Você está na página 1de 32

Direito constitucional I

Direitos Individuais e Coletivos em Espécie 1

Prof. Jan Silva


Aula 6:
Direitos Individuais e Coletivos em Espécie
1. Direitos e Garantias Individuais
2. Proteção à Vida
3. Princípio da Isonomia
4. Princípio da legalidade
5. Proteção à Integridade Física
6. Liberdades Públicas
Direitos e garantias individuais: conceito e rol
de direitos
• Os Direitos e as Garantia Individuais correspondem aos direitos civis e às garantias
processuais.
• Têm como função protege o cidadão contra o arbítrio do poder estatal: são
limitações do poder do Estado.
• São os direitos à vida, de liberdade, igualdade, propriedade, devido processo legal
e direitos correlatos.
• O rol do artigo 5º da CRFB/88 é meramente exemplificativo. Os direitos e deveres
individuais e coletivos não se restringem a ele.
• Os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte (§ 2.º).
Direitos Fundamentais no Brasil
• Possuem aplicação imediata por força do art. 5º, § 1º da Constituição de
1988;
• São Cláusulas pétreas, por força do art. 60, § 4º, inciso, IV;
• Possuem hierarquia constitucional, podendo ser parâmetro para declaração
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo inconstitucional.
• A CF/88, em seu Título II, classifica o gênero direitos e garantias
fundamentais em:
• direitos e deveres individuais e coletivos;
• direitos sociais;
• direitos de nacionalidade;
• direitos políticos;
• partidos políticos.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
• Artigo 1º., inciso III da CRFB/88: a dignidade da pessoa humana
pode ser entendia como o direito de ter direitos.
• A dignidade da pessoa humana é o valor-fonte de todos os
direitos fundamentais: fundamento e fim de toda a ordem
política e do direito.
• Atributos da dignidade humana:
• Respeito à autonomia da vontade;
• Respeito à integridade física e moral;
• Não coisificação do ser humano;
• Garantia do mínimo existencial.
Proteção à Vida
• O art. 5.º, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, privado da vida,
portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma
vida digna.
• Proibição da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX.
• Vedação à instituição da pena de morte no Brasil, por emenda
constitucional.
• Cláusula pétrea do art. 60, § 4.º, IV;
• Impedimento ao retrocesso: evolução reacionária ou o retrocesso social.
A doutrina não admite a previsão da pena de morte, nem mesmo diante
da manifestação do poder constituinte originário.
• ADPF 54/2012 – possibilidade de antecipação terapêutica do parto no
caso de anencefalia.
Vida Digna
• Segundo desdobramento do direito à vida: direito a uma vida
digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser
humano e proibindo qualquer tratamento indigno, como a
tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis
etc.

• Garantia do mínimo ético-existencial;

• Direitos Sociais, art. 6.


Caso : Direito à vida — célula -tronco
• ADI 3.510 – pedido, pelo PGR, de declaração de inconstitucionalidade da
Lei nº 11.105/2005, Lei da Biossegurança. O art. 5º da referida lei permitia
a pesquisa com células-tronco embrionárias;
• O ministro Ayres Brito, o relator, afirmou que a pesquisa com células-
tronco é compatível com o direito à vida. O plenário do STF por 6 a 5,
acompanhando o relator, entendeu que a Lei de Biossegurança é
constitucional;
• O relator sustentou a tese de que, para existir vida humana, é preciso que
o embrião tenha sido implantado no útero humano. Segundo ele, tem que
haver a participação ativa da futura mãe. No seu entender, o zigoto
(embrião em estágio inicial) é a primeira fase do embrião humano, a
célula-ovo ou célula-mãe, mas representa uma realidade distinta da
pessoa natural, porque ainda não tem cérebro formado.
Proteção à Integridade Física
• Proibição da tortura (art. 5.º, III) - Ninguém será submetido a tortura
nem a tratamento desumano ou degradante, sendo que a lei
considerará crime inafiançável a prática da tortura (art. 5.º, XLIII).
• A Lei n. 9.455/97 integrou a referida norma constitucional, definindo os
crimes de tortura.
• Uso de Algemas – o STF considerou constitucional.
• SV n. 11/2008, com a seguinte redação: “só é lícito o uso de algemas
em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
Princípio da igualdade: art. 5.º, caput, e I
• O art. 5.º, caput, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza.
• Igualdade Formal e Material: Isonomia e Equidade.
• Igualdade Formal: tratamento igual perante a lei e na lei.
• O princípio da igualdade: Celso Antônio Bandeira de Mello estabelece três
questões a serem observadas, a fim de se verificar o respeito ou desrespeito ao
aludido princípio. O desrespeito a qualquer delas leva à inexorável ofensa à
isonomia.
• a) a primeira diz com o elemento tomado como fator de desigualação;
• b) a segunda reporta -se à correlação lógica abstrata existente entre o fator
erigido em critério de discrímen e a disparidade estabelecida no tratamento
jurídico diversificado;
• c) a terceira atina à consonância desta correlação lógica com os interesses
absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados.
Equidade: igualdade material
• Igualdade Material: a lei deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente
os desiguais, na medida de suas desigualdades.
• Isonomia material ou equidade: a) art. 3.º, I, III e IV; b) art. 4.º, VIII; c) art. 5.º,
I, XXXVII, XLI e XLII; d) art. 7.º, XX, XXX,26 XXXI, XXXII e XXXIV; e) art. 12, §§ 2.º
e 3.º; f) art. 14, caput.
• Ações Afirmativas: políticas públicas de ascensão para pessoas em
desvantagem socioeconômica-cultural;
• ADPF 186 – Constitucionalidade da política de cotas raciais da UNB por ser
um instrumento de correção das desigualdades;
• ADI 3.330 – Constitucionalidade da política de cotas do PROUNI por ser um
fator de inserção social.
Princípio da legalidade, art. 5º, II
• O princípio da legalidade surgiu com o Estado de Direito, opondo-
se a toda e qualquer forma de poder autoritário, antidemocrático.

• Art. 4.º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

• Constituição Federal de 1988: arts. 5.º, II; 37; e 84, IV.

• O inciso II do art. 5.º estabelece que “ninguém será obrigado a


fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Deve ser lido de forma diferente para o particular e para a
administração.
Princípio da Legalidade:
para o particular e para a Administração pública

• Particulares: pode -se fazer • Já em relação à


tudo o que a lei não proíbe, administração, ela só poderá
vigorando o princípio da fazer o que a lei permitir.
autonomia da vontade, a Trata -se do princípio da
dignidade da pessoa legalidade estrita, que, por
humana e a aplicação seu turno, não é absoluto!
horizontal dos direitos • Existem algumas restrições,
fundamentais nas relações como as medidas
entre particulares. provisórias, o estado de
defesa e o estado de sítio.
Liberdades Públicas
Art.
5º, V
Art. Art.
220 5º, VI

Art. Art. Art.


215 5º, IV 5º, IX

Art. Art.
206,II 5º XIV
Art.
5º XLII
Liberdade de Manifestação de
Pensamento (Expressão)
• Liberdade da manifestação de pensamento (art. 5.º, IV e V)
• A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do
pensamento, vedando o anonimato. Caso durante a manifestação do
pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura -se
o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização.
• Caso Concreto 6: O STF, em 15.06.2011, por 8 X 0, no julgamento da
ADPF 187, entendeu como legítimo o movimento, encontrando
respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação do
pensamento (art. 5.º, IV) e de reunião (art. 5.º, XVI), assegurando-se,
inclusive, o direito das minorias, no sentido de se evidenciar a função
contramajoritária da Corte.
Liberdade Religiosa, art. 5º VI a VIII:
Liberdade de Consciência, Crença e Culto
• Assegura -se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre -exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Nesse sentido, ninguém será privado de
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir -se de obrigação legal a todos imposta (como o serviço militar
obrigatório, nos termos do art. 143, §§ 1.º e 2.º) e recusar -se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei.
• A prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva
é assegurada nos termos da lei.
• Ensino religioso nos Colégios;
• Feriados religiosos;
• Casamento perante autoridades religiosas;
• Transfusão de sangue nas “testemunhas de Jeová”;
• Fixação de crucifixos em repartições públicas, dentre outros tantos;
• Imunidade religiosa.
Liberdade de Atividade intelectual,
Artísticas, Científicas ou de Comunicação
• Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação.
• Indenização em caso de dano (art. 5.º, IX e X)
• É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença.
• Veda -se a censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220, § 2.º),
porém, apesar da liberdade de expressão acima garantida, lei federal deverá
regular as diversões e os espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
• Conflito entre o direito à liberdade de atividade intelectual e o direito à imagem.
Segundo o STF (ADI 4.815) , as biografia não autorizadas não ferem o direito à
imagem.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=293336
STF afasta exigência prévia de
autorização para biografias
• Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4815 e declarou inexigível a autorização
prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da relatora, ministra
Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da República
aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais
à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada,
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares,
em caso de pessoas falecidas).
• Na ADI 4815, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que
os artigos 20 e 21 do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade
de expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública convocada
pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 expositores.
Liberdade de Profissão, art. 5º, XIII
• A Constituição assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Trata -
se, portanto, de norma constitucional de eficácia contida, podendo lei
infraconstitucional limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o
pleno exercício da profissão.
• É o que acontece com o Exame de Ordem (art. 8.º, IV, da Lei n. 8.906/94), cuja
aprovação é um dos requisitos essenciais para que o bacharel em direito possa
inscrever--se junto à OAB como advogado e que, inclusive, foi declarado
constitucional pelo STF no julgamento do RE 603.583.
• Exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Em por 8 X 1, o
STF derrubou esse requisito.
• A regra, portanto, é a liberdade, mas se a profissão for regulamentada, há
limitação da norma constitucional.
Constitucionalidade da prova da OAB
• A exigência de aprovação prévia em exame da OAB para que bacharéis em direito
possam exercer a advocacia foi considerada constitucional pelo STF. Por
unanimidade, os ministros negaram provimento ao Recurso Extraordinário (RE
603583) que questionava a obrigatoriedade do exame. Como o recurso teve
repercussão geral reconhecida, a decisão nesse processo será aplicada a todos os
demais que tenham pedido idêntico.
• A votação acompanhou o entendimento do relator, ministro Marco Aurélio, no
sentido de que a prova, prevista na Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), não viola
qualquer dispositivo constitucional. Concluíram desta forma os demais ministros
presentes à sessão: Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Ricardo
Lewandowski, Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso.
• O recurso foi proposto pelo bacharel João Antonio Volante, que colou grau em 2007,
na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), localizada em Canoas, no Rio Grande do
Sul. No RE, ele afirmava que o exame para inscrição na OAB seria inconstitucional,
contrariando os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade e do livre
exercício das profissões, entre outros.
Diploma para o exercício do jornalismo
• Por maioria de 8X1, o Plenário do STF decidiu que é inconstitucional a exigência do
diploma de jornalismo e registro profissional no Ministério do Trabalho como
condição para o exercício da profissão de jornalista.
• O entendimento foi de que o artigo 4º, inciso V, do Decreto-Lei 972/1969, baixado
durante o regime militar, não foi recepcionado pela CRFB/88 e que as exigências
nele contidas ferem a liberdade de imprensa e contrariam o direito à livre
manifestação do pensamento inscrita no artigo 13 da Convenção Americana dos
Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica.
• A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 511961, em
que se discutiu a constitucionalidade da exigência do diploma de jornalismo e a
obrigatoriedade de registro profissional para exercer a profissão de jornalista.
• O RE foi interposto pelo MPF e pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do
Estado de São Paulo (Sertesp) contra acórdão do TRF da 3ª Região que afirmou a
necessidade do diploma, contrariando uma decisão da 16ª Vara Cível Federal em
São Paulo, numa ação civil pública.
Liberdade de Informação
art. 5.º, XIV e XXXIII
• É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional. Trata -se do direito de informar
e de ser informado.
• Completando tal direito fundamental, o art. 5.º, XXXIII, estabelece que todos
têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
• Regulando o acesso a informações previsto no art. 5.º, XXXIII, destacamos a
Lei n. 12.527, de 18.11.2011.
Liberdade de Locomoção art. 5.º, XV e LXI
• A locomoção no território nacional em tempo de paz é livre, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Nesse sentido, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei, ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (art. 5.º,
LXI).
• Restrição na vigência de estado de defesa, quando se cria a possibilidade de
prisão por crime de Estado determinada pelo executor da medida (art. 136, §
3.º, I), exceção à regra acima exposta (flagrante delito ou ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente).
• Restrição à liberdade de locomoção na vigência do estado de sítio, nos termos
do art. 139, I, podendo ser tomadas contra as pessoas (nas hipóteses do art.
137, I) medidas no sentido de obrigá-las a permanecer em localidade
determinada, bem como medidas restritivas também em caso de guerra
declarada ou agressão armada estrangeira (art. 137, II).
Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI)
• Garante -se o direito de reunião, de forma pacífica, sem armas e em
locais abertos ao público. Este direito poderá ser exercido
independentemente de prévia autorização do Poder Público, desde
que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.
• Esse prévio aviso é fundamental para que a autoridade
administrativa tome as providências necessárias relacionadas ao
trânsito, organização etc.
• Finalmente, cabe lembrar que, ainda que exercido no seio das
associações, o direito de reunião poderá ser restringido na vigência
de estado de defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”), podendo ser suspensa a
liberdade de reunião durante o estado de sítio (art. 139, IV).
Liberdade de Associação
(art. 5.º, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI)
• A liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, é plena.
Portanto, ninguém poderá ser compelido a associar -se e, uma vez associado, será
livre, também, para decidir se permanece associado ou não.
• A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. Têm elas
autonomia para formular os seus estatutos.
• A única forma de se dissolver compulsoriamente uma associação já constituída será
mediante decisão judicial transitada em julgado, na hipótese de finalidade ilícita.
• Também a suspensão de suas atividades se dará por decisão judicial, não sendo
necessário aguardar o trânsito em julgado; pode -se implementá-la por meio de
provimentos antecipatórios ou cautelares.
Inviolabilidade de Domicílio
• Inviolabilidade domiciliar (art. 5.º, XI) - “A casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial”; ou seja, sem o consentimento do morador só
poderá nela penetrar: por determinação judicial: somente durante o dia; em
caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro: poderá penetrar
sem o consentimento do morador, durante o dia ou à noite, não necessitando
de determinação judicial.
• O que deve ser entendido por dia ou noite? Moraes que o melhor critério seria
conjugar a definição de parte da doutrina (6 às 18h) com a posição de Celso de
Mello, que utiliza um critério físico -astronômico: a aurora e o crepúsculo.
• E o que devemos entender por casa? Segundo a doutrina e a jurisprudência,
casa abrange não só o domicílio, como também o escritório, oficinas, garagens
etc.
A casa é asilo inviolável
• O art. 5º, XI, da CF/88: "a casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial".
Antigamente, entendia-se o termo “casa” como sinônimo de
residência. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal evoluiu
para entender que, hoje, essa proteção constitucional foi ampliada
e o termo "casa", agora, refere-se não apenas à residência, mas
também, por exemplo, um quarto de hotel ocupado, um trailer que
serve de casa ambulante, o estabelecimento empresarial e o local
de trabalho, todas essas localidades podem ser abrangidas no rol
protetivo do direito fundamental à inviolabilidade de domicílio.
• E M E N T A: PROVA PENAL – BANIMENTO CONSTITUCIONAL DAS PROVAS ILÍCITAS (CF,
ART. 5º, LVI) – ILICITUDE (ORIGINÁRIA E POR DERIVAÇÃO) – INADMISSIBILDADE - BUSCA E
APREENSÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS REALIZADA, SEM MANDADO JUDICIAL, EM
QUARTO DE HOTEL AINDA OCUPADO – IMPOSSIBLIDADE – QUALIFICAÇÃO JURÍDICA
DESSE ESPAÇO PRIVADO (QUARTO DE HOTEL, DESDE QUE OCUPADO) COMO “CASA”, PARA
EFEITO DA TUTELA CONSTITUCIONAL DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - GARANTIA QUE
TRADUZ LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DO ESTADO EM TEMA DE PERSECUÇÃO
PENAL, MESMO EM SUA FASE PRÉ-PROCESSUAL – CONCEITO DE “CASA” PARA EFEITO DA
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL (CF, ART. 5º, XI E CP, ART. 150, § 4º, II) – AMPLITUDE DESSA
NOÇÃO CONCEITUAL, QUE TAMBÉM COMPREENDE OS APOSENTOS DE HABITAÇÃO
COLETIVA (COMO, POR EXEMPLO, OS QUARTOS DE HOTEL, PENSÃO, MOTEL E
HOSPEDARIA, DESDE QUE OCUPADOS): NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE MANDADO
JUDICIAL (CF, ART. 5º, XI). IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO,
DE PROVA OBTIDA COM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA INVIOLABILIDADE DOMICILIAR –
PROVA ILÍCITA – INIDONEIDADE JURÍDICA - RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO.
Inviolabilidade de Correspondências,
Comunicações e Dados
• Sigilo de correspondência e comunicações (art. 5.º, XII)
• Sigilo de correspondência: como regra, o sigilo de correspondência é
inviolável, salvo nas hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio,
que poderá ser restringido (arts. 136, § 1.º, I, “b”, e 139, III). Podemos
observar, também, que esse direito não é absoluto e poderia, de acordo com
a circunstância do caso concreto, ser afastado, por exemplo, na interceptação
de uma carta enviada por sequestradores. A suposta prova ilícita convalida-se
em razão do exercício da legítima defesa;
• Sigilo das comunicações telegráficas: também inviolável, salvo nas hipóteses
de decretação de estado de defesa e de sítio, que poderá ser restringido (arts.
136, § 1.º, I, “c”, e 139, III);
Inviolabilidade de Intimidade, Vida
Privada, Honra e Imagem
• De acordo com o art. 5.º, X, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.
• Quebra de sigilo bancário. O STF entendeu a necessidade de autorização
judicial para a quebra do sigilo bancário no julgamento do RE 389.808.
• O retrato de uma pessoa não pode ser reproduzido ou exposto sem o seu
consentimento (STJ, Resp. 138.883 e Resp. 801.109).
• O uso da imagem para fins publicitários sem o consentimento pode gerar
dano moral (STJ, Resp. 230.268-0).
Direito ao Esquecimento
• Leia:
• FERREIRA, Sérgio da Silva. Direito ao esquecimento: genuíno mecanismo de
proteção à dignidade humana ou escamoteado instrumento de violação às
liberdades comunicativas?
• Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5376, 21,mar. 2018.
• Disponível em: https://jus.com.br/artigos/64284 (Acesso em: 22 jul. 2020).
• Responda:
• O que é o direito ao Direito ao Esquecimento?
• Em que medida o Direito ao Esquecimento é direito da personalidade?
• Que direitos da personalidade podem ser afetados pelas informações
constantes em redes sociais e sites da internet?
Lei Geral de Proteção de Dados
• Como a Lei de Proteção de Dados pode garantir a proteção da
imagem, da vida privada, dos dados e de outras informações da
pessoa na internet?

Você também pode gostar