Você está na página 1de 7
44 [CAP. : TOPOLOGIA DO ESPACO EUCLIDIANO (11.3) Sejam f,g: X +R" aplicagdes continuas num conjunto X C R™ e Y CX um subconjunto denso. Se f(y) = 9(y) para todo y € Y entéo f = 4g (isto é, f(a) = g(x) para todo x € X). : € X existe uma seqiiéncia de pontos y, € Y com limy, = 2. Entio f(x) = f(imy,) = lim f(ys) = limg(ys) a(tim ye) = (2) (11.4) Todo conjunto X CR" contém um subconjunto enumerdvel E, denso em X. Com efeito, a colegéo B das bolas abertas B(g;r), com centro num ponto g € Q" ¢ raio racional, é enumerdvel: B= {B},...,Bi,..}. Para cada i € N, escolhamos um ponto x € By. X, se By MX nfo for vazio Caso seja By X = 2, x; n&o existir. O conjunto E dos pontos «. assim obtidos ¢ um subconjunto ennmerdvel de X. Para mostrar que 2 6 denso em X, tomemos arbitrariamente x € X e ¢ > 0. Existe r > 0 racional com 2r < e. Como Q" é denso em R", encontramos q € Q" tal que |g— 2] ... de compactos néo vazios, a intersegdo K = (\ Kx (é compacta e) nao é ket vazia Demonstragao: Escolhamos, para cada k € N, um ponto x, € Kg, obtendo assim uma seqiiéncia, a qual possui uma subseqiiéncia (2,,), iN, convergindo para um ponto x € R". Dado arbitrariamente k € N, temos xg, € Ky para todo ky > k, logo x = limay, € Kg. Assim, o ponto x pertence a Kz para todo k € N, ou seja 2 € K =) Kx, 0 que mostra k que K nfo 6 vazio ‘Teorema 20. Seja f: X — R" continua no conjunto X CR". Para todo subconjunto compacto K CX, sua imagem f(K) € compacta. Demonstragio: Mostremos primeiro que /(K) é fechado em R". Seja pois y € R” aderente a f(K). Entéo y = lim f(x), 1, € K para todo k © N. Pela compacidade de K, uma subseqiténcia (xp,) con- verge para um certo ponto x € K. Segue-se que y = lim f(xg,) = flim 2,,) = f(z), donde y € f(K). Agora, mostremos que f(K) 6 limitado, De fato, se nao fosse, poderfamos, para cada k € N, obter um ponto a2, € K tal que |f(zx)| > . Entao a seqiiéncia (f(2,)) nao admititia subseqiiéncias convergentes. Mas (2,) tem uma subseqiiéneia convergente, com lim a, = 2 € K. A continuidade de f nos dé entio f(x) = f(lim2,,) = lim f(xg,), uma contradi¢ao. Note que uma aplicacao contfma pode transformar um conjunto li- mitado num conjunto ilimitado (f(x) = 1/-r leva o intervalo aberto (0, 1) no intervalo infinito (1, +00)) ou um conjunto fechado num conjunto n&o fechado (f(x) = 1/(1 + 2?) leva R no intervalo (0,1)). Mas se X c R™ for limitado e fechado, sua imagem por qualquer aplicagio continua é Coroldrio 1 (Weierstrass.) Toda funcéo real continua f: K +R, defi- nida num compacto K CR™, atinge seu maximo ¢ seu minimo em K, isto é, existem pontos 9,11 € K tais que f(x) < f(x) < f(wx) para qualquer x © K Com efeito f(A) C R é compacto, logo yo = inf f(K) ¢ v1 sup f(K) pertencem a f(K), isto é, existem pontos 0,71 € K tais 46 [CAP. : TOPOLOGIA DO ESPACO EUCLIDIANO que f(x0) = yo e f(e1) = v1 Entao f(x) < f(x) < fxr) para todo ze K. A funcio f:R — R, definida por f(x) = 2/(1 + |r|), 6 continua, cumpre —1 < f(x) < 1 para todo x € R, mas nenhum valor f(z) é menor nem maior do que todos os demais valores de f. Em particular, toda aplicagéo continua f: K + R", definida num compacto K CR", é limitada, isto é, existe ¢ > 0 tal que |f(2)| < ¢ para todo « € K Note ainda que se f: K — R 6 continua no compacto K C RM e (x) > 0 para todo x € K entio existe ¢ > 0 tal que f(x) > © para todo x € K. Isto seria falso se K nao fosse compacto; bastaria tomar f: (0, +00) > R, dada por f(x) = 1/2. Corolirio 2. Seja K CR" compacto. Toda aplicagdo continua f: K —> R” € fechada, isto é, F CK fechado = f(F) CR” fechado Com efeito, F C K fechado + F compacto + f(F) compacto > J (P) fechado em R" Corolario 3. A inversa de uma bijegao continua definida num compacto € continua. (Ou seja: toda bijegao continua definida num compacto é um homeomorfismo sobre sua imagem.) Com efeito, seja f: K > L uma bijegao continua do compacto KC R™ no compacto L Cc R". Pondo g = f-+: L + K vemos que, para todo F c K fechado, que imagem inversa g~!(F) = f(F) é fechada em R®, pelo Corolério 2. Segue-se do Teorema 19 que g 6 continua. Vemos agora que 86 foi possivel definir a bijegdo continua f: [0, 2m) S' com inversa descontinua porque seu dominio é um intervalo nao- compacto. Uma conseqiiéncia do Corolario 2 é a seguinte. (12.5) Seja y: K > L uma aplicagdo continua do compacto KC R™ sobre 0 conjunto (necessariamente compacto) L = o(K) © R". Dado F CL, se sua imagem inversa g-1(F) € fechada, entéo F é fechado. Com cfeito, como ¢ é sobrejetiva, y[y 1(F)] = F. Pelo Corolario 2, F 6 fechado. Este fato tem como corolério: (12.6) Seja y: K — L uma aplicagdo continua do compacto Kc R™ sobre 0 compacto LCR". Entao uma aplicagéo f:L— R? é continua se, € somente se, fog: K > RP é continua Se f é continua, evidentemente f oy também 6. Reciprocamente, supondo foy continua, para cada F C RP fechado temos g~![f-!(F)] [SEC. 12: CONJUNTOS COMPACTOS aT (fog) 1(P) fechado em K. Pelo que vimos acima, isto implica f-1() fechado em L. Logo f é continua (Teorema 19). Como aplicagio, seja g: [0,27] + R" continua tal que (0) = g(27). Através de g, podemos definir uma aplicag’o continua f: S' + RP, pondo f(e'*) = f(cost,sent) = g(t), 0 S1 a sobrejegio continua dada por y(t) = e = (cost,sent). Entao foy = g é continua. Pelo resultado acima, f: S$! + R" é continua. Isto se exprime dizendo que “definir uma aplicacao continua no cireulo $1 é 0 mesmo que definé-la no intervalo (0, 27], assumindo valores ignais nos extremos” Teorema 21. Toda aplicagaéo continua f: K > pacto K CR", é uniformemente continua As vezes é necessdrio usar a seguinte versio, mais abrangente, do teorema acima: *, definida num com- Teorema 21a. Se f: X +R" € continua e K © X & compacto entiio, para todo ¢ > 0, existed > 0 tal quer © X, yeK, |r-yl \f@) — ful 0 © duas seqiiéncias de pontos 2, € X, ye eK tais que |e —yx| < 1/k e |f (ae) —F(ue)| > €, para todo k € N. Passando a uma subseqiténcia, se necessario, podemos supor que lim y, = y € K, donde lim; = y também. Entio, pela continuidade de f, viria ¢ < Jim |f (vx) — f(us)| = [F(y) — f(y)| wma contradigao. 0&2 Outro tipo de uniformidade ocorre quando uma fingao (contima) depende continuamente de um parametro @ que varia num compaeto. Mais precisamente: Teorema 21b. Seja f: X x K > R" continua, onde K é compacto. Fizemos x9 € X. Para todo < > 0, existe 6 > 0 tal que x € X, |x — 29| <6 = |f(2,a) — f(2o,a)| 0 ¢ seqiiéncias de pontos 1, € X, ax € K tais que [xq — 20| < 1/k e |f (xn, 0%) — f(x0,ax)| > ¢. Passando a uma subseqiiéncia, se necessdrio, podemos admitir que lima, = 0 € K. Como, evidentemente, lima, = 20, continuidade de f nos daria ¢ < lim|f(az, ax) — f (0, ax)| = |f (x0, @) ‘f(x, «)|, uma contradigio. Uma aplicagio do teorema acima & 48 [CAP. : TOPOLOGIA DO ESPACO EUCLIDIANO (12.7) Seja f: X [a,b] + R continua, Definamos g: X — R pondo, para cada x © X, . ate) =f separ, Entao y é continua em cada ponto xo € X. Com efeito, |y(x) — g(xo)| < [P|f (a0) — S(xo,t)|dt. Pelo Teo- rema 21b, dado ¢ > 0), podemos achar 6 > 0 tal que x © X, |x —29| < 5 |f(x,t) — f(a0.1)| < e/(b— a), seja qual for t € [a,], logo tem-se le(z) — v(20)| < e- Caracterizaremos agora a compacidade por meio de coberturas. Uma cobertura de um conjunto X C R” é uma familia (C))yex de subconjuntos Cy C IR” tal que X C U Cy. Isto significa que, para cada x € X, existe um 1 € L tal que x € Cy. Uma subcobertura é uma subfamilia (Cy)aex, L! C L, tal que ainda setem XC YU Cy ww Diz-se que a cobertura X C UC) é aberta quando os Cy forem todos abertos, finita se L é um conjunto finito, enumerdvel se L é enumeré etc. vel, Teorema 22 (Lindeléf). Seja X CR" um conjunto arbitrério. Toda cobertura aberta X CUA, admite uma subcobertura enumerdvel XC Ay, U---U A, U Demonstrac&o: Soja E = {r1,...,%,...} CX um subconjunto enu- merdvel, denso em X, Consideremos 0 conjunto B de todas as bolas abertas B(x;r), com centro num ponto de E, raio racional e tais que cada uma delas esta contida em algum A,B é um conjunto enumerdvel de bolas. Afirmamos que as bolas B € B cobrem X. Com efeito, dado x € X, existe \ € L tal que x € Ay. Como Ay é aberto, existe r > 0 racional tal que B(2;2r) C Ay. Sendo E denso em X, podemos en- contrar a € E com |x —2,| |y—ail ly—a2) < |y—aif tla —2| < 2 > y € B(x;2r) C Ay. Isto conch a verificagdo de que as bolas B € B cobrem X, Tomando wma enumeragao B),..., Bi... para essas bolas ¢ escolhendo, para cada i € N, um indice A; € L tal que By C Ay,, concluimos que X C Aj, U-++-U A), U... ‘Teorema 23 (Borel-Lebesgue). Seja K C R" compacto (isto é, limitado [SEC. 12: CONJUNTOS COMPACTOS 49 ¢ fechado). Toda cobertura aberta K C UJ Ay admite uma subcobertura DEL finita KC Ay, U+--U Ay, Demonstragao: Pelo Teorema de Lindeléf, obtemos uma subcobertura enumerdvel K C Ay, U---U Ay, U.... Ponhamos K; = K 9 C(Ay, U U-Ay,) para cada i € N. Isto nos dé uma seqiiéncia decrescente K, > Ky 3+. 3K, >... de compactos. Dado qualquer x € K, existe algum i € N tal que x € Ay,. Entéo x ¢ Ky. Isto mostra que nenhum ponto x € K esté em todos os Kz, ou seja, que [| Ky = 2. Segue-se il cut da propriedade de Cantor que algum dos compactos Kj 6 vazio, o que significa K C Ay, U---U Ay, Vale também a reciproca do Teorema de Borel-Lebesgue: Teorema 24. Se toda cobertura aberta do conjunto K C R™ admite uma subcobertura finita, entéo K é limitado e fechado (isto é, compacto) Demonstrag&o: Em primeiro lugar, as bolas abertas de raio 1 e centros nos pontos de K constituem uma cobertura aberta K C U B(x: 1), 2eK a qual possui uma subcobertura finita K C B(x;1) U-- U B(ay,1) Assim, K esta contido numa reuniao finita de conjuntos limitados, logo élimitado. Além disso, K é fechado pois, se nao fosse, existiria um ponto a€K-K. Entio, para cada i € N, tomamos A; = complementar da bola fechada Bla; 1/i]. Para todo x € K, temos x # a, logo |a—a| > 1/i para algum i, o que nos dé ¢ € Aj. Portanto K CU Aj, uma cobertura Pt aberta, da qual extrafmos uma subcobertura finita: K C Ay U---UAi, « Como A; C Ap C++. C Ay C...., toda reunifo de uma colegio finita de conjuntos A; é igual ao conjunto de maior indice na colegao. Assim, temos K ¢ A, para algum i. Esta inclusdo significa que a bola B[a; 1/i] nao tem pontos em comum com K’, o que contradiz ser a € K e prova o teorema. Os Teoremas 23 ¢ 24 mostram que poderiamos, equivalentemente, ter definido um conjunto compacto K pela condigao de que toda cobertura aberta K CUA) admita uma subcobertura finita KC Ay, U---U Ay, Tal definigao 6, de fato, a mais conveniente para estudos mais gerais. A que demos no texto 6 mais simples, porém interessante apenas para idianos. espacos enc! Como aplicagio do Teorema de Borel-Lebesgue, demonstraremos o seguinte: 50 CAP. : TOPOLOGIA DO ESPACO EUCLIDIANO (12.8) Se 0 aberto U contém a intersegéo K = () K; de uma segiiéncia decrescente Ky > Ky > +++ > Ky 2... de conjuntos compactos, entéo existe i EN tal que Ky CU. Com efeito, tituem uma cobertura de Ky, da qual extraimos uma subcobertura finita Ky C UUU,, U---UU,,. Seja io maior dos indices i1,...,ip. Como U, C U2 C..., temos Uy,Us Uj, = U;, logo Ky C UUU;. Com maior razao, Ky C UUU;. Como nenbum ponto de K; pode pertencer ao seu complementar Uj , devemos ter Ky CU abertos U; = R" — K;, juntamente com L cous- omo querfamos demonstrar. 13 Distancia entre dois conjuntos; diametro Sejam S,T C R" conjuntos nao vazios. Definiremos a distdncia d(S,T) entre Se T pondo d(S,T) = inf{\x — y|;2 € S, y € T}. Evidentemente, d($,T) = d(T,S), SOT 4 @ > d(S,T) =0e SiC Sp, Ty © Ty = (Sp, 79) < d(Sy,T1). De acordo com a definigio de infimo de um conjunto de mimeros reais, a distancia d(S,T) é caracterizada pelas propriedades abaixo: 1) Tem-se d(S, 7) < |x —y| para quaisquer x € 8, y €T; 2) Dado arbitrariamente ¢ > 0, existem x € Sey € T tais que jz — yl d(z,T) = 0e Ty C Tr + d(x,T2) < d(x,T)). Novamente valem as propriedades caracteristicas

Você também pode gostar