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BASES DA TEORIA ATÔMICA II: HISTÓRICO DA CONCEPÇÃO DA

ESTRUTURA DA MATÉRIA NAS IDADES CLÁSSICA E MÉDIA

Subunidades:

1 - Concepções sobre a estrutura da matéria ao longo das Idades Clássica e


Média.

Objetivos:

Geral: O aluno deverá conhecer ou recordar as concepções sobre a estrutura


da matéria anteriores à concepção atual

Específico: O aluno deverá ser capaz de listar as principais diferenças entre as


concepções apresentadas.

A discussão sobre a estrutura da matéria existe desde a antiguidade.

Durante os séculos VII e IV a.C. inicia-se o processo de pensamento que visava

entender do que o mundo é feito e o que constituía a matéria. O conceito de

átomo, propriamente dito, foi atribuído a Leucipo de Abdera (480 – 630 a.C.) que

observou que o “o nascer e a mudança são incessantes no mundo, aceitou a

existência do vazio e postulou a existência de inúmeros elementos em

movimento perpétuo (os átomos). As ideias de Leucipo foram aceitas e

elaboradas por Demócrito. Outros filosófos também contribuíram com a ideia

atomista, como Epicuro, que relacionava a indivisibilidade do átomo com sua

dureza.
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Porém, Aristóteles — que deixou muitas contribuições importantes para a

humanidade — não aceitou a ideia de indivisível, ele defendia a ideia de

continuidade:

“se existe continuidade, o contato e a consecutividade (...), e se

contínuos são as coisas cujas extremidades estão juntas, em

consecutivas aquelas em meio à qual não há nada afim, é impossível

que alguma coisa contínua resulte composta de indivisíveis, por

exemplo, que uma linha resulte composta de pontos, se é verdade que

a linha é um contínuo e o ponto, um indivisível” (Caruso e Oguri, p. 16)

Por ter sido (ou ainda o é?) tão influente, suas ideias antiatomistas

perduraram até o século XIX. Demócrito, Leucipo e Epicuro só eram conhecidos

por terem apresentado ideias contrárias às de Aristóteles. A aceitação da teoria

Aristotélica e a recusa do átomo traçaram uma linha de ação para a

química/alquimia por muitos séculos da Idade Média. Na maioria das vezes diz-

se laconicamente que a Alquimia é uma pseudociência antiga que se ocupava

da transmutação de metais menos nobres em ouro e prata, e ao mesmo tempo

com a descoberta de uma cura para todas as doenças e uma maneira de

prolongar a vida. Mas há várias facetas para serem consideradas. Uma delas

era o “aperfeiçoamento dos metais não-nobres”, o que na prática envolvia muitos

materiais e operações nos experimentos referentes a transmutação (que em

geral é a parte que nos interessa). Mas se pretendia também o aperfeiçoamento

espiritual do alquimista durante seus trabalhos (que em geral se apresentava por

meio de um simbolismo hermético quase indecifrável). O acúmulo de fatos

empíricos verificado a partir do século XIII não contribuiu para o progresso da

Alquimia, mas sim para uma certa estagnação. Apenas no fim da Idade Média e

início do Renascimento (1417), que o pensamento atomista voltou a ser


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valorizado sob a influência dos então, recém-encontrados, manuscritos do

poema de Lucrécio, chamado Sobre a Natureza das Coisas (De Rerum Natura).

Parte desse poema dedica-se ao atomismo e à “redução” da natureza a átomos

e vazio. A redescoberta deste poema ajudou àqueles que lutavam para que a

“verdade científica” viesse à tona e inspirou muitos, entre eles, o pensador

Giordano Bruno:

“O princípio, o meio e o fim, o nascimento, o aumento e a perfeição de

tudo aquilo que vemos resultam de contrários, pelos contrários, nos

contrários, para os contrários: e onde há contrariedade, há ação, há

reação, há movimento, há diversidade, há pluralidade, há ordem, há

graus, há sucessão, há vicissitude” (Caruso e Oguri, p. 17)

Nesta nova fase da humanidade, a Ciência teve espaço para entender a

matéria. Durante os séculos XVI e XVII deu-se um grande impulso no

desenvolvimento das ciências naturais. E, a partir do século XIX, as leis que

governam o universo foram os objetos de estudo da Física e da Química.

Hoje em dia, a Ciência reconhece que Leucipo, Demócrito, Lucrécio, entre

outros, tinham razão. A matéria é formada por átomos, os quais, por sua vez,

são formados por partículas unidas pelas forças fundamentais. Temos muito

assunto para tratar ao longo das próximas semanas. Adicionalmente,

preparamos uma video aula em que contamos um pouco mais dessa fascinante

história.

Se por um acaso... ;-)... você queira conhecer um pouco mais sobre ele,

recomendo, para começar, a leitura do capítulo 1 do livro escrito por Francisco

Caruso e Vitor Oguri (ao final deste texto você encontrará a referência completa)

e/ou assistir os vídeos Átomos I - A Origem grega da ideia atomista


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(https://www.youtube.com/watch?v=W-hChgkTKhs ) e Alchemy: History of

Science (https://www.youtube.com/watch?v=gxiLuz9kHi0&t=56s em inglês mas

você pode ativar a legenda em português).

2. Cálculos estequiométricos e modelo atômico de Dalton

1 – As Leis Ponderais.

2 – Equações químicas. Relações e cálculos estequiométricos.

Objetivos:

Geral: entender a origem e o Modelo Atômico de Dalton.

Específico: o aluno deverá diferenciar as Leis Ponderais e associá-las com a

teoria atômica de Dalton e escrever reações químicas.

Muito bem, depois de conhecer/relembrar algumas ferramentas da

matemática importantes em qualquer área das ciências naturais — e, nesta

disciplina, mais especificamente, a Física e a Química, vamos abordar alguns

conceitos básicos, os quais são imprescindíveis para entendermos “a mecânica”

dos cálculos em química.

Vamos iniciar esta aula abordando o primeiro modelo atômico baseado

em dados experimentais, também chamado de Modelo Empírico. Trata-se do

Modelo Atômico de John Dalton, um químico que, em 1808 elaborou alguns


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postulados a partir das Leis Ponderais que já haviam sido formuladas por

Lavoisier e Proust. Há autores que gostam de chamar este modelo atômico de

Dalton de “o Átomo Químico”.

Muito bem, antes de apresentar o modelo atômico vamos relembrar

as Leis Ponderais e procurar entender a sua importância na elaboração do

Modelo Atômico de Dalton. Fizemos um texto e uma vídeo aula onde

apresentamos esses conteúdos de maneiras complementares. Você pode ler o

texto e assistir a video aula ou assitir a video aula e depois ler o texto ;)

Comecemos por Antoine Lavoisier (1743 – 1794) que teve um papel muito

importante na sistematização da Química, pois com sua forma de trabalhar

trouxe perspectivas de pesquisas e contribuiu com experimentos de

quantificação. É importante notar que Lavoisier acreditava na balança! Sim, hoje

nos parece óbvio, mas na época não era. Ele não acreditava nas ideias de

transformações misteriosas da matéria e não se deixou influenciar pelos

alquimistas.

Quanto aos alquimistas, aqui vale um destaque, há historiadores que

atribuem que o certo descrédito dado ao trabalho dos alquimistas se devia ao

fato deles não utilizarem a balança, apesar de já existir naquela época...

Pois bem, voltando às leis ponderais. Vamos relembrar as definições de

cada uma delas:

• Lei de Conservação da Massa: não há alteração detectável em massa

numa reação química comum (ou, em definição mais popular: na

natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma).


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Como você pode exemplificar a existência desta lei? Pense...

• Lei das Proporções Definidas (ou Lei da Composição Constante),

elaborada por Joseph Louis Proust (1754 – 1826): na formação de um

determinado composto, seus elementos constituintes combinam-se

sempre na mesma proporção de massa, independente da origem ou

modo de preparação do composto.

Como você pode exemplificar a existência desta lei? Pense...

• Lei das Proporções Múltiplas: se dois elementos formam mais de um

composto, então as diferentes massas de um deles que se combinam

com a mesma do outro guardam entre si uma razão de números inteiros

e simples. Esta Lei foi muito importante porque foi elaborada por Dalton

enquanto ele compunha os postulados da Teoria Atômica.

Como você pode exemplificar a existência desta lei? Pense...

Estas três Leis são muito importantes e nos orientam em todos os cálculos

estequiométricos. Entendeu a importância? Estas leis nos orientam em todos os

cálculos que fazemos em qualquer área da Química!

Pois bem, tendo estas Leis em mente e todo o conhecimento acumulado

até então, Dalton elabora a sua Teoria Atômica e os postulados abaixo resumem

os pontos principais dela:

(1) Todo o elemento químico é composto de pequenas partículas chamadas

átomos. Todos os átomos de um mesmo elemento apresentam as

mesmas propriedades.
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(2) Átomos de diferentes elementos químicos têm propriedades químicas

diferentes. Durante uma reação química, nenhum átomo de determinado

elemento desaparece ou se transforma em um átomo de outro elemento.

(3) Formam-se substâncias compostas quando se combinam átomos

distintos de mais de um elemento. Em um dado composto químico, os

números relativos de átomos dos seus elementos são definidos e

constantes; podem expressar-se como inteiros ou frações simples.

Note as relações existentes entre as leis ponderais e os postulados:

Postulado 2 → Lei da Conservação da Massa;

Postulado 3 → Lei das Proporções Definidas e Lei das Proporções

Múltiplas.

O modelo de Dalton apresenta o átomo como uma esfera maciça e apresenta

MUITAS falhas, entre elas destaca-se a falta de alusão à natureza elétrica do Modelo Atômico
de Dalton
átomo. Porém, o seu trabalho foi notável, pois partiu da “nova” Química que

surgia a partir das experimentações de Lavoisier. Não foi pouco, não?

Mas, se você está em um momento pragmático, pode se perguntar, ora se o

modelo atômico de Dalton está completamente ultrapassado, por que falar dele?

Simples, pelo contexto que nos dá... ou seja, pela riqueza de conhecimentos

que foram adquiridos até ele chegar à elaboração de sua Teoria.


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Naquela época, estava se desenvolvendo a noção do que era o peso atômico

(a massa atômica que trabalhamos hoje), pois muitos elementos químicos já

haviam sido descobertos. Então, muitos conceitos, os quais hoje nós

consideramos básicos, como os símbolos dos elementos químicos, as fórmulas

químicas dos compostos, a definição do que é a massa atômica e do que é o

mol, entre outros, estavam ficando mais claros.

Pois bem, Dalton além de retomar a concepção corpuscular da matéria

também atribuiu símbolos e pesos atômicos a vários elementos. Observe a

tabela abaixo, concebida entre os anos de 1802 a 1804:

Tab.1: Símbolos e pesos atômicos atribuídos por Dalton aos elementos químicos

(Caruso e Oguri, fig. 2.6, p. 38)

Note que há certa mistura de conceitos, pois ele considerava alguns

compostos como elementos químicos (soda, NaOH; lime, calcário – CaO +

Ca(OH)2) e os símbolos dos elementos eram muito diferentes do que

conhecemos. De todo modo, vale lembrar foram necessários quase 70 anos até
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que o russo Dmitri Mendeleev, em 1869, propusesse um modelo de tabela que

contivesse os elementos químicos. Comemoramos no ano de 2019 o ANO

INTERNACIONAL DA TABELA PERIÓDICA!

Mas, em 70 anos muitas descobertas foram feitas... Vou fazer um

destaque para um químico sueco, Jöns Jacob Berzelius, que contribuiu muito

para a descoberta dos pesos atômicos. Ele foi responsável por descobrir vários

elementos químicos, para citar alguns — silício, lítio, tório, vanádio e selênio.

Berzelius também determinou o peso atômico de cinquenta elementos químicos,

determinou a composição química de cerca de 2000 minerais e, foi quem

idealizou o sistema de símbolos elementares! Como se não bastasse, ele

também desenvolveu diversos tipos de vidrarias utilizadas ainda hoje nos

laboratórios químicos. Ele sempre insistiu nas boas práticas de laboratório e nas

medições cuidadosas.

Os “pesos” atômicos só perderam “sua importância”

para o número atômico somente a partir da segunda

metade do século XX — em breve, saberemos o por quê. ;-)

AS MASSAS ATÔMICAS
(https://enroquedeciencia.blogspot.com.br
/2016/02/baird-nipkow-y-berzelius.html.
Acessado em 05/02/2018
Muitos problemas surgiram durante o século XIX

na determinação dos “pesos” atômicos. A partir de agora,

vou fazer referência ao nome correto que é massa atômica,


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certo?

Os problemas foram derivados, principalmente, da confusão entre massa

atômica e massa molecular e a utilização do conceito de equivalente, ou peso

de combinação. Por definição, o equivalente é o número de gramas de um

elemento que se combina com 8 g de oxigênio.

Porém, inicialmente, o médico inglês William Prout acreditou que as

massas atômicas dos elementos químicos poderiam ser expressas como

múltiplos inteiros de uma unidade fundamental. A primeira escolhida foi o

hidrogênio. Mas, esta hipótese não foi aceita porque já se conhecia a massa

atômica do Cloro, 35,5. Há de se notar que a massa atômica do cloro só foi bem

entendida após a descoberta dos isótopos — termo cunhado por Frederick

Soddy, no início do século XX. Mas, vamos continuar...

Em 1811 Amedeo Avogadro elaborou o conceito de molécula. Para tanto,

ele utilizou-se do conhecimento do químico Gay-Lussac que percebeu que

“existe uma razão simples entre os volumes de gases reagentes”.

Pois então, Avogadro introduziu o conceito de molécula a partir da

seguinte hipótese: “dois volumes iguais de dois gases quaisquer contêm o

mesmo número de moléculas, desde que a temperatura e pressão sejam as

mesmas”.

Por que eu mencionei uma experiência com gases e a “descoberta” das

moléculas no tópico sobre massas atômicas? Porque há três formas de

determinar-se de forma exata a massa atômica, são elas:


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1) Princípio dos volumes molares iguais de Avogadro: H2, N2, Ne, Ar e

Kr podem ser determinados utilizando-se o princípio de Avogrado (o

volume de qualquer gás CNTP, ocupa 22,4L);

2) Combinação de pesos: é necessário conhecer a massa atômica de um

dos elementos de um composto. Por exemplo: 1,292 g de prata reagem

com 0,9570 g de bromo. 1,292/0,9570 = 1,350. 107,87 (Ag)/1,350 = 79,90

(Br);

3) Espectrometria de massa: feixes de elétrons colidem com átomos

gasosos de moléculas formando íons positivos que passam por uma

fenda na câmara e entram num tubo altamente evacuado onde são

submetidos a um campo magnético e percorrem uma trajetória de acordo

com a sua relação e/m (carga/massa)

A espectrometria de massas foi criada em 1919, por Francis William Aston,

quando ele estudava os isótopos dos elementos químicos. Ela é a técnica padrão

para determinar as massas atômicas dos elementos químicos. Daí, que o

trabalho realizado pelos cientistas para encontrar as massas atômicas antes de

existir um espectrômetro de massas merece muito respeito, não é mesmo?

Pois bem, atualmente, o padrão de massa atômica é o isótopo 12 do átomo

de carbono (12C). O que isso significa? Que a massa do 12C é exatamente igual

a 12 u (u = unidade de massa atômica). A abundância natural do carbono é:

98,892% de 12C e 1,107% de 13C.

Sabe-se também que: 1 u = 1,66054 x 10-24 e que 1 g = 6,02214 x1023 u.

Você conhece esse último número mencionado, não? Pois bem, saiba que

Avogadro não sabia quanto era o número e não propôs formas de sua
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determinação. Este “número” só foi determinado 50 anos depois! E é a

quantidade de unidades de massa atômica contida em 1 g de 12C!

A QUANTIDADE DE MATÉRIA

Quantidade de matéria é uma das sete grandezas de base do sistema

internacional (SI) cuja unidade é o mol.

Um mol contém exatamente um número de entidades elementares.

Jovem preste atenção ao termo entidades elementares, pois estas, sempre

devem ser especificadas. Um mol de quê? De átomos, moléculas, elétrons,

outras partículas ou agrupamentos especiais de tais partículas. O número de

entidades elementares é uma propriedade intrínseca da amostra.

Para qualquer amostra de uma substância, seu número de entidades

elementares (N) é diretamente proporcional à sua quantidade de matéria (n).

Quantas são essas entidades?

6,02214076 x 1023 mol-1 → Constante de Avogadro!

Pois então, este é o número ao qual Avogadro se referia quando elaborou

a sua hipótese sobre as moléculas. Eu sei que o conceito de mol pode ser

confuso, às vezes... Mas ele é fundamental para que se possam fazer cálculos

em química. Porém, não basta apenas para fazer cálculos em química, os

cálculos estequiométricos, é necessário também conhecer a massa dos

elementos.
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Faz sentido, não? Nós já abordamos a Massa Atômica, que é a massa de

um átomo. Mas, um átomo é muito, muito pequeno — em breve, saberemos

quão pequeno ele é — e um mol de átomos é uma quantidade enorme, não?

1 mol de átomos contém 602.214.076.000.000.000.000.000 = 602 sextilhões

de átomos!!!!

Portanto, 1 mol de átomos de hidrogênio, contém o mesmo número de

átomos que 1 mol de átomos de chumbo, certo? Mas, as massas não são iguais

porque cada elemento químico possui uma massa diferente.

Então, como relacionar a massa de um mol de átomos com a sua massa?

Por meio da massa molar.

Veja, por exemplo, o caso do Carbono 12:

Massa atômica do 12C = 12 u

1 mol de 12C = 12 g

Massa molar do C = 12 g/mol

Portanto, percebe-se que a massa molar é a constante de proporcionalidade

que relaciona a massa (em gramas) de uma substância com o seu mol.

Importante ressaltar que a massa molar (g/mol) é numericamente igual à

massa atômica (u).


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Agora, um destaque quanto aos símbolos destas quantidade padrão:

A massa molar deve ser representada por M. Este é o único símbolo para uma

grandeza que é aceito pelo SI para ser grafado em letra maiúscula. Em aulas

anteriores, eu mencionei que apenas os símbolos que homenageiam uma

pessoa é que são escritos em letra maiúscula. Portanto, nada de usar MM ou M

ou MM ou qualquer outro símbolo que você veja por aí.

E, quanto ao mol. Mol é a UNIDADE da grandeza quantidade de matéria.

Unidade não tem plural. Você pode até falar em mols, mas NUNCA escrever.

Eu sei que há muitos autores que gostam de escrever mols ou moles

ou ainda, o pior de todos, número de moles. Mas está errado. Tudo bem?

Mol é a unidade da grandeza quantidade de matéria.

Retomando 1 mol de átomos de hidrogênio contém ≈ 6,02 x 1023

átomos de hidrogênio que têm massa = 1,01 g. E, como calcular a massa molar

de uma molécula de água? H2O? Sei que você já pensou, basta somar as

massas de todos os átomos. Muito bem!

Portanto, a massa molar da H2O é 18,0 g/mol. Como foi feito este cálculo?

2 x MH + MO.

Observe a Tabela 2.
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Tabela 2. Relações entre número de entidades elementares e suas

massas

Nome Fórmula Massa atômica do Massa molar da Número e tipo de

elemento químico ou molécula ou partículas em um mol

do composto (u) massa fórmula do

composto (g/mol)

Oxigênio atômico O 16 16 6,02 x1023 átomos

de O

Oxigênio molecular O2 32 32 6,02 x1023

moléculas de O2

2(6,02 x1023)

átomos de O

Cloreto de sódio NaCl 58,5 58,5 6,02 x1023

unidades de NaCl

6,02 x1023 átomos

de Na

6,02 x1023 átomos

de Cl

Espero que você tenha observado a forma como me referi aos diferentes

tipos de massas, massa molar e massa fórmula. Veja, para uma molécula, que

é formada por ligações covalentes, é correto referir-se à massa molar da

molécula. Agora, para um composto que é formado por ligações iônicas, que não

é uma molécula, o termo massa fórmula é mais adequado. Em breve, nós

estudaremos as ligações covalentes e as iônicas, por isso, não se preocupe, se

não se lembra muito como essas ligações são formadas.


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Pois bem, após a apresentação do Modelo Atômico de Dalton, vamos passar

para os cálculos em química por meio de uma ferramenta muito importante para

a química que é a estequiometria.

Não raro, me deparo com alunos em dificuldades para entender as

proporções que a estequiometria apresenta. De fato, estequiometria trata disso,

cálculos de proporções. Você já deve ter estudado este tema no Ensino Médio.

Muito bem, para entender a estequiometria e “caminhar” com a disciplina, vou

relembrar o que é uma equação química.

Uma equação química é a representação de uma reação química, Veja o

exemplo abaixo, que representa uma reação de dissolução de um precipitado

(sal insolúvel em água):

𝑀𝑛𝑆 (𝑠) + 2 𝐻𝐶𝑙 (𝑎𝑞) 𝑀𝑛𝐶𝑙2 (𝑎𝑞) + 𝐻2 𝑆 (𝑔)

Observe como a equação representa a reação química de dissolução do

precipitado. Em primeiro lugar, ela está escrita apresentando os compostos e ao

lado deles há símbolos que representam o estado físico em que se encontram.

Veja,

(aq) = representa que o composto é solúvel em água;

(s) = representa que o composto é sólido naquele meio;

(g) = representa que o composto é um gás.

Também existem reações nas quais há, na frente do composto, o símbolo ( l),

que representa que o composto é líquido naquele meio. Note bem, ser solúvel

em água é diferente de ser líquido, certo? ;-)


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Você notou que há compostos que estão antes da seta e outros que estão

depois, certo? Os compostos que estão antes da seta são os reagentes e os

compostos que estão depois são os produtos. Uma equação, certo.

DESTAQUE:

Quanto à seta: o seu formato é muito importante, pois indica o sentido da

reação. Há reações que apresentam setas duplas, nos dois sentidos () ou

ainda com duas pontas ( ). Neste momento da disciplina, a seta que você deve

usar é a seta de sentido direto (). Nos momentos oportunos, apresentarei as

situações nas quais as outras setas que mostrei deverão ser usadas.

Continuando, observe a diferença na escrita do MnS e do H2S. O número

subscrito indica a quantidade de átomos de um dado elemento químico que há

naquele composto. Quando não há nenhum número, significa que há um átomo

daquele elemento químico no composto. Por fim, o número que está antes do

composto, como, por exemplo, o 2 HCl, indica qual a quantidade daquele mesmo

composto que participa da reação. Novamente, quando não há nenhum número

indicado, significa que é 1. Estes números, os subscritos na fórmula ou os

números inteiros (ou fracionados), na reação, indicam as proporções

estequiométricas entre os átomos de um composto e entre os compostos e são

chamados de coeficientes estequiométricos.

Mas, quando você lê, por exemplo, 2 HCl, o que você lê? Se você respondeu

assim: duas moléculas de HCl e cada molécula é formada por um átomo de


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hidrogênio e um de cloro, está correto. Mas, será que dá para pensar assim? 1

molécula, 2 moléculas, 10 moléculas...? Que é possível é, mas não é factível,

em termos de massa, pois a massa de uma unidade de um composto é muito

pequena. Acho que você já sabe onde eu quero chegar... ;-)

Vamos lá, essas proporções estequiométricas indicam a quantidade de

matéria que há entre os átomos e entre os compostos. Leia a reação novamente,

pensando na quantidade de matéria: 1 mol de sulfeto de manganês (II) reage

com 2 mol de ácido clorídrico formando 1 mol de cloreto de manganês (II) e 1

mol de ácido sulfídrico. A grandeza quantidade de matéria é linda, não? Como

você sabe quantas entidades elementares há na proporção, é possível saber a

sua massa, pois a massa atômica está relacionada com a massa molar, certo?

Essas proporções estequiométricas estão relacionadas, obviamente, com a

quantidade de cada elemento químico. Ao ler a reação, você nota que ela está

balanceada, certo? A quantidade de elementos químicos que estão nos

reagentes é igual à quantidade de elementos químicos que estão nos produtos.

Então, ao escrever uma reação química, é necessário balanceá-la, ajustando a

quantidade de elementos químicos entre os reagentes e produtos, por meio do

ajuste dos coeficientes estequiométricos, os quais apresentam a quantidade de

cada substância, na reação, entendeu?

Pois bem, podemos observar que, quando uma reação está corretamente

balanceada a proporção estequiométrica é refletida na proporção em massa.

E, voltamos para a Lei da Conservação da Massa, e o círculo se fecha, ou se

abre... Abre novos horizontes para uma reação química... ;-)... pois, a partir da
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sua leitura (da reação química), é possível fazer relações entre todos os

compostos para descobrir, teoricamente, quanto de produto será formado a partir

de uma certa quantidade de reagente, qual o reagente que pode limitar a

quantidade de produto formado, qual o reagente que pode estar em excesso e,

também o rendimento da reação.

Por fim, encerrando esta aula, os cálculos estequiométricos são utilizados

em qualquer situação que seja necessário conhecer a quantidade de algum

participante da reação. Seja em escala laboratorial ou industrial. Espero que,

com este pequeno texto, você tenha percebido a importância da estequiometria.

Adicionalmente, preparamos uma videoaula onde apresento mais

um exemplo de cálculo estequiométrico, acrescentando informações sobre

reagentes limitantes, reagentes em excesso e rendimento da reação.

Onde estudar? (BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA):

Mahan, Química um Curso Universitário – cap. 1.

Atkins, Princípios de Química – cap. De Fundamentos.

Brown, Química a Ciência Central – cap. 3.


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Alguns Vídeos Interessantes

“Quão grande é o mol? (não o animal, o outro.) - Daniel Dulek


https://www.youtube.com/watch?v=TEl4jeETVmg (em inglês com legenda traduzida pelo
youtube 4,5 min)

Lei da Conservação das massas por Antoine Laurent Lavoisier (1743 - 1794)
https://www.youtube.com/watch?v=sv31FJ1OsZU (~3min)

Conservação da massa os links https://www.youtube.com/watch?v=mRcLvME9kvs


(~3minanimação em português que explica de uma maneira simples), e
https://www.youtube.com/watch?v=2S6e11NBwiw (A lei da conservação da massa - Todd
Ramsey em inglês com legenda traduzida pelo youtube 5 min com uma explicação mais
elaborada)

O Pai da Química- Mundo Invisível Completo (apresentado por Marcelo Gleiser)


https://www.youtube.com/watch?v=cJC9wcoAKvc (~7,5 min)

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