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Psicologia e educação
Educação, história e
sociedade
Você está na unidade Educação, história e sociedade. Conheça aqui os principais aspectos do início
do processo da educação, sua história no Brasil, assim como outras questões que ajudarão na
construção de seu conhecimento e pensamento crítico sobre a evolução da estrutura educacional.
Bons Estudos!
Quando realizamos qualquer estudo de caráter humano e social, é muito importante compreender os
fenômenos frente ao momento histórico em que este se apresenta. A educação se encontra a partir
desse olhar e para compreender sua trajetória com seus sucessos e fracassos, é imprescindível
inserir cada passo no seu contexto histórico.
Mesmo antes do descobrimento do Brasil, a educação sempre esteve voltada para atender a elite e
assim não foi diferente no nosso país. Desde quando os portugueses chegaram ao Brasil, nunca
houve escolha por uma política de implantação de um sistema educacional. Somente em 1549 o
primeiro grupo de padres jesuítas, a Companhia de Jesus, chefiados por Manuel de Nóbrega, e o
primeiro governador geral, Tomé de Souza, chegaram ao Brasil, fundando a primeira escola no
Brasil.
A criação da escola teve como desígnio catequizar os índios e educar os filhos dos colonos
portugueses, a elite colonial, mas o real ideal era, acima de tudo, a propagação da fé.
Esse interesse teve em sua essência uma tentativa de controle por conta da insubordinação dos
indígenas para que estes servissem como mão de obra para a exploração do pau-brasil.
Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira de 1549 até 1759, quando foram
expulsos de todas as colônias portuguesas. Durante esse período, José de Anchieta se destacou por
sua quantidade de obras, incluindo sua preocupação com uma gramática em Tupi, língua dos índios,
e a fundação do colégio de São Paulo, em 1554. Tal expulsão foi consequência das mudanças que
estavam acontecendo em Portugal e esse período é conhecido historicamente como Era Pombalina.
Marquês de Pombal, ministro de D. José I, na época, tinha como foco a recuperação da economia
portuguesa para fortalecer a realeza. Tal atuação não obteve bons resultados no Brasil, que
vivenciou uma grande ruptura histórica numa ação já implantada e consolidada como um bom
modelo educacional. A Companhia de Jesus já tinha instalado 17 colégios e “escola de primeiras
letras” jesuíticas, e com essa expulsão, o Brasil ficou praticamente sem nenhuma educação
elementar e média.
Dessa feita, entramos no século XIX com o Brasil passando a ser a Sede do Vice-Reino de Portugal
com a vinda da família Real.
Que tal assistir a um bom filme que pode nos transportar a esse momento de forma bem-humorada,
mas que reflete vários aspectos da vinda de D. João VI e sua corte para o Brasil em 1808? A
sugestão é o filme “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” de 1995, sob a direção de Carla Camurati.
Ainda em 1808, para atender a elite que se encontrava no Brasil após a abertura dos portos, criaram-
se os cursos de cirurgia, na Bahia, e o de cirurgia e anatomia, no Rio de Janeiro, assim como a
Academia Real de Marinha.
Outras construções para fomentar a educação da elite foram criadas, como a Biblioteca Pública
(1810) e o Museu Nacional (1818) e inauguram-se os jornais “A Gazeta do Rio de Janeiro” (1808) e
“A idade de Ouro no Brasil” (1811), da Bahia.
Esses cursos equivaleriam ao início do Nível Superior no Brasil, mas, na verdade, eram apenas
aulas com um nível mais alto do que havia anteriormente e com propósito profissionalizante,
diferente da proposta jesuítica. Nesse período, o ensino imperial organizou-se em três segmentos:
Primário
Curso para ensinar a ler e a escrever.
Secundário
Mantinha as aulas régias (aulas de disciplinas isoladas).
Superior
Cursos com propósito profissionalizante.
1822
Com o enfraquecimento do colonialismo e as pressões, Dom Pedro I decide proclamar a
independência do Brasil em sete de setembro de 1822. Após a independência, foi promulgada a
primeira constituição, em 1824, surgindo a ideia de Sistema Nacional de Educação. No artigo 179
dessa Lei Magna, podia-se ler: “Instrução primária e gratuita para todos os cidadãos”. No entanto,
apesar de serem propostas escolas e distribuídas por todo o território nacional, elas desapareceram.
1827
Ainda no império, em 1827, surge a primeira lei sobre educação, que permitia que mulheres
frequentassem as escolas elementares, todavia, as instituições de ensino mais adiantadas ainda eram
proibidas a elas. Contudo, o que houve mesmo foi apenas a distribuição racional do ensino
elementar, que teve sua ampliação comprometida pela base escravocrata e que apenas a elite
estudava. Devido à manutenção da mão de obra escrava, a escolaridade não era, de fato, uma
prioridade.
1834
Como se pode notar, as questões históricas influenciam diretamente na criação dos sistemas
educacionais desde aquela época. Mais tarde, com o Ato Adicional à Constituição, em 1834, a
educação foi descentralizada, ficando a cargo das províncias a responsabilidade de organizar seus
próprios sistemas de ensino primário e secundário e somente as que tinham recursos
implementariam essa instrução. Somente ficaria a cargo do poder central o Ensino Superior. Essa
diversidade de províncias trazia ao país graves deficiências quantitativas e qualitativas no sistema
educacional.
1835
Como a educação era limitada, haviam pouquíssimas pessoas preparadas para o magistério e
nenhum amparo para a carreira docente. Os funcionários das poucas instituições de ensino não
tinham formação pedagógica e daí iniciou-se a discussão sobre a necessidade de criação das Escolas
Normais para a formação de professores qualificados. Somente em 1835 surge a primeira Escola
Normal Brasileira em Niteroi, com duração de dois anos e a nível secundário. As outras categorias
de nível secundário continuavam com as aulas avulsas, particulares e para meninos.
1879
Em 1879 houve a reforma de Leôncio de Carvalho, que ampliou o acesso à escolaridade, entretanto
continuava seguindo princípios adotados pelo regime: centralização, formalização e autoritarismo.
1889
Muitas intempéries ocorreram no país, como a Guerra do Paraguai (1865-1870), a Lei do Ventre
Livre (1871), Lei Áurea (1888) etc., ocasionando a desarticulação entre o apoio político da
oligarquia escravista à monarquia. O movimento crescente por uma ideologia liberal e adepta às
ideias positivistas determinou a Proclamação da República (1889). Nesse momento, temos o que
chamamos de Primeira República ou República Velha.
Por fim, a sociedade brasileira ainda permanecia sem nenhuma organização educacional de fato e a
maioria da sua população sem escolaridade.
De acordo com Romanelli (1982, p. 41), essa política educacional gerou o seguinte sistema:
À União cabia criar e controlar a instrução superior em toda a Nação, bem como criar e controlar o
ensino secundário acadêmico e a instrução em todos os níveis do Distrito Federal, e aos Estados
cabia criar e controlar o ensino primário e o ensino profissional, que, na época, compreendia escolas
técnicas para rapazes.
Durante a Primeira República, de 1889 a 1930 foram feitas cinco reformas: a Reforma Benjamim
Constant, Reforma Epitácio Pessoa, Reforma Rivadávia, Reforma Carlos Maximiliano e Reforma
João Luiz Alves. Todas de âmbito nacional do ensino secundário, com o intuito de implantar um
currículo unificado para todo o país.
Com um curto espaço de tempo, muitas reformas foram feitas e todas com sua importância peculiar.
Para a compreensão plena de tantas mudanças, a sugestão é pesquisar o que cada uma delas
apresentou como proposta para a educação. Vamos aprender mais, assim poderemos fortalecer
nosso papel de agente transformador com excelência.
Entre 1911 e 1915, surgiu o conceito de Grupo Escolar (reunião de escolas isoladas de uma região
comum) e as classes passaram a distribuir os alunos em séries, o chamado Ensino Seriado.
Muitos imigrantes, já letrados, vieram para o Brasil e conheciam seus direitos, apresentando
engajamento político, o que trouxe vários movimentos de contestação, como o Movimento
Tenentista. De acordo com alguns autores, esse movimento representava, na verdade, os interesses
da classe média urbana.
1920
No cenário da década de 1920, reformas educacionais foram realizadas e, assim, fundada a
Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924. Também com muita representatividade nasce
um dos movimentos mais importantes da época, conhecido como Escola Nova. Isso porque
defendia uma escola pública, universal e gratuita.
1930
E em 1930 (início da Era Vargas), com mais uma grande revolução, temos a entrada definitiva do
Brasil no mundo capitalista de produção, surgindo uma geração de grandes educadores: Anísio
Teixeira, Fernando de Azevedo, entre outros. Esse segmento de intelectuais, com base nas ideias da
Escola Nova, tinha como alvo a melhoria das condições didáticas e pedagógicas da rede escolar, e
com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, no ano de 1930, a universalização do acesso de
todos à escola ganhou força. Esse documento versava sobre a desorganização do ensino brasileiro e
a defesa por uma escola laica, pública, obrigatória e gratuita para atender toda a população.
1931
Na Reforma Francisco Campos de 1931, o governo procurou atender alguns anseios dos
escolanovistas, mas, principalmente, atendeu a proposta dos educadores católicos com a volta do
ensino religioso às escolas públicas. Ainda criou o Conselho Nacional de Educação e, mais uma
vez, buscou organizar o Ensino Superior, Ensino Secundário e Ensino Comercial.
1934
As mudanças econômicas e demográficas do período provocaram a necessidade de uma nova
constituição federal que aconteceu em 1934, sendo a primeira a incluir um capítulo especial sobre a
educação. Teve pouca duração e foi substituída pela de 1937, imposta por Getúlio Vargas.
Ela era um dos instrumentos do Estado, seu papel será ficar a serviço da Nação (...). Assim, a
Educação (...) longe de ser neutra, deve adotar uma filosofia e seguir uma tábua de valores, deve
reger-se pelo sistema de diretrizes morais, políticas e econômicas que formam a base ideológica da
nação e que, por isto, estão sob a guarda, o controle ou a defesa do Estado. (CAPANEMA, 1937, p.
21)
Em 1942, ainda ministro, Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do Ensino, que
ficaram conhecidas como “Reforma Capanema”. Nesse ano surgiram a Lei Orgânica do Ensino
Industrial e a Lei Orgânica do Ensino Secundário, além de ter sido fundado o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai). Com a lei orgânica, o Ensino Secundário foi dividido em três
modalidades: Clássico, Científico e Normal (ensino profissionalizante, porém considerado dentro
do ensino secundário).
Com o fim do Estado Novo, surgiu a nossa terceira Constituição Federal, em 1946, que trouxe
normas dirigidas à educação, como a gratuidade para o Ensino Primário. Muitas ideias surgiram e a
discussão versava sobre o que seria uma educação popular. Com tantos questionamentos, surgem
novos movimentos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Teatro de Arena, a Teoria
Educacional de Paulo Freire e outros.
Campanhas para a alfabetização e o uso da Teoria de Paulo Freire, a política educacional brasileira,
na década de 1950, apresentou outro aspecto importante, as discussões sobre a nossa primeira Lei
de Diretrizes e Bases de Educação (LDB).
Foi quando houve a implementação da Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB) – Lei
4.024/1961 pelo governo João Goulart. Novos debates surgiram, como a defesa dos interesses dos
proprietários de escolas privadas. Nesse período, o movimento estudantil cresceu e as agremiações,
como da União Nacional dos Estudantes (UNE) estavam presentes como fieis participantes em
busca de transformações.
Com todas as mudanças sofridas durante a história, vivemos uma grande era da educação. Nunca no
país foi feito tanto como hoje em dia. No entanto, é visível a falta de gestão desses financiamentos.
Atualmente, temos mais vagas nas escolas públicas e essas cada vez mais próxima dos alunos, o que
nos leva a menos crianças fora da escola. Com essa iniciativa, muitos jovens e adultos estão
retornando à escola e conseguindo ampliar suas capacidades intelectuais e profissionais.
Há sempre uma forma de educação que poderemos chamar de fundamental: é aquela que faz com
que o indivíduo passe a compreender a própria estrutura da sociedade em que vive o sentido das
transformações que estão se processando nela e, assim, de mero protagonista inconsciente do
processo social, passe a ser um membro atuante da sociedade, no sentido de favorecer sua
transformação ou, ao contrário, a ela se opor, porque ela se dará em detrimento de seus interesses.
(LEMME, 1988, p. 73)
2 Relação escola-sociedade
Começando por John Dewey, é através da educação que a vida humana se perpetua por meio da
comunicação permanente das experiências adquiridas pelo grupo social às novas gerações para que
esta se desenvolva incessantemente.
Dewey aborda a importância de uma educação integral, ajustando o crescimento natural do ser
humano com uma eficiência social. Tal ajuste chegaria ao alcance de uma sociedade ideal, uma
sociedade verdadeiramente democrática.
Esse pensamento de Dewey percebe a educação como algo positivo para o progresso da sociedade
como um todo. Por outro lado, alguns teóricos compreendem a educação como ferramenta de
transmissão de ideologias que comprometem as ideias sociais, contaminando os pensamentos dos
educandos, pois estariam a serviço do monopólio do poder econômico, social, político e cultural.
A base desses entendimentos tão antagônicos pode ser amparada pelas ideias de dois grandes
representantes do pensamento sociológico:
Durkheim
Com seu princípio de integração.
Marx
Com seu princípio da contradição.
Durkheim compreende que caberia à educação a função de constituir um ser social solidário em
cada novo indivíduo. Por outro lado, a heterogeneidade educacional permite a formação de
indivíduos diferentes para o exercício de funções diferentes.
No seu pensamento, que apresenta um modelo orgânico, Durkheim expõe que a escolha por esta ou
aquela educação seria suas aptidões individuais, e não sua origem social.
Abrangendo o liberalismo junto às ideias de Durkheim, é então viável fazer brotar uma sociedade
que permite a livre escolha dos indivíduos rumo à sua posição social desejada, o que promoveria a
democracia.
Esse movimento vem a partir da educação que, por meio de projetos de instrução pública, podemos
chegar à igualdade de oportunidades. A educação, desse modo, teria o grande ensejo de mesmas
possibilidades aos homens, ou melhor, seria o fator neutralizador das desigualdades sociais e com a
viabilização do Estado.
Quanto à ascensão social, esta dependeria única e exclusivamente das capacidades singulares do
indivíduo e para os liberalistas as desigualdades têm origem nas desigualdades individuais naturais.
O desejo de igualdade por meio da educação encontra-se impregnada em vários discursos e
doutrinas que se perpetuam até hoje.
A classe que dispõe dos meios de produção de objetos, dispõe igualmente dos meios de produção
intelectual. Por Marx, não há como chegar à democracia devido às próprias condições estruturais do
sistema capitalista.
Ao mesmo tempo que instrui com técnicas e conhecimentos com base na doutrina dominante,
ensina também as regras do bom relacionamento social ou, conforme Althusser (1983), transmite a
ideologia dominante em seu estado puro.
Encontramo-nos frente à ruptura da teoria com a prática, do trabalho manual com o intelectual. Seja
qual for o conteúdo transmitido, pois não são os conteúdos que são contaminados pela ideologia, e
sim a própria forma de ensino que fortalece a sua natureza ideologizante.
Após analisar a escola sob o ponto de vista ideológico, torna-se fatal chegar à conclusão de que o
sistema educacional, a escola, é um lugar de contradição.
Após apresentarmos o Sistema Educacional propriamente dito, cabe mais um espaço para que nós,
educadores, sejamos instigados à construção de seu olhar crítico sobre as leis e sua aplicabilidade de
cada segmento escolar, seja este privado ou público.
Antes de iniciar, vamos lembrar um pouco sobre nossa história para realçar que a atual Constituição
Federal Brasileira (CFB) não foi a primeira e que uma constituição sempre será a carta magna para
garantir a soberania do país.
Nossa CFB atual é de 1988, com novas ementas posteriores, daremos início por ela para apresentar
o embrião para posteriores projetos de lei que abordem o sistema de ensino nacional, visto que nada
pode ser divergente dela.
No início, no Capítulo II da Constituição Federal de 1988, temos a questão dos Direitos Sociais e já
encontramos a educação fazendo parte desse bloco: “Art. 6 São direitos sociais a EDUCAÇÃO, a
saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (grifo nosso).
Dando continuidade, o Capítulo III da CF (1988) é dedicado à educação, à cultura e aos desportos.
A primeira seção é destinada apenas à educação e inicia afirmando que a educação é um direto de
todos, mas compartilha com a família o dever de educar e com a sociedade (Art. 205).
Analisando vários artigos da CFB referentes à educação, pode-se notar um registro de assistência à
toda população, independente de classe social, raça ou sexo. A proposta é de uma educação
igualitária, de qualidade e democrática.
Ainda no artigo 207 e 208, a CFB molda a estrutura educacional e, para garantia da qualidade do
sistema educacional, define quais são os segmentos para a assistência educativa do cidadão através
do poder público: creche e pré-escolar, ensino fundamental, ensino médio, universidade e
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
Acompanhando esse passo a passo, fica mais compreensível a razão de ser para normas, como a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Plano Nacional de Educação (PNE), os
referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RECNEI) e outros, pois a sua existência
vem para atender as exigências da CFB.
A CFB exige conteúdos mínimos para o ensino fundamental para garantir uma formação básica
comum a todos os brasileiros, daí identificarmos a existência do Programa Nacional da Educação.
Ainda determina que os municípios sejam responsáveis pelo ensino fundamental e pré-escola e os
Estados e o Distrito Federal atuarão no ensino fundamental e médio (Capítulo III, Artigo 211, § 2º e
§3º).
A Constituição Federal Brasileira foi promulgada em 1988, mas aconteceram muitas ementas. Que
tal conhecer melhor seus direitos e deveres como cidadãos? Então, pesquise por ela na internet.
Dando prosseguimento aos nossos estudos e já compreendendo que toda e qualquer legislação deve
seguir a constituição do país, vamos conhecer pilares importantes da Lei nº 9.393/1996 - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Assim como a CFB, a LDB também sofreu ajustes
após sua homologação e para estarmos sempre atualizados, é importante buscar as leis atualizadas,
sejam quais forem.
A criação da LDB vem para atender a uma normatização das instituições de ensino, oferecendo
condições de igualdade para todos os cidadãos desde cedo e garantindo que onde o estudante esteja,
respeitando cada cultura regional, todos terão as grades curriculares em comum.
Com a criação dessa lei, a educação se torna mais empoderada, pois alavanca mudanças bastante
significativas que determinarão uma formação igualitária e com a cidadania em plena atividade.
A LDB distribui os segmentos, tal qual previsto na CFB, entre Município, Estado e União e,
juntamente, quais suportes deverão ser proporcionados para a escolarização efetiva dos seus
estudantes, como: transporte e material.
A lei não vincula apenas o governo público no processo. A família, os docentes, as instituições de
ensino em si e a sociedade precisam cumprir suas partes elucidadas pela legislação.
• Educação básica: Etapas infantil, fundamental e médio e tem como intuito proporcionar ao
educando sua formação para o pleno exercício enquanto cidadão e a progressão para o
trabalho e estudos futuros:
Educação infantil
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica ofertada às crianças de 0 a 3 anos de
idade em creches e as de 4 a 5 anos nas pré-escolas. Essa etapa representa o alicerce da educação,
visto que objetiva o desenvolvimento nos aspectos físico, intelectual e social da criança,
complementando as ações da família e da comunidade (Art. 29 da LDB).
Ensino fundamental
A segunda etapa é o ensino fundamental, que se subdivide em duas etapas: anos iniciais, do 1º ao 5º
ano, e anos finais, do 6º ao 9º Ano. Com duração de nove anos. No ciclo normal, essa fase busca a
formação essencial do cidadão, a partir do pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo.
Ensino médio
O ensino médio é a terceira e última etapa da Educação Básica, finalizando o ciclo com a
consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental. Além de
possibilitar a preparação básica para o trabalho, para o exercício da cidadania e o aperfeiçoamento
na formação ética, no desenvolvimento intelectual principalmente e no posicionamento crítico
diante a realidade.
Como mais uma estratégia de garantia de excelência, a LDB formaliza a carga horária anual mínima
para a Educação Básica, 800 horas, distribuídas por 200 dias de efetivo trabalho escolar. Seu
cumprimento é essencial para a evolução do indivíduo e para a aquisição dos conhecimentos
básicos necessários ao avanço.
De tudo, o que é necessário compreender é que desde a colonização várias leis foram promulgadas
para a melhoria da Educação e a LDB vem cumprir este papel. Seu cumprimento de forma virtuosa
tende a reduzir a alienação política dos brasileiros, desmascarando a intenção manipuladora de
qualquer consciência dominante.
Quanto à outra legislação de porte a ser seguida para a garantia da educação para todos, em vários
momentos citada, existe o Programa Nacional de Educação de 2014 (PNE), como um planejamento
para dez anos e que chega para agregar mais possibilidades de melhorias no sistema educacional.
Existem metas a serem atingidas durante essa década e os relatórios de acompanhamento sempre
envolvem diagnóstico, diretrizes, objetivos e o andamento das metas:
Como pudemos identificar, vários mecanismos têm sido criados para a melhoria da nossa educação.
O cumprimento de cada um destes, identificando a parte que cabe a cada cidadão e o nosso
compromisso com a aplicação deles, favorecerá o alcance com mais magnitude para a formação de
uma sociedade mais igualitária e democrática.
As leis sempre estiveram presentes para a consolidação do processo educativo no Brasil e todas
com a intenção de trazer um conjunto de medidas que trouxessem melhorias para atender a
população em todo o território nacional ou para uma ideologia do governo.
É fato que, a cada período histórico, muitas conquistas foram alcançadas com transformações
educacionais expressivas. Por outro lado, ainda nos deparamos com grandes problemas da
educação, como o índice de analfabetismo. Ao pensarmos nessa deficiência, fica claro que ainda
temos muito a caminhar.
Para Saviani (1987), “a compreensão do sistema educacional brasileiro exige que não se perca de
vista a totalidade social da qual ela faz parte”. Esse pensamento traz em sua essência que a
educação avance além de uma Pedagogia e que seus passos se dirijam para a verdadeira cidadania.
Atualmente, vivemos uma era da educação de forma nunca vista anteriormente. Começa pelos
investimentos financeiros estruturados por programas como o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o
Programa Universidade para todos (Prouni) e outros. Contudo, temos um antagonismo entre as
metas e a falta de efetivação delas. Apesar dos recursos injetados na educação, falta uma política de
monitoramento desses gastos e de fiscalização das instituições escolares em todos os segmentos.
O cenário que tínhamos antigamente, por exemplo, era a grande dificuldade de acesso à educação
por parte de famílias menos privilegiadas, que dependiam do sistema público de ensino. Filas
enormes existiam para realizar a matrícula de seus filhos. Já, nos dias atuais, o número de vagas
para o ensino básico aumentou consideravelmente e as escolas também estão mais próximas dos
alunos em geral.
Outra questão a ser analisada é a desvalorização dos profissionais de educação, que nos remete a
falhas que não garantem uma educação qualitativa e nem a oferta de um desenvolvimento real, seja
intelectual, moral, emocional ou social ao sujeito.
Com tantos avanços, mas sem a efetivação total, o que fica evidente é uma preocupação com as
estatísticas para apresentação no exterior (para a Unesco, por exemplo), que apresenta um
quantitativo substancial dentro de instituições de ensino, mas com uma qualidade duvidosa. À parte,
incluímos a grande desigualdade de distribuição de renda que desfavorece uma boa estrutura social
para um melhor desempenho dos discentes.
Apesar das dificuldades, a sociedade, em geral, está mais exigente por uma educação de qualidade e
para Moran (2000, p. 14) esse aprimoramento é viável a partir do cumprimento de três instâncias:
• Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, alerto,
participativo.
•
• Uma infraestrutura adequada, atualizada, confortável; com tecnologias acessíveis, rápidas e
renovadas.
•
• Uma organização que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional,
comunicacional e eticamente bem remunerados, motivados e com boas condições
profissionais, em que haja circunstâncias favoráveis a uma relação efetiva com alunos, que
facilite conhecê-los, acompanhá-los e orientá-los.
Como conclusão, é perceptível que o nosso sistema de ensino não funciona plenamente para atender
as expectativas da sociedade, visto que se trata a educação a partir de ideais políticos e capitalistas.
Os recursos são mal geridos, a formação dos professores é deficitária e estes não são valorizados
como deveriam, além da falta de adequação dos currículos às necessidades dos alunos. Toda essa
desvalia reforça a esquiva dos pais quanto às suas obrigações para a escolarização dos seus filhos,
refletindo o pensamento dominante de que educação não é uma prioridade.
Como consequência, por meio das estatísticas, percebe-se a defasagem escolar, crianças fora da
escola, estudantes com idades não compatíveis ao ano escolar, analfabetismo etc. Esses são
vestígios de um histórico de falta de planejamento com compromisso para os avanços educacionais.
Nosso país tem muito pela frente para alcançar o desenvolvimento científico, cultural e social, mas,
para que isso ocorra, a confiança no sistema educacional como o verdadeiro trampolim do
incremento da sociedade precisa estar sempre presente. O Estado precisa ponderar e perceber que o
progresso de um país depende de uma sociedade culta, qualificada e capaz de contribuir para o
crescimento do país.
Veremos agora a educação atrelada a quadros econômicos e políticos. Isso para que tenhamos
elementos para um olhar e pensamento crítico para avaliar o que nos chega como informação acerca
do trabalho pedagógico.
Muito se ouve falar de política, mas que tal saber seu real significado?
O significado de política é muito amplo, mas encontra-se atrelado com aquilo que diz respeito ao
espaço público e ao bem dos cidadãos.
Por definição, política tem sua origem na Grécia Antiga, a palavra politiká é uma derivação de polis
(aquilo que é público) e tikós (bem comum de todas as pessoas). A necessidade veio da concepção
de regras de funcionamento e de organização das cidades gregas, e o primeiro registro desse tipo de
organização política ocorreu em Atenas – “Democracia Ateniense”.
Dentro da proposta política da Grécia, foram abordados o direito ao voto, garantido aos homens a
partir dos 18 anos, e o direito de participação nas decisões ligadas às cidades. De acordo com
Aristóteles, um dos pensadores da Grécia Antiga, a função essencial da política era atender aos
interesses dos cidadãos, fazendo com que estes fossem a prioridade nas decisões tomadas pelo
governo.
Trazendo para a atualidade, podemos afirmar que a política é a ciência da governança de um Estado
ou uma Nação e uma arte de negociação para ajustar interesses, e o sistema político é a forma de
governo – Monarquia e República, sendo os mais clássicos. Seu objeto de estudo é a relação entre
os dirigentes que estão no poder (governo) e os cidadãos em várias instâncias sociais e econômicas
de interesse público.
Dessa forma, todos os governos, para atender as necessidades de sua nação, promovem políticas
públicas destinadas aos diversos segmentos das relações com a sociedade.
Nos dias de hoje, em função de muita luta em busca da redução da alienação da sociedade, o
governo apresenta várias políticas públicas para o sistema de ensino, sejam distributivas,
redistributivas ou regulatórias.
Ficou curioso acerca das características dessas políticas públicas? Então, pesquise e leia o artigo
“Políticas Públicas”, de Einstein Paniago.
As atuais políticas públicas de educação são projetos criados pelo poder público para que garantam
o acesso à educação para todos os cidadãos por meio da aplicação de suas normas. Para completar
esse processo, existem dispositivos para a avaliação e fiscalização para transformar “a teoria na
prática”.
É de responsabilidade do poder público criar leis para amparar as políticas públicas que têm sua
apresentação e votação no Poder Legislativo de todas as esferas do executivo: deputados federais e
estaduais, senadores e vereadores.
Acrescentando, outras instâncias podem apresentar projetos para a aprovação no legislativo, como
os representantes do Poder Executivo, também das três esferas: federal, estadual e municipal.
Após tanto tempo, nos dias atuais, a população também pode participar da formação das políticas
públicas de educação fazendo parte dos Conselhos de Políticas Públicas, por exemplo. Esses
conselhos são constituídos por representantes do governo e por cidadãos e são organizados pelos
municípios. Sendo este um direito previsto pela Constituição Federal do Brasil, a sociedade como
um todo deve exigir a instalação dessas políticas para a melhoria permanente das condições do
ensino.
Será que você saberia dizer algumas das políticas públicas em vigência em nosso país?
Vamos conhecer algumas:
E aí? Conhecia essas políticas públicas? Temos várias dessas para a melhoria do nosso sistema
educacional. A criação desses projetos caminha junto com as propostas da nossa LDB, para que ela
não seja mais uma lei que “ficou no papel”.
é isso Aí!
Referências
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defesa do trabalho voluntário. Caderno CEDES, Campinas, v. 28. Disponível em:
http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 12 maio 2020.
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