Você está na página 1de 18

Editora Appris Ltda.

1.ª Edição - Copyright© 2021 dos autores


Direitos de Edição Res ervados à Editora Appris Ltda.
Nenhum a parte des ta obra poderá s er utilizada indevidam ente, s em es tar
de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas , s erão
de exclus iva res pons abilidade de s eus organizadores . Foi realizado o
Depós ito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis
nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

Catalogação na Fonte
Elaborado por: Jos efina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870

A659n Araújo, Thiago Blos s de


2021 O nas cim ento da ps icologia s ocial no Bras il : um a crítica a
Raul Briquet / Thiago Blos s de Araújo. - 1. ed. - Curitiba : Appris ,
2021.
399 p. ; 23 cm . – (Multidis ciplinaridade em s aúde e
hum anidades ).
Inclui bibliografias
ISBN 9786525005522
1. Ps icologia s ocial – Bras il. I. Título. II. Série.

CDD – 302
Livro de acordo com a norm alização técnica da ABNT.

Editora e Livraria Appris Ltda.


Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel: (41) 3156-4731 | (41) 3030-4570
http://www.editoraappris.com.br/
FICHA TÉCNICA

Augusto V. de A. Coelho
EDITORIAL Marli Caetano
Sara C. de Andrade Coelho

Andréa Barbosa Gouveia - UFPR


Edmeire C. Pereira - UFPR
COMITÊ EDITORIAL Iraneide da Silva - UFC
Jacques de Lima Ferreira - UP
Marilda Aparecida Behrens - PUCPR

EDITORAÇÃO Lucielli Trevizan

ASSESSORIA EDITORIAL Lucas Casarini

DIAGRAMAÇÃO Andrezza Libel

CAPA Amy Maitland

REVISÃO Bruna Fernanda Martins

GERÊNCIA DE FINANÇAS Selma Maria Fernandes do Valle

Carlos Eduardo Pereira


COMUNICAÇÃO Débora Nazário
Karla Pipolo Olegário

LIVRARIAS E EVENTOS Estevão Misael

CONVERSÃO PARA E-PUB Carlos Eduardo H. Pereira

COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E


HUMANIDADES

DIREÇÃO CIENTIFICA Dra. Doutora Márcia Gonçalves - UNITAU

CONSULTORES Lilian Dias Bernardo – IFRJ

Taiuani Marquine Raymundo - UFPR

Janaína Doria Líbano Soares - IFRJ

Rubens Reimao – USP

Edson Marques – Unioeste


Maria Cristina Marcucci Ribeiro – UNIAN-SP

Maria Helena Zamora – PUC-Rio

Aidecivaldo Fernandes de Jesus – FEPI

Zaida Aurora Geraldes – FAMERP


Para Rosani, José e Elis
Com amor
AGRADECIMENTOS

As mãos que inspiraram a escrita deste livro são muitas. Com a certeza de que
não esgotarei todos os nomes, agradeço imensamente à:
Angela Zamora Cilento, por ter me ensinado a ler filosofia, de Sócrates a
Nietzsche.
Roger Fernandes Campato, por ter me guiado na leitura de Hegel e Lukács.
Maria Thereza Costa Coelho, por ter me introduzido de maneira cuidadosa e
artesanal à pesquisa em Psicologia.
Belinda Mandelbaum e Leny Sato, por terem me apresentado o encanto da
Psicologia Social.
Jose Leon Crochik, por ter me apresentado a viagem sem volta que é o estudo da
Teoria Crítica da sociedade e do pensamento dialético.
Mitsuko Antunes e José Moura Gonçalves Filho, pelas importantes
considerações na banca de avaliação desta pesquisa.
Luís Guilherme Galeão, orientador que acreditou na pesquisa que resultou neste
livro.
Maria Helena Souza, minha mestre e amiga, por ter sido a principal referência da
minha formação crítica em Psicologia e por ter me mostrado o caminho que
decidi trilhar.
APRESENTAÇÃO

O título deste livro é, no mínimo, controverso. Afinal, por que afirmar que a
Psicologia Social nasceu na mão de um médico que escreveu um livro sobre essa
disciplina em 1935? Raul Briquet não foi psicólogo social, e muito menos
pesquisador nesse campo. Contudo foi o primeiro intelectual a oferecer um
curso de Psicologia Social no Brasil e o primeiro a publicar um livro sobre essa
disciplina, inspirando, inclusive, outros importantes intelectuais que escreveram
livros e manuais similares.
Foram desses questionamentos que surgiram as perguntas de pesquisa que
orientaram este livro: o que estava escrito no primeiro livro sobre psicologia
social no Brasil? Quem era seu autor? O que o levou a lecionar essa disciplina? A
quem interessava o desenvolvimento da psicologia social no país?
A partir dessas primeiras perguntas, formou-se então a questão central que
orientou a elaboração deste livro: qual foi a necessidade histórica de uma
psicologia social no Brasil? Responder a essa questão exigiu um duplo trabalho.
Primeiro, foi realizada uma análise do conteúdo e da estrutura do livro
Psicologia Social (1935) de Raul Briquet, de onde foram reveladas categorias que
estruturam o livro, tais como as noções de indivíduo, sociedade, relação indivíduo-
sociedade, ciência, Psicologia Social e educação. Essas categorias revelaram
tendências transversais em seu pensamento, que deram apontamentos sobre o
seu posicionamento ético-político e da intelectualidade de sua época. Todas essas
categorias apontaram para determinações de maior totalidade e, portanto, para a
necessidade de mais um passo analítico.
Esse passo analítico se realizou com a análise das determinações concretas, de
maior totalidade, que fundamentaram a organização política, econômica, social e
institucional da década de 1930 no Brasil.
Entendeu-se que, tanto pela análise da estrutura e do conteúdo do livro
Psicologia Socia, assim como das determinações concretas que o atravessaram,
poderiam ser dado dois importantes passos na compreensão do porquê aquele
livro resultou enquanto tal. Noutras palavras, por que em 1935 foi publicado o
primeiro livro de psicologia social no Brasil, ou, mais especificamente, de quais
forças históricas, políticas, sociais e institucionais partiu a necessidade desse
novo campo científico em território nacional e na cidade de São Paulo.
Postas essas questões, talvez fique claro ao leitor que a concepção de história
presente neste livro não é positivista; portanto, não entende a história de forma
linear, causal e ingenuamente personalista, tentando entender o desenvolvimento
histórico a partir de datas e figuras individuais. Pelo contrário, nossa premissa é
de que a história é essencialmente um processo, um fluxo incessante de
continuidade e descontinuidade, um eterno devir orientado pela reprodução e
pela ruptura dos momentos que marcam seu passado, presente e futuro.
Nesse sentido, Raul Briquet seria entendido como uma figura singular de seu
tempo, efetivando na publicação de seu livro Psicologia Social um momento
complexo e específico do movimento de forças sociais mais amplas que
resultaram na constituição da psicologia social no país. Desse modo, esse autor
não seria o “inventor” desse campo em território nacional, muito menos o
“responsável” pelo seu nascimento. Antes, seria entendido como parte
fundamental de um movimento de constituição do campo da psicologia social
que vinha se desenvolvendo no Brasil desde o século XIX em diferentes regiões
do país.
Esse movimento foi encabeçado pelas elites intelectuais que visavam à
modernização da nação, mesmo que a toque autoritário, no projeto que foi
chamado de modernização conservadora. Nesse sentido, era própria a seu
pensamento a defesa do liberalismo e, ao mesmo tempo, do pensamento
conservador racista. Esse tipo de contradição, que modelou os jogos de força na
política, na economia e na sociedade inevitavelmente se expressou no
pensamento desses autores, inclusive em Raul Briquet e em sua obra Psicologia
Social na década de 1930, que foi de fundamental importância para a introdução
e consolidação desse campo no Brasil.
Este livro é resultado da dissertação de mestrado Raul Briquet e a
modernização conservadora: crítica ao primeiro manual brasileiro sobre Psicologia
Social, defendida na Universidade de São Paulo em 2016 sob a orientação do
Prof. Dr. Luís Guilherme Galeão Silva. Em relação à pesquisa original, alguns
elementos foram acrescentados, dando-se foco ao nascimento da psicologia
social no Brasil. Por outro lado, foi decidido pela manutenção de alguns vícios de
um jovem pesquisador ainda em formação, tais como o uso excessivo de um
mesmo autor ou leituras de segunda mão. De qualquer maneira, espero que este
livro possa contribuir com importantes elementos para a compreensão da
história da psicologia social no Brasil.
Agradeço imensamente à minha querida mestre Maria Helena Souza Patto,
pela revisão que fez do texto e por todo o carinho expresso no decorrer da
escrita deste livro.
Thiago Bloss
PREFÁCIO

Um dos débitos que a Psicologia ainda tem a pagar com a sociedade decorre
de sua recusa em fazer a crítica da própria história, ou seja, dos seus saberes e
fazeres historicamente constituídos que a tornam uma ciência ideológica. Ainda
são incontáveis os casos de psicólogos e psicólogas que, por ignorarem as
vinculações políticas de sua ciência, reproduzem teorias e práticas
preconceituosas, higienistas e autoritárias.
O livro O nascimento da Psicologia Social no Brasil: uma crítica a Raul Briquet,
do jovem pesquisador Thiago Bloss de Araújo, contribui para essa necessária
crítica ao desvelar algumas das importantes determinações históricas, sociais e
políticas presentes na constituição da Psicologia Social no Brasil.
O autor resgata a tradição crítica do materialismo histórico e dialético por
meio de uma análise minuciosa da obra desconhecida de Raul Briquet,
apontando para os profundos interesses econômicos e políticos das elites
intelectuais de seu tempo. Essa elite posicionava-se na defesa da modernização
do país por meio dos princípios do liberalismo, contudo, sem abrir mão da
manutenção dos seus privilégios sociais e raciais.
Em um momento em que o país se paralisa frente aos mandos e desmandos
autoritários de um presidente legitimado pelas classes dominantes, este livro
serve como uma denúncia ao projeto de modernização conservadora das nossas
elites, historicamente defensoras de um liberalismo escravocrata e forjadas em
um país recém saído da escravidão no início do século passado. Desse modo,
fazer a crítica do chão social em que estão inseridas as ideias e concepções da
Psicologia torna-se também um exercício de elaboração do seu passado. É esse
compromisso ético-político que o autor defende ao afirmar que “a Psicologia
Social sempre se posicionou frente ao autoritarismo de seu tempo, seja para
reiterá-lo, seja para negá-lo até as últimas consequências. Dessa maneira, uma
Psicologia que se pretende crítica deve insistir no exercício de escovar a própria
história a contrapelo”.
Maria Helena Souza Patto
SUMÁRIO

1
O NASCIMENTO DA NOVA CIÊNCIA BURGUESA: A PSICOLOGIA 19

2
TEORIAS DO SÉCULO XIX: EVOLUCIONISMO E POSITIVISMO 25
2.1 Cientificismo e Teorias Raciais: a suposta neutralidade científica do racismo 25
2.2 Darwinismo: da lógica natural à natural lógica entre os seres humanos 27
2.3 Psicologia e Eugenia: as origens do saber psicológico em torno das diferenças entre as raças 29
2.4 O Positivismo: ciência e ideologia 32

3
O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA SOCIAL:
EUROPA E ESTADOS UNIDOS 39
3.1 As raízes da Psicologia Social na Europa 39
3.2 O nascimento da Psicologia Social nos Estados Unidos 42
3.2.1 O Handbook of Social Psychology de Murchinson 44

4
O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL 49
4.1 As Faculdades de Medicina 49
4.2 As revistas médicas 51
4.2.1 Gazeta Médica 51
4.2.2 O Brazil Medico 55
4.3 O nascimento da Psicologia no Brasil 59
4.4 O Pensamento Social Brasileiro: psicologia dos povos e caráter nacional 63
4.5 O nascimento da Psicologia Social no Brasil: introdução, institucionalização
e crise 81

5
RAUL BRIQUET (1887-1953) 89

6
A DÉCADA DE 1930 93
6.1 O entreguerras: catástrofe, revolução e crise 93
6.1.1 A catástrofe 93
6.1.2 A revolução 98
6.1.3 A crise 102
6.1.3.1 Crise econômica 102
6.1.3.2 Crise do Liberalismo 105
6.2 A década de 30 no Brasil: o declínio das oligarquias e a
modernização conservadora 113
6.2.1 Os antecedentes 113
6.2.2 A Era Vargas: do governo provisório ao golpe do Estado Novo 116
6.2.3 A contrarrevolução paulista de 1932 118
6.2.4 O Estado Getulista 120
6.2.4.1 Revolução e conciliação 120
6.2.4.2 Entre a direita e a esquerda 121
6.2.4.3 Economia: da queima do café ao processo de industrialização 125
6.2.4.4 Os intelectuais e o autoritarismo 126
6.2.4.5 Educação 128

7
O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA (1932) 131

8
A ESCOLA LIVRE DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA (1933-1953) 141
8.1 O Manifesto da Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política (1933) 144
8.2 Rumo à Verdade 147
8.3 Roberto Simonsen e Cyro Berlinck: da revolução ao imperialismo 151
8.4 Informações institucionais 154
8.4.1 Sobre o programa 154
8.4.2 Sobre o curso de Psicologia Social 155
8.4.3 Sobre os outros programas e cursos 155

9
SOBRE O MÉTODO: O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO 159
9.1 Os limites do Positivismo: a crítica a partir do Materialismo
Histórico e Dialético 159
9.2 Elementos do método materialista histórico e suas bases na dialética hegeliana 165
9.3 Totalidade, mediação e contradição: as três categorias fundamentais da análise materialista e
dialética 169
9.4 Pseudoconcreticidade e formas fetichistas de objetividade: a abstração
da realidade 172
9.5 A relação entre Psicologia e Sociologia: uma antinomia costurada 176

10
O LIVRO PSICOLOGIA SOCIAL (1935) 179
10.1 Prefácio 179
10.2 Introdução 181
10.3 Subsídio da Biologia 194
10.4 Subsídio da Psicologia 200
10.4.1 Bieviorismo 202
10.4.2 Guestaltismo 204
10.4.3 Leis da natureza humana 208
10.4.4 Aprendizagem 213
10.5 Subsídio da Sociologia 217
10.6 Instinto 237
10.7 Instinto Agressivo 244
10.8 Hábito 249
10.9 Sugestão 253
10.10 Imitação 258
10.11 Simpatia 263
10.12 Inteligência 266
10.13 Grupos Sociais 271
10.14 Eu Social 280
10.15 Personalidade 284
10.16 Adaptação Social 294
10.17 Preconceito de Raça 299
10.18 Liderança 309
10.19 Opinião Pública 314
10.20 Multidão 318
10.21 Revolução 327

11
ANÁLISE DO LIVRO 339
11.1 Da estrutura e temática 339
11.2 Dos autores 341
11.3 Categorias de análise 342
11.3.1 Indivíduo 342
11.3.1.1 Síntese da noção de indivíduo 345
11.3.2 Sociedade 347
11.3.2.1 Síntese da noção de sociedade 350
11.3.3 Relação indivíduo e sociedade 353
11.3.3.1 Síntese da noção da relação indivíduo e sociedade 356
11.3.4 Ciência 359
11.3.4.1 Síntese da noção de ciência 361
11.3.5 Educação 362
11.3.5.1 Síntese da noção de educação 366
11.3.6 Psicologia Social 368
11.3.6.1 Síntese da noção de Psicologia Social 370
11.4 Tendências do livro 372
11.4.1 Tendência ao cientificismo/organicismo 372
11.4.2 Tendência a normatização 375
11.4.3 Orientação programática para a ciência 378
11.4.4 Tendência ao evolucionismo/higienismo/eugenia 381
11.4.5 Tendência à práxis 383
11.4.6 Crítica radical 384

12
SÍNTESE: RAUL BRIQUET, PSICOLOGIA SOCIAL E
MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA 387

CONCLUSÃO 391

REFERÊNCIAS 395

Você também pode gostar