q× N
n= 2
E × (N − 1)× K 2 × P × Q

k, 2, 5 – Grau de confiança (varia entre 0 e 3 // 68% e 100%) tem a ver com o conhecimento bom
ou não do fenómeno

Æ
Grau de confiança Probabilidade de encontrar o fenómeno na realidade. Se já conhecemos o
terreno, já sabemos que existe um grau de confiança.
P Æ Probabilidade de ocorrência do fenómeno
Q Æ Probabilidade de não ocorrência do fenómeno

E Æ Erro

Calculo do erro

Para universos infinitos (calculo menos rigoroso porque não há população definida)

P×Q
E=K
n

Para universos finitos (torna o erro mais rigoroso pois há o tamanho da população)

P×Q N − n
E=K ×
n N −1

Fazemos estimativas (erro de 4%, por exemplo – dá-nos a amostra)

Dimensão da amostra e Dimensão do erro da amostra Æ Selecção intima entre estes 2 conceitos
Selecção da amostra Æ fazer um estudo implica gastos avultados. Se for pequena os custos são
mais baixos.

A eficiência do investigador está também aqui em causa : se for um estudo rigoroso, completo,
aumentamos os custos, mas a amostra também aumenta o seu rigor e credibilidade.

Quanto á dimensão do erro, se a amostra aumentar diminui-se o erro. Há aqui uma relação
inversa; se a amostra diminui, aumenta o erro.

Para encontrarmos uma amostra ideal temos de ter em conta os recursos financeiros e não ter só
atenção ao tempo (prazos a cumprir)

P e Q Situação do Universo estudado

Selecção de uma amostra por métodos aleatórios (de acordo com o caso)

As amostras subdividem-se em dois grandes grupos:

Amostras probabilisticas: São aquelas que dão a todos os elementos do Universo uma igual
probabilidade de vir a pertencer à amostra. São as amostras mais rigorosas, mais justas, mais equilibradas,
etc.

Amostras não probabilisticas: Aqui já não conhecemos qual a probabilidade matematicamente


conhecida de vir a pertencer á amostra, pois não há uma base amostral.

Amostra probabilistica

Base amostral Æ Lista de nomes


São métodos probabilisticos de selecção da amostra porque temos uma base amostral. O
processo mais simples de escolher uma amostra é a Lotaria (= é a amostra casual ou aleatória simles.)
Amostra casual simples ou aleatória simples

Consiste em recolher uma série de elementos ou unidades do Universo, a partir de um sorteio


rigoroso (não é viciante)

1º Numeramos os nossos elementos do Universo / população; depois fazemos a tal lista para
extrair dessa população os elementos por sorteio, ate completarmos a dimensão da amostra

Pode haver uma substituição ou não de elementos.

Pode-se recorrer a tabelas de números aleatórios

Amostra probabilisticas para Universos Homogéneos

Amostras sistemáticas ou de intervalos Ævamos estabelecer um intervalo regular, que


não é mais do que o coeficiente de elevação

N 3000
n
=
600
=5 Î Nro de vezes que se tem que multiplicar a amostra para
obter o Universo

Depois de numerarmos os elementos do Universo e de acordo com o intervalo regular,


sacam-se os indivíduos.

Amostras probabilisticas para Universos Heterogéneos

Æ
Amostras casuais estratificadas Quando temos um Universo muito heterogéneo, formado por
estratos muito diferentes, divide-se a população por esses estratos / categorias e vamos escolher em cada
estrato, aleatoriamente, a amostra.

É mais barato estratificar a amostra do que aumentá-la. Os universos heterogéneos exigem


amostras maiores.

Critérios de estratificação :
• Encontrar estratos que estejam relacionados com o estudo
• Segmentar a população em estratos com números razoáveis, úteis, práticos.
• Tratar cada estrato como um Universo
• Escolher proporções desses estratos que existem no Universo, para fazer a amostra.

Amostra por áreas


Amostra estratificada, sendo a estratificação feita segundo as áreas geográficas. Tanto
se pode efectuar por amostragem casual simples como por estabelecimento de um limite arbitrário na área
a estudar; depois numeram-se as áreas por selecção. Não exige uma base de dados muito rígida — a nossa
base amostral vai ser uma cartografia. Os elementos do Universo são divididos sucessivamente em sub
áreas, ate atingirmos o elemento amostral que pretendemos.

Amostra multi-etápica

Amostra por conglomerados “Clusters”

Divide-se em sub grupos que sejam colectivos (que não sejam constituídos por uma só unidade
de observação). Esses grupos têm de ser também numerados e seleccionados aleatoriamente, usando-se
unidades de observação colectivas (que passam a funcionar como unidade amostral)

Os clusters devem ser o mais heterogéneos possível, de maneira a serem um mini-universo. Só


compensa se esses conjuntos forem mais heterogéneos entre si do que a própria população total
Amostras sem base amostral (não probabilisticas)

Não dao uma probabilidade igual ou matematicamente conhecida, pois não sabemos os
contornos do Universo. Também não conseguimos saber qual o erro amostral.

Amostra Intencional

O investigador tem uma intenção de escolher os elementos amostrais (qualquer um)

• Amostra por conveniência


o Os elementos são seleccionados por razões de facilidade. Não se sabe
a que tipo de Universo pertence a unidade / elemento de observação.
Não podemos tirar conclusões muito rigorosas a partir desta amostra.
É muito usada em estudos preliminares sobre um produto. Num grupo
ou comunidade. É utilizado quando as verbas são pequenas.
• Amostra de julgamento ou de juizes / peritos
o Somos nós quem escolhe os juizes, recorrendo a eles para que nos
indiquem a melhor forma de actuar (supostamente conhecem a fundo
a temática). É altamente tendenciosa, uma vez que o ponto de vista do
Juiz pode não ser representativo. É muito difícil comprovar a
veracidade de uma pessoa. Não encontramos o erro amostral.
• Amostra bola de neve
o Feita através do contacto sucessivo; escolhemos um elemento para
métodos intencionais, pedindo-lhe para nos indicar outra pessoa que
tenha as mesmas características, e assim sucessivamente. Não ha uma
dimensão da amostra óptima. Utilizamos a saturação teórica (quando
julgamos atingir a amostra completa). Quando as pessoas se começam
a repetir, já não ha acréscimo de informação, de dados para o estudo.
É muito usada para grupos marginais, minorias étnicas, grupos de
acesso restrito, em que muitas vezes temos de recorrer à investigação
encoberta. É por isso uma amostra muito usada pela policia.
ƒ Vantagem : permite que o investigador entre em redes
fechadas, conhecendo as redes de relações etc.
ƒ Desvantagem : a rede é muitas vezes tendenciosa, podendo
ficar de fora elementos altamente representativos (e o
investigador não consegue sair de uma rede para entrar
noutra). Os grupos fechados são muito homogéneos.
• Amostra teórica
o Vamos além das nossas conclusões cientificas, alem do real, alem dos
dados; levantamos hipóteses de ensaio.
Teoria

Pratica

Um conceito depende do outro. Recolhemos uma amostra


teórica para testar as hipóteses de ensaio. Hipótese Empírica Æ
Solução, ideia teórica sobre a realidade. Tema Æ problemática Æ
Hipótese empírica Æ Dados Æ Análise Æ Conclusões
Levantamos hipóteses de ensaio (empíricas) para tentar
encontrar uma outra resposta ao problema. Com esta hipótese
vamos recolher outros dados, reformular e recolher uma nova
amostragem. Não pretende ser representativa.
• Amostra por Quotas
o Confunde-se com a estratificação; baseia-se na selecção de uma
amostra através do controlo de quotas (que são percentagens), proporções
do universo que se encontram. São percentagens proporcionais ao que
existe no universo. Não ha base amostral, apenas uma ideia a partir dos
censos da população.
ƒ Quotas desagregadas em variáveis sócio-demográficas
ƒ Os investigadores sabem o numero de contactos a fazer para
preencher cada quota, sendo a sua escolha a selecção concreta das
unidades amostrais. São muito usadas em estudos de mercado ou
de audiências
ƒ Tem como vantagem a rapidez e os gastos, não sendo precisa a
reposição dos contactos. Não se pode calcular a margem de erro.
Muitas vezes os investigadores pedem contactos para preencher
as quotas; para o evitar usasse o random system. É uma amostra
muito subjectiva.

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Formas de observação :
• Documental
• Directa
o Simples
ƒ Participante
ƒ Não participante
• Pré-cientifica
• Global
• Explicativa
• descritiva
o experimental
• Indirecta
o Entrevistas
o Questionários
o Escalas sociométricas
o Testes

Tipos de estudos:
• De caso
• Descritivo
• Explicativo
• Teórico
• Piloto
• Experimental

Pré Cientifica Î postura do investigador


Global Î análise antecedente (envolve geografia)

Existe um plano de estudo experimental que nos ajuda a desenvolver a experiência

Observação directa
• Com ou sem ajuda de auxiliares técnicos
• Não é simples porque:
o É um estudo de grupos e fenómenos que são preparados e controlados de
alguma maneira pelo investigador
o É um instrumento de investigação causal, por excelência (desenvolvimento da
relação causa-efeito)
ƒ A observação simples pode ser meramente descritiva
o Implica a contra posição de grupos ou fenómenos semelhantes para contraste
Elementos básicos da observação experimental

Ambiente (em que se efectua a experiência)

Æ incide sobre o grupo experimental


Grupos ( que se contrapõem )
Estimulo (variável experimental / independente )

Quando os 3 elementos estão todos controlados / manipulados pelo investigador, há uma


experimentação pura (experiência totalmente controlada )

Como se faz o controlo do ambiente ?


Através do isolamento de variáveis ( o investigador mantém constantes as variáveis ). É difícil
porque os fenómenos ocorrem na realidade.

Em relação ao controlo do estimulo ( variável independente ) o investigador poderá controlar a


direcção, intensidade, momento mais oportuno etc. O controlo total do estimulo é o que caracteriza mais
este tipo de observação

É um tipo de investigação cientifica perigosa : os resultados podem ter consequências.

Os planos experimental segue uma sucessão de fases

1. preparar 2 grupos ou situações idênticas

2. medição inicial observação dos 2 grupos

3. introdução de estimulo, dando-se a modificação de um dos grupos ou situações

4. nova observação e medição de ambos os grupos

5. comparação de resultados

Grupo de experimentação e grupo de controle


Implica 3 procedimentos:
• controle de precisão
o selecciona-se membro para o experimental e procura indivíduos com
características idênticas até completar o nro de elementos do grupo.
• Distribuição de frequência
• Acaso
o Selecciona-se uma amostra de igual nro de indivíduos de uma mesma
população para os 2 grupos.

Estudos de mercado em Portugal

Usam-se frequentemente amostras


Os estudos dependem da disponibilidade financeira da empresa

Portugal está dividido em 6 grandes zonas:

1. grande Lisboa
2. grande Porto
3. litoral norte
4. interior norte
5. Alentejo
6. Algarve

Audimetria  audiometria
(qual audiência ) (quem ouve)
Portugal tem uma grande discrepância a nível do consumo: Grande Porto, Grande Lisboa e
Litoral Norte têm maior consumo que as restantes zonas. Dai a maior parte dos estudos de consumo
serem feitos nessas zonas.

Estudo dos Meios

1º faz-se um “master sample” (grande amostra muito dispendiosa) — começou por ser feita nos
anos 80
— 5000 entevistas Æ “radiografia” dos lares selecionados
— marktest

para a rádio e imprensa — estudo feito por contactos telefónicos aleatórios

Para a TV — audimetros (aparelhos electrónicos ) colocados em 600 lares, ligados ao aparelho


de TV e telefone.

Desvantagens :
• Amostra flutuante que precisa de ser resposta (pessoas que morrem ou se separam)
• Aspecto psicológico (não pode usar o tlfn entre as 2 e as 5 da manhã devido ao funcionamento
do audimetro)
• Controle imperfeito ( as pessoas podem enganar-se ao mudar de canal, ou sair de perto da tv.)

Às 5 da manhã, a AGB tem um “master card”, uma máquina onde são introduzidas as
informações recolhidas e faz um cruzamento da informação com as variáveis que interessam aos clientes.

Na TV é a amostra estratificada por áreas, desagregada por zonas, sexo e idades, assim como
classes sociais que conta.

Um lar médio é um lar com 2.5 pessoas

Para a imprensa a amostra também é desproporcional, estratificada, polietápica e desagrega-se


por zonas marktest.

São estabelecidas cerca de 180 zonas-base de sondagem, sendo feito por processos aleatórios
simples sem reposição e dentro dos lares, os indivíduos são também seleccionados aleatoriamente.

A desagregação é feita pelo sexo, zona geográfica e situação profissional.

A recolha dos dados é feita em vagas trimestrais, tendencionalmente continuas, com 15 mil
entrevistas em cada vaga — estudo de painel ( +/- longitudinal ).

As entrevistas implicam um questionário estruturado com questoes fechadas e para o aso da


imprensa, entrevistas pessoais directas (cara a cara — actualmente são feitas por tlfn)

O controlo de qualidade é feito a 20% de entrevistas por entrevistadores experientes, 50% para
não-experientes, revisão dos questionários e validação informática.

Estes estudos de meios não contam com os outdoors, os encartes, etc.

Pesquisa Documental : fundamental em todas as etapas

• Observação directa:
o Participante
o Não Participante
ƒ Controlada
ƒ Não controlada

Observação indirecta Î tipo a adoptar ?


Grandes diferenças entre qualitativo e quantitativos:
—Tentamos decidir se vamos mais para aspectos numéricos ou quantitativos, ou por outro lado,
se vamos recolher informações através de metodologia qualitativa.

1. Reflecte a pratica da investigação social


2. Não importa tentar demonstrar qual é superior
3. O método a adoptar depende da população e das variáveis a medir

Pesquisa quantitativa

• Traduz as técnicas ou metodologias que vão permitir dados numéricos, ordinais (para
sujeitar a manipulação estatística )
o Dados transformados em gráficos ou tabelas (reduzir a realidade social ampla em
números)
o É altamente abrangente em termos de universos (observar grandes massas
populacionais)
o Mais redutores que os qualitativos
ƒ Reduzir a realidade a símbolos numéricos

É a técnica mais exacta e objectiva.

Pesquisa Qualitativa

• Traduz-se numa visão interior da realidade social — ir ao fundo do fenómeno e perceber as


causas, explicações (observação cuidada e atenta ao pormenor)
o Observação detalhada da realidade social, implicando uma amostra limitada de
indivíduos (não se aplica a populações muito extensas).

De acordo com o tipo de fontes escolhidas, também se pode dizer se a pesquisa é primária ou
secundária.

No que diz respeito à pesquisa qualitativa, o planeamento da pesquisa quantitativa é mais


exigente.

Na pesquisa quantitativa deve planear-se melhor a pesquisa antes de ir para o terreno; pelo
contrário, depois dos dados recolhidos, a análise é muito mais fácil (nos estudos qualitativos é mais
complicado).

Quando temos por objectivo analisar determinados fenómenos (elaborar modelos explicativos
para os fenómenos) optamos por métodos qualitativos (fontes primárias)

Quando temos objectivos descritivos (descrever a realidade), recorremos a métodos quantitativos


(técnica de inquérito)

Na pesquisa quantitativa, devemos distinguir as variáveis dependentes e independentes e tentar


perceber o que influencia o quê (analisar como X influencia Y) a variável independente X é chamada
explanatória / referencial.

Na pesquisa qualitativa (apreciação das perspectivas culturais – como os indivíduos vêm o


mundo que os rodeia) há especial atenção à forma como os participantes actuam nos fenómenos — o
observador vai tentar compreender essas atitudes com base nas suas experiências de vida.

A decisão da pesquisa quantitativa ou qualitativa vai depender de vários factores:

• Tipo de população
• Orientação teórica — metodologia do investigador
• Disponibilidade do investigador:
o Tempo
o Recursos
• Tipo de problemas que se planeou investigar (a orientação acaba por se tornar óbvia, após
analisar o tema)

Muitas vezes a pesquisa qualitativa é vista como percursora dos métodos quantitativos, sendo
útil para fazer estudos anteriores à pesquisa quantitativa.

Utilizar as duas metodologias como complemento uma da outra (cada uma dá o seu tipo de
dados acerca da realidade).

Ex: a realidade é mais complexa do que os números podem traduzir.

As técnicas qualitativas de recolha de dados são 2:


• Observação participante (experiência etnográfica)
• Entrevista em profundidade / livre / aberta

Pesquisa quantitativa:
• Técnicas de inquérito:
o Questionário simples
o Entrevistas
o Escalas sociométricas

Critica dos métodos qualitativos

• Generalista : O investigador tem uma total abertura no inicio da investigação (receptiva


a ideias sugestões).
o Grande flexibilidade
o Facilita a compreensão das atitudes dos indivíduos
o Na etnografia ajuda a compreender a dinâmica social
o No inicio é vantajoso mas se se mantém ao longo da pesquisa, acaba por se
tornar pouco rigorosa.

• Pré-preparação : como o questionário tem de estar todo preparado antes de ir para o


terreno, é necessário recorrer à pré-preparação (trabalho de selecção-hipótese empírica

Æ
bem definida)
o Nos quantitativos é ao contrário primeiro observamos, depois trabalhamos
o Para não deixar tudo para o final vai-se analisar os dados de uma forma
sistemática (exige a preparação do investigador no trabalho de campo)

• As conclusões a que se chega são dificilmente verificáveis.


o As ideias que temos sobre a realidade são conceitos
o Contrastar ideias com o terreno

• Acentua-se a necessidade de repetição — 3 aspectos a medir na realidade social :


o Atitudes
• Tomadas de posição a partir de ponto neutro Æ medidas através de técnicas
quantitativas (questionários e escalas sociométricas)
o Crenças
• Juízos de valor medidos por técnicas qualitativas
o Comportamentos
• Actos, acções dos indivíduos, medidos por ambas as técnicas

Observação participante

Recolha continua, sistemática e intensiva de dados que proporciona aos cientistas a conclusão
mais completa que existe

É esta técnica que lhe vai dar a visão para dentro do objecto de estudo
Permite captar os fenómenos no momento em que acontecem, sem mediação de fontes
secundárias (sem reprodução de observações) “ ver com os próprios olhos”

É cientifica porque tem o objectivo de recolher dados para análise cientifica Æ fazer ciência

O rigor da definição da hipótese empírica é menor do que fazendo uma pesquisa quantitativa
(trabalhar em laboratório o que se quer estudar)

No terreno fazemos uma observação sistemática onde tudo pode ser questionado, analisado e
explicado (campo de observação infinito)

O observador tem ideias sobre a realidade, mas está aberto a tudo quanto vai observar (é flexível)
Conforme a duração da permanência em terreno, ele vai saber distinguir o que é importante para
explicar a problemática.

Objectivos da técnica de observação participante:

• Observação de sistemas de relações sociais


• Observação de elementos culturais ideológicos escondidos nas redes de relações
sociais
• Observação de como os fenómenos estão cristalizados : como nascem, se dão e
morrem, na realidade social ( os fenómenos a acontecerem na sua naturalidade ).
• Estuda fenómenos de mudança, transformação, surgimento de comportamentos e
acções e seus efeitos na sociedade.

A observação participante depende dos nossos objectivos, do modo como decidimos desenvolver
a pesquisa (podendo gerar resultados de análise completamente diferentes), assim como da
disponibilidade do observador.

Plano de estuda da observação participante

• Deslocação ou não ?
o Pais estrangeiro?
ƒ Aprender a língua ?
ƒ Tradutor
• Informador privilegiado:
o Estudos exploratórios
o Técnica de juizes
• O que levar ?
o Aparelhos de registo
o Materiais de sobrevivência
ƒ Mapas
ƒ Livros
ƒ Lanterna
ƒ Etc

Saber levantar questões e que questões levantar!

A observação participante de curta duração confunde-se com a reportagem jornalística

Recursos disponíveis:
• Tempo
• Dinheiro
• Equipamento
• Material de registo
Estudo exploratório
• Elaborar projecto
o Procurar ajuda de quem conheça
Dicotomia sexual
• Mulher  +RPHP
o Exemplo : Marrocos Æ Mulher = + obstáculos
Idade do investigador
Quanto mais jovem, maior a vitalidade e “desprendimento”, quanto mais velho mais experiente.

Orientação teórica
Ajuda de pessoas com conhecimentos acerca da pesquisa a realizar

Bagagem psicológica
• Saber lidar com os fenómenos sem se deixar influenciar por eles
• A postura, o modo de estar no terreno, influencia a estadia do observador — precisa de
estofo (deve haver uma adaptação!)
• O observador faz psicanálise para saber quem é e onde pertence
o Desenvolver “corredor de acesso”
• Estratégia de acesso ao grupo, à cultura
• Ganhar confiança das pessoas para que elas nos contem a verdade
Æ
sem medos ou tabus manter a confiança
• Observação encoberta
• “Despir a bagagem” cultural para poder aceitar e
compreender tudo o que a nova cultura possui (para
descrever e explicar)

Recolha de dados

• sistemática
• continua
• intensiva
• ordenada

O observador toma as suas notas de campo, deve registar as suas investigações e observações no
diário de campo (para não se esquecer)
Ordenar ideias e registos do que se observa
Há 3 tipos de notas:
• de memória — viajantes e jornalistas
• resumo — tiradas no terreno; palavras chave ou citações breves, segmentos de texto
• completas — redacção final pormenorizada de um fenómeno, onde se incluem reflexões
do investigador

As observações podem ser registadas para além do diário de campo por aparelhos audiovisuais
auxiliares, sendo os dados confrontados com as notas de campo (escrita + oral + visual )

Análise da observação participante

É feita a partir da análise sequencial (técnica geradora de dados abundantes—informação em


demasia — tendo de se arrumar em compartimentos)

Exemplo : cultura Hindu Î Variáveis:


• alimentação
• política
• demográfica

Só no terreno sabemos a hipótese de estudo


Técnicas qualitativas de recolha de dados :
• bagagem teórica
• bagagem psicológica
• construção de um corredor de acesso
o informador privilegiado
o equação pessoal do investigador (sexo, idade, pensamento)
• dificuldades da língua
• desanimo no terreno
• periodicidade da estadia no terreno
• registo sistemático dos dados recolhidos
• observação participante / encoberta
o riscos

Análise dos dados

Análise sequencial Æ confronto permanente dos dados recolhidos com as interpretações, ideias
sobre os mesmos dados.

Procedimento da análise

1. transcrever as notas de campo (entrevistas, gravações, filmes) — todos os registos feitos no


terreno; e as notas de memória. Este é material que está em bruto, que tem de ser analisado para
montar a história.

2. encontrar categorias e padrões de fenómenos (caixas). Faz-se um corte na montagem, pondo de


parte o que poderá não interessar

3. fazer re-aproveitamento, estruturar o índice, o capitulo do relatório. Tentar olhar para o todo do
texto, os dados todos que já estão montados de alguma forma, e ver qual é o sentido. Tentar tirar
elações. Qual a importância de determinados aspectos em relação a outros — tentar cruzar
variáveis, categorias, para tentar encontrar relações e causas dos fenómenos. Procurar variáveis
que, embora pareçam desinteressantes sejam uma explicação à problemática.

4. construção do relatório final

O trabalho de campo da observação participante produz um enorme volume de dados. O trabalho


de selecção do investigador, um constante raciocínio de contraste dos dados com a problemática dos seus
objectivos.

O investigador que adopta a técnica da observação participante vive os fenómenos, está


integrado num quotidiano que lhe é estranho, por isso não tem categorias pré estabelecidas e logo não
pode formular questionários (não é entrevistador!). Está permanentemente a raciocinar sobre aquilo que
recolhe, seleccionando e aproveitando os dados. Trabalha a partir dos dados, ao contrário de outras
metodologias : procura os dados que confirmem / suportem uma teoria.

Na observação participante não ha teorias prévias; tem de haver uma abertura de espirito, um
começar de novo. Os dados é que vão dizer como é que se podem explicar os fenómenos.

Criticas e métodos qualitativos, nomeadamente à observação participante:

Æ Muito dificilmente verificáveis : o mesmo campo de investigação observado em 2


épocas diferentes, pode dar resultados diferentes, porque os investigadores têm equações pessoais
diferentes e as coisas mudam muito.

Margaret Mead (1928)

• Samoa; inibições sexuais dos jovens


• Não há tensão, não sofrem de disturbios de ordem emocional, porque não ha inibições
sexuais nessa sociedade.
• Foi uma teoria revolucionária para a sociedade norte americana

Freeman

• Observou os mesmos fenómenos em 1983, mas chegou a conclusões diferentes, desmoronando a


teoria de Margaret Mead
• Segundo ele há tensões : libertinagem em termos de relações físicas entre os jovens (mas não tinha a
ver com o assunto)
• Desmontou parte por parte a sua teoria
• É necessário relativizar as observações. Os estudos de controlo são muito úteis.

ÎNão podemos generalizar os resultados


As generalizações têm de ser feitas com cuidado. Não são falsas, apenas mutáveis, de acordo
com o ponto de vista do investigador e a forma de conduzir a investigação. Há sempre um cunho pessoal,
por isso é preciso ter cuidado. É essa a utilidade dos re-estudos, os estudos de controlo, para confirmar a
validade e a fidelidade dos primeiros.

Quando são válidos e fiáveis?

Æ
Quando medem o que é suposto medir; respondem à problemática; o percurso foi cientifico,
responsável, sério; a metodologia foi aplicada correcta e adequadamente.

Fidelidade do Estudo

Æ Quando outros investigadores chegam às mesmas conclusões (fidelidade inter-investigadores).


Se a verificação for efectuada pelo mesmo investigador, para confirmar as suas ideias iniciais, trata-se da
fidelidade intra-investigador. Podem ser estudos sincrónicos ou em tempos diferentes. Estudos
longitudinais : O investigador acompanha a evolução do fenómeno.

O investigador envolve-se emocionalmente com o terreno.

ÆOs estudos quantitativos aplicam-se a grandes massas; os qualitativos, a pequenos grupos.


A margem de erro é maior em termos de amostragem do estudo quantitativo; são estudos
extensivos. Os qualitativos são intensivos, há pouca informação.

Estudos de caso:

Técnica de recolha de informação. Implica também uma análise sistemática e intensiva de


indivíduos (a par com a observação participante), grupos, comunidades — fenómenos específicos.
Baseia-se em todo um estudo; fundamenta-se toda a pesquisa num único objecto de estudo — 1 caso que
se pense paradigmático, que exemplifica um fenómeno mais vasto (um caso que exemplifique um todo!)

Dificuldades de validação:

Como considerar válido um estudo que pretende generalizar a partir d um caso ? é pouco. Até
que ponto se pode faze-lo ? Jorge Dias diz que é uma técnica válida e útil. Dá qualquer coisa!

Redfield e Oscar Lewis estudaram em tempos diferentes, considerando uma aldeia mexicana:
realidade generalizante.
O que se passa nessa aldeia acontece noutras : “life in a mexican village”

Redfield:
—Tepotstar : A mexican village
A study of folks life, 1930

A recolha de dados tem de ser sistemática e pormenorizada; exige o cruzamento de várias


técnicas de observação: entrevistas, questionários, observação directa simples global, observação
participante etc. — estudar o objecto ao máximo, sob várias vertentes.
Normalmente utiliza-se este tipo de estudo em termos longitudinais diacrónicos. Regressa-se ao
terreno para confirmar e complementar a informação. Pode ser feito pelo próprio investigador, ou outro.

Limitações:

Dificuldade em generalizar: aplicada a comunidades de dimensão muito limitada. Não é


conveniente serem muitos casos, se não deixa de ser um estudo de caso.

O investigador ganha uma falsa sensação de certeza em relação às suas próprias conclusões,
achando que ninguém sabe tanto como ele sobre o assunto.

Vantagens:

Permite as chamadas “pesquisas de traço” (tabulações de dupla entrada; cruzar uma série de
variáveis sobre os traços dos indivíduos ).

Considera qualquer unidade social como um todo, permitindo um estudo muito aprofundado.

É mais económico

Possibilidade de substituir a unidade amostral se não se gostar do caso.

Inquéritos :

Inquirir, questionar, pedir informação. É uma forma de auscultar a realidade social através de
questões.

3 técnicas :
• Questionário simples
• Entrevistas
• Escalas sociométricas

Entrevistas — tipo de observação indirecta. Recolhe os dados a partir da percepção de um


intermediário ( entrevistado). A entrevista é um tipo de relação social (contacto entre entrevistador e
entrevistado). Temos um conjunto de perguntas colocadas aos entrevistados por pessoas especializadas
nessa tarefa, que anotam as repostas dos mesmos. É necessário ter em conta os dados que compõem a
nossa equação pessoal e ter em conta os entrevistados — qual o tipo de entrevistado que é necessário
inquiri. Em cada situação de entrevista tem de haver o primeiro contacto e a permissão de cedência da
entrevista, e, depois haver a possibilidade de entrosamento entre o entrevistador e o entrevistado
(possibilidade de fazer a entrevista).

Há varias formas de estabelecer um contacto entre entrevistador e entrevistado:

1. entrevista pessoal / domiciliada / cara a cara


O entrevistador tem de se deslocar ao domicilio do entrevistado

2. entrevista telefónica
Feita através de CATI — computer assisteted telephone interview — é um programa
informático; as perguntas estão no computador, e o entrevistador só tem de le-las ao
entrevistado. Após a entrevista, regista-se a resposta e o computador faz o processamento
dos dados — ha contacto social se o entrevistador se deslocar ao domicilio do entrevistado,
levando consigo as perguntas —CAPI (computer assisted personal interview)

3. entrevista postal
As entrevistas são deixadas no correio; são domiciliárias; há contacto social na recolha.

Temos de adequar o contacto ao tipo de estudo em causa; temo de ter em conta qual o tipo de
dados (se queremos dados qualitativos ou quantitativos).
Vantagens: entrevista pessoal domiciliária
• persuasão do entrevistador
• maior duração da entrevista
• maior qualidade dos dados
• esclarecimento de dúvidas logo no momento.

Desvantagens : entrevista pessoal domiciliária


• mais caro
• demora mais tempo
• implica treino pessoal
• supervisão mais cuidada
• a presença do entrevistador junto do entrevistado pode levar a um constrangimento ao
entrevistado, que se retrai a dar certas respostas

vantagens: entrevista telefónica


• mais barato
• mais rápida
• mais abrangente

desvantagens: entrevista telefónica


• não da muita informação (pouca profundidade dos dados)

vantagens: entrevista postal


• mais demorada
• taxa de retorno muito baixa

Objectivos da entrevista

Pretende-se analisar o sentido que os actores sociais dão ao sistema de valore, aos
comportamentos e como interpretam a realidade social. Pretende-se saber como eles interpretam o que é
analisado.

Pretende-se analisar os problemas específicos; dentro deles, o ponto de vista, relações,


funcionamento de determinadas organizações (analise jornalística)

Quando queremos restituir um determinado episódio

2º grau de estruturação das entrevistas

Entrevista estruturada ou padronizada / questionário simples

Forma de inquirir uma população com um questionário totalmente estruturada e padronizada.

Entrevista semi-estruturada ou mista

Grau de estruturação médio. O entrevistador tem um questionário preparado previamente sob a


forma de guião, onde coloca as perguntas que irá fazer na entrevista (dados qualitativos e quantitativos)

Entrevista não estruturada ou sem profundidade, aberta ou livre

O entrevistador só tem alguns tópicos; não ha um guião rígido com questões a colocar. As
perguntas são colocadas de uma maneira muito informal, sem qualquer ordem. O entrevistador tem de
conduzir a entrevista no sentido d recolher os dados com a maior informação possível. Técnica mais
flexível e com dados mais qualitativos.
Tipos de entrevistas, de acordo com os objectivos que temos

Entrevista centrada : “focused interview” — tem a preocupação de esmiuçar um determinado


tema em especial, concreto. Colocam-se perguntas em bateria (que apelem à rápida resposta com a maior
espontaneidade).

Entrevista exploratória : tem o objectivo de explorar o terreno a estudar. Feita no inicio da


investigação para haver um maior conhecimento do terreno. Serve para testar hipóteses empíricas, definir
estratégias metodológicas e corredores de acesso.

Entrevista de grupo : tem o objectivo de contrapor contra outro grupo, ou testar ideias. Como o
indivíduo reage em grupo e como reage sozinho. Pode servir para testar um produto. São conduzidas por
um investigador que só lança os tópicos a debater e pouco interfere. Utilizada em estudos de psicologia
social; estudos experimentais.

Plano da entrevista

• fazemos o registo manual da entrevista, independentemente de registar em audiovisual.


Cada pergunta é registada apenas numa folha para poderem ser todas comparadas.
• Quando aplicamos a entrevista, temos antes de seleccionar o tipo de entrevista, temos
de adequar a técnica ao objecto de estudo e à problemática. Analisando a problemática e
a hipótese empírica o investigador vai detectar os nós do problema — dimensões dos
conceitos a medir.
• Depois desenvolve-se os nós do problema e transformam-se em variáveis que nós
pretendemos analisar (itens exploralistas — transformar itens exploratórios em
perguntas — questões que possamos colocar aos entrevistados).
• Elaborar o guião, mais ou menos estruturado, da entrevista; depois colocamos as
questões, procedendo à entrevista: anotam-se os dados de forma escrita ou através de
audiovisuais; depois fazemos a análise dos dados para cada pergunta.

Técnicas de recolha de informação

Entrevista pessoal

Estruturada : é feita a partir de um questionário previamente padronizado


(questionário estruturado ou questionário simples)

Semi estruturada : questionário menos rígido. Há uma maior liberdade para o


entrevistador na condução da entrevista. O entrevistador pode saltar a ordem das perguntas do
questionário.

Livre ou em profundidade : questionário não estruturado (entrevista livre). Existe um


guião com os objectivos a atingir. Em que o entrevistador apenas vai guiando o entrevistado. É mais
demorada. O entrevistador expressa-se mais livremente, conseguindo recolher dados qualitativos (como
emoções)

Entrevista telefónica

Cati Î computer aided telephonic interview


Tem 4 fases:
• Questionário
• Introdução (de dados no computador)
• Validação (tratamento de dados)
• Supervisão
Entrevista postal

• Envio e devolução do questionário pelo correio


• Auto-preenchimento
• Cuidado redobrado no desenho do questionário
• Carta de apresentação esclarecedora e persuasiva
o Esta carta deve esclarecer o porque do questionário (os objectivos) e deve
servir também para dar idoneidade aos entrevistadores que estão no terreno.
• Envio de brinde aos respondentes
o Forma de compensar por terem respondido ao questionário

Estudos
Técnicas de recolha de informação quantitativos qualitativos
Entrevista pessoal X
Entrevista telefónica X
Entrevista postal X
Entrevista em profundidade X
Técnicas de grupo X
Técnicas projectivas X
Observação X
experimentação X

Perguntas fechadas e perguntas abertas

Uma entrevista com respostas fechadas é um questionário simples, onde o entrevistador coloca
as perguntas e o entrevistado responde.

Guião da entrevista (esqueleto)

Entrevista em profundidade (qualitativa) Æ conjunto de tópicos que vão ser abordados; guião
mais flexível, de categorias do observador deixar o entrevistador falar livremente.

Entrevista exploratória Æ quando estamos num novo campo de informação


Entrevista clinica Æ utilizada pelos psicólogos, tipo de entrevista em profundidade, o
entrevistado fala em monologo.

A entrevista em profundidade semi-estruturada é um guião utilizado para entrevistas semi


estruturadas.

Vantagens das entrevistas:


• Permitem um elevado grau de profundidade dos dados
• Técnica muito flexível, muito adaptável à situação em que nos encontramos
• Flexível em relação ao tipo de linguagem
• Contacto directo entre entrevistador e entrevistado (permite tirar duvidas no momento)
• Reformular questões que tenham sido mal interpretadas
• Permite ter material auxiliar audiovisual do registo
• Presença do investigador (também funciona como desvantagem pode inibir o entrevistado)

A flexibilidade funciona também como uma desvantagem porque o próprio entrevistador pode
gerar um descontrolo na entrevista, deixando-se levar pelo entusiasmo, pela conversa do entrevistado (a
flexibilidade gera o descontrolo das entrevistas).

Se o guião estiver mal feito não se obtém todas as respostas que se pretendem, porque no
momento da entrevista não falta nada ao guião. Contudo ao analisar a entrevista e se concluir que faltam
perguntas, pode ser complicado contactar novamente o entrevistado.
Colocar correctamente as perguntas:
• Tom imparcial
• Linguagem correcta e apropriada
• Informar os inquiridos do objectivo da entrevista

Perguntas abertas : geram um volume enorme de dados.

Transcrição das entrevistas:

Uma hora de entrevista pode corresponder a 1 dia de transcrição.


O registo pode ser feito por um gravador ou manualmente.
Preparar o pessoal técnico para fazer a entrevista torna-se muito dispendioso!

O tratamento dos dados é feito de diversas análises


• Entrevistas semi estruturadas com perguntas abertas
o Atribuir a cada pergunta uma folha para registar a resposta
o Estabelecer uma categoria de análise

Por ser muito moroso, muitas vezes faz-se a transcrição selectiva (transcrição dos pontos mais
importantes) mas há o risco de se perder informação.

Questionários:
• Forma de auscultar a população
• Forma indirecta de observar os fenómenos sociais
• Forma de inquérito

Recolha de dados com interesse cientifico, social, mediante a interrogação dos membros da
sociedade por parte do investigador, sobre um conjunto de questões pertinentes para o estude que se está a
levar a cabo, sem que o investigador intervenha no processo de resposta.

Conjunto estruturado de perguntas dirigidas a uma população, a um universo do que se pretende


obter, funcionando como elo da ligação entre os objectivos da pesquisa e a realidade da população
observada.

Deve traduzir os objectivos da pesquisa através de perguntas concretas sobre a realidade e


suscitar dos inquiridos respostas sinceras, claras, honestas que nos ajudem a encontrar a resposta à
problemática. (respostas que possam ser tratadas cientificamente)

Pode ser desenhado e moldado aos objectivos da pesquisa, ao tempo, às envolventes do estudo.
Permite realizar estudos macro-sociais, através da análise quantitativa e dos fenómenos. Permite o rápido
e fácil tratamento dos dados.

Desvantagens dos questionários:


• Não permite ter tantos pormenores de informação, não é tão profundo.
• Implica maior cuidado antes da aplicação no terreno
• O questionário simples domiciliário é caro
• O tipo de controle dos investigadores na rua é possível mas não é fácil

Classes de inquéritos
• Questionário simples
• Entrevista semi-estruturada
• Entrevista livre
• Escalas sociométricas

O questionário é a mais frequente técnica adoptada nas rotinas das actividades comerciais.
Cada técnica gera um tipo de dados diferentes, podem ser associadas umas às outras ou serem
usadas individualmente, de acordo com os objectivos da investigação e com os meios e recursos que se
tem.

Num questionário também surgem perguntas abertas.

O elemento base de um questionário são as perguntas!


As perguntas são de vários tipos, e existem maneiras adequadas de as colocar.

Æ 2 categorias de resposta (chamas elementos de variação)


• Sim / a favor / verdadeiro
• Não / contra / falso

Categorias de resposta a uma pergunta:

• Exaustivas
o Nenhum inquirido deve deixar de responder para não encontrar no questionário
a sua categoria de resposta.

• Exclusivas
o Tanto quanto possível , só devem permitir uma só resposta

Deve-se possibilitar aos inquiridos a possibilidade de não responder

As perguntas podem ser colocadas de várias formas no questionário. De acordo com o objectivo,
podemos dividir as perguntas directas das perguntas subtis (deduções, entrelinhas)

De acordo com o tipo de resposta que admite as perguntas, podem distinguir-se:


• Fechadas (binárias)
• Abertas
• Categorizadas (pré codificadas)

As perguntas fechadas são as mais fáceis de quantificar, mas são bastante restritivas, suscitando
um binómio como resposta.

As perguntas categorizadas admitem uma série de categorias de respostas, para que o indivíduo
responda apenas a uma. Devem ter um numero razoável de itens, que não deve exceder os 10. quando as
categorias são muitas é preferível abrir a resposta.

As perguntas abertas colocam-se com linhas à disposição do inquirido, de modo a ele responder
livremente. Este tipo de pergunta permite algum pormenor, detalhe, informação-

São de mais difícil tratamento, a categorizarão vai ter de ser feita depois, já com os questionários
(vertentes qualitativa nos questionários)

Segundo a resposta que se admite, ha uma vertente combinada destas perguntas : pergunta mista
Outro, Qual?

Os tipos de perguntas também podem dividir-se com a natureza e o conteúdo, assim como com a
função que desempenham no próprio questionário.

• Perguntas de identificação ou background


o Perguntas relativas às características base do questionário (geralmente no fim)

• Perguntas de introdução ou “quebra gelo”


o Usadas para cativar os inquiridos a responder; são normalmente perguntas
genéricas de “aquecimento” ao tema
• Perguntas substantivas
o Perguntas gerais de introdução ao tema, tratam do próprio conteúdo.

• Perguntas filtro
o Fazem-se antes de outra pergunta, com o objectivo de excluir os inquiridos que
não se incluem nas perguntas seguintes.

• Perguntas de controlo
o Servem para testar respostas verdadeiras ou falsas dos inquiridos, no
questionário; são perguntas repetidas de forma subtil, de modo a confirmar as
anteriores.

• Perguntas de amortização
o Têm a função de suavizar assuntos sensíveis, sendo, normalmente, muito
subjectivas.

• Perguntas em bateria / serie


o São todas sobre o mesmo assunto, afim de aprofundar ou complementar dados.

Administração do questionário
Tempo dado para responder à pergunta
• Resposta expontânea
• Resposta ponderada

Questionário (regras)

• O questionário deve cativar as pessoas a dar a resposta


• O questionário deve ter no canto superior esquerdo um logotipo da entidade que
promove o estudo
• No canto superior direito, aparece o nro do questionário
• No final do questionário aparecem as questões de background mas nunca se pede o
nome da pessoa — o inquirido é identificado pelo nro do questionário
• O questionário, por norma, não é excessivamente extenso, de modo a não desmotivar as
pessoas ( não excede as 2 paginas )
• Deve ser entregue uma carta à priori para responsabilizar os inquiridos e para
demonstrar a idoneidade do estudo por outro lado, no fim do questionário, ou também
por carta, é enviada uma nota de agradecimento ao inquirido por ter respondido ao
questionário.
• A única rubrica que o questionário tem é a do entrevistador que faz o estudo, que se faz
acompanhar também pela data de quando o questionário é feito
• Muitas vezes existe também uma linha para rubrica para o supervisor
• As perguntas devem ser feitas numa linguagem clara, objectiva, com uma letra legível.
As perguntas devem seguir uma ordem lógica e por norma vai do geral para o
particular. O formato das respostas deve permitir um registo fácil, deve haver uma
atenção em relação ao espaço necessário para a resposta.
• Devem evitar-se perguntas melindrosas propositadas, somente se forem imprescindíveis
para resolver a problemática
• As perguntas de identificação só se colocam no fim, devido ao ritmo do questionário
que deve ser homogéneo
• Não se deve usar adjectivação tendenciosa — as perguntas devem ser feitas de forma
mais neutra possível
• Devem realizar-se estudos piloto para os questionários. O estudo piloto é uma sub
amostra não probabilistica. É um primeiro estudo para testar o questionário, para ver se
não ha falhas nele.

Os questionários são codificados, ou seja, possuem códigos atribuídos a itens de resposta. As


respostas fechadas são mais fáceis de codificar, porque têm apenas um binómio
A codificação segue sempre a mesma lógica. Quando numa pergunta fechada a codificação é 0 e
1 então esse critério de codificação deve ser usado em toas as perguntas fechadas.
As perguntas de valor nulo podem também ser codificadas. Estes valores nulos ou valores
perdidos não interessam para a contagem na codificação. Deste modo, atribuem-se valores que não se
confundam com os códigos anteriores.

O facto de haver mais códigos 1 2 3 4 ... visto que ha muitas perguntas e estes se repetem, isso
não quer dizer que haja uma relação entre o código 1, por exemplo, de cada pergunta, a contagem da
codificação serve apenas para perceber quantas pessoas responderam à pergunta cujo código do item de
resposta era 1.

Depois é só somar a frequência de repetição de cada código de resposta. Somam-se todas as


respostas com código 1, depois todas com código 2 e assim sucessivamente.

Esta matriz de dados é muito morosa, porque a introdução de dados no computador é lenta e
porque envolve custos muito elevados.

Este tratamento pode levar a erros não amostrais, na medida em que como é um trabalho muito
lento, o codificador pode enganar-se na introdução de dados no computador. Por outro lado, quando os
registos de resposta são feitos de uma forma que suscita dúvidas, o codificador pode também ser induzido
em erro, porque não sabe qual a resposta correcta.

Perguntas mistas : quando a pergunta é mista, é susceptível de várias respostas

Isto suscita alguma confusão no total, deste modo, devemos recorrer à regra de três simples.

Total Æ o total de cada questionário não reflecte a frequência de cada código de resposta;
reflecte o nro de perguntas que foram respondidas.

Só depois podemos fazer a ponderação das respostas, chamando todos os códigos de igual valor,
sabendo assim a frequência de cada código de resposta. Após isto fazemos a percentagem.

Fases do inquérito
• Planeamento do trabalho
• Elaboração do instrumento de recolha de dados
• Recolha de dados
• Análise dos dados
• Elaboração do relatório
De outro modo :
• Tema
• Formular hipóteses de trabalho
• Determinar as variáveis (operacionalização dos conceitos)
• Planeamento do conteúdo e aplicação do questionário
• Elaboração formal do questionário — redigido
• Pré teste para saber se o questionário está adaptado à população
• Aplicação do questionário
• Validação das respostas e análise
• Relatório

Nas perguntas não se deve usar adjectivação ou palavras muito subjectivas.

Elaboração formal
• Fazemos acompanhar, como anexo, uma carta de recomendação, instruções de
preenchimento, brindes.
• Validez do questionário nas respostas:
o Saber se as respostas são verdadeiras ou não :
ƒ Técnicas :
• Dos grupos conhecidos : vamos aplicar o questionário a
indivíduos que sabemos que apresentam valores muito
baixos ou muito altos; acerca de determinada variável; essas
pessoas têm altos índices daquilo que pretendemos medir.
Normalmente, vão-se buscar estudos já efectuados e
comparam-se a esses grupos conhecidos.
• Validade previsível: técnica que o investigador faz ao aplicar
o questionário, o investigador fica atento à reacção do
inquirido a dar, ou logo depois de dar a resposta.
• Prova aleatória: colocar dentro do próprio questionário
perguntas de controlo, testar as respostas já dadas.
• Cron check questions: validar as respostas cruzando-as com
outras fontes.

Ética — contacto

As entrevistas podem ser aplicadas de diferentes modos :

Æ Questionário — entrevista pessoal directa domiciliária; a presença do entrevistador pode inibir


ou ser esclarecedora em duvidas que os indivíduos tenham; a validação é feita no local (vantagem); o
treino do entrevistador requer alguns recursos.

— Entrevista telefónica; adequada para questionários curtos e com uma


entrevista estruturada.

— Entrevistas postas; dá mais tempo às pessoas para responderem; são mais


baratas, mais abrangentes, mas a taxa de retorno é baixa.

Em entrevistas postais 50% é óptimo. Só se pode fazer o estudo se se receber pelo menos 20%
dos questionários.

Em entrevista telefónica é preciso 80% para validação

É preciso ter em conta o dinheiro disponível para fazer o estudo por correio, telefone, ou
deslocando-se a casa das pessoas.

ÆInquéritos:
• Auto administrados — são os próprios inquiridos que o preenchem (entrevistas
postais)
• Administração directa — são os entrevistadores que o realizam, registando eles as
respostas.

Eticamente ...
Tudo o que se quer perguntar aos inquiridos deve passar pela comissão nacional de protecção de
dados (CNPD) — avalia os questionários; se os brindes e a forma de administrar os questionários são
correctos.

O processo de codificação não é sempre totalmente quantitativo ou qualitativo. Ha informação


que já categorizamos antes de irmos para o terreno. Quando não sabemos, devemos deixar em aberto, e
codificar à posteriori, em agrupamentos de categorias de análise (são tempos de ocorrências que nos
permitem fazer comparações.

O passo seguinte será realizarmos uma matriz de dados em tabela de formato fixo, realizada
manualmente ou em pc.

No caso de dados quantitativos, estes são colocados em fichas e categorizados à posteriori, sendo
agrupados e reagrupadas constantemente, para que se encontrem categorias teóricas.

• Fazem-se fichas para anotar as respostas dos inquiridos


• Nos questionários codificados, selecciona-se questão a questão
• Nas entrevistas, a codificação faz-se parágrafo a parágrafo
• Agrupa-se a informação em categorias
• Analisa-se tudo, comparando até não restarem categorias de análise.

Fases de codificação:
• Desenvolve-se uma base de codificação
• Elabora-se um livro de códigos e desenvolvem-se instruções de codificação
• Faz-se a codificação propriamente dita dos inquéritos
• Transferem-se os dados codificados para a matriz Æ variáveis nominais e ordinais; variáveis de
intervalos, variáveis surdas (simples presença ou ausência de determinados valores de ocorrência
e valores perdidos)

Regras básicas de codificação:


1. os códigos têm de ser exclusivos (a cada resposta corresponde só uma categoria de
análise)
2. os códigos devem ser exaustivos (todas as respostas têm de ser possíveis de codificar)
3. todas as categorias devem ter um código que deve ser utilizado de firma consistente do
principio ao fim da informação.

Elaboramos um livro de códigos onde vamos registar para cada variável a seguinte informação:

• o nro da questão e a sua formulação


• o nome da variável para o seu uso na matriz (não se vai colocar na matriz a questão
completa)
• localizar a coluna da variável à qual já atribuímos uma designação
• os valores que essa variável pode tomar (são os valores que reflectem a variável)
• os valores perdidos e não contados
• a gama dos valores válidos para cada categoria, de modo a ponderarmos o peso relativo
a cada resposta.

A analise quantitativa dos dados pode então ser manual ou informática.

Antigamente fazia-se a perfuração: as fichas estão standardizadas e juntam-se aos questionários


todos, que são perfurados. Depois conta-se o nro de pessoas (que são os que preencheram os
questionários) têm de furar as questões todas.

Hoje ha uma serie de progressos informáticos que nos ajudam no tratamento de dados.

Spss : programa informático de dados, muito usado em rotinas de tratamento de dados em


grandes quantidades.

SAS : centro de programas informáticos, mas mais complexo e versátil (embora complicado nas
recolhas massivas).

TAB : programa de informático para contagem dos dados, mas para dados em menor
quantidade.

SNAP : Programa para análise de informação bastante simples.

STAT Graphics : bastante versátil em termos de possíveis.

Em relação a dados qualitativos, passando das notas de campo à análise de dados, temos
também uma serie de fases para o tratamento dos dados.

1. A indução analítica
2. A teoria emergente
3. Analise de conteúdo

Elaboração do problema de pesquisa dos conceitos indicadores, construções de índices (tudo


antes de ir para o terreno). Esta fase termina antes da recolha dos dados
Tipo de caracterização que podemos considerar para análise:
• Características sócio-demográficas
• Acontecimentos
• Categorias conceptuais
• Teoria propriamente dita
• Leituras e entrevistas

Depois de termos a codificação que nos leva a fazer uma comparação entre as categorias.
Podemos ainda codificar alguns dados que não puderam ser codificados antes.

Todos os dados são revistos e vamos agrupar os diferentes materiais recolhidos, vendo o inter-
relacionamento das categorias.

Organização da análise e representação desses materiais

Tentar identificar os dados mais relevantes em relação à temática

Fazer o cruzamento de dados

Concluir, a partir dos dados mais significativos

Técnicas de análise de dados qualitativos

• Análise de conteúdo Î também usada para dados quantitativos


o É uma técnica que se tem vindo a desenvolver desde finais do sec. XIX, com o
surgimento da imprensa escrita. Desenvolveu-se muito entre as guerras e em 1950
desenvolve-se ainda mais.
o Berelson em 1952 vem dizer que a análise de conteúdo é uma técnica que permite a
descrição sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação
o Um outro autor estende a analise de conteúdo a todo o campo simbólico

Na década de 80, a técnica era já muito usada e tornara-se num caos. Cada ciência usava a
técnica à sua maneira e é Kappendorff quem dá uma reviravolta a esta, dizendo que é uma técnica de
investigação que permite dar inferências válidas e replicáveis dos dados para o seu contexto; inferências
para além do que está manifesto.

A análise de conteúdo, por outras palavras, é uma técnica que desmantela o discursos
comunicacional e montagem de outro, para lhe darmos um significado.
A aplicação da análise de conteúdo é quase infinita, desde textos escritos e manifestações
comunicacionais não escritas.

De acordo com os vários autores, podem fazer-se vários tipos de análise:

Descritivas : exaustivas, intensivas, sobre determinado conteúdo comunicacional

Correlacionais : relacionar categorias de análise por em correlação categorias

Causais : ajudam a determinar as causas de determinado conteúdo comunicacional e também os


efeitos.

A análise da amostragem é também usada na análise de conteúdo.


Fases da aplicação da análise de conteúdo

1. Definição de objectivos (detectar tema / problema de pesquisa)


a. Definir as unidades de análise que vamos estudar; selecionamo-las e arrumamo-las
dentro das categorias de análise
2. constituir um corpus (reunir o material que vai ser sujeito a análise)
3. definição de categorias de análise ( fazer um recorte da matéria em rubricas e dentro delas
categorias)
a. quantificação (segundo berelson) ou qualificação e análise

Entre 2 e 3 existe a detecção da hipótese de estudo

O trabalho de categorização é fundamental porque são estas que nos vão dizer se o estudo é
fidedigno / valido. As categorias devem ser exaustivas; devem definir-se categorias que percorram toda a
hipótese que estamos a estudar, podendo também definir-se sub categorias, mas temos de debater as
unidades de análise.

1. registo — são as de menor dimensão, as mais simples e as mais usadas são as palavras. Também
se podem usar os temas, items, personagens etc.

2. contexto — são mais alargadas que as primeiras e enquadram-nas (contextualizam as de registo)

3. enumeração — v ai ser feita através de 2 tipos de unidades

a. geométricas — muito utilizadas em publicidade, espaço usado para determinado


conteúdo
b. cronológicas — tempo que é seguido para determinado assunto (audimetria)

Caso queiramos fazer uma quantificação, faz-se uma contagem das palavras por exemplo.

Na análise qualitativa procura-se o que está implícito, inferências

Foi utilizada por Znaniecki : usou esta técnica para que os investigadores de campo pudessem
lidar com a questão das inferências causais, sem se afastarem muito dos dados (sem perder a
objectividade). O seu objectivo é generalizar a partir de um numero muito reduzido de dados.

Fases:

1. definir o fenómeno que se vai explicar


2. arranjar uma hipótese
3. estudar um caso, de modo a ver se a hipótese se ajusta bem, se a hipótese não se aplicar ao caso,
deve ser reformulada ou redefinir-se o fenómeno de modo a excluir o caso.
4. encontrar a confirmação prática que se obtém para um pequeno numero de casos.
5. exame dos casos, redefinição do fenómeno e reformulação das hipóteses, continuamente, até se
conseguir uma relação universal.

Este procedimento foi usado no estudo em que se tentou estabelecer considerações / hipóteses
explicativas. Permite derivar conceitos e proposições a partir de dados.

Teoria emergente

Æ foi avançada por 2 autores, na década de 60 (Glaser e Strauss), funcionando na pesquisa de


terreno, para gerar teorias a partir de dados.
Dá origem a teorias substantivas / abstractas emergentes.

Para estes dois autores, a teoria pode ser gerada a partir de análises comparativas, entre grupos,
no âmbito de uma determinada área
Método de comparação constante, ligado com a gestação de categorias : criam-se e contrastam-
se categorias (comparação permanente entre os dados e a teoria.)

Procura-se a chamada Saturação teórica : saturar os dados até que se considere ter tudo sobre
eles.

Fases :

1. o investigador compara incidentes aplicáveis a cada teoria; faz-se uma codificação de dados e
uma pré-análise com a informação prévia obtida sobre os dados antes e os conhecermos.
a. Gestação das propriedades teóricas das categorias
2. integração das categorias e suas propriedades
3. selecção e delimitação de categorias
4. reflexão sobre os dados e produção de memorandos analíticos escritos.

Relatório

Ha que divulgar os dados, partilhá-los, tentando convencer que os nossos resultados são
correctos (acto de escrever = necessidade do ser Humano)

Sec. XVII Æ
começaram a surgir as primeiras tentativas de sistematização sobre a realidade que
nos rodeia. Ou seja, começam a surgir as primeiras academias, juntamente com os relatos de navegadores
e exploradores. É da junção destes relatos em que se debruçam os pensadores das associações de história
e geografia, que surgem clubes de correspondência, cujos membros eram pensadores que trocavam ideias.

Estas conversas começam a interessar a editoras e a determinada imprensa, que começa a


publicar as suas cartas!

Este facto gera inúmeras criticas de outros científicos pensadores, observadores, sendo os
próprios editores a dar-lhes respostas (surgem assim as especialidades dentro dos jornais).

Obriga a que o discurso editorial se torne mais claro e abrangente, e a alargar os campos de
interesse (tanto na comunicação social, como nas academias e núcleos interessados nos temas). O
discurso torna-se também mais organizado, com uma estrutura mais formal de apresentação.

Escrever é persuadir (sec. XVIII principalmente)

Dá-se o desmembramento dos corpos científicos, surgindo uma serie de novas ciências —
procedimentos mais orientados para determinadas áreas, postura própria, acabando por se desenvolverem
novas posturas (para persuadir!)

Técnicas de persuasão para a escrita:

• Ler muito para escrever bem


• Escrever na 3ª pessoa do singular (tornar a escrita impessoal, anónima)

Na antropologia, em que o investigador estuda uma família, em que se envolve num estudo
detalhado, o investigador desenvolve mais precisamente a sua pesquisa, adoptando um discurso mais
personalizado.

• Recorrer aos clássicos (ombros de gigantes) ou fundamentar com a realidade.

A escrita é um acto social! Devemos pensar em quem vai ler o nosso relatório (estamos a dar um
pouco de nós)

Contudo, é também um acto associal, porque nos afasta dos outros quando estamos a escrever —
isolamento.
Estrutura

• Titulo

• Subtitulo

• Prefácio

o Notas prévias, exposição inicial, as razões pessoais e académicas que levaram a fazer o
trabalho, espaço reservado a agradecimentos a amigos, colaboradores, instituições,
patrocinadores etc.

• Introdução
o O projecto de pesquisa transforma-se em introdução
ƒ Avaliação do tema
ƒ Objectivos do trabalho
ƒ Universo
ƒ Metodologia
ƒ Organização de todo o trabalho e conteúdos dos capítulos.

• Resultados
o Apresentação de dados, mais ou menos apoiada em quadros estatísticos, entrevistas,
citações; tornar o discurso mais vivo.

• Conclusões
o Nas palavras do professor : “ ... é o que a palavra diz!”

• Bibliografia

• Índice

o Geral
o Remissivo

• Anexos

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