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TÉCNICO EM ELETRÔNICA

CECON REDE DE ENSINO

TÉCNICO EM
ELETRÔNICA
MÓDULO
ELETRÔNICA INDUSTRIAL

AMPLIFICADORES OPERACIONAIS
TÉCNICO EM ELETRÔNICA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DOS AMP-OPS

1. Amplificador diferencial
2. Constituição do amp-op
3. Ajuste de offset
4. Razão de rejeição de modo-comum (CMRR)
5. Ganho de tensão
6. Impedâncias de entrada e saída no amp-op
7. Slew rate
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 2 – O AMP-OP COMERCIALMENTE

1. Encapsulamento e conexões de pinos


2. Características especiais dos amp-ops
3. Situação prática
4. Folha de dados do amp-op
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 3 – AMP-OPS BÁSICOS

1. Amp-ops básicos
2. Amp-op inversor
3. Amp-op não inversor
4. Buffer ou seguidor unitário
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 4 – ESPECIFICAÇÕES DO AMP-OP

1. Principais características
2. Especificações máximas absolutas
3. Características elétricas
4. Desempenho do amp-op
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 5 – CIRCUITOS PRÁTICOS COM AMP-OPS

1. Modos de Operação
2. Amplificador somador
3. Amplificador somador não-inversor
4. Amplificador Diferencial ou Subtrator
5. Diferenciador; Integrador.
Ideias-chave
Recapitulando...

AMPLIFICADORES OPERACIONAIS
TÉCNICO EM ELETRÔNICA

UNIDADE 6 – CIRCUITOS COMPARADORES DE TENSÃO

1. O que um circuito comparador de tensão faz?


2. Circuito comparador de tensão
3. Comparador não-inversor com VR nula
4. Comparador inversor com VR nula
5. Comparador não-inversor com VR > 0
6. Comparador inversor com VR > 0
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 7 – AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO E FILTROS ATIVOS

1. Amplificador de instrumentação
2. Filtros ativos
3. Especificação dos filtros
4. Filtro ativo passa-baixas
5. Filtro ativo passa-altas
6. Filtro passa-banda
Ideias-chave
Recapitulando...

UNIDADE 8 – PROTEÇÃO EM CIRCUITOS COM AMP-OP E BUSCA DE PROBLEMAS

1. Proteção das entradas de sinal


2. Proteção de saída; Proteção nas entradas de alimentação
3. Proteção contra ruídos
4. Análises práticas de falhas
5. Busca de problemas
Ideias-chave
Recapitulando...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SITE E LINKS INTERESSANTES

AMPLIFICADORES OPERACIONAIS
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
INTRODUÇÃO – Amplificadores operacionais (amp-op)

O amplificador operacional (amp-op) é um amplificador diferencial, com duas entradas e saída


com terminação simples, de ganho muito alto e com rejeição de modo comum, isto é, possuí a
habilidade de reduzir ruídos de baixa e alta frequência.

Eles apresentam uma impedância de entrada bastante alta, tornando-o incapaz de drenar
uma corrente alta de uma fonte de sinal com alta impedância, e uma impedância de saída
mais baixa, possibilitando alimentar uma carga de baixa impedância.

Além disso, eles permitem que a saída varie por toda (ou quase toda) faixa de alimentação.
Seria difícil enumerar todas as aplicações desse dispositivo.

Segundo Pertence Jr. (2012), podemos dizer que suas aplicações estão presentes nos
sistemas eletrônicos de controle industrial, na instrumentação industrial, na instrumentação
nuclear, na instrumentação médica, nos computadores analógicos, nos equipamentos de
telecomunicações, nos equipamentos de áudio, nos sistemas de aquisição de dados, citando
apenas algumas delas. Por isso, para aprofundar seus conhecimentos para além do conteúdo
teórico, em cada seção dessa unidade apresentaremos situações práticas que podem ocorrer
no dia a dia do profissional de eletrônica. Inicialmente, pensaremos em uma maneira de
eliminar de um circuito eletrônico o ruído de baixa frequência, como o ruído proveniente da
rede elétrica.

Daremos sequência ao estudo usando como situação prática o uso de circuitos com
amplificadores operacionais para amplificar sinais de baixa amplitude proveniente de
sensores em sistemas de instrumentação. Por fim, utilizaremos os conhecimentos adquiridos
nessa unidade para projetar um controlador eletrônico analógico largamente utilizado em
controle de processos.

Para isso, nesta seção apresentaremos os fundamentos necessários para a compreensão


dos amp-ops, para que seja possível nas seções seguintes nos aprofundarmos nos circuitos
com amp-ops e em algumas de suas aplicações básicas, de modo que você possa adquirir o
conhecimento necessário para analisar, implementar e até executar projetos com amp-ops.

Boa leitura.

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UNIDADE 1

FUNDAMENTOS DOS AMP-OPS

Segundo Pertence Jr. (2012), o amp-op é um amplificador CC multiestágio com entrada


diferencial, cujas características se aproximam das de um amplificador ideal. Os primeiros
amplificadores operacionais foram desenvolvidos na década de 1940, eram construídos com
válvulas e por isso possuíam características de operação bastante precárias. No final desta
mesma década, com a criação do transistor, foi possível a construção de um amp-op com
características razoáveis. Em 1963, a Fairchild lançou o primeiro amp-op em um circuito
integrado (CI), o A702. Esse amp-op apresentava uma série de problemas, como baixo
ganho, baixa resistência de entrada, alta sensibilidade a ruídos, entre outros. Isso levou a
própria Fairchild a desenvolver e lançar em 1965 o A709, considerado o primeiro amp-op
confiável do mercado. Em 1968, a mesma empresa lançou o A741, um amp-op de uso geral
que ainda hoje ocupa uma posição de destaque no mercado.

Para fixar os conhecimentos a serem adquiridos nesta seção, vamos pensar em uma situação
prática que é bastante comum em eletrônica. O ruído proveniente da rede de alimentação CA,
em 50 ou 60 Hz, é um problema em circuitos amplificadores de alto ganho. Os circuitos de
potência de 60 Hz irradiam sinais que podem ser captados por circuitos eletrônicos mais
sensíveis. A Figura 1 mostra como esse ruído de baixa frequência pode afetar um certo sinal.

Figura 1: Sinal com ruído de baixa frequência.


Fonte: autoria própria

O resultado é um sinal distorcido com baixa qualidade, pois o ruído de baixa frequência pode
se tornar mais expressivo que o próprio sinal. Se você tivesse que projetar um circuito que
amplificasse o sinal de interesse sem que o ruído fosse amplificado, como você faria isso? É
possível montar uma solução utilizando amplificadores operacionais? A seguir,
apresentaremos os conhecimentos teóricos para te ajudar nessa etapa de projeto.

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1. Amplificador diferencial

Antes de falarmos do amplificador operacional (amp-op) de fato, vamos rapidamente entender


o que é um amplificador diferencial. O amplificador diferencial é uma configuração de uso
extremamente comum em circuitos integrados (CIs). Ele é projetado para responder a uma
diferença entre dois sinais de entrada, daí o seu nome. Na Figura 2 é possível ver um arranjo
básico, nele a fonte de alimentação -VEE fornece a polarização direta para as junções base-
emissor e +VCC polariza reversamente os coletores.

Figura 2: Amplificador diferencial


Fonte: adaptado de Schuler (2013b, p. 2).

Esse circuito pode trabalhar recebendo o sinal de entrada de diversas maneiras, por exemplo,
dizemos que o circuito está operando com entrada simples se o sinal for aplicado a uma das
entradas e a outra for conectada ao terra. Chamamos de entrada dupla se dois sinais de
polaridades opostas são aplicados às duas entradas simultaneamente. E se o mesmo sinal de
entrada é aplicado a ambas as entradas, a operação é chamada de modo-comum (Boylestad,
2013). O amplificador diferencial tem como principal característica o alto ganho quando sinais
opostos são aplicados às entradas.

Aqui, neste início de seção, apenas apresentamos o que é um amplificador diferencial para
darmos início ao estudo dos amplificadores operacionais. No entanto, sua aplicação vai muito
além do seu uso nos estágios do amp-op. Caso deseje saber mais sobre as propriedades dos
amplificadores diferenciais, leia a seção “Análise do amplificador diferencial” (p. 6) do livro
Eletrônica II.

SCHULER, Charles. Eletrônica II. 7ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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2. Constituição do amp-op

Os amp-ops são construídos combinando diversos estágios de amplificadores, sendo o estágio


de entrada um amplificador diferencial, como pode ser visto na Figura 3. Isso confere ao amp-
op algumas características bastantes úteis em circuitos eletrônicos.

Dentre elas, vale destacar:

• Rejeição de modo comum, que possibilita a capacidade de reduzir ruídos de baixa e alta
frequência.

• Alta impedância de entrada, que torna os amp-ops capazes de drenar correntes altas de
fontes de sinal com alta impedância.

• Baixa impedância de saída, possibilitando alimentar adequadamente uma carga de baixa


impedância com um sinal.

• Alto ganho, que em algumas aplicações pode ser reduzido com a realimentação negativa.

Figura 3: Principais seções de um amplificador operacional.


Fonte: Schuler (2013b, p. 12).

A primeira seção desse circuito é um amplificador diferencial e confere ao amp-op as


características de rejeição de modo comum e alta impedância de entrada. A segunda seção
corresponde a um estágio coletor comum. Esse tipo de circuito é conhecido por sua baixa
impedância de saída e empresta essa característica ao amp-op.

Por fim, a última seção é um amplificador de saída que proporciona o ganho elevado ao amp-
op. Observe que temos apenas um terminal de saída, não sendo possível obter uma saída
diferencial. O amp-op é, portanto, um dispositivo com duas portas de entrada (resultado da

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utilização de um amplificador diferencial como estágio de entrada) e uma saída. Seu símbolo
universal pode ser visto na Figura 4.

Figura 4: Símbolo do amp-op.


Fonte: autoria própria

Quando o sinal é conectado a uma das entradas enquanto a outra está conectada ao terra,
dizemos que o amp-op está funcionando com entrada simples. Quando o sinal é conectado na
entrada positiva (não inversora), a saída estará em fase com a entrada. O contrário acontece
se conectarmos o sinal na entrada negativa (inversora), ou seja, nesse caso a saída estará
180°, defasada da entrada. Uma outra possibilidade de utilização é aplicar sinais em ambas as
entradas, o que é chamado de operação com entrada dupla. Nesse caso, a saída estará em
fase com diferença entre os sinais aplicados nas duas entradas. Quando o mesmo sinal é
aplicado em ambas as entradas resulta na operação em modo comum. Em um amp-op ideal
as duas entradas seriam amplificadas de maneira idêntica, de modo que, ao produzirem sinais
de saída de polaridades opostas, esses sinais se cancelariam, resultando em uma saída nula.

3. Ajuste de offset

A Figura 5 mostra um diagrama esquemático genérico de um amp-op na forma de circuito


integrado (CI). Observe que além das entradas e saída do amp-op propriamente dito, temos as
entradas de alimentação negativa (V - ) e positiva (V +) e os terminais de ajuste de offset.
Esses terminais são responsáveis para a correção, externamente, de pequenas assimetrias
que são inevitáveis na fabricação do amp-op.

Figura 5: Diagrama esquemático de um amplificador operacional.


Fonte: Schuler (2013b, p. 13).

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Como os amp-ops são fabricados em CIs, raramente é necessário conhecer detalhes do seu
circuito interno. É comum, portanto, usar a representação apresentada na Figura 4 em projetos
e análises de circuitos com amp-ops.

4. Razão de rejeição de modo-comum (CMRR)

Segundo Boylestad (2013), uma das características mais importantes de uma conexão de
circuito diferencial, como a de um amp-op, é a alta capacidade do circuito de amplificar os
sinais opostos nas suas entradas, enquanto amplifica pouco os sinais que são comuns em
ambas entradas. Desse modo, o amp-op fornece uma rejeição de modo comum, indicada
numericamente pela razão de rejeição de modo-comum (CMRR, do inglês, common mode
rejection ratio), de modo que:

em que Ad é o ganho diferencial e Ac é o ganho em modo comum do amplificador. O valor da


CMRR também pode ser expresso em termos logarítmicos:

Quando entradas separadas são aplicadas ao amp-op, como na Figura 6(a), o sinal resultante
é a diferença entre as duas entradas:

Quando os dois sinais da entrada são iguais, como na Figura 6(b), o sinal comum às duas
entradas é definido como a média entre os dois sinais:

Assim, de modo geral, a saída resultante quando qualquer sinal é aplicado a um amp-op é
definida como:

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Figura 6: Operação (a) diferencial (b) modo-comum.


Fonte: autoria própria

5. Ganho de tensão

O ganho de tensão de um amplificador operacional é dado pela razão entre o sinal de saída
(Vs) e o sinal de entrada (Ve), de modo que:

Para que a amplificação seja viável, especialmente para sinais de baixa amplitude, como
sinais recebidos de transdutores ou sensores, é necessário que o amplificador tenha um alto
ganho de tensão.

Idealmente, o ganho do amp-op seria infinito, porém, na prática, é da ordem de grandeza de


106 V/V. Como os amp-op, em geral, têm grandes valores de ganho, justifica apresentar o seu
ganho em decibéis, assim podemos reescrever a equação acima como:

A representação em decibéis é conveniente, pois permite somar os ganhos dos estágios


sucessivos de um sistema ao invés de multiplicar os seus fatores de ganho. Por exemplo, um
sistema com 3 amplificadores em série, com ganhos de 10 dB, 8 dB e 7 dB, respectivamente,
tem um ganho total de 25 dB.

Além de facilitar na análise de amplificadores encadeados, a representação em decibéis


também facilita quando há necessidade de representar graficamente grandezas com uma
ampla faixa de variação, possibilitando uma melhor visualização dos valores.

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6. Impedâncias de entrada e saída no amp-op

Para falarmos das impedâncias de entrada e saída no amp-op, vamos considerar o modelo
representado na Figura 7, em que um amplificador é alimentado por uma fonte e, por sua vez,
ele alimenta uma carga.

Figura 7: Modelo para um amplificador de sinal.


Fonte: adaptado de Pertence Jr. (2012, p. 11).

O gráfico da Figura 8 mostra as variações de corrente, tensão e potência na carga desse


circuito. No ponto A ocorre a máxima transferência de potência entre o amplificador e a carga.
Porém, em circuitos com amp-ops essa não é a situação mais interessante.

Figura 8: Variações de corrente, tensão e potência na carga.


Fonte: adaptado de Pertence Jr. (2012, p. 11).

Da Figura 7 podemos extrair a seguinte relação:

Analisando a equação acima, podemos concluir que quanto maior for a resistência de entrada

RE em relação a RG, maior será a proporção de VG aplicada sobre RE. Idealmente, RE  ∞ e,

consequentemente VRE = VG, ou seja, é desejável que a resistência de entrada seja muito alta,
idealmente infinita, em relação à resistência de saída da fonte.

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Na carga, temos que:

A partir da equação acima, podemos dizer que quanto menor for a resistência de saída RS
maior será a parcela da tensão VS sobre a carga.
Idealmente,

7. Slew rate

A taxa de inclinação, ou em inglês slew rate, fornece um parâmetro que especifica a taxa
máxima de variação da tensão de saída quando é aplicado um sinal de entrada de grande
amplitude na forma de degrau (BOYLESTAD, 2013), dado por:

Caso se tente variar a saída a uma taxa de tensão maior do que o slew rate, ela não será
capaz de acompanhar a mudança, distorcendo o sinal.

IDEIAS-CHAVE

Amplificador diferencial; Constituição do amp-op; Ajuste de offset; Razão de rejeição de modo-


comum (CMRR); Ganho de tensão; Impedâncias de entrada e saída no amp-op; Slew rate.

RECAPITULADO ...

 O amplificador operacional (amp-op) é um amplificador diferencial, com duas entradas e


saída com terminação simples, de ganho muito alto e com rejeição de modo comum, isto é,
possuí a habilidade de reduzir ruídos de baixa e alta frequência.

 As aplicações dos amp-ops estão presentes nos sistemas eletrônicos de controle industrial,
na instrumentação industrial, na instrumentação nuclear, na instrumentação médica, nos
computadores analógicos, nos equipamentos de telecomunicações, nos equipamentos de
áudio, nos sistemas de aquisição de dados, citando apenas algumas delas.

 O amp-op é um amplificador CC multiestágio com entrada diferencial, cujas características


se aproximam das de um amplificador ideal.

 O amp-op possui Rejeição de modo comum, que possibilita a capacidade de reduzir


ruídos de baixa e alta frequência.

 O amp-op possui Alta impedância de entrada, que torna os amp-ops capazes de drenar
correntes altas de fontes de sinal com alta impedância.

 O amp-op possui Baixa impedância de saída, possibilitando alimentar adequadamente

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uma carga de baixa impedância com um sinal.

 O amp-op possui Alto ganho, que em algumas aplicações pode ser reduzido com a
realimentação negativa.

UNIDADE 2

O AMP-OP COMERCIALMENTE

1. Encapsulamento e conexões de pinos

Comercialmente, os amplificadores estão disponíveis nos mais diversos tipos. Existem


inúmeros fabricantes de circuitos integrado (CI) e cada um deles possui uma codificação para
os seus produtos.

Um mesmo CI pode ser produzido por vários fabricantes diferentes, de modo que é importante
que o projetista tenha conhecimento da existência de diferentes códigos e saiba discernir o
fabricante e buscar a folha de dados do mesmo para pesquisar as características do
dispositivo e estabelecer as equivalências necessárias. No Quadro 1, temos a codificação
utilizada pelos fabricantes mais conhecidos no mundo para o famoso amp-op 741.

Quadro 1: Códigos do amp-op 741.


Fonte: Pertence Jr. (2012, p. 7).

Com o lançamento do A741, em 1968, a Fairchild resolvia uma série de problemas que
ocorriam com seus antecessores, principalmente devido à inclusão de um capacitor de
compensação interna no CI (as versões anteriores necessitavam do uso de um capacitor
externo).

ELETRÔNICA APLICADA 14
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Com isso o A741 praticamente virou sinônimo de amplificador operacional, a ponto que muitos
amplificadores modernos têm sua pinagem baseado nos pinos do 741. Como vimos, ainda
hoje diversas fabricantes de componentes eletrônicos produzem uma versão desse chip
clássico e o 741 se tornou onipresente na eletrônica.

Lançado em 1968 pela Fairchild (PERTENCE Jr., 2012) o 741 é um exemplar pequeno,
encapsulado no mini-DIP (do inglês, dual in-line package), com mostrado na Figura 9(a). As
conexões dos pinos são mostradas na Figura 9(b). O ponto no canto superior esquerdo
identifica a extremidade a partir da qual inicia a numeração dos pinos.

Figura 9: Amp-op 741 (a) encapsulamento (b) conexões de pinos.


Fonte: autoria própria

Como já foi dito, o fato dos transistores do estágio diferencial (Unidade 1 na Figura 3) não
serem idênticos provoca um desbalanceamento interno, resultando em uma tensão na saída
chamada tensão de offset de saída, mesmo que as entradas estejam aterradas. Na prática, um
potenciômetro é conectado aos pinos 1, 5 e 4, como visto na Figura 10 para o 741,
possibilitando o cancelamento do sinal de erro.

Figura 10: Ligação para cancelamento do offset em um 741.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 15
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potenciômetro é ajustado para que o terminal de saída esteja no potencial CC do terra, sem
que haja tensão de entrada CC diferencial. O circuito de cancelamento do erro é projetado
para eliminar um nível de offset interno da ordem de milivolts. Portanto, o potenciômetro
apresenta uma faixa limitada de operação, de modo que esse arranjo passa a ser inadequado
quando se deseja anular o nível de offset interno quando se tem uma grande tensão CC
aplicada na entrada diferencial. A boa notícia é que nesses casos em geral, o valor reduzido
do offset não representa problemas, e os terminais de ajuste permanecem desconectados,
portanto.

2. Características especiais dos amp-ops

Alguns amp-ops possuem características especiais, pois são projetados para aplicações
especificas. Por exemplo, baixo consumo de corrente para dispositivos alimentados por bateria
ou uma ampla largura de banda para aplicações em alta velocidade. A Tabela 1 mostra
diversos amp-ops com algumas das suas características.

ELETRÔNICA APLICADA 16
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL Tabela 1: Amostra de especificações de amp-ops.
Fonte: adaptado de Schuler (2013b, p. 16).

3. Situação prática

Relembrando nossa situação prática, precisamos indicar um tipo de solução para amplificar
um sinal sem que o ruído de baixa frequência, proveniente de interferência da rede elétrica,
seja também amplificado.

Como vimos, o amplificador operacional é composto por múltiplos estágios, sendo o primeiro
deles um amplificador diferencial. Isto confere ao amp-op a capacidade de rejeitar um sinal de
modo comum. Como vimos, de um modo geral a tensão de saída de um amp-op é dada por:

em que Vs é a tensão de saída, Vd = Ve1 – Ve2 é tensão diferencial de entrada, resultante da


diferença entre os sinais aplicados nas entradas do amp-op e Vc = ½ . (Ve1 + Ve2) é a tensão
de modo comum, obtido como a média do sinal aplicado em ambas as entradas. A razão de
rejeição em modo comum é dada em dB por:

No 741, por exemplo, seu valor típico é de 90 dB. Isto significa que o ganho diferencial Ad é
aproximadamente 31622,78 vezes maior que o ganho em modo comum Ac. Portanto, como o
ruído de baixa frequência é comum às duas entradas do amp-op, pois ambas estarão sujeitas
à mesma interferência dos circuitos de potência, ocorrerá, portanto, a rejeição desse distúrbio.
Na Figura 11 podemos ver um esquema simplificado de como isso acontece. Nesse ponto é
importante que você saiba que esse é um esquema apenas para fins didáticos, na prática não
usamos apenas um amplificador operacional para realizar esse tipo de operação.

Figura 11: Rejeição de ruído em um amp-op.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 17
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OINDUSTRIAL
sinal com ruído é aplicado nas duas entradas e por isso está sujeito a um ganho 31622,78
vezes menor que o ganho do sinal aplicado em apenas uma das entradas do amp-op.

4. Folha de dados do amp-op

Descrição da situação-problema

Como você já deve ter notado nesse ponto, é fundamental que o profissional de eletrônica
saiba ler com facilidade uma folha de dados, ou datasheet, de um componente eletrônico.
Como o 741 é o amplificador operacional mais comum, e será impossível que você trabalhe
com eletrônica sem que tenha contato com ele pelo menos algumas vezes, pesquise pela sua
folha de dados e verifique a sua pinagem, veja seu diagrama esquemático (compare com o
apresentado na Figura 5) e busque entender quais são suas informações mais importantes.
Pense também na situação anterior, em que precisamos amplificar um sinal diferencial sujeito
a ruído. O uso do 741 é o mais adequado? Em que ocasião isso ocorre? Será que um
amplificador de instrumentação poderia ser adequado em situações onde se tem um sinal de
baixa amplitude?

Resolução da situação-problema

Primeiro, para o 741, vamos usar a folha de dados do LM741 da Fairchild como referência.
Como já sabemos, cada fabricante irá apresentar as informações da maneira que lhe convém,
e aproveitamos esse momento para reforçar que os termos nas figuras apresentadas a seguir
estão em inglês, pois como já bem dizemos, em sua grande maioria, as folhas de dados são
disponibilizadas em inglês, por isso é importante que você esteja familiarizado com esses
termos.

O LM741 é um amplificador operacional de uso geral, ele destina-se a uma ampla gama de
aplicações analógicas. A Figura 12(a) apresenta a pinagem deste amp-op e a Figura 12(b) seu
diagrama esquemático.

ELETRÔNICA APLICADA 18
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Figura 12: Diagrama (a) de blocos interno e (b) esquemático.


Fonte: Fairchild (2007, p. 1 e 2).

Segundo Boylestad (2013), as especificações máximas absolutas fornecem informações sobre


quais são as máximas tensões de alimentação que podem ser utilizadas, o intervalo permitido
para o sinal de entrada e qual é a potência máxima que o dispositivo aguenta operar. Os
valores para o 741 podem ser vistos na Tabela 2.

Tabela 2: Valores máximos absolutos para a faixa de operação a 25°C.


Fonte: Fairchild (2007, p. 2).

As características elétricas incluem, além de parâmetros considerados úteis para o usuário, os


parâmetros mencionados anteriormente nessa seção. O fabricante costuma oferecer algumas
combinações de valores típicos, mínimos e máximos.

Listamos na Tabela 3 apenas alguns dos valores apresentados na folha de dados, é


importante que você veja no original os demais parâmetros.

ELETRÔNICA APLICADA 19
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Tabela 3: Características elétricas para VCC = 15 V, VEE = −15 V e 25°C.


Fonte: Fairchild (2007, p. 3).

Como vimos, o LM741 tem valor típico de CMRR de 90 dB e valor mínimo de 70 dB. Caso a
diferença entre as amplitudes dos sinais diferencial e de modo comum seja grande o bastante,
aplicar o LM741 pode ser suficiente. Mas se essa diferença for baixa, ou seja, o sinal que se
deseja amplificar tiver a amplitude muito próxima ao ruído, o amplificador não conseguirá
“diferenciar” entre os dois sinais e amplificar somente o sinal desejado.

Como vimos o LM741 é um amplificador operacional de uso geral e ele destina-se a uma
ampla gama de aplicações analógicas, mas para amplificar um sinal de baixa amplitude sujeito
a ruído, uma opção interessante seria usar um amplificador de instrumentação de baixa
potência como a série INA12x (TEXAS, 2018), que possui CMRR típico de 130 dB e mínimo
de 120 db.

DEIAS-CHAVE

Encapsulamento e conexões de pinos; Características especiais dos amp-ops; Situação prática;


Folha de dados do amp-op.

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ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL ...
RECAPITULADO

 Comercialmente, os amplificadores estão disponíveis nos mais diversos tipos.

 Existem inúmeros fabricantes de circuitos integrado (CI) e cada um deles possui uma
codificação para os seus produtos.

 Um mesmo CI pode ser produzido por vários fabricantes diferentes, de modo que é
importante que o projetista tenha conhecimento da existência de diferentes códigos e saiba
discernir o fabricante e buscar a folha de dados do mesmo para pesquisar as características
do dispositivo e estabelecer as equivalências necessárias.

 Lançado em 1968 pela Fairchild (PERTENCE Jr., 2012) o 741 é um exemplar pequeno,
encapsulado no mini-DIP (do inglês, dual in-line package).

 Alguns amp-ops possuem características especiais, pois são projetados para aplicações
especificas.

 É fundamental que o profissional de eletrônica saiba ler com facilidade uma folha de dados,
ou datasheet, de um componente eletrônico.

UNIDADE 3

AMP-OPS BÁSICOS

A principal forma de alimentar um AO é usando fonte simétrica ou fonte dupla (+VCC e –VCC),
que pode ser obtida com circuitos integrados específicos das famílias 78XX para a fonte
positiva e 79XX para a negativa. A tensão de saturação (máxima tensão de saída),
determinada pelo valor da fonte, é, na prática, cerca de 10% menor que a alimentação.

A entrada positiva (+) é chamada de não inversora, porque a tensão nela aplicada apresenta
resposta na saída sem alterar sua fase (Figura 13). A entrada negativa (–) recebe o nome de
inversora, porque a tensão nela aplicada tem resposta na saída defasada de 180° (Figura 14).

ELETRÔNICA APLICADA 21
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Figura 13: AO em malha aberta com entrada inversora aterrada: a) entrada não inversora positiva e saída positiva
e b) entrada não inversora negativa e saída negativa.
Fonte: autoria própria

Figura 14: AO em malha aberta com entrada não inversora aterrada: a) entrada inversora positiva e saída negativa
e b) entrada inversora negativa e saída positiva.
Fonte: autoria própria

Em relação às figuras 13 e 14, poderíamos generalizar escrevendo que:

• Se V+ > V–, a saída satura positivamente

• Se V+ < V–, a saída satura negativamente.

• Se V+ = V–, a saída deveria ser nula, o que na prática não acontece por causa dos erros
de offset.

Quando o AO é configurado em malha aberta, como nas figuras 13 e 14, ele está sem
realimentação (a saída não está ligada à entrada) e, como a saída tende a saturar facilmente
porque o ganho é extremamente elevado, não pode ser usado como amplificador. Para obter
um amplificador com o ganho estabilizado, deve-se aplicar realimentação negativa no AO, e
isso é feito ligando a saída à entrada inversora com uma rede de resistências.

1. Amp-ops básicos

ELETRÔNICA APLICADA 22
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Esses circuitos servem de base para todas as outras aplicações lineares, sempre com
realimentação negativa (saída conectada com a entrada inversora).

São eles: Amplificador não inversor, buffer ou seguidor de tensão e amplificador inversor.

Antes de listar alguns dos circuitos básicos com amp-op mais comuns, vamos descrever
brevemente três modos de operação do amp-op e introduzir o conceito de curto-circuito virtual
e terra virtual.

O amp-op pode operar sem realimentação, como visto na Figura 15, modo denominado
também de operação em malha aberta. É neste modo que é válido o ganho de tensão
estipulado pelo fabricante e descrito na folha de dados, de modo que não conseguimos ter
controle do mesmo. Esse tipo de operação é bastante útil para circuitos comparadores.

Figura 15: Amp-op sem realimentação.


Fonte: autoria própria

Em malha fechada há duas possibilidades de operação: a primeira, com realimentação


positiva, como visto na Figura 16(a), apresentando como inconveniente o fato de levar o
circuito à instabilidade. Mas, ainda assim, este modo de operação pode ser usado em circuitos
osciladores.

Figura 16: Amp-op com realimentação: (a) positiva e (b) negativa.


Fonte: autoria própria

No entanto, o modo de operação mais importante em circuitos com amp-ops é o com

ELETRÔNICA APLICADA 23
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL negativa (Figura 16(b)). Sua resposta é linear e o ganho de tensão pode ser
realimentação
controlado pelo projetista, possibilitando criar diversas aplicações como: seguidor de tensão,
amplificador não inversor, amplificador inversor, somador, amplificador diferencial,
diferenciador, integrador, filtros ativos e muitos outros.

Para entendermos o funcionamento dos circuitos apresentados mais adiante é importante


conhecer os conceitos de curto-circuito virtual e terra virtual.

Figura 17: Modelo de um amplificador operacional.


Fonte: autoria própria

De acordo com a Figura 17, a diferença de potencial entre a e b é nula, independente dos
sinais aplicados à entrada. Por isso, podemos afirmar que entre os terminais inversor e não
inversor, quando o amp-op é realimentado negativamente, há um curto-circuito virtual.

Se aterrarmos a entrada não inversora, ou seja, entrada não inversora = 0, o potencial no


terminal inversor será nulo, fato que chamamos de terra virtual.

Segundo Pertence Jr. (2012) um circuito com amp-op é dito linear quando o mesmo opera
como amplificador. Se além disso, ao considerarmos o amp-op como ideal a análise de
circuitos lineares com amp-op passa a ser bastante simples, de modo que podemos aplicar
teoremas já estabelecidos na teoria de circuitos elétricos, como as leis de Kirchhoff, o teorema
da superposição, o teorema de Thèvenin, para citar algumas técnicas.

A partir dos conceitos apresentados, para que um amp-op seja útil no tratamento de sinais é
necessário limitar o seu ganho sem abrir mão de suas características fundamentais. Nesse
sentido, inicialmente, vamos estudar a configuração inversora.

2. Amp-op inversor

O amplificador inversor (Figura 18) tem realimentação negativa, porém o sinal a ser
amplificado é aplicado na entrada inversora.

ELETRÔNICA APLICADA 24
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 18: Amplificador inversor


Fonte: autoria própria

Aplicando a lei das correntes de Kirchhof (LCK) no ponto a,


temos:

Considerando o amp-op ideal, devido ao curto-circuito virtual, temos que ip1 = 0. Portanto,

Como a porta não inversora está aterrada, podemos considerar que a entrada inversora está
conectada ao terra virtual, ou seja, Va = 0, assim:

de modo que: ou

Em que Avmf é ganho de malha fechada. O sinal negativo indica a defasagem de 180° do sinal
de saída em relação à entrada.

O circuito amplificador de ganho constante mais amplamente utilizado é o amplificador


inversor, mostrado na Figura 18. A saída é obtida pela multiplicação da entrada por um ganho
fixo ou constante, definido pelo resistor de entrada (R1) e pelo resistor de realimentação (R2)
— essa saída também é invertida em relação à entrada.

EXEMPLO 1

Se o circuito da Figura 18 tiver R1 = 100kΩ e R2 = 500kΩ, qual a tensão de saída resultante

ELETRÔNICA APLICADA 25
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
para uma entrada de V1 = 2 V?

Solução:

Da equação: temos: 

3. Amp-op não inversor

A conexão da Figura 19 mostra um circuito com amp-op que trabalha como um amplificador
não inversor com realimentação negativa ou um multiplicador de ganho constante.

Observe que a conexão de amplificador inversor é mais amplamente utilizada por ter melhor
estabilidade em frequência.

Para determinar o ganho de tensão do circuito, podemos utilizar a representação equivalente


mostrada na Figura 19.

Figura 19: Amplificador não inversor.


Fonte: autoria própria
Note que a tensão através de R1 é V1, uma vez que Vd ≈ 0 V. Isso também vale para a tensão
de saída através do divisor de tensão entre R1 e R2, de maneira que:

o que resulta em:

As configurações inversoras e não inversoras são muito utilizadas para realizar funções
simples, por exemplo, somar sinais (somador inversor de três entradas).

EXEMPLO 2

Calcule a tensão de saída de um amplificador não inversor (como o da Figura 19) para valores
de V1 = 2 V, R2 = 500 kΩ e R1 = 100 kΩ.

ELETRÔNICA APLICADA 26
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
Solução:

Da equação: temos: 

4. Buffer ou seguidor unitário

Um caso particular do amplificador inversor ocorre quando R1 → ∞ e R2 → 0, como mostrado

na Figura 20.

Figura 20: Seguidor de tensão ou buffer.


Fonte: autoria própria

Nesse caso, a relação entre as tensões de entrada e saída é simplesmente Vs = Ve,


justificando o nome seguidor de tensão (em inglês, buffer), que pode ser utilizado para
desacoplar estágios, reforçar correntes e casar impedâncias.

O circuito seguidor unitário mostrado na Figura 20 fornece um ganho unitário (1) sem inversão
de polaridade ou fase. Fica claro que

e que a saída tem a mesma polaridade e magnitude da entrada. O circuito opera como um
circuito seguidor de emissor ou seguidor de fonte, só que o ganho é exatamente unitário.

DEIAS-CHAVE

Amp-ops básicos; Amp-op inversor; Amp-op não inversor; Buffer ou seguidor unitário

RECAPITULADO ...

ELETRÔNICA APLICADA 27
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
 A principal forma de alimentar um AO é usando fonte simétrica ou fonte dupla (+VCC e –
VCC), que pode ser obtida com circuitos integrados específicos das famílias 78XX para a
fonte positiva e 79XX para a negativa. Existem inúmeros fabricantes de circuitos
integrado (CI) e cada um deles possui uma codificação para os seus produtos.

 A entrada positiva (+) de um amp-op é chamada de não inversora, porque a tensão nela
aplicada apresenta resposta na saída sem alterar sua fase.

 A entrada negativa (–) de um amp-op recebe o nome de inversora, porque a tensão nela
aplicada tem resposta na saída defasada de 180°.

 Os amp-ops básicos são: Amplificador não inversor, buffer ou seguidor de tensão e


amplificador inversor.

 O amplificador inversor tem realimentação negativa, porém o sinal a ser amplificado é


aplicado na entrada inversora.

 O amplificador inversor é mais amplamente utilizado por ter melhor estabilidade em


frequência.

 O buffer é utilizado para desacoplar estágios, reforçar correntes e casar impedâncias.

UNIDADE 4

ESPECIFICAÇÕES DO AMP-OP

Antes de abordarmos várias aplicações práticas que utilizam amp-ops, devemos nos
familiarizar com alguns dos parâmetros utilizados para definir a operação da unidade.

Essas especificações incluem tanto características CC quanto características em frequência


ou transitórias, abordadas a seguir.

ELETRÔNICA APLICADA 28
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
1. Principais características

Na prática, um AO apresenta características técnicas e físicas que devem ser observadas para
que os circuitos funcionem adequadamente. Começaremos mostrando a pinagem e os tipos
de encapsulamento mais usados. A Figura 21 ilustra os dois tipos de encapsulamento mais
conhecidos: o TO-99 e o DIP-8.

Figura 21: Encapsulamentos: (a) TO -99 e (b) DIP-8.


Fonte: autoria própria

Em um datasheet, obtêm-se os limites máximos e as características elétricas de um amp-op.

Nesta seção, discutiremos como as especificações do fabricante são interpretadas para um


amp-op típico. Um CI amp-op bipolar comum é o 741, descrito pelas informações fornecidas
na Figura 22. O amp-op está disponível em diversos tipos de encapsulamentos, sendo o
encapsulamento DIP de 8 pinos e o encapsulamento plano de 10 pinos os mais comuns.

ELETRÔNICA APLICADA 29
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 22: Especificações do amp-op 741.


Fonte: autoria própria

2. Especificações máximas absolutas

As especificações máximas absolutas fornecem informações sobre quais são as máximas

ELETRÔNICA APLICADA 30
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
tensões de alimentação que podem ser utilizadas, quão grande pode ser a excursão do sinal
de entrada e com que potência máxima o dispositivo é capaz de operar. Dependendo da
versão específica do 741 utilizada, a maior tensão de alimentação é uma fonte dupla de ±18 V
ou ±22 V. Além disso, o CI pode dissipar internamente de 310 mW até 570 mW, dependendo
do encapsulamento utilizado no CI.

A Tabela 4 resume alguns valores típicos utilizados nos exemplos e problemas.

Tabela 4: Valores máximos absolutos.


Fonte: autoria própria

EXEMPLO 3

Determine a corrente drenada de uma fonte de alimentação dupla de ±12 V, considerando-se


que o CI dissipa 500 mW.

Solução: Se considerarmos que cada fonte fornece metade da potência total para o CI, então:

de maneira que cada fonte fornecerá uma corrente de:

3. Características elétricas

As características elétricas incluem muitos dos parâmetros mencionados anteriormente neste


capítulo.

O fabricante fornece algumas combinações de valores típicos, mínimos ou máximos para


vários parâmetros considerados mais úteis para o usuário. Há um resumo na Tabela 5.

ELETRÔNICA APLICADA 31
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Tabela 5: Valores máximos absolutos.


Fonte: autoria própria

a) Tensão de offset de entrada (VIO)  A tensão de offset de entrada é gerada no


primeiro estágio do AO. São os valores de tensão base-emissor dos transistores do
primeiro par diferencial. A tensão de offset de entrada é normalmente 1mV, mas pode
chegar a 6mV. A tensão de offset de saída é calculada com base no circuito utilizado.
Se o interesse for avaliar a pior condição possível, o valor máximo deve ser usado.
Valores típicos são aqueles mais comumente esperados na prática quando se usam
amp-ops.

b) Corrente de offset de entrada (IIO)  Define-se a corrente de offset de entrada como


a diferença entre as duas correntes de entrada do AO. Segundo o datasheet da tabela
5, tipicamente o valor é de 20 nA, enquanto o maior valor esperado é de 200nA.

c) Corrente de polarização de entrada (IIB)  A corrente de polarização de entrada (IP)


é definida como o valor médio das duas correntes de entrada.

Ela pode ampliar a tensão aplicada na entrada inversora, pois, ao passar pela
resistência equivalente que existe nessa entrada, desenvolve uma tensão em relação à
entrada aterrada, ampliando a diferença de tensão.

Para eliminar ou minimizar tal problema, é colocada na outra entrada uma resistência
de valor igual ao da resistência equivalente, cujo valor é igual a R = R1 // R2 (Figura
23).

Na prática, a colocação da resistência na entrada não inversora não elimina totalmente


a tensão de offset na saída; a correção deve ser efetuada por meio de circuitos
adequados. A corrente de polarização de entrada normalmente é 80nA, podendo

ELETRÔNICA APLICADA 32
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
alcançar 500nA.

Figura 23: a) Erro de offset causado pela corrente de polarização de entrada em mV


e b) correção do erro.
Fonte: autoria própria

d) Faixa de tensão de entrada de modo comum (VICR)  Este parâmetro apresenta a


faixa sobre a qual a tensão de entrada pode variar (utilizando uma fonte de ±15 V),
cerca de ±12 V a ±13 V. Entradas de amplitude maiores que esse valor provavelmente
provocarão uma distorção na saída e devem ser evitadas.

e) Oscilação máxima de pico da tensão de saída (VOM)  Este parâmetro apresenta o


valor máximo que o sinal de saída pode atingir (utilizando uma fonte de ±15 V).
Dependendo do ganho de malha fechada do circuito, o sinal de entrada deve ser
limitado para evitar a variação da saída em uma faixa superior a ±12 V, no pior caso, ou
±14 V, tipicamente.

f) Amplificação de tensão diferencial para grandes sinais (ADV)  Este é o ganho de


tensão de malha aberta do amp-op. Embora um valor mínimo de 20 V/mV, ou 20.000

ELETRÔNICA APLICADA 33
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
V/V seja listado, o fabricante também lista um valor típico de 200V/mV ou 200.000V/V.

g) Resistência de entrada (ri)  A resistência de entrada do amp-op, quando medida


sob condições de malha aberta, é tipicamente 2MΩ, mas poderia ser tão pequena
quanto 0,3MΩ ou 300kΩ. Em um circuito de malha fechada, essa impedância de
entrada pode ser muito maior, como discutido anteriormente.

h) Resistência de saída (ro)  A resistência de saída do amp-op é, tipicamente, de 75


Ω. Nenhum valor mínimo ou máximo é dado pelo fabricante para esse amp-op.
Novamente, no circuito de malha fechada, a impedância de saída pode ser mais baixa,
dependendo do ganho do circuito.

i) Capacitância de entrada (Ci)  Para considerações sobre altas frequências, é útil


saber que a entrada para o amp-op tem tipicamente 1,4 pF de capacitância, um valor
geralmente pequeno mesmo se comparado com a capacitância parasita de fiação.

j) Razão de rejeição de modo-comum (CMRR)  Esse parâmetro informa a medida da


rejeição do sinal em modo comum, isto é, quando as entradas apresentam valores
idênticos.

Quanto maior o valor da RRMC, melhor o ganho do AO. O valor ideal para esse
parâmetro tende a ser infinito.

Este parâmetro do amp-op é tipicamente 90 dB, mas pode chegar a 70 dB. Visto que 90
dB equivale a 31.622,78, o amp-op amplifica a diferença das entradas acima de 30.000
vezes mais do que amplifica o ruído (entrada comum).

k) Corrente de alimentação (Icc)  Esse parâmetro ajuda o usuário a determinar o


tamanho da fonte de tensão a ser utilizada. Também pode ser usado para calcular a
potência dissipada pelo CI (PD = 2VCC . ICC).

O amp-op drena um total de 2,8 mA, tipicamente da fonte dupla de tensão, mas a
corrente drenada pode ser tão pequena quanto 1,7 mA.

l) Dissipação total de potência (PD)  A potência total dissipada pelo amp-op é

ELETRÔNICA APLICADA 34
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
tipicamente 50 mW, mas pode chegar a 85 mW. Com relação ao parâmetro anterior,
podemos ver que o amp-op dissipará cerca de 50 mW quando drenar aproximadamente
1,7 mA de uma fonte dupla de 15 V. Para tensões de alimentação menores, a corrente
drenada, assim como a dissipação total de potência, será menor.

EXEMPLO 4

Utilizando especificações listadas na Tabela 5, calcule a tensão de offset de saída típica para a
conexão de circuito da Figura 24.

Figura 24: Circuito com amp-op.


Fonte: autoria própria
Solução:

O offset na saída devido a VIO é calculado por:

A tensão de saída devida a IIO é calculada por:

Considerando que esses dois offsets sejam de mesma polaridade na saída, obtemos a tensão
total de offset de saída:

4. Desempenho do amp-op

O fabricante fornece diversas descrições gráficas a respeito do desempenho do amp-op. A

ELETRÔNICA APLICADA 35
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
Figura 25 inclui algumas curvas de desempenho típicas que comparam várias características
em função da tensão de alimentação.

O ganho de tensão de malha aberta aumenta à medida que aumenta o valor da tensão de
alimentação.

O ganho de tensão é um dos principais parâmetros que caracterizam o desempenho dos


AmpOps reais. O ganho finito tem como consequência a necessidade de uma diferença de
tensão não nula entre os terminais positivo e negativo da entrada do AmpOp, deixando,
portanto, de constituir um curto-circuito virtual.

Enquanto as informações fornecidas anteriormente correspondem a uma tensão de


alimentação específica, as curvas de desempenho a seguir mostram como o ganho de tensão
é afetado utilizando-se uma gama de valores de tensão de alimentação.

Figura 25: Curvas de desempenho.


Fonte: autoria própria

A curva de desempenho na Figura 25 mostra como o consumo de potência varia em função da


tensão de alimentação. Como podemos ver, o consumo de potência aumenta com valores
maiores da tensão de alimentação.

Por exemplo, enquanto a dissipação de potência é cerca de 50mW em VCC = ±15 V, ela cai
para cerca de 5mW com VCC = ±5 V.

ELETRÔNICA APLICADA 36
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
Duas outras curvas mostram como as resistências de entrada e saída são afetadas pela
frequência: a resistência de entrada cai e a resistência de saída aumenta em altas frequências.

DEIAS-CHAVE

Principais características; Especificações máximas absolutas; Características elétricas;


Desempenho do amp-op.

RECAPITULADO ...

 O diodo retificador é um semicondutor mais simples e muito usual. Eles trabalham com
maiores níveis de potência e possuem um tempo de chaveamento maior em relação aos
outros diodos.

 Na prática, um AO apresenta limitações técnicas e físicas que devem ser observadas


para que os circuitos funcionem adequadamente.

 Os dois tipos de encapsulamento mais conhecidos dos amp-ops: o TO-99 e o DIP-8.

 Em um datasheet, obtêm-se os limites máximos e as características elétricas de um amp-


op.

 Deve-se conhecer como as especificações do fabricante são interpretadas para um amp-


op típico.

 Um CI amp-op bipolar comum é o 741.

 O amp-op está disponível em diversos tipos de encapsulamentos, sendo o


encapsulamento DIP de 8 pinos e o encapsulamento plano de 10 pinos os mais comuns.

 As especificações máximas absolutas fornecem informações sobre quais são as máximas


tensões de alimentação que podem ser utilizadas, quão grande pode ser a excursão do
sinal de entrada e com que potência máxima o dispositivo é capaz de operar.

 O fabricante fornece algumas combinações de valores típicos, mínimos ou máximos para

ELETRÔNICA APLICADA 37
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
vários parâmetros considerados mais úteis para o usuário.

 O fabricante fornece diversas descrições gráficas a respeito do desempenho do amp-op.

UNIDADE 5

CIRCUITOS PRÁTICOS
COM AMP-OPS

O amp-op pode ser conectado em um grande número de circuitos para estabelecer várias
possibilidades operacionais. Nesta seção, abordaremos algumas das conexões mais comuns
destes circuitos.

Mas, antes de abordarmos esse assunto, vamos falar sobre os Modos de Operação, ou seja,
os tipos de realimentação existentes.

1. Modos de Operação

A) Sem Realimentação:

Este modo é também denominado operação em malha aberta e o ganho do AOP é estipulado
pelo próprio fabricante, ou seja, não se tem controle sobre o mesmo.

Esse tipo de operação é muito útil quando se utiliza circuitos comparadores e o ganho
diferencial não temos acesso e nem podemos controlá-lo, porém é usado como circuito
comparador de tensões. Na figura 26 temos um AOP em malha aberta.

Este circuito comparador será estudado posteriormente.

Figura 26: Circuito comparador de tensões.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 38
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

B) Realimentação Positiva

Realimentar significa que uma fração da tensão de saída é re-injetada numa das entradas. Se
esta entrada for a entrada +, então temos a realimentação positiva.

Esse tipo de realimentação é instável e por isso usado em osciladores.

Esse tipo de operação é denominado operação em malha fechada. Apresenta como


inconveniente o fato de conduzir o circuito à instabilidade.

Uma aplicação prática da realimentação positiva está nos circuitos osciladores, conforme já
mencionado. A figura 27 mostra um AOP submetido à realimentação positiva.

Figura 27: Circuito com realimentação positiva.


Fonte: autoria própria

A) Realimentação Negativa

Este tipo é o mais importante meio de realimentação, pois estabiliza o sinal e tende a
aproximar as características do amplificador real com o ideal (ZIN → ∞, ZO → 0, A →
constante).

Existem muitas aplicações dentro da eletrônica usando este tipo de realimentação.

O grande mérito da realimentação negativa é que podemos controlar (variar) o ganho de


tensão, e estabilizá-lo num valor desejado.

Esse modo de operação é o mais importante em circuitos com AOP e também é um modo de
operação em malha fechada, porém com resposta linear e ganho controlado. Na figura 28
temos um AOP operando com realimentação negativa.

ELETRÔNICA APLICADA 39
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 28: Circuito com realimentação negativa.


Fonte: autoria própria

2. Amplificador somador

Provavelmente, o mais utilizado dos circuitos com amp-op é o circuito amplificador somador
mostrado na Figura 29. O circuito mostra um circuito amplificador somador de três entradas
que fornece um meio de somar algebricamente (adicionando) três tensões, cada uma
multiplicada por um fator de ganho constante.

Figura 29: Amplificador somador.


Fonte: autoria própria

A tensão de saída pode ser escrita em termos das


entradas como:

Em outras palavras, cada entrada adiciona uma tensão à saída multiplicada pelo seu
correspondente fator de ganho. Se mais entradas forem utilizadas, cada uma acrescentará um
componente adicional à saída. O circuito da figura 30 mostra um circuito amplificador somador
de n entradas que fornece um meio de somar algebricamente (adicionando) n tensões, cada
uma multiplicada por um fator de ganho constante. Em outras palavras, cada entrada adiciona
uma tensão à saída, multiplicada pelo seu correspondente fator de ganho.

ELETRÔNICA APLICADA 40
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 30: Amplificador somador de n entradas.


Fonte: autoria própria

A saída VO é determinada por:

Amplificadores somadores com amp-ops também são chamados de MIXERS (misturadores).


Um pode ser utilizado para somar as saídas de quatro microfones durante uma sessão de
gravação. Uma das vantagens dos mixers de áudio inversores é a ausência de interação entre
as entradas. Isso evita que um sinal de entrada surja nas demais entradas. A Figura 31 mostra
que o terra virtual isola as entradas.

Figura 31: O terra virtual isola as entradas entre si do amplificador somador de n entradas.
Fonte: autoria própria

O amplificador somador é um dos circuitos que justificam o nome de amplificador operacional.


A figura 29 é o circuito básico no qual todas as resistências são diferentes. O circuito é
derivado do amplificador inversor já visto e a obtenção da expressão da tensão de saída em
função das entradas é feita considerando que o ganho do AO em malha aberta é infinito
(resultando Vi=0) e que a impedância de entrada é infinita (resultando na corrente da entrada
inversora Ii=0). É importante notar que as tensões de entrada podem ser alternadas ou
continuas, e em qualquer instante o circuito soma e inverte todas as tensões de entrada.

3. Amplificador somador não-inversor

A figura 32 apresenta a configuração de um somador especial, no qual a tensão de saída não


sofre inversão. Neste caso as entradas são aplicadas na entrada não inversora.

ELETRÔNICA APLICADA 41
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 32: Amplificador somador nao-inversor de n entradas.


Fonte: autoria própria

A saída VO é
determinada por:

4. Amplificador Diferencial ou Subtrator

Este circuito permite que se obtenha na saída uma tensão igual à diferença entre os sinais
aplicados, multiplicada por um ganho.

Figura 33: Amplificador diferencial.


Fonte: autoria própria

O amplificador subtrator permite realizar a subtração (diferença) de dois sinais. O subtrator é


uma combinação do amplificador inversor com o amplificador não-inversor, onde uma das
entradas é no terminal inversor e a saída correspondente possui polaridade invertida e a outra
entrada é no terminal não-inversor e a saída correspondente mantém a polaridade.

A utilização do amplificador subtrator possibilita a redução da presença de ruídos nos sinais


amplificados já que, como eles estão presentes em ambas as entradas, não serão amplificados,
“passando” apenas a diferença entre os sinais puros.

5. Diferenciador

O diferenciador é um circuito que realiza a operação matemática da diferenciação. Ele produz uma
tensão de saída proporcional à inclinação da função da tensão de entrada (taxa de variação).

ELETRÔNICA APLICADA 42
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
Um circuito diferenciador é mostrado na Figura 34. Embora não seja tão útil quanto os circuitos já
abordados, ainda assim o diferenciador fornece uma operação, cuja relação resultante V0 para o
circuito é mostrada na figura 34.

Figura 34: Amplificador diferenciador.


Fonte: autoria própria

6. Integrador

Até aqui, os componentes de entrada e os componentes de realimentação foram resistores. Se o


componente de realimentação utilizado for um capacitor, como mostra a Figura 35, a conexão
resultante será chamada de integrador.

A expressão para a tensão entre entrada e saída pode ser deduzida em função da corrente I, da
entrada para a saída. Lembramos que terra virtual significa que podemos considerar que a tensão
na junção de R e XC é a mesma do terra (uma vez que Vi ≈ 0 V), mas nenhuma corrente flui para o
terra nesse ponto. A

Figura 35: Amplificador integrador.


Fonte: autoria própria

O integrador é um circuito que executa a operação de integração, que é semelhante à de soma,


uma vez que constitui uma soma da área sob a forma de onda ou curva em um período de tempo.
Se uma tensão fixa for aplicada como entrada para um circuito integrador, a tensão de saída
cresce sobre um período de tempo, fornecendo uma tensão em forma de rampa.

A equação característica do integrador mostra que a rampa de tensão de saída (para uma tensão
de entrada fixa) é oposta em polaridade à tensão de entrada e é multiplicada pelo fator 1/RC. A

ELETRÔNICA APLICADA 43
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
relação resultante V0 para o circuito é mostrada na figura 35.

Figura 36: Amplificador integrador: a) circuito integrador. b) modo que a saída é uma rampa de tensão negativa.
c) modo que a saída é uma rampa de tensão mais inclinada.
Fonte: autoria própria
A operação de integração é uma soma, uma vez que se constitui da soma da área sob uma forma
de onda ou sob uma curva em um período de tempo.

Se uma tensão fixa for aplicada como entrada a um circuito integrador, a equação de saída V0
mostra que a tensão de saída cresce ao longo de um período de tempo, fornecendo uma tensão
em forma de rampa (figura 36 b/c).

Essa equação resultante V0 mostra que a rampa de tensão de saída (para uma tensão de entrada
fixa) é oposta em polaridade à tensão de entrada e é multiplicada pelo fator 1/RC.

DEIAS-CHAVE

Modos de Operação; Amplificador somador; Amplificador somador não-inversor; Amplificador


Diferencial ou Subtrator; Diferenciador; Integrador.

RECAPITULADO ...

 O modo de operação sem realimentação é também denominado operação em malha


aberta e o ganho do AOP é estipulado pelo próprio fabricante, ou seja, não se tem
controle sobre o mesmo.

 Realimentar significa que uma fração da tensão de saída é re-injetada numa das
entradas. Se esta entrada for a entrada +, então temos a realimentação positiva.

 O modo de operação realimentação negativa é o mais importante meio de realimentação,


pois estabiliza o sinal e tende a aproximar as características do amplificador real com o
ideal.

ELETRÔNICA APLICADA 44
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
 Amplificadores somadores com amp-ops também são chamados de MIXERS
(misturadores).

 No somador não-inversor a tensão de saída não sofre inversão.

 Amplificador Diferencial ou Subtrator permite que se obtenha na saída uma tensão igual à
diferença entre os sinais aplicados, multiplicada por um ganho.

 O diferenciador é um circuito que realiza a operação matemática da diferenciação.

 Se o componente de realimentação utilizado for um capacitor, a conexão resultante será


chamada de integrador.

UNIDADE 6

CIRCUITOS COMPARADORES DE TENSÃO

Às vezes, amplificadores operacionais são utilizados como comparadores. Além disso, há CIs
comparadores especiais disponíveis. Um comparador opera em malha aberta, o que torna o
ganho muito alto, de modo que a saída permanece saturada em um estado alto ou baixo.

Portanto, o sinal na saída do comparador é digital (possuindo apenas dois estados possíveis).
Assim, os comparadores são circuitos não lineares.

Os comparadores são empregados para fornecer uma indicação do estado relativo das duas
entradas. Se a entrada + (não inversora) for mais positiva que a entrada – (inversora), a saída
do comparador estará saturada positivamente. Caso o contrário ocorra, a saída do comparador
estará saturada negativamente.

Geralmente, uma tensão de referência fixa é aplicada em uma das entradas. A saída então
será uma indicação da magnitude relativo do sinal aplicado na outra entrada. Os
comparadores são normalmente utilizados para determinar se um sinal possui nível maior ou
menor que a referência.

Quando a tensão de referência é nula, o comparador pode ser chamado de detector de


passagem por zero, podendo ser empregado para converter um sinal senoidal em uma onda
quadrada. Dois comparadores podem ser utilizados em um circuito “janela” que detecta se um

ELETRÔNICA APLICADA 45
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
sinal se encontra nos dois limites pré-definidos.

Normalmente, deseja-se que a saída de um comparador mude de estado da forma mais rápida
possível.

Outro ponto de destaque é a compatibilidade da saída do comparador com entradas lógicas.


CIs comparadores especiais possuem melhor desempenho e características adicionais que os
amp-ops, substituindo tais dispositivos em algumas aplicações. Normalmente, esses
comparadores operam com uma única tensão de alimentação.

1. O QUE UM CIRCUITO COMPARADOR DE TENSÃO FAZ?

Um comparador é um dispositivo usado para comparar dois níveis de tensão. Podemos


determinar qual nível de tensão é mais alto a partir da saída do comparador. É uma aplicação
de amplificadores operacionais típicos e, além disso, tem aplicações diversas.

O comparador compara duas tensões de entrada fornecidas e fornece a saída indicando qual
tensão tem um valor mais adequado. O circuito recebe entrada usando terminais inversores e
não inversores e fornece saída do terminal de saída. A faixa de saída está entre a tensão de
saturação positiva e a tensão de saturação negativa.

2. CIRCUITO COMPARADOR DE TENSÃO

A Figura 37 representa um diagrama do circuito comparador. Como podemos observar, o


circuito é composto apenas por um amplificador operacional, e as entradas de tensão são
fornecidas através dos terminais inversores e não inversores.

Figura 37: Amplificador integrador


Fonte: autoria própria

Vin representa o sinal de entrada. Essa nomenclatura vem da palavra in, entrada em inglês, da

ELETRÔNICA APLICADA 46
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
mesma forma que Vout, representa a saída, out.

São circuitos que utilizam amp-op em malha aberta, sem realimentação, ou seja, com A V ∞.
O valor de Vo é determinado apenas pela alimentação do dispositivo.

Circuitos comparadores farão a comparação entre dois sinais distintos ou entre um sinal
distinto e um de referência (VR). Se a diferença entre os sinais foi positiva [(V+) – (V-) > 0], o
dispositivo ficará saturado (devido à relação AV ∞) e forçará uma saída Vo  +V, caso
ocorra o inverso, devida a mesma saturação (em sentido inverso), a saída será Vo  -V, onde
±V são os valores da alimentação do amp-op.

Observação: Em alguns amp-ops, quando saturados, não enviam seus sinais ±V para a saída,
e sim valores menores que +V e maiores que –V, devida a utilização de parte dessa tensão de
alimentação para o funcionamento interno do dispositivo. Portanto podemos entender +V e –V
como os limites máximos de tensão na saída do AOP.

Resumindo, em eletrônica, um comparador é um dispositivo que compara duas tensões ou


correntes e emite um sinal digital indicando qual é maior. Possui dois terminais de entrada
analógica V+ e V- e uma saída digital binária Vo. A saída é idealmente:

3. COMPARADOR NÃO-INVERSOR COM VR NULA

A forma mais simples de construir um comparador é usando um amp-op sem resistores de


realimentação, como mostra a Figura 38(a).

Devido ao ganho de tensão em malha aberta ser muito alto, uma tensão de entrada positiva
produz a saturação positiva, e uma tensão de entrada negativa produz a saturação negativa.

O circuito básico do amplificador operacional não inversor da Figura 38(a) possui uma entrada
de sinal na entrada não inversora. E a entrada inversora é mantida no terminal comum (GND)
do circuito. Esta configuração é denominada de comparador não inversor.

ELETRÔNICA APLICADA 47
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 38: (a) Comparador não-inversor; (b) resposta entrada/saída ou função de transferência do circuito.
Fonte: autoria própria

O comparador da Figura 38(a) é denominado detector de cruzamento


zero porque a tensão de saída comuta idealmente do nível baixo para o
nível alto ou vice-versa sempre que a tensão de entrada cruza o zero. A
Figura 38(b) mostra a resposta entrada-saída de um detector de cruzamento zero. A tensão de
entrada mínima que produz a saturação é:

Se Vsat = 14 V, a saída do comparador alterna aproximadamente de –14 V a +14 V. Se o


ganho de tensão em malha aberta é 100.000, a tensão de entrada necessária para produzir a
saturação positiva é:

Isso significa que uma tensão de entrada mais positiva que +0,014mV coloca o comparador na
saturação positiva e uma tensão de entrada mais negativa que –0,014mV leva o comparador
para a saturação negativa. As tensões de entrada usadas nos comparadores são normalmente
muito maiores que ±0,014mV. Por isso a tensão de saída é de dois estados, podendo ser +Vsat
ou –Vsat. Observando a tensão de saída, podemos dizer imediatamente se a tensão de entrada
é maior ou menor que zero.

Resumindo, a partir do circuito da figura 38(a) podemos


concluir que:

A equação acima resume a operação do amplificador comparador não inversor. Perceba que a
tensão de entrada é comparada com um valor nulo (GND). Com essa conclusão, podemos
construir um gráfico da função de transferência do circuito como mostrado na figura 38(b).

ELETRÔNICA APLICADA 48
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
4. COMPARADOR INVERSOR COM VR NULA

Quando o sinal de entrada Vin do comparador é conectado à uma entrada inversora, temos o
comparador inversor da Figura 39(a). Neste caso, a tensão de referência é mantida em 0
(GND) e a tensão a ser comparada é entregue na entrada inversora do amplificador
operacional.

Figura 39: (a) Comparador inversor; (b) resposta entrada/saída ou função de transferência do circuito.
Fonte: autoria própria
Analisando a Figura 39(a), podemos chegar à conclusão que, quando o sinal de entrada Vin for
maior que 0, a tensão de saída será −V SAT. No entanto, quando o sinal de entrada Vin for
menor que 0, a tensão de saída será igual a +VSAT. Esse resultado pode ser observado na
característica de transferência do circuito, figura 39(b).

De modo geral, podemos resumir o funcionamento do circuito comparador inversor como:

5. COMPARADOR NÃO-INVERSOR COM VR > 0

Podemos utilizar um valor não-nulo para compararmos o sinal de entrada Vin. Este processo é
chamado de mudar o ponto de desengate, ou simplesmente, alterar o valor de referência. A
Figura 40(a) apresenta o circuito comparador não inversor com o ponto de desengate não-
nulo.

ELETRÔNICA APLICADA 49
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
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Figura 40: (a) Comparador não-inversor com VR> 0 ; (b) resposta entrada/saída ou função de transferência do circuito.
Fonte: autoria própria

De modo similar, a característica de transferência da Figura 40 (b) nos revela que, quando Vin
for maior que VREF, a saída será igual à +VSAT (ou +V), ou seja, saturação positiva. E quando
Vin for menor que VREF, a saída será −VSAT (ou –V), saturação negativa.

Resumindo:

A equação acima se reduz à equação do comparador inversor com VR nula quando VREF igual
a 0. De modo geral, o comparador não inversor é aquele que apresenta uma saída positiva
quando a condição de comparação é verificada.

6. COMPARADOR INVERSOR COM VR > 0

Assim como no comparador não inversor, podemos mudar o ponto de desengate do


comparador inversor. Para isto, o sinal de referência deve ser conectado à entrada não
inversora, conforme mostra a Figura 41(a).

ELETRÔNICA APLICADA 50
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 40: (a) Comparador não-inversor com VR> 0 ; (b) resposta entrada/saída ou função de transferência do circuito.
Fonte: autoria própria

A característica de transferência do circuito é apresentada na Figura 41(b). Analisando a


Figura 41(b) temos que, quando Vin for maior que VREF, a saída é levado a saturação negativa.
Porém, quado o sinal de entrada Vin for menor que VREF, a saída é levado a saturação positiva.

Resumindo:

Perceba que a equação acima é idêntica a equação comparador inversor com V nula
quando VREF igual a 0.

DEIAS-CHAVE

O que um circuito comparador de tensão faz?; Circuito comparador de tensão; Comparador


não-inversor com VR nula; Comparador inversor com VR nula; Comparador não-inversor com
VR > 0; Comparador inversor com VR > 0.

ELETRÔNICA APLICADA 51
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
RECAPITULADO ...

 O comparador compara duas tensões de entrada fornecidas e fornece a saída indicando


qual tensão tem um valor mais adequado.

 O circuito comparador é composto apenas por um amplificador operacional, e as entradas


de tensão são fornecidas através dos terminais inversores e não inversores.

 Os circuitos comparadores são circuitos que utilizam amp-op em malha aberta, sem
realimentação e o valor de Vo é determinado apenas pela alimentação do dispositivo.

 A configuração do comparador não inversor possui uma entrada de sinal na entrada não
inversora. E a entrada inversora é mantida no terminal comum (GND) do circuito.

 Quando o sinal de entrada Vin do comparador é conectado à uma entrada inversora,


temos o comparador inversor, onde a tensão de referência é mantida em 0 (GND) e a
tensão a ser comparada é entregue na entrada inversora do amplificador operacional.

 Podemos utilizar um valor não-nulo para compararmos o sinal de entrada Vin. Este
processo é chamado de mudar o ponto de desengate, ou simplesmente, alterar o valor de
referência.

UNIDADE 7

AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO

FILTROS ATIVOS

ELETRÔNICA APLICADA 52
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Esta seção irá discutir o amplificador de instrumentação, um amplificador diferencial otimizado


em seu desempenho CC. Um amplificador de instrumentação tem um ganho de tensão
grande, um alto CMRR, offsets de entrada baixos, baixa deriva (drift) de temperatura e uma
impedância de entrada alta.

Esta seção também irá mostrar o que são filtros ativos. Quase todos os sistemas de
comunicação usam filtros. Um filtro permite a passagem de uma faixa de frequências enquanto
rejeita outra. Um filtro pode ser passivo ou ativo.

Os filtros ativos permitem o controle da amplificação. São utilizados quando ganho, variação
de carga e tamanho físico são importantes nas especificações do projeto.

1. AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO

Supõe-se que os canais de entrada do amp-op da figura 41 tenham exatamente o mesmo


ganho. Na prática, no entanto, não é possível obter ganhos idênticos. Por isso, uma
característica indesejável do amplificador diferencial é que sua impedância de entrada é
definida pela configuração dos resistores conectados ao amp-op, em vez da impedância das
portas inversora e não inversora, que é geralmente muito maior. Uma maneira de sanar essa
dificuldade é conectar outros dois amp-ops na entrada do amplificador operacional, de maneira
a prover uma elevada impedância de entrada.

Figura 41: Amplificador diferencial.


Fonte: autoria própria
Essa configuração, chamada amplificador de instrumentação, é mostrada na Figura 42 e
constitui uma das mais poderosas no que diz respeito à amplificação de pequenos sinais.
Outra vantagem desse amplificador é que, com um projeto adequado, o resistor RG se torna o
resistor de controle de ganho do circuito. Além disso, os sinais de modo comum serão
cancelados, uma vez que um sinal igual nas duas entradas significa uma corrente nula no
resistor de ganho.

ELETRÔNICA APLICADA 53
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 42: Amplificador de instrumentação básico.


Fonte: autoria própria

Um circuito que fornece uma saída com base na diferença entre duas entradas (vezes um fator
de escala) é mostrado na Figura 11.28. Um potenciômetro é utilizado para ajustar o fator de
escala do circuito. Visto que são utilizados três amp-ops, é necessário apenas um CI contendo
quatro amp-ops (além dos resistores). Podemos mostrar que a tensão de saída é dada por:

De modo que a saída pode ser obtida de:

A Figura 42 mostra o projeto clássico usado pela maioria dos amplificadores de


instrumentação. O amp-op de saída é um amplificador diferencial com um ganho de tensão
unitário. Os resistores usados no estágio de saída são geralmente casados dentro de ±0,1%
de diferença, ou melhor. Isso significa que o CMRR do estágio de saída é pelo menos 54dB.

Resistores de precisão são comercialmente disponíveis desde menos de 1Ω até mais de


10MΩ, com tolerâncias de ±0,01% a ±1%. Se usarmos resistores casados que estão dentro de
±0,01% um do outro, o CMRR do estágio de saída pode ser tão alto quanto 74dB. Além disso,
o drift de temperatura de resistores de precisão pode ser tão baixa quanto 1ppm/ºC.

Observe o circuito apresentado na Figura 42 e perceba que os dois amplificadores de entrada

ELETRÔNICA APLICADA 54
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
são amplificadores não-inversor.

Perceba que o amplificador de saída é um simples amplificador de diferenças.

Lembre-se nesta etapa que existe o curto-circuito virtual entre as entradas do amplificador, isto
ajudará nas deduções das correntes de malha.

A título de exemplo vamos realizar uma simulação onde será utilizado um ganho de tensão
unitário para o circuito e verificaremos a tensão de saída.

Será aplicado um sinal senoidal de 2,22 V de pico a um divisor de tensão contendo o resistor
shunt.

Um resistor de derivação ou shunt é um dispositivo de precisão usado para medir a corrente


em um circuito elétrico.

O resistor shunt é utilizado para obter uma queda de tensão em um circuito, proporcional a
corrente que circula pela malha segundo a Lei de Ohm.

Os resistores shunt possuem baixa resistência e alta dissipação de potência, e exemplificando


sua utilização, no amperímetro digital é comum encontrar resistor shunt.

A simulação contém os seguintes dados: tensão máxima de alimentação do shunt de 2,22 V,


resistência shunt de 0,11 Ω. Porém a relação entre R1 e RG será de R1=RG/2. Isso significa
que no final, o sinal de saída terá um ganho de duas vezes. Ou seja, ao invés de 0,22 V de
saída deveremos ter 0,44 V.

Propositalmente, a título de simulação, utilizarei um ganho de tensão unitário para o circuito e


verificaremos a tensão de saída. Será aplicado um sinal senoidal de 2,22 V de pico a um
divisor de tensão contendo o shunt. O circuito de simulação, pode ser visto na Figura 43 a
seguir.

ELETRÔNICA APLICADA 55
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

Figura 43: Esquema de simulação elaborado.


Fonte: autoria própria

O sinal de entrada é o mesmo da Figura 43. Já o sinal de saída é apresentado ampliado na Figura
44 seguir.

Figura 44: Sinal obtido na saída do amplificador de instrumentação.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 56
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INDUSTRIAL
Perceba que o sinal de saída encontra-se em fase com o sinal de entrada da Figura 43. Note
também o ganho dado ao sinal de saída V0.

2. FILTROS ATIVOS

Os amp-ops também são comumente empregados na construção de filtros ativos. Um circuito


de filtro pode ser construído utilizando-se componentes passivos: resistores e capacitores. Um
filtro ativo usa adicionalmente um amplificador para produzir amplificação de tensão e
buferização ou isolação do sinal.

Um filtro que apresente uma resposta constante de CC até uma frequência de corte ƒOH e
impeça que qualquer sinal passe além dessa frequência é chamado de filtro passa-baixas
ideal. A resposta ideal de um filtro passa-baixas é mostrada na Figura 45(a). Um filtro que
permite a passagem somente de sinais de frequência acima de uma frequência de corte ƒOL é
um filtro passa-altas, representado pela Figura 45(b).

Figura 45: Resposta ideal dos filtros: (a) passa-baixas; (b) passa-altas; (c) passa-banda.
Fonte: autoria própria

Quando o circuito de filtro permite a passagem de sinais acima de uma frequência de corte e
abaixo de uma segunda frequência de corte, é chamado de filtro passa-banda, idealizado na
Figura 45(c).

ELETRÔNICA APLICADA 57
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
AINDUSTRIAL
resposta em frequência de um filtro é o gráfico do ganho de tensão dele versus a frequência.
Existem três principais tipos de filtros: passa-baixas, passa-altas e passa-faixa. Esta seção
discute a resposta em frequência ideal de cada um.

3. ESPECIFICAÇÃO DOS FILTROS

A ordem de um filtro é dependente do número de elementos reativos que ele possui. ORDEM
DE UM FILTRO ATIVO  n = nº de circuitos RC que ele possui. Quanto maior for a ordem
mais próximo do filtro ideal, porém mais complexo é o filtro. Há cinco aproximações
normalizadas que se usam como compromissos às respostas ideais dos diferentes tipos de
filtros.

A transmissão de um filtro é definida por 4 parâmetros como mostra a figura 46:

1- borda na faixa de passagem: fp

2- borda na faixa de bloqueio: fs

3- máxima variação do ganho permitida na faixa de passagem: Amax

4- atenuação mínima necessária para a faixa de bloqueio: Amin

Figura 46: Modulo da transmissão de um filtro real.


Fonte: autoria própria

A partir desses parâmetros é montado o gabarito do filtro, dentro do qual deve estar contida
sua resposta em frequência. Função de transferência do filtro no domínio s pode ser escrita
como a razão:

ELETRÔNICA APLICADA 58
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

4. FILTRO ATIVO PASSA-BAIXAS

Filtro passa-baixas é o nome comum dado a um circuito eletrônico que permite a passagem de
baixas frequências sem dificuldades e atenua (ou reduz) a amplitude das frequências maiores
que a frequência de corte.

Os filtros passivos passa-baixa ou passa-baixo são circuitos que permitem a passagem de


sinais de baixa frequência e reduzem a intensidade de sinais de alta frequência, ou seja, a
partir de uma frequência de referência ele permite que frequências mais baixas que ela
passem livremente e frequências mais altas sejam atenuadas, por isso o seu ganho será de no
máximo 1.

Um filtro passa-baixas, de primeira ordem, com um único resistor e capacitor, como o que
vemos na Figura 47(a), apresenta uma inclinação prática de –20 dB por década, como mostra
a Figura 47(b) em vez da resposta ideal da Figura 45(a).

Figura 47: Filtro passa-baixas ativo de primeira ordem.


Fonte: autoria própria

O ganho de tensão abaixo da frequência de corte é constante em

com uma frequência de corte de:

Conectando duas seções de filtro, como vemos na Figura 48, obtemos um filtro passa-baixas
de segunda ordem, com inclinação prática de – 40 dB/década — próximo à característica ideal
da Figura 45(a). O ganho de tensão do circuito e a frequência de corte são iguais para ambos

ELETRÔNICA APLICADA 59
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
os filtros, de primeira e de segunda ordem, mas a resposta do filtro de segunda ordem cai a
uma taxa mais rápida.

Figura 48: Filtro passa-baixas ativo de segunda ordem.


Fonte: autoria própria
Critérios de projeto:

 Seleciona-se a frequência de corte;

 Fixa-se o valor de R1=R2 (determinam a impedância de entrada do filtro na faixa de


bloqueio);

 Calculam-se os capacitores;

 É importante que o amp-op possua uma banda passante (BW) de pelo menos 10 fc.

EXEMPLO

Calcule a frequência de corte de um filtro passa-baixas de primeira ordem com R1 = 1,2 kΩ e


C1 = 0,02 μF.

Solução:

5. FILTRO ATIVO PASSA-ALTAS

Um filtro passa-altas ou passa-alto é um filtro que permite a passagem das frequências altas
com facilidade, porém atenua (ou reduz) a amplitude das frequências abaixo de frequência de
corte. A quantidade de atenuação para cada frequência varia de filtro para filtro.

Os filtros passivos passa-alta são circuitos que permitem a passagem de sinais de alta
frequência e reduz a intensidade de sinais de baixa frequência. Isto é, a partir de uma

ELETRÔNICA APLICADA 60
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
frequência de referência ele permite que frequências mais altas que elas passem livremente e
frequências mais baixa sejam atenuadas.

Os filtros ativos passa-altas de primeira e de segunda ordem podem ser construídos como
mostra a Figura 49.

O ganho do amplificador é calculado utilizando-se a Equação e


sua frequência de corte é dada por .

Figura 49: Filtro passa-altas: (a) de primeira ordem; (b) de segunda ordem; (c) gráfico da resposta.
Fonte: autoria própria

Para o filtro de segunda ordem, R1 = R2, e C1 = C2 resulta na mesma frequência de corte,


como vimos na Equação .

Critérios de projeto:

 Seleciona-se o fator de qualidade e a frequência de corte;


 Fixa-se o valor de C1=C2 (determinam a impedância de entrada do filtro na faixa de

ELETRÔNICA APLICADA 61
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
bloqueio);
 Calculam-se os resistores;
 É importante que o amp-op possua uma banda passante (BW) de pelo menos 10 fc.

EXEMPLO

Calcule a frequência de corte do filtro passa-altas de segunda ordem da Figura 49(b) para R1
= R2 = 2,1 kΩ, C1 = C2 = 0,05 μF, RG = 10 kΩ e RF = 50 kΩ.

Solução:

Da equação do ganho de tensão abaixo da frequência de corte:

A frequência de corte é, portanto:

6. FILTRO ATIVO PASSA-BANDA

Os filtros ativos denominados passa-faixa ou passa-banda são circuitos construídos utilizando


amplificadores operacionais como elementos ativos, estes permitem a passagem de sinais de
tensão e corrente com frequências situadas numa faixa intermediária, atenuando os sinais com
frequências abaixo ou acima dessa faixa.

A principal qualidade de um filtro desse tipo é a sua seletividade. Uma seletividade elevada
significa que o filtro é capaz de rejeitar sinais numa faixa bastante estreita. Esses filtros
quando operam numa faixa muito estreita de frequências também podem ser denominados
filtros sintonizados.

A Figura 50(a) mostra um filtro passa-banda utilizando dois estágios: o primeiro, um filtro
passa-altas, e o segundo, um filtro passa-baixas, e a combinação dessas duas operações
resulta na resposta passa-banda desejada.

As aplicações para tais filtros são as mais diversas, indo desde o reconhecimento de um sinal
de uma única frequência num sistema de controle remoto, até a seleção de uma faixa

ELETRÔNICA APLICADA 62
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
completa de sinais, por exemplo, num sistema de telefonia ou de telecomunicações.

Um filtro Passa Faixa pode ser construido a partir de um filtro PB em cascata com um PA.

Essa topologia permite selecionar as frequências de corte inferior (filtro PA) e superior (filtro
PB) independentemente sendo a fc inferior (ou fOL) < fc superior (ou fOH).

De acordo com a Figura 50(a), isso é possível utilizando-se realimentação resistiva e


capacitiva em cada estágio. Os capacitores de realimentação fornecem atenuação em
frequências baixas, enquanto os resistores de realimentação atenuam as altas frequências. A
Figura 50(b) mostra a resposta em frequência do filtro passa-banda resultante. Uma resposta
mais aguçada pode ser obtida conectando dois filtros em cascata.

Figura 50: Filtro ativo passa-banda.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 63
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
Frequência de corte de filtro ativo passa-baixas:

Frequência de corte de filtro ativo passa-altas:

DEIAS-CHAVE

Amplificador de instrumentação; Filtros ativos; Especificação dos filtros; Filtro ativo passa-
baixas; Filtro ativo passa-altas; Filtro passa-banda.

RECAPITULADO ...

 O amplificador de instrumentação constitui uma das mais poderosas no que diz respeito à
amplificação de pequenos sinais.

 Um circuito de filtro pode ser construído utilizando-se componentes passivos: resistores e


capacitores.

 A ordem de um filtro é dependente do número de elementos reativos que ele possui.

 Filtro passa-baixas ou passa-baixo é o nome comum dado a um circuito eletrônico que


permite a passagem de baixas frequências sem dificuldades e atenua (ou reduz) a
amplitude das frequências maiores que a frequência de corte.

 Um filtro passa-altas ou passa-alto é um filtro que permite a passagem das frequências


altas com facilidade, porém atenua (ou reduz) a amplitude das frequências abaixo de
frequência de corte.

 Os filtros ativos denominados passa-faixa ou passa-banda são circuitos construídos


utilizando amplificadores operacionais como elementos ativos, estes permitem a
passagem de sinais de tensão e corrente com frequências situadas numa faixa
intermediária, atenuando os sinais com frequências abaixo ou acima dessa faixa.

ELETRÔNICA APLICADA 64
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL

UNIDADE 8

PROTEÇÃO EM CIRCUITOS COM AMP-OP


E
BUSCA DE PROBLEMAS

Abordaremos algumas técnicas de proteções para circuitos com AOP que permitem ao
projetista aumentar a confiabilidade e a segurança de um sistema no qual esses circuitos se
acham inseridos.

Sabemos que qualquer componente eletrônico possui especificações máximas para suas
diversas características elétricas, tais como tensão, corrente, potência, etc. Se por algum
motivo alguma dessas características for ultrapassada, o dispositivo poderá sofrer danos
irreparáveis.

1. PROTEÇÃO DAS ENTRADAS DE SINAL

O estágio diferencial de um AOP poderá ser danificado, caso a máxima tensão diferencial de
entrada do mesmo seja excedida. Para o AOP 741 essa tensão é da ordem de ±30V. Por
definição, a tensão diferencial de entrada é medida a partir da entrada não-inversora para a
entrada inversora do AOP.

Figura 51: Circuito para proteção das entradas do sinal.


Fonte: autoria própria

ELETRÔNICA APLICADA 65
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
A maneira mais comum de se proteger as entradas de um amp-op consiste na utilização de
dois diodos em antiparalelos conectados entre os terminais das entradas de sinal do amp-op
(figura 51). Os diodos utilizados devem ser diodos retificadores do tipo 1N4001 ou equivalente.
Costuma-se colocar resistores nas entradas para evitar uma provável queima dos diodos e
garantir, assim, melhor proteção para o AOP. Podemos concluir que essa proteção impede
que a tensão diferencial de entrada ultrapasse 700mV.

2. PROTEÇÃO DE SAÍDA

Atualmente a maioria dos AOP possui proteção interna contra curto-circuito na saída.

O AOP 741, por exemplo, apresenta essa proteção. Se consultarmos a folha de dados do
fabricante do AOP 741, encontraremos para a corrente de curto-circuito de saída um valor de
25mA. O fabricante garante que a duração do curto-circuito de saída pode ser ilimitada ou
indeterminada, desde que a capacidade de dissipação térmica do componente não seja
excedida.

O AOP 709 não possui proteção interna contra curto-circuito na saída e, portanto, o fabricante
recomenda a colocação de um resistor externo para essa finalidade.

3. PROTEÇÃO NAS ENTRADAS DE ALIMENTAÇÃO

Essa é uma das mais importantes técnicas de proteção de AOP, pois se a polaridade das
tensões de alimentação do amp-op forem invertidas, quase todos os componentes internos
serão polarizados incorretamente, o que danificaria irreversivelmente o componente.

A figura 52 mostra a forma correta de proteger um AOP contra uma provável inversão de
polaridade da fonte de alimentação.

ELETRÔNICA APLICADA 66
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL Figura 52: Circuito para proteção nas entradas de alimentação do amp-op.
Fonte: autoria própria

4. PROTEÇÃO CONTRA RUÍDOS

A presença de fontes geradores de ruídos ou interferências, próximas aos circuitos com amp-
op, pode alterar o nível de tensão CC de alimentação do integrado, a qual deve ser
estabilizada e de baixíssimo ripple.

Essa alteração pode prejudicar a resposta do circuito e, dependendo da aplicação e dos níveis
dos sinais processados, poderá provocar erros grosseiros e perigosos ao sistema.

Para proteger o AOP contra ruídos e oscilações da fonte de alimentação, costuma-se colocar
um capacitor da ordem de 0,1μF entre o terra e cada um dos terminais de alimentação do
amp-op como mostar a figura 53.

Os capacitores atuam como capacitores de passagem para as correntes parasitas,


normalmente de alta frequência, produzidas ao longo dos condutores entre a fonte de
alimentação e o circuito.

Figura 53: Circuito para proteção contra ruídos de um amp-op.


Fonte: autoria própria

5. ANÁLISES PRÁTICAS DE FALHAS

Fazemos agora uma pequena lista de procedimentos para determinação de falhas em circuitos
com amp-op:

ELETRÔNICA APLICADA 67
ELETRÔNICA DIGITAL TÉCNICO EM ELETRÔNICA
INDUSTRIAL
A) Conferir a polaridade da alimentação;

B) Conferir as conexões de todos os pinos;

C) Se o amp-op estiver se aquecendo, verificar se a saída está curto-circuitada ou se a


carga é muito alta (baixo valor ôhmico);

D) Se a saída de um amplificador (inversor ou não-inversor) estiver saturada, verificar se a


malha de alimentação está aberta (Rf = ∞) ou se o resistor de entrada está em curto
(R1=0);

E) Verificar se o terra do sinal de entrada é o mesmo do amp-op;

F) Verificar se a impedância de entrada do circuito não está muito baixa, comparada à


impedância de saída da fonte de sinal;

G) Verificar continuidade dos condutores;

H) Verificar se as pistas e pinos metalizados da placa de circuito impresso não estão


abertos ou curto-circuitados;

I) Verificar todos os pontos de solda (solda fria).

Algumas condições ambientes influenciam nas condições de funcionamento do circuito,


podendo até mesmo danificá-lo, por isso deve-se levar em conta o grau de incidência dos
seguintes fatores:

 Umidade excessiva do ar;

 Calor excessivo do ambiente;

 Ácidos e gases corrosivos na atmosfera ambiente;

 Partículas metálicas em suspensão;

 Vibrações mecânicas frequentes;

 Fontes de interferências frequentes.

6. BUSCA DE PROBLEMAS

Às vezes, componentes eletrônicos falham e parte do processo de identificação de problemas


envolve tais elementos defeituosos. Isso pode ser obtido com a utilização da lógica associada
ao conhecimento de circuitos em conjunto com equipamentos de teste. Atualmente, parte

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desse processo de busca de problemas deve-se basear no ponto de vista do sistema, devendo
ser iniciado após a realização de algumas verificações preliminares muito importantes.

Verifique inicialmente os detalhes óbvios. Amp-ops utilizam fontes de alimentação bipolares,


as quais devem ser primeiramente verificadas no processo de identificação de erros.

De forma geral, as falhas nos componentes seguem um padrão. A lista a seguir é apresentada
como um guia conservativo para as TAXAS MÉDIAS DE FALHAS. Muitos dispositivos como
os resistores possuem taxas de falhas reduzidas e não são mencionados.

Além disso, componentes como células e baterias não são mencionadas porque normalmente
esses dispositivos são substituídos regularmente. Os itens são citados em ordem decrescente
de taxas de falhas:

1. Dispositivos de alta potência e sujeitos a transitórios.

2. Lâmpadas incandescentes.

3. Dispositivos complexos como circuitos integrados.

4. Dispositivos mecânicos como conectores, chaves e relés.

5. Capacitores eletrolíticos.

Dispositivos de alta potência normalmente apresentam aquecimento. Se o equipamento não


permanece energizado todo o tempo, pode haver um grande número de ciclos de aquecimento
e resfriamento. O processo repetitivo de dilatação e contração tende a enfraquecer as
conexões internas dos componentes eletrônicos. A maioria dos amp-ops consiste em
dispositivos de pequenos sinais. Entretanto, alguns desses componentes dissipam potência
suficiente para se tornarem sobreaquecidos. Além disso, outros elementos podem se
encontrar próximos a dispositivos que geram calor. Lembre-se de que o aquecimento é uma
das principais causas de falhas em sistemas eletrônicos.

Um TRANSITÓRIO consiste em uma tensão breve e tipicamente alta. Os transitórios


provocam danos severos aos dispositivos de estado sólido porque as junções PN podem ser
degradadas e eventualmente rompidas. Os amp ops normalmente são conectados a sensores
por meio de condutores longos. Por sua vez, esses elementos podem atuar como antenas e
captar transitórios causados por dispositivos de iluminação ou surtos que ocorrem em outros
condutores nas adjacências. Fique atento a falhas repetitivas nesses casos, as quais podem

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indicar a necessidade um novo arranjo dos condutores ou mesmo a inclusão de dispositivos de
proteção contra transitórios.

Amp-ops comportam-se praticamente da mesma forma que os circuitos integrados, o que os


torna dispositivos complexos com elevadas taxas de falha. Assim, caso se esteja verificando
um circuito defeituoso que possui transistores e CIs, tipicamente o problema será encontrado
CI (a menos que os transistores sejam de alta potência e estejam sujeitos a transitórios).
Lembre-se de que o guia anterior representa apenas uma estimativa.

Técnicos experientes sabem que qualquer dispositivo está sujeito a falhas, que eventualmente

ocorrerão cedo ou tarde. A experiência obtida com o passar do tempo é extremamente valiosa,
pois assim é possível determinar quais itens devem ser primeiramente verificados.

Entretanto, não se deve pensar que os circuitos integrados não são confiáveis diante do
exposto. Pelo contrário, esses são dispositivos mais confiáveis do que outros circuitos
equivalentes obtidos a partir de componentes separados. O circuito equivalente de um amp-op
pode conter até 40 componentes, o qual não é tão confiável quanto um único CI porque possui
muitas partes suscetíveis a falhas. Lembre-se de que um dispositivo complexo está mais
sujeito a falhas que um dispositivo simples.

Ocasionalmente, um amp op pode sofrer travamento (do inglês, LATCH-UP). Quando um amp-
op permanece travado, a saída permanece constante no valor máximo (positivo ou negativo).
A única forma de obter o funcionamento normal do dispositivo é desligá-lo e ligá-lo novamente
em seguida.

A operação será normal se a causa inicial for removida (como a aplicação de um sinal de
entrada anormal com grande amplitude). Amp-ops possuem uma faixa de modo comum
máxima, o que corresponde à máxima amplitude do sinal que pode ser aplicada a ambas as
entradas sem provocar a saturação ou o corte do amplificador. O travamento normalmente é
verificado em estágios seguidores de tensão onde a saturação pode eventualmente ocorrer.

Quando um amplificador sem realimentação é levado à saturação, a operação será normal


após a remoção do sinal de entrada anormal. Isso sempre ocorrerá, a menos que o sinal de
grande amplitude tenha danificado o amplificador. Quando a realimentação é utilizada, a
situação pode ser diferente.

Um estágio saturado não é capaz de atuar como amplificador, comportando-se então como um

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resistor que permite a passagem de parte do sinal para o estágio seguinte. Se o estágio
saturado for um amplificador inversor, a inversão efetivamente não ocorrerá. Quando isso
ocorre em um amplificador com realimentação negativa, a realimentação torna-se positiva e o
amplificador pode ser mantido em saturação. Amp-ops são suscetíveis ao travamento porque
normalmente operam com realimentação negativa.

O travamento em amplificadores operacionais não ocorre de forma tão provável como


antigamente. Os projetistas de CIs lineares incluíram mudanças nos circuitos que os tornam
menos suscetíveis a este fenômeno. Tente desligar o equipamento e religá-lo em seguida
quando houver a suspeita de travamento.

Se os sintomas realmente indicam esse problema, então será necessário investigar o sinal de
entrada para determinar se a faixa de modo comum do dispositivo é efetivamente excedida.
Além disso, verifique se a fonte de alimentação está normal e se as tensões positiva e
negativa são aplicadas simultaneamente quando o circuito está energizado.

A saída de um amp op normalmente pode chegar a níveis iguais a 1 V abaixo dos valores das
tensões de alimentação. Se o amp op é alimentado com ±12 V, então a saída pode assumir
valores de até ±11 V ou ±11 V. Normalmente, há um problema quando a saída de um amp-op
assume valores próximos aos extremos (a menos que o dispositivo atue como comparador).
Pode ocorrer o travamento, mas tipicamente haverá um erro CC em sua entrada ou no estágio
anterior. Um erro moderado existente nos estágios iniciais pode levar a saída do estágio de
saída aos valores extremos. Utilize um medidor e verifique as tensões CC. Quando os estágios
possuem acoplamento CC, verifique também os estágios iniciais. Realize este procedimento
mesmo que o problema aparentemente esteja no sinal CA. Lembre-se sempre de que um
amplificador próximo à saturação ou ao corte pode fornecer uma variação não linear da tensão
de saída para qualquer sinal aplicado.

Não se esqueça de verificar todos os níveis de tensão CC relevantes. Amp ops são capazes
de somar e subtrair diversos sinais CC distintos, basta que um desses sinais esteja ausente ou
apresente erro para comprometer o balanço CC de todo o circuito.

Quando há a busca de problemas em comparadores, os sintomas devem ser cuidadosamente


observados. Se não existir sinal na saída, deve-se ter certeza de que a fonte de alimentação
está em perfeito estado e que um sinal normal seja aplicado na entrada do comparador.
Outras possibilidades para este problema incluem cabos em curto-circuito na saída, CIs
comparadores defeituosos ou resistores pull-up em circuito aberto.

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Se o sintoma é o ruído existente na saída ou pulsos de saída adicionais, o sinal de entrada
deve ser verificado. Muitos comparadores não funcionam bem com fontes de sinal de alta
impedância, de modo que a própria fonte e a conexão adequada dos cabos devem ser
verificadas. Finalmente, pode ser necessário utilizar a realimentação positiva em um
comparador para eliminar o ruído na saída. Verifique se há um resistor que realimenta a saída
na entrada + e se este componente não se encontra em circuito aberto.

DEIAS-CHAVE

Proteção das entradas de sinal; Proteção de saída; Proteção nas entradas de alimentação;
Proteção contra ruídos; Análises práticas de falhas; Busca de problemas.

RECAPITULADO ...

 A maneira mais comum de se proteger as entradas de um amp-op consiste na utilização


de dois diodos em antiparalelos conectados entre os terminais das entradas de sinal do
amp-op.

 O AOP 741, por exemplo, apresenta proteção interna contra curto-circuito na saída.

 Essa é uma das mais importantes técnicas de proteção de AOP, pois se a polaridade das
tensões de alimentação do amp-op forem invertidas, quase todos os componentes
internos serão polarizados incorretamente, o que danificaria irreversivelmente o
componente.

 Para proteger o AOP contra ruídos e oscilações da fonte de alimentação, costuma-se


colocar um capacitor da ordem de 0,1μF entre o terra e cada um dos terminais de
alimentação do amp-op.

 Existe uma pequena lista de procedimentos para determinação de falhas em circuitos


com amp-op que todo técnico deve seguí-la.

 Parte do processo de busca de problemas deve-se basear no ponto de vista do sistema,


devendo ser iniciado após a realização de algumas verificações preliminares muito

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INDUSTRIAL
importantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de Educação Profissional - SENAI de Eletromecânica, 2001.

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1998.

[4] BOYLESTAD, R. L. Introductory Circuit Analysis. 10th Edition. New York: Prentice Hall,
2002.

[5] EDMINISTER, J. A. Circuitos Elétricos. 2ª ed. São Paulo: Ed. McGraw-Hill, 1985.

[6] O‟MALLEY, John. Análise de Circuitos. 2ª edição. São Paulo: Makron Books, 1993.

[7] Malvino, A.: Eletrônica, 8ª ed., Porto Alegre: AMGH, 2016, v. 1., ISBN 978-85-8055-577-6.

[8] MUSSOI, F., L., R. Sinais Senoidais: tensão e corrente alternadas. Apostila. 3ª ed.
Florianópolis: CEFET-SC, 2006.

[9] SCHULER, C. Eletrônica II. 7ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013, ISBN 978-85-8055-213-3.

[10] TEIXEIRA, H. T. Aparelhos e dispositivos eletrônicos / eletrônica analógica. Londrina:


Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018, ISBN 978-85-522-1118-1.

[11] ____________SENAI-SP – Eletricista Reparador e Mantenedor de Comandos Elétricos.


Divisão de Material Didático da Diretoria de Tecnologia do SENAI-SP.

[12] ______________ Manual do Aluno – Bancada Didática de Treinamento em Eletrotécnica.


Pinhais: EDULAB Equipamentos Científicos, 2008.

SITE E LINKS INTERESSANTES

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https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3874549/mod_resource/content/0/Apostila%20ampop.
pdf

https://www.pucsp.br/~elo2eng/Aula_01_DCE4_2014_11a.pdf

http://algol.dcc.ufla.br/~giacomin/Com145/Amp_Op.pdf

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https://adm.online.unip.br/img_ead_dp/22271.PDF

http://www.c2o.pro.br/hackaguas/apb.html

https://pt.slideshare.net/luceliolemos/amplificador-operacional-21138282

https://mundoprojetado.com.br/amplificador-operacional/

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