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ANÁLISE DAS

DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Autoria: Daisy Assmann Lima

1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Janes Fidelis Tomelin

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech


UNIASSELVI

L732a

Lima, Daisy Assmann

Análise das demonstrações contábeis e financeiras. / Daisy As-


smann Lima – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

113 p.; il.

ISBN Digital 978-65-5646-495-4


1. Administração – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 658

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Análise De Balanços...................................................................... 7

CAPÍTULO 2
Custos............................................................................................ 45

CAPÍTULO 3
Demonstrativos Financeiros...................................................... 77
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, o livro Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras
foi pensado para proporcionar a você um conteúdo com elementos que o ajudem
no momento de elaborar e analisar as demonstrações contábeis e financeiras da
organização. Não somente neste momento, mas que possa visitar e revisitar os
escritos sempre que precisar consultar o material ao elaborar demonstrações con-
tábeis e financeiras!

Durante a trajetória de sua vida empresarial, você deve elaborar ou contratar


serviços contábeis. Assim, podemos dizer que é preciso compreender os balan-
ços recebidos ou, ainda, você próprio pode elaborá-los a partir dos conhecimen-
tos que irá adquirir neste curso.

De forma didática, o livro está dividido em três capítulos. No Capítulo 1, será


abordada uma breve introdução à análise dos balanços. Logo em seguida, serão
demonstradas as seguintes demonstrações contábeis: demonstração de resulta-
dos, balanço patrimonial, demonstração do fluxo de caixa, demonstração das mu-
tações patrimoniais, demonstração do valor adicionado.

No Capítulo 2, vamos estudar custos. É um conteúdo bastante abrangente


e bem prático, já que em qualquer negócio você vai precisar saber o custo para
determinar o preço de venda. Abordaremos uma breve introdução à contabilidade
de custos, bem como os seus tipos e, por fim, a formação de preços.

No Capítulo 3, trataremos dos demonstrativos financeiros. E isso significa


que mencionaremos o uso e a análise das demonstrações financeiras e dos indi-
cadores financeiros – liquidez e endividamento, atividade e lucratividade.

Portanto, esperamos que os conteúdos abordados estimulem sua leitura e que


o livro de estudos seja útil e relevante em sua aprendizagem e formação profissional.

Boa leitura e bons estudos!


C APÍTULO 1
Análise De Balanços

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Compreender as demonstrações contábeis.

3 Distinguir os diferentes componentes para realizar uma análise das demonstra-


ções contábeis.

3 Analisar as demonstrações contábeis de forma a identificar os efeitos práticos.


Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

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Capítulo 1 Análise De Balanços

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A análise de balanços é um método fundamental para a contabilidade gerencial
nas empresas. Ela disponibiliza, ao empresário, um diagnóstico da real situação eco-
nômico-financeira e a avaliação de empresas usando relatórios que são retirados da
própria contabilidade, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados
(DRE).

Portanto, inicialmente, deve ser feito cada relatório ou demonstração de for-


ma confiável e segura. Em seguida, ocorrerá a análise das demonstrações contá-
beis, que serão demonstradas por meio da análise financeira. Essa, por sua vez,
é composta de diversos índices, como: índices de liquidez, de endividamento, de
rentabilidade e de fluxos de caixa operacional, em conjunto com as conclusões e
pareceres do analista.

Vamos imaginar, na prática, como a análise de balanços e das demonstra-


ções contábeis pode ajudar. Saber analisar as demonstrações das empresas é
uma habilidade importantíssima para qualquer investidor, do iniciante ao avança-
do. São vários os dados envolvidos em um balanço e é importante que o investi-
dor conheça não só os conceitos, mas também a lógica envolvida nos números.

Conhecido por ser um dos maiores, se não o maior, investidor mundial, War-
ren Buffet tornou-se expert em analisar as demonstrações contábeis, conseguindo
fazer um exame da situação financeira de cada negócio. O que Buffet descobriu?
Empresas podem sobreviver até com os problemas financeiros que possuem e
poderão, basicamente, trazer retornos no longo prazo.

A consistência em margens brutas altas, em pouca ou nenhuma dívida e lu-
cro recorrente, consequentemente, gerará consistência em lucros para o investi-
dor. Essa consistência é encontrada na leitura e nos números que os relatórios e
demonstrações das empresas trazem.

2 ANÁLISE DE BALANÇOS
A análise de balanços é uma técnica muito importante no diagnóstico da si-
tuação econômico-financeira de uma empresa. Ao observar o estudo dos grupos
básicos da contabilidade, que são o ativo, o passivo e o patrimônio líquido, é pos-
sível gerar índices e indicadores que poderão ser comparados com períodos ante-
riores e com setores de atividade e mercado da companhia.

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Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Portanto, analisar o balanço de uma empresa é olhar para o passado dos


resultados com uma visão de futuro. Por causa das demonstrações financeiras,
é possível identificar se alguma companhia tem constância em seus números, se
tem vantagem competitiva ou se está com os resultados ruins.

FIGURA 1 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL

Fonte: <http://www.gecompany.com.br/gecompany/wp-content/
uploads/2018/12/Capturar-3.png>. Acesso em: 15 jun. 2022.

A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações úteis aos seus


usuários. E é por meio das demonstrações contábeis que conseguimos repassar
essas informações (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020a). Vamos a um exemplo!

1 Vamos imaginar que o lucro da empresa A foi de 100 milhões e o


da empresa B foi de 50 milhões. Agora, a partir dessas informa-
ções, analise a seguinte informação: é possível avaliar o desem-
penho dessas empresas por meio dos dados informados?

Com o processo de convergência das normas contábeis brasileiras às nor-


mas contábeis internacionais, uma extensa lista de normas foi elaborada pelos
órgãos regulamentadores e fiscalizadores. Essa lista tem sido periodicamente re-
visada para permitir a adequação.

Quer saber mais sobre a importância da leitura de demonstra-


ções para investimentos? Assista ao vídeo a seguir: https://www.you-
tube.com/watch?v=CXRze8MiCu4.

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Capítulo 1 Análise De Balanços

Porém, ainda existem muitos pontos importantes da estrutura das demons-


trações contábeis que ainda não foram ajustados, além de haver alguns conceitos
que ainda são objeto de estudo mais aprofundado, pois são características espe-
ciais nas operações praticadas no Brasil (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020a).

A Lei nº 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, assim
como as suas respectivas alterações, dispõem sobre as demonstrações contábeis
que devem ser feitas pelas Companhias de Capital Aberto e Fechado.

Quer saber mais sobre a Lei das Sociedades por Ações? Co-
nheça a Lei nº 6.404/76 na íntegra! Acesse: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm

As demonstrações precisam mostrar com clareza a situação do patrimônio


da companhia e as mutações que ocorreram (SILVA, 2019). Essas demonstra-
ções contábeis devem ser auditadas por auditores independentes registrados na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Assista ao vídeo a seguir e conheça as diferenças entre a Lei nº


6.404/1976 (Lei das SAs) e o CPC 26 - Apresentação das demons-
trações contábeis no que tange à apresentação das demonstrações
contábeis: https://www.youtube.com/watch?v=336Z9qKLrtA.

As empresas produzem as demonstrações contábeis objetivando fornecer


informações sobre sua posição patrimonial, financeira e de desempenho. Essas
informações são utilizadas por vários usuários interessados (investidores, gover-
nos, sócios, clientes etc.) na tomada de decisões econômicas.

Para aumentar o grau de confiança das demonstrações financeiras, uma área


externa qualificada, conhecida como auditor, estará envolvida em examinar as de-
monstrações contábeis, visto que esse profissional, por não fazer parte do conjunto
interno da organização, é totalmente imparcial e a sua opinião profissional é feita de
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Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

forma justa, em todos os aspectos: materiais, de desempenho financeiro da empre-


sa, da posição financeira a partir de determinada data, dentre outros.

As demonstrações são:

• balanço patrimonial;
• demonstração do resultado do exercício;
• demonstração dos lucros e prejuízos acumulados;
• demonstração das mutações do patrimônio líquido;
• demonstração do fluxo de caixa;
• se a companha for aberta, demonstração do valor adicionado.

FIGURA 2 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Fonte: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/composicao-isometrica-de-hipoteca-
com-imagens-de-calculadora-monte-de-moedas-e-recibo-com-ilustracao-
vetorial-de-porcentagem_23129150.htm>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Além dessas demonstrações, o Conselho Federal de Contabilidade estabele-


ce que demonstrações contábeis também englobam:

• notas explicativas;
• quadros suplementares;
• outras informações.

Tais quadros e informações suplementares podem conter informações finan-


ceiras sobre segmentos ou divisões industriais ou divisões situadas em diferentes
locais e divulgações sobre os efeitos das mudanças de preços, por exemplo. Além
disso, podem incluir informações extras que são relevantes às necessidades dos
usuários sobre itens constantes no balanço patrimonial e na demonstração do re-
sultado do exercício. Por fim, é possível que contenham também divulgações sobre
os riscos e incertezas que atingem as entidades, recursos e/ou obrigações para os
quais não exista obrigatoriedade de serem reconhecidos no balanço patrimonial.

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Capítulo 1 Análise De Balanços

Para conhecer os normativos contábeis e ficar atualizado sobre


as novidades contábeis, acesse o site do Conselho Federal de Con-
tabilidade (CFC) a seguir: https://cfc.org.br/.

Criar e analisar as demonstrações financeiras não são tarefas fáceis, mas


são tarefas que todo contador precisa saber fazer. Entender como anda a empre-
sa é fundamental, pois, com essa análise, pode-se desenvolver estratégias para
melhorar o desenvolvimento da empresa.

2 Quais são as demonstrações contábeis obrigatórias, segundo a


Lei nº 6.404/1976, e qual é a importância da análise de balanços
em cada demonstração?

3 BALANÇO PATRIMONIAL

O balanço patrimonial é destinado a apresentar, qualitativa e quantitativa-
mente, em uma data, a posição patrimonial e financeira de uma empresa, sendo
compreendido por todos os bens e direitos (ativo), obrigações (passivos) e o pa-
trimônio líquido da entidade (SILVA, 2019). Essa demonstração é comparada a
uma fotografia que mostra detalhes dos ativos e dos passivos da empresa. Tanto
o ativo quanto o passivo são divididos em duas partes: circulante e não circulante
(ALMEIDA, 2019). O circulante é tudo que a empresa tem ou deve no curto prazo,
já o não circulante é tudo que a empresa tem ou deve no longo prazo.

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Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

FIGURA 3 – ATIVO IGUAL AO PASSIVO

Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-premiumcontabilidade_3110
358?term=contabilidade&page=1&position=28&page=1&position=28&
related_id=3110358&origin=search>. Acesso em: 15 jun. 2022.

No ativo, constam o ativo circulante e o ativo não circulante. O ativo não cir-
culante é dividido em:

a) Ativo realizável a longo prazo.


b) Investimento.
c) Imobilizado.
d) Intangível.

O sistema, antigamente, identificava o permanente, mas não o lista mais.


Além disso, divide os bens em tangíveis (ficando no imobilizado) e intangíveis.

No passivo, constam: passivo circulante; passivo não circulante; e patrimônio


líquido. Já o patrimônio líquido é dividido em:

a) Capital social.
b) Reservas de capital.
c) Ajustes de avaliação patrimonial.
d) Reservas de lucros.
e) Ações em tesouraria.
f) Prejuízos acumulados.

Outras informações importantes:

• Circulante – são os fatos que vencem até o exercício seguinte.


• Não circulante – o vencimento tem prazo superior.
• Os ativos e os passivos devem ser lançados quando tiverem capacidade
de geração de benefícios econômicos futuros.
• As contas serão colocadas no balanço patrimonial em ordem decrescen-
te do grau de liquidez.

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Capítulo 1 Análise De Balanços

3 - Imaginemos uma empresa que tenha as seguintes contas:

Ativo circulante:
• Caixa – 30.000.
• Clientes – 32.000.
• Estoques – 70.000.
• Despesas antecipadas – 10.000.

Ativo não circulante


• Máquinas – 50.000.
• Veículos – 70.000.
• Depreciação acumulada – (15.000).

Passivo circulante:
• Fornecedores – 54.000.
• Tributos a pagar – 3.000.

Patrimônio Líquido
• Capital Social – 70.000.

Agora, a partir dessas informações, elabore o balanço patrimonial.

Assista ao vídeo a seguir referente ao balanço patrimonial: ht-


tps://www.youtube.com/watch?v=mD-krqVDdco

3.1 ATIVO
Ativo é um recurso controlado pela entidade, como resultado de eventos pas-
sados e que se espera que resultem em futuros benefícios econômicos para a en-
tidade (ALMEIDA, 2019). No ativo, as contas representativas dos bens e direitos
são dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez (maior prazo, no qual
bens e direitos podem ser transformados em dinheiro) dos elementos.
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Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Segundo o artigo 179 da Lei nº 6.404/1976, as contas do ativo serão classi-


ficadas em:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis


no curso do exercício social subsequente e as aplicações de
recursos em despesas do exercício seguinte;
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após
o término do exercício seguinte, assim como os derivados de
vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas
ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes
no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais
na exploração do objeto da companhia;
III - em investimentos: as participações permanentes em outras
sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificá-
veis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção
da atividade da companhia ou da empresa;
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens
corpóreos destinados à manutenção das atividades da compa-
nhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram à companhia os be-
nefícios, riscos e controle desses bens;
V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens in-
corpóreos destinados à manutenção da companhia ou exerci-
dos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquiri-
do. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da
empresa tiver duração maior que o exercício social, a classifi-
cação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse
ciclo. (BRASIL, 1976, on-line)

a) Ativo circulante

O ativo circulante é o capital de giro de uma empresa, formado pelos bens e di-
reitos que estão em frequente circulação no Patrimônio (MARTINS; MIRANDA; DINIZ,
2020b). Segundo o CPC 26, que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis:

O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer


qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido
ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data
do balanço; ou
(d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pro-
nunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de
Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de pas-
sivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após
a data do balanço. Todos os demais ativos devem ser classifi-
cados como não circulantes. (CPC, 2011, on-line)

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Capítulo 1 Análise De Balanços

O ativo circulante é o conjunto de contas que se movimentam de acordo


com a atividade operacional da empresa. São o conjunto de disponibilidades e
direitos realizáveis a curto prazo (vencimento até o exercício seguinte). Podemos
listar como exemplos de ativos circulantes:

• Disponível – valores à disposição da empresa, em caixa, conta em ban-


co ou em aplicações financeiras de liquidez imediata.

FIGURA 4 – CAIXA

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/3483098/>. Acesso em: 15 jun. 2022.

• Estoques – mercadorias da empresa que têm como finalidade ser vendi-


das e recebidas a curto prazo. Englobam, além das mercadorias prontas,
matérias-primas que serão transformadas em outros bens.
• Contas a receber – representam os créditos da empresa que são con-
sequências das suas vendas a clientes e outros créditos a curto prazo.
• Despesas antecipadas – são as já pagas, mas que não foram usufruí-
das. Como exemplo, temos: o aluguel de um imóvel que a empresa pa-
gou antecipadamente. Portanto, a empresa tem direito a esse aluguel.

Assista ao vídeo, a seguir, referente ao ativo: https://www.youtu-


be.com/watch?v=y82nCeTI7Bo

b) Ativo não circulante



São os valores cuja realização passará do exercício social seguinte. O ativo
não circulante é dividido em:

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Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

• Realizável a longo prazo – são os bens e direitos que se realizam em


prazo maior ao exercício seguinte, sendo que sua natureza não é de in-
vestimento permanente, imobilizado, intangível ou diferido. O ativo reali-
zável a longo prazo é o oposto do ativo circulante, já que nele ficam as
contas dos recursos que circularão apenas depois do fim do exercício
social seguinte.
• Investimentos – são as participações em outras sociedades e direitos
de qualquer natureza que não se destinam à manutenção da empresa,
tais como: ações ou quotas de sociedades controladas ou coligadas,
aplicações por incentivos fiscais.
• Imobilizado – direitos que tenham por objeto bens relacionados à manu-
tenção da atividade da empresa (máquinas, veículos, dentre outros).

FIGURA 5 – VEÍCULOS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/2800121/>. Acesso em: 15 jun. 2022.

• Intangível – ligado aos direitos que têm por objeto bens intangíveis que são
destinados à manutenção da atividade da empresa ou com essa finalidade.

Segundo o parágrafo VI, da Lei nº 11.638/2007, no intangível constam:


os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercícios com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio ad-
quirido (BRASIL, 2007).

De acordo com o CPC 26, que trata sobre a apresentação das demons-
trações contábeis, a distinção entre circulante e não circulante é:

A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulan-


tes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de
contas separados no balanço patrimonial, de acordo com os
itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação baseada na
liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante.
Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos
devem ser apresentados por ordem de liquidez. [...]
Para algumas entidades, tais como instituições financeiras, a
apresentação de ativos e passivos por ordem crescente ou de-

18
Capítulo 1 Análise De Balanços

crescente de liquidez proporciona informação que é confiável


e mais relevante do que a apresentação em circulante e não
circulante pelo fato de que tais entidades não fornecem bens
ou serviços dentro de um ciclo operacional claramente identifi-
cável. (CPC, 2011, on-line)

3.2 PASSIVO
Passivo é uma obrigação presente da entidade, como consequência de eventos
passados e cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de
gerar benefícios econômicos. Portanto, é a parte do balanço que evidencia as obriga-
ções e o patrimônio líquido (SOUZA, 2015). As contas no passivo são classificadas
observando a ordem decrescente do grau de exigibilidade dos elementos registrados.

Uma obrigação é um dever e elas precisam ser presentes, não um compro-


misso futuro. Essa obrigação surge apenas quando o ativo é recebido ou quando
a entidade assina um acordo de aquisição do ativo.

O fim de uma obrigação presente pode acontecer de várias formas, por exemplo:

• pagamento em dinheiro;
• transferência de outros ativos;
• prestação de serviços;
• substituição da obrigação por outra;
• conversão da obrigação em capital;
• renúncia do credor;
• perda dos direitos creditícios.

Assista ao vídeo, a seguir, referente ao passivo e ao patrimônio


líquido: https://www.youtube.com/watch?v=Se8hQg0wxjo.

a) Passivo circulante

São as obrigações exigíveis a curto prazo, vencíveis até o encerramento do


exercício seguinte. Podemos citar como exemplos: tributos a recolher, fornecedo-
res, folhas a pagar etc. Segundo o CPC 26:

19
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

O passivo deve ser classificado como circulante quando satis-


fizer qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional
normal da entidade;
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a
data do balanço; ou
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do
passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço
(ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da
contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de ins-
trumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação.
Todos os outros passivos devem ser classificados como não
circulantes. (CPC, 2011, on-line)

FIGURA 6 – CONTAS A PAGAR

Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-gratislidade_1570998?te
rm=contabilidade&page=1&position=11&page=1&position=11&relat
ed_id=1570998&origin=search>. Acesso em: 15 jun. 2022.

b) Passivo não circulante

Passivo não circulante são as obrigações cujo vencimento extrapola o fim do


exercício seguinte. Por exemplo, nas contas de longo prazo que foram parcela-
das, as parcelas que ultrapassam o fim do exercício seguinte ficarão no passivo
não circulante. Também no passivo não circulante, inclui-se um subgrupo próprio
para as receitas diferidas.

Na companhia em que o ciclo operacional da empresa for maior que o exer-


cício social, a classificação entre circulante ou longo prazo – para ativos e para
passivos – terá por base o prazo desse ciclo.

c) Patrimônio líquido

O patrimônio líquido é a parte do balanço patrimonial que diz respeito aos


capitais próprios. São, portanto, recursos derivados dos proprietários ou da mo-

20
Capítulo 1 Análise De Balanços

vimentação normal do patrimônio (lucros apurados). É o resultado da diferença


entre o ativo e o passivo. Esses recursos são divididos em:

• Capital social

São os valores investidos pelos sócios ou acionistas, no momento inicial da


empresa, junto com os aportes de capital feitos por eles durante a vida da empre-
sa. Devem ser demonstrados os valores subscritos (prometido) e o integralizado
(cumprido) e podem ser reduzidos até o valor dos prejuízos acumulados, median-
te concordância da assembleia geral.

FIGURA 7 – CAPITAL SOCIAL

Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-gratis/
dinheiro_1751761?term=contabilidade&related_id=1751761>. Acesso em: 15 jun. 2022.

• Reservas de capital

São o ágio na emissão de ações (diferença recebida a mais do que o va-


lor nominal da ação); o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição; o resultado da correlação monetária do capital realizado, enquanto
não capitalizado.

• Ajuste de avaliação patrimonial

De acordo com a Medida Provisória (MP) nº 449/2008:

Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, en-


quanto não computadas no resultado do exercício em obediên-
cia ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos
ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e
do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos
casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Co-
missão de Valores Mobiliários, com base na competência con-
ferida pelo § 3o do art. 177. (BRASIL, 2008, on-line)

21
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

• Reservas de lucros

São os valores do lucro apurado que a assembleia ou os estatutos determi-


nam que devem continuar na empresa, como: reserva legal, reserva para aumen-
to de capital, reserva para aumento de dividendos, reserva de incentivos fiscais,
reserva de lucros a realizar, dentre outras.

São contas representativas das reservas com parte dos lucros apurados pela
empresa em razão de lei ou da vontade dos proprietários, administradores ou só-
cios (SILVA, 2019).

• Prejuízos acumulados

Essa conta movimentará os resultados apurados no exercício, que terão os


lucros e os prejuízos acumulados no exercício atual, ou em exercícios anteriores,
até que sejam compensados com lucros, saldos de reservas ou assumidos pelos
sócios. Os saldos representativos de lucros serão distribuídos em seu valor total,
restando como saldo apenas os prejuízos que se acumularão.

• Ações em tesouraria

São as ações da própria empresa adquiridas por ela própria.

Assista ao vídeo, a seguir, referente ao passivo e ao patrimônio


líquido: https://www.youtube.com/watch?v=767XdjlE3IU

4 - Atente-se para o balanço patrimonial, a seguir, e apresente


uma análise conforme o resultado encontrado.

QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL


2008 2007
Ativo 23.800 20.675
Disponível 2.300 1.800
Caixa 200 150
Conta Bancos 1.600 1.300

22
Capítulo 1 Análise De Balanços

Aplicações financeiras de resgate imediato 500 350


Estoques 5.647 4.716
Produtos Acabados 3.647 3.116
Produtos em Elaboração 500 400
Matéria-Prima 1.500 1.200
Contas a receber 4.780 4.950
Duplicatas 4.780 4.950
Impostos a recuperar 1.503 1.393
PIS a compensar 550 440
ICMS a recuperar 65 65
Imposto de renda retido na fonte 300 300
Cofins a compensar 288 288
CSLL a compensar 300 300
Despesa antecipada 200 160
Seguros a vencer 200 160
Ativo não circulante 9.370 7.656
Ativo realizável a longo prazo 100 80
Créditos em liquidação 20 16
Depósitos judiciais 80 64
Investimento 300 240
Participação em outras sociedades 300 240
Imobilizado 8.900 7.280
Terrenos 5.800 4.800
Máquinas e equipamentos 1.600 1.280
Ajuste de avaliação patrimonial (100) (80)
Móveis e utensílios 800 640
Veículos 1.200 960
(-) Depreciação acumulada (400) (320)
Intangível 70 56
Marcas e patentes 70 56
Passivo 23.800 20.675
Passivo Circulante 11.100 1.155
Fornecedores 2.100 1.680
Contas a pagar 1.100 1.150
Prestadores a pagar 1.900 1.520
Provisão para IR e CSL 800 640
INSS a recolher 1100 880
ICMS a recolher 4.100 3.280
Passivo não circulante 6.000 4.800
Empréstimos 2.000 1.600
Parcelamento INSS 1.000 800
Parcelamento ICMS 2.000 1.600
Partes relacionadas 1.000 800
Patrimônio Líquido 6.700 6.800
Capital Social 3.000 3.000
Reservas de capital 800 800

23
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Reserva de reavaliação 600 600


Ajustes de avaliação patrimonial (100) (100)
Reserva de lucros 2.400 2.500
Prejuízos acumulados 0 0
Fonte: a autora.

Impostos a recuperar/compensar: ativo.


Impostos a recolher: passivo – é o pagamento ao fisco dos tributos.

Em seguida, temos o patrimônio líquido, composto de capital social, reserva de


capital, reserva de reavaliação, ajuste de avaliação patrimonial (decorre do acerto dos
valores do ativo ou do passivo, que pode ser para mais ou para menos. É a avaliação
dos bens em relação ao seu valor justo), reserva de lucros e prejuízos acumulados.

5 Dê o conceito de capital social e reserva de capital, subcontas do


patrimônio líquido.

4 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO
Não tem como não falar em contabilidade e não falar da Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE). A DRE tem como objetivo fornecer aos usuários
das demonstrações financeiras das empresas os dados básicos e essenciais da
formação do lucro ou prejuízo do exercício. Sua utilidade aos gestores deve-se ao
fato de ser um demonstrativo bem simples de compreender, permitindo a todos os
gestores entendê-lo e interpretar suas informações (ALMEIDA, 2019).

24
Capítulo 1 Análise De Balanços

É uma demonstração que tem o levantamento obrigatório, o qual correspon-


de ao resultado econômico. Será computado em obediência ao princípio da com-
petência, ou seja, conforme as ocorrências do fato gerador do registro contábil,
independentemente do efetivo recebimento da receita ou pagamento da despesa.
Para fins legais, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é feita anual-
mente, mas pode ser feita mensalmente (simplificada), para fins administrativos,
e trimestralmente, para o monitoramento dos gastos fiscais. Basicamente, ela é
um resumo das receitas e das despesas que ocorreram em uma empresa. Se
as receitas forem maiores que as despesas, houve lucro. Se as despesas forem
maiores que as receitas, a empresa teve um prejuízo.

Segundo a Lei nº 6.404/1976 (BRASIL, 1976), a DRE discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das ven-


das, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das merca-
dorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, de-
duzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e
outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as
outras despesas; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.941,
de 27/5/2009)
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e
a provisão para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados, administra-
dores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previ-
dência de empregados, que não se caracterizem como despe-
sa; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009)
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante
por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado
do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen-
dentemente da sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,
correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º (Revoga-
do pela Lei nº 11.638, de 28/12/2007). (BRASIL, 1976, on-line)

25
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Fonte: <https://i0.wp.com/blog.bluesoft.com.br/wp-content/uploads/2016/03/
DRE-estrutura.jpg?w=477&ssl=1>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Em resumo, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um rela-


tório que mostra as operações realizadas pela empresa, confrontando as contas
de receita, despesa, investimento, custos e provisões apurados e evidenciando a
formação do resultado líquido da empresa na ocasião.

Assim, mostra a síntese dos resultados das atividades operacionais e não


operacionais do negócio. Isso é feito tanto de forma gerencial, com as projeções
de crescimento, custos etc., como de forma fiscal, mostrando os impostos e taxas
recolhidas no período do ano e evitando sonegações (SILVA, 2019).

A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976) define a forma como as
empresas devem discriminar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Portanto, a estrutura da DRE, que deve ser seguida por todas as empresas, se-
gundo o artigo 187 da Lei nº 6.404/76, é:

QUADRO 2 – ESTRUTURA DA DRE

Receita bruta de vendas


(-) Deduções da receita bruta
Devoluções e cancelamentos de vendas
Abatimentos sobre vendas
Descontos incondicionais concedidos/descontos comerciais
Impostos e contribuições sobre vendas e serviços (ICMS, ISS, PIS, COFINS)
Ajuste a valor presente sobre clientes

26
Capítulo 1 Análise De Balanços

Receita líquida de vendas


(-) Custo de Mercadoria Vendida (CMV = Estoque inicial + compras – estoque final)
Lucro bruto
(-) Despesas operacionais
Com vendas
Administrativas
Gerais
Financeiras líquidas (despesas financeiras – receitas financeiras)
Outras despesas operacionais
+ Outras receitas operacionais
Lucro ou prejuízo operacional
(-) Outras despesas (antigas despesas não operacionais)
+ Outras receitas (antigas receitas não operacionais)
Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido
(-) Despesa com provisão para Imposto de Renda e CSLL
Resultado após o Imposto de Renda/CSLL e antes das participações
(-) Participações estatutárias sobre o lucro
Debenturistas
Empregados
Administradores
Partes beneficiárias
Fundo de assistência/previdência a empregados
Lucro ou prejuízo líquido do exercício

Fonte: a autora.

Que tal conhecer um pouco mais os tipos de demonstrações


contábeis obrigatórias? Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/
watch?v=zLqbpV64Q8I

Perceba que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é apresentada


de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em se-
guida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Além disso, ela auxilia no norteamento
para planos futuros (ALMEIDA, 2019). Observe que, assim como um investimento, os
resultados nas vendas precisam se apresentar de forma rentável. Portanto, não é só
a redução no faturamento que deve ser interpretada como um resultado ruim. Para

27
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

saber se as operações estão mesmo sendo rentáveis, não há outra forma de apurar
que não seja pela comparação dessa demonstração de períodos em sequência.

Leia o texto, a seguir, sobre as noções iniciais de Contabilidade:


https://books.google.com.br/books?id=axi9DwAAQBAJ&printsec=-
frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepa-
ge&q&f=false

Além disso, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um docu-


mento estratégico, pois ajuda a compor uma análise global da situação da empre-
sa quando se olha para além dos números, mas também analisando o cenário.
Se o equilíbrio entre as receitas e despesas se mostra comprometido, tem algo
acontecendo, pois a empresa está praticamente sobrevivendo (SOUZA, 2015).

Agora, vamos falar um pouco mais sobre cada parte da Demonstração do Resulta-
do do Exercício (DRE). Vamos lá? A DRE é composta das partes que veremos a seguir:

• Receita bruta de vendas ou serviços – é o total faturado pela empresa


em suas operações de vendas ou serviços. Devem ser deduzidos do to-
tal de vendas ou serviços:

a) as devoluções de vendas ou vendas canceladas;


b) os impostos incidentes sobre as vendas ou serviços – ICMS, ISS e PIS.

FIGURA 9 – IMPOSTOS

Fonte: <https://previews.123rf.com/images/serezniy/serezniy2103/
serezniy210369282/166223451-.jpg?fj=1>. Acesso em: 15 jun. 2022.

28
Capítulo 1 Análise De Balanços

• Custos das mercadorias ou serviços vendidos – esses custos são


basicamente seu preço de aquisição. Os custos dos serviços prestados
podem envolver, além da mão de obra, o uso de alguns materiais essen-
ciais à montagem, instalação e assim por diante.

FIGURA 10 – MERCADORIAS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/5864750>. Acesso em: 15 jun. 2022.

• Lucro bruto – é apurado deduzindo-se da receita líquida de vendas os


custos. Portanto: RLV – custos = lucro bruto.
• Despesas operacionais – são fundamentais para o normal desenvolvi-
mento das operações da empresa, como despesas com vendas, despe-
sas gerais e administrativas.
• Lucro ou prejuízo operacional – é encontrado deduzindo as despesas
operacionais do lucro bruto. Lucro bruto – despesas operacionais = lucro
+ ou prejuízo (-) operacional.
• Outras receitas e outras despesas – receitas e despesas operacio-
nais – são as que não fazem parte das atividades que consistem no ob-
jetivo da empresa e, geralmente, têm valores pouco significativos.
• Resultado do exercício – encontrado pela soma dos elementos retroexpos-
tos e representa o verdadeiro resultado econômico, que é o resultado contábil.
• Provisão para pagamento do IRPJ e CSL – é um resultado fiscal e não
tem nada a ver com o resultado econômico-contábil. Sobre o resultado
fiscal, calcula-se o valor que será para pagamento do IRPJ e CSL.
• Depois de encontrado o resultado – após a dedução das provisões
para o IRPJ e CSL, a empresa poderá deduzir as participações de ad-
ministradores, empregados, debêntures, partes beneficiárias e as con-
tribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados, que não classificados como despesa.
• Após as deduções anteriormente ditas – agora, encontramos o lucro
líquido. A sociedade decide se será distribuído como dividendos ou se
será transferido para a conta da reserva de lucro ou capitalizado.

29
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Por fim, a Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) determina, no seu art. 187, inciso VII,
que seja apresentada a relação do lucro ou prejuízo por ação do capital social.
Atente-se para o trecho da legislação a seguir.

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:


I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das ven-
das, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das merca-
dorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, de-
duzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e
outras despesas operacionais;
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as
outras despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e
a provisão para o imposto;
VI – as participações de debêntures, empregados, administra-
dores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previ-
dência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante
por ação do capital social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen-
dentemente da sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorri-
dos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
§ 2o (Revogado). (BRASIL, 1976, on-line)

Na atividade abaixo, é possível visualizar um exemplo.

6 A empresa Alparmais, produtora de sandálias, ao final de um


exercício, apurou os seguintes dados:

• Receita bruta: 275.000.


• Despesas de vendas: 10.000.
• CMV: 190.000.
• Despesas administrativas: 8.000.
• Despesas financeiras: 10.000.
• Depreciação: 5.000.
• Provisão para IR e CSLL: 12.000.

Agora, faça a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da


empresa Alparmais.

30
Capítulo 1 Análise De Balanços

Quer saber mais a respeito da Demonstração do Resultado


do Exercício (DRE)? Leia o texto: https://www.ri.unir.br/jspui/hand-
le/123456789/3433

7 – Marque a demonstração que evidencia a composição do resul-


tado formado em um determinado período de operações da em-
presa.

a) Balanço patrimonial.
b) DRE.
c) DLPA.
d) DMPL.

5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE
CAIXA
Segundo o CPC 03, que trata das demonstrações dos fluxos de caixa, as
informações da demonstração do fluxo de caixa:

[...] são úteis para proporcionar aos usuários das demonstra-


ções contábeis uma base para avaliar a capacidade de a en-
tidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas
necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são
tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de
a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da
época e do grau de segurança de geração de tais recursos.
(CPC, 2010, on-line)

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é um relatório contábil que objetiva evi-


denciar as transações que ocorreram em certo período e provocaram mudanças no sal-
do de caixa e equivalentes de caixa (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020b). Ela é uma
demonstração sintetizada dos fatos administrativos envolvendo os fluxos de dinheiro.

31
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Para a DFC, o caixa envolve todas as disponibilidades da empresa (caixa,


banco conta movimento e aplicações financeiras de liquidez imediata). São as
contas que integram o grupo das disponibilidades no ativo circulante.

Conheça mais sobre CPC 03, referente à Demonstração do Flu-


xo de Caixa (DFC), assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/
watch?v=fKrx7oiTQ_8

Com objetivo de expor todas as movimentações de recursos ocorridas pela


empresa que correspondam à caixa e aos equivalentes de caixa, foi criada a DFC
(SILVA, 2019). Essa demonstração apresenta os fluxos classificados por ativida-
des operacionais, de investimentos e de financiamento.

Quer conhecer mais sobre Demonstração das Mutações do


Patrimônio Líquido (DMPL)? Assista ao vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=_LKp9eAN0h8

A classificação das entradas e saídas de caixa por atividades ocorre da se-


guinte forma:

a) Atividades operacionais – principais atividades geradoras de receita da


empresa. São os recebimentos de uma venda, pagamento de um forne-
cedor, pagamento de funcionários. São classificadas como operacionais
as atividades que não se enquadram como de investimentos ou de finan-
ciamento.
FIGURA 11 – VENDAS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/696205>. Acesso em: 15 jun. 2022.

32
Capítulo 1 Análise De Balanços

b) Atividades de investimento – são as relacionadas à aquisição e vendas


de ativos de longo prazo e de outros investimentos não envolvidos nos
equivalentes de caixa. Para exemplificar, temos a aquisição ou venda de
participação em outras empresas. Não faz parte a aquisição de vendas
com o objetivo de revenda.
c) Atividades de financiamento – são as relacionadas à mudança no ta-
manho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da
empresa.

Existem dois métodos que podem ser usados para a estrutura da DFC. A
visão do método indireto depende de as informações contábeis existirem. Esse
método não consegue determinar o capital que entra e sai da empresa, mas a va-
riação do caixa do período de análise. Já o método direto tem por função mostrar,
de forma clara, o resultado financeiro bruto da empresa. Vejamos um exemplo do
modelo direto:

QUADRO 3 – DFC – MODELO DIRETO


FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES:
Recebimento de clientes
Pagamento de fornecedores
Contas a pagar de fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos e contribuições
Outras despesas operacionais e administrativas

TODAL DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS:


Depósitos e garantias
Aquisição de imobilizado
Alienação de investimentos

TOTAL DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS:


Empréstimos
Financiamentos

CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO


SALDO INICIAL DAS DISPONIBILIDADES
SALDO FINAL DAS DISPONIBILIDADES

Fonte: a autora.

Abaixo, vejamos um exemplo do modelo indireto.

33
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

QUADRO 4 – DFC – MODELO INDIRETO


FLUXOS DE CAIXA DAS OPERAÇÕES:
Lucro líquido do período
Ajustes para conciliar o lucro líquido com recursos provenien-
tes de atividade operacional:
Resultado das participações societárias
Dividendos
Depreciação, amortização ou exaustão
Venda de imobilizado
Imposto de renda e CSL diferidos

REDUÇÃO OU (AUMENTO) NOS ATIVOS:


Contas a receber de clientes
Estoques
Tributos
Outros

AUMENTO OU (REDUÇÃO) NOS PASSIVOS:


Contas a pagar de fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos e contribuições

TOTAL DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS:


Depósitos e garantias
Aquisição de imobilizado
Alienação de investimentos

TOTAL DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO


Empréstimos
Financiamentos

CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO


SALDO INICIAL DAS DISPONIBILIDADES
SALDO FINAL DAS DISPONIBILIDADES
Fonte: a autora.

A estrutura da DFC tem por objetivo apresentar as alterações no saldo das


disponibilidades da empresa – caixa e equivalentes de caixa – em um certo perí-
odo. A estrutura deve ser composta de três grupos: atividades operacionais, ativi-
dades de investimento e atividades de financiamento.

A segregação entre entradas e saídas de caixa e sinônimos é muito impor-


tante para que seja possível apresentar a situação futura de caixa da empresa
como fator de estratégia do negócio que se está analisando no momento da ela-
boração do orçamento empresarial.

34
Capítulo 1 Análise De Balanços

8 – Fale sobre o conceito de Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).

Quer saber mais sobre o CPC relacionado à Demonstração do


Valor Adicionado (DVA)? Assista ao vídeo:https://www.youtube.com/
watch?v=qQasAoguITk.

6 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES


DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é um relatório
contábil que evidencia as variações que ocorreram em todas as contas que com-
põem o patrimônio líquido em um período e é utilizado para apresentar as varia-
ções das reservas das empresas (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020b).

Apesar de não ser obrigatória por lei, a DMPL é exigida pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), portanto, as empresas de capital aberto precisam ela-
borar essa demonstração e publicá-la. Segundo o CPC 26, a entidade apresen-
tará, na DMPL ou em notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos
como distribuição aos proprietários durante o período, bem como o valor referente
dos dividendos por ação (CPC, 2011).

Assista ao vídeo a seguir e conheça mais a demonstração das mu-


tações patrimoniais: https://www.youtube.com/watch?v=_LKp9eAN0h8

A Lei nº 6.404/1976, conhecida como a Lei das S.A., não fixa um modelo de
DMPL, mas permite que a DLPA seja incluída nela se for elaborada e publicada

35
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

pela companhia. Portanto, as mesmas informações que a lei determina para a


DLPA devem constar na DMPL, levando em consideração que as informações se-
rão relativas à movimentação de todas as contas patrimoniais (ALMEIDA, 2019).
A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados apresenta os lucros ou per-
das acumuladas. Na coluna final, são detalhadas essas contas.

Os dados para o preenchimento da Demonstração das Mutações do Patrimô-


nio Líquido (DMPL) vêm do livro Razão, lembrando que as demonstrações finan-
ceiras de cada exercício precisam ser divulgadas de forma comparativas, porém
não é válida para a DMPL, pois ela é composta de várias colunas de valores. A
solução para esse problema é apresentar um demonstrativo duplo: sendo infor-
mados inicialmente os dados relacionados ao exercício anterior e, depois, conti-
nuando o demonstrativo, os dados do exercício atual.

QUADRO 5 – EXEMPLO DE DMPL

Fonte: <https://s.dicionariofinanceiro.com/imagens/dmpl-demonstracao-das-
mutacoes-do-patrimonio-liquido-cke.jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Observe que a movimentação que ocorre na DMPL é apenas das contas que
constam no patrimônio líquido, de acordo com os eventos ocorridos na empresa
em questão.

9 As empresas que elaboram a Demonstração das Mutações do


Patrimônio Líquido (DMPL) estão dispensadas da elaboração da
DLPA e da DVA. Verifique essa afirmação e justifique se está cor-
reta ou errada.

36
Capítulo 1 Análise De Balanços

7 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR
ADICIONADO
Segundo o CPC 09, que trata da Demonstração do Valor Adicionado (DVA):

A entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte


integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao
final de cada exercício social.
A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas de-
monstrações consolidadas e evidenciar a participação dos só-
cios não controladores conforme o modelo anexo.
A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações
contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade
em determinado período e a forma como tais riquezas foram
distribuídas. (BRASIL, 2008, on-line)

O objetivo da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é mostrar a rique-


za gerada pela empresa e como foi feita a distribuição para os beneficiários (go-
verno, acionistas, empregados, fornecedores etc.). Dessa forma, a DVA tem por
finalidade apresentar a origem da riqueza gerada pela empresa e como distribuir
entre os vários setores que contribuíram para a geração de riqueza (SILVA, 2019).

FIGURA 12 – RIQUEZAS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/47047/>. Acesso em: 15 jun. 2022.

As informações que constam na Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


vêm de outras contas de resultado (DRE) e de algumas patrimoniais (BP). As con-
tas de resultado são as que representam as despesas, os custos e as receitas. Já
as contas patrimoniais das quais são pegas as informações são as representati-
vas das participações de terceiros e aquelas representativas da remuneração dos
acionistas pelo capital investido.

37
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Quer saber mais sobre a Demonstração do Valor Adicionado


(DVA)? Confira o vídeo do canal Contabilidade Facilitada, na íntegra
em: https://www.youtube.com/watch?v=qQasAoguITk.

Para seu conhecimento, no Quadro 6 abaixo é apresentado o modelo de


DVA, que demonstra as receitas adquiridas durante o exercício para a empresa.

QUADRO 6 – MODELO DVA

Fonte: <https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2021/07/18195810/
image-406.png>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Observe que, inicialmente, é necessário o valor da receita (encontrada na


DRE) e, após, subtrair as vendas de mercadorias. Encontraremos, então, os insu-
mos adquiridos de terceiros. Em seguida, diminuiremos os custos dos produtos,
serviços ou mercadorias vendidas, materiais, energias, serviços de terceiros e ou-
tros. Assim, teremos o valor adicionado bruto, do qual diminuiremos as deprecia-
ções, amortizações e exaustões. Encontraremos, em seguida, o valor adicionado
líquido. Diminuiremos o valor adicionado recebido em transferência e chegaremos,
finalmente, ao valor adicionado a transferir/distribuir. Esse valor será distribuído ao

38
Capítulo 1 Análise De Balanços

pessoal (salários e participações, tributos, remuneração de capital de terceiros, ju-


ros e aluguéis, remuneração do capital próprio, lucros retidos na empresa).

Na atividade de estudo abaixo, será possível ver na prática como funciona a


Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Mas, resumidamente, teremos a receita
obtida, descontaremos os insumos obtidos de terceiros e encontraremos a riqueza
gerada internamente. Observe que a DVA e a Demonstração do Resultado do Exer-
cício (DRE) são muito similares, apresentando praticamente os mesmos itens, mas
os organizando de forma diferente. A DRE se preocupa com o lucro da empresa, en-
quanto a DVA busca apresentar a geração e a distribuição de riqueza da empresa.

10 Imagine que a empresa de venda de telefones obteve os resulta-


dos abaixo ao final do exercício social. Após, faça a Demonstração
do Valor Adicionado (DVA) da empresa de venda de telefones.

Receita com vendas: R$ 1.100.


Custo dos Produtos Vendidos (CPV): R$ 200,00.
Serviços de terceiros (propaganda, energia e outros), no valor de
R$ 190,00.
Depreciação: R$ 90,00.
Receita financeira: R$ 50,00.

Leia o art. 176 da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976, on-line):

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elabo-


rar, com base na escrituração mercantil da companhia, as se-
guintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com
clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações
ocorridas no exercício:
I - Balanço patrimonial;
II - Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - Demonstração do resultado do exercício; e
IV – Demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela
Lei nº 11.638, de 2007)
V – Se companhia aberta, demonstração do valor adiciona-
do. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas
com a indicação dos valores correspondentes das demonstra-
ções do exercício anterior.

39
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser


agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde
que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um déci-
mo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a
utilização de designações genéricas, como “diversas contas”
ou “contas-correntes”.
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação
dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração,
no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral.
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas ex-
plicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contá-
beis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial
e dos resultados do exercício.
§ 5o As notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei nº
11.941, de 2009)
I – Apresentar informações sobre a base de preparação das
demonstrações financeiras e das práticas contábeis específi-
cas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos signifi-
cativos; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
II – Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis
adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhu-
ma outra parte das demonstrações financeiras; (Incluído pela
Lei nº 11.941, de 2009)
III – Fornecer informações adicionais não indicadas nas pró-
prias demonstrações financeiras e consideradas necessárias
para uma apresentação adequada; e (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009)
IV – Indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo-
niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação,
amortização e exaustão, de constituição de provisões para en-
cargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prová-
veis na realização de elementos do ativo; (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009)
b) os investimentos em outras sociedades, quando relevan-
tes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Lei nº 11.941, de
2009)
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de no-
vas avaliações (art. 182, § 3o ); (Incluído pela Lei nº 11.941, de
2009)
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as ga-
rantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades even-
tuais ou contingentes; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das
obrigações a longo prazo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
f) o número, espécies e classes das ações do capital social; (In-
cluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no
exercício; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e (Incluí-
do pela Lei nº 11.941, de 2009)
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exer-
cício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a
situação financeira e os resultados futuros da companhia. (In-
cluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

40
Capítulo 1 Análise De Balanços

§ 6o A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do


balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não
será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos
fluxos de caixa. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 7o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu critério,
disciplinar de forma diversa o registro de que trata o § 3o deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

11 Explique os principais objetivos da Demonstração do Valor Adi-


cionado (DVA).

8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, estudamos a teoria aprofundada de todas as demonstrações
contábeis. Inicialmente, fizemos uma introdução à análise das demonstrações
contábeis e financeiras e vimos que parte dessa análise é a correção de muitos
erros nas demonstrações.

Depois, vimos os tipos de demonstrações financeiras: balanço patrimonial,


demonstração do resultado do exercício, demonstração do valor adicionado, de-
monstração do fluxo de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido
e demonstração de lucro e prejuízos acumulados.

Por fim, conhecemos as diferenças entre o ativo e passivo, as diferenças


entre itens do circulante e do não circulante, identificamos todas as contas do pa-
trimônio líquido e conseguimos entender o conceito de cada uma delas.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC:
facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga


dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de

41
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições


relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília,
DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 15 jun. 2022.

BRASIL. Lei nº 11.971, de 6 de julho de 2009. Dispõe sobre as certidões


expedidas pelos Ofícios do Registro de Distribuição e Distribuidores Judiciais.
Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11971.htm. Acesso em: 10 jul. 2022.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades


por Ações. Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 15 jun. 2022.

BRASIL. Medida provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Altera a


legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos
tributários, concede remissão nos casos em que especifica, institui regime
tributário de transição, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/mpv/449.htm. Acesso em: 15 jun. 2022.

CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento


Técnico CPC 09. Demonstração do valor adicionado. Brasília, DF: CPC,
2008. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40. Acesso em: 15 jun. 2022.

CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento


Técnico CPC 26 (R1). Apresentação das Demonstrações Contábeis. Brasília,
DF: CPC, 2011. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57. Acesso em: 15 jun. 2022.

CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento


Técnico CPC 03 (R2). Demonstração dos Fluxos de Caixa. Brasília, DF:
CPC, 2011. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=34. Acesso em: 15 jun. 2022.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise avançada das demonstrações


contábeis: uma abordagem crítica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020a.

MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das


demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020b.

42
Capítulo 1 Análise De Balanços

SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações


contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

SOUZA, A. F. de. Análise financeira das demonstrações contábeis na


prática. São Paulo: Trevisan Editora, 2015.

43
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

44
C APÍTULO 2
Custos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Elaborar a análise de custos.

3 Analisar como interpretar os diferentes custos em empresas.

3 Compreender os custos.

3 Entender como aplicar a gestão de custos.


Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

46
Capítulo 2 Custos

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Várias empresas dão fim às suas atividades por não darem a importância
adequada à gestão estratégica de custos. Outras, conhecendo a importância e a
essencialidade dessa ferramenta, aumentam ainda mais a competitividade com o
correto uso de um bom sistema inteligente de custos.

Alguns tópicos são levados em consideração até a identificação do preço


correto de venda. Dentre eles, podemos citar as despesas operacionais e os cus-
tos de aquisição ou fabricação, as despesas financeiras, as despesas de vendas,
as administrativas e os custos diretos e indiretos.

Algumas indagações devem ser feitas, como: o que são custos? Qual a im-
portância dos custos em uma organização? Como são as classificações? Como
mensurar cada custo? Como os custos são incluídos nos preços dos produtos
vendidos ou serviços prestados? Quais as decisões que o sistema de custo pode
auxiliar? Qual a diferença entre despesas, desembolsos e gastos? Desperdícios e
perdas significam a mesma coisa?

A contabilidade de custos analisa e classifica os custos apurados e geram


informações aos gestores da empresa. Assim, a matéria de custos permite o en-
tendimento de como os custos se comportam de acordo com a produção feita.
Por exemplo, o custo de uma ferramenta, utilizada na construção de um carro, é
extremamente alto se comparado com o todo. Assim, a empresa pode buscar al-
ternativas para substituir essa peça ou procurar outros fornecedores que a venda
de forma mais barata.

A contabilidade separa os custos entre variáveis e fixos, sendo:

• Custos variáveis – são proporcionais ao volume de produção. Se a pro-


dução aumenta, os custos aumentam. Se a produção diminui, os custos
diminuem. Por exemplo, em uma padaria, quanto mais pães e bolos forem
feitos, mais se precisará de farinha de trigo, de mão de obra e de ovos.
• Custos fixos – eles não variam de acordo com a quantidade produzida.
Um imóvel que é utilizado para a fabricação de sapatos, por exemplo,
tem seu preço de aluguel fixo independentemente se fabricar dez pares
de sapatos ou mil pares.

Os custos também podem ser classificados em diretos e indiretos, sendo que


os indiretos são os que dependem de cálculos ou rateios para conseguir encontrar
o valor referente ao produto, pois não existe condição para uma medição correta.
Portanto, se for preciso fazer algum critério ou método de rateio ou, ainda, se precisar
do uso de estimativas, o custo será indireto. Alguns exemplos de custos indiretos são:
47
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

• Depreciação de máquinas e ferramentas industriais.


• Materiais indiretos (lubrificantes, lixas, colas etc.).
• Energia elétrica consumida pela fábrica.
• Mão de obra indireta.
• Quaisquer custos fabris.

Já os custos diretos são os ligados diretamente às unidades ou produtos.


São os gastos identificados diretamente às unidades produzidas e geralmente uti-
lizam alguma unidade de medida (quilograma, quilômetros, hora de mão de obra,
dentre outros). Portanto, para um item ser classificado como custo direto, ele não
precisa estar interligado fisicamente ao produto, basta que tenha uma medição
objetiva do seu uso. Alguns exemplos de custos diretos são:

• Matéria-prima direta.
• Mão de obra direta.
• Materiais de embalagem.

Compreender esses questionamentos, bem como saber sobre os preços, a


concorrência e outros fatores são importantes para montar uma estratégia que li-
dera as empresas ao sucesso. Por isso, deve ser algo presente em todas as insti-
tuições. No estudo, compreenderemos a importância da Contabilidade de Custos,
desde o planejamento e tomada de decisões até a importância do conhecimento
dos custos nas organizações. A Contabilidade de Custos é dividida em: auxílio ao
planejamento, controle e, por último, suporte na tomada de decisões.

Com relação ao planejamento e controle, o objetivo é fornecer dados para a


instituição. O planejamento e o controle funcionam da seguinte maneira: a partir
do momento que são fornecidos informações e dados para auxiliar na tomada de
decisão, é possível analisar tanto o curto quanto o longo prazo. Dessa maneira, a
área de custos não funciona apenas como auxílio na avaliação de lucros e de es-
toques, mas exerce função de ser peça fundamental de planejamento, de controle
e de decisões gerenciais.

Sobre a ajuda na tomada de decisão, Martins (2018, p. 7) informa:

No que tange à decisão, seu papel reveste-se de suma impor-


tância, pois consiste na alimentação de informações sobre va-
lores relevantes que dizem respeito às consequências de curto
e longo prazo sobre medidas de introdução, manutenção ou
corte de produtos, administração de preços de venda, opção
de compra ou produção, terceirização etc.

Ter domínio sobre custos é fundamental para a identificar se o preço do pro-


duto é o correto e se ele será rentável. Ao identificar o preço mínimo de um produ-

48
Capítulo 2 Custos

to ou de um serviço, a empresa consegue identificar se o valor causará prejuízo,


buscando sempre ter o melhor resultado possível.

Um dos principais objetivos que a área de custos possui é a correta determinação


do lucro. Dessa forma, são evitados vários problemas, dentre os quais podemos citar:

● os relacionados aos preços equivocados de venda, o papel de cada pro-


duto para o lucro da empresa;
● o valor mínimo que o produto deve ter para não ser vendido e resultar em
prejuízo;
● a quantidade mínima de atividade que o negócio precisa fazer para ser
rentável.

Assim, neste capítulo, conheceremos os conceitos, as diferenças e as clas-


sificações dos custos. Também observaremos a relevância da realização da clas-
sificação em custos diretos e indiretos. Compreenderemos os custos de acordo
com o processo da produção que está associado ao gasto: se for diretamente
ligado à produção, é custo direto; mas se o custo for ligado aos aspectos que não
fazem parte da produção, será custo indireto.

Diante disso, daremos início ao estudo sobre custos, análise de custos e for-
mação de preços e esperamos que, ao final desta aula, você reflita sobre os resul-
tados significativos que uma gestão estratégia de custos gera.

2 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE
DE CUSTOS
Neste capítulo, estudaremos conceitos e nomenclaturas da Contabilidade de
Custos, custo de oportunidade e classificação de custos. Além disso, aprendere-
mos como diferenciar gastos, custos e despesas. Tudo isso ajudará na identifica-
ção, na análise e em soluções para os problemas e continuidade dos negócios.

Você sabe como os custos podem provocar crises? Leia o ma-


terial a seguir e observe como é importante a mensuração e a gestão
de custos: https://g1.globo.com/hora1/noticia/2017/03/custos-para-
-prestar-servicos-provocam-crise-em-casas-lotericas.html.

49
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, o sistema de custos


de boa parte das instituições ainda é bastante precário, ou pior: nem sequer exis-
te. Esse é um dos principais problemas das empresas. Afinal, a contabilidade de
custos contribui para a identificação de gastos e pode auxiliar na redução deles.
Além disso, é a partir dos custos dos produtos que são formados os preços de
cada produto ou serviço.

Imaginemos um sistema de custos em que são lançados os custos em um


processo de fabricação. Com isso, é informado ao gestor de informações todas as
informações sobre a estrutura de custos da organização. É um instrumento que
pode ser usado nos âmbitos estratégico, operacional ou tático da empresa:

· Nível operacional – acontecem as coletas dos dados.


· Nível tático – acontece a diferenciação e a classificação dos dados cole-
tados, transformando-os em informações padronizadas.
· Nível estratégico – as informações fornecidas pelo nível tático são uti-
lizadas para a tomada de decisões estratégicas voltadas para o forneci-
mento de melhores produtos, e serviços.

FIGURA 1 – SISTEMA DE CUSTOS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/546819/pexels-photo-546819.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-luis-gomes-546819.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Um sistema de gerenciamento de custos identifica, observa e mantém uma


análise detalhada das atividades de uma empresa. Esse sistema de custos é um
utensílio que disponibiliza informações referentes a cada detalhe dos custos. Os
custos de cada produto ou serviço interferem nas decisões sobre a precificação
desses produtos ou serviços.

Assista ao vídeo a seguir e entenda a aplicação e o cálculo do


conceito de margem de contribuição e ponto de equilíbrio: https://
www.youtube.com/watch?v=vC9RRGninBs.

50
Capítulo 2 Custos

Um bom sistema de custos pode contribuir para:

• projetar produtos e serviços, vendidos com lucro, de acordo com os de-


sejos dos clientes – ou até superando as expectativas;
• maior gestão de qualidade, apresentando quais setores da organização
devem ser aprimorados e, se for preciso, haver uma reestruturação dos
processos;
• identificar as necessidades de treinamento e aprendizagem dos funcio-
nários da área de produção;
• ajudar na decisão sobre investimentos;
• apresentar subsídios para a escolha de fornecedores;
• auxiliar na precificação de produtos;
• contribuir com a estruturação de processos de distribuição e serviço para
os clientes, identificando a forma mais eficaz e eficiente.

Assista ao vídeo e entenda com as empresas de pequeno, mé-


dio e grande porte utilizam sistemas de informações para as mais
diversas finalidades. Assim, ao assistir ao vídeo, alguns pontos serão
esclarecidos sobre a teoria e a prática da utilização dos sistemas de
informação: https://www.youtube.com/watch?v=5Rn2HFdGNWY.

Um bom sistema de informações de custos permite o melhor subsídio à to-


mada de decisões, mas também requer uma qualidade de recursos financeiros
e humanos. Cada empresa deve analisar a necessidade dessa implementação,
observando principalmente o retorno do investimento.

Leia o artigo Sistema de Informações gerenciais, de Luiz Renato


Alfano e Eduardo Luiz Curioni, que objetiva apresentar alguns tópi-
cos sobre o tema: https://www.scielo.br/j/rae/a/bMd7yRcP8hxZZPP-
ZZbrYScy/?lang=pt.

51
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Porém, quanto mais competitivo for o setor da empresa, maior será a neces-
sidade de um sistema de custos eficiente, pois cada informação pode ser usada
para montar estratégias da organização e ser um diferencial competitivo no seg-
mento que a empresa segue.

FIGURA 2 – COMPETITIVIDADE ENTRE AS EMPRESAS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/6456264/pexels-photo-6456264.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-julia-larson-6456264.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Segundo Schier (2004), este é o roteiro utilizado para a implantação de um


sistema de custos:

• Faz-se necessário conhecer a estrutura administrativa da organização, para


que sejam definidos os objetivos a serem atingidos e perseguidos pelo sis-
tema. Tais objetivos serão formulados de acordo com o nível de controles
existentes e a necessidade de informações para a tomada de decisões.
• É preciso fazer visitas à organização e entrevistas com o pessoal da pro-
dução, a fim de conhecer adequadamente o sistema de produção da or-
ganização e seus produtos e serviços. Os pacotes prontos ou “receitas
de bolo” nem sempre são adequados, pois podem não suprir as necessi-
dades específicas da organização.

FIGURA 3 – SUPERVISIONANDO O TRABALHO

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/7484152/pexels-photo-7484152.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-cottonbro-7484152.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

52
Capítulo 2 Custos

• Após o conhecimento dos sistemas de produção, devem ser identificados


os centros de custos auxiliares e os produtivos. Essa definição é muito im-
portante para que haja a incorporação adequada de custos aos produtos.
• Os produtos deverão ser decompostos para a identificação de todos os
custos que ocorrem na produção. Esses geralmente são: mão de obra,
matéria-prima e custos indiretos de produção. O nível de detalhes de
cada um desses custos depende do sistema a ser implantado e dos ob-
jetivos propostos. Deverão ser identificados os custos indiretos e diretos,
que serão apropriados aos produtos.
• Deve-se identificar os custos mais importantes, utilizando-se o critério
de custo-benefício. Nesse caso, os custos mais importantes devem ser
mais bem controlados.
• A definição dos critérios de rateio demanda uma atenção maior, pois se
o custo for alocado indevidamente, pode distorcer, além do resultado de
determinado produto, a precificação dele. É necessário ter o máximo de
atenção na determinação dos critérios de rateio. Em função dos objetivos
e do nível de detalhamento do sistema a ser implantado, deverão ser
definidos os controles e as informações necessárias, assim como apon-
tamentos da produção em termos de: mão de obra consumida, quantida-
des produzidas e material aplicado.
• O controle de estoque poderá: ser manual ou informatizado; exigir con-
troles paralelos; ser avaliado em várias moedas; ser baseado em custo
histórico ou padrão; ser avaliado pelo custo médio, PEPS ou outro crité-
rio considerado adequado.
• Os formulários do sistema deverão ser de fácil preenchimento; preenchidos
e aprovados por pessoal devidamente treinado para as funções; de fácil
controle; de fácil entendimento; e conter somente informações relevantes.
• É preciso definir se o sistema será ou não integrado à contabilidade; se
a contabilidade utilizará razão analítico; se será garantido que todas as
informações contábeis do Razão estejam relacionadas nos relatórios au-
xiliares; se será efetuada conciliação das contas entre o Razão e os rela-
tórios auxiliares e de que forma.
• Ainda, é preciso definir: quais relatórios de controle gerencial serão emitidos;
qual seu conteúdo; quem serão os usuários; quais os prazos de apresenta-
ção; qual o tipo de acompanhamento; e qual o nível de integração do relató-
rio com as demais informações e relatórios disponibilizados na organização.

Com a inclusão do sistema de custos, a organização conhecerá, além do


custo total de cada setor, o custo da hora, o custo por operação e os custos por
unidade produzida. Isso ajuda os gestores no momento da formação dos preços
de venda e aumenta a competitividade no mercado, além de melhorar a estrutura
produtiva e os processos internos.

53
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Apesar de todo o lado trabalhoso da implementação do sistema, um sistema


de custos é importante pelo fato de dar a organização maior vantagem competi-
tiva e maior visão estratégica. Afinal, com a inclusão de um sistema de custo, os
negócios terão resultados e informações mais exatas, com menor chance de erros
e, consequentemente, o cálculo e a formação do preço de venda serão facilitados.

1 – Os sistemas de informações contribuem no processo decisório


das empresas. Com isso em mente, como um sistema de infor-
mações gerenciais pode auxiliar no gerenciamento de custos?

A Contabilidade de Custos já foi tida como sinônima da Contabilidade Geren-


cial por várias ocasiões. Segundo Martins (2018, p. 5):

A preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais


foi a de fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resol-
ver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e
do resultado, não necessariamente a de fazer dela um instru-
mento de administração.

Assim, surgiu a necessidade da separação entre as duas disciplinas. A área


de custos não era usada de forma integral na Contabilidade Gerencial, mas foi se
tornando cada vez mais estudada graças ao crescimento das empresas.

QUADRO 1 – OBJETIVOS DA ANÁLISE DE CUSTOS

Principais objetivos da análise de custos


Fornecer informações gerenciais para a administração, a fim de subsidiar as tomadas de deci-
são.
Servir como instrumento de controle sobre as atividades operacionais e produtivas de uma
organização.
Demonstrar as distorções de valores, níveis de produtividade e eficiência da produção de bens e
serviços em relação às metas da empresa e aos padrões estabelecidos.
Contribuir para a apuração de índices econômicos, financeiros e de lucratividade, tais como
margem de contribuição de produtos e serviços, rotação de estoques e ponto de equilíbrio.
Avaliar a eficácia e eficiência na utilização dos fatores de produção, tais como matérias-primas,
mão de obra e equipamentos.
Identificar falhas nos processos produtivos e atividades que não agregam valor aos produtos.
Fornecer subsídios para a política de terceirização de determinadas atividades.
Identificar a capacidade ociosa de produção.
Fonte: adaptado de Oliveira e Perez Jr. (2007).
54
Capítulo 2 Custos

Na análise de custos, devem ser comparadas as metas e os padrões esta-


belecidos e o que aconteceu realmente ocorreu na execução dos processos, em
termos de valores financeiros, quantidades de insumos e de mão de obra e os
prazos projetados. Tais metas e padrões são definidos pela alta gerência da orga-
nização por meio de planejamento e orçamento. Oliveira e Perez Jr. (2007, p. 216)
apontam as seguintes ferramentas de análise de custos:

· comparação com as metas e os padrões estabelecidos;


· análise de custos por categoria;
· análise de custos por departamentos e divisões;
· análise de custos por processos.

O custo de oportunidade se refere à escolha de aplicações. Se você investe


seu dinheiro no ativo A, deixa de aproveitar o ativo B. Uma das principais preocu-
pações em relação ao custo de oportunidade é, na análise de custos:

· diante de um resultado, gastar o menos possível de custo;


· diante de um custo já identificado, ter o melhor resultado.

A preocupação deve girar em torno de alcançar os objetivos esperados e a


economia vem da necessidade de uma combinação racional entre os recursos. A
vantagem da Contabilidade de Custos é justamente oferecer conhecimento para
escolher alternativas mais eficazes e eficientes. Alguns negócios podem encerrar
suas atividades por não darem a importância correta à gestão de custos. Esse
pensamento pode incentivar e dar uma base que contribua para a conscientiza-
ção e evolução das empresas.

FIGURA 4 – GESTÃO DE CUSTOS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/8296981/pexels-photo-8296981.
jpeg?auto=compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=650&w=940>. Acesso em: 15 jun. 2022.

55
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Assista ao vídeo a seguir e observe a importância do conceito


e da aplicação do custo de oportunidade: https://www.youtube.com/
watch?v=wnE2xzpvo84.

Assista ao vídeo a seguir e se familiarize ainda mais com a Con-


tabilidade de Custos: https://www.youtube.com/watch?v=sh8tfhu-
54c0&t=4308s.

2 A Contabilidade de Custos tem diversas funções em uma empre-


sa. Não é à toa que ela vai da gestão até a tomada de decisões.
Explique e exemplifique a importância da Contabilidade de Cus-
tos para as empresas.

Assista ao vídeo a seguir e observe a importância da Contabili-


dade de Custos em uma empresa. Ela é fundamental para determi-
nar o montante de lucro de um negócio e, por isso, existem alguns
cuidados a serem tomados, já que um custo fora da realidade pode
gerar perda de competitividade e pouca lucratividade: https://www.
youtube.com/watch?v=aT8OgcnD1c4.

3 TIPOS DE CUSTOS
Dentre as várias nomenclaturas de custos, entender a diferença entre gas-
tos, dispêndios, investimentos é fundamental.

56
Capítulo 2 Custos

· Gasto/Dispêndio: compromisso financeiro que a entidade arca, trocan-


do por bens ou serviços. Esse compromisso é representado pela entrega
ou promessa de entrega de ativos, sendo, geralmente, o dinheiro. De
acordo com a Contabilidade, esses serão classificados como custos ou
despesas, a depender de sua importância na elaboração do produto ou
serviço. Além disso, alguns gastos podem também ser temporariamente
classificados como investimentos e, de acordo com o consumo, serão
classificados como custos ou despesas.
· Desembolso: pagamento da aquisição de algum bem ou serviço, inde-
pendentemente de quando foi ou será consumido. Ele pode acontecer
antes, durante ou depois da entrada do bem comprado. Esse desembol-
so acontece na data de liquidação, representando uma saída do caixa.
· Investimento: gasto ativado (classificados no ativo) em função de sua
vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Ficam, por um
momento, registrados no ativo da empresa e, depois, são incorporados
aos custos ou despesas de acordo com o ritmo da produção (ou de acor-
do com o período de competência). Segundo Martins (2018, p. 9):

Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou servi-


ços (gastos) que são “estocados” nos ativos da empresa para
baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo,
de seu desaparecimento ou de sua desvalorização são especi-
ficamente chamados de investimentos.

• Gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos: são


considerados investimentos. Outro ponto importante é que os gastos
com equipamentos novos são ativados e, gradualmente, vão se transfor-
mando em despesas.

FIGURA 5 – GASTOS COM PESQUISA

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/669610/pexels-photo-669610.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-lukas-669610.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

· Custo: gasto relativo ao bem ou ao serviço usado na produção de ou-


tros bens ou na prestação de serviços. Com isso, surgirá outro produ-
to. Portanto, são associados aos produtos ou serviços produzidos pela

57
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

empresa. Veja alguns exemplos: matérias-primas consumidas, material


secundário consumido, embalagens, mão de obra aplicada, salário de
supervisor industrial, depreciação de máquinas e equipamentos, depre-
ciação das instalações, manutenção da fábrica, aluguel da fábrica, lea-
sing de equipamentos produtivos, seguros das instalações fabris, ener-
gia elétrica, gás e controle de qualidade, dentre outros.
· Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente com o foco
na obtenção de receitas, não sendo relacionado diretamente à produção
de um produto ou serviço. As despesas são contas que reduzem o patri-
mônio líquido e têm a característica de serem sinônimos de sacrifícios no
processo de obtenção de receitas.

De forma alguma os conceitos entre despesas e desembolsos devem ser con-


fundidos. Imagine que um material seja comprado no mês de janeiro, consumido no
mês de fevereiro e pago ao fornecedor em março. Nesse caso, a contabilidade regis-
trará a despesa de consumo desse material pelo regime de competência em feverei-
ro, sendo o desembolso realizado somente em março. Portanto, os desembolsos são
os pagamentos por um bem ou serviço independentemente de quando o produto ou
serviço foi ou será consumido, mas considerando apenas quando é efetuado o paga-
mento. Assim, o desembolso cursa na data de liquidação (saída do caixa).

Resumindo, são gastos não ligados ao processo de obtenção de produtos ou


serviços – no caso, as atividades estruturais da organização. Exemplo: propaganda
e publicidade, salários da administração, honorários da diretoria, despesas financei-
ras (juros), comissões de vendedores, material de consumo no escritório da admi-
nistração, encargos sociais definidos por lei e encargos sociais concedidos.

· Perda: bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. São


os fatos que acontecem em situações excepcionais e que fogem à nor-
malidade das operações, sendo gastos involuntários e com essa carac-
terística de anormalidade. Assim, não se confundem com despesas. Al-
guns autores dividem as perdas em:

1) Decorrentes de fatores externos extraordinários, como desastres da nature-


za, geadas, inundações, descargas elétricas de raios e acidentes de trabalho, de-
vendo ser classificadas como despesas lançadas contra o resultado do período.
2) Decorrentes da atividade produtiva da organização, sendo perdas
do processo produtivo (recursos consumidos de maneira anormal), cuja
identificação é fundamental para o posterior aprimoramento do processo.
São classificadas como custo de produção do período.

Como as perdas decorrentes da atividade produtiva são lançadas como cus-


to de produção, alguns autores preferem não as classificar como perdas. Mas a
maioria dos autores prefere distingui-las da maneira acima.
58
Capítulo 2 Custos

· Desperdício: são itens que não agregam valor ao cliente. Também são
os custos e despesas utilizados de forma não eficiente e que não agre-
gam valor. Por exemplo, o funcionário que se esqueceu de pagar a ener-
gia e todo o estoque foi perdido por falha no refrigerador.

FIGURA 6 – DESPERDÍCIO

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/3810885/pexels-photo-3810885.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-elina-fairytale-3810885.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Uma dica para separar custos de despesas é identificar o mo-


mento em que o produto está pronto para venda: antes disso, qual-
quer gasto será custo e, a partir daí, será despesa.

Assista ao vídeo a seguir para compreender e diferenciar os ti-


pos de custos: https://www.youtube.com/watch?v=0bUd142GWcw&-
t=499s.

Compreenda a diferença entre custos, despesas, perda, inves-


timento, desembolso e gastos ao assistir ao vídeo a seguir: https://
www.youtube.com/watch?v=6ZYw7-eV5uo.

59
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

3.1 CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS


O estudo de custos compreende a identificação, a análise e a proposta de
soluções para os problemas dos negócios. Deve-se observar que a concorrência
do mercado mostra a necessidade de haver informações confiáveis para a con-
tinuidade da operação. Segundo Martins (2018, p. 12): “A palavra custo também
significa o preço original de aquisição de qualquer bem ou serviço, inclusive lei-
gamente; daí se falar em ‘custo de uma obra’, ‘custo de um automóvel adquirido’,
‘custo de uma consulta’, entre outros”.

Os professores Souza e Clemente (2005) dividem os custos em relação:

• à forma de apropriação aos produtos;


• ao volume de produção;
• ao valor de registro;
• à forma de acumulação;
• ao objeto de custeio.

Leia o material a seguir e entenda um pouco mais sobre a análi-


se de custos: http://peritocontador.com.br/artigos/APRESENTACAO_
manter_eliminar_reorganizar.pdf.

Assista ao vídeo a seguir e analise a importância da análise de


custos: https://www.youtube.com/watch?v=PnN7Lbcy6Kg.

a) Classificação dos custos quanto à forma de apropriação aos produtos

Os custos diretos são aqueles que facilmente agregados aos produtos, sen-
do que sempre haverá uma média de consumo que pode ser contada por produto:
unidades, quilogramas, peças, litros, horas de mão de obra consumidas por uni-
dade produzida, dentre outras. São, no caso, os custos diretos em relação aos
produtos. Exemplo: matéria-prima, mão de obra etc.

60
Capítulo 2 Custos

FIGURA 7 – MÃO DE OBRA

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/2219024/pexels-
photo-2219024.jpeg?cs=srgb&dl=pexels-rodolfo-quir%C3%B3s-2219024.
jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Os custos indiretos, por sua vez, não oferecem condições para uma medição
exata por unidade produzida. Assim, a alocação aos produtos deve ser feita de
maneira estimada ou até arbitrária. São os custos indiretos com relação aos pro-
dutos, por exemplo: aluguel de instalações e salário da supervisão e das chefias.

Os custos indiretos incluem ainda os custos indiretos propriamente ditos e


os custos diretos (por natureza), mas que são tratados como indiretos em função
de sua irrelevância ou da dificuldade de sua medição. Exemplo: a energia elé-
trica deveria ser tratada como custo direto, mas muitas vezes não é, pois, para
isso, seria necessário um sistema de mensuração (medidor de energia) aplicado
a cada produto ou processo produtivo de cada produto. Por esse sistema ser caro
ou de difícil aplicação, o valor a ser calculado seria obtido com base na potência
de cada máquina e no volume de sua utilização. Assim, prefere-se a apropriação
dos custos de forma indireta.

Observe a diferença entre custos diretos e indiretos no vídeo a


seguir: https://www.youtube.com/watch?v=sDnd9oc9-xs.

b) Classificação dos custos quanto ao volume de produção

Essa classificação divide os custos em variáveis ou fixos. A classificação em


custos diretos e indiretos leva em consideração a unidade produzida, enquanto os
custos fixos e variáveis levam em consideração a questão do tempo e volume de
atividade, não se comparando um período com outro.

61
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Se um produto depende da quantidade produzida, por exemplo: quanto maior a


quantidade fabricada, maior o consumo, estamos falando de um custo variável, ou seja,
o valor de consumo dos materiais diretos depende diretamente do volume de produção.

FIGURA 8 – VOLUME DE PRODUÇÃO

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/763934/pexels-photo-763934.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-paul-efe-763934.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Já se o consumo de algum recurso independe da quantidade elaborada, é


um custo fixo, ou seja, o valor da quantidade usada independe da quantidade pro-
duzida: é fixa em relação à produção. Como exemplo, temos o aluguel da fábrica,
que é invariável em relação à quantidade produzida. Assim, se forem fabricadas
uma unidade ou uma centena, o valor do aluguel é o mesmo. 

QUADRO 2 – DIFERENÇAS ENTRE CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS

CUSTOS FIXOS CUSTOS VARIÁVEIS


São os custos que não vão mudar de acor- São os custos que variam de acordo com
do com a quantidade produzida de produto a quantidade de produtos. Como exemplos,
ou serviço. Logo, se manterão constantes, podemos citar a mão de obra direta, os ma-
independentemente do volume de produção, teriais diretos e a energia elétrica. Os custos
mantendo um valor fixado e que não se altera variáveis são, então, os que estão direta-
de acordo com as oscilações nas atividades. mente ligados ao volume de produção ou
Por exemplo, o aluguel de uma fábrica será venda.
igual se for fabricado apenas um produto ou
se forem fabricadas 15.000 unidades.
Fonte: a autora.

Um ponto importante é que todos os custos podem ser, simultaneamente, fixos e


variáveis e diretos e indiretos. Assim, a matéria-prima é um custo variável e direto; o se-
guro é um custo fixo e um custo indireto. Os custos variáveis serão sempre diretos, mas
podem, às vezes, ser tratados como indiretos por razões de economia. Os custos variá-
veis possuem seu crescimento vinculado à quantidade produzida pela empresa. Então,
quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis totais.

62
Capítulo 2 Custos

Veja a diferença entre custos fixos e variáveis: https://www.you-


tube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc.

c) Classificação dos custos quanto ao valor de registro

De acordo com Souza e Clemente (2005), com relação ao valor de registro,


os custos podem ser classificados como:
• histórico;
• de reposição;
• padrão.

São apropriados aos produtos pelo seu valor histórico, pelo valor de reposição ou
por valores-padrão. A matéria-prima componente de algum produto pode ser avaliada:

• pelo valor de aquisição à época em que foi adquirida – valor histórico;


• pelo valor de reposição – valor atual de aquisição ou valor de mercado;
• por um valor padrão – valor calculado a partir de estudos anteriores ou
por especificações técnicas de processo (por exemplo, o custo de ar-
gamassa colante para assentamento de cerâmica é de 4 kg/m². Foram
feitos estudos e medições para isso e a quantidade de material não é
medida a cada vez que se executa a atividade).

A legislação brasileira permite apenas o uso do valor histórico, mas os outros


podem ser usados para fins gerenciais caso o gestor entenda necessário.

d) Classificação dos custos quanto à forma de acumulação

Os custos podem ser acumulados por processo ou por ordem de produção.


Os acumulados por processo são ligados a um período. O sistema de custeio por
processo é usado quando a organização produz várias unidades do mesmo pro-
duto. Os custos acumulados por ordem de produção estão associados a produtos:

• que têm um ciclo de produção muito longo (navios, grandes turbinas e


obras de construção civil);
• referentes a um determinado pedido ou contrato;
• muito diferentes, fabricados a cada período (a indústria fabrica calças e
camisas, roupas e calçados de diversos tamanhos).

63
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

FIGURA 9 – CUSTOS

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/5835063/pexels-photo-5835063.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-tim-samuel-5835063.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Tais produtos são, geralmente, feitos sob encomenda e, por essa razão, é
comum abrir uma ordem de produção em que são acumulados todos os custos
referentes à essa ordem. A utilização desses registros serve para aprimorar o pro-
cesso orçamentário.

e) Classificação dos custos quanto ao objeto de custeio

Segundo as necessidades de informação, os custos podem ser apresenta-


dos em diferentes níveis de agregação. A agregação mais comum é em nível de
produto, que tem por finalidade saber o custo do produto acabado. Mas para a
tomada de decisão, há outros níveis de agregação importantes (SOUZA; CLE-
MENTE, 2005):

● por departamentos produtivos;


● por departamentos auxiliares;
● por região;
● por centro de custos;
● por seções homogêneas;
● por processo;
● por atividade;
● por clientes.

Por exemplo, um negócio voltado ao reflorestamento pode ter: como objeto


de custeio, o custo da produção de 1 milheiro de mudas; como custo da implanta-
ção, 1 hectare de mudas e; como custo da extração, 1 metro cúbico de madeira.
Para uma empresa de construção civil, pode ser relevante o custo de uma obra,
bem como o custo de uma atividade (custo do metro quadrado de uma parede de
tijolos). Para uma empresa de transporte de cargas, é importante o custo da tone-
lada por quilômetro e o custo do quilômetro rodado. Logo, uma mesma espécie de
custo pode ser classificada de diferentes maneiras.

64
Capítulo 2 Custos

3 Em tempos de crise e de recessão econômica, identifique qual é


a importância da análise de custos para as organizações.

4 FORMAÇÃO DE PREÇOS
A precificação de produtos vendidos ou serviços prestados é uma área fun-
damental e estratégica para a empresa. A decisão sobre os preços pode gerar
sucesso ou fracasso na organização.

Essa parte do negócio é um dos maiores desafios para quem quer empreen-
der, pois é uma tarefa que precisa considerar vários fatores para a realização de
preços de forma equilibrada e exata. Além disso, uma boa precificação permite
que o preço cobrado seja competitivo em relação aos concorrentes do mercado e
atrativo para os clientes.

FIGURA 10 – PRECIFICAÇÃO

Fonte: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/etiqueta-de-preco-branca-
na-palma-humana-1201721/>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Segundo Bruni e Famá (2008), a definição de prelo de um produto ou serviço


tem como base:

• os custos;
• o consumidor;
• a concorrência.

65
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Ao se observar os custos, algumas considerações podem ser importantes:

• Simplicidade – os preços, ao serem ajustados pelos custos, eliminam a


necessidade de ajustes pela demanda.
• Segurança – a partir do momento que se sabe exatamente os custos
dos produtos, os vendedores se sentem mais seguros ao precificar, pois
sabem a margem de gastos e conseguem entender a margem de lucro
necessária para arcar com esses gastos.
• Justiça – pode ocorrer o pensamento de que o preço acima dos custos
seja mais justo para os clientes e para os vendedores, já que não há
margem para tirar vantagens.

No processo de precificação observado pelo consumidor, as empresas em-


pregam a percepção que os consumidores têm do produto. Por exemplo: um ves-
tido, em uma loja comum, é vendido a R$ 50,00, mas em uma loja de luxo, pode
custar até mais de R$ 500,00.

Já na precificação baseada em análise de concorrência, o que determina o


valor de um produto ou serviço é a própria concorrência. Por exemplo, se em um
supermercado vende uma pasta de dente da marca Y por R$ 5,00, o supermerca-
do X não será muito inteligente ao vender o mesmo produto por R$ 8,00.

Para calcular o preço de um produto ou serviço, é necessário identificar to-


dos os custos e despesas envolvidos na produção. Por isso, a importância de
saber diferenciar despesas e custos.

4.1 MÉTODOS DE FORMAÇÃO DE


PREÇOS
Existem alguns métodos utilizados na formação de preços e cada mé-
todo apresenta vantagens e recomendações. Observe as características
de cada tipo:

• Método de mark up – índice usado na formação do preço de venda de


um produto ou serviço e que aparece na definição do seu custo. Esse
método leva em consideração todo o custo fixo, o custo variável e a mar-
gem de lucro. Além disso, identifica o preço mínimo de venda, ou seja, o
menor preço possível para aplicar no seu produto, com objetivo de cobrir
a margem de lucro.

66
Capítulo 2 Custos

Vamos a um exemplo? Suponha que você tenha uma fábrica de camisetas


que apresenta os dados abaixo:

• custos de produção – 20,00;


• impostos – 12%;
• comissões – 10%;
• financeiras – 2%;
• lucro – 20%.

O cálculo é:

100% - (custo % de comercialização + margem % de lucro) / 100%.

Nesse caso:

100% – (24% + 20%) /100


56% / 100 = 0,56
Preço de venda = custo do produto X mark up.
Preço de venda = 20,00 / 0,56 = 35,71.
Portanto, a camisa deve ser vendida por, no mínimo, 35,71.

• Margem de contribuição: utilizando esse método, é possível determinar


o lucro. Portanto, permite que a empresa saiba quando ganhará em cada
venda e, por esse motivo, é bastante utilizada na tomada de decisão.
Além disso, ela pode ser ajustada de acordo com a realidade de merca-
do e objetivos da empresa.
• Pesquisa de preço no mercado: como o próprio nome indica, consi-
dera os preços utilizados pela concorrência. Com isso, a empresa tem
uma noção de quanto pode cobrar para ter espaço no mercado.Nesse
caso, são analisados os concorrentes diretos e indiretos, compreenden-
do quais os preços costumam ser cobrados por certos produtos e servi-
ços e qual a média de mercado para algum produto ou serviço.

Esse método não deve ser usado individualmente, pois observar de forma
isolada os preços cobrados por mercados concorrentes pode levar a sua empresa
a ter prejuízos se o preço estipulado for abaixo dos custos fixos e variáveis. Ele
deve servir apenas como auxiliar na precificação dos produtos.

Além das pesquisas de mercado, fatores externos (como concorrência, taxa


de juros e indicadores macroeconômicos) são pontos importantes a serem obser-
vados ao precificar um produto.

67
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

4.2 AGREGAÇÃO DOS CUSTOS DOS


PRODUTOS
Existem algumas nomenclaturas de custos bastante usadas para a descrição
da forma de acumular os custos dos produtos até o momento da venda, observe!

• Custo primário: soma da matéria-prima com a mão de obra direta. Não é


sinônimo de custos diretos, pois nele só estão incluídos aqueles dois itens.
Por exemplo, a embalagem é um custo direto, mas não é um custo primário.

Essa classificação é bastante importante para apresentar a proporção da


mão de obra efetivamente usada e dois insumos consumidos no processo de
transformação. Veja a equação do custo primário:

Matéria-prima consumida + mão de obra utilizada = CUSTO PRIMÁRIO

• Custo de transformação: soma de todos os custos de produção, exce-


to os custos ligados a matérias-primas e outros eventuais componentes
adquiridos e empregados sem modificação pela empresa. Por exemplo,
embalagens compradas já prontas.

Eles são o valor do esforço da empresa no processo de elaboração de algum


item, representando os esforços da empresa em valores monetários necessários
para transformar os materiais diretos no produto acabado.

Mão de obra direta utilizada + custos indiretos de fabricação =


CUSTO DE TRANSFORMAÇÃO.

• Custo de produção: em um período, os custos de produção mostram o


valor dos bens e serviços consumidos no processo de transformação da
matéria-prima em produto acabado.

A utilidade dessa informação, quando confrontada com o preço de venda,


está em informar o lucro antes do pagamento das despesas administrativas, fi-
nanceiras, comerciais e impostos. Como o preço de venda é uma variável contro-
lada pelo mercado, o conhecimento dessa margem permite avaliar a eficiência do
processo produtivo para produzir lucro.

Mão de obra utilizada no período + matéria-prima utilizada no período +


custos indiretos de fabricação = CUSTO DE PRODUÇÃO

68
Capítulo 2 Custos

• Custo dos produtos fabricados: são os custos de produção de um bem


ou serviço efetivamente acabado em um período.

Custo de fabricação + inventário inicial de produtos em processamento –


inventário final de produtos em processamento =
CUSTO DOS PRODUTOS FABRICADOS

• Custo dos produtos vendidos: representam os custos ocorridos dos


produtos efetivamente vendidos nesse período. Ele é confrontado com a
receita operacional do período para avaliar o lucro operacional bruto do
período.

Estoque inicial + (Insumo de matérias-primas + mão de obra +


gastos gerais na fabricação) – estoque final =
CUSTO DO PRODUTO VENDIDO

• Custos mercadológicos: são os custos dos esforços mercadológicos


efetivados pela empresa para criar, atender e manter a demanda de seus
produtos. Como exemplos de custos mercadológicos, temos pesquisas
de mercado, promoção de vendas, propaganda, salários e comissões
dos vendedores, crédito, armazenagem, faturamento, transporte, co-
brança, assistência técnica, assistência ao cliente e outros.

FIGURA 11 – PROMOÇÕES

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/2292953/pexels-photo-2292953.
jpeg?cs=srgb&dl=pexels-artem-beliaikin-2292953.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022.

Assista ao vídeo a seguir para entender mais sobre a agregação


dos custos aos preços dos produtos: https://www.youtube.com/wat-
ch?v=5bF2GQQJ-sE.

69
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

4.3 CUSTOS NA FORMAÇÃO DE


PREÇOS
O preço de algum produto ou serviço deve ser um valor que gera a maior
maximização dos lucros possíveis. Para isso, é preciso manter a qualidade, su-
perando as expectativas de mercado e tirando proveito dos níveis de produção.
O procedimento de precificação de produtos está relacionado aos custos, às con-
dições de mercado, à remuneração do capital investido e ao nível de atividade.
Esse processo inclui:

a) Formação de um preço-base

· Análise do preço-base comparando com as características de mercado,


a concorrência, o volume de vendas, o prazo, as condições de entrega e
as promoções.
· Teste do preço de acordo com as condições de mercado.
· Determinação do preço de acordo com as condições da venda, como
volume da compra, prazos de financiamento e comissões de vendas em
cada condição.

Além das informações mencionadas, a formação de custos precisa levar em


consideração:

• a qualidade do produto;
• a demanda esperada para o produto;
• a existência de produtos similares com preços mais interessantes aos clientes;
• o segmento de mercado do produto;
• os níveis de produção e vendas desejados;
• o controle de preços por parte do governo;
• os custos e despesas de fabricar, administrar e comercializar o produto.

Conforme Bruno e Famá (2008), alguns fatores associados aos processos de


formação de preços podem ser apresentados, tais como:

· Capacidade e disponibilidade de pagar do consumidor – o poder de com-


pra e o momento que o cliente deseja ou pode pagar devem ser analisados.

70
Capítulo 2 Custos

FIGURA 12 – CONSUMIDOR

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/2292919/pexels-photo-2292919.
jpeg?auto=compress&cs=tinysrgb&dpr=1&w=500>. Acesso em: 15 jun. 2022.

· Qualidade e tecnologia do produto em relação às necessidades do


mercado consumidor – o segmento de mercado para a atuação da or-
ganização deve ser definido claramente e um produto deve ser desenvol-
vido para atender esse segmento de mercado.
· Existência de produtos substitutos a preços mais vantajosos – de-
ve-se pesquisar se existem produtos que possam substituir o produto da
organização e, caso a organização pratique preços elevados, ela pode
fomentar o surgimento ou a ampliação da concorrência.
· Demanda esperada do produto – o planejamento das vendas futuras
do produto é fortemente influenciado pelo preço que se desejará praticar.
· Níveis de produção e de vendas que se pretende ou se pode operar
– o volume de produção e de vendas é fundamental para a determinação
de custos e preços previstos, tendo em vista a existência de custos fixos.
· Mercado de atuação do produto – quanto mais pulverizado for o merca-
do, menor será a capacidade das empresas de fixarem os preços, ou seja,
quanto mais o mercado se aproximar de um mercado em concorrência per-
feito, mais difícil será de a empresa conseguir determinar os seus preços.
· Controle de preços impostos pelo governo – quando houver controles
rígidos de preços por parte do governo, menor será a flexibilidade de de-
terminação dos preços.

FIGURA 13 – VALORES PAGOS AO GOVERNO

Fonte: <https://images.pexels.com/photos/6863182/pexels-photo-6863182.
jpeg?auto=compress&cs=tinysrgb&h=650&w=940>. Acesso em: 15 jun. 2022.

71
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

· Custos e despesas de fabricar, administrar e comercializar o produto


–  custos e despesas devem ser conhecidos a fundo. Deve ficar clara a
distinção entre os gastos indiretos, associados à estrutura da organização,
e os gastos variáveis, os quais devem ser identificados aos produtos.
· Ganhos e perdas de gerir o produto – gastos associados a investimen-
tos de natureza permanente ou em capital de giro, incluindo o custo de
oportunidade dos recursos aplicados nas operações.

Assista ao vídeo a seguir e entenda como calcular o preço de


venda dos produtos: https://www.youtube.com/watch?v=El_urzzjXGY

Existem alguns métodos para determinar o preço com base nos custos. Den-
tre os mais conhecidos, podemos listar:

· Custo pleno – os preços são estabelecidos com base nos custos inte-
grais, tais como: custos totais de produção, despesas de vendas, despe-
sas financeiras referentes a prazos concedidos (prazos de pagamentos
concedidos aos clientes), descontos sobre a forma de prazos concedidos
pelos fornecedores (prazos para pagar os fornecedores), despesas de
administração e margem de lucro desejada.
· Método Reichskuratorium fir Wirtshaflichkeit/RKW – bastante utiliza-
do na Alemanha, principalmente no início do século XX. Esse método
foca alocar todos os custos na quantidade do produto, prevendo um cer-
to volume de atividade.
· Custo de transformação – formação dos preços com base apenas nos
custos de transformação, não considerando os custos com materiais di-
retos. Isso porque os esforços da empresa estão fundamentalmente con-
centrados nos custos de transformação.
· Custo marginal – é conhecido por ser o incremento de custo, pois a pro-
dução de uma unidade a mais de produto corresponde aos custos que
não ocorreriam se uma unidade fosse eliminada.
· Taxa de retorno exigida sobre o capital investido – o preço é determi-
nado pela taxa predeterminada de lucro sobre o capital investido. O lucro
deve ser rateado pela quantidade produzida. O preço pode ser identifica-
do pela seguinte equação:

P = (CT + R (%) X CI) /V

72
Capítulo 2 Custos

Em que:
CI = capital investido.
CT = custos totais.
R (%) = lucro percentual almejado sobre o capital investido.
V = volume de vendas.
P = preço sugerido para os produtos.

· Custo padrão – é o custo normal de um produto. Ele é elaborado consi-


derando haver um bom desempenho operacional, mas observando algu-
mas deficiências existentes nos materiais e insumos de produção, assim
como mão de obra. Ele considera os custos de acordo com a situação
real da estrutura da fábrica.

É considerado pela determinação com antecedência e com base em análise


e estudos especializados dos custos dos produtos. É um custo predeterminado
das operações e leva em consideração a quantidade de matérias-primas, o tempo
de mão de obra, os valores estimados das matérias e dos salários e os custos
indiretos e fixos que serão incorridos.

· Mark up – considera aplicar um índice sobre os gastos (custos e despe-


sas) de um bem ou serviço. O mark-up pode ser utilizado sobre o custo
variável, sobre os gastos variáveis e sobre os gastos totais.

Assista ao vídeo e entenda um pouco mais sobre mark up e pre-


ços de venda: https://www.youtube.com/watch?v=xMcUuan9SWg.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste tópico, estudamos alguns conceitos importantes relacionados à área
de custos, como: gastos ou dispêndios, investimentos, custos, despesas, desem-
bolsos e perdas. Essas definições, quando entendidas, são importantes, pois o
funcionário pode correr o risco de classificar algum gasto de forma errada. Então,
não deixe de revisá-los de tempos em tempos. Além disso, estudamos as formas
de classificação dos custos. Esses conceitos são importantes e merecem ser re-
lembrados. Por fim, observamos os principais métodos utilizados para definir os
preços dos produtos e serviços e, além da análise dos custos dos produtos e ser-
viços, verificamos a importância das tendências e concorrências.
73
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Com relação ao assunto de formação de preço, estratégia é a palavra que re-


sume. Existem métodos para a definição de preços dos produtos e dos serviços.
Ainda, foi visto que os custos são a parte principal ao se determinar um preço,
mas deve ser analisado diversos fatores externos também. Assim, observou-se
que é fundamental a realização de cálculos adequados para a formação de pre-
ços de forma adequada. Isso contribui para a saúde financeira da empresa e ga-
rante que ela esteja cobrando um preço justo.

Os assuntos estudados contribuirão ainda mais para a sua capacitação e de-


senvolvimento, além de possibilitar a você auxiliar ainda mais as organizações de
trabalho com o conhecimento adquirido.

REFERÊNCIAS
BERNARDI, L. A. Formação de preços: estratégias, custos e resultados. 5. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades


por Ações. Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 10 jan. 2021.

BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Sistema de informações de custos


no governo federal: orientações para o desenvolvimento e implantação de
metodologias e sistemas de geração e emprego de informações de custos no
governo federal. Brasília: MP, SOF, 2008.

BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com


aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 5. ed. São


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CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 3. ed. São Paulo:


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74
Capítulo 2 Custos

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75
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

76
C APÍTULO 3
Demonstrativos Financeiros

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

3 Analisar as demonstrações financeiras.

3 Compreender o processo de análise de indicadores financeiros.

3 Analisar demonstrações financeiras, fazendo menção aos indicadores financei-


ros de liquidez e endividamento.

3 Compreender a atividade da empresa e sua lucratividade.


Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

78
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para que um negócio tenha sucesso e seja reconhecido como algo bom, não
é suficiente apenas disponibilizar um produto ou serviço para o público, mas tam-
bém é necessário ter uma boa gestão. Afinal, o que é preciso para ter uma boa
gestão? Vejamos alguns pontos a seguir.

• Ter o mapeamento do seu negócio: concorrência, características, vanta-


gens e assim por diante.
• Ter uma boa equipe de trabalho.
• Ter controle da vida financeira da empresa.
• Ter boa comunicação e ser um bom negociador.
• Avaliar constantemente os produtos ou serviços prestados.
• Ajustar as demandas por meio de canais de comunicação (elogio, recla-
mação e dúvidas).

Os resultados numéricos do empreendimento falam muito sobre a situação


da empresa, refletindo inclusive na excelência da administração do negócio para
o mercado. A análise financeira é essencial nesse ponto, já que todo gestor alme-
ja o sucesso em todas as áreas do negócio.

A análise financeira – ou análise econômica – é o acompanhamento da vida


financeira da empresa, sendo o esforço voltado ao entendimento das finanças da
companhia. É por meio da análise financeira que são encontradas ferramentas
que mostram a verdadeira situação financeira do negócio, e por ela também é
possível compreender a viabilidade dele, baseando-se em avaliar a estabilidade e
a capacidade de geração de lucro.

Depois de entender a importância dessa ferramenta, é lógico pensar que a


área de análise financeira deverá fazer uma atividade estratégica constante na
empresa, elaborando projetos e realizando monitoramentos dos resultados das
atividades. Para realizar a análise financeira, uma ferramenta muito útil são os
dados e as informações contábeis.

Aqui, o contador ou o escritório contábil são fundamentais, afinal, são esses


os responsáveis pela elaboração dos relatórios financeiros da instituição, tais como:

· Balanço patrimonial.
· Demonstração do resultado do exercício.
· Demonstração do fluxo de caixa.
· Relatórios de fluxo de caixas.
· Demonstração das mutações do patrimônio líquido.
· Demonstração dos lucros e prejuízos acumulados.
79
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre a im-


portância da análise financeira das empresas: https://www.youtube.
com/watch?v=vDvVg0U_4Ec.

Ao fazer a análise financeira, é possível mensurar a saúde das finanças da


entidade e prever o desempenho futuro do negócio. Além disso, existem alguns
fatores que só são disponíveis por meio da análise financeira, dentre eles a iden-
tificação do equilíbrio da empresa. Isso significa que o equilíbrio é visto como
prioridade da análise financeira, já que significa que as receitas são superiores às
despesas e aos custos operacionais. Tendo esse resultado em mãos, os gestores
conseguem identificar se o negócio é viável ou não. Temos, a seguir, alguns fato-
res e técnicas que precisam compor essa análise.

· Faturamento periódico: o faturamento é o volume de vendas da em-


presa em um período. Por meio do faturamento, é possível conhecer e
acompanhar as vendas diárias, tendo conhecimento dos produtos e ser-
viços, quando e por qual valor serão vendidos.
· Custo fixo: como o próprio nome já indica, são aqueles que não são altera-
dos com o aumento ou a diminuição das vendas, além de serem primordiais
para a manutenção e a existência da empresa. O acompanhamento desses
custos deve ser feito com regularidade, bem como ações para diminuí-los.
Dentre alguns exemplos, podemos citar aluguel, segurança, limpeza.
· Custo variável: são os que variam de acordo com o volume de produ-
ção e interferem de forma direta nos valores de vendas. Um dos pontos
estratégicos das entidades é tornar os custos fixos em variáveis. Dentre
alguns modelos, podemos citar: matéria-prima, mão de obra, comissão
de vendas, insumos e assim por diante.
· Lucro operacional: resultado depois da redução dos custos fixos e variáveis.
· Margem de contribuição: é a sobra do valor da receita adquirida das
vendas depois do abatimento dos custos e despesas variáveis.
· Preço de vendas: a definição de preço de vendas é mais que uma ação
técnica, sendo também uma ação estratégica que considera alguns fato-
res, por exemplo:
o competitividade;
o visão do consumidor;
o lucratividade;
o posicionamento de mercado;

80
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

o procura pelos serviços ou produtos.


· Fluxos de caixa: observa a elaboração do fluxo de caixa com base nas
informações operacionais e na realização de projeção estratégica das
negociações de compra e venda, bem como na estruturação de custos.
Essa ferramenta auxilia o equilíbrio financeiro e ajuda a manter os saldos
positivos, pelo fato de já haver uma projeção.
· Crescimento: é baseado na análise do Patrimônio Líquido (PL). A aná-
lise financeira faz uma espécie de raio-x do patrimônio empresarial, ob-
servando o crescimento desse patrimônio e do volume de faturamento
e conferindo se houve aumento em toda a estrutura da empresa. Nesse
momento, é importante observar que crescimento físico é diferente do
econômico. Ter um crescimento físico não é exatamente certo que signi-
fica a existência do crescimento econômico também.

FIGURA 1 – ANÁLISE DE CRESCIMENTO

Fonte: <https://pixabay.com/pt/photos/escrit%c3%b3rio-o-
neg%c3%b3cio-contador-620822/>. Acesso em 22 mar. 2022.

• Monitores dos indicadores econômicos do negócio: têm o objetivo de


revelar a saúde da organização, além de viabilizar comparativos de de-
sempenhos, comparando e avaliando os resultados das opções escolhi-
das em certos períodos. Esses índices dão a visão para o gestor avaliar
os erros, suas correções e soluções para diminuir os impactos econômi-
cos na organização. Existem alguns índices que são indispensáveis para a
melhoria econômica e financeira de quaisquer negócios. São eles:
o Índice de liquidez – este índice apresenta a capacidade da empresa
de cumprir com todas as suas obrigações financeiras. Como já é sabido,
nem todas as empresas têm condições financeiras para o curto e longo
prazo. Ao fazer uma análise do Balanço Patrimonial, o gestor terá to-
das as informações necessárias para saber como está a capacidade de
pagamento. Inicialmente, essa apuração ocorrerá por meio da liquidez
corrente, na qual é relacionado o ativo com o passivo circulante. A partir
do momento que o resultado dá negativo, uma análise de todo o conjunto

81
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

dos outros indicadores é recomendada, pois, assim, é possível determi-


nar as medidas estratégias a serem tomadas.
o Índice de endividamento – este índice busca apresentar o nível de
endividamento que a empresa se encontra, além do impacto que as dí-
vidas causam na saúde financeira do negócio, avaliando o volume das
dívidas sobre o capital empresarial. Por meio desse índice, a empresa
acompanha o valor que está sendo usado de capital de terceiros – em-
préstimos – e o que é financiado pelo seu próprio capital.

FIGURA 2 – ENDIVIDAMENTO DA EMPRESA

Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2015/07/09/08/04/
money-837376__340.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2022.

o Índice de prazo médio de pagamento: com esse índice, é calculado


o prazo que a empresa demora para quitar suas dívidas ou obrigações
com terceiros.
o Índice de prazo de recebimento: localiza o prazo que a empresa rece-
be os valores de vendas dos produtos ou serviços prestados.

Analisando o objetivo de cada índice, é possível analisar a importância que


toda empresa, de qualquer porte, faz da análise periódica das suas contas, lem-
brando de utilizar como ferramenta a análise financeira, que é considerada a chave
do sucesso para a continuidade e a sobrevivência da empresa no mundo corporati-
vo. Ela não é apenas um registro, é um tipo de bússola norteadora que indica o ca-
minho que as atividades precisam seguir para manterem com boa saúde financeira.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre a im-


portância da análise financeira das empresas: https://www.youtube.
com/watch?v=3znJgjyuvRk

82
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

1 Aponte alguns fatores que podem compor a análise financeira de


modo que possamos mensurar mais adequadamente a saúde fi-
nanceira da empresa.

2 USO E ANÁLISE DAS


DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Os gestores empresariais, por muitas vezes, são obrigados a tomar decisões
que influenciam no rumo dos seus negócios. As demonstrações contábeis, junto
com a capacidade de interpretação dos números mostrados por elas, são funda-
mentais para a identificação de rumos que tenham consequências positivas. É
importante ter o entendimento de que as demonstrações contábeis são peças que
ajudam no alcance das metas almejadas pelas empresas.

As demonstrações contábeis, como já estudado, são um conjunto de relató-


rios que disponibilizam informações importantes sobre o status financeiro de uma
empresa em um período. Essas informações são tão importantes que interessam
a todos, desde proprietários do negócio aos futuros investidores, além das demais
pessoas envolvidas. As demonstrações contábeis podem ajudar uma empresa de
várias formas. Dentre elas, estão:

· Melhor tomada de decisão – com a análise das demonstrações, tem-


-se uma visão mais clara e precisa sobre a performance da empresa.
Portanto, terá uma maneira de monitorar o progresso da empresa e de
localizar onde estão as oportunidades de crescimento.

FIGURA 3 – TOMADA DE DECISÕES

Fonte: <https://pixabay.com/pt/photos/secret%c3%a1rio-usado-
%c3%b3culos-2199013/>. Acesso em: 22 jun. 2022.
83
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

· Maior pontualidade nos pagamentos – os relatórios financeiros são


importantes para a garantia dos pagamentos dos clientes.

Já os relatórios de contas a pagar garantem que os fornecedores terão o


recebimento das contas prestadas a tempo. Com isso, haverá também uma previ-
são sobre o fluxo de caixa futuro da empresa.

· Preparação para o imposto de renda – desde que se atualize regula-


mente, as demonstrações financeiras manterão as informações organiza-
das, facilitando todo o processo quando chegar o momento de declarar o
Imposto de Renda (IR). Para facilitar a guarda e a organização dos mais
diversos recibos, é preciso fazer uso de um software de contabilidade.
· Fornecimento da prova do sucesso – relatórios financeiros trabalham
semelhante a um registro histórico do sucesso de uma empresa se houver
a decisão de venda do negócio ou se conseguir investidores novos. Essas
informações também podem ser solicitadas por clientes e fornecedores já
existentes, ao desejar realizar acordos ou parcerias com o empreendimen-
to. No momento que as companhias, sejam elas novas ou já existentes,
solicitam algum financiamento, elas precisam apresentar o potencial de lu-
cro, com objetivo de convencer os credores a fornecer o empréstimo.
· Prevenção de graves erros – quando as empresas aderem à utilização
de cronogramas definidos para revisão das demonstrações, elas conse-
guem detectar mais rapidamente os erros que são possíveis e, assim,
corrigi-los. Essa prevenção também pode auxiliar na detecção de roubo,
fraude ou atividades ilegais dentro do negócio.

Sempre haverá formas de fazer a preparação das finanças empresariais, com


o objetivo de encontrar ainda mais melhorias e fazer a manutenção das demons-
trações contábeis, agregando valor para a organização. Para a preparação das de-
monstrações contábeis, existem algumas práticas que devem ser adotadas:

· Revisão das demonstrações de outras empresas do seu setor – ao


revisar as demonstrações financeiras de outras empresas, o gestor con-
segue se preparar e/ou atualizar a documentação interna, pois consegue
procurar as melhores práticas a serem seguidas, implementadas e incor-
poradas dentro da companhia.
· Observação sobre o formato – existem empresas que preferem o uso
de uma declaração com várias colunas da posição financeira, sendo que
outras empresas preferem uma coluna apenas.
· Ter um software que realize as demonstrações – boa parte das demons-
trações contábeis das empresas pode ser feita por meio de softwares, dei-
xando toda a documentação pronta para a análise de um profissional.

84
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

FIGURA 4 – ÁREA DE TECNOLOGIA NO DESENVOLVIMENTO


ECONÔMICO DA EMPRESA

Fonte: <https://pixabay.com/pt/photos/gr%c3%a1fico-investimento-
anal%c3%adtica-4819676/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

A área de tecnologia da informação inova diariamente e permite fornecer sis-


temas que são usados na nuvem, facilitando ainda mais o processo de criação e
de revisão das demonstrações financeiras. Além disso, a área tecnológica prioriza
a segurança de dados pessoais e empresariais, permitindo maiores camadas de
segurança e criptografia de informações importantes, como dados bancários e
pessoais de clientes e fornecedores.

Um investidor, por exemplo, ao querer fazer parte de uma empresa por meio
de ações, precisa saber onde está colocando seu dinheiro. Esses índices ajudam,
pois apresentam o tamanho do ativo circulante (de curto prazo) em relação às
dívidas de curto prazo.

O resultado pode apresentar que a empresa está trabalhando para pratica-


mente pagar suas contas, não tendo muita margem de reserva ou aumento do patri-
mônio líquido. Vamos comparar esses resultados. Atente-se para o quadro a seguir.

QUADRO 1 – COMPARANDO O LUCRO DE DUAS EMPRESAS

Empresa A B
Lucro 100 milhões 50 milhões
Vendas 1 bilhão 200 milhões
Fonte: a autora.

Se o investidor fosse observar apenas o lucro, provavelmente veria mais van-


tagem em investir na empresa A. Afinal, o lucro dela foi de 100 milhões e o da outra
empresa foi a metade disso. Agora, comparando a margem de vendas entre as duas,
a empresa A vendeu o valor de 1 bilhão de reais para conseguir ter o lucro de 100
milhões. Já a empresa B vendeu 200 milhões de reais e obteve, em lucro, 50 milhões.
Com isso, queremos mostrar e informar que a análise das demonstrações contábeis
é feita de forma conjunta, não sendo recomendado olhar um índice de forma isolada.

85
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Assista ao vídeo a seguir e observe as principais análises que


as empresas, os investidores e os sócios precisam conhecer: https://
www.youtube.com/watch?v=L9SMrx6azqk.

3 COMPREENDER O PROCESSO
DE ANÁLISE DE INDICADORES
FINANCEIROS
Todo diretor ou gestor de qualquer empresa precisa tomar decisões sobre in-
vestimentos e outras atividades financeiras. Para que um negócio não tenha resul-
tados negativos futuros, a melhor opção é a análise das demonstrações financeiras.

3.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ


Liquidez, na linguagem contábil, significa a capacidade de transformar em
dinheiro. Índices de liquidez dizem respeito à capacidade da empresa de honrar
seus pagamentos. Os índices de liquidez dão números para que o gestor consiga
avaliar a capacidade de pagamento da empresa em relação às suas obrigações.
Eles são vitais para que os investidores, gestores, bancos, fornecedores, dentre
outros, consigam avaliar o risco de inadimplência da empresa

Vamos ver a fórmula dos índices e os indicadores fundamentais vindos da


análise de balanços que permitem tirar algumas conclusões sobre o negócio.

QUADRO 2 – ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Índice Cálculo
Liquidez corrente Ativo circulante / Passivo circulante
Liquidez seca (Ativo circulante – Estoques) / Passivo circulante
Liquidez imediata Disponível / Passivo circulante
Liquidez geral (Ativo circulante + Realizável a longo prazo) / (Pas-
sivo circulante + exigível a longo prazo)
Fonte: a autora.

86
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

Esses índices podem ser estudados de forma simultânea e comparativa,


sendo, inclusive, o recomendado. Além disso, é interessante observar as necessi-
dades da empresa, o ramo que ela atua e as respostas que os gestores buscam
ao calcular os índices em questão.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os ín-


dices de liquidez: https://www.youtube.com/watch?v=TdGGYYm5SBo.

3.2 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO


Como o próprio nome diz, ele busca mostrar o nível de endividamento de
uma empresa. Esses índices apresentam a relação entre o capital próprio (patri-
mônio líquido) e o capital de terceiros (passivo exigível).

QUADRO 3 – ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

Índice Cálculo
Índice de Endividamento Geral (EG) (Capital de terceiros / Ativo total) X 100
Grau de Endividamento (GE) Passivo exigível / Patrimônio líquido
Composição do Endividamento (CE) Passivo circulante / Exigível total
Fonte: a autora.

Sua análise é muito importante para possíveis investidores, pois é possível


analisar a saúde financeira das empresas com potencial de investimento.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os índices


de endividamento: https://www.youtube.com/watch?v=TNPgf5IwQi4.

87
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

3.3 ÍNDICES DE IMOBILIZAÇÃO DO


CAPITAL
Como o próprio nome indica, esse índice está relacionado ao ativo não cir-
culante – imobilizado. Ele mede o quanto a empresa tem de seu capital próprio
investido em ativos imobilizados. Pelo fato de os ativos imobilizados – veículos,
imóveis, dentre outros – terem baixa liquidez, restringem a agilidade bancária
para honrar suas dívidas. Portanto, sua interpretação pode ser feita como “quanto
menor, melhor”. Vejamos os índices e as fórmulas correspondentes a seguir.

QUADRO 4 – ÍNDICES DE IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL

Índice Cálculo
Índice de imobilização próprio (ICP) ANC (exceto o realizável a longo prazo) /
Patrimônio líquido
Índice de imobilização do capital permanente ANC (exceto o realizável a longo prazo) /
Patrimônio líquido + passivo não circulante
Índice de imobilização do investimento total ANC (exceto o realizável a longo prazo) /
Ativo total
Fonte: a autora.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os


índices de imobilização do capital: https://www.youtube.com/watch?-
v=15CrCXgszhE

3.4 ÍNDICES ECONÔMICOS OU


ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Esse índice indica se o negócio está gerando lucro, sendo bastante im-
portante, pois a saúde financeira da empresa é o que garante a permanência do
negócio no mercado. Assim, ele deve ser o primeiro passo para o planejamento
dos planos e metas e, a partir dele, pode-se ter o acompanhamento dos resultados
alcançados com o investimento.

88
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

São, portanto, os índices que relacionam o lucro líquido, a receita líquida de


vendas e o capital de terceiros na empresa. Esses índices são importantes, princi-
palmente para investidores, bancos, credores, analistas de crédito e de mercado,
dentre outros. Vejamos:

QUADRO 5 – ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Índice Cálculo
Giro do ativo Vendas líquidas / Ativo total médio
Retorno sobre os ativos (ROA) (Lucro líquido/ Ativo total) X 100
Retorno sobre o capital investido (ROIC) Lucro líquido / Ativo médio
(Lucro líquido / Patrimônio líquido)
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
X 100
Fonte: a autora.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os índi-


ces de rentabilidade: https://www.youtube.com/watch?v=srcx-Cli6Og.

3.5 ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE


Vejamos a diferença entre os índices de rentabilidade e os índices de lucratividade.

QUADRO 6 – DIFERENÇA ENTRE OS ÍNDICES DE


RENTABILIDADE E OS ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE

Rentabilidade Lucratividade
Relaciona-se os lucros ao capital investido Relaciona-se os lucros às vendas.
Fonte: a autora.

QUADRO 7 – INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

Índice Cálculo
Margem operacional Lucro operacional / Vendas líquidas
Margem líquida Lucro líquido / Vendas líquidas
Margem bruta Lucro bruto / Vendas líquidas
Fonte: a autora.

89
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os índi-


ces de lucratividade: https://www.youtube.com/watch?v=Sq_L4IJTRYA.

3.6 ÍNDICES OPERACIONAIS


Esses índices dão suporte aos analistas, pois apresentam a evolução da ati-
vidade operacional da empresa. Eles fornecem os prazos de rotação envolvendo
os estoques, a idade média dos estoques e o prazo de recebimento de pagamen-
to de compras e de vendas. Portanto, apresentam a velocidade com que os ele-
mentos patrimoniais se renovam. Observe:

QUADRO 8 – ÍNDICES OPERACIONAIS

Índice Cálculo
Rotação dos Estoques (RE) Custo da mercadoria vendida / Estoque médio
Idade Média dos Estoques (IME) (Estoque médio / Custo da mercadoria vendida) X 360
Prazo Médio de Cobrança (PMC) Duplicatas a receber / Média por dia
Prazo Médio de Pagamentos (PMP) Fornecedores X 360 (dias do ano)
Fonte: a autora.

Assista ao vídeo a seguir e entenda um pouco mais sobre os ín-


dices operacionais: https://www.youtube.com/watch?v=IumRvQ_ZDjo.

Veremos, agora, cada índice de forma detalhada.

90
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

4 INDICADORES FINANCEIROS
– LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO,
ATIVIDADE E LUCRATIVIDADE –
PARTE 1
Relatórios financeiros com poucas informações podem se tornar um pesa-
delo ou até a ruína das empresas. A área contábil precisa estar capacitada para
a correta preparação das demonstrações financeiras, pois elas são capazes de
informar a situação financeira geral da organização.

É com base no conjunto de demonstrações financeiras que as empresas


conseguem controlar os impostos, as taxas, os fluxos de caixa, além de conseguir
realizar investimentos mais rentáveis e gerenciar melhor o negócio.

4.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ


Os índices de liquidez são bastante importantes para os administradores, in-
vestidores, gestores, analistas de mercado, fornecedores, bancos e qualquer ou-
tro interessado. Eles são ferramentas que apresentam a avaliação da capacidade
de pagamento das empresas perante as suas operações e obrigações. Os índices
de liquidez são divididos em quatro, conforme pode-se observar a seguir.

1) Liquidez corrente

É considerado por muitos o índice mais importante de uma análise de de-


monstrações financeiras. Ele é afetado por várias transações, pois se, por acaso,
uma empresa faça empréstimos de longo prazo, no curto prazo também iria ocor-
rer o aumento de caixa. A fórmula desse índice é:

Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante

Esse índice está interessado em apresentar o quanto a empresa tem, em valores


imediatos e disponíveis, ou em direitos conversíveis em dinheiro, para saldar as obriga-
ções que são de curto prazo. Portanto, quanto maior o índice de liquidez, melhor.

De forma mais clara, podemos dizer que seus resultados apresentam quanto de
dinheiro a empresa tem por meio de bens e direitos do curto prazo (ativo circulante)
para sanar as dívidas de curto prazo que a empresa tem a pagar (passivo circulante).

91
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Vamos a um exemplo. Considere o seguinte balanço patrimonial para as aná-


lises de liquidez corrente e seca:

QUADRO 9 – BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo Passivo
Ativo Circulante 30.000 Passivo Circulante 25.000
Bancos 20.000 Fornecedores 16.000
Caixas 6.000 Duplicatas a pagar 7.000
Estoques 4.000 Salários a pagar 2.000
Ativo não circulante 10.000 Passivo não circulante 0
Imóveis 10.000 PL 15.000
Total: 40.000 Total 40.000
Fonte: a autora.

Uma empresa, ao fechar seu balanço patrimonial, identificou que seu ativo
circulante tinha a soma de R$ 30.000, enquanto seu passivo circulante somava
R$ 25.000. Ao usarmos a fórmula do índice de liquidez corrente, identificaremos:

30.000/25.000 = 1,2

Isso significa que, para cada R$ 1,00 que a empresa tem de passivo circulan-
te, ela terá 1,20 para quitar aquela obrigação.

2) Liquidez seca

O índice de liquidez corrente tem o defeito de envolver todo o ativo, sendo


que nem sempre o estoque pode ser considerado algo que é convertido em valor
de forma rápida. Já o índice de liquidez seca é bastante parecido com o índice da
liquidez corrente, diferenciando-se apenas por excluir a conta de estoque do ativo
circulante. A sua fórmula é:

Liquidez seca = (Ativo circulante – Estoques) / Passivo circulante

Por excluir a conta de estoque, esse índice sempre será menor ou igual ao
índice achado na liquidez corrente. Além disso, essa análise é bastante recomen-
dada na utilização do estoque, pois disponibilidade exige cautela, já que a liquidez
do estoque depende muito da sua venda para ser realizada.

O índice de liquidez seca é mais exigente nesse sentido, pois exclui a conta
de estoques do cálculo. Vamos imaginar que dos R$ 30.000 de ativo, R$ 4.000
eram referentes à conta estoques. Façamos o cálculo:

92
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

(30.000 – 4000) / 25.000 =


26.000 / 25.000 =
1,04

Isso significa que, a cada R$ 1,00 em dívida, a empresa tem R$ 1,04 para
pagar as dívidas de curto prazo.

3) Liquidez imediata

É o índice mais conservador e rigoroso dos índices de liquidez e serve para


revelar o quanto a empresa tem para quitar suas dívidas de curto prazo com todas
as suas contas de caixa, efetivamente. Sua fórmula é:

Liquidez imediata = Disponível / Passivo circulante

Para isso, são excluídas as contas de estoque e as contas de valores a re-


ceber. São considerados no dividendo apenas os valores em caixa, em saldos
bancários e em aplicações financeiras. Vejamos o balanço a seguir.

QUADRO 10 – BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo Passivo
Ativo Circulante 30.000 Passivo Circulante 25.000
Bancos 4.000 Fornecedores 16.000
Clientes 6.000 Duplicatas a pagar 7.000
Estoques 20.000 Salários a pagar 2.000
Ativo não circulante 10.000 Passivo não circulante 0
Imóveis 10.000 PL 15.000
Total: 40.000 Total 40.000
Fonte: a autora.

Veja que a empresa tem R$ 4.000,00 em disponibilidade (não é considerado,


para fins de cálculo, as contas de clientes a receber e estoques) e R$ 25.000,00
em passivo circulante. Vamos ao cálculo:

4.000/25.000 = 0,16

Perceba que essa empresa pode estar um pouco “encrencada”, porque se


ela tivesse que pagar todas as obrigações hoje, ela só teria 0,16 para cada 1,00
de dívida. Se, por acaso, ela não conseguir vender seus estoques ou se ela tomar
calote de algum cliente, ela estará em apuros.

93
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

4) Liquidez geral

Ele apresenta a saúde financeira da empresa de maneira mais global, diferindo-


-se dos outros justamente por ser mais abrangente. Assim, tem mais espaço princi-
palmente na avaliação da situação de longo prazo da empresa. Vejamos a fórmula:

Liquidez geral = (Ativo circulante + Realizável a longo prazo) /


(Passivo circulante + Passivo não circulante)

Com isso, esse índice apresenta quanto a empresa tem em dinheiro, bens e
direitos realizáveis a curto e a longo prazo, para garantir o pagamento da totalida-
de das suas dívidas. Por esse índice usar o ativo circulante (de curto prazo) e o
realizável a longo prazo, é desejável que seu índice resulte um número maior que
1. Porém, obviamente, depende do ramo da empresa, sua estratégia de cresci-
mento, dentre outros. Vamos ao exemplo!

QUADRO 11 – CONTAS E SALDOS

Ativo circulante R$ 3.000,00


R$ 2.000,00
Ativo não circulante – Realizável a longo prazo
Passivo circulante R$ 2.500,00
R$ 1.800,00
Passivo não circulante

Fonte: a autora.

Jogando na fórmula da liquidez geral, temos:

(2.000 + 3.000) / (2.500 + 1.800) =


5.000 / 4300 =
1,16

Isso significa que a cada R$  1,00 em dívida que a empresa tem, ela terá
R$ 1,16 para pagamento.

4.2 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO


Esses índices fazem parte dos indicadores de análise financeira de uma em-
presa, representando as dívidas de um negócio. Além disso, têm como objetivo
medir o grau das dívidas de uma empresa.

94
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

São muito importantes para qualquer empreendedor ou para pessoas que


querem investir em uma empresa, pois, por meio deles, é possível avaliar a parti-
cipação de terceiros em uma instituição, analisando se ela recorre de forma exa-
gerada aos empréstimos, o que significa que ela tem a necessidade de recursos
externos para sobreviver.

FIGURA 5 – ENDIVIDAMENTO

Fonte: <https://pixabay.com/pt/illustrations/d%c3%advida-empr%c3%a9stimo-
cr%c3%a9dito-dinheiro-1500774/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

Esses índices também indicam o comprometimento dos recursos, já que


mostram quantos deles são utilizados para pagamento de dívidas e juros. Com
todas essas informações, o empreendedor ou o investidor conseguirá avaliar com
mais cuidado se é interessante colocar seu dinheiro naquele negócio. Os índices
de endividamento são divididos conforme veremos a seguir.

1) Índice de endividamento geral

Mede o valor dos ativos totais da empresa que vêm de terceiros. Com esse
índice, é possível ver o tamanho da dívida total do negócio e medir o grau de risco
dos empreendimentos graças às suas operações. Sua fórmula é:

EG = (Capital de terceiros / Ativo total) X 100

Assim, o ativo total é igual ao passivo + patrimônio líquido. Portanto:

EG = (Capital de terceiros / Ativo total) X 100


EG = (Passivo exigível / Passivo + PL) X 100

Esse índice indica o percentual de ativo financiado com recursos de tercei-


ros. Vamos um exemplo: a empresa tem R$ 100.000 de ativo total e R$ 20.000 de
passivo exigível. No cálculo:

20.000/100.000 X 100 =
0,20 X 100 =
20%
95
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Isso significa que a cada 100% do valor, apenas 20% vêm do capital de ter-
ceiros, sendo que o restante vem do capital próprio.

2) Índice de garantia do capital de terceiros/grau de endividamento

Se uma pessoa investirá um valor em uma empresa, ela irá querer saber
as garantias que ela terá naquilo. Um negócio provavelmente tem vários bens e
direitos, que formam o ativo da empresa. Esses ativos foram obtidos por meio do
capital próprio e de capital de terceiros (pessoas ou instituições).

E é justamente essa a questão que o grau de endividamento quer responder:


qual é o percentual dessas obrigações exigíveis? Sua fórmula é a seguinte:

GE = Passivo exigível / Patrimônio líquido

Imagine que seu passível exigível seja de R$ 80.000,00 e seu patrimônio


líquido seja de R$ 100.000,00. Colocando no cálculo, encontraremos:

80.000/100.000 = 0,80
0,80 X 100 = 80%

Isso significa que a garantia é de aproximadamente 80%, sendo um ótimo


retorno.

3) Índice de composição do endividamento

Apresenta de qual forma a empresa recolhe os recursos de terceiros, mos-


trando se é de curto ou longo prazo. A interpretação desse índice informa qual a
proporção da dívida necessária para ser paga no curto prazo. Ele é usado por
gestores para a tomada de decisões financeiras, principalmente em relação ao
gerenciamento das dívidas. Também é utilizado por investidores, para decidir em
qual empresa apostar seus recursos financeiros. Sua fórmula é:

CE = (Passivo circulante / Passivo total) X 100

Lembrando que passivo total são os passivos de curto e longo prazo. Portanto:

CE = (Passivo circulante / (Passivo circulante + Passivo não circulante)


X 100

96
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

QUADRO 12 – CONTAS E SALDOS DE UMA EMPRESA

Passivo circulante R$ 70.000,00


Passivo não circulante R$ 30.000,00
Total do passivo: R$ 100.000,00
Fonte: a autora.

Jogando na fórmula, temos:

70.000/100.000 =
0,70 X 100 =
70%

Ele identifica o percentual de dívidas de curto prazo em relação às suas dívi-


das totais. Então, esse cálculo identificou que de todas as dívidas exigentes, 70%
são de curto prazo.

4.3 ÍNDICES DE IMOBILIZAÇÃO


A imobilização do patrimônio líquido é uma medida utilizada com o intuito de
descobrir o grau de imobilização do capital de uma empresa. Esse indicador con-
tábil demonstra o quanto de recursos que a empresa aplica no ativo permanente.
Existem alguns índices relacionados ao ativo imobilizado. Vamos conhecê-los?

1) Índices de imobilização do capital (ICP)

Ele mede o quanto a empresa tem de seu capital próprio investido em ativos
imobilizados. Como exemplo de ativos imobilizados, podemos citar veículos, má-
quinas e imóveis. Observe que, por serem ativos com baixa facilidade em liqui-
dez, deve-se ter o cuidado ao imobilizar uma alta quantia nesses ativos. Afinal,
não é tão fácil vender imóveis e carros. Por isso, o recomendado é muito pouco
investido aqui.

FIGURA 6 – EXEMPLO DE MAQUINÁRIO

Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2017/04/02/09/08/
bulldozer-2195329__340.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2022.

97
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

O cálculo é dado por:

ICP = Ativo não circulante (exceto o realizável a longo prazo) /


Patrimônio líquido

Se esse índice for maior que 1,00, existem recursos de terceiros financiando
o ativo não circulante. Observe a seguir o exemplo. Vamos lá! Uma empresa tem o
valor de R$ 2.000,00 em ativo não circulante e R$ 1.000,00 em patrimônio líquido.

ICP = 2.000/1.000 = 2

Perceba que seus recursos (R$  1.000) não são suficientes para cobrir seu
ativo não circulante (R$ 2.000). O que indica que a empresa está utilizando recur-
sos de terceiros para cobrir seu ativo. Vejamos um segundo exemplo!

QUADRO 13 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE


DE IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL (ICP)

Ativo não circulante 1.000,00


PL 1.000,00
Fonte: a autora.

Na fórmula, temos que:

ICP = 1.000/1.000 = 1

Se, por acaso, o índice trouxer como resultado o valor igual a 1,00, significa
que o ativo não circulante da empresa é totalmente financiado com recursos pró-
prios.

QUADRO 14 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE


DE IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL (ICP)

Ativo não circulante 500,00


PL 1.000,00
Fonte: a autora.

Na fórmula do ICP, fica:

ICP = 500/1000 = 0,50

Se o índice for menor que 1,00, significa que, além de financiar o ativo não
circulante, os recursos próprios financiam também o ativo realizável. Observe que
vale a teoria do “quanto menos, melhor”.
98
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

Perceba que é importante ter muita atenção: não é bom ter muito valor para
a área de imobilização, é preciso saber dosar a medida certa, já que o imobilizado
não tem uma liquidez muito rápida.

2 Uma empresa, ao analisar suas demonstrações contábeis, en-


controu um resultado com o índice de imobilização do capital no
valor de 1,5. O gestor de análise levou a pauta à assembleia e à
diretoria, afirmando que é preciso mudar a concentração de imo-
bilizados da companhia. Por que isso é tão ruim para a saúde
financeira das empresas?

2) Índice de imobilização do capital permanente

Esse índice tem a seguinte fórmula:

Índice do capital permanente = ANC (exceto o RLP) / PL + PNC

Podem acontecer três situações neste índice. Na primeira situação, o índi-


ce é igual a 1,00. Vamos a um exemplo!

QUADRO 15 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE


IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL PERMANENTE

Ativo não circulante 1.000,00


PL 500,00
PNC 500,00
Fonte: a autora.

Aplicando a fórmula, temos:

500 + 500 = 1.000/1 = 1

Isso indica que o ativo permanente é financiado com patrimônio líquido mais
as dívidas de longo prazo. Portanto, não está sendo utilizado o capital de curto
prazo para financiar o ativo permanente da empresa.

99
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Segunda situação: índice menor que 1,00.

Vejamos um exemplo!

QUADRO 16 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE


IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL PERMANENTE

Ativo não circulante 1.000,00


PL 1.000,00
PNC 1.000,00
Fonte: a autora.

Cálculo:

1.000 / 1.000 + 1.000


1.000/ 2.000 = 0,5

Isso significa que os recursos financiam o ativo não circulante e o ativo reali-
zável a longo prazo. Ou seja, parte desse dinheiro também irá para o longo prazo.

Terceira situação: índice maior que 1,00.

Vejamos um exemplo!

QUADRO 17 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE


IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL PERMANENTE

Ativo não circulante 2.000,00


PL 500,00
PNC 500,00
Fonte: a autora.

Cálculo:

2.000 / 500 + 500 =


2.000 / 1.000 =
2,00

Quando o índice é maior que 1,00, significa que foi utilizado todo o patrimônio
líquido e todo o passivo não circulante e, ainda, não foi suficiente para comprar
o ativo não circulante, sendo necessário usar recursos do ativo circulante para
financiar o ativo não circulante. Portanto, há dívida de curto prazo para comprar
algo que foi comprado para longo prazo.

100
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

3) Índice de imobilização do investimento total

A fórmula é:

Imobilização do investimento total = ANC (menos o realizável a longo


prazo) / Ativo total

Vamos a um exemplo?

QUADRO 18 – DADOS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE


IMOBILIZAÇÃO DO INVESTIMENTO TOTAL

ANC 300,00
Ativo total 1.000,00
Fonte: a autora.

Cálculo:

Índice = 300/1000 = 30

Isso significa que 30% dos recursos totais são recursos que estão no ativo
não circulante (imobilizado, investimentos e intangível).

5 INDICADORES FINANCEIROS
– LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO,
ATIVIDADE E LUCRATIVIDADE –
PARTE 2
As empresas são obrigadas a prestarem contas, sejam mensais, trimestrais
ou anuais. Essas contas são demonstradas por meio das demonstrações finan-
ceiras, mas são interessadas a diversos stakeholders (grupos interessados) finan-
ceiros, como investidores, credores, clientes, dentre outros.

É por meio das análises das demonstrações financeiras que os credores con-
seguem observar a capacidade de pagamento das empresas, que os investidores
conseguem analisar se vale a pena ou não investir dinheiro nessa empresa e as-
sim por diante. Aprenderemos um pouco sobre os índices de rentabilidade e sua
importância para as empresas.

101
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

5.1 ÍNDICES DE RENTABILIDADE


Esse índice é a métrica que mostra se o trabalho que está sendo realizado
gera um bom retorno financeiro para a empresa, bem como mostra se a empresa
consegue se pagar. Esse índice é importante para:

· possibilitar uma visão mais ampliada de todos os departamentos da empresa;


· contribuir com a tomada de decisões;
· direcionar o comportamento dos investidores;
· demonstrar se a prática realizada é eficaz ou não;
· apresentar a margem de lucro dos negócios.

FIGURA 7 – RENTABILIDADE

Fonte: <https://pixabay.com/pt/illustrations/o-neg%c3%b3cio-pessoas-
de-neg%c3%b3cio-sucesso-1989126/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

Vejamos os principais índices logo a seguir.

1) Giro do ativo

Sua fórmula é:

Giro do ativo = Vendas líquidas / Ativo total médio

Mas como encontrar esse ativo total médio? Imagine as seguintes contas:

QUADRO 19 – ATIVOS DA EMPRESA “A”

Ativo
2020 2021
300.000,00 400.000,00
Fonte: a autora.

102
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

300.000 + 400.000 / 2 =
700.000 / 2 =
350.000,00

TABELA 1 – DRE DA EMPRESA “A”

Fonte: a autora.

Na DRE da empresa, as vendas líquidas resultaram no valor de


R$ 487.500,00. Para achar o ativo médio, basta somar a conta dos dois anos e
dividir por dois, portanto, colocando na fórmula:

Vendas líquidas / Ativo total médio


487.500 / 350.000 =
1,39

Isso significa que você girou o seu ativo 1,39 vezes.

2) Retorno sobre o Investimento ou o Retorno sobre o Ativo ou Retor-


no sobre o Capital Investido (ROIC)

Vem do inglês Return on Investiment, objetivando traçar uma relação entre


os ganhos gerados pelo investimento e o montante total que foi investido. Quando
você vai fazer a análise de ações, utiliza o ROIC. Ele é um dos mais provados em
provas. Vejamos a equação do ROI:

103
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

ROIC = Lucro líquido / Ativo médio

Vamos supor que a empresa tenha um lucro líquido de R$ 50.800,00 e o ati-


vo médio de R$ 350.000,00. Dividindo o lucro líquido pelo ativo médio, acharemos
o total de 14,50%. Isso significa que a cada R$ 100,00 que a empresa tem investi-
do no seu ativo, R$ 14,50 está voltando em forma de lucro líquido.

3) Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou Retorno sobre Capital Pró-


prio ou Returno no Equity (ROE)

O ROE (Return on Equity) é provavelmente o principal indicador de


rentabilidade usado por analistas de mercado. Ele objetiva medir a taxa de
retorno promovida pelo investimento de capacitação direta dos acionistas,
logo, esse indicador mostrará para o investidor quanto a empresa gerou
de retorno em relação ao que ela captou dos seus acionistas. A fórmula é:

ROE = Lucro líquido / Patrimônio Líquido

Vimos que o lucro líquido na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


é de R$ 50.800,00. O patrimônio líquido da companhia foi de R$ 400.000,00. Jo-
gando na fórmula, temos:

50.800/400.000 = 12,70

Isso significa que a cada R$ 100,00 do Patrimônio Líquido (PL), a empresa


tem R$ 12,70 de retorno. As pessoas que investem na bolsa geralmente procuram
empresas que entregam cerca de 10% em ROE, mas devem ser analisadas algu-
mas questões extras, como segmentos da empresa, estratégias de crescimento e
assim por diante.

5.2 INDICADORES DE
LUCRATIVIDADE
Ele é utilizado por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Peguemos esse exemplo de DRE para fazer as análises. Vamos lá!

104
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

TABELA 2 – DRE

Fonte: a autora.

1) Margem operacional

A margem operacional é obtida pelo seguinte cálculo:

Margem operacional = Lucro operacional / Vendas líquidas

O lucro operacional é esse antes do imposto de renda e da contribuição so-


cial. Portanto:

67.500 / 487.500 = 13,8%

Isso significa que a cada R$ 100,00 que a empresa vendeu, sobra de lucro
operacional para pagar as despesas administrativas R$ 13,80.

FIGURA 8 – LUCRATIVIDADE

Fonte: <https://pixabay.com/pt/photos/empres%c3%a1rio-
dire%c3%a7%c3%a3o-sucesso-3492380/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

105
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

2) Margem líquida

O cálculo é:

Margem líquida: Lucro líquido / Vendas líquidas

Nesse caso, temos:

50.800/487.500 = 10,42%

Isso significa que a cada R$  100,00 em vendas, teve-se o lucro líquido de
R$ 10,42.

3) Margem bruta

A equação é:

Lucro bruto / Vendas líquidas

No exemplo, temos:

202.500/487.500 = 41,5%

5.3 ÍNDICES OPERACIONAIS E CICLO


FINANCEIRO
Os índices operacionais dão espaço para o analista conhecer a evolução da
atividade voltada à área operacional da empresa, como os prazos de rotação dos
estoques, a idade média deles, o prazo de recebimento de vendas e o prazo de
pagamentos das compras. Analisaremos cada um desses índices logo a seguir.

1) Rotação dos Estoques (RE)

Tenta medir quantas vezes uma empresa vendeu o estoque em certo perío-
do. Esse índice serve para avaliar a competitividade e mensurar o desempenho
no ramo de negócio seguido. Em questão numérica, é interessante índices que
tenham alto giro de estoque. Sua fórmula é:

Rotação dos estoques = CMV / Estoque

106
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

Imagine que a empresa tenha o seu Custo de Mercadoria Vendida (CMV)


de R$ 120.000,00 e o estoque médio de R$ 20.000,00. Ao fazermos os cálculos,
encontraremos o valor de 6. Isso significa que a empresa renovou seu estoque
seis vezes durante o ano. Em outras palavras, ela comprou e vendeu seu estoque
durante o ano seis vezes.

2) Prazo médio dos estoques (IME)

Esse prazo apresenta o período em que os produtos ou mercadorias ficam


armazenadas pela empresa até o momento da conclusão da venda. Sua fórmula
apresenta quantas vezes os estoques se renovaram, baseando-se em dois perío-
dos consecutivos. A fórmula é:

PME = 360 (dias do ano) / RE

Seguindo o exemplo anterior, se utilizarmos o resultado encontrado, teremos:

360/6 = 60 dias.

Isso significa que a cada 60 dias, a empresa renovou o estoque todo o seu
estoque. De forma geral, quanto mais rotação, melhor, pois indica uma frequência
boa de vendas.

3) Prazo Médio de Cobrança (PMC)

Reflete o tempo necessário para que uma empresa cobre seus deveres. Se o
índice apresentar que o período médio de cobrança é superior ao prazo médio do
setor, isso mostra que é preciso fazer uma revisão da gestão do setor de cobran-
ça. Vejamos a fórmula logo abaixo.

PMC = Clientes/vendas a prazo X 360 (dias do ano) / média de


duplicatas a receber

Pensemos nos seguintes números:

QUADRO 20 – DADOS PARA O CÁLCULO DO PRAZO MÉDIO DE COBRANÇA (PMC)

Duplicatas e receber em 2021 30.000,00


Duplicatas a receber em 2022 50.000
Vendas a prazo 320.000
Fonte: a autora.

107
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

Para achar a média das duplicatas, basta somar e dividir por dois. Portanto:

30.000 + 50.000/2 =
80.000/2 = 40.000

Colocando na fórmula, temos:

320.000/40.000 = 8

Isso significa que vendeu a prazo e recebeu oito vezes ao ano. Dividindo
pela quantidade de dias, temos:

360/8 = 45 dias.

Isso significa que a cada 45 dias, a empresa vendia e recebia.

FIGURA 9 – CONTROLE DE ESTOQUE

Fonte: <https://pixabay.com/pt/photos/farmacia-antiguidade-
velho-3377670/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

1) Prazo Médio de Pagamento (PMP)

Apresenta o tempo médio que uma empresa usa para pagar seus compro-
missos junto aos fornecedores. Quanto maior for o prazo de pagamento, maior é
a parcela da atividade da empresa que é financiada pelos fornecedores. O cálculo
é:

Prazo Médio de Pagamento (PMP) = Fornecedores X 360 (dias do ano) /


Custo das vendas

6 ANÁLISE HORIZONTAL
A análise horizontal é feita de forma horizontal, comparando uma conta no
decorrer dos anos. Vejamos um exemplo:

108
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

QUADRO 21 – ANÁLISE HORIZONTAL DA CONTA CLIENTES

Conta 2015 2016 2017 2018


Clientes 2.500,00 3.200,00 3.500,00 3.900,00
Fonte: a autora.

Para identificar o aumento em percentual, basta dividir o valor do ano pelo


valor do ano anterior, isso para base móvel. Portanto:

QUADRO 22 – ANÁLISE HORIZONTAL DA CONTA CLIENTES

Conta 2016 % aumento 2017 % aumento 2018 % aumento


3.200/2.500 3.500/3.200 3.900/3.500
Clientes 128% 91% 111%
X 100 X 100 X 100
Fonte: a autora.

Para identificar o aumento em percentual, basta dividir o valor do ano pelo


valor do ano anterior, na base fixa, sendo preciso identificar um ano para compa-
rar todo o resto.

FIGURA 10 – ANÁLISE HORIZONTAL

Fonte: <https://pixabay.com/pt/illustrations/gr%c3%a1ficos-mesas-
gr%c3%a1fico-estatisticas-6246450/>. Acesso em: 22 jun. 2022.

Por exemplo, vamos comparar o ano de 2018 com todo o restante. Portanto:

QUADRO 23 – ANÁLISE HORIZONTAL DA CONTA CLIENTES

Conta 2016 % aumento 2017 % aumento 2018 % aumento


Clientes 3.900/2.500 156% 3.900/3.200 121% 3.900/3.500 114%
X 100 X 100 X 100
Fonte: a autora.

109
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

7 ANÁLISE VERTICAL
A análise vertical compara um componente com seu grupo de contas pelo
seu saldo total. Por exemplo:

QUADRO 24 – ATIVO

Contas Valor Análise vertical


Clientes 3.000,00 3.000/10.000 = 30%
Estoque 5.000,00 5.000/10.000 = 50%
Aplicações financeiras com resgate imediato 2.000,00 2.000/10.000 = 20%
Total do ativo 10.000,00 100%
Fonte: a autora.

FIGURA 11 – ANÁLISE VERTICAL

Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2018/03/27/12/16/
analytics-3265840__340.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2022.

Essa análise é muito importante, porque consegue observar qual é a conta


que mais consome valor. Na DRE, por exemplo, é possível ver quais são as maio-
res despesas. No ativo imobilizado, consegue-se observar qual é a maior concen-
tração de imobilização e, se for o caso, diminuí-lo com alguma venda.

3 – Observe a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) a se-


guir e responda qual foi o percentual, na análise vertical, do Custo
de Mercadorias Vendidas (CMV) em relação às vendas líquidas:

110
Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

QUADRO 25 – DRE

DRE Valores em R$
Vendas líquidas 2.000,00
(-) CMV 1.300,00
= Lucro bruto 700,00
(-) Despesas 300,00
= Lucro líquido 400,00
Fonte: a autora.

8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
As demonstrações financeiras, ou demonstrações contábeis, são um conjun-
to de informações organizadas por meio de relatórios contábeis que detalham a
situação financeira e patrimonial de uma empresa.

Os usuários ou leitores das informações contábeis fazem um estudo sobre


as informações que estão contidas nos relatórios e, com isso, podem tomar de-
cisões com base no que estão verificando. Existem algumas técnicas para ler as
demonstrações. Dentre elas, podemos citar:

1) É preciso entender as dinâmicas e o que significa cada demons-


tração. Com isso, ao ler o balanço patrimonial, o usuário poderá tirar
conclusões mais certeiras por saber o que quer dizer cada nomenclatura
e seu formato (ativo, passivo e patrimônio líquido). Isso vale para todas
as demonstrações: cada uma conta uma história e permite que o leitor
avalie diferentes partes da companhia estudada.
2) Já compreendendo a dinâmica, é interessante que o leitor enten-
da o que ele está procurando e qual é a informação que realmente
quer. Isso significa saber: a empresa anda tendo lucros recorrentes? A
empresa financia boa parte de suas operações? A empresa aumentou
ou diminuiu suas dívidas de curto e longo prazo? Enfim, são várias as
indagações que podem ser feitas ao analisar uma demonstração, mas é
importante saber filtrar o que é procurado, pois o conjunto de demonstra-
ções pode conter mais de cem páginas, ficando muito difícil fazer a leitu-
ra detalhada de todos os pontos. Com isso, é possível otimizar o tempo
procurando a informação específica.
3) Separe tempo para a leitura das demonstrações. Uma técnica que é
interessante ser seguida para o estudo das demonstrações é a técnica
do pomodoro: ela foca o gerenciamento de tempo, determinando o tem-
po máximo de estudo, incluindo algumas folgas intercaladas entre esse
tempo. Dessa forma, o aluno consegue manter o foco na atenção e o
estudo fica mais produtivo.
111
Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras

4) Utilize planilha Excel para fazer a análise por meio de uma revisão
analítica mais detalhada.
5) Anote os termos que são desconhecidos na sua rotina e procure en-
tender o significado deles. As demonstrações financeiras são formadas
por alguns termos estrangeiros, principalmente em inglês, pois fazem re-
ferência aos regulamentos e aos órgãos específicos. Além disso, alguns
ramos empresariais têm termos específicos de atuação, aparecendo vez
ou outra nomes diferentes do seu habitual. Não deixe de entendê-los.

Lidar com dados é um assunto muito procurado por qualquer instituição. Seja
para os seus estudos, para o seu trabalho ou para fins financeiros (investir em
alguma empresa por meio da bolsa de valores), você precisa aprender a ler as
demonstrações contábeis e financeiras. Não se deixe assustar pelos números.
Depois de entender o conceito e o que é para ser feito, essa área é uma das mais
interessantes de se trabalhar.

REFERÊNCIAS
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facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019.

BERNARDI, L. A. Formação de preços: estratégias, custos e resultados. 5. ed.


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aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

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Capítulo 3 Demonstrativos Financeiros

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