A LÍNGUA DE EULÁLIA BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: a novela sociolinguística. 16 ed – São Paulo: Contexto, 2008.
Marcos Bagno possui graduação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de
Pernambuco, é doutor em Filologia e em Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Atua como professor associado do Instituto de Letras da Universidade de Brasília. Sua principal área de pesquisa são em tradução, sociolinguística e ensino. Além da sala de aula, Bagno atua como tradutor, tendo domínio de diferentes línguas. O linguista ainda participa de diversos congressos nacionais e internacionais, abordando suas pesquisas em esfera da variação linguística e o preconceito linguístico. Com a narrativa descontraída e engraçada, o linguista Marcos Bagno nos leva para uma viagem de férias junto com as amigas Vera, Sílvia e Emília para a casa da tia de Vera, Irene. A professora de portugus, que mesmo aposentada, continua trabalhando na área de pesquisas sobre variação linguística após ser inspirada pela colega Eulália. Ao chegarem em Atibaia, região localizada no interior da cidade de São Paulo, as amigas se deparam com uma linguagem até então desconhecida por elas: a língua de Eulália. Perplexas pelo modo de falar da antiga empregada, as meninas fazem piada das expressões usadas por ela. Logo são repreendidas pela anfitriã Irene, que defende sua amiga de muitos anos e apresenta às meninas, que a pronúncia de Eulália não é errada ou motivo de chacota, mas que era uma variação linguística da língua portuguesa. Surpreendidas então pelos conhecimentos de Irene, as amigas pedem por uma “aula” para aprenderem melhor sobre as variações das línguas dos brasileiros. De maneira despojada, Irene senta-se ao redor da lareira e explica para as jovens sobre o mito da unidade linguística e levanta um questionamento sobre qual língua que se fala no Brasil, e reflete com as aprendizes sobre a volatilidade da língua, entre seus sotaques e dialetos usados por cada povo brasileiro. Dentro desse contexto, a Doutora elucida as questões de como o preconceito linguístico, atitude que as jovens cometeram contra Eulália, afeta as classes menos privilegiadas e desvaloriza a Língua Portuguesa e seus falantes. Ela também compara o português padrão e o português não padrão, mostrando que, na fala há muito mais semelhanças do que diferenças entre as línguas e salienta que falantes de regiões diferentes conseguem se comunicar perfeitamente mesmo com todas as variedades na fala, e que mesmo falando “errado”, não significa que nao sao capazes de aprender e compreender as regras gramaticais. Finalmente, as jovens se agradecem pelos conhecimentos e quebras de preconceitos adquiridos à tia de Vera e se emocionam ao descobrir que o livro que será lançado por Irene, terá como homenageada no título, a sua grande amiga e primeira aluna, Eulália. Portanto, considera-se indispensável compreendermos o estudo da variedade linguística, para que possamos refletir sobre as relações que ocorrem em todos os níveis da língua e os preconceitos que ela pode gerar dependendo do interlocutor. Observando quando julgamos os vínculos das seleções das sociolinguísticas e de como eles se relacionam entre si, podemos então notar, que a falta da percepção desses conhecimentos, afeta diretamente no desenvolvimento de noções que podem servir para a compreensão profunda dos fenômenos linguísticos e no avanço da linguagem humana. Nota-se de forma substancial, que o texto traz uma grande relevância para todo o protagonismo docente e discente, pois trata-se de um conteúdo vasto e abordado de forma dinâmica, que traz em seu repertório a desmistificação de conceitos de que os modelos da gramática tradicional e da unidade linguística sejam, exclusivamente, a maneira correta de usar a Língua Portuguesa. A partir da narrativa marcante pelo renomado linguista Marcos Bagno, pode-se entender o objetivo de compreender e estudar a capacidade humana criativa e social para a linguagem, valorizando as variedades imensas de falas, educando o leitor a respeitar as pessoas no seu modo de falar. Indica-se, especialmente para graduandos em Letras e pós-graduandos que estão em processo de aprofundamento na área de Variação Linguística, Filologia e Sociolinguística. Logo, de forma indispensável devemos levar em conta a carreira acadêmica do autor e o poder social que a obra carrega na quebra de preconceitos tanto sociais, quanto linguísticos e trazer, não somente para o campo de Letras essa composição, mas levando este conteúdo para além sala de aula e nos territórios educacionais.